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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Do Tratado “Refutação de todas as heresias”, de Santo Hipólito, presbítero

Macah

(Cap. 10, 33-34: PG 16, 3452-3453)              (Séc. III)

O Verbo feito carne diviniza o homem

Não fundamentamos nossa fé em palavras sem sentido, nem nos deixamos arrastar pelos impulsos do coração ou persuadir pelo encanto de discursos eloqüentes. Nossa fé se fundamenta nas palavras pronunciadas pelo poder divino.

Estas palavras, Deus as confiou a seu Verbo que as pronunciou para afastar o homem da desobediência; não quis obrigá-lo à força, como a um escravo, mas chamou-o para uma decisão livre e responsável.

Esse Verbo, o Pai enviou à terra no fim dos tempos; não o queria mais pronunciado por meio dos profetas nem anunciado por meio de prefigurações obscuras, mas ordenou que se manifestasse de forma visível, a fim de que o mundo, ao vê-lo, pudesse salvar-se.

Sabemos que o Verbo assumiu um corpo no seio da Virgem e transformou o homem velho em uma nova criatura. Sabemos que ele se fez homem da nossa mesma substância. Se não fosse assim, em vão nos teria mandado imitá-lo como Mestre. De fato, se esse homem tivesse sido formado de outra substância, como poderia ordenar-me que fizesse as mesmas coisas que ele fez, a mim, frágil que sou por natureza? Como poderíamos então dizer que ele é bom e justo?

Para que não o julgássemos diferente de nós, suportou fadigas, quis ter fome e não recusou ter sede, dormiu para descansar, não rejeitou o sofrimento, submeteu-se à morte e manifestou a sua ressurreição. Em tudo isto, ofereceu sua própria humanidade como primícias, para que tu não desanimes no meio do sofrimento, mas, reconhecendo tua condição de homem, esperes também receber o que Deus lhe deu.

Quando contemplares Deus tal qual é, terás um corpo imortal e incorruptível, como a alma, e possuirás o reino dos céus, tu que, peregrinando na terra, conheceste o Rei celeste; viverás então na intimidade de Deus e serás herdeiro com Cristo.

Todos os males que suportaste sendo homem, Deus os permitiu precisamente porque és homem; mas tudo o que pertence a Deus, ele promete conceder-te quando fores divinizado e te tornares imortal. Conhece-te a ti mesmo, reconhecendo a Deus que te criou; pois conhecer a Deus e ser por ele conhecido é a sorte daquele que foi chamado por Deus.

Por conseguinte, não vos envolvais em contendas como inimigos, nem penseis em voltar atrás. Cristo é Deus acima de todas as coisas, ele que decidiu libertar os homens do pecado, renovando o velho homem que tinha criado à sua imagem desde o princípio, e manifestando nesta imagem renovada o amor que tem por ti. Se obedeceres aos seus mandamentos e por tua bondade te tornares imitador daquele que é o Bem supremo, serás semelhante a ele e ele te glorificará. Deus que tudo pode e tudo possui te divinizará para sua glória.

https://liturgiadashoras.online/

ICONOGRAFIA: Arte cristã

Ecclesia

Arte cristã: tapeçaria da criação

Catedral de Girona, Espanha

Gostaria de me dedicar, neste post, a apresentar uma seleção de peças da arte cristã ao longo dos séculos, e apreciar como a Igreja comunicava sua fé através da arquitetura, escultura, vitrais, afrescos, tapeçarias, pinturas, mosaicos e outros meios de comunicação. O estudo da arte cristã é fascinante - durante séculos, a arte visual foi uma das principais formas em que o povo comum, que não sabia ler, adquiriu compreensão da narrativa da Escritura e da história. A arte cristã estava carregada de símbolos poderosos e pungentes que, estranhamente, foram amplamente usados ​​e entendidos por muitos anos, mas que, frequentemente, parecem estranhos e misteriosos para nós, hoje.

Escadarias na entrada da Catedral de Girona, Catalônia, Espanha

Contemplemos, a propósito, a Tapeçaria de Criação da Catedral de Girona, na Espanha. Esta tapeçaria foi confeccionada no século XI e descreve o relato de criação encontrado em Gênesis 1 e 2. É uma coleção de painéis produzidos por costura em uma toalha de lã. O olhar é logo atraído para o centro da tapeçaria, depois para a posição das nove horas no círculo e, no sentido horário, para as posições das 12 e 15 horas, respectivamente. A metade superior da roda descreve alguns dos eventos de Gênesis 1. Na medida em que o olhar segue no sentido horário para baixo, na posição em torno das 18 horas, Gênesis 2 entra em exibição.

Os animais e peixes foram nomeados por Adão.
Veja também Eva sendo feita do lado de Adão na parte superior esquerda.

Deus é representado no centro da roda, como o Criador do universo. No círculo em torno de Deus, está a expressão latina: Dixitque Deus fiat lux et facta est lux (E Deus disse: "Haja luz e aluz se fez") (Gn 1,3). Note, na posição das nove horas, um círculo escuro, representando a terra "sem forma e vazia" (Gn 1,2). Movendo-se no sentido horário para a posição de 11 horas, vemos a escuridão cobrindo a face das profundezas (Gn 1,2), representado por um anjo sobre o espaço escuro. Em seguida, vemos o Espírito de Deus pairando sobre o abismo, representado como uma pomba que paira sobre o espaço das águas (Gn 1,2). Na posição de 13h, - "E Deus diz 'Que haja luz'" (Gn 1,3), aqui retratado como um anjo que traz luz ao mundo - a palavra latina Lux (luz) está acima do anjo. Na posição de 15 horas, Deus divide a luz da escuridão, chamando à luz Dia e a escuridão, Noite (Gn 1,4-5). O sol é retratado à esquerda como um homem usando uma coroa de luz, e a lua é representada por uma mulher.

À medida que os nossos olhos se deslocam para a posição das 16h e das 18h, somos levados para Gênesis 2. Adão nomeia os animais, pássaros e peixes do mundo (Gn 2,19-20). Finalmente, quando chegamos ao final da roda, vemos Deus tirando Eva do lado de Adão (Gn 2,21-22).

Os animais e peixes foram nomeados por Adão.
Note que Eva é criada a partir do lado de Adão, na parte superior esquerda.

Aqui está toda a tapeçaria, ou o que resta dela. As imagens, na suaborda externa, começando em seu canto superior esquerdo (movendo-se da esquerda para a direita), representam Geon, ou terra, seguido de SansãoVerãoOutonoAnnus ou AnoInvernoPrimavera e Caim. No lado esquerdo, começando logo abaixo de Geon, estão os meses: Iunius (junho), Maius (maio), Aprilis (abril) e Marcius (março). No canto inferior esquerdo está Dies Solis, o Sol, representando o primeiro dia da semana, domingo. Do lado direito os outros meses, mas apenas Iulius (julho), Augustus (agosto) ainda estão lá. No canto inferior direito está Dies Lunae, a Lua, representando o segundo dia da semana, segunda-feira. Olhando para a borda interna ao redor da roda estão os quatro ventos. A linha inferior provavelmente continha uma narrativa da Paixão de Cristo.

Mês de Abril.

A tapeçaria é romanesca, conhecida por sua representação bidimensional de cenas, bem como o retrato plano e simples de seres humanos e animais. A arte romanesca distingue-se claramente da arte gótica posterior, que viu seu apogeu na alta Idade Média (século XIII). Mede 3.65 x 4.70 metros e foi usado originalmente como o dossel do Altar da cruz na catedral de Girona.

Mês de Maio.

Os detalhes do bordado, as cores, os símbolos, a majestade das representações artísticas o culto a Deus, tudo parece estar intrincadamente tecido nesta surpreendente tapeçaria. O que teríamos hoje para comparar com esta obra arte?

Fonte: To Breathe Your Free Air. Discussions on faith, history, and living in a religiously free culture

Ecclesia Brasil

O Papa Francisco e o aborto na Argentina: é correto acusá-lo de não agir?

HANDOUT/AFP/East News
por Francisco Vêneto

É um fato constatável que a mídia costuma censurar o Papa Francisco quando ele fala contra o aborto.

O Papa Francisco e o aborto na Argentina: é correto acusá-lo de não agir? Afinal, Francisco tem sido frequentemente acusado de omissão diante da mais recente campanha pró-aborto em seu país natal.

Um fato facilmente constatável é que a mídia costuma censurar o Papa Francisco quando ele fala contra o aborto, conforme foi ressaltado neste mês pelo vaticanista italiano Sandro Magister. Em seu blog Settimo Cielo, Magister observou que, quando o Papa fala em aborto, os grandes meios de comunicação costumam omitir a notícia ou dar-lhe o mínimo possível de visibilidade. Isso tem valido especialmente no caso do ativismo pró-aborto do governo argentino.

Em 14 de dezembro, Magister escreveu:

“Cada vez que toca esse tema, Francisco não desfruta de forma alguma de boa imprensa. Além disso, é sistematicamente ignorado”.

O Papa, no entanto, volta ao tema com frequência e com clareza. No recente livro “Sonhemos Juntos”, por exemplo, ele declara:

“Não posso ficar calado sobre os mais de 30-40 milhões de nascituros que, segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, são descartados todos os anos por meio do aborto. É terrível constatar que, em muitas regiões consideradas desenvolvidas, essa prática é frequentemente incentivada porque os filhos que vão nascer são deficientes ou não foram planejados. Mas a vida humana nunca é um fardo. É preciso dar-lhe espaço e não descartá-la. O aborto é uma grave injustiça. Nunca pode ser uma expressão legítima de autonomia e poder. Se a nossa autonomia exige a morte de outros, então a nossa autonomia nada mais é do que uma jaula de ferro. Costumo me fazer duas perguntas: é justo eliminar uma vida humana para resolver um problema? E é justo contratar um assassino de aluguel para resolver um problema?”.

Como se esta posição não fosse explícita e suficientemente clara, Francisco ainda recorda que se trata da postura firme do Magistério:

“Meu predecessor, São Paulo VI, advertia em sua carta encíclica de 1968, Humanae vitae, sobre a tentação de considerar a vida humana como um objeto entre muitos, sobre o qual os poderosos e as pessoas instruídas podem exercer o seu domínio. Como é profética a sua mensagem agora! Hoje, o diagnóstico pré-natal é rotineiramente utilizado para filtrar aqueles que são considerados fracos ou inferiores”.

O Papa Francisco e o aborto na Argentina

E por que Francisco não se pronuncia especificamente sobre o caso da Argentina?

Como arcebispo de Buenos Aires, o então cardeal Bergoglio se manifestava sobre todos os assuntos relevantes do seu país que exigissem posicionamento específico da Igreja ou dele pessoalmente. Agora, porém, ele não é mais o arcebispo de Buenos Aires, mas o Papa de todos os católicos. Como Papa, Francisco se posiciona sobre os assuntos relevantes da humanidade inteira, evitando acirrar conflitos com governos nacionais que facilmente seriam interpretados a partir de perspectivas ideológicas e politiqueiras, principalmente pela mídia ávida por sensacionalismo.

O Papa Pio XII, diga-se de passagem, é até hoje injustamente acusado de inação e covardia em relação ao regime nazista de Adolf Hitler, apesar de todas as provas gritantes de que agiu intensamente para salvar indivíduos, famílias e grupos inteiros de judeus. Farta documentação a respeito pode ser consultada AQUI.

As narrativas desonestas sobre Pio XII não são muito diferentes de certas versões ideologicamente enviesadas sobre Francisco. Aliás, quando foi eleito Papa, ele chegou a ser fortemente criticado por ativistas e autodeclarados jornalistas que, manipulando informações, o acusavam de ter cooperado com a ditadura militar no país. Esta mentira gerou boa audiência para a mídia caça-níquel, mas foi desmentida por pesquisas e testemunhas sérias, entre as quais até um ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Pouco depois, e sem o menor pudor, a mesma mídia militante passou a apresentar o novo Papa como uma espécie de garoto-propaganda da esquerda latino-americana, amparando-se nas iniciativas de Francisco em prol dos mais necessitados. Intermitentemente, essa mesma mídia ativista tem selecionado palavras e obras do Papa Francisco de acordo com a sua conveniência ideológica, de modo a divulgá-las ou omiti-las propositalmente com base em critérios enviesados. Isto sem falar nas escancaradas manipulações da imagem do Papa e de suas falas, tirando-as completamente de contexto a ponto de as usarem, por exemplo, até para alegar que ele estaria incentivando o aborto. 

Ainda no tocante à relação entre o Papa e seu país natal, o mesmo Sandro Magister escreve:

“O Papa quer demostrar que se preocupa em ir até o fundo das questões e em falar diretamente ao mundo, sem se envolver na luta política, especialmente na política argentina. Em particular, para Bergoglio, é urgente evidenciar o seu duplo distanciamento: da ex-presidente peronista Cristina Fernandez de Kirchner, com quem diz que ‘não tem nenhum contato’ desde que deixou o cargo, e de Juan Grabois, organizador de primeiro nível dos ‘movimentos populares’ tão amados pelo Papa e a quem ele nomeou assessor do dicastério vaticano para o serviço do desenvolvimento humano integral. A razão desse distanciamento é que tanto uma quanto o outro nos fazem crer que são mais próximos do Papa e mais amigos dele do que realmente são”.

O resultado disto, como ressalta o vaticanista, é o mesmo que o próprio Papa descreveu há poucos dias:

“Os meios de comunicação acabam atribuindo a mim, Francisco, não ‘o que digo’, mas ‘o que dizem que digo’”.

Por outro lado, Francisco tem se manifestado frequentemente contra o aborto e a favor da vida junto à população argentina, mediante iniciativas diretamente voltadas a pessoas que defendem o nascituro. São exemplos recentes duas cartas abertas que ele enviou e que, obviamente, a grande mídia procurou noticiar o mínimo possível:

  • uma, para mulheres da periferia de Buenos Aires que estavam preocupadas com a possível legalização do aborto (confira a respeito no artigo recomendado ao final desta matéria);
  • a outra, em 1º de dezembro, a um grupo de ex-alunos argentinos.

Basicamente: grande parte da assim chamada “grande mídia” censura o Papa Francisco em certos assuntos e o utiliza em outros, conforme conveniências ideológicas que nada têm a ver com jornalismo.

Aparentemente, uma parcela de católicos escolheu fazer o mesmo.

Aleteia

Senadora argentina denuncia: Há um lobby internacional interessado em legalizar o aborto

Embrião 9 a 10 semanas.
Crédito: Flickr Lunar Caustic (CC-BY-SA-2.0)

Buenos Aires, 29 dez. 20 / 10:16 am (ACI).- A senadora argentina María Belén Tapia denunciou que por trás da votação de hoje não estão apenas as pressões do governo Alberto Fernández, mas também “o interesse do lobby internacional ligado às políticas populacionais que o aborto tem em sua agenda” e que deseja que este seja legal no país.

O debate no Senado terá início por volta das 16h (hora local), e se espera um resultado apertado.

De um total de 72 senadores, José Alperovish estaria inabilitado por uma denúncia por suposto abuso sexual. Também ficaria fora da votação Carlos Menem, ex-presidente da Argentina, que aos seus 90 anos está hospitalizado com problemas cardíacos e renais.

Entre os senadores indecisos estariam Laura Rodríguez Machado, da Frente Pro; e o eleito de Rio Negro, Alberto Weretilneck, que enumerou várias críticas ao projeto e condicionou seu voto a essas modificações.

Por isso, a poucas horas da votação do projeto de lei do aborto, a senadora nacional María Belén Tapia expressou sua esperança à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, porque “a esmagadora maioria do povo argentino se sente a favor da defesa dos direitos humanos desde a concepção”.

Para a legisladora, a rejeição do projeto depende “dos fatores de poder, neste caso o governo, das organizações, de uma ou outra postura e dos meios”.

Além disso, da capacidade do “povo de se fazer ouvir pelos seus representantes; da capacidade e honestidade dos representantes para ouvir os cidadãos e votar segundo os sentimentos da maioria e da busca do bem comum”.

“O resultado é a conjunção entre todos esses fatores. Espero que prevaleça o sentir imensamente majoritário do povo argentino em favor da defesa dos direitos humanos desde a concepção”.

A senadora eleita por Santa Cruz, manifestou que a pressão para aprovar o aborto parte do "próprio Poder Executivo" que "o admitiu e alguns senadores o comentaram".

“Quando a Secretária Jurídica e Técnica, Vilma Ibarra, veio defender o projeto no Senado, disse que este tema fazia parte da plataforma de campanha do governo e que isso era conhecido pelos eleitores e pelos candidatos a serem eleitos nas urnas deste espaço. Muitos destes candidatos são hoje senadores”.

Nesse sentido, especificou que pode haver pressões, "de uma mera influência, a uma espécie de imposição".

Nesse sentido, recordou que “influencia também o interesse do lobby internacional ligado às políticas populacionais que têm o aborto em sua agenda. Algumas organizações internacionais são muito explícitas sobre isso”.

Além disso, “o aborto legal também é um grande negócio. A IPPF tem mais clínicas de abortos do que as filiais da hamburgueria mais conhecida que há em nível mundial”.

“Devemos reconhecer, embora possamos discordar, que existe um setor do feminismo que com grande sinceridade e convicção considera que o aborto é um passo a favor da libertação da mulher”, disse Tapia.

Em relação aos custos associados ao aborto, a senadora assegurou que o primeiro custo é humano, visto que “é a morte de inocentes com o aval do Estado, com dinheiro do Estado, que pertence a todos os contribuintes: daqueles que o consideram como um direito e daqueles o consideram um crime”.

Quanto aos custos econômicos, embora “não sejam quantificados com exatidão, seriam bilhões de pesos a mais que recaem em um sistema de saúde que já está à beira do colapso”, disse Tapia.

Por outro lado, há o “impacto demográfico do aborto, ao reduzir a taxa de crescimento populacional e prejudicar a sustentabilidade do sistema previdenciário”.

A senadora Tapia assegurou que “a grande maioria das mulheres pobres luta para ter e criar seus filhos, não pelo aborto”.

Por isso, o importante é "demonstrar aos representantes que somos verdadeiramente ‘a maioria celeste’. Sair nas ruas, inundar as redes, chegar aos representantes. Sempre com respeito e empatia, com uma mensagem proposital”.

“Essa é a chave, porque é essencial em uma democracia que as ações do governo e a legislação estejam de acordo com os sentimentos da maioria”, concluiu.

Onda celeste pelas duas vidas

Milhões de cidadãos argentinos saíram às ruas para expressar sua rejeição ao projeto de assassinato de crianças inocentes.

A chamada onda celeste levantou fortemente sua voz em 2018 para deter a lei do aborto e não parou em suas ações, embora em 2019 o governo do presidente Alberto Fernández tenha retomado o tema, que foi adiado pela pandemia do coronavírus durante alguns meses.

No início de dezembro deste ano o executivo ingressou o projeto de legalização do aborto no Congresso da Nação.

A maré celeste tem realizado marchas massivas em todo o país, incluindo diversas pesquisas como a realizada pela Cátedra de Sociologia da Universidade do Norte Santo Tomás de Aquino (Unsta) que mostrou que 92% dos argentinos acreditam que a legalização do aborto "não é um assunto urgente na saúde pública”, 93% são contra e apenas 6% são a favor.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

P. Tony Neves - As marcas de 2020

P. Tony Neves  à direita | Vatican Media

A Covid-19 abriu feridas profundas e difíceis de cicatrizar num ano que tinha nascido promissor. Mês após mês, no jornal ‘Ação Missionária’, Arminda Camati, a partir de Angola, escreve o ‘verso e reverso’ onde escolhe duas notícias positivas e duas negativas referentes ao mês em curso. O P. Tony Neves, espiritano, decidiu fazer o balanço deste ano atípico com recortes dessa rubrica mensal.

P. Tony Neves - Roma 

Muitos edifícios ‘pintaram-se’ com luzes vermelhas para denunciar os atentados à liberdade religiosa que se praticam em muitos países do mundo. Por ser numa quarta-feira, o evento ficou conhecido como ‘Redwednesday’. Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, há mais de 300 milhões de pessoas perseguidas por causa da sua religião. (Janeiro).

Peru

As mudanças climáticas são um grito de alerta e as respostas vão aparecendo. O Peru decidiu plantar um milhão de árvores para equilibrar o impacto ecológico negativo da visita diária de 200 mil turistas ao Machu Picchu, Património da Humanidade desde 1983. (Fevereiro).

Libertação de Auschwitz

Foi há 75 anos que as tropas russas libertaram os presos que ainda restavam nos campos de concentração nazis de Auschwitz e Birkenau. O fim da 2ª Guerra Mundial começava a desenhar-se, mas ainda haveria duas bombas atómicas a lançar sobre o Japão. (Março).

Gafanhotos

Arrasaram boa parte da África Oriental e caminharam rumo à Ásia. Tinham atacado Cabo Verde em setembro. Eles comem tudo, condenando à fome populações pobres que já não tinham muito pão na mesa. (Abril).

Papa Francisco 

Encheu o mundo de lágrimas, mas também de esperança. Guardamos dele as imagens que as televisões e internet levaram a todo o mundo. Esteve naquelas ruas de Roma sem gente para pedir a Cristo e a Nossa Senhora a protecção contra o coronavírus. Depois, vimos a oração na Praça vazia de S. Pedro. Tornou-se o rosto número um do combate aos efeitos da covid. (Maio).

Muralha verde 

 O Sahel está a ver o deserto a crescer, ano após ano, semeando fome e morte. As alterações climáticas estão na origem deste fenómeno, mas há decisões que podem atenuar o impacto desta conquista implacável do deserto do Sahará. Assim, jovens plantaram um milhão de árvores no Sahel, construindo a ‘grande muralha verde’ de África. (Junho).

Morte de George Floyd 

Quando o mundo se debatia com um vírus cruel, os EUA conseguiram juntar mais um drama à tragédia que já vitimava demais o povo pobre e simples. A morte violenta de George Floyd, asfixiado por um polícia, veio pôr a nu um problema que os americanos (e boa parte do mundo) ainda não resolveram: o racismo. (Julho).

Norte de Moçambique

D. Luiz Fernando é o Bispo de Pemba. A situação humanitária agrava-se com os grupos fundamentalistas islâmicos que atacam à vontade, matam, roubam, queimam e fazem as pessoas fugir das suas aldeias. Há milhares de deslocados nas províncias vizinhas de Cabo Delgado. A voz corajosa deste Bispo, que tem a cabeça a prémio, está a ser fundamental para obrigar as autoridades a intervir e a comunidade internacional a pressionar. (Agosto.Setembro)

Fratelli tutti

Lúcido, corajoso e incansável, o Papa Francisco tem disparado em muitas direcções, para dentro e fora da Igreja. Chama à atenção do mundo para as duas pandemias que mais matam: a covid 19 e a indiferença. E, para ajudar ainda mais a esta reflexão e intervenção, assinou em Assis, a 3 de outubro, a sua nova Encíclica, ‘Fratelli Tutti’.(Outubro).

Nobel da Paz

O Programa Alimentar Mundial (PAM) é o laureado de 2020, pelo trabalho de solidariedade internacional em favor da alimentação que ‘é a melhor vacina contra o caos’. Com este prémio, a Academia Nobel quer que olhemos para ‘milhões de pessoas que, no mundo, têm fome’ (Novembro).

Segunda vaga 

Os países mais ricos, na Europa e América do Norte, acreditaram que o tempo quente tinha destruído o vírus e facilitaram. A socialização excessiva e descuidada permitiu a este corona sobreviver ao calor e ganhar força para o ataque no regresso do tempo mais frio. De facto, veio uma segunda vaga que mostrou ser mais agressiva que a primeira, obrigando a novas medidas que provocaram reacções populares violentas em muitos países. E o inverno ainda está para durar…(Dezembro).

Tiremos lições da fragilidade que 2020 pus a nu. Olhemos com esperança e confiança para um 2021 que tem de ser ano inspirado e aberto ao futuro, para todos.

Vatican News

S. FÉLIX I, PAPA

 

Catholic.net
A data de seu nascimento é desconhecida; morreu em 274.

No início de 269, ele sucedeu ao Papa São Dionísio como chefe da Igreja Romana. Por essa época, chegou a Roma o relatório do Sínodo de Antioquia, dirigido ao Papa Dionísio, que naquele mesmo ano havia deposto o bispo local, Pablo de Samosata, por seus ensinamentos heréticos sobre a doutrina da Trindade (ver Antioquia). . Uma carta, provavelmente enviada por Félix ao Oriente em resposta ao relatório sinodal, contendo a exposição da doutrina da Trindade, foi posteriormente interpolada em favor de sua seita por um seguidor de Apolinário. Este documento apócrifo foi enviado ao Concílio de Éfeso em 431 (Mansi, "Coll. Conc.", IV, 1188; cf. Harnack, "Geschichte der altchristlichen Literatur", I, 659 sqq.; Bardenhewer, "Geschichte der altchristlichen Literatur" , II, 582 sq). O fragmento preservado nos Atos do Concílio dá ênfase especial à unidade e identidade do Filho de Deus e do Filho do Homem em Jesus Cristo. O mesmo fragmento apresenta o Papa Félix como um mártir; mas este detalhe, que também está presente na biografia do Papa no "[Liber Pontificalis]" (Ed. Duchesne, I, 58), não é apoiado por nenhuma evidência autêntica anterior e é evidentemente devido a uma confusão de nomes. Segundo a nota do "Liber Pontificalis", Félix construiu uma basílica na Via Aurelia; a mesma fonte acrescenta que ali foi sepultado ("Hic fecit basilicam na Via Aurelia, ubi et sepultus est"). Este último detalhe é um erro óbvio, já que o calendário dos festivais romanos do século IV diz que o Papa Félix foi sepultado na Catacumba de São Calisto na Via Ápia ("III Kal.

A observação no "Liber Pontificalis" dá a este Papa um decreto pelo qual as missas deveriam ser celebradas nos túmulos dos mártires ("Hic constituit supra memoirs martyrum missas celebratere"). O autor desta entrada estava evidentemente aludindo ao costume de celebrar o Santo Sacrifício em privado, nos altares próximos ou nos túmulos dos mártires nas criptas das catacumbas (missa ad corpus), durante a solene celebração do Sagrado Os mistérios sempre foram realizados nas basílicas construídas sobre as catacumbas. Esta prática, ainda em uso no final do século IV (Prudentius, "Peristephanon", XI, vv. 171 sqq), aparentemente data do período em que as grandes basílicas sacramentais foram construídas em Roma e deve sua origem aos serviços memoriais solenes de os mártires, feito em seus túmulos no aniversário de seu enterro, já no século III. Félix provavelmente não emitiu tal decreto, mas o compilador do "Liber Pontificalis" atribuiu-o a ele porque ele não fez nenhuma mudança nos costumes de sua época. De acordo com o referido detalhe do “Depositio episcoporum”, Félix foi sepultado na catacumba de São Calisto no dia 30 de dezembro.

Fonte: Enciclopédia Católica / ACIprensa

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

FRATELLI TUTTI: CONHEÇA OS QUATRO PRIMEIROS CAPÍTULOS DA CARTA ENCÍCLICA DO PAPA FRANCISCO

CNBB

Sem efetuar uma análise exaustiva nem tomar em consideração todos os aspetos da realidade que vivemos, em sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti” o Papa Francisco deseja apenas manter-nos atentos a algumas tendências do mundo atual que dificultam o desenvolvimento da fraternidade universal.

AS SOMBRAS DUM MUNDO FECHADO

No capítulo 1 de sua Carta Encíclica, o Papa Francisco chama atenção para o reacendimento de conflitos “anacrônicos” que se consideravam superados; também fala sobre o ressurgimento de nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. “Em vários países, uma certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria novas formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais”, afirma Francisco.

O Papa fala sobre os conflitos locais e o desinteresse pelo bem comum que são, de acordo com ele, instrumentalizados pela economia global para impor um modelo cultural único. “Esta cultura unifica o mundo, mas divide as pessoas e as nações, porque a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos”, salienta.

Francisco afirma ainda que o avanço do globalismo favorece normalmente a identidade dos mais fortes que se protegem a si mesmos, mas procura dissolver as identidades das regiões mais frágeis e pobres, tornando-as mais vulneráveis e dependentes. “Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos de nos constituirmos como um ‘nós’ que habita a casa comum”, diz.

Aqui, ele faz uma asséptica descrição da realidade, pois “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”.

UM ESTRANHO NO CAMINHO

Com a intenção de procurar uma luz no meio do que estamos vivendo e antes de propor algumas linhas de ação, o Papa Francisco dedicou o capítulo 2 a uma parábola narrada por Jesus Cristo há dois mil anos: a do Bom Samaritano. “Com efeito, apesar desta encíclica se dirigir a todas as pessoas de boa vontade, independentemente das suas convicções religiosas, a parábola em questão é expressa de tal maneira que qualquer um de nós pode deixar-se interpelar por ela”, afirma Francisco.

A narração da parábola do Bom Samaritano é simples e linear, mas contém toda a dinâmica da luta interior que se verifica na elaboração da identidade; que se verifica em toda a existência projetada na realização da fraternidade humana.

“Enquanto caminhamos, inevitavelmente embatemos no homem ferido. Hoje, há cada vez mais feridos”, afirma o Papa. A inclusão ou exclusão da pessoa que sofre na margem da estrada, segundo Francisco, define todos os projetos econômicos, políticos, sociais e religiosos. “Dia a dia enfrentamos a opção de ser bons samaritanos ou viandantes indiferentes que passam ao largo. E se estendermos o olhar à totalidade da nossa história e ao mundo no seu conjunto, reconheceremos que todos somos, ou fomos, como estas personagens: todos temos algo do ferido, do salteador, daqueles que passam ao largo e do bom samaritano”, salienta Francisco.

Para o Papa, a história do Bom Samaritano repete-se: torna-se cada vez mais evidente que a incúria social e política fazem de muitos lugares do mundo estradas desoladas, onde as disputas internas e internacionais e o saque de oportunidades deixam tantos marginalizados, atirados para a margem da estrada. “Na sua parábola, Jesus não propõe vias alternativas, como, por exemplo, no caso daquele homem ferido ou de quem o ajudou terem dado espaço nos seus corações ao ódio ou à sede de vingança, que sucederia? Jesus não Se detém nisso. Confia na parte melhor do espírito humano e, com a parábola, anima-o a aderir ao amor, reintegrar o ferido e construir uma sociedade digna de tal nome”, disse.

Especialmente neste capítulo, o Papa Francisco diz sentir-se triste pelo fato de a Igreja ter demorado tanto tempo a condenar energicamente a escravatura e várias formas de violência. Hoje, com o desenvolvimento da espiritualidade e da teologia, ele afirma não termos desculpas. “Todavia, ainda há aqueles que parecem sentir-se encorajados ou pelo menos autorizados pela sua fé a defender várias formas de nacionalismo fechado e violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos àqueles que são diferentes”.

A fé, segundo Francisco, deve manter vivo um sentido crítico perante estas tendências e ajudar a reagir rapidamente quando começam a insinuar-se. “Para isso, é importante que a catequese e a pregação incluam, de forma mais direta e clara, o sentido social da existência, a dimensão fraterna da espiritualidade, a convicção sobre a dignidade inalienável de cada pessoa e as motivações para amar e acolher a todos”, garante.

PENSAR E GERAR UM MUNDO ABERTO

No Capítulo 3 de sua Encíclica, Francisco fala sobre o segredo da existência humana autêntica, já que “a vida subsiste onde há vínculo, comunhão, fraternidade; e é uma vida mais forte do que a morte, quando se constrói sobre verdadeiras relações e vínculos de fidelidade. Pelo contrário, não há vida quando se tem a pretensão de pertencer apenas a si mesmo e de viver como ilhas: nestas atitudes prevalece a morte”.

O amor que se estende para além das fronteiras, de acordo com ele, está na base daquilo que ele chama de amizade social em cada cidade ou em cada país.

“Se for genuína, esta amizade social dentro duma sociedade é condição para possibilitar uma verdadeira abertura universal. Não se trata daquele falso universalismo de quem precisa de viajar constantemente, porque não suporta nem ama o próprio povo. Quem olha para a sua gente com desprezo, estabelece na própria sociedade categorias de primeira e segunda classe, de pessoas com mais ou menos dignidade e direitos. Deste modo, nega que haja espaço para todos”, afirma Francisco.

De acordo com ele, para se caminhar rumo à amizade social e à fraternidade universal, há que fazer um reconhecimento basilar e essencial: dar-se conta de quanto vale um ser humano, de quanto vale uma pessoa, sempre e em qualquer circunstância. “Se cada um vale assim tanto, temos de dizer clara e firmemente que o simples fato de ter nascido num lugar com menores recursos ou menor desenvolvimento não justifica que algumas pessoas vivam menos dignamente. Trata-se de um princípio elementar da vida social que é, habitualmente e de várias maneiras, ignorado por quantos sentem que não convém à sua visão do mundo ou não serve os seus objetivos”, argumenta.

Para Francisco todo o ser humano tem direito de viver com dignidade e desenvolver-se integralmente, e nenhum país lhe pode negar este direito fundamental: “Todos o possuem, mesmo quem é pouco eficiente porque nasceu ou cresceu com limitações. De fato, isto não diminui a sua dignidade imensa de pessoa humana, que se baseia, não nas circunstâncias, mas no valor do seu ser. Quando não se salvaguarda este princípio elementar, não há futuro para a fraternidade nem para a sobrevivência da humanidade”.

Por fim, o Papa diz que é possível aceitar o desafio de sonhar e pensar numa humanidade diferente. “É possível desejar um planeta que garanta terra, teto e trabalho para todos. Este é o verdadeiro caminho da paz, e não a estratégia insensata e míope de semear medo e desconfiança perante ameaças externas. Com efeito, a paz real e duradoura é possível só a partir de uma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço de um futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira”, finaliza.

UM CORAÇÃO ABERTO AO MUNDO INTEIRO

No capítulo 4, o Papa Francisco afirma ser nosso dever respeitar o direito que tem todo o ser humano de encontrar um lugar onde possa não apenas satisfazer as necessidades básicas dele e da sua família, mas também realizar-se plenamente como pessoa.

“Os nossos esforços a favor das pessoas migrantes que chegam podem resumir-se em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Com efeito, não se trata de impor do alto programas assistenciais, mas de percorrer unidos um caminho através destas quatro ações, para construir cidades e países que, mesmo conservando as respectivas identidades culturais e religiosas, estejam abertos às diferenças e saibam valorizá-las em nome da fraternidade humana”, disse.

Segundo Francisco a chegada de pessoas diferentes, que provêm dum contexto vital e cultural distinto, transforma-se num dom, porque “as histórias dos migrantes são histórias também de encontro entre pessoas e entre culturas: para as comunidades e as sociedades de chegada são uma oportunidade de enriquecimento e desenvolvimento humano integral para todos”.

Para ele, quando se acolhe com todo o coração a pessoa diferente, permite-se-lhe continuar a ser ela própria, ao mesmo tempo que se lhe dá a possibilidade dum novo desenvolvimento. “As várias culturas, cuja riqueza se foi criando ao longo dos séculos, devem ser salvaguardadas para que o mundo não fique mais pobre. Isso, porém, sem deixar de as estimular a que permitam surgir de si mesmas algo de novo no encontro com outras realidades”, diz.

CNBB

Da Regra de São Bento para todo cristão: os instrumentos das boas obras

Aleteia

O Capítulo 4 da milenar regra-base de toda a vida monástica cristã ocidental se aplica quase totalmente também a nós, leigos, no dia-a-dia!

Regra de São Bento, escrita por São Bento de Núrsia no século VI, é um conjunto de preceitos que regulam a vivência de uma comunidade monástica cristã, regida por um abade. A partir do século VIII, começou a ser amplamente adotada nos mosteiros de toda a Europa, inclusive pelas comunidades femininas. Desde então, essa regra tem sido parâmetro para praticamente todas as comunidades monásticas cristãs ocidentais.

O espírito da Regra de São Bento é sintetizado no lema da Ordem, “Pax”(paz), e na célebre súmula “Ora et labora” (reza e trabalha), mas sua riqueza é esmiuçada em princípios e critérios esclarecedores e inspiradores, derivados dos Mandamentos da Lei de Deus e da proposta de Jesus nos Evangelhos.

Naturalmente, vários desses preceitos se aplicam especificamente aos monges, mas a maioria deles são pura e simples vida cristã e se esperam de todo e cada um que, seja qual for seu estado de vida, se declare seguidor de Jesus Cristo.

Alguns deles são elencados no Capítulo 4 da Regra, que reproduzimos abaixo a partir da tradução fornecida pelos próprios beneditinos em seu site oficial para o Brasil:

CAPÍTULO 4 – Quais são os instrumentos das boas obras

Primeiramente, amar ao Senhor Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças.

Depois, amar ao próximo como a si mesmo.
Em seguida, não matar.
Não cometer adultério.
Não furtar.
Não cobiçar.
Não levantar falso testemunho.
Honrar todos os homens.
E não fazer a outrem o que não quer que lhe seja feito.
Abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo.
Castigar o corpo.
Não abraçar as delícias.
Amar o jejum.
Reconfortar os pobres.
Vestir os nus.
Visitar os enfermos.
Sepultar os mortos.
Socorrer na tribulação.
Consolar o que sofre.
Fazer-se alheio às coisas do mundo.
Nada antepor ao amor de Cristo.
Não satisfazer a ira.
Não reservar tempo para a cólera.
Não conservar a falsidade no coração.
Não conceder paz simulada.
Não se afastar da caridade.
Não jurar para não vir a perjurar.
Proferir a verdade de coração e de boca.
Não retribuir o mal com o mal.
Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas.
Amar os inimigos.
Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas antes abençoá-los.
Suportar perseguição pela justiça.
Não ser soberbo.
Não ser dado ao vinho.
Não ser guloso.
Não ser apegado ao sono.
Não ser preguiçoso.
Não ser murmurador.
Não ser detrator.
Colocar toda a esperança em Deus.
O que achar de bem em si, atribuí-lo a Deus e não a si mesmo.
Mas, quanto ao mal, saber que é sempre obra sua e a si mesmo atribuí-lo.
Temer o dia do juízo.
Ter pavor do inferno.
Desejar a vida eterna com toda a cobiça espiritual.
Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo.
Vigiar a toda hora os atos de sua vida.
Saber como certo que Deus o vê em todo lugar.
Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe advêm ao coração e revelá-los a um conselheiro espiritual.
Guardar sua boca da palavra má ou perversa.
Não gostar de falar muito.
Não falar palavras vãs ou que só sirvam para provocar riso.
Não gostar do riso excessivo ou ruidoso.
Ouvir de boa vontade as santas leituras.
Dar-se frequentemente à oração.
Confessar todos os dias a Deus na oração, com lágrimas e gemidos, as faltas passadas e daí por diante emendar-se delas.
Não satisfazer os desejos da carne.
Odiar a própria vontade.
Obedecer em tudo às ordens do Abade, mesmo que este, o que não aconteça, proceda de outra forma, lembrando-se do preceito do Senhor: “Fazei o que dizem, mas não o que fazem”.
Não querer ser tido como santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo para que como tal o tenham com mais fundamento.
Pôr em prática diariamente os preceitos de Deus.
Amar a castidade.
Não odiar a ninguém.
Não ter ciúmes.
Não exercer a inveja.
Não amar a rixa.
Fugir da vanglória.
Venerar os mais velhos.
Amar os mais moços.
Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos.
Voltar à paz, antes do pôr-do-sol, com aqueles com quem teve desavença.
E nunca desesperar da misericórdia de Deus.

Eis aí os instrumentos da arte espiritual: se forem postos em ação por nós, dia e noite, sem cessar, e devolvidos no dia do juízo, seremos recompensados pelo Senhor com aquele prêmio que Ele mesmo prometeu: “O que olhos não viram nem ouvidos ouviram preparou Deus para aqueles que o amam”. São, porém, os claustros do mosteiro e a estabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.

Por Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF