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quarta-feira, 5 de julho de 2017

Do livro O Caminho da Perfeição, de Santa Teresa, virgem

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(Cap. 30,1-5: Oeuvres complètes. Desclée de Brouwer, Paris, 1964, 467-468)         (Séc.XVI)


Venha a nós o vosso reino
Quem haverá, por mais irrefletido que seja, que, desejando fazer um pedido a uma pessoa importante, não discuta consigo mesmo como lhe falará, de forma a lhe agradar e não o aborrecer? Pensará também no que lhe irá pedir e para que fim, sobretudo quando se trata de coisa tão importante, como a que nosso bom Jesus nos ensina a pedir. Na minha opinião, é isso o mais fundamental.
Não poderíeis, Senhor meu, englobar tudo numa palavra e dizer: “Dai-nos, ó Pai, o que for conveniente e adequado?” Assim nada mais seria preciso dizer a quem tudo conhece com perfeição.
Isto na verdade, ó eterna Sabedoria, seria suficiente entre vós e vosso Pai, e foi assim que orastes no Horto de Getsêmani. Vós lhe manifestastes vossa vontade e temor, mas vos conformastes totalmente à sua vontade. Quanto a nós, Senhor meu, sabeis não sermos tão conformados assim, como o fostes à vontade do Pai. Por esta razão, cumpre pedir coisa por coisa. Deste modo, refletiremos antes se nos convém o que pedimos. Em caso contrário, deixemos de pedi-lo. De fato, somos assim: se não nos for concedido o que pedimos, este nosso livre-arbítrio não aceitará o que o Senhor nos der. Porque, embora seja o melhor quanto o Senhor nos der, se não vemos logo o dinheiro na mão, nunca pensamos ser ricos. Por isso Jesus nos ensina a dizer as palavras com que pedimos a vinda de seu reino: Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino. Admirai, minhas filhas, a profunda sabedoria de nosso Mestre! Considero eu aqui – e para nós é bom entender – o que pedimos com este reino. A majestade de Deus via que não podíamos santificar ou glorificar como seria bom este santo nome do Pai eterno, de acordo como pouquinho que podemos, a menos que sua Majestade não providenciasse, dando-nos aqui o seu reino. Por isso o bom Jesus pôs um pedido ao lado do outro. Para entendermos o que pedimos e quanto interessa pedirmos, importuna e ardentemente, e, além disso, fazer tudo que estiver a nosso alcance para satisfazer àquele que no-lo dará, quero expor-vos aqui o que sobre isso compreendo.
O supremo bem que me parece existir no reino dos céus é que já não se dá valor às coisas da terra. Sendo assim, há um alegrar-se da alegria de todos, uma paz perpétua, uma satisfação imensa em si mesmos por ver que todos engrandecem ao Senhor e bendizem seu nome, sem ninguém mais o ofender com seus pecados. Todos o amam e em seu coração não anseiam nada mais do que amá-lo, nem podem deixar de amá-lo, porque o conhecem. É assim que o deveríamos amar também aqui, embora não o possamos com toda esta perfeição e em sua essência. Pelo menos, nós o amaríamos muito mais do que o amamos, se melhor o conhecêssemos.
www.liturgiadashoras.org

terça-feira, 4 de julho de 2017

Papa: direito de cuidar do próprio filho até o fim

AP

“O Santo Padre acompanha com afeto e comoção o caso do pequeno Charlie Gard e manifesta a sua proximidade aos seus pais. Ele reza por eles, fazendo votos de que não seja negligenciado o seu desejo de acompanhar e cuidar do próprio filho até o fim”, diz comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa já havia se manifestado sobre o caso na noite de sexta-feira com um tweet, que dizia:  “Defender a vida humana, sobretudo quando é ferida pela doença, é um compromisso de amor que Deus confia a cada ser humano”.
O pequeno Charlie, de apenas dez meses, sofre de uma doença genética rara incurável. Contra o desejo dos pais, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos autorizou o desligamento dos aparelhos que o mantém vivo.
Os pais de Charlie haviam lançado uma campanha de coleta de recursos para poder levar o pequeno aos Estados Unidos, onde seria submetido a um tratamento experimental.
O Hospital pediátrico londrino “Great Ormond Street” – onde Charlie está internado –  emitiu uma nota na sexta-feira após a decisão do Tribunal Europeu, sem especificar quando os aparelhos que o mantém vivo seriam removidos.
"Juntamente com os pais de Charlie”, estamos providenciando um lugar para seus cuidados, e para  “dar a eles mais tempo juntos como família” – diz a nota -  pedindo privacidade para os pais do bebê.
Os tribunais – britânico e europeu - haviam decidido que manter o bebê com aparelhos somente prolongaria seu sofrimento, pois não havia esperança de recuperarão da doença, que provoca fraqueza muscular progressiva, inclusive em órgãos-chave como o coração.
Um pequeno grupo de cem manifestantes realizou uma manifestação diante dos portões do Palácio de Buckingham, em Londres, no domingo, gritando "Salve Charlie Gard", ao lado de uma bandeira que dizia "Assassinato!”.

Rádio Vaticano
Arquidiocese de Brasília

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa.

(Hom. 25,7-9:PL76,1201-1202)            (Séc.VI)


Meu Senhor e meu Deus !
            Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio (Jo 20,24). Era o único discípulo que estava ausente. Ao voltar, ouviu o que acontecera, mas negou-se a acreditar. Veio de novo o Senhor, e mostrou seu lado ao discípulo incrédulo para que o pudesse apalpar; mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz de suas chagas, curou a chaga daquela falta de fé. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Pensais ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que, ao voltar, ouvisse contar, que, ao ouvir, duvidasse, que, ao duvidar, apalpasse, e que, ao apalpar, acreditasse?
            Nada disso aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A clemência do alto agiu de modo admirável a fim de que, ao apalpar as chagas do corpo de seu mestre, aquele discípulo que duvidara curasse as chagas da nossa falta de fé. A incredulidade de Tomé foi mais proveitosa para a nossa fé do que a fé dos discípulos que acreditaram logo. Pois, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde apalpar, o nosso espírito, pondo de lado toda dúvida, confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e apalpou tornou-se testemunha da verdade da ressurreição.
            Tomé apalpou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Acreditaste, porque me viste? (Jo 20,28-29). Ora, como diz o apóstolo Paulo: A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem (Hb 11,1). Logo, está claro que a fé é a prova daquelas realidades que não podem ser vistas. De fato, as coisas que podemos ver não são objeto de fé, e sim de conhecimento direto. Então, se Tomé viu e apalpou, por qual razão o Senhor lhe disse: Acreditaste, porque me viste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e proclamou a fé na sua divindade, exclamando: Meu Senhor e meu Deus! Por conseguinte, tendo visto, acreditou. Vendo um verdadeiro homem, proclamou que ele era Deus, a quem não podia ver.
            Alegra-nos imensamente o que vem a seguir: Bem-aventurados os que creram sem ter visto (Jo 20,29). Não resta dúvida de que esta frase se refere especialmente a nós. Pois não vimos o Senhor em sua humanidade, mas o possuímos em nosso espírito. É a nós que ela se refere, desde que as obras acompanhem nossa fé. Com efeito, quem crê verdadeiramente, realiza por suas ações a fé que professa. Mas, pelo contrário, a respeito daqueles que têm fé apenas de boca, eis o que diz São Paulo: Fazem profissão de conhecer a Deus, mas negam-no com a sua prática (Tt 1,16). É o que leva também São Tiago a afirmar:A fé, sem obras, é morta (Tg 2,26).
www.liturgiadashoras.org

domingo, 2 de julho de 2017

Solenidade de São Pedro e São Paulo: Martírio de São Pedro e São Paulo


+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo, prevista para o dia 29 de junho, no calendário universal da Igreja, é transferida para o domingo seguinte, no Brasil, quando esse dia ocorrer durante a semana, para que todos possam participar da celebração eucarística, pela extraordinária importância destes grandes Apóstolos no passado e no presente da Igreja. Por isso, celebramos neste domingo esta solenidade, louvando a Deus pela vida e a missão de São Pedro e São Paulo, especialmente, pelo martírio de ambos, testemunhando a fé em Jesus Cristo.  Ao mesmo tempo, iluminados pela Palavra de Deus, somos chamados a imitar os exemplos que eles nos deixaram.

A figura de Pedro é destacada pelos Atos dos Apóstolos (At 12,1-11). Ele se encontrava na prisão, por anunciar o Evangelho, mas foi libertado pelo Senhor.  Deus sustenta com a sua graça os que são perseguidos por serem testemunhas do Evangelho. Conforme o Salmo 33, “o anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem e os salva”; por isso, “é feliz o homem que tem nele o seu refúgio”. A 2ª Carta de São Paulo a Timóteo nos apresenta o testemunho de Paulo, também perseguido e preso por causa da pregação do Evangelho, ressaltando a sua confiança em Deus, naquela situação tão difícil (2Tm 4,17-18).
A fé, por eles anunciada e testemunhada através do martírio, foi proclamada por Pedro: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). Esta fé fundamenta e sustenta a vida da Igreja, ao longo dos séculos. A proclamação desta passagem nesta celebração nos recorda que a confissão de fé de Pedro não se restringiu a palavras, mas foi testemunhada pela doação da própria vida. Diante da sua confissão de fé, Jesus lhe dirigiu a palavra que fundamenta a missão exercida por ele e por seus sucessores, na Igreja: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19).
Por isso, celebramos o Dia do Papa, nesta solenidade. Rezemos pelo Sucessor de Pedro, o Papa Francisco, a exemplo dos primeiros cristãos que estavam unidos a Pedro, em oração: “A Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). Hoje, também, somos convidados a permanecer unidos ao Santo Padre, rezando por ele. Como sinal de comunhão e de partilha, oferecemos, nas missas desta Solenidade, o Óbolo de São Pedro, oferta a ser enviada ao Papa para atender às necessidades da Igreja.
Arquidiocese de Brasília

sábado, 1 de julho de 2017

“Sejam sacerdotes santos, segundo o coração de Deus”

Canção Nova
“Sejam sacerdotes santos, segundo o coração de Deus”, frisou dom Sergio da Rocha, cardeal arcebispo de Brasília, aos sete novos sacerdotes da Arquidiocese – todos eles provenientes do seminário missionário Redemptoris Mater. São eles:

  • Cristian Evangelista
  • Felipe Cardoso de Medeiros
  • Germán Eduardo Machado Córdova
  • João Antônio Benites Júnior
  • Mateus da Costa dos Santos
  • Sebastião de Sousa Júnior
  • Vinicius de Lima Podda
A Catedral Metropolitana de Brasília recebeu três mil fieis para a ordenação que também contou com a presença dos quatro bispos auxiliares da Arquidiocese, do clero, seminaristas da Igreja local e dos familiares e amigos dos neo sacerdotes.  
Na homilia, dom Sergio exortou aos eleitos à missão e ao discipulado, sem esquecer os seguintes aspectos da vida sacerdotal:
Oração – “Ao exercer o ministério sacerdotal, se deixem moldar pelo Senhor como o vaso nas mãos do oleiro; gastem tempo para rezar pelo povo. Sejam conhecidos como sacerdotes que rezam por si e pelo povo de Deus”
Perseverança – “A Igreja confia a vocês um bem inestimável: o sacerdócio que é de Cristo. Sejam perseverantes. O sacerdócio é fonte de alegria. Mas a Igreja sofre quando alguém deixa o sacerdócio ou é obrigado a deixá-lo. Para perseverar é preciso esforço sincero. Sejam sempre sacerdotes, totalmente sacerdotes, sacerdotes para sempre”.
Olhos em Cristo – “Perante as dificuldades jamais desanimar, nem recuar, mas seguir em frente. Vocês não estão sozinhos. Sabemos que trazemos tesouros em vasos de barro, mas sabemos que podemos contar com a graça de Deus.  (...) E quando alguém passar por algum crise, lembre-se, Jesus está lhe esperando no sacrário. Vá até Ele nos hospitais, nos asilos, nas periferias, onde os irmãos sofrem. Não desanimem, nem se acomodem, caminhem sempre com os olhos e coração voltados para Jesus”.
Em breve será publicada a homilia completa de dom Sergio.
Rito de ordenação
O sacramento da Ordem tem três graus: episcopal, presbiteral e diaconal. Em cada um dos ritos está presente a imposição de mãos e a prece de ordenação. A celebração sacerdotal tem as seguintes partes:
Eleição do candidato – Um diácono chama o eleito ao sacerdócio e o ordenando se coloca diante do arcebispo. Logo em seguida um padre pede ao arcebispo que ordene o eleito. Então, o arcebispo pergunta ao padre se o eleito está pronto para adentrar a vocação, ao passo que o padre responde afirmativamente.
Homilia – O arcebispo se volta aos fiéis ressaltando a grandiosidade do momento e aos candidatos, admoestando-os a seguirem juntos a Jesus Cristo.
Propósito do Eleito – Logo após a homilia, o arcebispo pergunta ao eleito, em pé, se ele quer:
  • Apascentar o rebanho do Senhor sob a direção do Espírito Santo
  • Desempenhar o ministério da palavra ao anunciar o Evangelho
  • Celebrar a Eucaristia e o Sacramento da Reconciliação para a santificação do povo de Deus
  • Ter assiduidade na oração
  • Se unir cada vez mais a Cristo, Sumo Sacerdote
A todas as perguntas o eleito responde “Quero!” e, depois, se ajoelha para prometer respeito e obediência ao arcebispo e às autoridades.
Ladainha – Os eleitos se prostram ao chão em sinal de oferta total de vida a Deus. Enquanto isso, os demais, de joelhos (exceto em domingos ou tempo pascal), rezam a Ladainha de Todos os Santos, pedindo a graças dos Céus aos eleitos. 
Imposição das mãos e prece de ordenação – Os eleitos se ajoelham novamente para, agora, receber uma prece do arcebispo e do clero: um a um, o clero impõe as mãos sobre a cabeça de cada ordenando pedindo pela vocação e vida destes.
Unção das mãos e entrega da patena e do cálice – Com a ajuda de um padre, o eleito veste a estola e a casula sacerdotal. Depois, o arcebispo unge as palmas das mãos do eleito com o óleo do Crisma – como sinal da unção de Cristo – e faz uma oração. Em seguida, o arcebispo amarra as mãos do eleito com um tecido. Este vai em direção a quem deve desamarrar e receber a primeira bênção sacerdotal.
Logo depois o eleito recebe das mãos do arcebispo o pão, na patena, e o vinho, no cálice. Por fim, todo o clero abraça o neo sacerdote que, a partir deste momento, tem a graça de exercer, pela primeira vez, o ministério ao concelebrar a Missa.
Felipe Cardoso passou pelo rito e, agora, como padre, expressa aquilo do que o coração está repleto: “Estou muito feliz, cheio da graça de Deus! Recebi a unção nas mãos, a benção do arcebispo e de todo o presbitério. Só isso o que eu posso dizer mesmo: muito feliz!”

Por Lilian da Paz
Imagem - Farley e Chico Ferreira
Arquidiocese de Brasília

Das Homilias de São Gregório de Nissa, bispo

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(Orat. 6 De beatitudinibus:PG 44, 1270-1271)                (Séc.IV)


Deus pode ser encontrado no coração do homem
            Na vida humana, a saúde do corpo é boa coisa, mas o que torna feliz não é saber em que consiste a saúde, mas viver com saúde. Com efeito, se alguém, muito entretido em elogiar a saúde, toma alimentos que causam maus humores e doenças, de que lhe aproveitam, quando fica doente, os louvores à saúde? De modo semelhante entendamos a palavra que nos foi proposta, pois o Senhor não diz que a felicidade não está em conhecer algo sobre Deus, mas ter Deus em si. Bem-aventurados os que têm coração puro porque verão, eles próprios, a Deus.
            Não me parece que Deus vá colocar-se perante quem o contempla por ter purificado os olhos da alma, mas que talvez a magnificência desta palavra nos sugira aquilo que expressou mais claramente a outros: O reino de Deus está dentro de vós. Por aí ficamos sabendo como quem purificou seu coração de todo o criado e de toda paixão má verá em sua própria beleza a imagem da natureza divina.
            Creio que o Verbo incluiu, nestas poucas palavras que disse, o seguinte conselho: “Ó vós, homens, que tendes algum empenho em contemplar o verdadeiro bem, quando ouvirdes falar da majestade divina exaltada acima dos céus, de sua glória inefável, de sua indizível beleza, não vos deixeis levar pelo desespero por não poderdes ver o que desejais!”
            Se, por uma vida intensa e diligente, lavares de novo as sujeiras que mancham e escurecem o coração, resplandecerá em ti a divina beleza. Como acontece com o ferro, preto antes, retirada a ferrugem pelo polimento, começa a mostrar seu brilho ao sol, assim o homem interior, a quem o Senhor dá o nome de coração, quando limpar as manchas de ferrugem que surgiram em sua forma pela corrupção, recuperará a semelhança com sua principal forma original e se tornará bom. Pois o semelhante ao bom é bom.
            Por consequência, quem se vê a si, em si vê a quem deseja. Deste modo é feliz quem temo coração puro porque, olhando sua pureza, pela imagem descobre a forma principal. Aqueles que veem o sol refletido num espelho, embora não tenham os olhos fixos no céu, não veem menos seu esplendor do que aqueles que olham diretamente para o próprio sol; da mesma forma, também vós, embora sem possuirdes a capacidade de contemplar a luz inacessível, se voltardes à beleza e à graça da imagem que vos foi dada no início, em vós mesmo tereis o que procurais.
            A pureza, a ausência das paixões desregradas e o afastamento de todo o mal é a divindade. Se, portanto, se encontrarem em ti, Deus estará totalmente em ti. Quando, pois, teu espírito estiver puro de todo vício, liberto de todo mau desejo e longe de toda nódoa, serás feliz pela agudeza e luminosidade do olhar, porque aquilo que os impuros não podem ver, tu, limpo, o perceberás. Retirada dos olhos da alma a escuridão da matéria, pela serenidade pura contemplarás claramente a beatificante visão. E esta, o que é? Santidade, pureza, simplicidade, todo o esplendor da luminosa natureza divina, pelos quais Deus se deixa ver.
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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Igreja de Brasília ganhará sete novos padres

O que leva uma pessoa a deixar tudo para trás, a deixar tudo pelo próximo? Qual a centelha, a motivação que impulsiona alguém a viver pelo outro, a doar o próprio tempo, coragem e entusiasmo? De onde vem a vontade de entregar a vida totalmente a Deus, abraçando o celibato pelo Reino dos Céus?

Perguntas que permeiam os pensamentos de muitos e que muitas vezes são difíceis de responder. Para entender essas escolhas é preciso estar mergulhado no Espírito Santo de Deus, pois Ele é a resposta.
Guiados por este princípio, sete diáconos da Arquidiocese de Brasília serão ordenados sacerdotes neste sábado, 1º de julho, a partir das 8h30. A celebração será presidida por dom Sergio da Rocha, cardeal arcebispo de Brasília, na Catedral Nossa Senhora Aparecida. Este ano, em particular, todos os candidatos são do Seminário Redemptoris Mater, que tem caráter missionário.
Confira o testemunho de vida de três dos sete futuros sacerdotes. Cada um com uma história e despertar únicos para a vocação, mas todos com o mesmo objetivo: serem operários para a grande messe sedenta de Deus – aqui ou em qualquer lugar do mundo.

“A vocação não pode se basear em sentimentos”

“Eu sou o diácono Vinicius de Lima Podda, tenho 26 anos e sou natural da cidade de São Paulo, capital. Quando tinha dezessete anos terminei o ensino médio e, tendo completado dois anos de acompanhamento vocacional, deixei minha casa, minha terra e minha família para ingressar no Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater de Brasília. Na espiritualidade de nosso Seminário, dado seu caráter missionário, é muito importante a disponibilidade de ir aonde for necessário confiante na providência do Senhor. Digo isso para dizer que não escolhi Brasília para morar, foi Deus quem me enviou para cá, esta é minha terra de missão por hoje. Importa dizer também que, nestes quase dez anos de disponibilidade à missão, não permaneci todo o tempo em Brasília; estive também em outros lugares do Brasil e do mundo: Tocantins, Pará, Minas Gerais e o Oriente Médio foram alguns dos destinos que Deus escolheu para que neles desse testemunho d’Ele.
Tive a graça de ter nascido em uma família cristã que sempre me transmitiu a fé e os costumes católicos de maneira abundante e autêntica. Meus pais, Gilberto e Irma, têm 28 anos de matrimônio e tiveram seis filhos: Vinicius, Estevão, Lucas, Talita, Israel e Raquel; deles sou o primogênito. Além de mim, o terceiro também respondeu ao chamado do Senhor e é seminarista missionário em Washington (EUA).
Penso que não é possível reduzir o chamado do Senhor a um momento isolado da vida, Deus vai fazendo toda uma história e vai manifestando paulatinamente sua vontade. Porém existem momentos específicos onde há uma maior clareza do chamado, momentos nos quais toda a história que Deus vem fazendo se torna diáfana e eloquente.
Destaco um dos vários momentos especiais para mim. Depois de ter entrado no Seminário, estava em uma celebração eucarística aos pés do Monte Sinai, no Egito. Tínhamos, anteriormente, passado horas aos pés do monte fazendo a Lectio Divina do texto da vocação de Moisés e, posteriormente, iríamos subir o monte em oração para rezar a oração da manhã no topo, ao nascer do Sol. Ali Deus me confirmou o chamado. Senti que minha vida tinha um sentido enquanto era um serviço aos outros, como foi a vida de Moisés com relação ao povo de Israel. Deus me falou naquela ocasião. Poderia narrar muitíssimos outros, mas a ocasião não permite fazê-lo. Uma coisa, porém gostaria de dizer: a vocação não pode se basear em sentimentos, mas em fatos, fatos nos quais Deus te fala de verdade.
Para os jovens digo uma coisa: Não tenhais medo de abandonar-vos na vontade do Senhor! Ela não tira nada! Ele dá tudo! Muitos jovens não respondem ao chamado não pela dúvida, mas pelo medo de não ser feliz; as dúvidas são boas e frutíferas. O medo não! É ruim e paralisa. Por isso repito: Não tenhais medo! Deus é fantástico e vos fará felizes! Termino essa pequena exortação citando um salmo que me é muito caro: “põe tua alegria no Senhor e ele realizará os desejos do teu coração” (Sl 37,4). Deus não decepciona nunca!”

“Experimentei o amor profundo d’Ele”

"Meu nome é Cristian Evangelista, tenho 39 anos e sou italiano. Estou no Brasil há dez anos. Sou casula de seis filhos, a minha família sempre foi católica. Morei com os meus pais até eu partir em missão para ser formado no seminário de Brasília.
 A minha juventude foi muito difícil e conturbada. Procurei a vida em muitas coisas, mas nunca encontrei. Eu sempre estive inserido dentro da vida da Igreja, sabia que existia um Deus que me amava e que conduzia a minha vida, mas não conseguia permanecer no caminho da salvação. Fiz todo tipo de experiência: bebia, usava drogas, procurava felicidades com as mulheres, em suma, destruía a mim mesmo e àqueles que estavam perto de mim. Fiz sofrer muito a minha família. No fundo não encontrava um sentido na minha vida. Era sempre insatisfeito. Nunca pensei em ser padre. Eu achava que os presbíteros fossem pessoas perfeitas que nunca erraram na vida ou pessoas que eram fracassadas e, por isso, se escondiam por detrás do ministério.
Chegou um momento de angústia profunda, não queria mais viver assim, estava mal no corpo por causa dos vícios e também na alma. Foi neste momento que gritei ao Senhor. Justo naquele período realizou-se a Jornada Mundial da Juventude de Colônia (Alemanha), em 2005. Eu fui e, pela primeira vez, fui sem pretensões, me coloquei à escuta de Deus, abri o meu coração à vontade d’Ele. Foi naquele momento que senti o chamado de Cristo.
Fiz também uma experiência no seminário por 10 dias. Aconteceu que num lugar tão diferente daquilo que era o meu ordinário, pela primeira vez na vida, experimentei a paz. Então me ofereci à Igreja e confiei no seu discernimento – eu sabia que era uma pessoa com muitos vícios e pecados. A Igreja me acolheu e não me julgou, me curou. Comecei a dar valor à vida, à família, às coisas simples. Depois de dois anos me enviaram ao Brasil. Senti desde o começo que o Senhor me esperava aqui. Experimentei o amor profundo d’Ele no perdão dos pecados e na sua fidelidade e confiança para comigo. Somente hoje vejo que Cristo sempre me chamou, a minha vocação nasceu desde o ventre de minha mãe, foi um projeto belíssimo do Senhor."

“Vi que Deus estava me chamando”

"Meu nome é Mateus da Costa dos Santos, até o momento estou como diácono na paróquia Imaculada Conceição, de Sobradinho. Tenho 25 anos, faço 26 no próximo dia 6 de julho. Sou o mais novo dos sete diáconos e serei o padre mais jovem da Arquidiocese. Só por este fato, fico feliz com a eleição que Deus fez comigo, Ele que me chamou muito jovem e me levou por caminhos que não imaginava até chegar à ordenação sacerdotal.
Sou natural de Brasília, nasci em Taguatinga (DF). Quando eu tinha um ano de idade minha família foi morar na cidade de Santa Maria (DF). Sou o segundo de três filhos. Cresci em um lar católico, meus pais sempre me levaram à Igreja. Na simplicidade em que vivíamos, meus pais me educaram com muito zelo, me ensinando a procurar a Deus em primeiro lugar. A educação na fé que recebi dos meus pais me ajudou em primeiro lugar a ser um cristão e depois a poder ter uma base de ajuda e apoio diante do ambiente hostil que cresci, pois Santa Maria era muito violenta. Lembro, com pesar, de muitos amigos próximos e vizinhos que se perderam no mundo do crime e das drogas.
A minha vocação nasceu com o testemunho e a experiência dos padres. Na minha paróquia sempre passaram padres da Arquidiocese que eram missionários. Cresci vendo a forma que eles se relacionavam com as pessoas, como faziam a Igreja crescer e ter mais vida, a forma como pregavam... E fiquei com esse testemunho silencioso no coração durante toda a minha infância e adolescência.  
 Em 2007, participei de uma peregrinação à Aparecida (SP), quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil. Fui com os jovens do Caminho Neocatecumenal,itinerário de fé do qual faço parte até hoje. Foi uma experiência fantástica ver o Papa e pode ver a Igreja viva. Ali vi que Deus estava me chamando.  Depois que voltei da peregrinação, fiz um ano de acompanhamento vocacional e aos 17 anos, em 2008, entrei no Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater de Brasília.
No seminário, foram anos maravilhosos de aprendizado, de experiências e de amadurecimento na vocação. Sou muito grato pela formação que recebi lá. E hoje me sinto muito contente com a vocação, principalmente depois deste tempo de serviço diaconal na paróquia. Em presenciar tantos frutos de Deus, ver o crescimento da comunidade e tantas pessoas ajudadas pela Palavra e pelos Sacramentos."

Por Kamila Aleixo
Arquidiocese de Brasília

Santo Irineu, Bispo de Lyon e Padre da Igreja

REDAÇÃO CENTRAL, 28 Jun. 17 / 05:00 am (ACI).- Santo Irineu foi Bispo da cidade francesa de Lyon, Padre da Igreja e é recordado por ter escrito muitas obras que forjaram as bases da teologia cristã e que confrontaram erros e heresias provenientes do gnosticismo do século II.

Irineu foi discípulo de São policarpo, bispo daquela cidade, o qual, por sua vez, foi discípulo do Apóstolo São João.
Sua principal obra é chamada “Contra as Heresias”, um escrito que consta de 5 volumes que refutam os ensinamentos de vários grupos gnósticos dos primeiros séculos da era cristã.
O gnosticismo é uma heresia muito antiga que defende que só se alcança a salvação da alma com um conhecimento quase intuitivo dos mistérios do universo e em umas fórmulas mágicas que esse conhecimento indica, o que hoje faria parte do New Age.
Santo Irineu nasceu na Ásia Menor na primeira metade do século II; sua data de nascimento é desconhecida, mas diz-se que poderia ser por volta do ano 125.
Recebeu uma boa educação, pois tinha profundos conhecimentos das Sagradas Escrituras, da literatura e da filosofia. Além disso, em várias ocasiões viu e escutou o Bispo São policarpo em Esmirna.
Durante a perseguição de Marco Aurélio, Irineu era sacerdote da Igreja de Lyon. Tempos mais tarde, sucedeu o mártir São Policarpo como Bispo da mesma cidade.
Durante a paz religiosa após a perseguição de Marco Aurélio, o novo Bispo dividiu suas atividades entre os deveres de um pastor, missionário, e seus escritos, os quais quase todos eram dirigidos contra o gnosticismo, a heresia que se propagava entre os gauleses e outros lugares.
O ano de sua morte é desconhecido. De acordo com uma tradição posterior, afirma-se que foi martirizado. Sua festa é celebrada em 28 de junho.
Acidigital

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Das Homilias, de São Gregório de Nissa, bispo

FASBAM

(Orat. 6 De beatitudinibus: PG 44, 1263-1266)            (Séc.IV)


Deus é um rochedo inacessível
            O que costuma acontecer a quem do alto de um monte olha para o vasto mar lá embaixo, isto mesmo se dá com o meu espírito em relação à altíssima palavra do Senhor: dessa altura olho para a inexplicável profundidade de seu sentido.
            A mesma vertigem que se pode sentir em alguns lugares da costa, quando se olha desde uma grande elevação a cavaleiro das ondas para o mar profundo, do alto saliente de um penhasco que, do lado do mar, parece cortado pelo meio do vértice até a base mergulhada nas profundezas, sobrevém a meu espírito suspenso à grande palavra proferida pelo Senhor:Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Deus se oferece à visão daqueles que têm o coração purificado. Deus, ninguém jamais o viu, diz o grande João. Confirma esta asserção, Paulo, aquele espírito sublime: A quem homem algum vê nem pode ver. Eis aqui o penhasco, escorregadio, despenhadeiro sem fundo, talhado a pique, que não oferece em si nenhum ponto de apoio para a inteligência da criatura! O próprio Moisés sentiu-se esmagado pela palavra: Não há, diz ele, quem veja a Deus e continue a viver. Ele sentenciou que este penhasco é inacessível, porque nunca nossa mente pode lá chegar, por mais que se esforce por alcançá-lo, erguendo-se até ele.
            Ora, ver a Deus é gozar a vida eterna. No entanto, que Deus não possa ser visto, as colunas da fé, João, Paulo e Moisés, o afirmam. Percebes a vertigem que arrasta logo o espírito para as profundezas do conteúdo desta questão? De fato, se Deus é a vida, quem não vê a Deus não vê a vida. Mas que não se possa ver a Deus, tanto os profetas quanto os apóstolos, levados pelo Espírito divino, o atestam. Em que angústias, portanto, se debate a esperança dos homens?
            Contudo, o Senhor vem erguer e sustentar a esperança vacilante, assim como fez a Pedro, a ponto de afundar, firmando-o na água tornada resistente ao caminhar, para que ele não se afogasse.
            Portanto, se a mão do Verbo se estender para nós, que vacilamos no abismo de nossas especulações, colocando-nos em outra perspectiva, perderemos o medo e, já seguros, abraçaremos o Verbo que nos conduz como que pela mão, dizendo: Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus.
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terça-feira, 27 de junho de 2017

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

O Ícone

Ícone é o nome dado a uma pintura que, não sendo apenas um quadro ou uma obra de arte, é carregada de significados sagrados e leva seu observador à oração. O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é formado por quatro figuras: Nossa Senhora, o Menino Jesus e dois arcanjos. A aparição dos arcanjos com uma lança e a cruz mostram ao Menino Jesus os instrumentos de sua Paixão. Assustado corre aos braços da Mãe. Por causa do movimento brusco desamarra a sandália. Maria o acolhe com ternura e lhe transmite segurança. O olhar de Nossa Senhora não se dirige ao Menino, mas a nós. Porém, sua mão direita nos aponta Jesus, o Perpétuo Socorro. As mãos de Jesus estão nas mãos de Maria. Gesto de confiança do Filho que se apóia na Mãe.
Por Kamila Aleixo / Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF