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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Do Comentário sobre o Evangelho de João, de Orígenes, presbítero

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(Tomus 10,20:PG14, 370-371)                (Séc.I)


Cristo falava do templo do seu corpo
Destruí este templo e em três dias o reedificarei (Jo 2,19). Os apegados ao corpo e às coisas sensíveis, creio, parecem indicar os judeus, que irritados por terem sido expulsos por Jesus, acusando-os de transformarem a casa do Pai em mercado de seus produtos, pedem um sinal. Por esse sinal devia Jesus justificar o seu procedimento e provar que era o Filho de Deus, o que eles na sua incredulidade não queriam admitir. Mas o Salvador ajuntou uma palavra sobre seu corpo, como se falasse daquele templo; aos que interrogavam: Que sinal mostras para assim fazeres?, responde: Destruí este templo e em três dias o reedificarei.  
Todavia ambos, tanto o templo como o corpo de Jesus, compreendidos como unidade, parecem-me ser figura da Igreja. Por ter sido edificada com pedras vivas; feita casa espiritual para o sacerdócio santo (1Pd 2,5). Edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo sua máxima pedra angular o Cristo Jesus (Ef 2,20), existindo em verdade, como templo. Se, porém, por causa da palavra: Vós sois o corpo de Cristo e membros uns dos outros (1Cor 12,27), se entender serem destruídas e deslocadas as junturas e disposições das pedras do templo, como se lê no Salmo 21 sobre os ossos de Cristo, pelas ciladas das perseguições e tribulações e por aqueles que combatem a unidade do templo por contradições, levantar-se-á o templo e ressuscitará o corpo ao terceiro dia. Após o dia da maldade que pesa sobre ele, e após o dia da consumação que se seguir.  
Seguirá de perto o terceiro dia do novo céu e da terra nova, quando esses ossos, quero dizer, toda a casa de Israel, serão reerguidos, no grande domingo, em que a morte é vencida. Assim a ressurreição de Cristo depois da paixão contém o mistério da ressurreição do corpo total de Cristo. Como aquele corpo de Jesus, sensível, foi pregado na cruz, sepultado e depois ressuscitado, assim todo o corpo dos santos de Cristo com ele foi pregado na cruz e agora já não vive mais. Cada um deles, à semelhança de Paulo, não se gloria em coisa alguma a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo por quem está crucificado para o mundo e o mundo para ele.  
Por isto não apenas foi cada um de nós, junto com Cristo, pregado à cruz e crucificado para o mundo, mas também, junto com Cristo, sepultado: Fomos consepultados com Cristo, diz Paulo (Rm 6,4) e acrescenta como quem já recebeu as aras da ressurreição: E com ele ressuscitamos (cf. Rm 6,4).
www.liturgiadashoras.org

Papa recebe Kiko Argüello, fundador do Caminho Neocatecumenal

Papa Francisco ao lado de Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi. Foto: L'Osservatore Romano
ATLANTA, 05 Set. 17 / 05:30 pm (ACI).- O Papa Francisco recebeu em audiência privada Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi, líderes do Caminho Neocatecumenal, na segunda-feira, 4 de setembro, no Vaticano.
Argüello e Pe. Pezzi fazem parte da equipe internacional responsável por esse movimento eclesial reconhecido pela Santa Sé e cujos estatutos definitivos foram aprovados em 2008. Também fazia parte desta equipe Carmen Hernández, iniciadora juntamente com Kiko, que morreu em 19 de julho de 2016.
Argüello apresentou ao Pontífice um projeto para comemorar em 8 de maio de 2018 os 50 anos do Caminho em um grande encontro para toda a Europa e outros países do resto do mundo. Este será celebrado em Tor Vergata, nos arredores de Roma, na festa da Virgem de Pompeia e de Nossa Senhora de Luján, Padroeira da Argentina.
Durante a celebração haverá um envio de comunidades em missão para as paróquias que necessitem. As comunidades enviadas concluíram esta trajetória de educação na fé e a pedido dos párocos são enviadas a outras paróquias para evangelizar as pessoas afastadas, normalmente nas áreas degradadas das cidades.
O Santo Padre acolheu muito bem o convite e manifestou o seu desejo de participar deste encontro, de maneira que queria chegar a um acordo com o seu Vigário, Mons. Angelo di De Donatis, para começar os preparativos.
Além disso, o Papa Francisco encorajou novamente Kiko e Pe. Mario a continuar realizando o trabalho evangelizador e reconheceu os frutos do Caminho em todo o mundo.
Testemunho de um grande amor por Jesus
Em 18 de agosto, o Santo Padre também enviou uma carta a Kiko, agradecendo por enviar o livro “Diário”, escrito por Carmen Hernández de 1979 a 1981, publicado recentemente na Espanha.
“Alegro-me que por meio destas páginas se faça presente o testemunho de um grande amor por Jesus”, escreve o Papa. “Que Deus ajude o Caminho para que semeie em cada momento o Evangelho com alegria e sem reservas, com fé e humilde obediência”, acrescentou.
ACI Digital

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Redescobrem e traduzem o comentário em latim mais antigo dos Evangelhos

Comentário dos Evangelhos de Fortunatianus Aquileia / Crédito: Universidade de Birmingham
BIRMINGHAM, 05 Set. 17 / 12:00 pm (ACI).- Desaparecido por mais de 1.500 anos, o primeiro comentário em latim conhecido sobre os Evangelhos foi redescoberto na Biblioteca da Catedral de Colônia (Alemanha) e publicado em inglês na semana passada.
O comentário bíblico, escrito pelo Bispo italiano do século IV, Fortunatianus de Aquileia, foi redescoberto em 2012 pelo Dr. Lukas Dorfbauer, um pesquisador da Universidade de Salzburgo.
O manuscrito era amplamente conhecido por ter existido, embora muito eruditos acreditassem que tinham destruído ou se extraviado permanentemente. São Jerônimo também assinalou a existência deste comentário em sua obra Lives of Famous Men.
Dorfbauer encontrou o documento de 100 páginas na Biblioteca da Catedral de Colônia, em um manuscrito sem marcar que data do ano 800 e que tinha sido digitalizado em 2002. Enquanto outros eruditos sabiam do documento, a maioria de seu conteúdo bíblico foi passada por alto.
Mas, a curiosidade de Dorfbauer persistiu e decidiu investigar com mais profundidade o manuscrito para descobrir que não era apenas um documento anônimo, mas que sua origem parecia remontar para além do século IX.
O especialista começou a fazer anotações do documento e cruzou alguns de seus conteúdos com os escritos de São Jerônimo sobre Fortunatianus no século IV.
“Pude comparar as citações bíblicas no manuscrito de Colônia com nossas extensas bases de dados. Os paralelismos com os textos que circulavam no norte da Itália em meados do século IV ofereciam um ajuste perfeito com o contexto de Fortunatianus”, disse a ‘The Conversation’ o Dr. Hugo Houghton, diretor adjunto do Institute for Textual Scholarship and Electronic Editing (ITSEE) da Universidade de Birmingham.
Dr. Houghton, especialista em Novo Testamento em latim, começou a extrair citações do manuscrito redescoberto e o comparou com outros textos do século IV utilizando a grande base de dados de sua universidade.
Utilizou uma metodologia para analisar o texto e encontrou que a comparação “parecia preservar a forma original do trabalho inovador de Fortunatianus”.
“Tal descoberta é de considerável importância para nossa compreensão do desenvolvimento da interpretação bíblica latina, que passou a desempenhar um papel tão importante no desenvolvimento do pensamento e da literatura ocidental”, disse Houghton.
O comentário de Fortunatianus agora substitui a Vulgata como o comentário em latim conhecido mais antigo dos Evangelhos. A Vulgata foi traduzida do hebraico e aramaico ao latim por São Jerônimo entre os anos 382 e 405 e foi conhecido como a forma mais antiga do comentário em latim escrito dos Evangelhos.
O comentário de 160 capítulos está centrado principalmente no Evangelho de São Mateus, mas também inclui breves referências aos Evangelhos de São Marcos, São Lucas e São João.
Embora este novo documento seja anterior à Vulgata, continua sendo muito menos popular devido à sua recente redescoberta.
“Ainda demorará algum tempo para que este trabalho seja conhecido amplamente como os famosos escritos de mestres cristãos posteriores como Ambrósio, Agostinho e Jerônimo”, sublinhou Houghton.
ACI Digital

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Papa ao Caminho Neocatecumenal: semear o Evangelho com alegria e sem reservas

Papa com Kiko Arguello na Sala Paulo VI em 06 de março de 2015 -REUTERS
    Cidade do Vaticano (RV) – “Deus ajude o Caminho a semear a cada momento o Evangelho com alegria e sem reservas, com fé e humilde obediência”.
Este é o encorajamento do Papa Francisco a Kiko Arguello, na carta de agradecimento pelo livro “Diário”, escrito por Carmen Hernandez, iniciadora juntamente com Kiko do Caminho Neocatecumenal, falecida há um ano.
    A obra foi publicada em espanhol em julho pela Biblioteca de Autores Cristãos (BAC).
    “Querido irmão – lê-se na carta assinada por Francisco – recebi o livro com os diários escritos por Carmen Hernandez nos anos 1979-1981. Agradeço pelo presente. Me alegro que por meio destas páginas se faça presente o testemunho de um grande amor por Jesus, cuja luz transforma o sofrimento em oferta, o cansaço em alegria, a vida em um tempo para evangelizar”.
    “Que Deus ajude o Caminho para que semeie em cada momento o Evangelho com alegria e sem reservas, com fé e humilde obediência – exorta o Papa -  fazendo das provas e das dificuldades um motivo para gloriar-se no Senhor Jesus”.
    “Por favor – conclui Francisco – peço a você para rezar por mim. Que Jesus o abençoe e a Virgem maria o proteja”.
    A carta foi divulgada por Kiko Arguello durante um retiro realizado no centro Internacional do Caminho Neocatecumenal em Porto San Giorgio, nas Marcas, de onde esta segunda-feira partem mais de 400 sacerdotes, seminaristas e jovens de diversas nações para uma missão de seis dias em algumas cidades do centro da Itália.
    Levarão o anúncio do amor de Deus de dois em dois, segundo o mandato evangélico, na pobreza, sem levar consigo nem dinheiro nem celulares.
Rádio Vaticano

domingo, 3 de setembro de 2017

CNBB divulga mensagem aos brasileiros para as celebrações do dia 7 de setembro

A conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira (01), mensagem para o dia 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil. No documento, a entidade encoraja as pessoas de boa vontade a se mobilizarem pacificamente na defesa da dignidade e dos direitos do povo brasileiro, propondo “a vida em primeiro lugar”. A instituição convida as comunidades a se unirem ao movimento O “Grito dos Excluídos” e, nesta data também, o Conselho Permanente da CNBB sugere as comunidades rezem juntos pela realidade brasileira no O Dia de Oração e Jejum pelo Brasil.

Leia a mensagem na íntegra:
MENSAGEM DA CNBB
VIDA EM PRIMEIRO LUGAR
O “Grito dos Excluídos” nasceu com o objetivo de responder aos desafios levantados por ocasião da 2ª Semana Social Brasileira, realizada em 1994, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”, e aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade em 1995, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”.
O Grito, realizado no dia 7 de setembro, com suas várias modalidades, é construído com a participação das comunidades cristãs, movimentos, pastorais sociais e organizações da sociedade civil, tem, em 2017, como tema: “Vida em primeiro lugar”, e como lema: “Por direito e democracia, a luta é de todo dia”.
A sociedade brasileira está cada vez mais perplexa, diante da profunda crise ética que tem levado a decisões políticas e econômicas que, tomadas sem a participação da sociedade, implicam em perda de direitos, agravam situações de exclusão e penalizam o povo brasileiro pobre.
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, diante do grave e prolongado momento triste vivido no país, sugere às comunidades que, nesta data, sejam acrescentados dois elementos importantes da espiritualidade cristã, para acompanhar as reflexões e as ações sobre a realidade brasileira: UM DIA DE JEJUM E DE ORAÇÃO PELO BRASIL.
Encorajamos, mais uma vez, as pessoas de boa vontade, particularmente em nossas comunidades, a se mobilizarem pacificamente na defesa da dignidade e dos direitos do povo brasileiro, propondo “a vida em primeiro lugar”.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, acompanhe o povo brasileiro com sua materna intercessão!
Brasília, 31 de agosto de 2017
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo SteinerBispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
CNBB

Papa no Angelus: não ter medo da cruz de Cristo, verdadeiro amor é sacrifício

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, neste domingo (03/09), com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo, presentes na Praça São Pedro.
     Na alocução que precedeu a oração, Francisco disse que “o Evangelho de hoje é a continuação do de domingo passado, que ressaltava a profissão de fé de Pedro, ‘rocha’ sobre a qual Jesus quer construir a sua Igreja. Hoje, em contraste estridente, Mateus, nos mostra a reação do próprio Pedro quando Jesus revela aos discípulos que em Jerusalém deverá sofrer, ser morto e ressurgir”, disse o Papa.“Pedro leva o Mestre para um lado e o repreende, porque isso, lhe diz, não pode acontecer a Ele, a Cristo. Mas Jesus, por sua vez, repreende Pedro com palavras duras: «Fique longe de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, porque não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!» Pouco antes, o apóstolo era abençoado pelo Pai, porque tinha recebido Dele esta revelação, era uma ‘pedra’ sólida para que Jesus pudesse construir a sua comunidade, e logo depois se torna um obstáculo, uma pedra não para construir, uma pedra de tropeço no caminho do Messias. Jesus sabe muito bem que Pedro e os outros ainda têm muita estrada para percorrer para se tornarem seus apóstolos!”
    A esse ponto, o Mestre se dirige a todos aqueles que o seguiam, apresentando-lhes claramente o caminho a ser percorrido:
    “«Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga». Sempre, e também hoje, a tentação é a de querer seguir um Cristo sem cruz, aliás, de ensinar a Deus a estrada certa; como Pedro: ‘Não, não Senhor, isso nunca acontecerá!’ Mas Jesus nos recorda que a sua estrada é a estrada do amor, e não há verdadeiro amor sem o sacrifício de si. Somos chamados a não nos deixar absorver pela visão deste mundo, mas a ser cada vez mais conscientes da necessidade e da fadiga para nós cristãos de caminhar contracorrente e em subida.”
    O Papa ressaltou que “Jesus completa a sua proposta com palavras que expressam uma grande sabedoria sempre válida, porque desafiam a mente e os comportamentos egocêntricos. Ele exorta: «Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la».”
“Neste paradoxo esta contida a regra de ouro que Deus inscreveu na natureza humana criada em Cristo: a regra de que só o amor dá sentido e felicidade à vida. Gastar os próprios talentos, as próprias energias e o próprio tempo somente para salvar, proteger e realizar-se, conduz na verdade a se perder, ou seja, a uma existência triste e estéril. Se, ao invés, vivemos para o Senhor e estabelecemos a nossa vida no amor, como Jesus fez, poderemos saborear a verdadeira alegria, e a nossa vida não será estéril, será fecunda.”
    O Santo Padre frisou que “na celebração da Eucaristia revivemos o mistério da cruz; não somente recordamos, mas fazemos o memorial do Sacrifício redentor, no qual o Filho de Deus perde completamente Si mesmo para ser recebido novamente pelo Pai e assim nos reencontrar, pois estávamos perdidos, juntamente com todas as criaturas. Toda vez que participamos da Santa Missa, o amor de Cristo crucificado e ressuscitado se comunica a nós como alimento e bebida, para que possamos segui-Lo no caminho de todos os dias, no serviço concreto aos irmãos.”
    “Maria Santíssima, que seguiu Jesus até ao Calvário, também nos acompanhe e nos ajude a não ter medo da cruz com Jesus crucificado, não uma cruz sem Jesus, a cruz com Jesus, ou seja, a cruz de sofrer por amor a Deus e aos irmãos, pois esse sofrimento, pela graça de Cristo, é fruto de  ressurreição”, concluiu o Papa.
(MJ)
Rádio Vaticano

22º Domingo do Tempo Comum: Tome a sua cruz e me siga!

                   + Sergio da Rocha
           Cardeal Arcebispo de Brasília

O anúncio da paixão e morte na cruz, que Jesus faz no Evangelho, precisa ser claramente recordado no mundo de hoje. No atual contexto cultural, torna-se ainda maior a tentação de se acomodar num cristianismo morno e pouco exigente. Persiste na história a atitude inicial de Simão Pedro, de não admitir que o Messias e seus seguidores pudessem passar pela cruz. Segundo a lógica do mundo, a vitória não pode estar na cruz e na doação da própria vida, mas no sucesso alcançado a qualquer custo, sacrificando-se até mesmo os valores do Reino para preservar a si próprio e fazer valer seus interesses. Pedro teve muito a aprender com Jesus para tornar-se o discípulo fiel que doa a própria vida. Nós temos muito a aprender com Jesus, contemplando a sua cruz, sinal de fidelidade e doação. O caminho de Jesus e, consequentemente, do discípulo, exige renúncias e sacrifícios para ser coerente com a fé e doar a própria vida.
Conforme São Paulo, os cristãos são chamados a não se acomodarem aos esquemas do mundo, através de uma contínua conversão. O “culto espiritual” que oferecem se faz através da oferta de si próprios, em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1). Para tanto, é preciso confiança na graça de Deus e esforço sincero.
A situação dos profetas, no Antigo Testamento, também não foi fácil. Na primeira leitura, o profeta Jeremias descreve a sua situação de sofrimento, desprezado e perseguido, por ser fiel a sua missão profética. Contudo, ele permaneceu coerente e confiante em Deus, assim como deve acontecer conosco quando passamos por provações.
Há muitos que se sacrificam para alcançar bens que passam, como a beleza corporal, a riqueza, a fama e o poder, mas não são capazes de sacrificar-se pelos outros, nem de fazer renúncias para serem coerentes com o Evangelho. Viver somente para si não condiz com o ensinamento de Jesus e não traz felicidade duradoura. Feliz é quem se doa aos irmãos no serviço paciente e generoso da caridade, na convivência misericordiosa com o próximo e na partilha dos seus bens. Feliz é quem permanece fiel a Jesus até o fim, amando como ele amou, sendo próximo de quem sofre através da oração e de gestos concretos de solidariedade.
No próximo dia 07 de setembro, toda a Igreja no Brasil está sendo convidada, pelos Bispos, a oração e jejum pelo Brasil. O jejum é sinal de despojamento e conversão, oportunidade para partilha e vida nova. É preciso rezar, refletir e mobilizar pacificamente, para contribuir na superação da grave crise política, econômica e ética que sofremos. Entre os cristãos, as mobilizações populares pela justiça e a paz no Brasil sejam sustentadas pela fé e acompanhadas pela oração!
Arquidiocese de Brasília

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Do comentário sobre o profeta Joel, de São Jerônimo, presbítero

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(PL25, 967-968)                       (Séc.V)


Convertei-vos a mim
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração (Jl 2,12) e mostrai o arrependimento do espírito por jejuns, lágrimas e gemidos. Para que, jejuando agora, vos sacieis mais tarde; chorando agora, riais depois; gemendo agora, sejais depois consolados.É costume nas tristezas e adversidades rasgar as vestes. Isso fez o Sumo Pontífice para aumentar a acusação contra o Senhor Salvador, segundo conta o Evangelho e fizeram Paulo e Barnabé ao ouvir as palavras de blasfêmia. Assim eu vos ordeno, não rasgueis as vestimentas,mas os corações que estão cheios de pecados, porque quais odres, se não forem rasgados, se romperão por si mesmos. Tendo assim agido,voltai ao Senhor nosso Deus, a quem vossos pecados anteriores vos fizeram afastar-vos. Não desespereis do perdão pela gravidade das culpas, pois grande misericórdia apagará grandes pecados.  
Pois ele é benigno e misericordioso, preferindo a penitência dos pecadores à morte; paciente, de imensa misericórdia, que não imita a impaciência humana, mas espera por longo tempo nossa conversão condescendente ou arrependido do mal que intentara. Se fizermos penitência dos pecados, ele se arrependerá de suas ameaças e não nos fará vir os males que prometeu. Com a mudança de nosso intento, também ele mudará. Não devemos entender aqui “mal” como contrário à virtude e sim como aflição, conforme lemos em outro passo: Basta a cada dia seu mal. E: Se houver na cidade mal que o Senhor não tenha enviado.  
Da mesma forma, por ter dito acima ser benigno e misericordioso, paciente e de imensa misericórdia, condescendente ou arrependido do mal, para que talvez a grande clemência não nos torne negligentes, acrescenta por intermédio do Profeta: Quem sabe se não voltará atrás e perdoará, e deixará após si uma bênção? (Jl 2,13-14). Eu, diz ele, exorto à penitência, pois é o meu dever, e sei que Deus é indizivelmente clemente. Testemunha é Davi: Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua grande misericórdia e segundo a multidão de tua compaixão apaga minha iniquidade (Sl 50,1.3). Como, porém, não podemos conhecer a profundidade das riquezas, da sabedoria e da ciência de Deus, amenizo a afirmação e prefiro desejar a presumir, dizendo: Quem sabe se não voltará atrás e perdoará? Dizendo quem sabe, quer significar ser impossível ou difícil.  
Sacrifício e libação ao Senhor nosso Deus (cf. Jl 2,14). Depois de ter-nos dado a bênção e perdoado nossos pecados, somos capazes de oferecer hóstias ao Senhor.
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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A teia da vida

Redação (Terça-feira, 29-08-2017, Gaudium Press) Uma noite, indo tomar água no mosteiro onde vivo, percebi que havia em um canto, onde ocorre a junção das duas paredes com o teto, algo um pouco diferente. Este cômodo da casa não possui lustre, sendo sua iluminação feita através de uma arandela, cuja luz se projeta diretamente nesta junção de paredes. Por tratar-se de uma região cercada de abundantes árvores e densa vegetação, muitos mosquitos foram atraídos por aquele foco de luz em plena escuridão selvagem, fazendo daquele canto uma verdadeira coleção biológica.
Os mosquitos não foram os únicos a tirar vantagem da situação. Uma pequenina aranha percebeu toda a movimentação de insetos naquele local e viu ali uma rica fonte de alimentação. Durante o dia havia tecido maravilhosamente sua teia, mostrando-se boa conhecedora das leis arquitetônicas.
Uma distraída mosca teve seu vôo interceptado pelas fortes, mas quase imperceptíveis teias. Presa e sem saber como desvencilhar-se, a mosca batia a asas desesperadamente, sem se dar conta que quanto mais procurava sair da teia, mais ficava envolvida por aquela situação. A aranha, que olhava a cena discretamente, se lançou rápida ao trabalho. Medindo apenas a metade do tamanho da mosca, laçou as asas dela com uma agilidade única. Em poucos minutos a mosca estava completamente imobilizada e seria longamente apreciada para aranha durante suas refeições. Triste fim para aquele inseto que buscava a luz em meio à madrugada...
Este fato aparentemente sem importância fez despertar em mim um pensamento religioso. Deus havia permitido aquela "tragédia" natural da cadeia alimentar, para transmitir-nos uma mensagem.
Os insetos buscaram aquela luz refletida na parede por causa de algum instinto natural, mas nós buscamos a luz da salvação eterna para qual fomos criados. Esta luz nos atrai, pois sabemos que fomos feitos para ela e somente buscando-a seremos felizes. No entanto, quantas e quantas vezes a vida não nos apresenta teias nas quais nos vemos presos?
Às vezes trata-se de problemas familiares, ou talvez sejam os conflitos no trabalho. Problemas e mais problemas circundam o nosso dia a dia e, se não tomarmos cuidado, corremos o risco de nos prender neles de forma que já não saberemos mais sair dessas teias. Quando isto acontece, o demônio, que antes não tinha tanto poder sobre nós, percebe o momento propício de terminar de nos envolver nesses problemas e o resultado nós já sabemos qual é...
Portanto, para não entrarmos nas enganosas teias da vida é necessário nunca nos esquecermos que a nossa vocação de cristão é a santidade, pois só ela poderá nos conduzir a esta luz maravilhosa da visão beatífica. E nada melhor do que rezar a Nossa Senhora, pois ainda quando estejamos completamente envolvidos por todas as teias da vida, Ela conseguirá nos libertar e nos reconduzirá ao bom caminho, o caminho da luz...
Por Diácono Thiago de Oliveira Geraldo, EP

Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/89524-A-teia-da-vida#ixzz4rFvxtR00
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte. 

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero

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(Hom. 23:CCL122,354.356-357)                (Séc.VIII)


Precursor de Cristo no nascimento e na morte
O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura: E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4). Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue. É justo venerarmos com alegria espiritual a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor. 
Não há que duvidar, se São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor. Também por ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo. 
Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade. Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado. Também apontou para aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro. 
Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão. Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste, foi lançado por ímpios às cadeias; foi fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado de lâmpada ardente e luminosa. Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo. Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela verdade, mas, pelo contrário, fácil e desejável. 
Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo. Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer nele, mas ainda sofrer por ele (Fl 1,29). Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram por ele, conforme diz também: Os sofrimentos desta vida não se comparam à futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18).
www.liturgiadashoras.org

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF