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sábado, 5 de agosto de 2017

Transfiguração do Senhor

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+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
No centro da passagem da Transfiguração encontra-se o convite do Pai para escutar a voz de Jesus Cristo: Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,5). Esta é a atitude a ser cultivada por todos nós. Este é o caminho para que a “transfiguração” aconteça na vida das pessoas, das famílias e da sociedade, tantas vezes, desfiguradas pelas situações de pecado ou de angústia causada pela grave crise que sofremos.
É preciso ter a sua Palavra “diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em nossos corações”, conforme a Segunda Carta de Pedro. Para isso, necessitamos ser discípulos que se disponham a subir a “alta montanha”, conforme a expressão empregada por Mateus (Mt 17,1); “para orar”, segundo explicita Lucas (Lc 9,28).
Contudo, o discípulo não sobe sozinho o monte da Transfiguração; não realiza tal experiência por sua própria conta. “Sobe” porque o Senhor o “toma consigo”. A graça de Deus precede e acompanha a subida; a acolhida da graça nos leva a caminhar para o alto. Além disso, o discípulo não sobe só, mas em comunhão; sobem juntos! Os discípulos que vivem da oração e da escuta da Palavra se revelam, ao mesmo tempo, como discípulos em comunhão.
Aqueles que sobem o Tabor, uma vez encontrando-se com o Senhor transfigurado, não podem se instalar comodamente sobre o monte, ainda que seja sincero o desejo de construir tendas e de lá permanecer. É preciso descer o Monte para a missão, na certeza que o Senhor ressuscitado nos acompanha e sustenta. Jesus tocando os discípulos disse-lhes: “levantai-vos e não tenhais medo”. E eles desceram em direção à multidão, especialmente, aos doentes e a toda a gente sofrida.
Devemos sair ao encontro das ovelhas feridas e caminhar em busca das ovelhas desgarradas, revelando-lhes o rosto misericordioso de Jesus. A Igreja orante, que vive da Palavra e da Eucaristia, se faz Igreja solidária e servidora dos que mais sofrem. A Igreja que contempla a glória do Senhor sobre o monte Tabor se dispõe a contemplar o rosto de Cristo Sofredor no calvário, reconhecendo-o nas feições dos pobres, dos enfermos e das vítimas das muitas formas de violação à vida e à dignidade das pessoas.  É preciso subir o Tabor para dispor-se a subir o Calvário, com Cristo.
Neste primeiro domingo do mês vocacional, somos convidados a rezar especialmente pelas vocações sacerdotais, refletindo sobre a sua importância na Igreja. Agradeçamos cordialmente a dedicação pastoral de nossos padres e rezemos por eles, para que sejam fiéis e felizes na vivência do sacerdócio, contando sempre com a graça de Deus, com a oração e o apoio da comunidade.
Arquidiocese de Brasília

Padre, um homem de Deus

Rio de Janeiro (Sexta-feira, 04-08-2017, Gaudium Press) A Igreja Católica comemora nesta sexta-feira, 4 de agosto, a memória de São João Batista Vianney, conhecido popularmente como Santo Cura d'Ars, Padroeiro dos párocos e sacerdotes. Por ocasião desta data importante, a Gaudium Press transcreveu abaixo o mais recente artigo escrito pelo Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro.
O sacerdote é dom porque o seu ministério sacerdotal, desdobrado em conduta, serviços, vivências e posturas, é manifestação e concretização deste amor. O Padre, homem escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo missionário servidor do povo de Deus. E sustentado pela contínua busca da santidade de vida, é facilitador desse indispensável e inadiável encontro pessoal com o Cristo vivo, levando todos ao reconhecimento e à sabedoria de pautar a sua vida tendo Deus como seu centro e fonte inesgotável do seu sentido. O sacerdote, por isso mesmo, faz anteceder às suas muitas tarefas no labor de cada dia a serviço do povo, anunciando o Evangelho, o cuidado e o compromisso com a condição do seu ser. É a santidade de vida que alavanca, fecunda e torna exitoso o serviço prestado na condição própria de sacerdote.

O sacerdócio é uma verdadeira mediação salvífica-sacramental que expressa através do seguimento peculiar de Cristo Bom Pastor. A consciência de eleição pessoal amorosa de Deus influenciará muito na vida e na espiritualidade do sacerdote. O ministério sacerdotal é um seguimento de totalidade, expressado em termos de pobreza, generosidade, associação esponsal e humidade (Sequela Christi).
Na realidade há um só Pastor: Nosso Senhor Jesus Cristo. E Ele é a fonte e o modelo dos demais pastores. A caridade pastoral é a nota característica do ministério sacerdotal como prolongação do autor e da disponibilidade de Cristo Pastor. A caridade que arranca uma consagração que se orienta para uma missão universal e que exige a imolação da própria vida. É o serviço pastoral como sintonia à proximidade e humilhação "Kenosis" (esvaziamento de si).
O modelo para todos os padres é sempre Cristo o Bom Pastor. Pouco a pouco o Senhor irá nos formando de tal forma que experimentaremos a alegria de senhor, através da Igreja, colocou para levarmos adiante no caminho da santidade. Um dos segredos de um bom pastoreio é justamente amar o povo que é Deus e, com Cristo, dar a vida por esse mesmo povo, à semelhança d' Aquele que, entregando por nós Sua Vida, nos impulsiona para viver esse grande dom, que é também nossa grande alegria! Quanto mais estivermos empenhados nessa direção mais os nossos corações estarão imersos na experiência de Deus que nos ama e que nos convida a anunciar o Seu amor a todos na construção desse mundo novo.
Lembremos do magistério pontifício acerca do sacerdócio:
São João XXIII- "Nós desejaríamos, veneráveis irmãos, que todos os padres das vossas dioceses se deixassem convencer, pelo testemunho do santo cura d'Ars, da necessidade de serem homens de oração e da possibilidade de o serem, qualquer que seja a sobrecarga por vezes extrema dos trabalhos do seu ministério. Mas para isso ‚ necessária uma fé viva, como a que animava João Maria Vianney e o fazia realizar maravilhas. "Que fé! - exclamava um dos seus colegas. Chegaria para enriquecer uma diocese inteira".
Concílio Vaticano II, Beato Paulo VI na "Christus Dominus"
Os principais colaboradores do Bispo são, todavia, os párocos, a quem, como pastores próprios, é confiada, sob a autoridade do Bispo, a cura de almas numa parte determinada da diocese. [...] Com os seus coadjutores, exerçam de tal maneira o seu ministério de ensinar, santificar e governar, que os fiéis e as comunidades paroquiais se sintam de facto membros tanto da diocese como do todo que forma a Igreja universal.
São João Paulo II
O Sacerdócio de Jesus Cristo é, efetivamente, a primeira fonte e expressão da incessante e sempre eficaz solicitude pela nossa salvação, que nos leva a ver n'Ele exatamente o Bom Pastor. As palavras «o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas" não se referem, porventura, ao Sacrifício da Cruz, o ato definitivo do Sacerdócio de Cristo? E, uma vez que o Senhor Jesus Cristo nos tornou participantes do seu Sacerdócio, mediante o sacramento da Ordem, não estão essas mesmas palavras a indicar-nos a todos o caminho que também nós devemos percorrer? Não nos dizem que a nossa vocação é singular solicitude pela salvação do próximo? E não nos dizem que tal solicitude constitui particular razão de ser da nossa vida sacerdotal? E não dizem que é essa solicitude, precisamente, que lhe dá sentido, e que só por meio dela nós poderemos encontrar o significado pleno da nossa mesma vida, perfeição e santidade? Este tema é tratado em várias passagens do Decreto conciliar Optatam Totius . Este problema, torna-se, todavia, mais compreensível à luz das palavras do Mestre, quando diz: "Ouem quiser salvar a vida, perdê-la-á; mas quem a perder por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á" (Discurso de São João Paulo II no ano de 1979 a todos os padres por ocasião da quinta-feira santa. 
Papa Bento XVI
"A Igreja tem necessidade de sacerdotes santos, de ministros que ajudem os fiéis a experimentar o amor misericordioso do Senhor e sejam suas testemunhas convictas. Na adoração eucarística, após a celebração das Vésperas, pediremos ao Senhor que inflame o coração de cada presbítero com essa caridade pastoral capaz de fundir seu "eu" no de Jesus sacerdote, para assim poder imitá-lo na mais completa entrega de si mesmo. Que nos obtenha esta graça a Virgem Mãe, de quem amanhã contemplaremos com viva fé o Coração Imaculado. O Santo Cura de Ars vivia uma filial devoção por ela, até o ponto de que, em 1836, antecipando-se à proclamação do dogma da Imaculada Conceição, já havia consagrado sua paróquia a Maria "concebida sem pecado". E manteve o costume de renovar frequentemente esta oferenda da paróquia à Santa Virgem, ensinando aos fiéis que "basta dirigir-se a ela para ser escutados", pela simples razão de que ela "deseja sobretudo ver-nos felizes". (Pensamento retirado da homilia de abertura do ano sacerdotal.
Papa Francisco
"Reiterando a importância da formação humana, o Pontífice afirmou que um padre em paz consigo mesmo saberá "difundir serenidade" até mesmo nos momentos mais difíceis, "transmitindo a beleza do encontro com o Senhor". "Não é normal que um padre seja frequentemente triste, nervoso ou duro de caráter; não está bem e não faz bem, nem ao padre, nem a seu povo. Nós, sacerdotes, somos apóstolos da alegria, anunciamos o Evangelho, a ‘boa nova".
O sacerdote é, sobretudo, um homem de Deus - "vir-Dei". Ao cumprimentar todo o querido presbitério do Rio de Janeiro, com meu afeto e a minha gratidão, suplico a São João Maria Vianney, que Deus Nosso Pastor e guia nos ilumine e nos guarde para que a cada dia possamos desempenhar bem a nossa missão. Deus nos faz servos e testemunhas da verdade e do seu amor. Assim, Cristo sacerdote prolonga sua realidade sacerdotal na Igreja, especialmente através do ministério apostólico.
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro


Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/89023-Padre--um-homem-de-Deus#ixzz4ot1BCzrG
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Santo Cura d’Ars

REDAÇÃO CENTRAL, 04 Ago. 17 / 07:00 am (ACI).- “Se fosse sacerdote, gostaria de conquistar muitas almas”, disse certa vez a sua mãe São João Maria Vianney, também conhecido como o Santo Cura d’Ars, cuja festa é celebrada neste dia 4 de agosto.

A seguir, 10 coisas que talvez não sabia sobre este sacerdote diocesano, membro da Ordem Terceira Franciscana e padroeiro dos párocos.
1. Sua primeira comunhão foi em meio a dificuldades
A Revolução Francesa trouxe perseguição contra os sacerdotes e mesmo depois dela precisavam se disfarçar para passar incógnitos. Quando o jovem João recebeu a primeira comunhão, levaram carrinhos de feno, colocaram-nos em frente às janelas da casa de sua mãe e começaram a descarregar o material durante a cerimônia para evitar problemas com as autoridades.
O santo sempre recordou este dia, quando derramou lágrimas de alegria ao receber o Senhor e guardou como um tesouro o terço que sua mãe lhe deu naquela ocasião.
2. Quase saiu da escola de seminaristas
Quando a Igreja obteve um pouco de liberdade na França, Pe.Balley, pároco de Ecculy, abriu uma pequena escola para jovens com inquietudes vocacionais. João conseguiu ingressar, mas por sua dificuldade para os estudos, esteve a ponto de renunciar. O sacerdote sugeriu que ele fizesse uma pequena peregrinação ao Santuário de São Francisco de Regis e regressou renovado.
3. Desertou do exército
Napoleão queria conquistar toda a Europa e João foi chamado ao exército, porque não aparecia na relação de nenhum seminário. Ficou gravemente doente e, quando recuperou a saúde, foi em busca de seu regimento que já tinha marchado, mas no caminho voltou a ficar doente. Buscou refúgio por vários dias e percebeu que, sem querer, tinha se tornado um desertor.
Buscou um major que escondia desertores e este o aconselhou a ficar na casa de alguém de sua família. Adotou o nome de Jerome Vincent e, com este nome, conseguiu inclusive abrir uma escola para as crianças da vila. Mais tarde, um decreto imperial concedeu anistia aos desertores.
4. Expulsaram-no do seminário
João conseguiu ingressar no Seminário Maior de Lyon, mas por seu conhecimento insuficiente do latim, não entendia nem podia responder aos formadores. Pediram-lhe que saísse, o que lhe causou uma imensa dor e desânimo, mas o Pe. Balley novamente o ajudou e seguiu os estudos em privado em Ecculy, perto de Lyon. Suas qualidades morais superaram qualquer deficiência acadêmica.
5. Seu mestre foi o seu primeiro penitente
Uma vez ordenado sacerdote, foi enviado para ajudar Pe. Balley, mas as autoridades diocesanas não lhe deram permissão para atender confissões. Pe. Balley intercedeu e foi ele mesmo o primeiro a se confessar com São João Maria Vianney. Tempos depois, Pe.Balley morreu nos braços do santo, que sofreu como se tivesse perdido seu pai.
6. Teve uma profecia em Ars
As autoridades eclesiásticas o enviaram para o pequeno povoado de Ars, porque pensavam que com suas limitações intelectuais não poderia servir em uma comunidade grande. Ao chegar, fez uma profecia: “A paróquia não será capaz de conter as multidões que virão aqui”.
Aos poucos, foi ganhando o amor do povo e ensinou-lhes o amor pela Eucaristia, sendo sua festa favorita Corpus Christi.
Quando o Papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição, o santo pediu aos fiéis que iluminassem suas casas de noite e os sinos do templo ressoaram por horas. As pessoas dos povoados próximos, ao ver o clarão, pensaram que o povoado estava pegando fogo e foram apagar o suposto incêndio.
7. Tinha uma profunda devoção a Santa Filomena
São João tinha uma profunda devoção a Santa Filomena, uma jovem mártir dos primeiros séculos do cristianismo, a quem chamava de sua “agente com Deus”. Construiu uma capela em sua honra e um santuário. Certo dia, ficou gravemente doente e prometeu oferecer 100 Missas em honra a Santa Filomena.
Quando a primeira Missa estava sendo oferecida, entrou em êxtase e escutaram-no murmurar várias vezes “Filomena”. Ao voltar em si, exclamou que estava curado e atribuiu à santa.
8. A tentação era recorrente em sua vida
O Cura d’Ars sofreu a tentação de desejar a solidão e se sentia incapaz para o serviço que oferecia na cidade. Em uma oportunidade, pediu ao seu Bispo para deixa-lo renunciar e chegou a ir do povoado em três ocasiões, mas sempre regressou.
9.Lutou pacientemente contra o demônio
O demônio sempre molestava o Santo Cura d’Ars com ruídos estranhos e fortes durante as noites. Sua intenção era esgotá-lo para que não tivesse forças para atender confissões ou celebrar a Eucaristia. Certo dia, quando o santo estava se preparando para a Santa Missa, o maligno incendiou sua cama.
São João, sabendo que o inimigo queria deter o ofício divino, deu as chaves do quarto aos que iam apagar o fogo e prosseguiu. “Esse vilão do demônio, não podendo pegar o pássaro, queima a sua gaiola”, foi a única coisa que disse. Muito tempo depois, o Senhor premiou o santo com um extraordinário poder de expulsar os demônios das pessoas possuídas.
10. Nunca foi nomeado pároco
Todos conhecem São João Maria Vianney com o título de Cura d’Ars. “Pouco importa a opinião de algum canonista exigente que dirá, a nosso ver com razão, que o santo não chegou a ser juridicamente verdadeiro pároco de Ars, nem mesmo na última fase de sua vida, quando Ars ganhou consideração canônica”, segundo explica Lamberto de Echeverría, autor do livro ‘El Santo Cura de Ars’ (O Santo Cura d’Ars).
Bispos de Belley só lhe concedeu o título de cônego, mas “o fato real é que ele consagrou praticamente toda a sua vida sacerdotal à santificação das almas do minúsculo povoado de Ars e que, dessa forma, uniu para sempre seu nome e a fama de sua santidade ao povoadozinho”.
Acidigital

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Do Catecismo de São João Maria Vianney, presbítero

(Catéchisme sur la prière: A. Monnin, Esprit du Curé d’Ars, Paris1 899, pp.87-89)                (Séc.XIX)

A mais bela profissão do homem é rezar e amar
Prestai atenção, meus filhinhos: o tesouro do cristão não está na terra, mas nos céus. Por isso, o nosso pensamento deve estar voltado para onde está o nosso tesouro. Esta é a mais bela profissão do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a terra.
A oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que o envolve. Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera, fundidos num só, de tal modo que ninguém pode mais separar. Como é bela esta união de Deus com sua pequenina criatura! É uma felicidade impossível de se compreender. Nós nos havíamos tornado indignos de rezar. Deus, porém, na sua bondade, permitiu-nos falar com ele. Nossa oração é o incenso que mais lhe agrada.
Meus filhinhos, o vosso coração é por demais pequeno, mas a oração o dilata e torna capaz de amar a Deus. A oração faz saborear antecipadamente a felicidade do céu; é como o mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce. Na oração bem feita, os sofrimentos desaparecem, como a neve que se derrete sob os raios do sol.
Outro benefício que nos é dado pela oração: o tempo passa tão depressa e com tanta satisfação para o homem, que nem se percebe sua duração. Escutai: certa vez, quando eu era pároco em Bresse, tive que percorrer grandes distâncias para substituir quase todos os meus colegas que estavam doentes; nessas intermináveis caminhadas, rezava ao bom Senhor e – podeis crer! – o tempo não me parecia longo.
Há pessoas que mergulham profundamente na oração, como peixes na água, porque estão inteiramente entregues a Deus. Não há divisões em seus corações. Ó como eu amo estas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Clara viam nosso Senhor e conversavam com ele do mesmo modo como nós conversamos uns com os outros.
Nós, ao invés, quantas vezes entramos na Igreja sem saber o que iremos pedir. E, no entanto, sempre que vamos ter com alguém, sabemos perfeitamente o motivo por que vamos. Há até mesmo pessoas que parecem falar com Deus deste modo: “Só tenho duas palavras para vos dizer e logo ficar livre de vós.”. Muitas vezes penso nisto: quando vamos adorar a Deus, podemos alcançar tudo o que desejamos, se o pedirmos com fé viva e coração puro.
www.liturgiadashoras.org

Brasília recebe permanentemente relíquias de São João Bosco

Relíquia de São João Bosco em Brasília. Foto: boletimsalesiano.org.br / Divulgação
BRASILIA, 03 Ago. 17 / 04:30 pm (ACI).- São João Bosco tem uma profunda ligação com o Brasil, por ter “profetizado” a sua capital federal 77 anos antes de sua construção e, por isso, Brasília receberá uma relíquia do santo que ficará na cidade permanentemente.
No mês em que os salesianos comemoram o aniversário de seu fundador (16 de agosto), a Congregação no Brasil comemora também a chegada da relíquia do santo em Brasília, um presente do Reitor-mor, Padre Ángel Fernández Artime.
Trata-se de uma urna contendo uma estátua em tamanho real de Dom Bosco, réplica da que se encontra em Turim (Itália) com os restos mortais do santo. Na urna que veio para o Brasil encontra-se um pedaço de osso rádio do braço direito, com o qual ele estendia sua mão aos jovens e abençoava a todos.
“Somos profundamente gratos ao Reitor-mor e ao Conselho Geral por esta decisão”, declarou ao site ‘Boletim Salesiano’ Padre Orestes Fistarol, inspetor da Inspetoria São João Bosco (ISJB), da qual fazem partes as unidades de Brasília.
O Sacerdote salesiano expressou o desejo de que “no futuro os que tiverem contato com a urna no Santuário de Brasília possam se sentir motivados como Dom Bosco a trabalhar ‘com os jovens e para os jovens’”.
A recepção da relíquia está sendo comemorada com diversas atividades, como a peregrinação da urna por comunidades salesianas, nas quais programações especiais com oração e apresentações artísticas são realizadas pelos jovens e educadores.
A programação inclui ainda o lançamento de novo site do Santuário Dom Bosco. No dia 27 de agosto, as relíquias chegam ao Santuário, quando haverá a tradicional Caminhada Dom Bosco, bênção e inauguração da cripta do Santo.
A caminhada, prevista para as 8h30, sairá da Catedral de Brasília rumo ao Santuário, reunindo cerca de mil jovens e pessoas da comunidade. Haverá uma celebração eucarística, às 10h30, presidida pelo Arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Sérgio da Rocha, e concelebrada por salesianos.
Dom Bosco e Brasília
Em 1883, pouco mais de um mês após a chegada dos primeiros salesianos ao Brasil, Dom Bosco sonhou que sobrevoava uma região que ia da Cordilheira dos Andes até o Oceano Atlântico: era a vastidão da missão salesiana na América.
Entre os paralelos 15 e 20, quando avistava uma enseada bastante longa e larga, ele ouviu uma voz dizer, repetidamente: “Quando se vier a cavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida que vai jorrar leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.
Foi exatamente nesta coordenada geográfica que Brasília foi construída e inaugurada, em 1960. Por isso, São João Bosco é copadroeiro da capital do Brasil, junto com Nossa Senhora Aparecida.
Na época da construção da cidade, o primeiro ferro e cimento que chegaram ao canteiro de obras, em 1955, foram empregados na construção de uma ermida em homenagem ao santo, localizada no ponto exato da passagem do paralelo 15, um dos marcos da localização sonhada por Dom Bosco.
A cidade conta também com um Santuário dedicado ao santo, “uma das mais conhecidas Igrejas do Brasil”, conforme sublinhou ao ‘Boletim Salesiano’ Padre Agnaldo Soares, vigário paroquial do Santuário. Dom Bosco.
Com a cripta de São João Bosco no Santuário, o sacerdote espera que as visitações serão intensificadas e a devoção ao santo será fortalecida. Atualmente, o templo recebe em média 2 mil pessoas por mês. Agora, a expectativa é que esse número duplique.
“Dom Bosco é considerado pela Igreja pai e mestre dos adolescentes e jovens. A expectativa é que, além de ser um novo local de peregrinação para a comunidade, haja o despertar na devoção a São João Bosco como protetor da juventude”, expressou.
Acidigital

São João Maria Vianney, padroeiro dos padres

REDAÇÃO CENTRAL, 04 Ago. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 4 de agosto a Igreja celebra São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, como é chamado, por conta do nome do povoado na França onde serviu por muitos anos.

É o padroeiro dos sacerdotes, por isso, neste dia também se celebra o Dia do Padre. São João Maria Vianney é considerado um grande confessor, tinha o dom de profecia, recebia ataques físicos do demônio e viveu entregue à mortificação e à oração.
Foi ordenado sacerdote no dia 13 de agosto de 1815. Seu grande amor pela salvação das almas o levava a passar muitas horas no confessionário, onde arrebatava várias almas.
Era desprendido das coisas materiais, a tal ponto que dormia no chão do quarto, porque deu sua cama. Comia batatas e, ocasionalmente, um ovo cozido. Costumava dizer que “o demônio não tem tanto medo da disciplina; mas teme realmente a redução de comida, bebida e sono”.
Uma vez, o demônio sacudiu sua casa por 15 minutos; em outra ocasião, quis tirá-lo da Missa e incendiou a sua cama, mas o santo mandou outras pessoas apagarem o fogo e não deixou o altar. O demônio fazia muito barulho para não o deixar dormir e também lhe gritava da janela: “Vianney, Vianney come batatas”.
Uma das sequelas da Revolução Francesa foi a ignorância religiosa. Para remediar esta situação, o santo passava noites inteiras na pequena sacristia compondo e memorizando seus sermões, mas por não ter muito boa memória, tinha muita dificuldade de lembrar o que escrevia.
Ensinava o Catecismo às crianças e lutou para que as pessoas não trabalhassem ou estivessem em tabernas aos domingos. Em uma de suas homilias, disse que “a taberna é a tenda do demônio, o mercado onde as almas se perdem, onde se rompe a harmonia familiar”. Pouco a pouco, conseguiu que a taberna se fechasse e que as pessoas se aproximassem de Deus.
Sua popularidade foi crescendo e eram milhares as pessoas de todas as partes que chegavam para confessar-se com ele. Mais tarde, concederam ao povoado a permissão de construir uma Igreja, o que garantiria a permanência do santo. Seu doce amor pela Virgem Maria levou a que consagre a sua Paróquia à Rainha do Céu.
Às 2h do dia 4 de agosto de 1859, o Santo Cura D’Ars partiu para a Casa do Pai. Foi canonizado na festa de Pentecostes em 1925, pelo Papa Pio XI.
Acidigital

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Igreja do Brasil celebra as diversas vocações durante este mês de agosto

“Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações”. (Jr. 1,5) 
 
Entramos em agosto, conhecido tradicionalmente na Igreja Católica do Brasil como mês vocacional. Tempo propício para refletir sobre o chamado e os planos de Deus para cada um de nós. Esse chamado é a vocação que temos que assumir em vida, à serviço da Igreja e de Deus.
Por essa razão, cada domingo do mês de agosto é reservado para se trabalhar e celebrar uma vocação em especial.
O primeiro domingo do mês de agosto, 06/08, é dedicado às Vocações Sacerdotais, festejando o Dia de São João Maria Vianney. Esta vocação é concretizada por meio do Sacramento da Ordem, transmitido unicamente a diáconos, padres e bispos.
No segundo domingo, 13/08, comemora-se a Vocação Familiar, com o Dia dos Pais. A instituição familiar é a responsável pela transmissão e educação na fé cristã. É a verdadeira escola no amor e na vida.
No terceiro domingo, 20/08, dia da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, é dia de lembrar a Vocação à Vida Consagrada, comemorando o Dia da Vida Religiosa. Religiosos são pessoas consagradas, que vivem seus votos de castidade, obediência e pobreza, à serviço da Igreja e dos irmãos; assumindo a missão próprio do Instituto, Ordem ou Congregação em que vive.
Finalizando, no quarto domingo, 27/08, festeja-se as Vocações Leigas, com o Dia dos Ministérios Leigos e dos Catequistas. Neste domingo fica claro que toda e qualquer pessoa batizada deve servir a Deus e a Igreja, por meio de testemunhos ou obras concretas.
Vale ressaltar que as comemorações pelo mês das Vocações este ano serão sob a temática “A exemplo de Maria, discípulos missionários”, em consonância com o Ano Nacional Mariano, decretado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, em agosto de 2016.
A tradição de celebrar as diferentes vocações aos domingos do mês de agosto, acontece desde 1981, quando a data foi instituída através da 19ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Durante esse período as paróquias, instituições, grupos e comunidades preparam atividades de orações ou formações para que os fieis possam intensificar ou descobrir a sua responsabilidade e compromisso com a Igreja e a sociedade e, assim, atender ao chamado de Deus.

ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO PELAS VOCAÇÕES
Pai de misericórdia, que destes o vosso Filho pela nossa salvação e sempre nos sustentais com os dons do vosso Espírito, concedei-nos comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem a Vós e à evangelização. Sustentai-as no seu compromisso de propor uma adequada catequese vocacional e caminhos de especial consagração. Dai sabedoria para o necessário discernimento vocacional, de modo que, em tudo, resplandeça a grandeza do vosso amor misericordioso. Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por nossa comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.

Por Gislene Ribeiro/Arquidiocese de Brasília

Das Obras de Santo Afonso Maria de Ligório, bispo

(Tract. De praxi amandi Iesum Christum, edit. latina, Romae 1909, pp.9-14)            (Séc.XVII)


Sobre o amor a Jesus Cristo
Toda santidade e perfeição consiste no amor a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso sumo bem e nosso redentor. É a caridade que une e conserva todas as virtudes que tornam o homem perfeito.
Será que Deus não merece todo o nosso amor? Ele nos amou desde toda a eternidade. “Lembra-te, ó homem, – assim nos fala – que fui eu o primeiro a te amar. Tu ainda não estavas no mundo, o mundo nem mesmo existia, e eu já te amava. Desde que sou Deus, eu te amo”.
Deus, sabendo que o homem se deixa cativar com os benefícios, quis atraí-lo ao seu amor por meio de seus dons. Eis por que disse: “Quero atrair os homens ao meu amor com os mesmos laços com que eles se deixam prender, isto é, com os laços do amor”. Tais precisamente têm sido todos os dons feitos por Deus ao homem. Deu-lhe uma alma dotada, à sua imagem, de memória, inteligência e vontade; deu-lhe um corpo provido de sentidos; para ele criou também o céu e a terra com toda a multidão de seres; por amor do homem criou tudo isso, para que todas as criaturas servissem ao homem e o homem, em agradecimento por tantos benefícios, o amasse.
Mas Deus não se contentou em dar-nos tão belas criaturas. Para conquistar todo o nosso amor, foi ao ponto de dar-se a si mesmo totalmente a nós. O Pai eterno chegou ao extremo de nos dar seu único Filho. Vendo-nos a todos mortos pelo pecado e privados de sua graça, que fez ele? Movido pelo imenso, ou melhor – como diz o Apóstolo – pelo seu demasiado amor, enviou seu amado Filho, para nos justificar e nos restituir a vida que havíamos perdido pelo pecado.
Ao dar-nos o Filho, a quem não poupou para nos poupar, deu-nos com ele todos os bens: a graça, a caridade e o paraíso. E porque todos estes bens são certamente menores do que o Filho, Deus, que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? (Rm 8,32).
www.liturgiadashoras.org

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crônica: Cavando poços no deserto

Crônica: Cavando poços no deserto
Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, recebam uma saudação cordial das Arábias, onde os desertos constituem seu principal panorama.
As histórias bíblicas nos dão informações das andanças do povo eleito pelo deserto marcado pela escassez de água.  Sob a liderança do libertador Moisés, o povo teria preferido voltar à escravidão do Egito por causa da falta de água.
De fato, para os habitantes do deserto, encontrar  ou cavar um poço significava buscar um bem muito precioso, muito mais valioso que o próprio ouro ou pedras preciosas, pois possuindo água, tinha-se sustentabilidade e sobrevivência da vida pessoal, familiar e do clã.
Lendo a história dos patriarcas, no livro do Gênesis, conhecemos a vida no deserto do Oriente com predominância do trabalho no meio rural. Os patriarcas e suas famílias viviam da criação de animais,  sendo a água importante fonte de provisão.  A água trazia riqueza a quem a encontrasse naquelas regiões desérticas.
É nesse ambiente que as narrativas bíblicas nos dão a conhecer Isaque, um homem trabalhador, um exímio cavador de poços. Com seu pai Abraão, aprendeu a ser um homem de caráter, e cumpridor de seus deveres, tanto nas relações familiares como com outros clãs que viviam no deserto.
Com seus servos, Isaque buscava as águas nas entranhas da terra. Encontrar água cavando poços no deserto, fez de Isaque um homem riquíssimo. Tudo o que fazia prosperava. Deus estava com ele e Isaque deixava-se guiar por Ele.
Por causa disso, a Bíblia nos conta que seus inimigos o expulsaram, por diversas vezes, para apoderar-se de suas terras com os poços. Outras vezes, vinham tapá-los á noite para prejudicá-lo. Ele não desanimou.  Ao invés de entrar em conflito com os inimigos, preferia mudar de região. Assim continuou prosperando.
Depois de tantas mudanças, Isaque quis cavar um poço junto ao qual pudesse viver tranquilamente, sem a intervenção de inimigos. Por isso cavou um poço que chamou de Rehobot, que significa “amplidão”, “alargamento”, e disse: “Porque agora o Senhor nos deu o lugar onde prosperaremos na terra.” (Gênesis 26,22). Não foi assim.
A ausência de conflitos não significou que aquele seria o lugar definitivo para o clã de Isaque. Deus lhe reservava coisas maiores. Seria abençoado como um dos patriarcas a ser lembrado por Cristo.
*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano
Rádio Vaticano

Da Narrativa autobiográfica de Santo Inácio, recolhida de viva voz pelo Padre Luís Gonçalves da Câmara

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(Cap.1,5-9:Acta Sanctorum Iulii, 7 [1868], 647)

(Séc.XVI)

Provai os espíritos a ver se são de Deus
Inácio gostava muito de ler livros mundanos e romances que narravam supostos feitos heróicos de homens ilustres. Assim que se sentiu melhor, pediu que lhe dessem alguns deles, para passar o tempo. Mas não se tendo encontrado naquela casa nenhum livro deste gênero, deram-lhe um que tinha por título A vida de Cristo e outro chamado Florilégio dos Santos, ambos escritos na língua pátria.
Com a leitura frequente desses livros, nasceu-lhe um certo gosto pelos fatos que eles narravam. Mas, quando deixava de lado essas leituras, entregava seu espírito a lembranças do que lera outrora; por vezes ficava absorto nas coisas do mundo, em que antes costumava pensar.
Em meio a tudo isto, estava a divina providência que, através dessas novas leituras, ia dissipando os outros pensamentos. Assim, ao ler a vida de Cristo nosso Senhor e dos santos, punha-se a pensar e a dizer consigo próprio: “E se eu fizesse o mesmo que fez São Francisco e o que fez São Domingos?” E refletia longamente em coisas como estas. Mas sobrevinham-lhe depois outros pensamentos vazios e mundanos, como acima se falou, que também se prolongavam por muito tempo. Permaneceu nesta alternância de pensamentos durante um tempo bastante longo.
Contudo, nestas considerações, havia uma diferença: quando se entretinha nos pensamentos mundanos, sentia imenso prazer; mas, ao deixá-los por cansaço, ficava triste e árido de espírito. Ao contrário, quando pensava em seguir os rigores praticados pelos santos, não apenas se enchia de satisfação, enquanto os revolvia no pensamento, mas também ficava alegre depois de os deixar.
No entanto, ele não percebia nem avaliava esta diferença, até o dia em que se lhe abriram os olhos da alma, e começou a admirar-se desta referida diferença. Compreendeu por experiência própria que um gênero de pensamentos lhe trazia tristeza, e o outro, alegria. Foi esta a primeira conclusão que tirou das coisas divinas. Mais tarde, quando fez os Exercícios Espirituais, começou tomando por base esta experiência, para compreender o que ensinou sobre o discernimento dos espíritos.
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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF