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quarta-feira, 12 de maio de 2021

Irmã Lucia: Rosário – a arma dos combates nas batalhas dos últimos tempos

Irmã Lúcia | Guadium Press
Com o Santo Rosário, nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.

Redação (11/05/2021, 15:00, Gaudium PressA ACI Digital serviço de notícias em Português do grupo ACI, relembrou nesta antevéspera do aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos pastorzinhos de Fátima uma entrevista concedida pelo Irmã Lucia dos Santos no dia 26 de dezembro do distante ano de 1957.

A entrevista foi concedida ao Padre Agostinho Fuentes, que foi postulador da causa de beatificação de Francisco e Jacinta Marto.

Nesta entrevista, Irmã Lúcia assegurou que “o Rosário é a arma de combate das batalhas espirituais dos últimos tempos”.

Sem dúvida uma matéria atual não só pela proximidade do 13 de maio, mas, também pelo “conselho” da vidente aos homens daqueles tempos e, sobretudo, para os homens dos últimos tempos que em temos vivido.

O encontro foi realizado no Convento das Religiosas Carmelitas Descalças de Santa Teresa, em Coimbra, Portugal e nele estavam presentes alguns membros do alto clero.

A Santíssima Virgem recomenda dois remédios que Deus dava ao mundo

Ao entrevistador, Irmã Lúcia contou que a Santíssima Virgem disse, tanto a seus primos quanto a ela, que dois eram os últimos remédios que Deus dava ao mundo:
o Santo Rosário e o Imaculado Coração de Maria.

A pastorinha, então religiosa, destacou que, com o Santo Rosário, nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.

E a religiosa revelou mais:
“Por isso, o demônio fará todo o possível para nos distrair desta devoção; nos colocará muitos pretextos: cansaço, ocupações etc., (tudo) para que não rezemos o Santo Rosário”.

Um programa de salvação breve e fácil de ser realizado

A vidente Lúcia dos Santos quis sublinhar que esse programa de salvação recomendado por Nossa Senhora do Rosário de Fátima é breve e fácil de ser realizado, pois, com o Santo Rosário “praticaremos os Santos Mandamentos, aproveitaremos a frequência dos Sacramentos, procuraremos cumprir perfeitamente nossos deveres de estado e fazer o que Deus quer de cada um de nós”.

Não há problema que não possamos resolver com a recitação do Santo Rosário

“Não há problema por mais difícil que seja: seja temporal e, sobretudo, espiritual; seja referente à vida pessoal de cada um de nós ou à vida de nossas famílias, do mundo ou comunidades religiosas, ou à vida dos povos e nações; não há problema, repito, por mais difícil que seja, que não possamos resolver agora com a oração do Santo Rosário”, enfatizou, então, a religiosa.

Aproveitemos esta recomendação breve e fácil de ser cumprida: rezemos o Santo Rosário para alçarmos o que precisamos e, sobretudo, nossa própria Santificação. (JSG)

(Redação Gaudium Press, com informações ACI-Foto RTP)

https://gaudiumpress.org/

Biógrafo de João Paulo II: Igreja alemã deve ser fiel à Revelação

Catedral de Limburg, na Alemanha.
Crédito: Phantom3Pix via Wikimedia (CC BY-SA 4.0)

BERLIM, 11 mai. 21 / 03:55 pm (ACI).- A Igreja na Alemanha é chamada a seguir a verdade revelada e não o "espírito dos tempos", afirma George Weigel, biógrafo do papa São João Paulo II, em resposta às recentes declarações do presidente da Conferência Episcopal Alemã em relação ao Caminho Sinodal.

Weigel, que também é teólogo, conversou com a CNA, agência em inglês do grupo ACI, sobre o Caminho Sinodal e as declarações de dom Georg Bätzing, bispo de Limburg.

CNA: O bispo Bätzing parece querer caminhar sobre uma linha tênue, permanecendo fiel a Roma e agradando aqueles que já anunciam "reformas". Existe um ponto médio aí? Se houver, como seria realmente este ponto médio?

Weigel: O assunto aqui não é "Roma" vs. "reformas". O assunto é a fidelidade à verdade do Evangelho vs. a fidelidade ao Zeitgeist, "o espírito dos tempos". Dito de outra forma, o assunto em questão no Caminho Sinodal alemão é se a revelação divina - sobre a indissolubilidade do matrimônio, a dignidade para receber a Santa Comunhão ou a ordem adequada para nossos afetos humanos - é real e tem um poder vinculante sobre o tempo, em qualquer situação cultural. Esse também foi o tema nos sínodos de 2015 e 2018.

CNA: O bispo Bätzing afirma que “o Caminho Sinodal se compromete, em particular no que se refere ao tema das relações bem-sucedidas, a discutir em um contexto amplo, que considere também a necessidade, a possibilidade e os limites do desenvolvimento do Magistério da Igreja. As perspectivas apresentadas pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) vão encontrar espaço nestes debates”. As afirmações da CDF são meras “perspectivas” que podem ser debatidas ou são a base para o debate?

Weigel: Quando a CDF fala com autoridade, como fez sobre a questão se era possível para a Igreja “abençoar” casais do mesmo sexo, não está oferecendo uma “perspectiva”, mas fala sobre a verdade da fé católica. Se o bispo Bätzing e outros na hierarquia alemã não aceitam essas verdades, deveriam ter a honestidade de dizê-lo. E se eles aceitam essas verdades, também deveriam ter a coragem de dizer.

CNA: Com base no texto de trabalho, dom Bätzing está correto quando diz que: “A questão central é como podemos falar sobre Deus hoje e chegar a uma fé mais profunda. A fé pode crescer e aprofundar-se se nos libertarmos dos medos e dos bloqueios mentais, se nos questionarmos e procurarmos formas de a Igreja hoje estar presente para as pessoas”?

Weigel: A "questão central" é a que o Senhor Jesus disse que era, é e sempre será: "Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8). Claro que a Igreja deve sempre falar a verdade do Evangelho de forma que possa ser escutada pelas pessoas em um determinado tempo e cultura, que é o que São Paulo tentou fazer no Areópago de Atenas em Atos 17, e o que o (Concílio) Vaticano II instruiu a Igreja a fazer hoje: falar a verdade de maneira que a verdade possa ser ouvida.

O problema que eu e muitos outros temos quando ouvimos o bispo Bätzing, seus colegas episcopais com posturas similares e o Comitê Central dos Católicos Alemães, é que não escutamos a voz do Senhor, o Evangelho ou a verdade, mas a voz do pós-modernismo.

CNA: Há possibilidades para o diaconato feminino? O diaconato pode estar separado dos outros graus de ordens maiores?

Weigel: Se o diaconato não fizesse parte de um tríplice sacerdócio composto pelo episcopado, o presbiterado e pelo diaconato, então sim, as mulheres poderiam ser diaconisas. Mas se o diaconato não fizesse parte deste tríplice sacerdócio, então nenhum dos que pressionam pela ordenação de mulheres ao diaconato estaria interessado nisso, porque essa campanha é um falso pretexto para que se ordenem mulheres sacerdotes e, eventualmente, bispas. É uma campanha de clericalismo que parece imaginar que os católicos que importam são apenas os que estão nas ordens sagradas. O Vaticano II rejeitou resolutamente essa eclesiologia clericalista.

Porém, e de fato, entendo que no ensinamento da Igreja está estabelecido que o diaconato, como mencionado em Atos 6, faz parte desse tríplice sacerdócio. Portanto, a Igreja não tem autoridade para ordenar mulheres ao diaconato, assim como não tem autoridade para ordenar mulheres ao sacerdócio ou ao episcopado. Isso foi estabelecido definitivamente por João Paulo II na Ordinatio Sacerdotalis.

CNA: Bäting disse: “Na Alemanha e em outras partes da Igreja Universal, há muito se discute como desenvolver mais o magistério com argumentos válidos com base nas verdades fundamentais da fé e da moral, dos progressos da reflexão teológica e com um espírito de abertura para os resultados mais recentes das ciências humanas e as situações de vida das pessoas hoje”. Essa afirmação sobre como se desenvolve organicamente a doutrina católica é precisa?

Weigel: As "verdades fundamentais da fé e da moral" julgam "os progressos da reflexão teológica" e "os resultados mais recentes das ciências humanas". Essas verdades fundamentais não são julgadas pelos teólogos ou por aqueles que praticam as ciências humanas. Mas quando é esse o caso, o resultado é o protestantismo liberal e não consigo entender por que alguém iria querer seguir o triste caminho rumo ao esquecimento eclesial. São John Henry Newman ensinou à Igreja que havia sete sinais de um autêntico desenvolvimento da doutrina. Talvez seja necessária uma nova edição alemã do ensaio de Newman sobre o desenvolvimento da doutrina cristã?

CNA: Quais você acha que serão as contribuições do sínodo alemão para a Igreja? Como a Igreja na Alemanha influencia o mundo? Que ramificações isso tem para a Igreja, internacionalmente e para os Estados Unidos?

Weigel: A Igreja na Alemanha é imensamente generosa em apoiar o trabalho da Igreja Católica em todo o mundo e deve aprender com a experiência, digamos, das vibrantes Igrejas locais na África sobre o Evangelho ser libertador e não limitador. Se o Caminho Sinodal alemão continuar no caminho da apostasia, poderá dar uma lição a toda a Igreja no mundo sobre o que a “sinodalidade” não é e não pode ser: uma questão de decidir a verdade da Revelação e os conteúdos do depósito da fé através de um "consenso" criado por uma burocracia eclesial manipuladora adaptada ao Zeitgeist. E essa será uma lição importante a considerar no Sínodo sobre a "sinodalidade" em 2022.

ACI Digital

SS. NEREU E AQUILEU, MÁRTIRES, NA VIA ARDEATINA

SS. Nereu e Aquileu | Wikipedia
12 de maio

O martírio destes dois soldados romanos passou para a história com o Papa São Dâmaso, que, no século IV, escreveu uma epígrafe, em sua homenagem, revelando a sua identidade. Assim, ele transmitiu esta triste história à posteridade.

Conversão, obra da glória de Cristo

Nereu e Aquiles eram pretorianos, ou seja, guardas militares romanos, que têm a tarefa especial de proteger de perto o imperador. Neste caso específico, provavelmente serviram Diocleciano, por cujas mãos morreram anos depois.
Em certo momento, cansados de cumprir ordens de morte e de obedecer apenas por medo das consequências, os dois Santos soldados foram iluminados pela glória de Deus e, finalmente, abriram os olhos. Assim, desertaram, abandonaram seus escudos, as armaduras e seus dardos sujos de sangue.

Translado das relíquias, entre lendas e realidade

Não se sabe muito sobre a morte destes dois mártires, exceto o fato de que terem sido decapitados, por volta do ano 304, precisamente sob o império de Diocleciano.
Desde então, foram venerados em uma basílica paleocristã, nas Termas de Caracala. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério de Domitila, ao longo da Via Ardeatina. Segundo uma lenda, o martírio destes dois soldados era coligado ao de Santa Domitila, sobrinha do imperador Domiciano.
A memória litúrgica dos Santos Nereu e Aquiles é celebrada, precisamente, no dia do translado das suas relíquias.

Vatican News

S. GERMANO DE CONSTANTINOPLA, BISPO

S. Germano | Wikipedia
12 de maio

Germano, filho do senador Justiniano, nasceu por volta de 634, em Constantinopla. Recebeu formação clerical; tornou-se decano da famosa Basílica de Santa Sofia; destacou-se pela promoção do Sínodo Trulano, em 692, no qual foram reiteradas todas as decisões doutrinárias, tomadas por todos os Concílios celebrados até então. Este Santo destacou-se ainda, sobretudo, por defender a pureza da fé.
A propósito, eis as esplêndidas palavras que o Papa Bento XVI pronunciou sobre São Germano, na Audiência Geral de 29 de abril de 2009: “Este Santo quer transmitir-nos, hoje, três coisas: a visibilidade de Deus no mundo e na Igreja, que devemos captar e absorver; a segunda, a beleza e a dignidade da liturgia; a terceira, amar a Igreja. Na Igreja, Deus fala conosco e ‘caminha conosco'".

A promoção de um clérigo corajoso

Ao tornar-se Bispo da então cidade de Cízico, no mar de Mármara, Germano parece ter assinado um documento, em 712, por pressão do imperador, para restabelecer a heresia do monotelismo, que defendia a única vontade divina de Cristo.
No entanto, em 715, ao ser nomeado Patriarca de Constantinopla, o futuro Santo proclamava, com vigor, a única fé católica. Assim, tornou-se o grande pilar da ortodoxia, pela qual ainda é recordado.

Contra o "partido" iconoclasta

Em 725, o imperador do Oriente, Leão III o Isauro, emitiu um primeiro edito iconoclasta, que proibia o culto de imagens e ícones. De fato, estava ciente de que a consolidação do império deveria começar exatamente de uma reestruturação da fé e do que considerava um risco de idolatria. Na verdade, esses impulsos para a iconoclastia já existiam, há anos, no Império Bizantino, a ponto de formar uma verdadeira corrente, da qual, infelizmente, também aderiram alguns Bispos. Germano, porém, não concorda. De fato, em 7 de janeiro de 730, assumiu uma posição abertamente em uma reunião pública, afirmando que não queria, absolutamente, aceitar a vontade do imperador. No seu parecer, as imagens faziam parte da ortodoxia da nossa fé e a ela pertenciam com amor. Sua posição foi apoiada pelo Papa Gregório II, que até chegou à afirmação de que os ícones são "a Bíblia em imagens". Isto, porém, não foi suficiente para evitar uma espécie de exílio de Germano, em Platanion, onde faleceu com idade avançada e em odor de santidade.

Perito em mariologia “ante litteram”

O imperador mandou queimar quase todas as obras de Germano. Desde então, sobrou muito pouco sobre este Santo escritor. Este pouco faz-nos entender que, realmente, foi uma grande perda. Além de quatro Cartas dogmáticas, concernentes à questão do culto aos ícones, ele nos deixou também sete magníficas homilias, de caráter mariano, que marcaram, profundamente, a piedade e a devoção de inteiras gerações de fiéis, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Maria não era vista apenas como mediadora do Senhor, para conceder dons e graças, mas era vivida e cantada por sua pureza. Neste sentido, o pensamento de São Germano pode ser considerado precursor do dogma da Imaculada Conceição, promulgado apenas em 1854. Além do mais, uma das homilias do Santo também foi citada por Pio XII na Constituição Apostólica, com a qual estabelecia o dogma da Assunção da Virgem, em 1950.

Vatican News

terça-feira, 11 de maio de 2021

ESTUDOS BÍBLICOS: SOLA SCRIPTURA (Parte 7/7)

Ecclesia

SOLA SCRIPTURA

Na vaidade de suas mentes

Uma análise ortodoxa deste ensinamento ortodoxo

Por John Whiteford

Tradução de Rafael Resende Daher

A Proximidade da Ortodoxia com a Verdade

Quando, pela misericórdia Divina, encontrei a Fé Ortodoxa, não tive nenhum desejo em olhar para o Protestantismo e seus "métodos" de estudos Bíblicos com um novo olhar. Infelizmente, muitos destes métodos e suposições estão infectando até alguns círculos da Igreja Ortodoxa. A razão disso, é que como declarei acima, a tentativa protestante em retratar o estudo da Bíblia como "ciência." Alguns tentam introduzir estes erros e suposições em seminários e paróquias da Igreja Ortodoxa. Mas isto não é recente; a heresia sempre tenta enganar o fiel. Como disse São Irineu, quando as heresias começaram a atacar sua cidade:

Por meio de palavras especiais e plausíveis, sua perspicácia fascina o mais simples para o conhecimento de seu sistema; mas eles destroem desajeitadamente os outros, enquanto os inicia em suas opiniões blasfemas....

Na verdade, o erro nunca é colocado nu com todas suas deformidades, exposto, para ser descoberto imediatamente. Mas ele é enfeitado astuciosamente com uma veste atraente, para que com sua forma externa, ele possa parecer ao ingênuo (por mais ridícula que esta expressão possa parecer) como mais verdadeiro que a própria verdade. [18].

Para que não reste qualquer dúvida ou confusão, deixe-me esclarecer: a interpretação da Bíblia Sagrada feita pela Ortodoxia não é baseada em "pesquisas científicas" das Escrituras. A Igreja afirma que o entendimento da Bíblia não reside em dados arqueológicos, mas na relação inigualável com o Autor da Bíblia. A Igreja Ortodoxa é o Corpo de Cristo, coluna e sustentáculo da Verdade, é o meio pelo qual Deus escreveu a Bíblia (por seus membros) e o meio pelo qual Deus preservou a Bíblia. A Igreja Ortodoxa interpreta a Bíblia pois ela é herdeira de uma tradição viva que começou com Adão, e que se estendeu a todos seus membros atuais. Esta verdade não pode ser "provada" em um laboratório. A pessoa deve ser convencida pelo Espírito Santo e sentir a vida na Igreja de Deus.

Os protestantes perguntarão agora o que é e o que significa a Tradição Ortodoxa, e se ela é a Tradição correta, ou até mesmo se há uma tradição correta? Em primeiro lugar, os protestantes precisam estudar a história da Igreja. Eles encontrão a existência de apenas uma Igreja. O Credo Niceno faz esta observação claramente "Creio... na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica." Esta declaração, que toda denominação protestante aceita como verdadeira, nunca foi interpretada como uma Igreja "nebulosa," "pluralística" e "invisível," que não consegue concordar em nenhuma matéria doutrinária. Os Concílios que canonizaram o Credo (assim como a Bíblia) anatematizaram os que estavam fora da Igreja, tanto os hereges, como os Montanistas, e cismáticos como os Donatistas. Eles não disseram "bem, não concordamos com a doutrina dos Montanistas, mas eles fazem parte da mesma Igreja que nós." Eles foram excluídos da comunhão da Igreja, até que voltassem à Igreja, para serem recebidos pela Igreja através do Santo Batismo e da Crisma (no caso dos hereges) ou apenas pela Crisma (no caso dos Cismáticos) [Segundo Concílio Ecumênico, Cânon VII].

Unir-se em oração com os que estão fora da Igreja era proibido, e ainda é (Cânones dos Santos Apóstolos, XLV, XLVI). Ao contrário dos protestantes, aquele que se fazia herói separando-se do grupo para formar seu próprio, a Igreja primitiva condenava este pecado como um dos mais condenáveis. Como Santo Ignácio da Antioquia (discípulo do Apóstolo João) advertiu: "Não engane os irmãos, ninguém que segue um cisma herdará o Reino de Deus, ninguém que segue doutrinas heréticas está do lado da paixão" (Filadelfios 5:3).

São as mesmas razões que fizeram o movimento protestante romper contra os abusos Papais, mas antes do rompimento do Ocidente Romano com o Oriente Ortodoxo estes abusos não existiam. Muitos teólogos protestantes da atualidade começaram a olhar este primeiro milênio da Cristandade não-dividida, e começaram a perceber o grande tesouro que o Ocidente perdeu (e alguns estão se convertendo à Ortodoxia). [19]

Obviamente, uma destas três declarações é a verdadeira:

1. não há nenhuma Tradição correta, e os portões do inferno prevaleceram contra a Igreja, portanto, os Evangelhos e o Credo Niceno estão errados;

ou:

2. a verdadeira Fé está no Papismo, com seus dogmas mudados e definidos pelo vigário de Cristo;

ou:

3. a Igreja Ortodoxa é a Igreja fundada por Cristo, e preservou fielmente a Tradição Apostólica. Estas são as escolhas do protestante: relativismo, Romanismo ou Ortodoxia.

A maioria dos protestantes, devido às suas bases teológicas da Sola Scriptura, que trazem desunião e discussões, desistiram há muito tempo da idéia da verdadeira unidade Cristã, considerando ridícula a hipótese da existência de apenas uma só Fé. Quando enfrentam tais afirmações relativas à unidade da Igreja citadas acima, os protestantes reagem com espanto, pois consideram estas atitudes contrárias ao amor Cristão. Sem a verdadeira unidade, eles se esforçam para a criação de uma falsa unidade, desenvolvendo a filosofia relativista do ecumenismo, na qual a convicção de que há apenas uma verdade é condenada. Porém, este não é o amor da Igreja histórica, mas um sentimento humanista. O Amor é a essência da Igreja. Cristo não veio estabelecer uma nova escola de pensamento, mas Ele veio construir sua Igreja, que jamais será vencida pelos portões do inferno (Mateus 16:17). Esta nova Igreja criou "uma unidade orgânica ao invés de uma unificação mecânica de pessoas divididas." [20] Esta unidade só é possível pela nova vida trazida pelo Espírito Santo, e vivenciada misticamente na vida da Igreja.
A Fé Cristã une o fiel a Cristo, compondo um corpo harmonioso de indivíduos separados. Cristo forma este corpo comunicando-se com cada membro e provendo a eles o Espírito da Graça de maneira eficaz, tangível... Se a união com o corpo da Igreja é cortada, a pessoa fica isolada em seu próprio egoísmo, sendo privada de influência benéfica e abundante do Espírito Santo que mora dentro da Igreja. [21]

A Igreja é Una porque ela é o Corpo de Cristo, e impossível que seu corpo seja dividido. A Igreja é uma, como Cristo e o Pai são um. Embora o conceito desta unidade pareça incrível, ela existe. Embora esta declaração pareça um pouco "dura" aos que não acreditam, esta é uma realidade da Igreja Ortodoxa, que exige de todos muita abnegação, humildade e amor. [22].

Nossa fé na unidade da Igreja tem dois aspectos, é uma unidade histórica e presente. Por exemplo, significa que quando os Apóstolos partiram desta vida, a unidade da Igreja não partiu com eles. Agora eles fazem mais parte da Igreja do quando estavam presentes em carne. Quando nós celebramos a Eucaristia em qualquer igreja local, nós não a celebramos sozinhos, mas com a Igreja inteira, a da terra e a do céu. Os santos do céu estão mais próximos de nós do que das pessoas que podemos ver e tocar. Assim, na Igreja Ortodoxa não somos ensinados apenas pelas pessoas de carne e osso que Deus designou para nos ensinar, mas também por todos estes mestres da Igreja que estão no céu e na terra. Estamos hoje mais subordinados aos ensinamentos de São João Crisóstomo do que os do nosso próprio Bispo. O modo de como estamos próximos da Bíblia não pode ser interpretado de maneira individual (II Pedro 1:20), mas pela Igreja. Esta aproximação com a Bíblia é demonstrada em uma definição clássica de São Vicente de Lerins:

Aqui, talvez, alguém pode perguntar: Como o cânon da Bíblia está completo e mais do que suficiente, por que é necessário acrescentar a autoridade da interpretação eclesiástica? De fato, (devemos responder) que a Bíblia Sagrada, devido a sua profundidade, não é aceita universalmente aceita por todos da mesma maneira. O mesmo texto é interpretado de maneira diferente por pessoas diferentes, de uma maneira que a pessoa poderá encontrar diversos significados quando houver muitos homens... Esta é a causa da distorção causada pelos vários erros, então, é realmente necessário que a interpretação dos escritos apostólicos e proféticos seja feita conforme a regra do significado eclesiástico e católico.

Na própria Igreja Católica, todo cuidado deve ser tomado para que a mesma crença existe em todos os lugares, sempre, para todos. Isto é o verdadeiro e correto "católico," indicado pela própria etimologia da palavra que inclui algo verdadeiramente universal. Esta regra geral é aplicada se seguirmos os princípios da universalidade, antiguidade e consentimento. Fazemos assim em relação à universalidade, pois a fé que confessamos deve ser a mesma fé que a Igreja inteira confessa no mundo inteiro. (Fazemos assim) em relação à antiguidade pois não devemos divergir de nenhuma maneira das interpretações que nossos antepassados e pais declararam como invioláveis. (Fazemos assim) em relação ao consentimento pois, devido à antiguidade, nós adotamos as definições e proposições de todos, ou quase todos, os Bispos. [23]

Nesta aproximação com a Bíblia, o trabalho do indivíduo em busca de originalidade não conta nada, mas sim o entendimento sobre o que está presente nas tradições da Igreja. Somos obrigados a não ir além do limite fixado pelos Pais da Igreja, e para passar fielmente a Tradição que recebemos. Isto requer muito estudo e meditação, e para entender a Bíblia verdadeiramente, devemos entrar profundamente na vida mística da Igreja. Por isso que Santo Agostinho expõe sobre como a pessoa deve interpretar a Bíblia (Em Doutrina Cristã, Livros I-IV) ele passa muito mais tempo falando sobre o tipo da pessoa que estuda a Escritura do que sobre os requisitos intelectuais que ela deve ter: [24]

  1. A pessoa deve amar a Deus de todo coração, e estar livre do orgulho,
  2. Deve estar motivada em buscar o conhecimento de Deus com fé e reverência, ao invés do orgulho e da ganância.
  3. Ter um coração subjugado por devoções, uma mente purificada, estar morta para o mundo;
  4. Buscar nada mais do que o conhecimento e a união com Cristo,
  5. Ser solícita e comprometida em trabalhos de misericórdia e amor.

Com um padrão tão alto quanto este, devemos seguir as orientações dos Santos Padres que tinham estas virtudes, para ficarmos livres da ilusão de que somos mais capazes e inteligentes do que eles ao interpretar a Sagrada Palavra de Deus.

Mas este trabalho foi feito pelos estudiosos protestantes? São estes degraus que nos ajudam a entender a história e seus significados obscuros, pois estes degraus estão de acordo com a Santa Tradição e devem ser usados.

Como São Gregório Nazianzeno disse sobre a literatura pagã:

"Assim como fazemos antídotos contra o veneno de certos répteis, devemos também fazer o mesmo contra a literatura secular de que recebemos princípios de dúvida e especulação, rejeitando assim sua idolatria..." [25]

Há muito tempo que impedimos a adoração dos falsos deuses do Individualismo, Modernismo, Vanglória Acadêmica, e há muito que reconhecemos os trabalhos que buscam levar luz à história e à lingüística da Bíblia, para que possamos entender a tradição perfeitamente. Mas os protestantes levam suas especulações além da dos textos canônicos, projetando idéias estranhas à Bíblia — quanto eles discordam da Santa Tradição, a Fé de sempre e todo lugar da Igreja, é claro que estão errados.

Se os protestantes pensam que isto é arrogante ou infantil, devemos considerar que eles pensam que são qualificados para cancelar (e normalmente, ignorar completamente) dois mil anos de ensinamento Cristão. Eles pensam que a aquisição de um título de P.H.D é capaz de dar mais perspicácia em relação aos mistérios de Deus, do que a sabedoria dos milhares de fiéis, Pais e Mães de Igreja, que serviam a Deus suportando torturas e martírios terríveis, e também zombarias e prisões devido à Fé? A arrogância está em suas mentes, pois eles não buscam aprender o que é realmente a Santa Tradição, e eles mesmos decidem o que é melhor, e agora todos acreditam que entendem a Bíblia realmente.

Conclusão

Talvez a Bíblia Sagrada seja o ápice da Santa Tradição da Igreja, mas a grandiosidade da elevada altura em que a Bíblia subiu depende da grande montanha em que ela está firmada. Retirada de seu contexto, da Santa Tradição, a pedra sólida da Bíblia torna-se uma mera bola de barro, que pode ser moldada facilmente por qualquer modelador que assim desejar. Não é nada honroso distorcer e abusar da Bíblia, mesmo que isso seja feito em nome de sua autoridade. Nós devemos ler a Bíblia; a Sagrada Palavra de Deus. Mas devemos entender sua mensagem com humildade, para sentarmos aos pés dos santos que foram "cumpridores da palavra e não apenas ouvintes" (Tiago 1:22), e que provaram durante suas vidas que mereciam interpretar a Bíblia. Permita-nos seguir àqueles que conheceram os Apóstolos, como Santo Ignácio da Antioquia e São Policarpo, quando tivermos alguma dúvida sobre os escritos dos Apóstolos. Permita-nos perguntar à Igreja, e não à nossa arrogância e auto-ilusão.

NOTAS DE RODAPÉ

18. A Cleveland Coxe, trans., Ante-Nicene Fathers, vol. i, The Apostolic Fathers with Justin Martyr and Irenaeus (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company, 1989), p 315.

19. Na verdade, um dos mais recentes volumes dos três da teologia sistemática, de Thomas Oden, está baseado na premissa de que o "consenso ecumênico" do primeiro milênio deve ser a norma para a teologia. [c.f. see, The Living God: Systematic Theology Volume One, (New York: Harper & Row, 1987), pp ix — xiv.]. Se Oden seguir sua metodologia corretamente, ele deve se converter à Ortodoxia.

20. The Holy New Martyr Archbishop Ilarion (Troitsky), Christianity or the Church? (Jordanville: Holy Trinity Monastery, 1985), p. 11.

21. Ibid., p. 16.

22. Ibid., p. 40.

23. São Vicente de Lerins, The Fathers of the Church vol.7, (Washington D.C.: Catholic University of America Press, 1949), pp. 269-271.

24. Santo Agostinho, "Em Doutrina Cristã" A Selected Library of the Nicene and Post-Nicene Fathers. series 1, vol. ii, eds. Henry Wace and Philip Schaff, (New York: Christian, 1887-1900), pp. 534-537.

25. São Gregório Nazianzeno, ""Oration 43, Panegyric on Saint Basil," A Selected Library of the Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, series 2, vol. vii, eds. Henry Wace and Philip Schaff (New York: Christian, 18871900), p. 398f."

FONTE:

Folheto Missionário número P106
Copyright © 2005 Holy Trinity Orthodox Mission
466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011
Redator: Bispo Alexandre Mileant
(sola_scriptura_john_whiteford_p.doc, 04-29-2005)  

ECCLESIA

Não é de hoje que a Igreja apoia campanhas de vacinação

Viacheslav Lopatin - Shutterstock

Um olhar para a história da Igreja ajuda a entender o posicionamento do Papa Francisco em relação à vacina contra a Covid-19.

site oficial do Vaticano publicou um esclarecedor artigo para mostrar que a preocupação da Igreja Católica em adotar cuidados para evitar epidemias e pandemias, como as campanhas de vacinação, é antiga.

O texto tem o claro objetivo de apresentar um olhar sobre a história, a fim de nos permitir entender melhor o posicionamento do Papa Francisco a favor das vacinas contra a Covid-19.

Campanha de vacinação contra a varíola

No artigo, Andrea Tonielli esclarece que já em 1822 o Estado Pontifício, governado por Pio VII, promoveu uma campanha maciça de vacinação compulsória contra a varíola:

“Entre o final do século XVIII e o início do século XIX, o crescimento da epidemia de varíola na Europa foi alarmante. Na Itália central houve um pico em 1820. O pontífice não ficou parado olhando. O cardeal secretário de Estado de Pio VII, na medida legislativa de 20 de junho de 1822, recentemente comentada por Marco Rapetti Arrigoni no breviarium.eu, preparou a campanha de vacinação tendo o Papa “ordenado a inoculação da vacina contra a varíola em seus Estados”.

De acordo com artigo, o “texto vacinal único” do Estado Pontifício definia a vacina como uma dádiva de Deus:

“Um meio enérgico dado pela Providência Divina como disposição ao Amor Paterno para salvar a prole no alvorecer da vida e na certeza das esperanças da família e da pátria, e era de se esperar que, uma vez superados os obstáculos, se espalhasse por toda a parte com maior rapidez”.

Entretanto, a campanha de vacinação não teve tanto sucesso. Isso ocorreu devido aos preconceitos e à falta de informação correta por parte da população.

A vacinação deixa de ser obrigatória

Em 1824, o sucessor de Pio VII, Leão XII, aboliu a obrigatoriedade da vacinação. A medida foi tomada no momento em que muitos diziam que os maçons queriam inocular o vírus da varíola através da vacina. Além disso, muita gente acreditava que a imunização tirava espaço do papel confiado por Deus à Mãe Natureza.

Entretanto, o sucessor de Leão XII, voltou a defender as campanhas de vacinação e instituiu a Congregação Especial da Saúde em 1834. Gregório XV ordenou a vacinação obrigatória para os detentos nas prisões do Estado Pontifício.

Vacinação e incentivos

No papado de Giovanni Maria Mastai Ferretti, o esforço de vacinação continuou.

Em 1848, Pio IX organizou uma campanha de vacinação com especial atenção aos pobres. O Papa Mastai também ofereceu um pequeno prêmio em dinheiro para quem, após ter sido vacinado gratuitamente, voltasse depois para que os médicos verificassem o sucesso da vacinação.

Clique aqui para ler o artigo completo.

Aleteia

Paróquia espanhola recupera Bíblia e cálices roubados há sete anos

Guadium Press
Após serem devolvidas para a Paróquia Nossa Senhora do Trânsito, as peças foram encaminhadas para a ourivesaria onde passarão por um processo de restauração.

Espanha – Madri (10/05/2021 15:55, Gaudium Press) Sete anos após terem sido roubados da Paróquia de Nossa Senhora do Trânsito, em Madri, Espanha, dois cálices e uma bíblia de Jerusalém foram recuperados pela polícia.

As peças foram roubadas no dia 7 de julho de 2014. Segundo denúncia feita pelo pároco de Nossa Senhora do Trânsito, Padre Antonio Fernández, na ocasião, “entraram na paróquia sem forçar as portas e reviraram a sacristia buscando claramente estas peças; foram com este objetivo”.

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Ladrão tentou vender a bíblia por 1.300 euros

Os objetos foram encontrados por um dos paroquianos que estavam procurando na internet mobílias usadas para sua casa. Foi quando se deparou com a oferta dos dois cálices e a bíblia. O ladrão tentou vender a bíblia por 1.300 euros.

Segundo a Arquidiocese de Madri, os cálices estão esculpidos em ouro com incrustações de pedras semipreciosas. Em um deles é possível ver reminiscências góticas. “Vendo este cálice e o que resta do tesouro visigótico de Toledo, a sua inspiração é clara”, assegurou o Padre Fernández.

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Peças recuperadas serão restauradas em ourivesaria

As capas da Bíblia, feitas de ouro e prata, contém pedras semipreciosas e mostram a crucificação do Senhor. Doze pérolas incrustadas representam os doze apóstolos. Na contracapa está esculpido o Cordeiro sentado com o livro da vida, tal como representado no livro do Apocalipse, em um típico estilo de arte bizantina.

Após serem devolvidas para a Paróquia Nossa Senhora do Trânsito, as peças foram encaminhadas para a ourivesaria onde passarão por um processo de restauração, pois algumas de suas pedras se soltaram, e o interior dos cálices apresenta grande deterioração. Apesar disso, o Padre Fernández manifestou sua alegria pela recuperação dos objetos sagrados. (EPC)

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Ser mãe no mundo indígena

Marcivana com a filha 

A mulheres indígenas são cuidadoras da vida e da cultura de geração em geração... Marcivana Sateré,Mawé mulher, mãe e liderança indígena.

Padre Modino, Silvonei José – Vatican News

O primeiro sateré mawé nasceu de Nuamuçabe, que além de gerar a vida é a cuidadora do paraíso. Trata-se de dois elementos interligados, que tem muita importância na vida de Marcivana Sateré,Mawé mulher, mãe e liderança indígena.

Os povos indígenas na Amazônia brasileira são numerosos, assim como as cosmovisões que fazem parte da sua história. Essa cultura tem sido transmitida de geração em geração, e quem faz isso são as mulheres, as mães e as avós. Marcivana diz lembrar da trajetória da sua avó, de quem aprendeu o papel da mulher na vida do povo Sateré mawé, descer ao rio, fazer canoa, ir para o roçado, cuidar do filho, repassar a cultura, a língua, os conhecimentos orais recebidos de outras mulheres.

Hoje, a realidade da mulher indígena é diferente, são muitas as que estão “na linha de frente, do movimento indígena, assumindo um papel importante nesse contexto político que nós temos hoje”, afirma a auditora no Sínodo para a Amazônia. Nesse ponto, ao pensar nas mães de hoje, lembra da mãe, “da minha mãe, que tinha esse pulso de guerreira”. Ela fala de “Sônia Guajajara, liderança da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que é mãe, Nara Baré, que está na coordenação da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), eu que estou à frente atualmente da COPIME (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), tantas outras lideranças mães que estão à frente das nossas organizações locais, mães que se juntam para fortalecer uma luta”.

Marcivana Sateré

Existe um elemento importante nas cosmovisões indígenas, ainda mais no universo feminino, que é o cuidado com a mãe Terra. Marcivana diz que “quando eu penso nas mães indígenas, também penso na mãe Terra, é um processo que se dá assim, a mãe indígena cuida da terra e a mãe Terra cuida das gerações que nascem das mães indígenas”.

Nessa cosmovisão do povo Sateré mawé, Nuamuçabe era a que cuidava da mãe Terra, que quando tem o filho, o filho volta ao seio da mãe Terra e a mãe Terra lhe dá vida novamente, gerando o povo Sateré mawé. É por isso que, no pensamento da liderança indígena, “não tem como falar de nós, mães indígenas, sem falar dessa relação que a gente tem com a outra mãe, com a mãe Terra”. Daí ela pensa “como nós hoje estamos nessa luta, de manter essa cultura para os nossos filhos, para as gerações futuras, e também de continuarmos cuidadoras da mãe Terra”.

As mães indígenas, segundo Marcivana, “a gente tem essa missão, do repasse cultural, repasse da luta, o repasse do entendimento político, desse entendimento de entender esse contexto que nós vivemos”. É por isso, que as mulheres indígenas vivem o Dia das Mães como um momento “muito significativo, no sentido de reconhecer essas mulheres como mães, mães de luta, mães guerreiras, mães que assumem um papel importante frente às organizações indígenas, mães que estão conquistando espaços, não apenas dentro do movimento indígena, mas em outros espaços, como a Joênia Wapicchana, que está ali como deputada federal”.

Marcivana Sateré

Mas como mãe indígena, Marcivana Sateré Mawé vê o futuro com preocupação. O fato de morar numa grande metrópole como Manaus, a faz ter “muita preocupação em relação à minha filha, como manter viva essa cultura numa cidade como é Manaus, como repassar para ela aquilo que minha avó, minha mãe, me repassaram, diante de um contexto tão diferente”. Ela afirma que “além de estar à frente desses grandes movimentos, a gente também tem esses desafios dentro de casa, porque a final somos nós que repassamos, somos nós mães, que mantemos essa cultura viva até os dias de hoje, são as mulheres as grandes responsáveis por isso”.

O Dia das Mães acontece num momento, afirma Marcivana Sateré Mawé, “num momento de muito ataque às mulheres indígenas, ataque constante”. Ela relata o acontecido com a Associação das Mulheres Mundurucu, no Pará, o ataque a Sônia Guajajara, consequência, segundo a liderança indígena, “que nós ocupamos um lugar importante dentro do movimento indígena”. O Dia das Mães chama muito a atenção, insiste Marcivana, “porque a mulher indígena tem muito essa função do cuidado, da proteção do território a da continuidade da nossa cultura para as gerações futuras”.

Marcivana Sateré em video conferência

Vatican News

Os Papas que peregrinaram a Fátima

Unitur

REDAÇÃO CENTRAL, 11 mai. 21 / 07:00 am (ACI).- Dos nove Pontífices que a Igreja teve desde a aparição de Nossa Senhora de Fátima em 1917, quatro foram ao Santuário mariano em Portugal, terra onde a Mãe de Deus falou aos três pastorinhos.

Paulo VI em Fátima

O primeiro foi São Paulo VI em 13 de maio de 1967, data em que o mundo celebrou os 50 anos da primeira aparição da Virgem de Fátima. “Queremos pedir a Maria uma Igreja viva, uma Igreja verdadeira, uma igreja unida, uma Igreja Santa”, disse o santo durante sua homilia diante de milhares de fiéis.

O segundo foi São João Paulo II que, em 13 de maio de 1982, ao completar um ano do atentado que sofreu na Praça de São Pedro, visitou Fátima para agradecer a Virgem por tê-lo protegido.

Retornou ao Santuário de Fátima em 1991 como agradecimento pelos 10 anos de ter sido “salvo” pela “mão materna” de Maria durante o atentado. E voltou mais uma vez no Jubileu do ano 2000, para beatificar os videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto.

“A mensagem de Fátima é um chamado à conversão, alertando a humanidade para que não siga o jogo do ‘dragão’… A meta última do homem é o céu, sua verdadeira casa, onde o Pai celestial, com seu amor misericordioso, espera todos”, assinalou o Papa peregrino naquela ocasião que contou com a presença de Irmã Lúcia, a terceira vidente.

Bento XVI em Fátima

Ao comemorar os 10 anos da beatificação dos pastorinhos, o Papa Bento XVI também peregrinou ao Santuário de Fátima em 13 de maio de 2010 e celebrou uma multitudinária Missa. O Pontífice advertiu que “se equivoca quem pensa que a missão profética de Fátima está acabada”.

“Nossa Mãe bendita veio do Céu oferecendo a possibilidade de semear no coração de todos os que se acolhem a ela o Amor de Deus que arde no seu coração. A princípio foram só três, mas o exemplo de suas vidas se difundiu e multiplicou em inúmeros grupos por toda a face da terra”, destacou.

https://youtu.be/jn9Fz0gwMiQ

Em 2017, ao celebrar o centenário das aparições da Virgem Maria aos três pastorinhos na Cova da Iria, o Papa Francisco peregrinou a Fátima, onde presidiu a celebração de canonização de dois dos videntes, os agora Santos Francisco e Jacinta Marto.

O Santo Padre chegou a Fátima no dia 12 de maio, à noite, o Papa rezou o Rosário com os fiéis pela paz no mundo e abençoou as tradicionais velas antes da procissão com a imagem de Nossa Senhora.

Francisco em Fátima

https://www.facebook.com/watch/?v=10154473433546846

No dia seguinte, o Pontífice presidiu a Santa Missa, na qual canonizou Santa Jacinta e São Francisco Marto. Durante a homilia, assegurou que Maria, “antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno” ao qual uma vida sem Deus leva, apareceu em Fátima a três pastorinhos para “lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre”.

Pois “é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, ‘mostrai-nos Jesus’”, afirmou.

https://www.facebook.com/watch/?v=10154475039861846

Nesta recontagem dos Pontífices que chegaram à Fátima, há dois que não foram incluídos porque peregrinaram ao Santuário antes de ser eleitos para a Sede de Pedro.

Em 13 de maio de 1956, o então Cardeal Roncalli (mais tarde Papa São João XXIII) presidiu as cerimônias da peregrinação pelo aniversário das aparições. Enquanto o Cardeal Albino Luciani (depois João Paulo I) esteve na Fátima em 10 de julho de 1977.

ACI Digital

O Papa institui o Ministério de Catequista

Papa Francisco | Vatican News

Foi publicado nesta terça-feira (11) o Motu proprio "Antiquum ministerium" com o qual Francisco institui o ministério de catequista: uma necessidade urgente para a evangelização no mundo contemporâneo, a ser realizada sob forma secular, sem cair na clericalização.

Isabella Piro – Vatican News

"Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente" são "as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo": assim escreve o Papa Francisco no Motu proprio "Antiquum ministerium" - assinado ontem, 10 de maio, memória litúrgica de São João de Ávila, presbítero e doutor da Igreja - com o qual institui o ministério de catequista. No contexto da evangelização no mundo contemporâneo e diante da "imposição de uma cultura globalizada", de fato, "é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese". Além disso o Pontífice enfatiza a importância de "um encontro autêntico com as gerações mais jovens", como também "a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja".

Um novo ministério, mas com origens antigas

O novo ministério tem origens muito antigas que remontam ao Novo Testamento: de forma germinal, é mencionado, por exemplo, no Evangelho de Lucas e nas Cartas de São Paulo Apóstolo aos Coríntios e aos Gálatas. Mas "toda a história da evangelização nestes dois milênios", escreve o Papa, "manifesta com grande evidência como foi eficaz a missão dos catequistas", que asseguraram que "a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano", chegando ao ponto de "até dar a sua vida" para este fim. Por isso desde o Concílio Vaticano II tem havido uma crescente consciência de que "a tarefa do catequista é da maior importância", bem como necessária para o "desenvolvimento da comunidade cristã". Ainda hoje, continua o Motu Proprio, "muitos catequistas competentes e perseverantes" realizam "uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé", enquanto uma "longa série" de beatos, santos e mártires catequistas "marcaram a missão da Igreja", constituindo "uma fonte fecunda para toda a história da espiritualidade cristã".

Transformar a sociedade através dos valores cristãos

Sem diminuir em nada a "missão própria do bispo, o primeiro catequista na sua diocese", nem a "responsabilidade peculiar dos pais" quanto à formação cristã de seus filhos, portanto, o Papa exorta a valorizar os leigos que colaboram no serviço da catequese, indo ao encontro "dos muitos que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã". É tarefa dos Pastores - destaca ainda Francisco - reconhecer "ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico".

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/
papa-francisco-motu-proprio-antiquum-
ministerium-catequista.html

Evitar formas de clericalização

Testemunha da fé, mestre, mistagogo, acompanhante e pedagogo, o catequista - explica o Pontífice - é chamado a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé desde o primeiro anúncio até a preparação para os sacramentos da iniciação cristã, incluindo a formação permanente. Mas tudo isso só é possível "através da oração, do estudo e da participação direta na vida da comunidade", para que a identidade do catequista se desenvolva com "coerência e responsabilidade". Receber o ministério laical de catequista, de fato, "imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada batizado". E deve ser desempenhado - recomenda Francisco - "de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização".

Congregação para o Culto Divino publicará Rito de Instituição

O ministério laical de catequista também tem "um forte valor vocacional" porque "é um serviço estável prestado à Igreja local" que requer "o devido discernimento por parte do bispo" e um Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicará em breve. Ao mesmo tempo - assinala o Pontífice - os catequistas devem ser homens e mulheres "de fé profunda e maturidade humana"; devem participar ativamente da vida da comunidade cristã; devem ser capazes de "acolhimento, generosidade e uma vida de comunhão fraterna"; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e "ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico".

O convite do Papa para as Conferências Episcopais

Por fim, o Papa convida as Conferências Episcopais a "tornarem realidade o ministério de catequista", estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço e em conformidade com o Motu proprio que poderá também ser recebido, "com base no próprio direito particular", pelas Igrejas Orientais.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF