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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

TE DEUM – Igreja canta Ação de Graças por ocasião do encerramento do ano civil

TE DEUM | arqbrasilia

A vida da Igreja é regida pelo Calendário Litúrgico, onde o ano se inicia no I Domingo do Advento e se encerra no Sábado da última semana do Tempo Comum, após a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Entretanto, a Igreja não despreza o calendário civil que organiza a vida da sociedade e, inclusive nele, faz chegar à vida espiritual que leva o povo a consagrar toda a sua vida ao Senhor. Por isso, a Igreja canta Ação de Graças por ocasião do encerramento do ano civil, através do Hino do Te Deum.

O Hino do Te Deum é tradicionalmente atribuído a Santo Ambrósio e Santo Agostinho. Conta-se que foi cantado por ocasião do Batismo de Agostinho pelo bispo Ambrósio na Catedral de Milão por volta do ano 387 d.C. Outras versões da história da autoria existem, atribuindo a outros santos a composição. O certo é que o Hino, em sua letra, entoa, basicamente, um louvor a Deus em ação de graças pelos benefícios que Ele concede ao homem.

A Igreja concede Indulgência Plenária, segundo o Manual de Indulgências da Penitenciaria Apostólica, a todos os fiéis que, publicamente, entoarem o Te Deum em ação de graças pelo ano que se encerra e que respondam as condições básicas para lucrar Indulgência Plenária –  além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice.

Esta oração pode estar associada a reza das Vésperas – como faz o Santo Padre o Papa no Vaticano – seguida de Adoração ao Santíssimo Sacramento. Entretanto, outras modalidades de oração podem ser oferecidas.

arqbrasilia

Na Arquidiocese de Brasília Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano, presidirá a Oração do Te Deum no dia 31/12 às 16h no Santuário São Francisco de Assis na Asa Norte. Lá, junto a todos os fiéis, renderá graças a Deus pelo ano que se encerra. Já a noite, o Arcebispo celebrará a Santa Missa da Solenidade da Santa Mãe de Deus às 20h na Catedral Metropolitana de Brasília.

Abaixo você pode conhecer a belíssima letra deste hino em sua versão original do latim e sua tradução oficial para o português que se encontra na Liturgia das Horas.

TE DEUM (A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,

a vós, Senhor, cantamos.

A vós, Eterno Pai,

adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,

os céus e seus poderes:

Sois Santo, Santo, Santo,

Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra

a vossa imensa glória.

A vós celebra o coro

glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas

a nobre multidão

e o luminoso exército

dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra

proclama a Santa Igreja,

ó Pai onipotente,

de imensa majestade,

e adora juntamente

o vosso Filho único,

Deus vivo e verdadeiro,

e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,

do Pai eterno Filho,

nascestes duma Virgem,

a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,

da morte triunfastes,

abrindo aos que têm fé

dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita

de Deus, do Pai na glória.

Nós cremos que de novo

vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:

salvai os vossos servos,

que vós, Senhor, remistes

com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,

Senhor, vos suplicamos,

em meio a vossos santos

na vossa eterna glória.

Salvai o vosso povo.

Senhor, abençoai-o.

Regei-nos e guardai-nos

até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,

fiéis, vos bendizemos,

louvamos vosso nome

agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,

guardar-nos do pecado.

Senhor, tende piedade

de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,

Senhor, a vossa graça,

porque em vós pusemos

a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,

não seja envergonhado:

Em vós, Senhor, confio,

sois vós minha esperança!

TE DEUM

Te Deum laudámus:* te Dóminum confitémur.

Te ætérnum Patrem,* omnis terra venerátur.

Tibi omnes ángeli,*

tibi cæli et univérsæ potestátes:

tibi chérubim et séraphim*

incessábili voce proclámant:

Sanctus,* Sanctus,* Sanctus*

Dóminus Deus Sábaoth.

Pleni sunt cæli et terra* maiestátis glóriæ tuæ.

Te gloriósus* Apostolórum chorus,

te prophetárum* laudábilis númerus,

te mártyrum candidátus* laudat exércitus.

Te per orbem terrárum*

sancta confitétur Ecclésia,

Patrem* imménsæ maiestátis;

venerándum tuum verum* et únicum Fílium;

Sanctum quoque* Paráclitum Spíritum.

Tu rex glóriæ,* Christe.

Tu Patris* sempitérnus es Fílius.

Tu, ad liberándum susceptúrus hóminem,*

non horruísti Vírginis úterum.

Tu, devícto mortis acúleo,*

aperuísti credéntibus regna cælórum.

Tu ad déxteram Dei sedes,* in glória Patris.

Iudex créderis* esse ventúrus.

Te ergo quæsumus, tuis fámulis súbveni,*

quos pretióso sánguine redemísti.

Ætérna fac cum sanctis tuis* in glória numerári.

¶ Salvum fac pópulum tuum, Dómine,*

et bénedic hereditáti tuæ.

Et rege eos,* et extólle illos usque in ætérnum.

Per síngulos dies* benedícimus te;

et laudámus nomen tuum in sæculum,*

et in sæculum sæculi.

Dignáre, Dómine, die isto*

sine peccáto nos custodíre.

Miserére nostri, Dómine,* miserére nostri.

Fiat misericórdia tua, Dómine, super nos,*

quemádmodum sperávimus in te.

In te, Dómine, sperávi:*

non confúndar in 

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Fides: 22 missionários mortos no mundo em 2021

Em 2021, foram mortos no mundo 22 missionários, em 20 anos o número 
subiu para 536.

Segundo dados da Agência Fides, a África infelizmente lidera no mundo em termos do número de missionários mortos. A seguir, América, Ásia e Europa. De 2000 a 2020, foram assassinados 536 missionários em todo o mundo.

Isabella Piro/Mariangela Jaguraba – Vatican News

São amargas as últimas páginas de 2021, um ano que se encerra com o triste balanço de 22 missionários mortos em todo o mundo. Trata-se de 13 sacerdotes, 1 religioso, 2 religiosas e 6 leigos, segundo o dossiê divulgado, nesta quinta-feira (30/12), pela Agência Fides. O maior número de assassinatos ocorreu na África, onde 11 missionários (7 sacerdotes, 2 religiosas e 2 leigos) foram assassinados. Segue a América, com 7 missionários mortos (4 sacerdotes, 1 religioso e 2 leigos), depois a Ásia, onde foram assassinados 3 missionários (1 sacerdote, 2 leigos), e a Europa, onde foi morto 1 sacerdote. Como nos últimos anos, África e América se confirmam no topo deste dramático ranking que, de 2000 a 2020, contou 536 missionários mortos em todo o mundo.

Testemunhas de fé em contextos de violência e degradação

Os evangelizadores mortos não eram engajados em obras extraordinárias, mas estavam simplesmente dando testemunho de sua fé em contextos de violência, desigualdade social, exploração, degradação moral e ambiental. Talvez eram simples párocos e foram sequestrados, torturados e mortos por criminosos sem escrúpulos, gananciosos por dinheiro, ou silenciados porque suas vozes incomodavam os poderosos. Sacerdotes engajados nos trabalhos sociais e mortos por roubo, como no Haiti, ou mortos por aqueles que estavam ajudando, como na Venezuela, onde um religioso foi assassinado por ladrões na escola onde ensinava os jovens a construírem um futuro; religiosas perseguidas e mortas a sangue frio por bandidos no Sudão do Sul, como a irmã Mary Daniel Abut e irmã Regina Roba, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus.

Aumento de assassinatos de leigos

Entre os missionários mortos estão também os católicos engajados de alguma forma no trabalho pastoral, que morreram de forma violenta, não expressamente "por ódio à fé". Está aumentando o número de leigos, catequistas e outros agentes assassinados em confrontos armados entre as comunidades. Aconteceu no Sudão do Sul, onde a Diocese de Tombura-Yambo foi ensanguentada por uma guerra civil que vem assolando todo o país há anos. Aconteceu no México, onde o italiano Michele Colosio, 42 anos, coordenador de projetos para a educação de crianças nas áreas rurais mais pobres, foi morto a tiros. "Temos que doar, temos que ajudar. Temos que nos unir como um povo de irmãos, sem distinção de língua, fronteiras ou cor da pele", dizia ele. Houve também a trágica morte no Peru de Nadia De Munari, uma missionária leiga italiana da Operação Mato Grosso, agredida com um facão durante um roubo, morta em 24 de abril.

O assassinato do padre Olivier Maire

Violento o cenário em Mianmar, onde o conflito civil tomou a forma de uma "atrocidade horrível e desoladora", como o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon e presidente da Conferência Episcopal, o definiu. Pelo menos 35 civis católicos foram mortos no dia 24 de dezembro na aldeia de Mo So, incluindo mulheres e crianças. Eles estavam fugindo de uma ofensiva do Exército e seus corpos foram queimados. Na Europa, é difícil esquecer o assassinato na França do padre Olivier Maire, superior provincial da Companhia de Maria (Monfortinos), morto em 9 de agosto por um cidadão ruandês de quem ele cuidava há algum tempo.

"Os cristãos não podem guardar o Senhor para si mesmos"

"Como cristãos, não podemos guardar o Senhor para nós mesmos", escreveu o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano. "A missão evangelizadora da Igreja expressa seu valor integral e público na transformação do mundo e no cuidado da criação. Um mandato que os missionários mortos cumpriram até o fim, conscientes de que não podiam deixar de testemunhar o Evangelho com a força de suas vidas doadas por amor, lutando todos os dias, pacificamente, contra a prepotência, a violência e a guerra.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Arcebispo afirma que melhor propósito para o ano novo é conhecer Jesus nos Evangelhos

Bíblia / Crédito: Unsplash

LOS ANGELES, 30 dez. 21 / 03:10 pm (ACI).- O arcebispo de Los Angeles e presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), dom José Gomez, exortou os fiéis a colocar como propósito do Ano Novo uma leitura diária do Evangelho para conhecer Jesus verdadeiramente e acolhê-lo na vida.

Em sua coluna de 27 de dezembro, dom Gomez disse que “ao virar a página e comemorar um novo ano de graça, minha oração para todos vocês é que entrem em uma amizade mais profunda e próxima com Jesus”.

O bispo exortou os fiéis ler os Evangelhos “do início ao fim”.

“Comece com o Evangelho de São Mateus, capítulo 1, e continue lendo todos os dias até chegar ao fim do Evangelho de São João. Depois comece tudo de novo”, acrescentou.

Lendo um capítulo por dia, em 89 dias os quatro Evangelhos estarão lidos. Mesmo “se você ler menos diariamente, o objetivo é passar um tempo com Jesus todos os dias e conhecer a sua história”, disse o arcebispo.

“Estamos acostumados a ouvir passagens curtas dos Evangelhos que são lidas todas as semanas na missa dominical. Às vezes é difícil lembrar que cada um dos Evangelhos conta uma história, do seu ponto de vista: a história da vida de Jesus Cristo”, disse.

O bispo disse que é necessário conhecer esta história, “porque na vida de Jesus descobrimos a vida que Ele quer que cada um de nós viva”.

“Nos Evangelhos, lemos como Jesus convidou os discípulos de são João Batista a refletirem sobre as suas palavras e ações, o que 'viram e ouviram'”, acrescentou.

Jesus convida “seus discípulos de todas as épocas a fazerem a mesma coisa” disse Gomez. A forma “como conhecemos Jesus e como crescemos em amizade com ele” é “abrindo as páginas dos Evangelhos para ver e ouvir".

“Você pode confiar nos Evangelhos. Foram escritos por pessoas que conheceram os apóstolos e se baseiam em seu testemunho do que Jesus realmente fez e ensinou”, comentou.

“Os santos estão sempre lendo e relendo os Evangelhos e tentando aplicá-los em suas próprias vidas. Santa Cecília, desde pequena, costumava esconder um exemplar dos Evangelhos na roupa, perto do coração”, acrescentou.

Dom Gomez disse que se “abrirmos nossos corações a Jesus todos os dias nos Evangelhos, com o tempo Ele nos ajudará a chegar a um entendimento mais profundo de nós mesmos”.

“Temos de pedir-lhe a humildade que nos permita questionar as nossas suposições e motivações, desafiar-nos”, destacou.

José Gomez disse que a leitura da vida de Cristo nos leva a “descobrir nossa história em sua história, nos encontramos vivendo a vida de Jesus. Assim, ele molda nosso caráter e molda nossa alma à sua imagem divina”.

“Quanto mais tempo você passa com Jesus, mais você se tornará como ele: mais compassivo e amoroso, mais paciente e misericordioso. Você vai encontrar mais amor nos seus relacionamentos, uma nova paz no seu coração”, comentou.

Gomez destacou que os meios de comunicação tornam comum a competição "pelo que pensamos e como utilizamos o nosso tempo", por isso animou a que este ano "resolvamos encher os nossos corações e mentes, não com entretenimento, jogos ou distrações, mas com a vida de Jesus Cristo”.

“Peçamos a nossa Santíssima Mãe Maria que nos ajude a guardar todas as coisas de Jesus - suas palavras, seus atos, as cenas de sua vida - e a meditá-las e refleti-las em nossos corações, como ela o fez”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Votos de dom Paulo Cezar Costa para 2022: “que seja um ano de solidariedade”

Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília | Vatican News

Arcebispo de Brasília deseja também que no ano novo possamos construir uma sociedade à altura de Deus e da dignidade humana.

Vatican News

No apagar das luzes de mais um ano e no resplandecer de um novo, dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, deixa sua mensagem de Feliz 2022 para o povo brasileiro, em especial aos que acompanham o trabalho da Rádio Vaticano - Vatican News.

Em vídeo gravado em Roma, dom Paulo recordou das principais dificuldades enfrentadas neste ano que se encerra, principalmente àquelas relacionadas à pandemia da Covid-19. “Tanta gente perdeu o emprego. Tanta gente não teve o direito de chorar seus entes queridos”, afirma o arcebispo.

Para o ano que se inicia neste sábado, dom Paulo reitera uma vontade muito singular, mas que se faz presente no coração da Igreja Católica no Brasil: “o desejo construirmos uma sociedade à altura de Deus e à altura da dignidade e grandeza do ser humano”, completa o arcebispo da capital federal.

Confira a íntegra da mensagem de Ano Novo de dom Paulo Cezar Costa:

https://youtu.be/vhT1dALoQEo

Estamos iniciando o ano de 2022. Este ano de 2021, foi um ano em que vivemos todo o desafio da pandemia, que vivemos o desafio da exclusão. Tanta gente perdeu seu emprego. Tanta gente não teve o direito de chorar seus entes queridos. Olhemos agora para 2022 que se abre diante de nós. Que 2022 seja um ano muito bom, abençoado, um ano de solidariedade. Que seja um ano em que nossos corações manifestem aquilo que melhor há de nós. O nosso amor, a nossa solidariedade, nosso desejo de fazermos o bem. Além disso, o nosso desejo de construirmos uma sociedade à altura de Deus e à altura da dignidade e grandeza do ser humano. Feliz 2022 para você e para sua família.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Silvestre I

S. Silvestre I | arquisp
31 de dezembro

São Silvestre I

A Igreja deixou de sofrer as sanguinárias perseguições e saiu da clandestinidade, no século IV, sob o império do imperador bizantino Constantino, que se converteu à fé em Cristo. Desse modo, o cristianismo se expandiu livremente, tendo no comando da Igreja um papa à altura para estruturá-lo como uma organização eclesiástica duradoura. Era Silvestre I, um romano eleito em 314. Tanto assim que sobreviveu a muitas outras turbulências para chegar, triunfante, ao terceiro milênio.

Embora o imperador Constantino tenha deixado florescer a semente plantada pelos apóstolos de Jesus, após anos de perseguições e ter feito tantos mártires, o cristianismo ainda não estava em completa paz. Até o imperador convertido foi convocado para ajudar a manter a paz da Igreja, e ele obedeceu ao papa Silvestre I. Quando irrompeu o cisma na África, o imperador usou sua autoridade para manter a paz, inclusive para o Império. Além disso, foi orientado a ser o autor da convocação do Concílio de Nicéia, o primeiro da Igreja, em 325, no qual a Igreja de Roma saiu vencedora, aprovando o credo contra a heresia ariana.

Tudo isso acontecia com o papa Silvestre I já bem idoso. Como não agüentaria a viagem, mandou representantes à altura para que a Igreja se firmasse no encontro: o bispo Ósio, de Córdoba, e mais dois sacerdotes assessores. Como havia harmonia entre o papa e Constantino, a Igreja conseguir bons resultados também no sínodo. Recebeu um forte apoio financeiro para a construção de valiosos edifícios eclesiásticos, que também marcaram o governo desse papa.

A construção mais importante, sem dúvida, foi a basílica em honra de são Pedro, no monte Vaticano, em Roma. O local era um antigo cemitério pagão, o que fez aumentar muito a importância e o significado de a construção dedicada a Pedro ter sido feita ali. Quem descobriu isso foi o papa Pio XII, comandando escavações no local em 1939. Outra foi a Basílica de São Paulo Extra-Muro, e também a dedicada a são João, em Roma.

Também por causa de Silvestre, Constantino patrocinou à Igreja um ato histórico e de muita relevância para a humanidade e o catolicismo: doou seu próprio palácio Lateralense, para servir de moradia para os papas, e toda a cidade de Roma e algumas outras vizinhas para a Igreja. Mas esses atos não ocorreram porque Constantino tinha-se convertido ou por interferência de sua mãe Helena: o grande mérito se deve ao trabalho do papa Silvestre I. Podemos analisar melhor com a atitude de Constantino, que nunca se deixou batizar. A conversão total veio no leito de morte, quando pediu o batismo e recebeu a comunhão. Constantino está, agora, incluído no livro dos santos, ao lado de sua mãe.

Quanto ao papa são Silvestre I, morreu em 335, depois de ter permanecido no trono de Pedro durante vinte e um anos, e produzido tantos e bons frutos para o cristianismo. No ano seguinte ao da sua morte, começou a ser dedicada a são Silvestre uma festa no dia 31 de dezembro, enquanto, no Oriente, ele é celebrado dois dias depois.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

As Fontes da Teologia: a Tradição e o Magistério

Crédito: Presbíteros
As Fontes da Teologia:
a Tradição e o Magistério.

1.      Significado da Tradição em geral:

“Tradição” é algo muito mal visto na cultura, especialmente a partir do ano 1968. Nessa época surgia um forte clamor juvenil por se romper com tudo o que é “tradicional”, todos os valores antigos e obsoletos.

Na verdade, se fizermos uma analise serena do homem, da sua vida social, do seu comportamento em geral, veremos que o ser humano é um ser de tradição. O homem sempre rompe os limites do imediato, está sempre ligado a seu passado e com projetos para o futuro. O homem sempre recebe tradições dos antigos, cria algumas, elimina outras e transmite a maioria para os jovens. A tradição se funda na mortalidade e nas limitações humanas, na necessidade de organizar e transmitir experiências, conhecimentos, modos de ser adquiridos. A tradição é um conceito dinâmico que representa o centro de toda cultura.

Todas comunidades humanas criam tradições, que condicionam e determinam a mentalidade e o comportamento da comunidade na qual elas estão inseridas. A tradição é a memória dos povos, conserva o passado e proporciona aos homens de certa comunidade uma determinada identidade.

“A tradição é a capacidade dos grupos humanos de transmitir a cultura criada pelo conjunto dos indivíduos que os compõem, de multiplicá-la, enriquecê-la e conservá-la de geração em geração.[1]”

O centro da tradição de cada cultura é a linguagem.

2.      Crítica e reabilitação da tradição:

A cultura ocidental criticou várias vezes a idéia da tradição, especialmente a partir do século XVI. As causas desse fenômeno são tanto filosóficas como religiosas.

A Reforma Protestante tende a rejeitar a tradição por motivos de “pureza evangélica.” O homem se une imediatamente a Deus e todo elemento humano parece uma espécie de contaminação, uma interferência ilegítima na relação do crente e Deus.

Algo parecido foi afirmado no âmbito da filosofia racionalista do século XVII. Premissa primeira dessa filosofia é que a verdade não se apóia em nada distinto do próprio pensamento. O “eu” passa a ser o fundamento de todo pensamento científico e não mais os conteúdos recebidos da história. Nessa época aparece a função mediadora do mundo real, dos demais homens, da autoridade e da tradição. O mundo real passa a ser considerado mundo dos sentidos, que podem nos enganar (Descartes). O homem passa a ser considerado “lobo para o homem” (Rousseau); a autoridade passa a ser identificada com autoritarismo; e a tradição passa a ser algo obsoleto.

A Ilustração do século XVII considera a autoridade e a tradição como obstáculos que impedem o crescimento da “razão pura”, senhora de si. “Aude Sapere!” exclamará Kant, como um grito de ordem aos homens cultos para se libertar das tradições religiosas e das autoridades.

Alguns autores representantes do Romanticismo do século XIX, críticos da Ilustração, reabilitaram o conceito de tradição. Esses autores (Herder, Schlegel, Novalis, Gadamer etc.) insistiam na idéia de que “o que foi consagrado pela tradição e pelo passado contém uma autoridade anônima e que nosso ser histórico e finito está determinado pelo que a autoridade o transmitiu.[2]”

3.      O desenvolvimento da Teologia da Tradição na Igreja.

A Tradição cristã não é simplesmente uma variação religiosa de um fenômeno cultural humano. A Tradição cristã se fundamenta em Deus, que se revelou em Israel e em Jesus Cristo, para a salvação de todos os homens.

Podemos definir, pois a Tradição como “o conjunto de conteúdos doutrinais e espirituais que procedem diretamente de Jesus e dos Apóstolos, que se manifestam na Escritura, e se conservam e se desenvolvem historicamente no seio da Igreja.[3]”

No Novo Testamento Jesus Cristo aparece condenando algumas tradições antigas, em Mt. 15. Alguns leitores desatentos ou mal-intencionado da Bíblia consideram esse texto como a condenação absoluta que Jesus Cristo faz das tradições. É evidente para qualquer um leitor inteligente que Jesus nesse texto está condenando algumas tradições judaicas, desvinculadas à caridade. Quando a Igreja Católica afirma o valor da Tradição, não está, pois, reabilitando as tradições farisaicas, condenadas por Cristo. A Igreja Católica defende a Tradição que começa com Cristo, quer dizer, tudo o que Cristo fez e ensinou aos Apóstolos.

No Novo Testamento há muitos textos que os Apóstolos exortam os cristãos a guardar as tradições recebidas deles (que por sua vez, receberam de Cristo). Podemos citar alguns exemplos: 1Cor 11,23; 18,3: “o que vos transmito é o que eu mesmo recebi do Senhor”. As Cartas Pastorais insistem na necessidade de conservar fielmente o “depósito da fé” e a Tradição recebida dos Apóstolos. Podemos ver isso em: 1Tim 1,18; 2 Tim 1,13-14; 2,2; 2 Pe 3,2.

Quando a Igreja teve de manter sua fé nos séculos II e III, frente ao confronto com os gnósticos, os Pais da Igreja desenvolveram o princípio da Tradição como regra de fé.

“Todo aquele que queira ver a verdade pode encontrar em cada Igreja a Tradição que os Apóstolos pregara no mundo inteiro.” (Santo Irineu de Lião)

“Toda doutrina que está em conformidade com aquelas Igrejas Apostólicas, deve ser considerada como verdade, pois indubitavelmente o que as Igrejas receberam dos Apóstolos, isto foi recebido de Cristo e Cristo de Deus.” (Tertuliano)

Quando no século XVI Lutero evocou o princípio de “Sola Scriptura” o Concílio de Trento manteve a referência à Igreja dos tempos apostólicos e ensinou que era preciso render idêntico respeito à Escritura e à Tradição, como fonte única da verdade evangélica. Em questões de fé e de moral não se pode interpretar a Escritura “contra o sentido que a santa Mãe Igreja sustentou e sustém.”

No século XIX e XX a noção de Tradição foi novamente estudada com grande profundidade. Os principais autores dessa época, sobre esse tema, são: Möhler (1796-1838), Newman (1801-1900) e Blondel (1861-1949). Eles desenvolvem a idéia da “Tradição viva”, que se desenvolve na Igreja.

4.      Tradição e Regra de Fé:

A relação entre a Tradição e a regra de fé está exposta de maneira sintética e suficientemente clara na Constituição Dei Verbum, 8.

“E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida dama vez para sempre (cfr. Jud. 3). Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé; e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita.

Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.

Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante. Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante; e assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo – por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo – introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16)”.

5.      Tradição e Escritura:

“A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência.” (Dei Verbum 8)

6.      As principais testemunhas da Tradição, os Padres da Igreja:

Os Padres da Igreja são os escritores eclesiásticos antigos caracterizados por sua santidade de vida, por seu profundo conhecimento das Escrituras e da doutrina da fé e pela responsabilidade que exerceram na Igreja Antiga, pois eram grandes pastores. São considerados como as testemunhas privilegiadas da Tradição, pois nos unem os ensinamentos recebidos dos Apóstolos e a Igreja de todos os tempos.

A Igreja ensinou que o consenso patrístico unânime constitui regra certa para interpretar a Sagrada Escritura (Conc. de Trento, D 786, Vaticano I, D 17888).

7.      O sentido cristão da fé (sensus fidelium):

“O Povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade oferecendo a Deus o sacrifício de louvor, fruto dos lábios que confessam o Seu nome (cfr. Hebr. 13,15). A totalidade dos fiéis que receberam a unção do Santo (cfr. Jo. 2, 20 e 27), não pode enganar-se na fé; e esta sua propriedade peculiar manifesta-se por meio do sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando este, «desde os Bispos até ao último dos leigos fiéis», manifesta consenso universal em matéria de fé e costumes. Com este sentido da fé, que se desperta e sustenta pela ação do Espírito de verdade, o Povo de Deus, sob a direção do sagrado magistério que fielmente acata, já não recebe simples palavra de homens mas a verdadeira palavra de Deus (cfr. 1 Tess. 2,13), adere indefectivelmente à fé uma vez confiada aos santos (cfr. Jud. 3), penetra-a mais profundamente com juízo acertado e aplica-a mais totalmente na vida.” (LG 12)

8.      Os teólogos da Igreja e o consenso teológico:

A Teologia é «a fé à procura de explicações» e «explicações à procura de razões de fé». Magistério e Teologia têm a finalidade de conservar e atualizar a revelação. Ambos brotam da revelação. Contudo têm também funções diversas:

A Teologia: tem a função de conhecer e penetrar o sentido da revelação, o sentir da comunidade e tirar conclusões para dar ao magistério. A teologia deverá ter uma profunda ligação com a comunidade, ela é uma ciência comunitária por excelência.

Magistério: tem a função de receber o que a teologia lhe dá e, com a ajuda do Espírito Santo, aprofundar esses dados, sistematizá-los e depois propô-las como verdades de fé. Depois irá servir-se da Teologia para transmitir isto ao povo.

9.      Relação da Escritura e da Tradição da Igreja com o Magistério eclesiástico:

“A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.), de tal modo que, na conservação, atuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis.

Porém, o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado.

É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.” (D.V. 10)


[1] RATZINGER, J. Teoría de los principios teológicos, Barcelona, 1985,98.

[2] GADAMER, Verdade e Método, p. 348.

[3] Dei Verbum, n. 8.


Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF