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sábado, 18 de março de 2017

São Cirilo de Jerusalém, Bispo e Doutor da Igreja

S. Cirilo de Jerusalém | ACI Digital
REDAÇÃO CENTRAL, 18 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- São Cirilo foi Bispo de Jerusalém (século IV) e Doutor da Igreja. É recordado pela tradição por ter estado presente no grande Concílio de Constantinopla (segundo Concílio Ecumênico) e ser fiel defensor da doutrina católica contra a heresia ariana.

Neste concílio, foi chamado “corajoso lutador para defender a Igreja dos hereges que negam as verdades de nossa religião”.
O santo nasceu perto de Jerusalém no ano 315. Segundo a tradição, foi ordenado sacerdote pelo Bispo de Jerusalém São Máximo, que lhe encomendou a tarefa de instruir os catecúmenos: tarefa que realizou por muitos anos.
No ano 348, Cirilo se tornou o novo Bispo de Jerusalém por um período de 35 anos, dos quais 16 permaneceu exilado devido aos seus escritos e discursos catequéticos que continham parte dos ensinamentos e ritos da Igreja de meados do século IV.
Esses textos denominados “Catequeses” lhe renderam, séculos mais tarde, o título de Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII. São 18 sermões pronunciados em Jerusalém sobre penitência, pecado, batismo e Credo para instruir os recém-batizados na fé. Além disso, dão detalhes da Eucaristia, insistindo que Cristo está presente na Santa Hóstia.
Também descreve de modo interessante a descoberta da cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro.
Quando regressou depois de 11 anos de seu último exílio, encontrou Jerusalém cheia de discórdia e divisões, por isso, decidiu trazer novamente ao caminho do Evangelho a seu povo, o qual tinha caído em diversas heresias.
Acredita-se que São Cirilo faleceu em Jerusalém no ano 386. Em 1882, o Sumo Pontífice o declarou Doutor da Igreja. Sua festa é celebrada em 18 de março.

domingo, 12 de março de 2017

Segundo Domingo da Quaresma


REDAÇÃO CENTRAL, 12 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 12 de março, a Igreja celebra o segundo Domingo da Quaresma. O Evangelho do dia corresponde à leitura de Mateus 17,1-9, que relata o momento da Transfiguração do Senhor, quando os discípulos puderam ter uma experiência da glória de Cristo.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste segundo domingo da Quaresma:
Mt 17,1-9
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.
Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Acidigital

2° Domingo da Quaresma: A Transfiguração do Senhor




+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília



A belíssima passagem da Transfiguração do Senhor, proclamada neste 2º Domingo da Quaresma, ilumina a nossa vivência quaresmal. Somos chamados a responder “sim” à voz do Pai que nos convida a escutar Jesus Cristo: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,5).
Para compreender bem o sentido da Transfiguração, é preciso considerar que, pouco antes, os discípulos tinham ficado escandalizados com o anúncio da paixão feito por Jesus, pois não admitiam que o Messias pudesse sofrer e morrer na cruz. A contemplação de Cristo transfigurado anima a fé dos discípulos, preparando-os para a subida do monte Calvário, isto é, para participar da paixão e abraçar a cruz. Esse episódio apresenta-se, portanto, como uma antecipação da experiência da vitória pascal de Jesus Cristo.
Necessitamos, hoje, refazer a experiência de Pedro, Tiago e João, para poder dizer: “Senhor, é bom ficarmos aqui!” (Mt 17,4), por meio da oração pessoal e comunitária, pela escuta da Palavra e o encontro com Cristo na Eucaristia. Contudo, para isso, é preciso dispor-se a subir a “a alta montanha” (Mt 17,1), conforme a expressão empregada por Mateus, o que exige esforço e perseverança. Esta tarefa não condiz com acomodação ou preguiça na vida espiritual.
Embora seja necessário o empenho de cada um, o discípulo não sobe sozinho a montanha da Transfiguração, nem realiza tal experiência por conta própria. “Sobe”, primeiramente, porque o Senhor o “tomou consigo”, segundo o que acabamos de ouvir, isto é, pela graça de Deus que precede e acompanha a subida. Além disso, é preciso subir juntos a alta montanha, aceitando os outros discípulos como companheiros de caminhada. A vida dos discípulos de Cristo consiste num permanente caminhar, com ele e com os demais discípulos. Os discípulos que vivem da oração, da escuta da Palavra e da Eucaristia se revelam, ao mesmo tempo, discípulos em comunhão.
Aqueles que sobem a montanha, uma vez encontrando-se com o Senhor transfigurado, não podem instalar-se nela comodamente, ainda que seja sincero o desejo de construir tendas para permanecer com ele. O discipulado implica em subir e descer a montanha. É preciso descer da montanha para evangelizar, contando com o Senhor Ressuscitado que nos acompanha e nos sustenta na missão. Por isso, Jesus tocando os discípulos disse-lhes: “levantai-vos e não tenhais medo” (Mt 17,7). E eles desceram em direção à multidão, especialmente, ao encontro dos doentes e sofredores. Por isso, que a nossa oração seja também acompanhada da prática da caridade, conforme nos propõem a Quaresma e a Campanha da Fraternidade.

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 11 de março de 2017

Da Constituição pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II

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(N.9-10) (Séc.XX)

As interrogações mais profundas do gênero humano
O mundo moderno apresenta-se simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do pior; abre-se diante dele o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade e do ódio. Por outro lado, o homem toma consciência de que depende dele a boa orientação das forças por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis por que se interroga a si mesmo.
Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio mais profundo, que se enraíza no coração do homem.
No íntimo do próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta, como criatura, suas múltiplas limitações; por outro, sente-se ilimitado em seus desejos e chamado a uma vida superior.
Atraído por muitas solicitações, é continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz o que desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão que dá origem a tantas e tão grandes discórdias na sociedade.
Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, sentem-se incapazes de prestar-lhe atenção. Outros, em grande número, julgam encontrar satisfação nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas.
Alguns, porém, esperam unicamente do esforço humano a verdadeira e plena libertação da humanidade, e estão persuadidos de que o futuro domínio do homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.
Não faltam também os que, desesperando de encontrar o sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor apoiando-se apenas no próprio esforço.
Contudo, diante da atual evolução do mundo, cresce o número daqueles que formulam as questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade. Que é o homem? Qual é o sentido do sofrimento, do mal e da morte que, apesar de tão grandes progressos, continuam a existir? Para que servem semelhantes vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?
A Igreja, porém, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todo o gênero humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão corresponder à sua vocação suprema; ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.
Crê igualmente que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu Senhor e Mestre.
A Igreja afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações, permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu fundamento último em Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre.
www.liturgiadashoras.org

domingo, 5 de março de 2017

Primeiro Domingo da Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 05 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 5 de março, a Igreja celebra o primeiro domingo da Quaresma. O Evangelho de hoje corresponde à leitura de Mateus 4,1-11, passagem que narra o momento em que Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, apresentando assim os temas dos 40 dias deste tempo litúrgico.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste primeiro domingo da Quaresma:
Mt 4,1-11
Naquele tempo, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome. Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”.
Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’”
Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’”. Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus.
Acidigital

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

(Ps 60, 2-3:CCL39,766)            (Séc.V)

No Cristo fomos tentados e nele vencemos o demônio
Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha oração (Sl 60,2). Quem é que fala assim? Parece ser um só: Dos confins da terra a vós eu clamo, e em mim o coração já desfalece (Sl 60,3). Então já não é um só, e contudo é somente um, porque o Cristo, de quem todos somos membros, é um só. Como pode um único homem clamar dos confins da terra? Quem clama dos confins da terra é aquela herança a respeito da qual foi dito ao próprio Filho: Pede-me e te darei as nações como herança e os confins da terra por domínio (Sl 2,8).
Portanto, é esse domínio de Cristo, essa herança de Cristo, esse corpo de Cristo, essa Igreja de Cristo, essa unidade que somos nós, que clama dos confins da terra. E o que clama? O que eu disse acima: Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha oração; dos confins da terra a vós eu clamo. Sim, clamei a vós dos confins da terra, isto é, de toda parte.
Mas por que clamei? Porque em mim o coração já desfalece. Revela com estas palavras que ele está presente a todos os povos no mundo inteiro, não rodeado de grande glória mas no meio de grandes tentações. Com efeito, nossa vida,enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações.
Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado. Porque foi a nós mesmos, que somos o seu corpo, que o Senhor quis prefigurar em seu próprio corpo, no qual já morreu, ressuscitou e subiu ao céu, para que os membros tenham a certeza de chegar também aonde a cabeça os precedeu.
Portanto, o Senhor nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Líamos há pouco no Evangelho que nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo demônio no deserto. De fato, Cristo foi tentado pelo demônio. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.
Se nele fomos tentados, nele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu? Reconhece-te nele em sua tentação, reconhece-te nele em sua vitória. O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação.
www.liturgiadashoras.org

1° Domingo da Quaresma: Tempo de Conversão

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+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília 
Ao receber as cinzas, no início desta Quaresma, nós acolhemos a Palavra de Jesus, repetida a cada ano pela Igreja, chamando-nos à conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esta Palavra continuará a ecoar ao longo deste tempo litúrgico, preparando-nos para a Páscoa do Senhor. A atitude de conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. Por isso, a cor litúrgica roxa utilizada na Quaresma é sinal e recordação da penitência que não pode faltar no processo de conversão. O esforço de superação do pecado, sustentado pela graça de Deus, comporta sempre renúncias e sacrifícios. Na liturgia dominical, uma verdadeira catequese quaresmal, proposta pela Igreja, nos conduz à renovação da vida batismal, na Páscoa.  
O Evangelho proclamado nos fala das tentações de Jesus no deserto, segundo a narrativa de Mateus (Mt 4,1-11), fazendo-nos pensar nas tentações encontradas no mundo de hoje, dentre elas: o acúmulo de bens e o consumismo (ter), a  vanglória humana e a fama social (aparecer), e o domínio sobre os outros (poder). Contudo, o Evangelho pretende, acima de tudo, nos transmitir a certeza da vitória de Cristo e daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações. Conforme o livro do Gênesis, o homem e a mulher caíram na tentação de não cumprir a Palavra de Deus, acarretando a condenação e a morte. Entretanto, por meio do homem novo, Jesus Cristo, que permaneceu na obediência ao Pai, nós recebemos “a justificação que dá a vida” (Rm 5,19).
Na Quaresma, uma das principais expressões de vivência do amor fraterno é a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade está intimamente associada à Quaresma, embora deva ser vivida além dela. Trata-se de um exercício intenso de conversão e de amor fraterno. Neste ano, o tema da Campanha é: Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida. Nós refletimos sobre ele, à luz da fé, com o lema Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15). A encíclica do Papa Francisco denominada Laudato Si, sobre “o cuidado da casa comum”, continua a motivar a vivência da Campanha da Fraternidade. Conforme explica o texto-base desta Campanha, “um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua; cujo clima é mais ou menos uniforme”. A Igreja nos chama a atenção para a importância do tema, que necessita ser mais conhecido e refletido, propondo ações para o cuidado e a preservação da vida nos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Em nossa região, procuremos preservar a nossa preciosa “casa comum”, que é o cerrado!

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 4 de março de 2017

Papa Francisco propõe a “bússola do cristão” para a Quaresma

Foto: L’Osservatore Romano
VATICANO, 02 Mar. 17 / 09:50 am (ACI).- Na homilia da Missa celebrada nesta quinta-feira na Casa Santa Marta no Vaticano, o Papa Francisco destacou três realidades que devem fazer com que os fiéis vivam a Quaresma de maneira cristã: a realidade do homem, a realidade de Deus e a realidade do caminho.
Estas três realidades, disse, constituem “a bússola do cristão” durante este tempo de conversão.
O Papa explicou que a realidade do homem é a capacidade de escolher entre o bem e o mal. “Deus nos criou livres. A escolha é nossa”. Apesar disso, “Deus não nos deixa sozinhos”, pois indica o caminho correto por meio dos Mandamentos.
A segunda realidade, a de Deus, é que Ele se fez homem para salvar todos: “A realidade de Deus é Deus que se fez Cristo, por nós. Para nos salvar. Quando nos distanciamos dessa realidade e nos distanciamos da Cruz de Cristo, da verdade das chagas do Senhor, nos distanciamos também do amor, da caridade de Deus, da salvação e caminhamos numa estrada ideológica de Deus, distante do Deus que veio até nós para nos salvar, do Deus que morreu por nós. Esta é a realidade de Deus”.
O Papa contou uma história ocorrida entre um agnóstico e um crente. “O agnóstico de boa vontade perguntava ao fiel: ‘Mas, como é possível! Para mim, o problema é como Cristo é Deus: Não posso entender isso. Como Cristo é Deus?’. E o fiel respondeu: ‘Para mim, isso não é um problema. O problema seria se Deus não tivesse se tornado Cristo’. Está é a realidade de Deus”.
Nesse sentido, assinalou que as obras de misericórdia se sustentam nessa realidade de Deus. “Deus que se fez Cristo, Deus que se fez carne e este é o fundamento das obras de misericórdia. As chagas de nossos irmãos são as chagas de Cristo, são as chagas de Deus, porque Deus se fez Cristo. Esta é a segunda realidade. Não podemos viver a Quaresma sem esta realidade. Devemos nos converter não a um Deus abstrato, mas a um Deus concreto que se fez Cristo”.
Em terceiro lugar está a realidade do caminho. Francisco indicou que “a realidade do caminho é a de Cristo: seguir Cristo, fazer a vontade do Pai e como Ele pegar as cruzes de cada dia e renegar a si mesmo para seguir Cristo. Não fazer o que eu quero, mas o que Jesus quer. Seguir Jesus”.
“Ele fala que nessa estrada nós perdemos a vida para ganhá-la depois. É perder a vida continuamente, deixar de fazer o que eu quero, perder as comodidades, estar sempre na estrada de Jesus que estava a serviço dos outros, e adorar Deus. Esta é a estrada certa”.
“O único caminho seguro é seguir Cristo crucificado, escândalo da Cruz”, concluiu.
Acidigital


sexta-feira, 3 de março de 2017

Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo

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(Supp., Hom. 6 de precatione: PG 64,462-466)             (Séc. IV)


A oração é a luz da alma
A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter­rupção.
Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.
A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.
A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).
Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.
Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.
www.liturgiadashoras.org

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF