Translate

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

DEUS FEITO HOMEM (Parte 4/8)

Apologistas da Fé Católica

DEUS FEITO HOMEM

Como o Mistério da Encarnação fez do Cristianismo uma Religião da Imagem por excelência.

Essa qualidade de ter se desenvolvido, que de acordo com Newman tem sido característica de toda doutrina cristã, na verdade de toda “grande idéia” ao longo da história, fosse essa idéia cristã ou não, havia se manifestado da forma mais dramática de todas na história da doutrina da pessoa de Cristo; e agora a mesma qualidade tornaria essa doutrina idealmente adequada para o mais novo e, de muitas maneiras, o mais complexo desafio ao qual jamais seria abordada. Para a apologia bizantina em favor dos ícones, a figura de Jesus Cristo era a chave indispensável para o significado das Imagens, e isso em três aspectos fundamentais: em sua pessoa, em sua vida e em sua Paixão e Ressurreição. O dogma da pessoa de Jesus Cristo, conforme foi codificado pelos concílios ecumênicos e os credos, deveria fornecer a justificativa fundamental para os ícones cristãos na igreja. Ao mesmo tempo, a vida de Jesus Cristo, narrada e descrita nos Evangelhos, forneceu os temas mais importantes para os ícones cristãos na igreja. E a Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo, celebrada na liturgia, forneceu a interpretação dos ícones cristãos na igreja, como emblemas de Cristo Vitorioso e Cristo Salvador. Assim, a Encarnação de Cristo como Divindade feita humana tornou possível para a teologia cristã afirmar a validade da estética e da arte religiosa representacional, mas no processo também transformou tanto a arte quanto a estética em algo que nunca haviam sido antes.
Era uma pressuposição universal de todos os teólogos cristãos em todos os lados desta ou de qualquer outra questão que a natureza de Deus não poderia ser abrangida por nada espacial ou temporal; na palavra usada pelo filósofo neoplatônico pagão Proclo, do século V, era “não circunscrito [άπερίγραπτος – aperigraphos]”.
³³ Essa palavra grega e seu cognato aperigraptos (απερίγραπτος) não só foram usados por filósofos pagãos como Proclo, mas se tornaram uma parte padrão do vocabulário teológico e filosófico dos pais da igreja grega, especificamente de São Gregório de Nazianzo e São Gregório de Nissa na segunda metade do século quarto, ao falar sobre a essência de Deus.

𝘘𝘶𝘦𝘮 𝘪𝘨𝘯𝘰𝘳𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘋𝘦𝘶𝘴, 𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘰𝘴 𝘧𝘰𝘪 𝘮𝘢𝘯𝘪𝘧𝘦𝘴𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘯𝘦, 𝘴𝘦𝘨𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘢 𝘥𝘰𝘶𝘵𝘳𝘪𝘯𝘢 𝘥𝘢 𝘱𝘪𝘦𝘥𝘰𝘴𝘢 𝘵𝘳𝘢𝘥𝘪çã𝘰, 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘧𝘰𝘪 𝘦 é 𝘪𝘯𝘤𝘰𝘳𝘱ó𝘳𝘦𝘰, 𝘪𝘯𝘷𝘪𝘴í𝘷𝘦𝘭, 𝘴𝘪𝘮𝘱𝘭𝘦𝘴, 𝘪𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘰 𝘦 𝘯ã𝘰 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘰 (άπερίγραπτος), 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵á 𝘦𝘮 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘵𝘦 𝘦 𝘪𝘯𝘷𝘢𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘢𝘴 𝘢𝘴 𝘤𝘰𝘪𝘴𝘢𝘴 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘥𝘢𝘴; 𝘯𝘰 𝘦𝘯𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰, 𝘴𝘦𝘨𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘢𝘲𝘶𝘪𝘭𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘢𝘭𝘵𝘢𝘷𝘢 à 𝘷𝘪𝘴𝘵𝘢, 𝘱𝘰𝘥𝘪𝘢 𝘷𝘦𝘳-𝘴𝘦 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘰 𝘯𝘶𝘮 𝘤𝘰𝘳𝘱𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘰𝘴 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰𝘴 𝘩𝘰𝘮𝘦𝘯𝘴? 𝘕𝘢 𝘳𝘦𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 é 𝘢𝘣𝘴𝘰𝘭𝘶𝘵𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘯𝘦𝘤𝘦𝘴𝘴á𝘳𝘪𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘰 𝘰 𝘤𝘰𝘳𝘱𝘰 𝘴𝘦𝘫𝘢 𝘳𝘦𝘴𝘵𝘳𝘪𝘯𝘨𝘪𝘥𝘰 𝘢 𝘶𝘮 𝘦𝘴𝘱𝘢ç𝘰 𝘥𝘦𝘵𝘦𝘳𝘮𝘪𝘯𝘢𝘥𝘰.”
– São Gregório de Nazianzo, “Adversus Apollinarem”, XVIII (PG 45, 1160A)

Ao falar sobre a pessoa de Cristo e suas duas naturezas, no entanto, eles usaram uma linguagem dialética, explicando, na fórmula de Gregório Nazianzo, que por causa da Encarnação o Logos era “
𝘱𝘢𝘴𝘴í𝘷𝘦𝘭 𝘦𝘮 𝘴𝘶𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘯𝘦, 𝘪𝘮𝘱𝘢𝘴𝘴í𝘷𝘦𝘭 𝘦𝘮 𝘴𝘶𝘢 𝘋𝘪𝘷𝘪𝘯𝘥𝘢𝘥𝘦; 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘰 𝘦𝘮 𝘰 𝘤𝘰𝘳𝘱𝘰, 𝘯ã𝘰 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘰 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘱í𝘳𝘪𝘵𝘰; 𝘢𝘰 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰 𝘵𝘦𝘳𝘳𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦 𝘦 𝘤𝘦𝘭𝘦𝘴𝘵𝘪𝘢𝘭, 𝘵𝘢𝘯𝘨í𝘷𝘦𝘭 𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘢𝘯𝘨í𝘷𝘦𝘭, 𝘤𝘰𝘮𝘱𝘳𝘦𝘦𝘯𝘴í𝘷𝘦𝘭 𝘦 𝘪𝘯𝘤𝘰𝘮𝘱𝘳𝘦𝘦𝘯𝘴í𝘷𝘦𝘭³⁴ – e, ele poderia facilmente ter adicionado, “visível e invisível” e, portanto, “circunscrito e não circunscrito”, portanto, também “retratável e indescritível”. Pelo menos como os Iconoclastas foram citados pelos Iconódulas – que é a única evidência que temos sobre eles – os Iconoclastas parecem ter enfatizado uma polaridade desta dialética da Encarnação em detrimento da outra: “𝘊𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰”, eles disseram, “é 𝘪𝘯𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘰, 𝘪𝘯𝘤𝘰𝘮𝘱𝘳𝘦𝘦𝘯𝘴í𝘷𝘦𝘭, 𝘪𝘯𝘵𝘳𝘢𝘯𝘴𝘱𝘰𝘯í𝘷𝘦𝘭 𝘦 𝘪𝘯𝘤𝘰𝘮𝘦𝘯𝘴𝘶𝘳á𝘷𝘦𝘭”.³⁵ Mais uma vez, o silogismo disjuntivo afirmou seu caso: “𝘑𝘶𝘯𝘵𝘰 𝘤𝘰𝘮 𝘢 𝘥𝘦𝘴𝘤𝘳𝘪çã𝘰 𝘥𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘯𝘦 𝘤𝘳𝘪𝘢𝘥𝘢, [𝘰 𝘐𝘤𝘰𝘯ó𝘥𝘶𝘭𝘰] 𝘰𝘶 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘦𝘷𝘦𝘶 𝘰 𝘤𝘢𝘳á𝘵𝘦𝘳 𝘪𝘯𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵í𝘷𝘦𝘭 𝘥𝘢 𝘋𝘪𝘷𝘪𝘯𝘥𝘢𝘥𝘦, 𝘥𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘳𝘥𝘰 𝘤𝘰𝘮 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘦𝘤𝘪𝘢 𝘣𝘰𝘮 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘴𝘶𝘢 𝘱𝘳ó𝘱𝘳𝘪𝘢 𝘪𝘯𝘶𝘵𝘪𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦, 𝘰𝘶 𝘦𝘭𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘶𝘯𝘥𝘪𝘶 𝘦𝘴𝘴𝘢 𝘶𝘯𝘪ã𝘰 𝘯ã𝘰 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘶𝘴𝘢, 𝘤𝘢𝘪𝘯𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘪𝘯𝘪𝘲𝘶𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘥𝘢 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘶𝘴ã𝘰”.³⁶ Se eles estivessem sendo citados com precisão por seus oponentes, os Iconoclastas não estavam interessados principalmente na “carne” de Cristo “como era vista na terra”, mas em sua transformação após a Ressurreição e Ascensão de Cristo, quando se tornou incorruptível e imortal.³⁷ Segundo eles, portanto, “o dogma da união inseparável das duas naturezas de Cristo”³⁸ implicava não só que a natureza divina de Cristo era incircunscrita e sempre permaneceria incircunscrita, como todos que aceitavam a fé ortodoxa eram obrigados a concordar que era e tinha sido de eternidade em eternidade, mas por meio de sua glorificação em união com a natureza divina, sua natureza humana também se tornou incircunscritível e, portanto, também não retratável.³⁹
Na tentativa de encontrar um terreno comum com os iconoclastas antes de irem atacá-los, os Iconódulos postularam um acordo entre eles em sua aceitação da confissão ortodoxa “a respeito da pessoa e da hipóstase” de Cristo.
⁴⁰ Respondendo ao argumento dos Iconoclastas de que Cristo era “incircunscrito”, portanto, o iconódulo São João Damasceno teve que responder que quando se tratava da natureza divina, é claro “𝘌𝘶 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘦𝘴𝘴𝘰 𝘰 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰”; mas quanto à natureza humana, “𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘯𝘦 𝘧𝘰𝘪 𝘤𝘪𝘳𝘤𝘶𝘯𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘢, 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘦𝘳𝘢 𝘷𝘪𝘴𝘵𝘢 𝘯𝘢 𝘵𝘦𝘳𝘳𝘢” durante os anos da vida de Cristo na terra⁴¹ e, portanto, era legítimo iconizá-la agora. No entanto, quando isso foi feito e a natureza humana estava sendo iconizada, o que estava realmente sendo iconizado não era a natureza humana sozinha – uma vez que ela não está sozinha, nem nunca esteve sozinha, nem deve ser considerada sozinha mas a total pessoa divino-humana de Cristo. Para fazer essa afirmação, os lconódulos poderiam empregar uma série de fórmulas teológicas técnicas que haviam entrado em uso no curso do desenvolvimento das doutrinas da Trindade e da pessoa de Cristo. Portanto, é instrutivo examinar, em alguns detalhes históricos e teológicos, pelo menos duas dessas fórmulas cristológicas ortodoxas que agora poderiam ser utilizadas com o propósito de validar os ícones: a frase “em duas naturezas” e o atributo de “𝘵𝘦𝘳 𝘶𝘮𝘢 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵ê𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢 [enhypostatos]”.⁴²
No texto do decreto dogmático do Concílio de Calcedônia de 451 havia uma variação antiga e conhecida entre sua versão grega e sua versão latina. O texto grego, conforme transmitido em manuscritos e citações e eventualmente publicado na edição padrão (ocidental) dos concílios da igreja do século XVIII pelo Pe. Giovanni Domenico Mansi, dizia que “
𝘰 ú𝘯𝘪𝘤𝘰 𝘦 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘰 𝘊𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰𝘥𝘦𝘷𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘴𝘦𝘳 𝘳𝘦𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘪𝘥𝘰 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘥𝘦 𝘥𝘶𝘢𝘴 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢𝘴 [ek dyo physeon]”; mas o texto latino recebido, aparentemente refletindo uma tradução muito antiga do grego, lido in duabus naturis – “𝘦𝘮 𝘥𝘶𝘢𝘴 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢𝘴”, indicando que a leitura original em grego provavelmente teria sido “en dyo physesin”. Esta variante textual – en dyo physesi – é hoje geralmente reconhecida como a leitura correta e foi incorporada na nova edição crítica da Acta Conciliorum Oecumenicorum.⁴³ Esta é também a leitura que aparece nas edições atuais das duas coleções padrão dos decretos conciliares.⁴⁴ Cada uma das duas leituras é suscetível de uma interpretação correta; e embora todo o assunto pudesse ser descartado como meramente uma diferença entre duas preposições gregas – ou mesmo como pouco mais do que uma diferença entre duas consoantes gregas, trazendo à mente a observação de Gibbon sobre “𝘢𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘯𝘥𝘢𝘴 𝘧𝘶𝘳𝘪𝘰𝘴𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘢 𝘥𝘪𝘧𝘦𝘳𝘦𝘯ç𝘢 𝘥𝘦 𝘶𝘮 ú𝘯𝘪𝘤𝘰 𝘥𝘪𝘵𝘰𝘯𝘨𝘰 𝘱𝘳𝘰𝘷𝘰𝘤𝘢𝘷𝘢 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘰𝘴 𝘏𝘰𝘮𝘰𝘰𝘶𝘴𝘪𝘢𝘯𝘰𝘴 𝘦 𝘰𝘴 𝘏𝘰𝘮𝘰𝘪𝘰𝘶𝘴𝘪𝘢𝘯𝘰𝘴” depois do Primeiro Concílio de Nicéia⁴⁵ – a distinção poderia, se fosse pressionada, ter consequências de longo alcance para a teologia, e também para além da teologia. Quando foi aplicado à questão dos ícones, a leitura mais atestada significava que também após a Encarnação e mesmo após a Ressurreição, ainda permanecia correto falar de uma pessoa ou hipóstase de Jesus Cristo como continuando “em duas naturezas” ao invés de como composto” de duas naturezas”. As duas naturezas do único Cristo não podiam ser separadas, mas também não tinham sido amalgamadas: como a fórmula calcedônica continuou a dizer depois de citar os quatro advérbios celebrados, “𝘢 𝘥𝘪𝘴𝘵𝘪𝘯çã𝘰 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘢𝘴 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢𝘴 𝘯ã𝘰 𝘧𝘰𝘪 𝘢𝘣𝘴𝘰𝘭𝘶𝘵𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘣𝘰𝘭𝘪𝘥𝘢, 𝘮𝘢𝘴 𝘴𝘪𝘮 𝘰 𝘱𝘳𝘰𝘱𝘳𝘪𝘦𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘱𝘦𝘤𝘶𝘭𝘪𝘢𝘳 𝘥𝘦 𝘤𝘢𝘥𝘢 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘧𝘰𝘪 𝘱𝘳𝘦𝘴𝘦𝘳𝘷𝘢𝘥𝘢 [oudamou tes ton physeon diaphoras aneirmenes dia ten henosin, soizomenes de mallon tes idiotetos hekateras physeos]”.⁴⁶ Para os Iconódulas parecia seguir como uma conseqüência necessária, portanto, que a natureza humana poderia ser iconizada, mas que quando o foi, o ícone de Cristo que foi produzido era uma representação da pessoa divina-humana total de Cristo e não apenas da natureza humana isolada da pessoa total.
Outro conceito cristológico técnico de grande relevância para a controvérsia iconoclástica foi o ensino de que a natureza humana de Cristo nunca possuiu uma personalidade separada ou preexistente [hipóstase] própria, mas que desde o momento de seu início foi inseparavelmente ligada à natureza divina do Logos, a eterna “
𝘚𝘦𝘨𝘶𝘯𝘥𝘢 𝘗𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢 [hipóstase]” da Trindade; a humanidade de Jesus Cristo foi, portanto e sempre, “𝘥𝘦𝘴𝘱𝘳𝘰𝘷𝘪𝘥𝘢 𝘥𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘭𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘱𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘪𝘯𝘥𝘪𝘷𝘪𝘥𝘶𝘢𝘭 𝘱𝘳ó𝘱𝘳𝘪𝘢 [anhypostatos]”.⁴⁷ Mas para a ortodoxia, isso tinha como contrapartida e corolário, com base na linguagem do Concílio de Calcedônia, uma fórmula que declarava: “𝘊𝘢𝘥𝘢 𝘶𝘮𝘢 𝘥𝘦 𝘴𝘶𝘢𝘴 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢𝘴 [ousiai] 𝘥𝘦𝘴𝘥𝘦 𝘢 𝘌𝘯𝘤𝘢𝘳𝘯𝘢çã𝘰 é 𝘢𝘲𝘶𝘦𝘭𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘰𝘴𝘴𝘶𝘪 𝘱𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘯𝘢 [enhypostatos]” a única pessoa do Logos encarnado.⁴⁸ Por si só, o conceito da natureza humana de Cristo como possuidora da personalidade na pessoa de Cristo era algo que os iconoclastas também eram obrigados a aceitar.⁴⁹ Mas como uma implicação necessária decorrente desta fórmula e da definição do Concílio de Calcedônia de que a pessoa de Cristo ainda estava “em duas naturezas” após a Encarnação, os defensores dos ícones afirmaram a integridade contínua, também após a Encarnação, daquela natureza do único Cristo que era humano e, portanto, ao mesmo tempo circunscrito e circunscritível – e, portanto, ilustrável;

𝘋𝘪𝘻𝘦𝘮𝘰𝘴, 𝘱𝘰𝘳𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰, 𝘲𝘶𝘦 𝘢 𝘦𝘴𝘴ê𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘴𝘦 𝘷𝘦𝘳𝘪𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘯𝘢𝘴 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦𝘴. 𝘗𝘰𝘳 𝘦𝘴𝘴𝘢 𝘳𝘢𝘻ã𝘰 𝘦𝘭𝘢 𝘵𝘢𝘮𝘣é𝘮 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘪𝘴𝘵𝘦 𝘯𝘢 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦, 𝘮𝘢𝘴 𝘯ã𝘰 é 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦. 𝘗𝘰𝘳 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘯ã𝘰 é 𝘯𝘦𝘤𝘦𝘴𝘴á𝘳𝘪𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘲𝘶𝘪𝘭𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘪𝘴𝘵𝘦 𝘴𝘦 𝘤𝘩𝘢𝘮𝘦 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦. 𝘕𝘢 𝘳𝘦𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘥𝘦 𝘥𝘶𝘱𝘭𝘢 𝘧𝘰𝘳𝘮𝘢 𝘳𝘦𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘦-𝘴𝘦 𝘰𝘳𝘢 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦, 𝘰𝘳𝘢 𝘤𝘰𝘮𝘰 ἐνυπόστατον (𝘦𝘯𝘺𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘵𝘰𝘯). 𝘊𝘰𝘮 𝘦𝘧𝘦𝘪𝘵𝘰, à𝘴 𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦 𝘴𝘪𝘨𝘯𝘪𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘢 𝘴𝘪𝘮𝘱𝘭𝘦𝘴 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵ê𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘦, 𝘯𝘦𝘴𝘵𝘦 𝘴𝘦𝘯𝘵𝘪𝘥𝘰, 𝘯ã𝘰 𝘴ó é 𝘤𝘩𝘢𝘮𝘢𝘥𝘢 𝘴𝘪𝘮𝘱𝘭𝘦𝘴𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘦 𝘦𝘴𝘴ê𝘯𝘤𝘪𝘢, 𝘮𝘢𝘴 𝘵𝘢𝘮𝘣é𝘮 𝘥𝘦𝘴𝘪𝘨𝘯𝘢 𝘰 𝘱𝘳ó𝘱𝘳𝘪𝘰 𝘢𝘤𝘪𝘥𝘦𝘯𝘵𝘦. À𝘴 𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴 𝘯𝘢 𝘷𝘦𝘳𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘴𝘪𝘨𝘯𝘪𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘶𝘮 𝘪𝘯𝘥𝘪𝘷í𝘥𝘶𝘰, 𝘰𝘶 𝘴𝘦𝘫𝘢, 𝘶𝘮𝘢 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢, 𝘢 𝘲𝘶𝘢𝘭 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘪𝘥𝘦𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘴𝘦𝘱𝘢𝘳𝘢𝘥𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘴𝘦 𝘤𝘩𝘢𝘮𝘢 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦, 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘗𝘦𝘥𝘳𝘰, 𝘗𝘢𝘶𝘭𝘰 (..) 𝘦 𝘴𝘦𝘮𝘦𝘭𝘩𝘢𝘯𝘵𝘦𝘴. Ἐνυπόστατον (𝘢𝘥𝘫𝘦𝘵𝘪𝘷𝘰 𝘨𝘳𝘦𝘨𝘰 𝘯𝘦𝘶𝘵𝘳𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘪𝘨𝘯𝘪𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘵𝘢𝘯𝘤𝘪𝘢𝘭, 𝘮𝘢𝘴 𝘦𝘯𝘵𝘦𝘯𝘥𝘪𝘥𝘰 𝘢𝘲𝘶𝘪 𝘢𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘦𝘤𝘦 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘵𝘢𝘯𝘵𝘪𝘷𝘰 𝘦, 𝘱𝘰𝘳𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰, 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘵â𝘯𝘤𝘪𝘢) à𝘴 𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴 𝘴𝘪𝘨𝘯𝘪𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘯𝘢 𝘷𝘦𝘳𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘦𝘴𝘴ê𝘯𝘤𝘪𝘢, 𝘤𝘰𝘯𝘧𝘰𝘳𝘮𝘦 𝘯𝘢 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘪𝘥𝘦𝘳𝘢𝘥𝘢, 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘰𝘳 𝘴𝘪 𝘱𝘳ó𝘱𝘳𝘪𝘢: 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘢𝘴 𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴 𝘵𝘢𝘮𝘣é𝘮 𝘤𝘢𝘥𝘢 𝘶𝘮𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘤𝘰𝘪𝘴𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘤𝘰𝘳𝘳𝘦𝘮 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘢 𝘤𝘰𝘮𝘱𝘰𝘴𝘪çã𝘰 𝘥𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘭𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘦𝘫𝘢 𝘢 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘢𝘭𝘮𝘢 𝘦 𝘤𝘰𝘳𝘱𝘰. 𝘗𝘰𝘳𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰, 𝘢 𝘥𝘪𝘷𝘪𝘯𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘦 𝘢 𝘩𝘶𝘮𝘢𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘥𝘦 𝘊𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰 𝘦𝘧𝘦𝘵𝘪𝘷𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵𝘦𝘮 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘶𝘣𝘴𝘵â𝘯𝘤𝘪𝘢𝘴. 𝘜𝘮𝘢 𝘦 𝘢 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘢 𝘵𝘦𝘮 𝘦𝘮 𝘤𝘰𝘮𝘶𝘮 𝘶𝘮𝘢 𝘴ó 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘭𝘵𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘦𝘴𝘴𝘦𝘴. 𝘈 𝘥𝘪𝘷𝘪𝘯𝘥𝘢𝘥𝘦 𝘦𝘷𝘪𝘥𝘦𝘯𝘵𝘦𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘯𝘵𝘦𝘳𝘪𝘰𝘳 𝘢 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘰𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰𝘴 𝘦 𝘥𝘦𝘴𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘦𝘵𝘦𝘳𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦; 𝘱𝘰𝘳 𝘴𝘶𝘢 𝘷𝘦𝘻 𝘢 𝘤𝘢𝘳𝘯𝘦 𝘢𝘯𝘪𝘮𝘢𝘥𝘢 𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘭𝘪𝘨𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘧𝘰𝘪 𝘢𝘴𝘴𝘶𝘮𝘪𝘥𝘢 𝘱𝘦𝘭𝘢 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘥𝘪𝘷𝘪𝘯𝘢 𝘯𝘰𝘴 ú𝘭𝘵𝘪𝘮𝘰𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘰𝘴 𝘦 𝘦𝘹𝘪𝘴𝘵𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘯𝘦𝘴𝘴𝘢 (𝘯𝘢 𝘯𝘢𝘵𝘶𝘳𝘦𝘻𝘢 𝘥𝘪𝘷𝘪𝘯𝘢), 𝘱𝘰𝘴𝘴𝘶𝘪 𝘢 𝘮𝘦𝘴𝘮𝘢 𝘩𝘪𝘱ó𝘴𝘵𝘢𝘴𝘦.”
– São João Damasceno, “De Natura Composita”, 6 (PG 95,120).

NOTAS

[33]. Henry George Liddell; Robert Scott e Henry Stuart Jones “A Greek-English Lexicon.” 9th ed. Oxford: Clarendon Press, 1940, página 186.
[34]. Epístola 101 (PG 37,177B).
[35]. Citado por São João Damasceno em “Dissertatio Tertia, De epistola ad Caesarium monachum” (PG 94,317).
[36]. Sínodo iconoclasta de constantinopla, citado no Segundo Concilio de Nicéia (Mansi, ibid, 13,252).
[37]. Citado por São Nicéforo, em “Antirrheticus III Adv. Constantinum copr.” (PG 100,437).
[38]. Constantino V citado por São Nicéforo, em “Antirrheticus II Adv. Constantinum copr.”, 1 (PG 100,329).
[39]. Novamente citado por São Nicéforo, em “Antirrheticus III Adv. Constantinum copr.” (PG 100,437).
[40]. São Nicéforo, em “Antirrheticus I Adv. Constantinum copr.” (PG 100,237).
[41]. São João Damasceno ainda em “Dissertatio Tertia, De epistola ad Caesarium monachum” (PG 94,317).
[42]. David Beecher Evans, em “Leontius of Byzantium: An Origenist Christology”, Washington D.C., Dumbarton Oaks, 1970, páginas 132-146.
[43]. Ignacio Ortiz de Urbina em “Das Konzil von Chalkedon: Geschichte und Gegenwart”, 3 vols, wuzburg: echter-verlag, 1951-54, de Heinrich Bacht, vol 1, páginas 390-391.
[44]. Pe. Heinrich Denzinger, “Enchiridion Symbolorum, Definitionum Et Declarationum de Rebus Fidei Et Morum” 36th ed. Barcelona, Freiburg, and Rome, Herder, 1976, página 302.
[45]. Edward Gibbon, “The History of the Decline and Fall of the Roman Empire”, Edited by John Bagnell, Bury, 7 vols, London: Metuen and Company, 1896-1900, vol 2, página 352.
[46]. Concílio de Calcedônia (NPNF II, 14, 265).
[47]. Geoffrey W. H. Lampe, ed. “A Patristic Greek Lexicon”, Oxford: Clarendon Press, 1961, página 164.
[48]. São João Damasceno, em “Contra Jacobitas”, 12 (PG 94,1441).
[49]. Citado por São Teodoro, o Estudita em “Antirrheticus” III, 1,15 (PG 99,396).

Fonte: https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/

8 maneiras de honrar o Santíssimo Nome de Jesus em janeiro

Fr Lawrence Lew-CC
Por Annabelle Moseley

Uma oportunidade perfeita para fortalecermos nossa conexão com o belo nome de nosso Senhor.

Todos os meses, a Igreja Católica tem um tema devocional. Janeiro, por exemplo, é o mês do Santíssimo Nome de Jesus, um momento ideal para fortalecer nossa conexão com o belo nome de nosso Senhor.

Na verdade, todos os nomes devem ser tratados com respeito. Você conhece o significado do seu próprio nome? É interessante descobrir… Um nome é um emblema da dignidade de alguém, mas o nome de Jesus, em particular, deve ter a máxima consideração, falado e ouvido apenas de maneira sagrada.

O belo nome “Jesus” significa “Deus salva”. Portanto, o nome de Jesus não é apenas o nome de nosso Salvador, mas também, uma afirmação acerca do propósito de Sua existência, lembrando-nos da incrível bênção da salvação.

Vamos, portanto, dar grande honra a esse nome! Além disso, lembremos que o nome de Jesus em aramaico é “Yeshua”. Foi assim que Jesus foi chamado em sua própria língua nativa (o nome Josué também é derivado desse nome).

Aqui estão 10 maneiras pelas quais você pode honrar o Santíssimo Nome de Jesus em janeiro.

1NUNCA TOMAR O NOME DE JESUS EM VÃO

Desligue a televisão ou saia do cinema quando ouvir em vão o nome de Deus. Jure nunca tomar o nome do Senhor em vão (soa como uma perfeita resolução de Ano Novo!) e corrija imediatamente se você acidentalmente o fizer ou se ouvir alguém fazer isso. Como você pode reparar? Uma maneira é saber de cor esta curta oração:  “Admirável é o nome de Deus.” Essa oração de louvor pelo Santíssimo Nome de Deus também é uma oração de reparação por blasfêmia.

2CURVE A CABEÇA QUANDO OUVIR O NOME JESUS

Adote a prática piedosa (que costumava ser mais amplamente praticada e é tão significativa e apropriada) de inclinar a cabeça sempre que você disser ou ouvir o nome de Jesus (da mesma forma que devemos nos curvar ou fazer genuflexão diante da Real Presença no tabernáculo ou fazer uma sinal da cruz quando passamos por uma Igreja Católica). As escrituras nos dizem: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Filipenses 2,10). O Concílio de Lyon, em 1274, declarou: “Cada um deve cumprir em si mesmo o que está escrito para todos, que ao Nome de Jesus todo joelho deve dobrar; sempre que esse nome glorioso é lembrado, especialmente durante os sagrados mistérios da Missa, todos devem dobrar os joelhos de seu coração, o que ele pode fazer mesmo com um arco de sua cabeça.”

3DECORE SUA MESA

Decore a mesa principal de sua casa com as cores branca (a primeira quinzena de janeiro é a época litúrgica do Natal, representada pela cor litúrgica do branco para fins de pureza) e verde (na segunda quinzena de janeiro começa o Tempo Comum, com a cor litúrgica verde representando a esperança como uma semente que brota). Você pode utilizar as letras IHS decoradas e emolduradas. São Bernardino, um santo devoto ao Santíssimo Nome de Jesus, sustentou a veneração do monograma “IHS” (cercado por raios). Por que não tentar isso em sua casa neste mês?

4CELEBRE A FESTA DO SANTÍSSIMO NOME DE JESUS

Vá à Missa do dia 3 de janeiro e, ao orar, tente prestar atenção especial a essas palavras do Pai Nosso, “santificado seja o Vosso Nome” e tenha o propósito de viver de acordo com esse ensinamento: ajudando a santificar o nome de Deus.

5ESCREVA O NOME DE CRISTO EM SUA CASA - LITERALMENTE

Assim como o filho de Maria foi adorado pelos três Reis Magos, vamos adorá-lo também. Para a Festa da Epifania, é tradição em alguns lugares abençoar sua casa, escrevendo as iniciais dos nomes dos Reis Magos com giz na porta de entrada. Quando a bênção da casa estiver concluída, por que não desfrutar de um Bolo Epifania, que também é uma tradição em vários países? Na internet, é possível pegar várias receitas.

6PEÇA DIARIAMENTE AS BÊNÇÃOS DE MARIA E JOSÉ

O nome de Jesus foi revelado a José em sonho e à Nossa Senhora na Anunciação. Peça que José e Maria aumentem seu amor por Jesus, juntamente com sua reverência pelo Seu Santíssimo Nome

7ADICIONE PRECES ESPECIAIS NA SUA ROTINA DE ORAÇÃO

Que tal começar uma novena a São Bernardino de Siena, que teve uma devoção especial ao Santíssimo Nome de Jesus? Você também pode rezar uma das orações ao Santíssimo Nome de Jesus encontradas aqui.

8CANTE UMA CANÇÃO DE LOUVOR AO SANTÍSSIMO NOME DE JESUS

Abaixo, uma sugestão:

https://youtu.be/afqvVLqCyXw

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Gigantes da web olham para a África

África | Vatican News

Nigrizia, a revista dos combonianos, publicou uma reportagem sobre os grandes investimentos que estão sendo feitos para cobrir toda a África com serviços da rede Internet. É uma maneira de criar desenvolvimento ou de visar um novo mercado? Entrevista com Antonella Sinopoli a autora da matéria.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Sempre atentos aos acontecimentos do continente africano, o site dos missionários combonianos Nigrizia, publicou uma reportagem de Antonella Sinopoli, sobre os grandes investimentos em andamento para conectar o imenso território e permitir o uso da rede a toda a população. O foco é dado especialmente aos 700 milhões de africanos que nunca utilizaram a Internet. Hoje tudo é feito com a internet e é importante para a África estar conectada com o resto do mundo. Em entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News, a jornalista fala sobre luzes e a sombras deste mega projeto.

Antonella Sinopoli, o que você pode dizer sobre este futuro envolvimento do continente africano no mundo da web?

Digamos que o mundo da web está particularmente interessado na África nestes últimos anos. Na realidade, sempre houve um grande interesse pelo continente, no que diz respeito à exploração de recursos no passado, mas também hoje com relação à escravidão e à colonização. Há dois elementos que nos fazem olhar para este continente de modo particular: primeiro o fenômeno da emigração e depois os investimentos em digital. Digamos que as verdadeiras conquistas de hoje são feitas através da tecnologia digital e, portanto, estes investimentos de bilhões de euros ou dólares são o grande desafio do futuro. A tecnologia digital ainda é território virgem no continente africano, onde as grandes empresas podem jogar a carta do desenvolvimento. Estamos falando de bilhões para interligar o continente, ou seja, para conectar as pessoas que lá vivem com o mundo inteiro. Depois veremos até que ponto isso será uma vantagem para os cidadãos ou o quanto representará um verdadeiro negócio para os gigantes da web.

Neste caso o continente africano é visto mais como uma tentativa de conectá-lo com o resto do mundo ou como um mercado a ser explorado?

A principal motivação é conectar o continente e, portanto, preencher esta lacuna que ainda existe. Lembremos que ainda 700 milhões de cidadãos da África subsaariana não estão conectados à internet. Este é um dado verdadeiramente excepcional e absurdo para nós que estamos constantemente conectados e fazemos tudo pela Internet. Há também outro número que pode parecer estranho: neste continente, a distribuição da Internet é de apenas 11%, portanto os investimentos neste setor parecem indispensáveis, porque finanças, educação, saúde, informação, tudo passa através da Internet.... É claro que existem coisas paradoxais, porque estes projetos não só visam alcançar estas pessoas, mas também visam preencher uma lacuna que é econômica. Muitas pessoas não podem se dar ao luxo de se conectar à rede por ser muito cara, portanto, por um lado há este desejo de fazer negócios por parte destes grandes gigantes, e por outro lado há a tentativa de preencher esta lacuna e alcançar as áreas rurais que estão totalmente desconectadas e também reduzir significativamente o custo da conexão.

Então considerar a África também como um mercado, significa que há uma previsão de melhoria global no continente com efeitos positivos sobre a emigração, a saúde e outros setores?

Certamente haverá. Consideremos que a África é um país jovem: 40% da população da região subsaariana tem menos de 15 anos de idade e cerca de 60% tem menos de 25. Portanto, podemos dizer que uma maior conectividade irá ajudar essas gerações mais jovens a trabalhar na internet e se conectar com o mundo. Tudo é feito através da Internet. Isto também é muito importante para a comunicação, porque a África já está conectada, mas existem muitas áreas isoladas, e esta África já conectada é formada por jovens, profissionais, é feita por um mundo de informações e jornalistas africanos que estão trabalhando para trazer à tona uma nova narrativa da África, e isto é muito interessante. Mas também gostaria de salientar os aspectos negativos do uso da Internet. Sabemos que a Internet é poder, e isto também é muito assustador. Tem havido e há muitos casos de suspensão da Internet por alguns regimes durante o período eleitoral ou protestos populares. Agora esses investimentos certamente não evitarão esse fenômeno, pois há outro fato interessante a mencionar: o que acontecerá com todos os dados coletados por essas grandes empresas que já estão abrindo centros de dados na África? Portanto, estes são aspectos a serem observados. Todavia, estes investimentos deveram estar prontos até este ano ou, no máximo, 2024. Esperamos que até lá a pandemia seja uma coisa do passado, e portanto esta transmissão melhorada pela Internet na África ajudará de alguma forma o renascimento do continente em um período que é atualmente, precisamente por causa da pandemia, muito difícil.

Há outros aspectos a serem destacados?

Outro elemento crítico, que os gigantes da web estão investindo ou prestes a investir na África para conectar o continente, aumentar a velocidade da Internet e reduzir os custos de conexão, é que - ainda hoje - mais de 600 milhões de pessoas no território subsaariano não têm acesso à eletricidade. É claro que cabe aos governos abordar esta questão, mas certamente é um paradoxo e sugere que, até que seja resolvido, serão as classes médias e ricas, as grandes empresas, que encontrarão uma vantagem em uma rede mais ampla e funcional.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Genoveva

Santa Genoveva | arquisp
03 de janeiro

Santa Genoveva

A França não deu ao mundo somente Santa Joana D'Arc como exemplo de mulher santa por interferir na política dos homens. Presenteou a Humanidade também com Santa Genoveva. Embora não se atirasse à guerra como Joana D'Arc, Santa Genoveva fez da atividade política e social uma obrigação tão importante quanto a oração e o jejum. Se Joana é invocada como guerreira, Genoveva se faz protetora nas horas de calamidade e perseguição.

Nasceu em Nanterre, perto de Paris, no ano 422, de família muito humilde e modesta, época em que a Inglaterra ainda era dominada pelo paganismo, exigindo da Igreja uma postura de evangelização naquele importante país. Assim, tinha Genoveva cerca de 6 anos (alguns escritos falam em 8) quando uma missão católica passou por sua cidade a caminho da Bretanha, liderada por dois bispos. Um deles profetizou que a menina seria um prodígio cristão - e não errou.

Já aos 15 anos Genoveva fez voto de castidade, participando ainda de uma irmandade que, embora não se retirasse para os conventos, atuava religiosa e socialmente a partir de suas próprias casas. Sua história como protetora da França tem dois episódios significativos e sempre citados: a resistência aos hunos e o auxílio dos moradores do campo à cidade que vivia na penúria.
Quando Átila, "o flagelo de Deus", liderou os hunos na invasão a Paris, a população decidiu abandonar a cidade. Santa Genoveva os convenceu a ficar, pois deviam confiar em Deus que impediria a destruição da metrópole. Embora quase fosse linchada pelos mais temerosos, sua convicção contagiou e o povo ficou. Átila não só não invadiu Paris como pouco tempo depois foi obrigado a recuar e abandonar outras cidades conquistadas.

Mais tarde, quando a cidade mergulhava na fome e na escassez, Genoveva exortou a população agrícola a socorrer os moradores urbanos, salvando milhares da morte. Por isso é invocada sempre que a capital francesa passa por calamidades e não tem recusado proteção, segundo seus devotos.

Sua atuação na política também livrou muitos da cadeia e da perseguição, pois interferia frequentemente junto ao Rei Clóvis, conseguindo anistia aos prisioneiros políticos. Morreu por volta do ano 502, depois de ter convencido o rei a construir a famosa igreja dedicada a São Pedro e São Paulo. Durante a revolução francesa a abadia construída sobre seu túmulo, e que abrigava suas relíquias, foi saqueada pelos jacobinos, mas seu culto continuou e perdura até hoje na Igreja de Santo Estêvão do Monte.

Outros santos e beatos:

  • Santo Antero — papa (de 235 a 236). Grego de origem e primeiro pontífice a ser sepultado nas catacumbas de são Calisto, foi presumivelmente mártir.
  • Santa Bertila — morta em 687. Tendo-se consagrado a Deus juntamente com o marido, uma vez viúva, recolheu-se à clausura nas proximidades de uma igreja que o esposo fizera edificar em Flandres.
  • São Blitmundo — abade morto em 660. Monge em Bobbio, fundou, juntamente com são Valério, uma abadia na França, posteriormente chamada Saint-Valéry de Leuconay.
  • Santos Cirino, Primo e Teógenes — martirizados em 320, sob o reinado de Licínio; serviram nas fileiras do ­exército.
  • São Daniel de Pádua — diácono martirizado em 168. Juntamente com são Prosdócimo, evangelizou Veneza.
  • São Finlugh — abade do mosteiro irlandês fundado por são Columbano, no século VI.
  • São Fintan — abade, irmão de Finlugh, venerado como padroeiro de Doon, em Limerick.
  • São Florêncio de Vienne — bispo martirizado em 275, sob o reinado de Galieno.
  • São Górdio — martirizado em 304, sob o reinado de Diocleciano. Integrava as fileiras do exército em Cesaréia (Capadócia).
  • São Gwenog — venerado em Gales; ignora-se sua história.
  • São Nerses — bispo na Pérsia, martirizado em 340.
  • São Pedro Absalão ou Bálsamo — martirizado em 311, em Aulona, região do Hebron.
  • Santos Teopento e Teonas — martirizados em Nicomédia, em data imprecisa.
  • Santos Zósimo e Atanásio — martirizados em 303, na Cilícia. Consta que Atanásio se teria convertido ao presenciar as torturas infligidas ao destemido Zósimo. Também ele sofreu o mesmo destino, mas tendo ambos sobrevivido às torturas e morrido de morte natural, passaram a ser venerados como mártires, ou seja, “testemunhas” de Cristo.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 2 de janeiro de 2022

“O Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8)

Padre Giacomo Tantardini e Dom Giussani na praça de São Pedro, no
Domingo de Ramos, em 23 de março de 1975, Ano Santo | Revista 30Dias

Homilia de padre Giacomo Tantardini no sétimo aniversário da morte de padre Luigi Giussani

Pádua, 21 de fevereiro de 2012, Basílica de Santo Antônio

por padre Giacomo Tantardini

Só uma palavra, um breve pensamento para recordar Dom Giussani no sétimo aniversário de sua morte. Nestes dias mais de uma vez me lembrei da frase de Jesus que Giussani – retomando-a de Paulo VI – repetia nos momentos decisivos da vida: “O Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8) Quando Jesus voltar, encontrará ainda a fé sobre a terra? Pois é deste dom, em primeiro lugar, que precisamos: da fé. Quando o Senhor retornar, encontrará ainda a fé sobre a terra? Precisamos da fé a cada instante, a cada momento. E como é bonito, como é real, que, tendo tanta necessidade da fé, a fé seja graça de Deus, seja dom de Deus. Gratia facit fidem, diz Santo Tomás: a graça cria a fé, e não apenas quando a fé começa, mas a graça cria a fé a cada instante, a cada momento. No fundo a vida de Dom Giussani foi testemunho e exemplo desta realidade: que a graça cria a fé a cada instante.

O que nos é dado – pois isso também é dado –, o Evangelho de hoje e a carta de Tiago o expressam com a palavra humildade. O que nos é dado é sermos humildes, pois aos soberbos Deus resiste, aos humildes concede a sua graça. O que nos é dado é que sejamos como crianças.

Aqui, neste santuário de Santo Antônio, peçamos a ele, que por puro dom tomou nos braços o menino Jesus e pelo menino Jesus foi carregado, peçamos a Santo Antônio sermos como crianças. Peçamos isso a ele e peçamos a Giussani, agora que no Paraíso vê, como já tinha vislumbrado e comunicado na terra, o quanto é bom ser como crianças que esperam tudo do Senhor.

Primeira leitura (Tg 4,1-10)

Caríssimos, de onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres. Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que pretende ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus. Ou julgais ser em vão que a Escritura diz: “Com ciúme anela o espírito que nos habita”? Mas ele nos dá uma graça maior. Por isso, a Escritura diz: “Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes”. Obedecei pois a Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios. Ficai tristes, vesti o luto e chorai. Transforme-se em luto o vosso riso, e a vossa alegria em desalento. Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará.

Evangelho (Mc 9,30-37)

Naquele tempo, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?” Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

CATEQUISTAS-ITINERANTES

Iniciadores do Caminho Neocatecumenal | neocatechumenaleiter

CATEQUISTAS-ITINERANTES

Um dos principais carismas ou frutos do Caminho são dos catequistas-itinerantes. Graças a eles, se estendeu pelos cinco continentes. A equipe internacional do Caminho constitui equipes de catequistas itinerantes- que, normalmente, são formadas por um presbítero, um matrimônio e um celibatário; ou um presbítero, um celibatário e uma celibatária- para serem enviados às nações para iniciar e guiar a realização do Caminho Neocatecumenal.

Os itinerantes respondem assim, aos pedidos das dioceses mais distantes: a equipe internacional faz um convite aos irmãos do Caminho a se oferecerem disponíveis para serem enviados a qualquer parte do mundo e os que se sentem chamados por Deus se oferecem livremente.

Os itinerantes recebem esta missão em convivências e nelas, a equipes responsável do Caminho, ou outro por ele indicado, verifica a disponibilidade e coordena a atividade dos itinerantes, em uma dinâmica “sístole e diástole”, segundo o exemplo do Senhor, que enviava seus apóstolo em missão e depois os reunia em um lugar apartado para escutar os prodígios que o Espírito Santo realizava com eles.

O catequista itinerante segue unido a sua paróquia e comunidade, a qual volta regularmente para participar no Caminho da mesma. Ademais, o catequista itinerante aceita viver sua missão em precariedade, ficando livre de interrompê-la em qualquer momento, informando ao bispo ad quem e a equipe responsável do Caminho.

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt

O Perigo do Sincretismo Religioso

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

O sincretismo religioso sempre foi um perigo para a fé dos cristãos. Os Papas em muitos documentos alertaram sobre este perigo. Por exemplo, recordando o discurso que São João Paulo II fez aos membros de outras religiões em Assis, o Papa Bento XVI afirmou, em 2006, que: “é importante não esquecer a atenção que então foi dada para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas, fundadas numa concepção relativista” [1].

Em sua viagem ao Benim (África), em 2011, Bento XVI explicou com clareza que: “o diálogo inter-religioso mal-entendido leva à confusão ou ao sincretismo. Este não é o diálogo que se pretende”.

Por outro lado, a Declaração “Dominus Iesus” (n. 22), aprovada pelo Papa São João Paulo II, explicou sobre a ilusão e o perigo da mentalidade relativista que leva a pensar que “tanto vale uma religião como outra”:

“Com a vinda de Jesus Cristo Salvador, Deus quis que a Igreja por Ele fundada fosse o instrumento de salvação para toda a humanidade (cf. At 17,30-31). (Cf. LG, 17; Enc. Redemptoris missio, n. 11). Esta verdade de fé nada tira ao fato de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista imbuída de um relativismo religioso que leva a pensar que tanto vale uma religião como outra” (Redemptoris missio, n. 36). Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objetivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação (Pio XII, Carta Enc. Mystici corporis, Denz., n. 3821). Há que lembrar, todavia, “a todos os filhos da Igreja que a grandeza da sua condição não é para atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não corresponderem a essa graça, por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrerão num juízo mais severo” (LG, 14). Compreende-se, portanto, que, em obediência ao mandato do Senhor (cf. Mt 28,19-20) e como exigência do amor para com todos os homens, a Igreja “anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Cristo, que é ‘o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo” (Nostra aetate, n. 2)

O Catecismo a Igreja Católica é muito claro quando afirma a necessidade da Igreja católica para a salvação:

“…toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é seu Corpo: Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (n.846).

Apesar dessas palavras tão fortes da Igreja sobre a salvação, há, infelizmente em alguns segmentos da Igreja a tendência perigosa de deixar que as pessoas se salvem “dentro de suas próprias culturas e crenças”, fora da Igreja, voluntariamente. Sobre isso diz o Catecismo: “cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar todos os homens” (n. 848), pois a grande ordem de Jesus para a Igreja, em todos os tempos foi esta:

“Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,19-20).

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. 16.Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16,15-16). Foi por isso que milhares de missionários, como São José de Anchieta, e tantos outros, deixaram suas pátrias, para levar esta salvação aos índios.

Portanto, deixar de levar a todos os homens, sejam civilizados ou não, o único Evangelho da salvação e os sacramentos da Igreja católica, seria uma enorme traição a Jesus Cristo. O Catecismo diz que quem não conheceu a Igreja, Cristo e o Evangelho, sem culpa, pode se salvar se viver de acordo com os ditames da consciência (cf. n. 847). Mas que fique bem claro este “sem culpa”.

De modo especial, o sincretismo religioso é destruidor na celebração da Eucaristia. O Papa Bento XVI, no dia 15 de abril de 2000, falando aos bispos da região Norte do Brasil, criticou o sincretismo religioso no Brasil e pediu que os bispos brasileiros rejeitem “fantasias” na Eucaristia. Ele disse que: “o culto não pode nascer de nossa fantasia”, já que “a verdadeira liturgia pressupõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-lo”.

A mensagem foi clara: a Igreja não aceita o sincretismo, nem mesmo em regiões distantes e onde a cultura local seja predominante. Bento XVI insistiu que estava preocupado “por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica” e advertiu para os riscos do sincretismo. A Igreja rejeita que sejam introduzidos ritos tomados de outras religiões na celebração das missas.

Bento XVI disse aos bispos do Norte do Brasil que “os desvios poderiam estar sendo motivados por uma mentalidade ‘incapaz de aceitar a possibilidade de uma verdadeira intervenção divina’. Para ele, a Eucaristia é um ‘dom demasiado grande para suportar ambiguidade e reduções’. ‘Quando na Santa Missa não aparece a figura de Jesus como elemento preeminente, mas uma comunidade atarefada em muitas coisas’, se produz um ‘escurecimento do significado cristão do sacramento’. Que ele (Jesus) seja verdadeiramente o coração do Brasil, de onde venha a força para todos homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e ajudarem como irmãos”, completou.

Referências: [1](http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2006/documents/hf_ben-xvi_let_20060902_xx-incontro-assisi_po.html).

[2](http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2011/november/documents/hf_ben-xvi_spe_20111119_corpo-diplom_po.html).

Fonte: https://cleofas.com.br/

EPIFANIA DO SENHOR

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília

Aprendendo a adorar com os Magos

Ouvimos, no Evangelho (Mt 2, 1-12), que os Magos começam por manifestar a intenção que os move: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo» (2, 2). Adorar é o objetivo do seu percurso, a meta do seu caminho. De fato, chegados a Belém, quando «viram o Menino com Maria, sua mãe, prostrando-se, adoraram-No» (2, 11). Se perdermos o sentido da adoração, falta-nos o sentido de marcha da vida cristã, que é um caminho rumo ao Senhor, e não a nós. O risco existe, como nos adverte o Evangelho, quando, a par dos Magos, mostra personagens incapazes de adorar.

O primeiro deles é o rei Herodes, que usa o verbo «adorar», mas de maneira falaciosa. Com efeito, pede aos Magos que o informem do local onde encontrarem o Menino, «para – diz ele – ir também eu adorá-Lo» (2, 8). Na realidade, Herodes adorava apenas a si mesmo e por isso, com uma mentira, o que ele queria era livrar-se do Menino. Que nos ensina isto? Que o homem, quando não adora a Deus, é levado a adorar-se a si mesmo; e a própria vida cristã, sem adorar o Senhor, pode tornar-se uma forma educada de se louvar a si mesmo e a sua habilidade: cristãos que não sabem adorar, não sabem rezar adorando. É um risco sério: servir-se de Deus, em vez de servir a Deus.

Quando se adora, apercebemo-nos de que a fé não se reduz a um belo conjunto de doutrinas, mas é a relação com uma Pessoa viva, que devemos amar. É permanecendo face a face com Jesus que conhecemos o seu rosto. Quando O adoramos, descobrimos que a vida cristã é uma história de amor com Deus, onde não basta ter boas idéias sobre Ele, mas é preciso colocá-Lo em primeiro lugar, como faz um namorado com a pessoa amada. Assim deve ser a Igreja: uma adoradora enamorada de Jesus, seu esposo.

Ao principiar este ano, descubramos de novo a adoração como exigência da fé. Se soubermos ajoelhar diante de Jesus, venceremos a tentação de olhar apenas aos nossos interesses. De fato, adorar é fazer o êxodo da maior escravidão: a escravidão de si mesmo. Adorar é colocar o Senhor no centro, para deixarmos de estar centrados em nós mesmos. É predispor as coisas na sua justa ordem, reservando o primeiro lugar para Deus.[…] Adorar é ir ter com Jesus, não com uma lista de pedidos, mas com o único pedido de estar com Ele. É descobrir que a alegria e a paz crescem com o louvor e a ação de graças. […] Adorar é ir ao essencial: é o caminho para se desintoxicar de tantas coisas inúteis, de dependências que anestesiam o coração e estonteiam a mente. De fato, adorando, aprende-se a rejeitar o que não deve ser adorado: o deus dinheiro, o deus consumo, o deus prazer, o deus sucesso, o nosso eu arvorado em deus. Adorar é um gesto de amor que muda a vida. É fazer como os Magos: levar ao Senhor o ouro, para Lhe dizer que nada é mais precioso do que Ele; oferecer-Lhe o incenso, para Lhe dizer que só com Ele se eleva para o alto a nossa vida; apresentar-Lhe a mirra – com ela se ungiam os corpos feridos e dilacerados – como promessa a Jesus de que socorreremos o próximo marginalizado e sofredor, porque nele está o Senhor. (Este texto é síntese da homilia de papa Francisco  de 6/01/20).

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF