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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

AS REALIDADES ESCATOLÓGICAS

Apologistas da Fé Católica

AS REALIDADES ESCATOLÓGICAS
As realidades últimas (εσχατον) são as realidades posteriores à vida terrena do homem e à história da humanidade. O mundo e o homem são obras de Deus, por Ele livremente criados’, a Ele ordenados numa teleologia sublime que, em última análise, não é outra coisa senão a história da salvação. O homem não termina sua existência metafísica com a morte, que é, ao contrário, o ingresso numa nova vida; e também o mundo, que foi feito espectador da maravilhosa providência de Deus Criador e Redentor, deverá ser transfigurado para transformar-se no cenário do próprio Deus, que irá consumar Seu ato de amor.
Há, portanto, duas escatologias: a humana, que começa com a morte de cada um de nós e com o cumprimento de seu destino na outra vida, e a cósmica, que inicia com o fim da história. Será, então, o fim dos tempos, quando Cristo Ressuscitado, vencedor da morte e do pecado, julgará a humanidade inteira e inaugurará definitivamente o Reino de Deus, onde não haverá nem lágrimas, nem morte, e Deus será tudo em todos: “Já não haverá noite e não terão mais necessidade de luz de lâmpada, nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os iluminará e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22,5).
A escatologia, última na ordem temporal, é também o objeto último da nossa Esperança, que dá sentido à vida cristã, que vive da Fé: “A Fé é a substância das coisas que  se esperam e prova das que não se veem” [Est autem fides sperandarum substantia rerum, argumentum non apparentium] (Hb 11,1). “Se é só para esta vida que temos posto nossa Esperança em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens” ( ICor 15,19). As realidades escatológicas não são, portanto, as últimas apenas em sentido histórico e temporal, mas também porque são a consumação definitiva da Obra da salvação e a coroa da vitória do amor de Deus pelos homens. Podemos, pois, distinguir:
1) Escatologia individual: morte, juízo, inferno, purgatório, paraíso. É o que comumente se chamam “os novíssimos”, termo derivado dos livros sapienciais: “Em todas as tuas obras lembra-se do teu fim [novíssima tua] e jamais pecarás” (Eclo 7,40).
2) Escatologia coletiva: ressurreição, juízo universal, fim da história em um novo céu e em uma nova terra (cf. Ap 21, 1.5).
3) Escatologia intermediária: chama-se o tempo que transcorre entre a morte do homem e a ressurreição final. A morte marca o destino definitivo para cada um dos homens: para os justos, a vida eterna; para os réprobos, a morte eterna; para os justos, ainda não inteiramente limpos, uma purificação prévia que os prepare para a vida eterna, isto é, o purgatório.
Como acontece com outras verdades reveladas, o Magistério da Igreja limitou-se a definir os pontos essenciais da Fé contra as heresias que foram surgindo no decorrer do tempo. Deste modo foi sendo explicitado, à luz da Sagrada Escritura e da Tradição, o núcleo mais simples dos primitivos símbolos da Fé: a eternidade da retribuição, inclusive para os ímpios (contra os origenistas); a vida eterna, como visão imediata de Deus, em dois sentidos: como ausência de um meio interposto à contemplação e como inexistência de um tempo transitório antes da visão (contra algumas tendências primitivas que retardavam a bem aventurança eterna); a necessidade de uma purificação para quem morre na graça de Deus, mas não se acha de todo purificado (contra os erros de alguns orientais e dos protestantes); a ressurreição do homem todo, não só a sobrevivência da alma, no fim dos tempos. Num ambiente impregnado de dualismo platônico, que considerava a ressurreição uma volta da alma ao cárcere do corpo, inaceitável diante de uma filosofia que desprezava a matéria, São Paulo reivindica a ressurreição como verdade revelada por Deus (cf. At 17,32). Este dualismo ressurgiu várias vezes na Idade Média, contra o qual a Igreja sempre defendeu a dignidade de toda a Criação material, principalmente do corpo humano. Nos tempos atuais, renascem tendências diametralmente opostas ao sentido da antropologia tradicional, que concebe o homem como um ser composto de corpo (material mortal) e alma (espiritual e imortal). Segundo os autores dessa tendência (C. Stange em 1925, K. Barth em 1940, H. Thielicke em 1946, E. Brunner e O. Cullman em 1953, P. Menoud em 1966, seguidos de alguns teólogos católicos), a antropologia tradicional, por eles chamada dualista, não é bíblica, mas helenística; e em nome do pensamento hebraico sustentam que o homem é uma unidade indivisível, que nasce, vive e morre inteiro, alma e corpo; a alma é, portanto, para eles, mortal e morreria com o corpo; enfim, morreria o homem todo. A ressurreição consistiria, para eles, numa nova criação de Deus: a recriação do homem novo no mesmo instante de sua morte, um homem obviamente espiritualizado.

É impossível conciliar estas teorias com o dogma católico da ressurreição, que supõe uma identidade pessoal e física com o homem terreno. Por isso, certos autores procuraram apoiar suas afirmações na hipótese da sobrevivência de um núcleo pessoal: nisto consistiria, para eles, a ressurreição no momento da morte. Mas esta solução leva necessariamente a suprimir a escatologia intermediária, que supõe a permanência da vida na alma depois da morte do corpo. O Magistério teve ultimamente que intervir também nesta questão.
Quanto à escatologia cósmica, é preciso dizer que a Igreja sempre defendeu a dignidade da matéria contra todo tipo de dualismo (platônico ou não): a matéria, pelo menos quanto ao corpo ressuscitado, tem uma herança eterna e, como parte do Corpo de Cristo unido à divindade, foi instrumento de salvação para toda a humanidade e cumprirá plenamente sua finalidade no homem escatológico’.
I. A RESSURREIÇÃO
São Paulo dá evidente testemunho, mais de uma vez, de que a ressurreição dos mortos é um tema primordial da Fé cristã, especialmente em I Cor 15; explica-se assim como os símbolos mais primitivos, que professam só as verdades essenciais da Fé, jamais deixam de afirmar a ressurreição dos mortos: o chamado símbolo ambrosiano, seja qual for a data de sua composição, já contém esta afirmação, que se acha também nos escritores cristãos do séc. II¹.
1) Carta Propter subitas de Clemente I(97?)

O mais antigo testemunho de Fé na ressurreição dos mortos, dado por um Papa, depois de São Pedro, está no seguinte fragmento da carta de São Clemente de Roma aos coríntios.24, 1-3. Consideremos, caríssimos, como o Senhor nos mostra continuamente a futura ressurreição [αναστασιν], da qual deu as primícias no Senhor Jesus Cristo, ressuscitando-Oεκ dos mortos [εκ νεκρων αvαστησας]. Vejamos, caríssimos, a ressurreição que se dá na sucessão do tempo. O dia e a noite nos oferecem um exemplo claro da ressurreição: adormece a noite, surge o dia; vai-se o dia, vem a noite.

2) Papiro de Dêr-Balyzeh
(séc. III?)
Este fragmento, encontrado em Dêr-Balyzeh e composto em meados do séc. VI, descreve a liturgia vigente em pelo menos dois séculos, mas o símbolo é muito mais primitivo, como se vê pela sua extrema simplicidade e por seu reduzido número das verdades de Fé.
TEXTO: G. ROBERTS-B. CAPELLE, An early Euchologion, Louvain, 1940, 32.
 Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, e em Seu Filho 2 Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, e no Espírito Santo, e na ressurreição da carne [εις σαρκος αναστασι], [e na] Santa Igreja Católica.
3) I Concílio de Nicéia (I ecumênico) Símbolo da Fé
(19/06/325)

4) Símbolo de Epifânio
(374)
Deve-se notar neste símbolo a insistência na identidade do Corpo glorioso do Senhor com o Corpo que padeceu na Cruz.

5) I Concílio de Constantinopla (II ecumênico) Símbolo da Fé
(381)

6) Fides Damasi (séc. V?)
De origem obscura, no passado foi atribuído ao Papa São Dâmaso ou a São Jerônimo, mas hoje geralmente se pensa que tenha provindo das Gálias e que foi composto em fins do séc. V. Uma peculiaridade deste símbolo é que, ao falar da ressurreição, afirma tratar-se “do mesmo corpo no qual agora vivemos”; esta precisão será acolhida nos símbolos posteriores, sem, no entanto, jamais se definir o que seja necessário para que o corpo ressuscitado possa ser numericamente o mesmo.
TEXTO: A. E. BURN, An Introduction to the Creeds and to the Te Deum, London, 1899, 245-246.

No fim dos tempos o Filho desceu do Pai para nos salvar e para cumprir as Escrituras, mas sem jamais deixar de estar com o Pai, e foi concebido por obra do Espírito Santo, e nasceu da Virgem [Maria], assumiu a carne, a alma e a inteligência, isto é, uma humanidade completa [perfectum suscepit hominem], e sem deixar de ser o que era começou a ser o que não era [nec amisit, quod erat, sed coepit esse, quod non erat], de tal modo que é perfeito na Sua natureza e verdadeiro na nossa [ut perfectus in suis sit et verus in nostris]. Porque Aquele que era Deus nasceu como homem, e Aquele que nasceu como homem age como Deus, e Aquele que age como Deus morre como homem, e Aquele que morre como homem ressurge como Deus [Nam qui Deus erat, homo natus est, et qui homo natus est, operatur ut Deus; et qui operatur ut Deus, ut homo moritur; et qui ut homo moritur, ut Deus resurgit]. Ele, tendo vencido o império da morte, ressuscitou ao terceiro dia com a Carne na qual nasceu, padeceu e morreu, subiu ao Pai e está sentado à Sua direita na glória que sempre teve e tem. Cremos estarmos purificados na Sua morte e no Seu sangue (cf. I Jo 1,7) e que devemos ser por Ele ressuscitados, no último dia, nesta carne em que agora vivemos [in hac carne, qua nunc vivimus], e temos a Esperança de que por Ele alcançaremos a vida eterna como prêmio por nossas boas obras, ou a pena do suplício eterno pelos pecados. Lê estas coisas, recorda-as e submete a tua alma a esta Fé, e por Cristo Senhor obterás a vida e a recompensa.
7) Símbolo Quicumque
(?)
Este símbolo, chamado Quicumque por sua palavra inicial, ou atanasiano porque até o séc. XVII era atribuído a Santo Atanásio, circulou nas Igrejas do Oriente e do Ocidente como legítima expressão da Fé universal, com uma autoridade comparável só ao Símbolo dos Apóstolos ou ao de Nicéia, e foi inserido também no breviário. É certamente posterior ao I Concílio de Constantinopla (381), mas anterior ao IV de Toledo (633), que o menciona. O verdadeiro autor é desconhecido: além de Santo Atanásio, foram propostos como autores Santo Hilário de Poitiers (+367), Santo Ambrósio de Milão (†397), Nicetas de Remesiana (t c.414), São Vicente de Lérins († antes de 450), São Fulgêncio de Ruspe (+532), São Cesário de Arles (†541) e muitos outros.

8) I Concílio de Braga
(01/05/561)
O Concílio de Braga estava decidido a erradicar os últimos resquícios do priscilianismo, que, entre outras coisas, negava a ressurreição dos corpos, contrária aos seus pressupostos maniqueístas sobre a origem demoníaca da matéria; da ressurreição, portanto, devia o concílio tratar.
9) XI Concílio de Toledo (7.11.675)
Este concílio não foi universal, mas dele recebemos uma profissão de Fé que é considerada ainda hoje um documento dogmático de primeira ordem para a precisão com que é expressa a Fé católica. Depois dos mistérios da Santíssima Trindade e da Encarnação do Verbo, toca no dogma da ressurreição dos mortos, em conexão com a Ressurreição de Cristo. A insistência na identidade entre corpo ressuscitado e corpo terreno mostra que já naquele tempo havia quem imaginasse a ressurreição de modo heterodoxo, como se ressuscitasse só um núcleo espiritual e incorpóreo.
TEXTO: Msi 11, 136-137. J. MADOZ, “Le Symbole du XI concile de Tolède”: Spicilegium sacrum Lovaniense 19(1938) 25-26.

 Por este nosso exemplo [capitis nostri] confessamos, portanto, que há uma verdadeira ressurreição da carne de todos os mortos [confitemur veram fieri (al. vera fide) resurrectionem carnis omnium mortuorum]; e não cremos, como deliram alguns, que ressuscitaremos numa carne incorpórea [aérea] ou numa outra carne qualquer, mas, sim, nesta em que vivemos, subsistimos e nos movemos [sed in ista, qua vivimus, consistimus et movemur]. Consumado o modelo desta santa Ressurreição, o mesmo Senhor e Salvador Nosso voltou em Sua Ascensão ao trono paterno, do qual, em razão da divindade, nunca Se separara. Sentado aí à direita do Pai, é esperado no final dos tempos como Juíz dos vivos e dos mortos. Daí virá com os santos anjos e os homens [santos] para julgar e dar a cada um o devido segundo o próprio mérito, de acordo com o que cada um fez quando ainda estava no corpo, seja o bem, seja o mal (cf. II Cor 5,10).
Cremos que a Santa Igreja Católica, conquistada com o preço do Seu sangue, há de com Ele reinar para sempre. Formados em seu seio, cremos e confessamos que há um só Batismo para a remissão de todos os pecados. Nesta Fé cremos verdadeiramente na ressurreição dos mortos [et resurrectionem mortuorum veraciter credimus] e esperamos as alegrias do mundo futuro. Só uma coisa devemos pedir e nela insistir: que quando o Filho, uma vez feito e concluído o juízo, “entregar o Reino a Deus [e] Pai” (I Cor 15,24), nos faça participantes do Seu Reino, para que, por esta Fé, pela qual a Ele aderimos, com Ele reinemos eternamente. Esta é a confissão e exposição da nossa Fé, pela qual se destrói a doutrina de todos os hereges, pela qual se purificam os corações dos fiéis, pela qual, enfim, se sobe a Deus na glória por todos os séculos dos séculos. Amém.
10) Carta Congratulamur vehementer de Leão IX
(13/04/1053)
A carta que o Papa enviou a Pedro III, quando em Constantinopla foi sagrado bispo da Sé de Antioquia (1052), contém uma profissão de Fé em resposta àquela que o novo bispo havia escrito ao Papa, como de costume, em comunhão com a Sé Apostólica. Foi redigida, sem dúvida, pelo Cardeal Humberto e é muito semelhante à dos Statuta Ecclesiae antiqua, que serviu de base, no Concílio de Lyon de 1274, à profissão de Fé de Miguel Paleólogo.

TEXTO: Msi 19, 622; C. WILL, Acta et scripta quae de controversiis Ecclesiae Graecae et Latinae saec. XI composita exstant, Leipzig, 1861, 170-171.
 Creio que a Santa, Católica e Apostólica é a única Igreja verdadeira, na qual se dá o único Batismo e a verdadeira remissão de todos os pecados. Creio também na verdadeira ressurreição desta carne [veram resurrectionem eiusdem carnis], que agora trago comigo, e na vida eterna.
11) Carta Eius exemplo de Inocêncio III (18/12/1208)
Entre os muitos documentos de Inocêncio III selecionamos um trecho da profissão de Fé enviada ao arcebispo de Tarragona para ser assinada por Durando de Huesca e seus adeptos [os valdenses], profissão que insiste na identidade do corpo glorioso com o corpo mortal, testemunhando também a escatologia intermediária.
TEXTO: PL 215, 15.
 Cremos de coração e professamos com a boca [Corde credimus et ore confitemur] a ressurreição desta carne que trazemos conosco e não de outra [huius carnis, quam gestamus, et non alterius resurrectionem]. Cremos, pois, firmemente e afirmamos que seremos julgados por Jesus Cristo e que cada um receberá ou a pena ou o prêmio pelo que tiver feito neste corpo [in hac carne]. Cremos que as esmolas, o sacrifício e as outras boas obras podem ser proveitosas aos fiéis defuntos.

12) IV Concílio de Latrão (XII ecumênico) (novembro de 1215)
O concílio deu a público uma profissão de Fé que repete as afirmações do documento anterior: foi presidido, de fato, pelo próprio Papa Inocêncio III.

¹Citamos, entre outros, SÃO JUSTINO, De resurrectione: PG 6, 1572-1592 (obra que deve ser considerada autêntica depois do estudo de P. PRIGENT, Justin et l’Ancien Testament, Paris, 1964); SANTO IRINEU, Adversus haereses 5, 3-4: PG 7, 1128-1134; ATENÁGORAS, De resurrectione mortuorum: PG 6, 973-1024 (segundo B. ALTANER, Patrologia, Edições Paulinas, São Paulo, 1972, p. 84, “é sem dúvida a melhor obra escrita dos antigos sobre a ressurreição”).

Fonte: Apologistas da Fé Católica

O Papa após a operação: "Nunca passou pela minha cabeça renunciar"

Papa Francisco entrevistado por Carlos Herrera da Rádio
espanhola Cope (COPE) 

Francisco foi entrevistado por Carlos Herrera da Rádio COPE. Pela primeira vez ele fala sobre a cirurgia em julho e também aborda temas como o Afeganistão, China, eutanásia, reforma da Cúria.

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

Da operação no cólon a que foi submetido no último dia 4 de julho na Policlínica Gemelli - e suas atuais condições de saúde -, à crise no Afeganistão e à preocupação com a população. Depois o diálogo com a China, o ponto de vista sobre a eutanásia e o aborto, ambos símbolos daquela "cultura do descarte" que sempre foi denunciada, o julgamento no Vaticano e, por fim, os desafios do seu pontificado como a reforma do A Cúria e a luta contra a corrupção e a pedofilia. Pontificado que, tendo chegado quase ao nono ano, ao contrário de boatos que circulam na mídia italiana e argentina, não será interrompido antes do previsto: "Nunca me passou pela cabeça renunciar".

A entrevista que o Papa Francisco concedeu no último final de semana à Rádio Cope, emissora da Conferência Episcopal Espanhola, dura uma hora e meia. Esta é a primeira entrevista após a cirirgia de estenose diverticular e também a primeira para uma rádio na Espanha.

A saúde após a operação no Gemelli

Em entrevista ao jornalista Carlos Herrera, sob o olhar da imagem tão cara ao Pontífice de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, colocada no hall da Casa Santa Marta, o Papa fala de temas da atualidade e não se esquiva das perguntas mais pessoais. A começar pela pergunta mais simples, mas, neste momento de recuperação pós-operatória, a mais importante: “Como o senhor está?”.

“Ainda estou vivo”, responde Francisco com um sorriso. E conta que a sua vida foi salva por um enfermeiro do serviço de saúde da Santa Sé, “um homem com mais de 30 anos de experiência”, que insistiu na cirurgia: “Ele salvou a minha vida! Disse-me: 'Deve fazer uma operação'”. E isso, apesar do parecer contrário de alguns que sugeriram um tratamento "com antibióticos". A insistência do enfermeiro, em vez disso, mostrou-se providencial, visto que a cirurgia revelou um quadro necrótico: agora, após a operação, revela Francisco, "tenho 33 centímetros a menos de intestino". Fato, entretanto, que não o impede de levar uma vida "totalmente normal". “Posso comer de tudo” e, tomando os “remédios adequados”, manter a agenda lotada: “Hoje, audiência toda a manhã, toda a manhã”. Agenda que inclui também a viagem à Eslováquia e à Hungria de 12 a 15 de setembro próximo, a 34ª de seu pontificado.

"Renúncia? Nunca pensei nisso"

Ainda falando da própria saúde, o Papa desmente categoricamente as especulações de alguns jornais italianos e argentinos sobre uma possível renúncia ao pontificado. Questionado a este respeito, Francisco afirma: "Nunca me passou pela cabeça ... Não sei de onde tiraram a ideia de que eu renunciaria!". Com um toque de ironia, o Papa também explica que veio a saber de tais notícias muito depois: "Disseram-me também que na semana passada estava na moda. Eva (Fernández, correspondente da Cope para a Itália e o Vaticano, ndr ) disse-me ... e eu disse a ela que não fazia ideia, porque aqui só leio um jornal de manhã, o jornal de Roma. Eu o leio porque gosto da forma como é apresentado um título, o leio rapidamente e pronto, não me deixo envolver no jogo. Eu não assisto televisão. E recebo, sim, mais ou menos, um relato das notícias do dia, mas descobri muito mais tarde, alguns dias depois, que havia algo sobre minha renúncia. Sempre que um Papa está doente, há sempre uma brisa ou um furacão de Conclave”.

Papa Francisco com jornalistas da Radio Cope,
Carlos Herrera e Eva Fernández
A crise no Afeganistão

Amplo espaço na entrevista é dedicado à crise no Afeganistão, ferido pelos recentes ataques kamikaze e pela sangria de cidadãos após a tomada do poder pelo Talibã. “Uma situação difícil”, observa o Papa Francisco, que não entra em detalhes sobre os esforços que a Santa Sé vem realizando no plano diplomático para evitar represálias contra a população, mas elogia o trabalho da Secretaria de Estado. “Estou certo de que está ajudando ou pelo menos oferecendo ajuda”, afirma, definindo o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, como “o melhor diplomata que já conheci”: “Um diplomata que acrescenta, não um daqueles que subtrai, quem está sempre procurando, um homem de acordo”.

O Papa cita a seguir a chanceler alemã Angela Merkel, "uma das grandes figuras da política mundial", em seu pronunciamento de 20 de agosto em Moscou: "É necessário colocar um fim na política irresponsável de intervir do exterior e construir a democracia em outros países, ignorando as tradições do povo”. “Incisivo… mas percebi um senso de sabedoria diante das palavras dessa mulher”, afirma Francisco. E, quando questionado a este respeito, define a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão como "lícita", após vinte anos de ocupação, mesmo se "o eco que existe em mim seja outra coisa", nomeadamente o fato de "deixar o povo afegão ao seu destino”. Para o Papa, de fato, o problema a ser resolvido é outro: "Como desistir, como negociar uma saída". “Pelo que vejo - diz ele na entrevista - nem todas as eventualidades foram levadas em consideração aqui, ao que parece, não quero julgar, nem todas as eventualidades. Não sei se haverá uma revisão ou não, mas certamente houve muito engano talvez por parte das novas autoridades. Eu falo em engano ou muita ingenuidade, não entendo”.

Diálogo com a China: este é o caminho a seguir

Do Afeganistão, o olhar permanece na Ásia, mas se desloca para a China e ao acordo sobre nomeação dos bispos renovado por mais dois anos. “Há quem insista para que o senhor não renove o acordo que o Vaticano assinou com aquele país, porque põe em perigo a sua autoridade moral”, observa o jornalista. “A China não é fácil, mas estou convencido de que não devemos renunciar ao diálogo”, responde o Papa. “Pode-se enganar no diálogo, pode-se cometer erros, tudo isso ... mas é o caminho a seguir. Mas é o caminho a seguir. O que foi alcançado até agora na China foi pelo menos o diálogo ... algumas coisas concretas como a nomeação de novos bispos, lentamente ... Mas esses são passos que podem ser discutidos ​​e os resultados de uma parte ou de outra.

A inspiração do Cardeal Casaroli

Para o Papa, o ponto de referência e inspiração é o cardeal Agostino Casaroli, por muito tempo secretário de Estado durante o pontificado de João Paulo II, já com João XXIII "o homem encarregado de construir pontes com a Europa Central". O Pontífice cita "um belíssimo livro", O martírio da paciência, no qual o purpurado narra suas experiências nos países comunistas: "Foi um pequeno passo atrás do outro, para construir pontes ... Lentamente, lentamente, lentamente, foi conseguindo reservas de relações diplomáticas que no final significava nomear novos bispos e cuidar do povo fiel de Deus. Hoje, de alguma forma, devemos seguir passo a passo os caminhos do diálogo nas situações mais conflituosas”. A experiência com o Islã, com o Grande Imame Al-Tayyeb, foi muito positiva em muitos aspectos: “O diálogo, sempre o diálogo ou disponibilidade ao diálogo”.

Papa Francisco na entrevista aos jornalistas da COPE
Os desafios do pontificado

E o diálogo é uma das pedras angulares desses oito anos de pontificado que o Papa Francisco recorda na entrevista. A começar pela eleição de 13 de março de 2013, totalmente inesperada ("vim aqui com uma valise"), passando pelos vários desafios sempre enfrentados com o objetivo de concretizar o que foi acordado pelos cardeais nas reuniões pré-Conclave, tudo resumido na Evangelii Gaudium: “Penso que ainda existam diversas coisas a serem feitas, mas nada foi inventado por mim. Estou obedecendo ao que foi estabelecido no tempo devido”.

"Pequenos ajustes" na Cúria Romana

A reforma da Cúria Romana, novos avanços na transparência das finanças vaticanas e a prevenção de casos de abusos dentro da Igreja são as três questões nas quais Jorge Mario Bergoglio está trabalhando intensamente. Sobre a reforma da Cúria, o Papa assegura que "está andando passo a passo e bem" e revela que neste verão ele estava prestes a terminar de ler e assinar a nova constituição apostólica "Praedicar Evangelium", cuja publicação foi, no entanto, atrasada "por causa da minha doença". O documento, por sua vez, explica o Pontífice, "não conterá nada de novo em relação ao que vemos agora", apenas algumas fusões de Dicastérios, como a Educação Católica com o Pontifício Conselho para a Cultura e o Dicastério da Nova Evangelização que se unirá à Propaganda Fide. "Pequenos ajustes", explica o Papa.

O julgamento no Vaticano

A luta contra a corrupção nas finanças vaticanas continua a ser uma luta importante. "Foram feitos progressos na consolidação da justiça no Estado do Vaticano", diz o Pontífice, e isto permitiu "que a justiça fosse mais independente, com meios técnicos, também com testemunhos registrados, coisas técnicas atuais, a nomeação de novos juízes, novos promotores...". A referência é também para o maxi julgamento que começou em 27 de julho passado no Vaticano pelos atos ilícitos realizados com os fundos da Secretaria de Estado, que vê entre os dez réus o ex-substituto da Secretaria de Estado, o cardeal Angelo Becciu. Francisco, lembrando que todo o caso começou com as queixas de duas pessoas que trabalhavam no Vaticano e que viram irregularidades em seu trabalho, reiterou que ele não tem "medo da transparência ou da verdade". Às vezes dói muito, mas a verdade é o que nos liberta". Quanto a Becciu, cujas prerrogativas e direitos como cardeal ele revogou, explica que o cardeal havia sido julgado porque a lei do Vaticano assim o prevê: "Quero que ele seja inocente de todo o meu coração. Ele foi um colaborador meu e me ajudou muito. Ele é alguém por quem eu tenho uma certa estima como pessoa, então meu desejo é que ele se saia bem. Mas é uma forma afetiva da presunção de inocência... Além da presunção de inocência, eu quero que ele se saia bem. Agora cabe aos tribunais decidirem”.

Luta contra a pedofilia, apelo aos governos contra a pornografia infantil

O Papa também fala de justiça no que diz respeito ao flagelo da pedofilia. Quando perguntado sobre isto, ele primeiro elogia o cardeal Sean O'Malley, presidente da Comissão para a Proteção de Menores, por sua "coragem" e por todo o trabalho feito contra este crime desde quando era arcebispo de Boston, depois lança um forte apelo internacional aos governos para agirem e reagirem contra a pornografia infantil, "um problema global e grave". "Às vezes me pergunto como alguns governos permitem a produção de pornografia infantil. Que não digam que não sabem. Hoje, com os serviços secretos, sabemos tudo. Um governo sabe que em seu país se produz pornografia pedófila. Para mim, esta é uma das coisas mais monstruosas que eu já vi”.

Eutanásia, sinal da "cultura do descartável

Com igual vigor, o Papa também aborda a questão da eutanásia, à luz das recentes leis aprovadas na Espanha. A legalização desta prática é um sinal da "cultura do descartável" que agora permeia as sociedades modernas: "O que é inútil é descartado". Os idosos são descartáveis: eles são um incômodo. Também os doentes terminais; até mesmo as crianças indesejadas, e elas são enviadas ao remetente antes de nascerem", afirma. É aquela "cultura do descarte", denunciada desde o início do pontificado, que tem um grande impacto sobre o "inverno demográfico" do Ocidente e que afeta particularmente países como a Itália, onde a idade média é de 47 anos. "A pirâmide se inverteu... A cultura demográfica está com prejuízo porque olha para o lucro. Olha para o da frente... e às vezes usando a compaixão! O que a Igreja pede é que se ajude as pessoas a morrerem com dignidade. Ela sempre o fez", comenta Francisco. Ele não deixa de estigmatizar o aborto mais uma vez: "Diante de uma vida humana, eu me faço duas perguntas: é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema? É correto contratar um assassino para resolver um problema?".

A esperança de estar em Glasgow para Cop26

O Papa também fala de abusos com relação à criação, uma de suas mais profundas preocupações, amadurecida nestes anos de pontificado. Francisco espera estar presente na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) que será realizada de 1º a 12 de novembro em Glasgow: "Em linha de princípio, o programa é que eu vá. Tudo depende de como eu me sinta naquele momento. Mas, na verdade, meu discurso já está sendo preparado, e o programa é de estar presente lá".

O motu proprio “Tratitionis Custodes”

O foco da entrevista muda então para o motu proprio Traditionis Custodes, que regula as missas em latim e que neste verão despertou algumas controvérsias nos setores eclesiásticos mais conservadores. O Papa responde a uma pergunta sobre o assunto elencando a cronologia que levou à assinatura do documento: "A história de Traditionis Custodes é longa. Quando Bento XVI tornou possível celebrar com o missal de João XXIII (anterior ao de Paulo VI, que é pós-conciliar) para aqueles que não se sentiam à vontade com a liturgia atual, que tinham uma certa nostalgia... pareceu-me uma das mais belas e humanas ações pastorais de Bento XVI, que é um homem de uma extraordinária humanidade. E assim começou. Esta foi a razão". “A preocupação" - reitera o Papa, como no texto que acompanha o motu próprio -, “que mais aparecia era que algo feito para ajudar pastoralmente aqueles que tinham vivido uma experiência anterior, se transformasse em uma ideologia. Em outras palavras, uma coisa pastoral transformada em uma ideologia. Por isso tivemos que reagir com regras claras... Se você ler bem a carta e o decreto, você verá que esta é simplesmente uma reorganização construtiva, com cuidado pastoral e evitando excessos".

Recomendações ao Dicastério para a Comunicação

Na entrevista com a Cope, também é mencionada a visita de 24 de maio último ao Dicastério para a Comunicação do Vaticano e as palavras de encorajamento, mas também de chamada de atenção dirigidas aos funcionários da mídia do Vaticano. "Foi uma reprimenda", pergunta o jornalista. "A reação me divertiu", explica o Papa, "eu disse duas coisas". Primeiro, uma pergunta: quantas pessoas leem o L'Osservatore Romano? Eu não disse se é lido muito ou pouco. Uma pergunta. Eu acho legítimo perguntar isso, não? E a segunda pergunta, que era mais temática, (eu a fiz) quando, depois de ver todo o novo trabalho de união, o novo organograma, a funcionalização, falei da doença dos organogramas, que dá a uma realidade um valor mais funcional do que real. E digo: com toda essa funcionalidade, que é funcionar bem, não devemos cair no funcionalismo. O funcionalismo é o culto dos organogramas sem levar em conta a realidade. Parece que alguém não entendeu estas duas coisas que eu disse, ou talvez alguém não tenha gostado, ou não sei o quê, e interpretou isso como uma reprovação. É uma coisa normal, é uma pergunta e um aviso. Sim... Talvez algumas pessoas tenham ouvido dizer algo, e .... Acho que o Dicastério é muito promissor, é o Dicastério com o maior orçamento da Cúria no momento, é liderado por um leigo - espero que em breve haja outros liderados por um leigo ou uma leiga - e que está decolando com novas reformas. L'Osservatore Romano, que eu chamo de 'o jornal do partido', fez grandes progressos e o esforço cultural que está fazendo é maravilhoso".

A família, o futebol, as lágrimas

Ao final da entrevista, outras questões eclesiais são abordadas, como, por exemplo, o caminho sinodal na Alemanha, para o qual o Papa recorda sua carta de junho de 2019, bem como questões internacionais como a independência da Catalunha e as políticas migratórias, para as quais o Pontífice argentino reitera a fórmula dos quatro verbos: "Acolher, proteger, promover, integrar". O Papa não se esquiva de perguntas mais pessoais sobre temas como sua relação com sua família, em particular com sua avó Rosa, seu apoio ao time de futebol San Lorenzo, seu sentimento de ser "um pecador que tenta fazer o bem". O Papa Francisco revela que não é um homem de lágrimas fáceis, embora seja verdade que algumas situações lhe causam tristeza, e confessa que o que ele mais sente falta dos tempos de Buenos Aires é "andar de uma paróquia a outra" ou os densos dias nebulosos do outono argentino enquanto escuta a música do compositor argentino Astor Piazzolla. "Eu gostaria de andar pela rua, mas tenho que me conter, porque não poderia andar dez metros".

Fonte: Vatican News

O PODER DE JESUS DE NAZARÉ

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Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo Metropolitano de Pelotas (RS)

Talvez possa até ser, que existam pessoas que negam simplesmente o poder de Deus, porque elas não suportam, elas mesmas serem deus e ter o seu poder? Formulando um pouco diferente: Elas mesmas querem ser deuses e senhores, querem ter todo o poder, querem a sua própria lei. Mas, não é isso propriamente que caracteriza viver em um “sistema de ilusão”? Quando Raymond Kurzweil, Director of Enginnering da Google, uma vez foi perguntado, se existia Deus, ele respondeu: “Ainda não!” A resposta esconde a profunda e ardente saudade das pessoas de “brincar de Deus” e de “poder fazer tudo tecnicamente”. Tanto faz, “brincando de deus” e “podendo fazer tudo tecnicamente”, quais são as consequências.

De fato, a humanidade estava caminhando a passos largos para ser dona de todo o poder. A pandemia da COVID19, porém, balanceou a “solidez” desse poder. O coronavírus veio, com uma enxurrada tal, que a sua “solidez” se tornou “líquida”.

Existe um poder que não foi afetado? Na resposta a essa indagação, vou seguir um relativo fácil Procedere: Olho a série das grandes pessoas da história mundial que exerceram o poder – aqueles que o filósofo Karl Jaspers chamou de “pessoas determinantes” (que determinaram a história). Seus poderes ou findaram ou desapareceram. No final das contas sobrou apenas uma pessoa: Jesus de Nazaré, o qual, no último capítulo do Evangelho de Mateus, afirma de si mesmo: “Foi me dado todo o poder no céu e na terra”! (Mt 28,18). De onde vem, este “diferenciado poder”, com o qual Jesus de Nazaré, já agora mais de 2000 anos, inexoravelmente age na história?

Não é o poder de reinos terrenos com capital, com massas, com ideologias, com armas, com doutrinações, com seduções…, em palavras simples, reinos que estão em busca de apenas “ter mais, poder mais e chorar menos”. Reinos que visam tão somente acumular mais, se apoderar mais e se aproveitar mais. Reinos nos quais “é melhor comprar do que rezar”. O poder destes reinos é destruidor.

O poder de Jesus de Nazaré é de outro formato. Ele constitui-se pelo fato de Ele próprio ser “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). O “Caminho” para ser mais e não apenas ter mais, a “Verdade” para servir mais e não apenas poder mais e a “Vida” para amar mais e não apenas aproveitar-se mais. Este é o Reino irrompido em Jesus de Nazaré, no qual “é melhor rezar do que comprar”. O poder deste Reino é salvador.

O poder salvador de Jesus de Nazaré esteve, está e sempre estará presente nas comunidades formadas por pessoas que na liberdade se unem e vivem o seu dia-a-dia segundo o Sermão da Montanha (Mt 5-7). Outra salvação para a humanidade não existe! Já foi praticamente tudo experimentado, e só para citar alguns experimentos: o egoísmo, que se coloca a si mesmo no centro do mundo e sempre se pergunta: “o que é bom para mim? o hedonismo, que acha que a felicidade do ser humano está na adrenalina do momento em utilizar e consumir; o individualismo, que diz: “cada um para si mesmo e não confie em ninguém!”; o coletivismo que converte as pessoas em massa e as forçam para a sua felicidade. E a lista continua.

Os séculos 19 e 20 foram, de modo intenso, uma plêiade incessante de experimentos de poder no sentido de oferecer o melhor para a salvação da humanidade. Porém, o que constatamos: todos esses experimentos continuaram e até aumentaram as consequências da miséria e da morte sem igual de milhões. Que poder é este que deixa “caminhos, verdades e vidas” que produzem a miséria e matam milhões de seres humanos? Talvez seja a hora de experimentar o poder de Jesus de Nazaré – “o Caminho, a Verdade e a Vida” que tem como unicamente a proposta viver o seu “Sermão da Montanha” em comunidades livres, fraternas, mansas, pacíficas, justas e misericordiosas.

Jesus de Nazaré trouxe, traz e trará a verdadeira salvação e isso é o seu “poder”!

Fonte: CNBB

Igreja no Brasil celebra 50 anos do Mês da Bíblia

Santuário de Caeté, onde será celebrada missa de abertura do
Mês da Bíblia / Foto: Wikimedia (domínio público)

REDAÇÃO CENTRAL, 31 ago. 21 / 12:27 pm (ACI).- Começa nesta quarta-feira, 1º de setembro, o Mês da Bíblia, que este ano completa 50 anos de sua realização na Igreja no Brasil. Para dar início à comemoração, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz uma programação que inclui missa, leitura orante e mesa redonda.

O Mês da Bíblia surgiu em 1971, na arquidiocese de Belo Horizonte (MG), por ocasião da celebração do seu cinquentenário. As Irmãs Paulinas, através do Serviço de Animação Bíblica (SAB) deram o primeiro impulso. Depois, a CNBB transformou o mês da Bíblia em uma proposta nacional. Segundo a CNBB, este mês temático tem o objetivo de contribuir para o “desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia na ação evangelizadora da Igreja no Brasil, criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades”.

Nesta 50ª edição, o Mês da Bíblia no Brasil tem como tema a Carta de São Paulo aos Gálatas e o lema “todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d). “Pedimos a todas as dioceses, paróquias, comunidades que possam se debruçar no livro escolhido que é a Carta de São Paulo aos Gálatas, como estudo e aprofundamento, e ao mesmo tempo celebrar e agradecer a Deus pelos 50 anos do Mês da Bíblia”, disse ao site da CNBB padre Jânison de Sá, assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada.

A programação de abertura do mês da Bíblia nesta quarta-feira começará com a missa celebrada pelo presidente da CNBB e arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, no santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG). A celebração será transmitida por emissoras de inspiração católica e pelo Facebook e Youtube da CNBB.

À tarde, às 17h, o arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico Catequética da CNBB, dom José Antônio Peruzzo, conduzirá uma edição especial do programa Leitura Orante, na TV Evangelizar. E, às 20h, será realizada uma mesa redonda com a participação do secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Joel Portella Amado, o arcebispo de Curitiba, dom José Peruzzo, e presidente da obra Evangelizar é Preciso, padre Reginaldo Manzotti. O evento será transmitido por emissoras de inspiração católica.

Fonte: ACI Digital

A esponsalidade de Cristo nas outras cartas paulinas

"Amor e autodoação de Cristo caracterizam o processo salvífico
proclamado pela fé tradicional da Igreja"   (AFP or licensors)

“A união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja”. O amor de Cristo pela Igreja, como modelo para o amor dos esposos, é único no Novo Testamento.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem defeitos.” Padre Gerson Schmidt* tem nos apresentado uma série de programas sobre a esponsalidade de Cristo com a Igreja, usando para fundamentar suas reflexões diversas passagens das Sagradas Escrituras. Nos últimos programas, o sacerdote gaúcho falou sobre a esponsalidade de Cristo nos Sinóticos, no Evangelho de São João, no Apocalipse de São João e na Carta aos Efésios. No programa de hoje, o tema é “A esponsalidade de Cristo nas outras cartas paulinas”:

"Segundo Paulo, o relacionamento entre homem e mulher, como se descreve em Gênesis, é um esboço prévio do relacionamento entre Cristo e a Igreja. Ele ampliou a imagem do Antigo Testamento do Deus-Esposo, aplicando-a a Jesus Cristo. “O projeto do amor esponsal que remonta à primeira criação é uma parábola da aliança salvífica manifestada agora na nova criação”. São João Paulo II, numa das audiências sobre a Teologia do Corpo, dizia assim: “É óbvio que a analogia do amor terrestre, humano, do marido para com a mulher, do amor humano esponsal, não pode oferecer compreensão adequada e completa daquela Realidade absolutamente transcendente, que é o mistério divino, tanto no seu ocultar-se há séculos em Deus, como na sua realização "histórica" no tempo, quando "Cristo amou a Igreja e se deu a si mesmo por ela" (Ef 5, 25)[1]. “A união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja” [2]. O amor de Cristo pela Igreja, como modelo para o amor dos esposos, é único no Novo Testamento.

Já comentamos aqui a esponsalidade de Cristo na carta aos Efésios. Também ela se expressa nas outras cartas, como em Colossenses 1, 22 e Gálatas 2, 20 para delinear a ideia de Cristo que se entrega pelos demais. Também, conforme a segunda carta aos Coríntios 11, 2, Paulo apresenta a imagem de Igreja como casta esposa de Cristo.

“O amor de Cristo pela Igreja se manifesta e se realiza em sua autodoação por ela. Amor e autodoação de Cristo caracterizam o processo salvífico proclamado pela fé tradicional da Igreja (cf. 5, 2). O efeito histórico desse amor pela Igreja é expresso por duas proposições: para torná-la santa... fez aparecer diante de si uma Igreja plena de esplendor...” [3]

A entrega de Cristo levou-o à morte na cruz. Em Paulo, a Igreja é apresentada como a esposa de Cristo. Cristo, por sua morte, elevou-a à dignidade de noiva e esposa (cf. Ef 5, 2; Gl 1, 4; 2, 20; 1Tm 2, 6; Tt 2,14; At 12, 28). A doação de Jesus Cristo à sua esposa no sacrifício da cruz, na ressurreição e na vinda do Espírito Santo, não foi um ato acontecido uma única vez, um ato transitório. Tal doação jamais termina, visto que seu amor jamais se cansa. Ele vive sempre para sua esposa; Ele cuida carinhosamente dela como seu próprio “eu”; Ele a alimenta com a força de sua palavra. Mas, principalmente pela sua própria carne e sangue na Eucaristia. Dando-lhe seu corpo e seu sangue, torna-se realmente um corpo com ela.

Lê-se: “... a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra...” (v. 26). Ora, esse texto torna-se fundamental para a compreensão do sacramento do batismo, onde somos purificados, santificados pela Palavra e nascemos para Cristo como um povo da Nova Aliança que se dá na Igreja, sua esposa. A terminologia mostra influência do ambiente cultural e litúrgico, com reminiscência de antigas práticas ou ritos nupciais. Em todo o caso, essas imagens tornam-se símbolo de outra coisa, no contexto parabólico, que transfigura todos os detalhes a partir de uma visão religiosa. O banho de purificação é o batismo, mediante o qual a Igreja foi não só lavada e purificada, mas também santificada, ou seja, eleita e consagrada e, portanto, escolhida como parceira da aliança com o Cristo Senhor.

A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem defeitos.

Segundo Paulo, o relacionamento entre homem e mulher, como se descreve em Gênesis, é um esboço prévio do relacionamento entre Cristo e a Igreja. Ele ampliou a imagem do Antigo Testamento do Deus-Esposo, aplicando-a a Jesus Cristo. “O projeto do amor esponsal que remonta à primeira criação é uma parábola da aliança salvífica manifestada agora na nova criação”. São João Paulo II, numa das audiências sobre a Teologia do Corpo, dizia assim: “É óbvio que a analogia do amor terrestre, humano, do marido para com a mulher, do amor humano esponsal, não pode oferecer compreensão adequada e completa daquela Realidade absolutamente transcendente, que é o mistério divino, tanto no seu ocultar-se há séculos em Deus, como na sua realização "histórica" no tempo, quando "Cristo amou a Igreja e se deu a si mesmo por ela" (Ef 5, 25) [1]. “A união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja” [2]. O amor de Cristo pela Igreja, como modelo para o amor dos esposos, é único no Novo Testamento.

Já comentamos aqui a esponsalidade de Cristo na carta aos Efésios. Também ela se expressa nas outras cartas, como em Colossenses 1, 22 e Gálatas 2, 20 para delinear a ideia de Cristo que se entrega pelos demais. Também, conforme a segunda carta aos Coríntios 11, 2, Paulo apresenta a imagem de Igreja como casta esposa de Cristo.

“O amor de Cristo pela Igreja se manifesta e se realiza em sua autodoação por ela. Amor e autodoação de Cristo caracterizam o processo salvífico proclamado pela fé tradicional da Igreja (cf. 5, 2). O efeito histórico desse amor pela Igreja é expresso por duas proposições: para torná-la santa... fez aparecer diante de si uma Igreja plena de esplendor...” [3]

A entrega de Cristo levou-o à morte na cruz. Em Paulo, a Igreja é apresentada como a esposa de Cristo. Cristo, por sua morte, elevou-a à dignidade de noiva e esposa (cf. Ef 5, 2; Gl 1, 4; 2, 20; 1Tm 2, 6; Tt 2,14; At 12, 28). A doação de Jesus Cristo à sua esposa no sacrifício da cruz, na ressurreição e na vinda do Espírito Santo, não foi um ato acontecido uma única vez, um ato transitório. Tal doação jamais termina, visto que seu amor jamais se cansa. Ele vive sempre para sua esposa; Ele cuida carinhosamente dela como seu próprio “eu”; Ele a alimenta com a força de sua palavra. Mas, principalmente pela sua própria carne e sangue na Eucaristia. Dando-lhe seu corpo e seu sangue, torna-se realmente um corpo com ela.

Lê-se: “... a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra...” (v. 26). Ora, esse texto torna-se fundamental para a compreensão do sacramento do batismo, onde somos purificados, santificados pela Palavra e nascemos para Cristo como um povo da Nova Aliança que se dá na Igreja, sua esposa. A terminologia mostra influência do ambiente cultural e litúrgico, com reminiscência de antigas práticas ou ritos nupciais. Em todo o caso, essas imagens tornam-se símbolo de outra coisa, no contexto parabólico, que transfigura todos os detalhes a partir de uma visão religiosa. O banho de purificação é o batismo, mediante o qual a Igreja foi não só lavada e purificada, mas também santificada, ou seja, eleita e consagrada e, portanto, escolhida como parceira da aliança com o Cristo Senhor.

A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem defeitos."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

________________________

[1] JOÃO PAULO II, AUDIÊNCIA GERAL, Quarta-feira, 29 de Setembro de 1982.

[2] SCHMAUS, Michael. A fé na Igreja, Vol. IV, Petrópolis, 1983, p.62-63.

[3] R. FABRIS. As cartas de Paulo III: Tradução e comentários. São Paulo: Loyola, 1992, p. 196.

Fonte: Vatican News

Mês da Bíblia: a Palavra de Deus não é uma letra morta

Sixteen Miles Out | Unsplash | CC0
Por Padre Reginaldo Manzotti

A Palavra vem de Deus, desce ao coração e produz mudança. Portanto, a Palavra de Deus é um movimento ativo, transformador, renovador...

Todos os meses e todos os dias do ano deveriam ser Dia da Bíblia. Ela é a nossa Cartilha de Oração. A Palavra de Deus é lâmpada para nossos pés e luz para nossos caminhos (cf. Sl 119, 105). Mas, o mês de setembro é dedicado a Bíblia, por celebrarmos São Jerônimo, o grande biblista que a traduziu dos originais em hebraico e grego para o latim.

Mais do que ser um livro histórico, a Bíblia é portadora da mensagem de Deus. É por excelência um livro de anúncio, de revelação do amor de Deus. Escrita por mãos humanas, contudo, seus autores contaram com a intervenção do Espírito Santo, que inspirou sua redação dando-lhes a capacidade de registrar aquilo que era a vontade de Deus. Portanto, são textos escritos por mãos humanas que trazem a verdade de Deus.

A Palavra de Deus não é uma letra morta. É viva. Por isso, a cada tempo traz um novo significado, embora o conteúdo seja o mesmo, como diz São Paulo: “Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, afim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). É Deus falando aos homens, na linguagem dos homens.

A Bíblia

A Bíblia é dividida em duas partes: Antigo Testamento e Novo Testamento. É formada por 73 livros, dos quais 46 pertencem ao conjunto de livros do Antigo Testamento e 27 ao do Novo Testamento.

Para manusear a Bíblia devemos saber o que são capítulos e versículos, estrutura que nos auxilia na localização das leituras. Os primeiros são as divisões que encontramos num mesmo livro da Bíblia, identificados por um algarismo grande. Os versículos são as divisões dentro dos capítulos e correspondem aos algarismos pequenos, dispostos no corpo dos textos bíblicos.

A Bíblia também possuiu uma forma abreviada para o nome de cada livro e uma pontuação que permite manuseá-la com maior facilidade:

vírgula, por exemplo, serve para separar o capítulo do versículo: Jo 3, 16 (Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16).

hífen indica a abrangência de um versículo até o outro: IIRs 5, 9-19 (Segundo Livro dos Reis, capítulo 5, versículos de 9 até 19).

ponto serve para mostrar que os versículos são alternados: Rm 5, 12.17.19 (Carta aos Romanos, capítulo 5, versículo 12, versículo 17 e versículo 19).

letra “s” significa seguinte, indicando que o texto continua no versículo seguinte: 1Pd 2, 2-5.9s (Primeira Carta de São Pedro, capítulo 2, versículos de 2 até 5, versículo 9 e 10).

Por último, a presença de dois “ss” mostra que a continuação do texto prossegue nos dois versículos seguintes: Jr 31, 31ss (Livro do Profeta Jeremias, capítulo 31, versículos 31, 32 e 33).

Oração para antes de ler a Bíblia

Vale lembrar que a leitura da Bíblia tem que ser meditada e entendida, por isso escolha um momento propício, iniciando com uma oração:

“Meu Senhor e meu Pai!

Envia Teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolha Tua Santa Palavra!

Que eu Te conheça e Te faça conhecer, Te ame e Te faça amar, Te sirva e Te faça servir, Te louve e Te faça ser louvado por todas as criaturas.

Faz, oh Pai, que, pela leitura da Palavra, os pecadores se convertam, os justos perseverem na Graça e todos consigamos a vida eterna.

Amém.”

Alimentar o bom hábito

À medida que lemos a Bíblia e meditamos, oramos e nos comprometemos em adotar seus ensinamentos em nossa vida, o fermento ‘leveda a massa’ em nós e isso vai nos transformando. Conforme explica a Segunda Carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Tm 3, 16).

Essa é a importância de difundirmos esse hábito em família, para que todos cresçam na vivência dos valores humanos e cristãos. A Palavra vem de Deus, desce ao coração e produz mudança. Portanto, a Palavra de Deus é um movimento ativo, transformador, renovador e santificador.

Fonte: Aleteia

Santo Egídio

Santo Egídio | ArquiSP
01 de setembro

Santo Egídio, abade

São poucos os dados que existem sobre a vida de Egídio. Mas com certeza sabemos que ele era grego e pertencia a uma rica família da nobreza de Atenas. Depois da morte de seus pais, decidiu ser um ermitão, para viver na pobreza e totalmente dedicado a Deus. Para isso distribuiu todos os bens que herdou entre os pobres e doentes e viveu isolado na oração e penitência, sendo agraciado pelo Espírito Santo com os dons especiais da cura, da sabedoria e dos milagres.

Um dos primeiros milagres a ele atribuídos diz que, certo dia, encontrou na porta de uma igreja um mendigo muito doente e esfarrapado. Penalizado com a situação do pobre, Egídio cobriu-o com seu velho manto e, naquele instante, um prodígio aconteceu: o homem, que até então agonizava, levantou-se completamente curado. Depois essas curas se repetiram e foram se multiplicando de tal forma que ele ganhou fama de santidade. Mas os devotos passaram a procurá-lo com freqüência, então Egídio decidiu partir.

Em 683, viajou para a França. Conta a tradição que ele salvou o navio repleto de passageiros, no qual viajava também. Uma enorme tempestade teria desabado sobre a embarcação. Todos já tinham perdido as esperanças quando Egídio, em prece, ergueu as mãos aos céus. As ondas ameaçadoras acalmaram-se na mesma hora e todos desembarcaram com segurança.

Na França, viveu numa caverna de uma floresta próxima de Nimes, cuja entrada era escondida por um arbusto espinhoso. Na mais completa pobreza, alimentava-se apenas de ervas, de raízes e do leite de uma corsa, que, segundo a tradição, foi-lhe enviada por Deus.

Certa vez, o rei Vamba, dos visigodos, foi caçar nas proximidades da caverna de Egídio e, em vez de flechar uma corsa que se escondera atrás de um arbusto, flechou a mão do pobre ermitão, que tentava proteger o animal acuado. Foi descoberta, assim, a residência do eremita. O rei, para desculpar-se, passou a visitá-lo com seus médicos até sua cura completa.

Depois disso, o rei continuou a visitá-lo com freqüência, presenciando vários prodígios que divulgava na Corte. Assim, a fama de santidade de Egídio ganhou vulto e ele passou a ter vários discípulos. O rei, então, mandou construir um mosteiro e uma igreja, que doou para ele, que foi eleito abade. O mosteiro passou a ter uma disciplina própria escrita por Egídio. Mais tarde, ao seu redor surgiu o povoado que deu origem à cidade de Santo Egídio e o mosteiro foi entregue aos beneditinos.

A morte de Egídio ocorreu, provavelmente, no dia 1º de setembro de 720. Logo após, os devotos fizeram da sua sepultura um ponto obrigatório de peregrinação. O seu culto tornou-se vigoroso e estendeu-se por todo o mundo cristão. Santo Egídio teve sua festa confirmada pela Igreja, que o colocou na lista dos quatorze "santos auxiliadores" do povo, sendo invocado contra a convulsão da febre, contra o medo e contra a loucura.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF