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sábado, 17 de abril de 2021

As 5 principais perguntas que os cristãos fazem sobre anjos

Renata Sedmakova | Shutterstock

Algumas delas: Eles têm mesmo asas? Será que nós nos tornamos anjos quando morremos?

Os anjos são criaturas espirituais fascinantes. Muitos cristãos têm dúvidas sobre quem eles são e que impacto têm no mundo.

A rigor, não sabemos muito sobre anjos, além do que é revelado na Bíblia.

Aqui estão as 5 principais perguntas que os cristãos fazem sobre os anjos e suas respostas.

Pergunta: Você deve nomear seu anjo da guarda?

Nos últimos anos, tem sido popular entre muitos cristãos nomear seu anjo da guarda ou fazer uma novena para descobrir seu nome. Essa devoção geralmente tem histórias milagrosas associadas a ela, onde as pessoas afirmam que descobriram o nome de seu anjo da guarda.

Embora as histórias pareçam confirmar a legitimidade de tal prática, a Igreja Católica é muito clara sobre sua posição em nomear anjos.

No Diretório sobre piedade popular, a Igreja proclama: “A prática de atribuir nomes aos Santos Anjos deve ser desencorajada, exceto nos casos de Gabriel, Rafael e Miguel, cujos nomes estão contidos nas Sagradas Escrituras”.

Tornamo-nos anjos quando morremos?

Na cultura popular, é comum se referir a pessoas que morreram como “anjos” no céu. Para muitos, isso significa simplesmente que pensam na pessoa falecida como estando com Deus, onde vivem os anjos.

No entanto, às vezes esse pensamento reconfortante se torna mais concreto. Algumas pessoas acreditam que os humanos realmente se tornam anjos quando morrem.

Mas isso é verdade?

A resposta é: não. Não há possibilidade de um humano se tornar um anjo.

Quando morremos, nossa alma é separada de nosso corpo por um momento, mas será reunida a ele no final dos tempos. Falamos sobre isso no Credo todos os domingos quando dizemos: “Creio na ressurreição da carne.”

Tornar-se um anjo após a morte significaria que nos tornamos um ser totalmente diferente.

Os católicos acreditam que os anjos são seres espirituais únicos e irrepetíveis.

Pergunta: Os anjos têm asas?

Para entender a representação artística dos anjos, devemos primeiro entender a natureza de um anjo na tradição cristã. Em primeiro lugar, a palavra “anjo” vem do latim angelus, que significa “mensageiro de Deus”. O latim deriva do grego ἄγγελος, que é uma tradução do hebraico mal’ākh, que significa “mensageiro”, “delegado” ou “embaixador”.

O Catecismo da Igreja Católica expressa isso da seguinte maneira:

Santo Agostinho diz a respeito deles: «Angelus […] officii nomen est, non naturae. Quaeris nomen naturae, spiritus est; quaeris officium, angelus est: ex eo quod est, spiritus est: ex eo quod agit, angelus –Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito: pelo que faz, é anjo (anjo = mensageiro)». Com todo o seu ser, os anjos são servos e mensageiros de Deus. Pelo facto de contemplarem «continuamente o rosto do meu Pai que está nos céus» (Mt 18, 10), eles são «os poderosos executores das suas ordens, sempre atentos à sua palavra» (Sl 103, 20).

A palavra “anjo” então descreve simplesmente o que eles fazem e não o que são. Os anjos são acima de tudo mensageiros e mensageiros do plano divino de Deus.

Os anjos são espíritos puros, o que significa que eles não possuem um corpo físico, embora às vezes possam assumir a aparência de um humano.

A forma visível que é frequentemente relatada nas Escrituras ou em histórias devocionais é mera aparência provisória, para que possam ser vistos através dos nossos olhos.

Os artistas geralmente usam asas como um símbolo da missão dessas criaturas como mensageiros.

Qual é a aparência do meu anjo da guarda?

Se alguma vez tivermos a oportunidade de notar nosso Anjo da Guarda, é provável que ele apareça para nós de uma forma que traga consigo sentimentos de paz e segurança.

Nosso anjo da guarda nos conhece melhor do que nós mesmos e habilmente escolhe uma forma que é específica para nós, não querendo nos assustar, mas nos confortar em nossa hora de necessidade.

É provável que nunca os perceberemos visivelmente nesta vida. Mas nossa fé cristã nos dá a confiança de que nosso anjo da guarda está sempre ao nosso lado, pronto para nos ajudar quando mais precisamos dele.

Os Anjos da Guarda conhecem nossos pensamentos?

Eles são capazes de entrar em nossa mente e ler nossos pensamentos secretos? Esta é uma pergunta comum.

A resposta é: não. Eles não têm acesso especial aos nossos pensamentos. Só Deus é capaz de saber exatamente o que está acontecendo em nossa mente, pois ele é o criador e sustentador de todos nós.

Santo Tomás de Aquino afirma isso claramente em sua Summa Theologiae: “O que é próprio de Deus não pertence aos anjos” (I, 57, 4).

No entanto, embora os anjos não tenham acesso irrestrito aos nossos pensamentos, podemos revelar a eles nossos pensamentos de maneira espiritual. O filósofo Peter Kreeft escreveu es em seu livro Angels and Demons que você pode “revelar seus pensamentos e seus segredos ao seu anjo da guarda, falando com ele, como falaria (rezando) com um santo humano no céu ou a um amigo na terra”.

Aleteia

Opositor ao império da China em Hong Kong condenado a 14 meses de prisão

Guadium Press
Jimmy Lai, dono do Apple Daily, é um dos vários condenados sob a nova Lei de Segurança Nacional do governo comunista continental.

Redação (16/04/2021 15:54Gaudium Press) Em mais um passo em direção à completa sujeição de Hong Kong ao governo comunista da China continental, Jimmy Lai, promotor dos protestos pró-democracia na ilha em 2019, foi condenado a 12 meses de prisão por diferentes acusações sob a lei de segurança nacional de Pequim, que foi aplicada retroativamente a ele.

Lai fez sua grande fortuna (mais de US$ 1 bilhão) na indústria de vestuário, e depois entrou na mídia e fundou a Next Digital, que publica o Apple Daily, um jornal muito lido, muitas vezes extremamente crítico à liderança de Hong Kong e dos chineses. É por isso que sua condenação é também um ataque à liberdade de expressão. Foi condenado pelas manifestações de 18 de agosto de 2019 e pela as de 31 de agosto daquele mesmo ano.

Mas o Sr. Lai enfrenta agora outras seis acusações que podem fazer com que sua vida acabe na prisão. Esse é o cenário onde se movem os direitos da outrora Nova York do Oriente.

Contexto histórico

A Grã-Bretanha devolveu Hong Kong aos chineses em 1997, quando foi criada uma lei básica que supostamente funda o princípio de “um país, dois sistemas”, que hipoteticamente respeitaria certas liberdades ocidentais em vigor na rica ilha.

Mas quando os habitantes perceberam que essas liberdades logo seriam essencialmente desgastadas, começaram os protestos, multitudinários, em 2019. Os protestos continuaram, e em 2020 alguns tiveram episódios violentos.

No ano passado, o governo central introduziu uma lei draconiana de segurança nacional, que pode ser usada para perseguir qualquer dissidente em Hong Kong. E com base nessa lei, Lai foi condenado e com ele, aproximadamente mais 100.

No início da semana, o Apple Daily do Sr. Lai publicou uma carta dele enviada da prisão, que diz, entre outras coisas: “É nossa responsabilidade como jornalistas buscar a justiça. Enquanto não nos deixemos cegar por tentações injustas, enquanto não permitirmos o curso do mal entre nós, estaremos cumprindo nossa responsabilidade.”

Com informações da BBC

https://gaudiumpress.org/

Pio XII e a ideia de mundo ocidental

Papa Pio XII (1939-1958) | Vatican News

A contribuição que os anos do pontificado de Pio XII deram para o desenvolvimento de uma abordagem particular da situação sociopolítica internacional e para o conceito de democracia. Este é o objetivo do projeto "Occidentes" que envolve quatro universidades, como nos dizem os historiadores padre Roberto Regoli da Gregoriana e Paolo Valvo da Universidade Católica de Milão.

Fausta Speranza – Vatican News

Hoje não é fácil falar sobre o Ocidente sem cair em fórmulas estereotipadas, simplistas, retóricas e ideológicas. Compreendemos que, para isso, precisamos historiar o conceito do Ocidente. Tudo remonta ao drama do século passado: o conflito mundial e depois o mundo dividido pela Cortina de Ferro que levou a uma divisão entre uma Europa Ocidental sob a proteção dos Estados Unidos, em cujo contexto iniciou o processo de integração europeia, e uma Europa Oriental hegemonizada pela União Soviética.

A Igreja que tem resistido ao pensamento homologante  

Nos anos do pontificado de Pio XII, de 1939 a 1958, entre as visões homologantes, se distingue a da Igreja Católica que, em suas diversas articulações, assegurou uma pluralidade significativa de abordagens, tanto na Europa como nas Américas, contribuindo para manter viva a dialética entre diferentes ideias e modelos de "Ocidente". Entrevistamos o padre Roberto Regoli, Diretor do Departamento de História da Igreja na Universidade Gregoriana.

O historiador explica que a ideia de Ocidente, não diferente da ideia de Europa, tem sido objeto desde a antiguidade das mais diversas interpretações, que tentaram definir sua extensão e limites tanto em nível territorial quanto cultural, num crescendo de complexidade, especialmente desde a descoberta do Novo Mundo americano.

No início do século XX o recurso cada vez mais frequente ao conceito de "Ocidente" era funcional para legitimar a passagem ideal do bastão da Europa para os Estados Unidos como guia moral do que convenientemente pode ser chamado de "mundo ocidental". Porém, logo depois da Segunda Guerra Mundial os processos de interconexão econômica, política, cultural e social que atravessavam esse mesmo mundo contribuíram para moldar uma ideia de Ocidente como uma entidade orgânica, animada pelos mesmos valores básicos (como a forma democrática do Estado e um modelo de desenvolvimento econômico de tipo capitalista) alimentando um imaginário que continuou a se fortalecer nas décadas da Guerra Fria.

Nos mesmos anos deve ser mencionado o nascimento do Estado de Israel, sublinhando que em 1948 redefiniu mais uma vez as fronteiras territoriais do Ocidente, criando um posto avançado de grande valor simbólico em uma das fontes históricas e ideais da cultura europeia, Jerusalém. Um evento não sem tensões com as comunidades cristãs presentes há milênios no Oriente Médio que ajuda a entender como o Ocidente não seja um conceito territorial.

A peculiaridade do mundo católico

Padre Regoli lembra a insistência em uma ideia de democracia substancial e de participação que começou a caracterizar a reflexão e a ação do mundo católico a partir do pontificado de Pio XII, citando as diferentes experiências das "democracias cristãs". Em particular, ele explica que se pode falar de uma visão de tipo personalista da qual deriva, mais tarde, também a abertura à dimensão da liberdade religiosa e dos direitos humanos no período conciliar.

De outro ponto de vista, acrescenta, pode-se sublinhar a atitude crítica em relação ao sistema capitalista, que ainda durante o pontificado de Pio XII - em continuidade com a elaboração doutrinária dos pontificados anteriores - levou em alguns casos, especialmente na América Latina, a cultivar o desenho de uma "terceira via" entre capitalismo e coletivismo, destinada a dar lugar a tentativas mais realistas de humanizar a economia de mercado. Além disso, no hemisfério ocidental a relação com o mundo americano, em particular com suas ambições globalizantes e as raízes protestantes de sua cultura liberal, é vivida pela Santa Sé, que com os Estados Unidos compartilha o compromisso contra a propagação do comunismo, não sem momentos de tensão dialética, na medida em que ambos reivindicam o papel de intérprete autêntico das exigências da civilização ocidental.

As sobreposições que não ajudam

Padre Regoli nos explica que a impossibilidade de uma identificação plena entre o Ocidente cristão e o Ocidente capitalista se destaca com ainda maior clareza na América Latina, onde a influência cultural, política e também religiosa dos Estados Unidos estimula - como reação por parte de setores relevantes do catolicismo local - a busca de vínculos ideais com outros modelos da civilização ocidental, diferentes dos dos Estados Unidos: a este respeito devem ser sublinhadas as referências exercidas pelo franquismo e pelo Estado Novo de Salazar, respectivamente sobre a América hispânica e sobre o Brasil.

A abertura dos arquivos do Vaticano que torna possível a pesquisa

Enquanto Paolo Valvo, pesquisador de História Contemporânea da Universidade Católica de Milão, lembra que em 2 de março de 2020 os Arquivos do Vaticano colocaram à disposição dos estudiosos os trabalhos do período de Pio XII, oferecendo assim uma valiosa oportunidade para os que pretendem examinar criticamente as ideias de "Ocidente" e "civilização" que o catolicismo ocidental - europeu, norte-americano e latino-americano - transmitiu consciente ou inconscientemente durante o pontificado do Papa Pacelli, nos mais diversos campos. O ponto principal é que se torna preciosa a possibilidade de trabalho em rede entre instituições acadêmicas reconhecidas no cenário internacional. No âmbito de uma colaboração estável e com respeito à mais ampla liberdade de pesquisa científica, possam compartilhar e integrar suas respectivas competências a fim de abrir itinerários de estudo originais e interdisciplinares.

Vatican News

Vaticano exorta muçulmanos a ser construtores de esperança

Basílica de São Pedro no Vaticano.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Por Mercedes de la Torres

Vaticano, 16 abr. 21 / 11:35 am (ACI).- Por ocasião do mês do Ramadã 2021, que começou este ano em 13 de abril, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso exortou os muçulmanos de todo o mundo a ser portadores, testemunhas e construtores de esperança.

“Nós, cristãos e muçulmanos, somos chamados a ser portadores de esperança para a vida presente e futura, e testemunhas, construtores e reparadores desta esperança, especialmente para aqueles que vivem dificuldades e desespero”, afirma a mensagem vaticana assinada em 29 de março e divulgada em 16 de abril.

No mês do Ramadã, os muçulmanos devem jejuar.

Na mensagem intitulada "Cristãos e muçulmanos: testemunhas de esperança", o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso enviou "desejos fraternos para um mês repleto de bênçãos divinas e de crescimento espiritual" e destacou que "o jejum, a oração, a esmola e outras práticas piedosas nos aproximam de Deus nosso Criador e de todos aqueles com quem vivemos e trabalhamos, ajudando-nos a continuar no caminho da fraternidade”.

“Durante estes longos meses de sofrimento, angústia e dor, especialmente nos períodos de confinamento, percebemos a necessidade de assistência divina, e de expressões e gestos de solidariedade fraterna, como um telefonema, uma mensagem de apoio e conforto, uma oração, ajuda para comprar remédios ou alimentos, conselhos e, em palavras simples, a segurança de saber que alguém está ao nosso lado no momento da necessidade”, diz o texto.

“A assistência divina, especialmente necessária e procurada sobretudo em circunstâncias como a atual pandemia, é múltipla: divina misericórdia, perdão, providência e outros dons espirituais e materiais. No entanto o que realmente precisamos mais nestes dias é de esperança", acrescenta a mensagem.

O texto do vaticano lembrou que “a esperança inclui o otimismo, mas vai além disso. O otimismo é uma atitude humana, enquanto a esperança está enraizada em algo religioso: Deus nos ama e, portanto, cuida de nós com sua Providência, através de seus caminhos misteriosos, que nem sempre são compreensíveis por nós”.

A esperança "surge da nossa convicção de que os problemas e provações têm um significado, um valor e um propósito, não importa o quão difícil ou impossível seja para nós entender o motivo ou encontrar uma saída" diz o texto, que encoraja a conservar “a convicção da bondade que está no coração de cada pessoa”, bem como a se opor a todos os pensamentos e atitudes prejudiciais “para reforçar a esperança em Deus e a confiança em todos os nossos irmãos”.

ACI Digital

Santo Aniceto

S. Aniceto | ArqSP
17 de abril

Aniceto nasceu na Síria e foi sucessor do papa são Pio I, em 155, no tempo em que Antonio era o imperador romano. Entretanto, além da perseguição sistemática por parte do Império, o papa Aniceto teve de enfrentar, também, cismas internos que abalaram o cristianismo.

A começar por Valentim, passando por Marcelina, que fundou a seita dos carpocratitas, considerada muito imoral pela Igreja, e chegando a Marcion, um propagador, com dotes de publicitário, que arregimentou muita gente, e muitos outros.

Sem contar a questão da celebração da Páscoa. Todos eles formaram seitas paralelas dentro do catolicismo, dividindo e confundindo os fiéis e até colocando-os contra a autoridade do papa, desrespeitando a Igreja de Roma. Contudo o papa Aniceto tinha um auxiliar excepcional, Policarpo, que depois também se tornou um santo pelo testemunho da fé, e o ajudou a enfrentar todas essas dificuldades. Policarpo exerceu, também, um papel fundamental para que pagãos se convertessem, por testemunhar que a Igreja de Roma era igual à de Jerusalém.

Outro de seus auxiliares foi Hegesipo, que escreveu um livro defendendo o papa Aniceto e provando que ele, sim, seguia a doutrina cristã correta, e não os integrantes das seitas paralelas. Mesmo com tão excelente ajuda, o papa Aniceto teve uma árdua missão durante os quase onze anos de seu pontificado, morrendo no ano 166, quase aniquilado pela luta diária em favor da Igreja.

Embora tenha morrido num período de perseguição aos cristãos, a Igreja não cita a sua morte como a de um mártir. Mas pelo sofrimento que teve ao enfrentar, durante todo o seu governo, os inimigos do cristianismo e da Igreja de Roma, por si só se explica o porquê da reverência a seu nome.

O seu corpo - aliás, foi a primeira vez que ocorreu com um bispo de Roma - foi sepultado nas escavações que depois se transformaram nas catacumbas de São Calisto, na Itália.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

sexta-feira, 16 de abril de 2021

O mundo ouça o grito dos refugiados. O Papa recebe Filippo Grandi (ACNUR)

Campo de refugiados de Mahama em Ruanda 

Imigração, guerras, fome, pobreza, pandemias são as emergências que há anos vêm causando movimentos de populações em direção aos países mais ricos. Estas e outras questões foram abordadas na audiência do Papa Francisco com o Alto comissário do ACNUR, Filippo Grandi.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Nunca como nos últimos anos a atividade do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, uma agência fundada em dezembro de 1950, provou ser tão essencial para lidar com emergências como a imigração, a organização de campos para aqueles que fogem da guerra, fome e perseguições de todo o tipo. Nesta sexta-feira o Alto comissário do organismo da ONU, Filippo Grandi, foi recebido em audiência pelo Papa Francisco. Aos microfones da Radio Vaticno - Vatican News, Grandi salientou o difícil trabalho de diálogo com um mundo indiferente aos pedidos dos mais pobres e vulneráveis.

Comissário Grandi, a audiência com o Papa Francisco ocorre num momento difícil para toda a comunidade internacional, por razões bem conhecidas, em primeiro lugar e acima de tudo a pandemia. Quais são os temas do encontro com o Pontífice?

R. - Em primeiro lugar, precisamente este difícil contexto internacional, em que os grupos mais vulneráveis, aqueles com quem estamos lidando - refugiados, pessoas deslocadas - estão particularmente expostos, especialmente às consequências econômicas da pandemia. Depois, também o contexto político, que continua a ser muito difícil para estas pessoas, porque tem sido muito politizado, e a acolhida, que deveria ser um gesto humanitário, como o Papa Francisco nos recorda, tornou-se muitas vezes um tema de debate político. Mas também situações específicas: falamos sobre a América Central, América do Sul, especialmente do êxodo de venezuelanos, do Líbano: um país em profunda crise. E também da Europa e da necessidade da Europa dotar-se o mais rapidamente possível de um instrumento comum de acolhimento, identificação de refugiados, integração, etc. E devo dizer que existe uma plena identidade de pontos de vista entre o Santo Padre e nós sobre estas questões.

Quem são hoje os refugiados? Quais são as suas histórias, mesmo as dramáticas, que eles carregam?

R. - São, de acordo com a definição histórica, pessoas que fogem da violência, da discriminação, da perseguição. E cada vez mais, como o Papa recordou esta manhã, conflitos e guerras que parecem multiplicar-se e nunca são resolvidos. E estes êxodos, estes exilados, estão misturados com outras situações: de pobreza, de alteração climática, de pandemias nos dias de hoje. Portanto, são fluxos populacionais muito complexos que são difíceis de gerir pelos governos; mas sem uma boa gestão, não só criam tensões com as comunidades locais, que devem ser resolvidas, mas sobretudo deixam estas pessoas em situações "suspensas", muito difíceis do ponto de vista humano e humanitário.

Filippo Grandi em audiência com o Papa

É por vezes difícil dialogar com um mundo muitas vezes surdo aos pedidos dos mais pobres, dos mais vulneráveis...

R. - Um mundo surdo, um mundo indiferente, um mundo distraído por muitos outros problemas, e a pandemia é infelizmente uma distração muito real. Mas também um mundo em que infelizmente há quem grita demasiado e usa o sofrimento destas pessoas para ganhar votos, ganhar eleições e ter mais poder. E é isto que é perturbador, e é isto que temos de contrastar precisamente com a mensagem do Papa Francisco: a mensagem de solidariedade, de humanidade, a mensagem de fraternidade que ele procura constantemente difundir em todos os países do mundo.

Os refugiados, pessoas certamente em busca de um futuro melhor, mas que são frequentemente obrigadas a permanecer em locais de acolhida em condições muito difíceis. Uma delas é a ilha de Lesbos, onde, entre outras coisas, há cinco anos, esteve o Papa Francisco...

R. - Certamente, porque hoje em dia estes fluxos humanos não são apenas uma forma de estas pessoas saírem de situações desesperadas, mas infelizmente passam por outros países que também se encontram em situações desesperadas, ou contextos em que estas pessoas não encontram proteção, estabilidade e acolhimento que deveriam encontrar. Não é só a ilha de Lesbos... Pense na Líbia, que é também um país de trânsito. Pensemos na rota dos Balcãs - falamos sobre ela com o Papa Francisco - e que hoje a Itália está de novo tornando-se uma fonte de chegadas e de movimentos complicados. Assim, infelizmente, num mundo onde todos nos tornamos mais móveis, incluindo refugiados e migrantes, esta mobilidade, que é frequentemente explorada por criminosos e traficantes, pode colocar pessoas em fuga em outras situações perigosas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados é um organismo criado em 1950. Dois Prêmios Nobel da Paz foram atribuídos a esta agência da ONU, em 1954 e em 1981. Isto significa que há mais de 70 anos o trabalho do Acnur é essencial?

R. - E pensar que o Alto Comissariado foi fundado em 1950 para durar três anos. E depois de mais de 70 anos, infelizmente - insisto na palavra "infelizmente" - ainda somos necessários. Entre outras coisas, este ano, 2021, é o 70º aniversário da Convenção sobre os Direitos dos Refugiados: um documento que, apesar da sua idade, que agora começa a ser avançada, continua a ser de grande relevância.

Vatican News

Hong Kong. Os católicos como alvos da mídia chinesa

Guiame

De acordo com o jornal Ta Kung Pao, dirigido pelo Partido Comunista Chinês (PCC), as escolas católicas de Hong Kong teriam se tornado "centros de formação" para manifestantes pró-democracia e igrejas "abrigos para as massas".

A reportagem é de Claire Lesegretain, publicada por La Croix, 13-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Colocado online na semana passada na internet, um vídeo mostra oito jovens de Hong Kong enquanto participam de um exercício de tiro com pistola de ar comprimido e levantam uma bandeira norte-americana, no telhado de uma escola secundária diocesana, o Colégio Memorial Yu Chun Keung. Não foi preciso mais nada mais para que o jornal chinês Ta Kung Pao (O Imparcial), dirigido pelo Partido Comunista Chinês (PCC) acusasse essa instituição católica de organizar "treinamento para a violência" e o advertisse por ter se tornado "um centro de formação para as massas".

Colégio Memorial Yu Chun Keung, no entanto, emitiu um comunicado no domingo 11 de agosto para salientar que aquele vídeo, gravado em 5 de agosto, simplesmente mostrava as atividades de seu clube de tiro e não representava de forma alguma as opiniões da escola sobre o protesto geral que abala, desde 31 de março passado, a ex-colônia britânica retornada à China em 1997. Protestos que inicialmente eram contra o projeto de lei do governo que visava facilitar as extradições para a China continental. Mas isso não impediu Kung Pao, o mais antigo jornal de língua chinesa em Hong Kong, de relacionar esse vídeo ao fato de que a paróquia da Mãe do Bom Conselho, durante os confrontos na noite de 3 de agosto entre policiais e manifestantes, tinha aberto suas portas a estes últimos para que pudessem se refugiar em seu interior.

"A igreja acolhe a multidão vestida de preto [alusão às roupas de militantes pró-democracia] e os vizinhos temem que ela colabore com os manifestantes", disse Ta Kung Pao. Citando moradores do bairro, o jornal chinês também afirma que a paróquia católica "se tornou uma base para aqueles que são contra a China".

Jejuar e rezar para apoiar o movimento.

Não é a primeira vez que a mídia chinesa acusa a Igreja Católica de se envolver do lado dos manifestantes. É verdade que, desde o início dos protestos em Hong Kong, várias paróquias estiveram fortemente envolvidas: os sacerdotes convidaram a jejuar e rezar para apoiar o movimento; alguns líderes estudantis reivindicaram sua fé cristã ... Inclusive apareceram cartazes com a mensagem: "Chega de espancamento, senão cantamos Aleluia ao Senhor". Uma ameaça irônica destinada aos policiais, em referência ao cântico que se tornou um grito de protesto para os manifestantes. Lembramos que em Hong Kong a prática religiosa é livre, a diferença do resto da China continental.

A religião é uma "cobertura" para "desviar" os estudantes

Outro jornal dirigido pelo PCC em Hong KongWen Wei Po, já havia declarado em 7 de agosto que ter uma capela em uma escola católica permitia que os manifestantes "usassem a religião como uma cobertura para desviar os estudantes". Tanto é assim que na segunda-feira 12 de agosto um voluntário da paróquia declarou ao Wen Wei Po que, após a publicação desse artigo crítico, foi tomada a decisão de fechar todas as portas da igreja após a missa. "A igreja estará aberta apenas aos paroquianos que tiverem um compromisso e com a aprovação do serviço de segurança", declarou o voluntário.

No mesmo artigo, Wen Wei Po também implica com o centro católico e com a livraria diocesana por inserir no Facebook, no dia 2 de agosto, uma animação em que vemos Jesus abraçando dois jovens que têm capacetes e roupas pretas, dizendo a eles: "Meus filhos, estão cansadas? Venham até a minha porta!” O jornal definiu essa inserção por parte dos católicos como um "sinal de conivência com manifestantes violentos".

De acordo com um membro da equipe diocesana, entrevistado pela Ucanews, "na atual situação em Hong Kong, os ataques da mídia não são uma surpresa". Apesar de negar que a diocese tenha tomado posição a favor dos manifestantes pró-democracia, aquele funcionário da diocese explicou: "A mensagem da animação é muito terna. Mostra simplesmente que Jesus oferece abrigo e ajuda aos necessitados".

http://www.ihu.unisinos.br/

CNBB DIVULGA MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO APROVADA PELOS BISPOS REUNIDOS EM ASSEMBLEIA

CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga nesta sexta-feira, 16 de abril, a mensagem do episcopado brasileiro que reunido, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da CNBB, se dirigiu ao povo neste grave momento.

No texto, os bispos afirmam que diante da atual situação pela qual passa o Brasil, sobretudo em tempos de pandemia, não podem se calar quando a vida é “ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. Os bispos asseguram que são pastores e que têm a missão de cuidar. “Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, dizem.

Na mensagem, os bispos reiteram que no atual momento precisam continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecem agradecidos que as famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. “Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento”.

Os bispos afirmam que os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado” e que o momento exige competência e lucidez. “São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, afirmam.

Fazem, ainda, um forte apelo à unidade das Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil: “Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”.

Confira o texto na íntegra:

MENSAGEM DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

Esperamos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. (2Pd 3,13)

Movidos pela esperança que brota do Evangelho, nós, Bispos do Brasil, reunidos, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 12 a 16 de abril de 2021, neste grave momento, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro.

Expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo, manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes, prestado serviços essenciais e contribuído para enfrentar a pandemia.

O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados.

Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no coração dos discípulos de Cristo[1]. Tudo o que promove ou ameaça a vida diz respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada[2].

Louvamos o testemunho de nossas comunidades na incansável e anônima busca por amenizar as consequências da pandemia. Muitos irmãos e irmãs, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, movidos pelo autêntico espírito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis. Com o Papa Francisco, afirmamos que “são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”[3]. As iniciativas comunitárias de partilha e solidariedade devem ser sempre mais incentivadas. É Tempo de Cuidar!

Somos pastores e nossa missão é cuidar. Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade. Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecemos agradecidos que nossas famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento.

Na sociedade civil, os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”[4]. Isso exige competência e lucidez. São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia[5], com especial atenção aos pobres e desempregados.

É preciso assegurar maiores investimentos em saúde pública e a devida assistência aos enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema Único de Saúde – SUS. São inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no país. Rejeitamos energicamente qualquer iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mínimo constitucional do orçamento na saúde e na educação.

A educação, fragilizada há anos pela ausência de um eficiente projeto educativo nacional, sofre ainda mais no contexto da pandemia, com sérias consequências para o futuro do país. Além de eficazes políticas públicas de Estado, é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco[6].

Preocupa-nos também o grave problema das múltiplas formas de violência disseminada na sociedade, favorecida pelo fácil acesso às armas. A desinformação e o discurso de ódio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religião como instrumento de disputa política, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade.

Merece atenção constante o cuidado com a casa comum, submetida à lógica voraz da “exploração e degradação”[7]. É urgente compreender que um bioma preservado cumpre sua função produtiva de manutenção e geração da vida no planeta, respeitando-se o justo equilíbrio entre produção e preservação. A desertificação da terra nasce da desertificação do coração humano. Acreditamos que “a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”[8].

É cada vez mais necessário superar a desigualdade social no país. Para tanto, devemos promover a melhor política[9], que não se submete aos interesses econômicos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica não só a aproximação entre grupos sociais distantes, mas também a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulneráveis[10].

Fazemos um forte apelo à unidade da sociedade civil, Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil. Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”[11]

Com a fé em Cristo Ressuscitado, fonte de nossa esperança, invocamos a benção de Deus sobre o povo brasileiro, pela intercessão de São José e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Brasília, 16 de abril de 2021.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente  

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB

[1] cf. Gaudium et Spes, 1.
[2] cf. CNBB, Mensagem ao Povo de Deus, 2018.
[3] Papa Francisco, Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres, 2020.
[4] Constituição Federal, art. 196.
[5] cf. CNBB, OAB, C.Arn´s, ABI, ABC e SBPC, O povo não pode pagar com a própria vida,10 de março de 2021.
[6] cf. Papa Francisco, Mensagem para o lançamento do Pacto Educativo Global, 12 de setembro 2019.
[7] Papa Francisco, Laudato Si´, 145.
[8] Papa Francisco, Laudato Si´, 112.
[9] Papa Francisco, Fratelli Tutti, Cap. V.
[10] cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 233.
[11] Papa Francisco, Mensagem 58ª. AG CNBB.

CNBB

Como saber o que Deus quer para mim?

ESB Professional / Shutterstock.com
Por Carlos Padilla Esteban

Como escolher a postura correta? Como saber o que de verdade me convém? Não vou me equivocar e errar o caminho?

Não sei bem como lidar com a incerteza na minha própria vida. Como fazer para não temer diante do futuro incerto? Tenho medo de enfrentar o que eu não controlo. Não ser dono dos tempos. Nem do resultado de minhas apostas na vida.

Assusto-me ao ver que a paz e a guerra não dependem do desejo de meu coração. Não quero ser tomado pela raiva quando eu vislumbrar caminhos que não desejo. Nem que o medo me impeça de avançar quando tudo parecer difícil e incerto.

Não quero que o fim justifique os meios que eu emprego para alcançá-lo. Mesmo que o fim seja bom, às vezes os meios podem não ser tão bons quanto. Não quero me ofuscar por possuir o que desejo. Não quero que os sonhos e ideais que se apoderam de mim cheguem a tomar conta da minha alma. Não quero me confundir e pensar que o que eu consigo fazer é tudo o que eu posso e nada mais.

Desejo de Deus

Não sei bem o que fazer quando as posições opostas se enfrentam sem um aparente caminho de saída. Tudo é escuro ao meu redor. Às vezes, há muita luz, muita esperança.

É verdade que eu não sei o que vai acontecer amanhã. Nem nos dias seguintes. Não sei bem qual é o desejo de Deus para a minha vida. Nem conheço seu desejo mais íntimo. Ele pronuncia esse desejo dentro de mim. Mas eu não ou ouço. Talvez o barulho do mundo me perturbe.

Seguindo os passos de São Ignácio, eu lia: “Busque a vontade de Deus. Uma proposta imensa e difícil. Você nunca se perguntou o que Deus quer de você? Nunca discutiu com alguém, enchendo-se de incerteza? Na vida, é conveniente buscar a vontade de Deus”.

Buscar o desejo de Deus quando tudo está cheio de dúvidas e medos. Buscar a vontade Dele quando eu pretendo seguir meus desejos sozinho. Buscar a vontade de Deus quando não controlo meus passos no meio da noite.

Escolhas

Como escolher o posicionamento correto? Como saber o que de verdade me convém? Não vou me equivocar e errar o caminho? E se eu fracassar em minhas opções de vida e perder amigos e entes queridos para a vida inteira?

Às vezes, só quero ter certeza do futuro. Temo tanto a morte. Tenho tanto medo de perder o que amo. A única coisa com que eu deveria me preocupar é viver o momento. Amar sem barreiras. Sonhar mais alto, com o bom, com o nobre, com o belo.

Mas, neste mundo inquieto e cheio de mudanças, não sei bem como fazer para escolher o posicionamento correto, o lado adequado, o lugar pacífico.  Uns me dizem para seguir um caminho. Outros me mostram o caminho oposto. Nos dois, há algo de verdadeiro. Nos dois, há algo de atrativo. Nos dois, há mentiras. Não sei como escolher o meu caminho.

Como fazer para encontrar meu caminho entre tantos possíveis? Como fazer para não errar meus passos, para não deixar feridos com minhas opções de vida? Há tantas incertezas neste caminho que fico andando de um lado para o outro!

Como saber o que Deus me pede? Como saber onde ele quer que eu entregue minhas forças? Como saber quando caminho segurando suas mãos?

O exemplo de Jesus

Jesus passou pela Terra libertando os corações. Acolheu a todos. Buscaram enquadrá-lo em uma postura, em um grupo. Quiseram fazer dele o inimigo dos que eram contra. Quiseram que ele decidisse por um lado, sua posição. Mas Jesus veio para todos ou somente para alguns?

Jesus não se deixou enganar. Não caiu no jogo dos homens. Não se alinhou a alguns, deixando os outros. Isso sempre me impressiona.

Ele poderia ter optado pelos poderosos do mundo para impor seu reino. Poderia ter escolhido os mais sábios e os conhecedores da lei. Poderia ter se protegido. Mas não fez nada disso.

Não caiu no jogo dos enganos. Queriam sua ruína. Mas ele veio para salvar a todos. Os bons e os maus. Os puros e os impuros. Os de um lado e os de outro. Os que ninguém queria e os que todos amavam. Jesus se fez carne para todos. Alma de um mundo ferido. E quis amar os que o rejeitavam.

Seu imenso coração me mostra um caminho a seguir. Jesus foi um homem livre, que amou a todos. Sua liberdade estava no amor, não no ódio. Ele não defendeu sua postura com ódio. Não recorreu à violência para fazer vencer seus pontos de vista. Aquele que usa a violência perde a razão.

Tagore dizia: “A verdade não está do lado de quem grita mais”. Ele guardou silêncio. Outros gritavam. Jesus me mostrou como eu tenho que viver. Ele quer que eu ame até a morte. Quer que eu entregue meu coração e, ao mesmo tempo, viva livre para doar-me.

Ele quer que eu deixe tudo para seguir seus passos: “Jesus os convida a deixar a casa onde vivem, a família e as terras pertencentes ao grupo familiar. Não é fácil. A casa é tudo: refúgio afetivo, lugar de trabalho, símbolo da posição social. Desfazer uma casa é uma ofensa grave para a família e uma desonra para todos. Mas, sobretudo, significa lançar-se a uma insegurança total” (José Antonio Pagola).

Jesus me convida a viver a incerteza dos caminhos, sem buscar segurança. Convida-me a não me alinhar com os poderosos, a não me esconder entre os que protegem meus passos. Ele me quer livre, sem ataduras, sem cordas. Assim quero viver.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF