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sábado, 12 de maio de 2018

Ascensão do Senhor

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A solenidade da ascensão do Senhor tem uma especial importância na liturgia e na vida. Na liturgia, ela integra o Tempo Pascal. Nós celebramos o mistério da fé que professamos ao rezar o Credo: creio que “Jesus ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso”. Num tempo em que muitos vivem apegados demais a este mundo, a Ascensão adquire uma importância ainda maior na vida, pois nos convida a olhar para o alto, a caminhar em direção ao céu, assumindo responsavelmente a vida na terra. Os discípulos de Cristo não tem morada permanente neste mundo. Vivem da fé, testemunham a fé em Cristo, através do amor ao próximo, peregrinando para a morada eterna preparada por Jesus. Nós olhamos para o futuro com a esperança que vem daquele que venceu a morte.
O olhar para o céu não implica em ficar parados. O anjo questiona os discípulos que ficam “parados” olhando para o céu. O olhar para o céu não nos deve levar a descuidar de nossa vida na terra; o olhar para o futuro que nos aguarda não nos deve levar a descuidar do presente. Ao contrário, a esperança da vida plena no céu deve nos motivar a viver bem a vida neste mundo. No relato da Ascensão, conforme os Atos dos Apóstolos, os anjos perguntaram aos apóstolos: “Homens da Galileia, por que ficais aqui parados olhando para o céu?” (At 1,11). Os discípulos de Jesus não podem “ficar parados”, olhando para o céu. O olhar para o céu deve nos levar a caminhar, cumprindo a missão que Jesus deixou, hoje proclamada no Evangelho: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). Em resposta à palavra de Jesus, “os discípulos então saíram e pregaram por toda a parte” (Mc 16,20).
Hoje, somos nós, os discípulos que devem continuar a anunciar e a testemunhar o Evangelho na vida cotidiana e através dos meios de comunicação social. Por isso, celebra-se, neste Domingo, o Dia mundial das Comunicações Sociais. Em sua mensagem para este dia, o Papa Francisco nos alerta a respeito das “fake news” nas redes sociais. É preciso redobar o cuidado com notícias falsas, com informações deturpadas e comentários agressivos, especialmente nas redes sociais. Elas deveriam ser espaços de testemunho da fé, da fraternidade e da paz, aproximando as pessoas na verdade e na caridade.
Estamos iniciando a preparação para Pentecostes, a ser celebrado no próximo domingo, e a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Preparando Pentecostes, rezemos pela unidade dos cristãos para que se realize cada vez mais entre nós a súplica de Jesus ao Pai: “Que todos sejam um!” (Jo 17,21). Neste domingo, de modo especial, nós rezamos também pelas mães, confiando-as à proteção de Maria, a Mãe de Jesus e Mãe de todas as mães, hoje venerada como N. Sra. de Fátima, oferecendo-lhes o nosso carinho e a nossa gratidão.

O POVO DE DEUS/Arquidiocese de Brasília

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Dos Tratados sobre o Evangelho de João, de Santo Agostinho, bispo

(Tract. 124, 5.7: CCL 36, 685-687)         (Séc. V)

As duas vidas
        A Igreja conhece duas vidas, que lhe foram anunciadas por Deus; uma é vivida na fé; a outra, na visão. Uma, no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da atividade; outra, no prêmio da contem­plação.
        A primeira é representada pelo apóstolo Pedro; a segun­da, pelo apóstolo João. A primeira desenvolve-se completa­mente sobre a terra até que o mundo acabe, e então encon­trará o fim; a outra prolonga-se para além do fim dos tempos, e nunca acabará no mundo que há de vir. Por isso foi dito a Pedro: Segue-me (Jo 21,19); mas a João diz-se: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, o que te importa isso? Tu, segue-me!(Jo 21,22).
        "Segue-me tu, imitando minha paciência em suportar os males temporais. E ele permaneça até que eu venha, para conceder os bens eternos". Ou ainda mais claramente: "Siga-me a atividade que, a exemplo de minha paixão, já terminou. Mas a contemplação, que apenas começou, per­maneça assim até que eu venha para levá-la à perfeição".
        Portanto, quem segue a Cristo, acompanha-o na santa plenitude da paciência, até à morte. Permanece até a vinda de Cristo, para lhe manifestar a plenitude da ciência. Agora suportam-se os males deste mundo, na terra dos mortais. Depois, contemplaremos os bens do Senhor, na terra dos vivos.
          As palavras de Cristo: Quero que ele permaneça até que eu venha, não devem ser interpretadas como se quisesse dizer: "permanece até o fim" ou "fica assim para sempre", mas "permanece na esperança"; pois o que João representa não atinge agora a sua plenitude, mas apenas quando Cristo vier. Pelo contrário, o que Pedro representa, a quem o Senhor disse: Segue-me, deve cumprir-se agora, para podermos alcançar o que esperamos.
        Contudo, ninguém ouse separar estes dois insignes apóstolos. Ambos se encontravam na situação representada por Pedro e ambos haviam de se encontrar na situação representada por João. No plano do símbolo, Pedro seguiu e João ficava; mas no plano da fé, ambos suportavam os males da vida presente, ambos esperavam os bens da felici­dade futura.
        O que sucedeu com eles, sucede com toda a santa Igreja, esposa de Cristo: também ela lutará no meio das tentações do mundo para alcançar a felicidade futura. Pedro e João representavam as duas vidas, cada um simbolizando uma delas; mas ambos viveram esta vida temporal, animados pela fé, e agora já se alegram eternamente na outra vida, pela contemplação.
           Pedro, o primeiro apóstolo, recebeu as chaves do reino dos céus, com o poder de ligar e desligar os pecados, para que fosse timoneiro de todos os santos, unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, em meio às tempestades desta vida. E João, o evangelista, reclinou a cabeça sobre o peito de Cristo, para exemplo dos mesmos santos, a fim de lhes indicar o porto seguro daquela vida divinamente tranquila e feliz.
        Todavia, não é somente Pedro, mas a Igreja universal, que liga e desliga os pecados. E não é só João que bebe da fonte do coração do Senhor, para ensinar com sua pregação que, no princípio, a Palavra era Deus junto de Deus, e outros ensinamentos profundos a respeito da divindade de Cristo, da Trindade e da Unidade de Deus. No reino dos céus, estas verdades serão por nós contempladas face a face, mas na terra nos limitamos a vê-las como num espelho e obscuramente, até que o Senhor venha. Não foi só ele que descobriu estes tesouros do coração de Cristo, mas a todos foi aberta pelo mesmo Senhor a fonte do evangelho, a fim de que por toda a face da terra todos bebessem dele, cada um segundo sua capacidade.
www.liturgiadashoras.org

terça-feira, 8 de maio de 2018

Papa Francisco critica a ideologia de gênero: leva à autodestruição do homem

Papa Francisco. Foto: Vatican Media
Vaticano, 07 Mai. 18 / 11:00 am (ACI).- O Papa Francisco escreveu o prefácio de um livro que reúne vários textos de Bento XVI sobre a fé e a política, no qual critica, novamente, as colonizações ideológicas e, especialmente, a ideologia de gênero.
“A relação entre fé e política é um dos grandes temas que sempre esteve no centro das atenções de Joseph Ratzinger / Bento XVI, e percorre todo o seu caminho intelectual e humano: a experiência direta do totalitarismo nazista o levou, como jovem estudioso, a refletir sobre os limites da obediência ao Estado a favor da liberdade da obediência a Deus”, escreve o Papa Francisco.
“O contraste profundo, observa Ratzinger, acontece, pelo contrário (e antes mesmo da pretensão marxista de colocar o céu na terra, a redenção do homem ‘aqui’), na diferença abismal que subsiste em relação à maneira pela qual a redenção ocorre através da libertação de qualquer dependência, ou o único caminho que leva à libertação é a total dependência do amor, dependência que logo seria a verdadeira liberdade?”.
Nesse sentido, Francisco assegura que o que o Papa Emérito escreveu há 30 anos está vigente hoje mais do que nunca: “Novamente se apresenta a mesma tentação do rechaço de qualquer dependência do amor que não seja o amor do homem pelo próprio ego, pelo ‘eu e seus desejos’; e, como consequência, o perigo da ‘colonização’ das consciências por uma ideologia que nega a certeza profunda segundo a qual o ser humano existe como homem e mulher, a quem foi dada a tarefa da transmissão da vida; essa ideologia que chega à produção planejada e racional dos seres humanos e que – talvez por algum motivo considerado ‘bom’ – chega a considerar lógico e lícito cancelar aquilo que já não se considera criado, doado, concebido e gerado, mas feito por nós mesmos”.
“Esses aparentes ‘direitos’ humanos, orientados à autodestruição do homem (e Joseph Ratzinger nos mostra com força e eficiência) têm um denominador comum único que consiste em uma única, grande negação: a negação da dependência do amor, a negação de que o homem é criatura de Deus, criado amorosamente por Ele à Sua imagem e a quem o homem anseia como a fonte dos mananciais (Salmo 41). Quando esta dependência entre criatura e criador é negada, esta relação de amor, renuncia-se no fundo à verdadeira grandeza do homem, ao bastião de sua liberdade e de sua dignidade”.
ACI Digital

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria

(Liv. 2,12: PG 39,667-674)         (Séc.IV)

O Espírito Santo nos renova pelo batismo
        O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva. Torna-nos de tal forma repletos de sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.
        Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus co-herdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios anjos. E com as águas divinas do batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno.
        Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.
        João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).
        Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina. E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).
        A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo ministério dos anjos.
João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).
        Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador). Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo.
www.liturgiadashoras.org

domingo, 6 de maio de 2018

Papa aos neocatecumenais: em seu DNA a vocação da missão


Papa Francisco na esplanada de Tor Vergata no encontro com o Caminho Neocatecumenal 
“Somente uma Igreja desvinculada do poder e do dinheiro, livre de triunfalismos e clericalismos testemunha de forma crível que Cristo liberta o ser humano", disse Francisco.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco encontrou-se com o Caminho Neocatecumenal, na manhã deste sábado (05/05), na esplanada de Tor Vergata, bairro situado na periferia de Roma, pelos seus 50 anos de fundação.

O encontro teve início às 11 locais, e Kiko Argüello, um dos fundadores do Caminho e responsável da equipe internacional, fez a introdução. O lugar escolhido para o local foi a área universitária de Tor Vergata, situada na periferia de Roma, em homenagem a São João Paulo II, que durante os seus 26 anos de pontificado acolheu e apoiou o Caminho. Em Tor Vergata foi celebrada a inesquecível Jornada Mundial da Juventude do ano 2000.

Depois de manifestar a sua alegria pelo encontro com os membros do movimento, o Papa ressaltou que “cinquenta é um número importante na Bíblia: no quinquagésimo dia, o Espírito do Senhor Ressuscitado desceu sobre os Apóstolos e mostrou ao mundo a Igreja.”

Amor e fidelidade

“Queridos irmãos e irmãs, no final vocês cantarão o Te Deum de ação de graças pelo amor e a fidelidade de Deus. É muito bonito isso: agradecer a Deus pelo seu amor e pela sua fidelidade. Muitas vezes, agradecemos pelos seus dons, por aquilo que nos dá, e isso é bom. Mas é ainda melhor dar graças a Deus pelo que Ele é, Deus fiel no amor. A sua bondade não depende de nós. Qualquer coisa façamos, Deus continua nos amando fielmente. Esta é a fonte de nossa confiança, o grande consolo da vida. Portanto, coragem, e nunca fiquem tristes. Quando as nuvens dos problemas forem pesadas em seus dias, recordem que o amor fiel de Deus brilha sempre, como o sol sem ocaso. Recordem sempre o seu bem, mais forte que todo mal, e a lembrança do amor de Deus os ajudará na angústia.”

O Papa agradeceu aos membros do Caminho Neocatecumenal que estão para ir em missão, para a evangelização, prioridade da Igreja hoje.

Missão é dar voz ao amor

“Missão é dar voz ao amor fiel de Deus, é anunciar que o Senhor quer o nosso bem e que nunca se cansará de nós, deste nosso mundo. Missão é doar aquilo que recebemos. Missão é cumprir o mandato de Jesus que ouvimos: “Ide, portanto, e fazei que todos as nações se tornem discípulos.”

“A missão requer a partida, mas na vida é forte a tentação de permanecer, de não correr riscos, de ter a situação sob controle. É mais fácil permanecer em casa, circundados por aqueles que nos querem bem, mas não é o caminho de Jesus. Ide: um chamado forte que ressoa em todos os cantos da vida cristã; um mandato claro a estar sempre em saída, peregrinos no mundo à procura do irmão que ainda não conhece a alegria do amor de Deus.”

Para anunciar é preciso renunciar

“Para anunciar é preciso renunciar. Somente uma Igreja que renuncia ao mundo anuncia bem o Senhor. Somente uma Igreja desvinculada do poder e do dinheiro, livre de triunfalismos e clericalismos testemunha de forma crível que Cristo liberta o ser humano. E quem, por amor, aprende a renunciar às coisas que passam, abraça este grande tesouro: a liberdade. Não tem apegos, sente que o coração se dilata, está disponível a Deus e aos irmãos.”

Jesus diz: “fazei que todos as nações se tornem discípulos”, ou seja, partilhem com os outros o dom que receberam, o encontro de amor que mudou a sua vida. O coração da missão é testemunhar que Deus nos ama e que com Ele é possível o amor verdadeiro, que doa a vida em todo lugar, na família, no trabalho, na consagração e no matrimônio. Missão é tornar-se discípulos com os novos discípulos de Jesus. É redescobrir parte de uma Igreja discípula. A Igreja é mestra, mas não pode ser mestra se antes não for discípula, assim como não pode ser mãe se antes não for filha.”

Caminho Neocatecumenal e seu DNA

“Eis a nossa mãe: uma Igreja humilde, filha do Pai e discípula do Mestre, feliz de ser irmã da humanidade. Esta dinâmica do discipulado, o discípulo que torna discípulos, é totalmente diferente da dinâmica do proselitismo.”

“Aqui está a força do anúncio, para que o mundo creia. Não contam os argumentos que convencem, mas a vida que atrai; não a capacidade de se impor, mas a coragem de servir. Vocês têm em seu “DNA” esta vocação de anunciar vivendo em família, seguindo o exemplo da Sagrada Família: em humildade, simplicidade e louvor. Levem esta atmosfera familiar a tantos lugares desolados e sem afeto. Sejam reconhecidos como amigos de Jesus. Sejam amigos de todos.”

“Queridos irmãos e irmãs, o seu carisma é um grande dom de Deus para a Igreja do nosso tempo. Demos graças a Deus por estes cinquenta anos. Olhando para a sua paterna, fraterna e fidelidade amorosa, nunca percam a confiança. Ele os protegerá, incentivando-os ao mesmo tempo a ir, como discípulos amados, a todos os povos, com simplicidade humilde.”

Festa da fé

Os membros do Caminho Neocatecumenal vieram de 134 nações onde o movimento está presente, junto com 16 cardeais e 90 bispos de várias partes do mundo.

Durante o encontro, o Pontífice abençoou as cruzes e entregou aos responsáveis 34 novas missões ad gentes que levarão o Evangelho ao mundo.

Por fim, foi recordada Carmen Hernández uma das fundadoras do Caminho Neocatecumenal junto com Kiko Argüello, falecida em 19 de julho de 2016, em Madri, Espanha.

Vatican News

sábado, 5 de maio de 2018

6º Domingo da Páscoa: Deus é Amor!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Deus é amor! (1Jo 4,8). Deus ama a todos, não faz distinção entre as pessoas (At 10,34). Deus nos amou primeiro! Assim, a Liturgia da Palavra nos apresenta quem é Deus e como ele nos ama. Numa época em que há diferentes modos de se compreender o amor, é importante recordar em que consiste o amor de Deus: “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho” (1Jo 4,10). Deste modo, é ressaltada a gratuidade do amor, isto é, amar antes de ser amado, amar sem exigir recompensa, tomar a iniciativa de amar, amar os que não nos amam ou que não retribuem o amor recebido. Deus ama a todos, de graça; seu amor é graça!
Assim, também nós somos chamados a amar, segundo o mandamento que Jesus nos deixou, recordado pelo Evangelho: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15,12). Para entender bem o seu significado, é preciso ter presente o contexto em que Jesus fala: a última ceia, véspera de sua paixão e morte na cruz. Nela, Jesus nos deixa a eucaristia e realiza o gesto do lava-pés. A doação da própria vida, fazendo-se servidor dos irmãos, é sinal do amor de Cristo e do amor na vida de cada cristão. Jesus nos amou doando a sua vida “para que tenhamos vida por meio dele” (1Jo 4, 9). Há muita gente que se doa cotidianamente para que os outros tenham a vida, testemunhando o novo mandamento. Dentre tantos, podemos destacar os que se dedicam generosamente ao serviço dos enfermos, dos pobres e dos que mais sofrem, assim como, os que entregam a própria vida como missionários, anunciadores do Evangelho, para que todos tenham a vida e a tenham em abundância.
Os Atos dos Apóstolos testemunha o amor de Deus oferecido a todos, sem acepção de pessoas. Causava admiração aos fiéis de origem judaica o fato do Espírito Santo ser derramado também sobre os pagãos.  O próprio Cornélio, convertido vindo do paganismo, em cuja casa Pedro se encontrava com um grupo de fiéis, era sinal e testemunha do amor de Deus manifestado a todos.
Por isso e pelos inúmeros sinais do amor de Deus entre nós, a Igreja tem proclamado ao longo dos séculos, com o Salmo 97: “O Senhor fez conhecer a salvação e revelou sua justiça às nações”.  Neste Tempo Pascal, seja testemunha do amor de Deus no dia a dia, a começar de sua família e do seu ambiente de trabalho, jamais ofendendo ou menosprezando as pessoas, filhos amados do Pai celeste, a serem amados por nós como verdadeiros irmãos.
O Povo de Deus/Arquidiocese de Brasília

Dos Comentários sobre os salmos, de Santo Agostinho, bispo

Santo Agostinho
(Ps 148,1-2:CCL 40,2165-2166)        (Séc.V)

O aleluia pascal
        Toda a nossa vida presente deve transcorrer no louvor de Deus, porque louvar a Deus será também a alegria eterna de nossa vida futura. Ora, ninguém pode tornar-se apto para a vida futura se, desde já, não se prepara para ela. Agora louvamos a Deus, mas também rogamos a Deus. Nosso louvor está cheio de alegrias, e nossa oração, de gemidos. Foi-nos prometido algo que ainda não possuímos; porém, por ser feliz quem o prometeu, alegramo-nos na esperança; mas, como ainda não estamos na posse da promessa, gememos de ansiedade. É bom perseverarmos no desejo, até que a promessa se realize; então acabará o gemido e permanecerá somente o louvor.
        Assim podemos considerar duas fases da nossa existência: a primeira, que acontece agora em meio às tentações e dificuldades da vida presente; e a segunda, que virá depois na segurança e alegria eterna. Por isso, foram instituídas para nós duas celebrações: a do tempo antes da Páscoa e a do tempo depois da Páscoa.
        O tempo antes da Páscoa representa as tribulações que passamos nesta vida. O que celebramos agora, depois da Páscoa, significa a felicidade que alcançamos na vida futura. Portanto, antes da Páscoa celebramos o que estamos vivendo; depois da Páscoa celebramos e significamos o que ainda não possuímos. Eis porque passamos o primeiro tempo em jejuns e orações; no segundo, porém, que estamos celebrando, deixando os jejuns, nos dedicamos ao louvor de Deus. É este o significado do Aleluia que cantamos.
        Em Cristo, nossa cabeça, ambos os tempos foram figurados e manifestados. A paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e glorificação do Senhor nos revelam a vida que um dia nos será dada.
        Agora, pois, irmãos, vos exortamos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Aleluia. Louvai o Senhor, dizemos nós uns aos outros. E assim todos põem em prática aquilo que se exortam mutuamente. Mas louvai-o com todas as vossas forças, isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mas também com a vossa consciência, vossa vida, vossas ações.
Na verdade, louvamos a Deus agora que nos encontramos reunidos na igreja. Mas logo ao voltarmos para casa, parece que deixamos de louvar a Deus. Não deixes de viver santamente e louvarás sempre a Deus. Deixas de louvá-lo quando te afastas da justiça e do que lhe agrada. Mas, se nunca te desviares do bom caminho, ainda que tua língua se cale, tua vida clamará; e o ouvido de Deus estará perto do teu coração. Porque assim como nossos ouvidos escutam nossas palavras, assim os ouvidos de Deus escutam nossos pensamentos.
www.liturgiadashoras.org

terça-feira, 1 de maio de 2018

Hoje começamos maio, mês dedicado a Maria

REDAÇÃO CENTRAL, 01 Mai. 18 / 05:00 am (ACI).- Maio é o mês que a IgrejaUniversal dedica à Mãe de Deus, a Bem-aventurada Virgem Maria. Este tempo é uma oportunidade para renovar o amor de todos os batizados pela Mulher que Deus, da eternidade, escolheu para dar à luz cuidar Dele.

A Santíssima Virgem Maria é para sempre a Rainha do Céu e da Terra, não há santidade sem Maria porque toda Ela leva a Cristo.
Maria, a mais humilde entre as mulheres, é precisamente o modelo de toda mulher, como assinalou o Papa Francisco em abril de 2014, em uma mensagem a mais de 20 mil jovens reunidos em Buenos Aires, Argentina.
“Para vós existe um único modelo: Maria, a mulher da fidelidade, aquela que não entendia o que acontecia, mas obedecia. Aquela que, quando soube do que a sua prima precisava, foi depressa ter com ela; a Virgem da Prontidão!”.
O Papa assinalou ainda que Maria é “aquela que fugiu como refugiada para um país estrangeiro a fim de salvar a vida do seu Filho. Aquela que ajudou o seu Filho a crescer, que o acompanhou e, quando o seu Filho começou a pregar, seguiu-o. Aquela que padeceu tudo o que acontecia com o Menino, com o Jovem. Aquela que permaneceu ao lado do seu Filho, e lhe indicava os problemas que surgiam: 'Olha, não têm vinho!'. Aquela que, no momento da Cruz, estava com Ele”.
ACI Digital

sábado, 28 de abril de 2018

5º Domingo da Páscoa: Permanecei em Mim!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
As palavras de Jesus narradas pelo Evangelho (Jo 15,1-8) deste domingo da Páscoa se situam no contexto da ceia de despedida, na véspera de sua morte na cruz.
Jesus utiliza a rica imagem da videira, dos ramos e dos frutos, conhecida do Antigo Testamento.  A videira ou a vinha eram símbolos do Povo de Deus, que não tinha produzido os frutos esperados. Jesus é a verdadeira videira, da qual somos os ramos, formando o novo Povo de Deus. Para produzir frutos, os ramos necessitam estar sempre unidos a videira. “Permanecei em mim”, repete Jesus. A unidade é condição para produzir frutos. Sem estar unido a videira, o ramo seca. A divisão, os conflitos e o isolamento provocam esterilidade.
Quais são os frutos que Deus espera de nós? A primeira Carta de João (1 Jo 3,18-24) ressalta que é preciso crer em Jesus e amar “de acordo com o mandamento que ele nos deu”. A fé em Cristo e o amor ao próximo são atitudes que expressam a união com Cristo e a comunhão entre os ramos da videira. Num mundo marcado por tantas divisões e conflitos, o testemunho de comunhão se torna ainda mais necessário. Torna-se, cada vez mais, uma exigência indispensável da evangelização, para que o mundo  creia, conforme a palavra de Jesus, suplicando ao Pai a unidade para todos os que nele crerem.
Para enfrentar os muitos desafios que passamos, necessitamos caminhar unidos, valorizando a Igreja e dela participando. Os Atos dos Apóstolos (At. 9,26-31) testemunha o esforço de Paulo em procurar a comunidade de Jerusalém. Ele “procurava juntar-se aos discípulos” (v. 26). Após a sua conversão, Paulo foi acolhido na comunidade dos discípulos, em Damasco, contando com a ajuda de Ananias. Na passagem narrada na primeira leitura, ao chegar em Jerusalém, ele teve a ajuda de Barnabé para ser acolhido fraternalmente na comunidade, superando a desconfiança inicial motivada pelo seu passado de perseguidor dos cristãos.
Hoje, necessitamos cada vez mais de comunidades acolhedoras, que testemunham a fé através da vivência do mandamento do amor dado por Jesus, que é condição para ser reconhecido como seus discípulos: “nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35).
Contando com a graça de Deus e participando da vida da comunidade, vamos crescendo sempre mais no testemunho da fé e do amor ao próximo, ajudando outros irmãos a permanecerem unidos a Cristo para produzir frutos dignos da vida cristã. Sejamos discípulos missionários que testemunham corajosamente a alegria de permanecer unidos a Cristo e aos irmãos!
Arquidiocese de Brasília

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Bispo de Formosa afirma inocência e diz ter sido acusado sem provas

Dom José Ronaldo / Foto: Diocese de Formosa
GOIÂNIA, 24 Abr. 18 / 11:30 am (ACI).- Após passar um mês preso acusado do desvio de R$ 2 milhões de recursos das paróquias da Diocese de Formosa (GO), Dom José Ronaldo Ribeiro declarou que ele e demais sacerdotes detidos foram vítimas de um plano para os desmoralizar, sendo “acusados sem provas”.
“Fomos massacrados, acusados sem provas, com um método de condenar, prender e apurar”, declarou o Prelado em uma entrevista a ‘O Estado de S. Paulo’.
Dom José Ronaldo e outros 5 sacerdotes da Diocese de Formosa foram presos em 19 de março na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, acusados de desviar R$2 milhões e usar dinheiro das paróquias para a compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica.
O Prelado permaneceu cerca de um mês na prisão, tendo sido liberado na última semana, após a concessão do habeas corpus em 17 de março pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Após ser solto, seguiu para a residência episcopal de Formosa, em vez de seguir conselhos para que se hospedasse na Casa do Clero, para padres idosos e doentes.
“Vim para cá, porque esta é minha morada. Eu ainda sou o bispo de Formosa, embora afastado”, afirmou.
Segundo Dom José Ronaldo, ele foi vítima de um plano arquitetado para o “desmoralizar e tirar do governo da Diocese”.
“É um grupo bem articulado com um plano e, nesse plano, vi claramente que usaram o anonimato e abriram quatro frentes para nos denegrir, nos desmoralizar: a mídia, redes sociais, Ministério Público e Nunciatura”, citou.
O Bispo assinalou que tal grupo teria armado “esse esquema há anos”, desde sua passagem pela Diocese de Janaúba (MG), de onde foi transferido para Formosa, em 2014. Além disso, indicou que na Diocese mineira, a armação teve início depois que ele acolheu ex-dependentes de drogas dos quais cuidava no trabalho pastoral, tendo ficado com sua conta negativa para ajudá-los.
“Lá (Janaúba), fui vítima de uma situação semelhante. Quando fui nomeado Bispo de Formosa, alguns padres e leigos foram às redes sociais e acessaram essa mesma campanha que fizeram contra mim lá. Então, eles já tinham uma ideia pré-concebida a meu respeito”, afirmou o Bispo em vídeo publicado por ‘O Estado de S. Paulo’.
Dom Ronaldo assinalou que este grupo que o acusa é formado também por sacerdotes de Formosa “que estavam acostumados a estar na liderança de tudo aqui na Diocese”, mas que, com sua chegada, não foram privilegiados em “posições de destaque na Diocese”, o que teria gerado “uma insatisfação”.
“Inclusive os nomes deles estão arrolados como testemunhas de acusações, pelo menos uns oito estão ali identificados e são os que sempre fizeram oposição a mim, ao meu governo pastoral”, declarou no vídeo.
De acordo com o Bispo, estes sacerdotes se opuseram a ele e ficaram insatisfeitos ao ver que, “apesar da oposição que estavam fazendo, estava avançando”.
Em relação às acusações de desvio de recursos, Dom José Ronaldo disse: “Sou inocente, tenho certeza de que nada fiz de errado”. Além disso, afirmou que a compra da fazenda de criação de gado e da lotérica foi feita por Padre Moacyr Santa, com recursos próprios, o que não caracteriza crime.
Quanto à situação da Diocese de Formosa, por enquanto, segue sob o governo do administrador apostólico nomeado pelo Papa Francisco em 21 de março, o Arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto.
Recentemente, durante a 56ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, Dom Paulo falou com a imprensa sobre a situação da Diocese de Formosa, ressaltando que a visita apostólica já estava decidida antes da prisão de Dom José e dos padres, devido a queixas levadas à nunciatura, e que a existência da mesma não significa que a Santa Sé já tenha feito um juízo antecipado dos fatos ou dos envolvidos.
Na mesma ocasião, o Bispo Auxiliar de Brasília (DF), Dom José Aparecido, perito em Direito Canônico, afirmou que vão acompanhar e averiguar fatos pastorais para que a Santa Sé tome conhecimento e dê as orientações necessárias.
Por sua vez, Dom José Ronaldo, que fica afastado do governo diocesano até uma decisão final sobre o caso, assinalou que, se o Papa permitir, pretende retomar suas funções, embora admita reavaliar a intenção.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF