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domingo, 1 de maio de 2022

Trabalho e Vida Oculta

Crédito: Opus Dei

1. Valor cristão da vida diária

Jesus, crescendo e vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana, a vida comum e de cada dia, tem um sentido divino”, escreve São Josemaria Escrivá no início de uma homilia de Natal. E em seguida acrescenta: “Por muito que tenhamos considerado estas verdades, devemos encher-nos sempre de admiração, ao pensar nos trinta anos de obscuridade que constituem a maior parte da vida de Jesus entre seus irmãos, os homens. Anos de sombra, mas, para nós, claros como a luz do Sol. Mais: resplendor que ilumina os nossos dias e que lhes dá uma autêntica projeção, pois somos cristãos comuns, com uma vida vulgar, igual à de tantos milhões de pessoas nos mais diversos lugares do mundo”[1].

Se bem que na vida, tanto na de cada pessoa, como na das famílias e na das nações, haja acontecimentos chamativos, ocorrências em certa medida extraordinárias, a realidade é que a existência cotidiana está formada pela sequência de dias preenchidos, geralmente, por acontecimentos de pouca importância e frequentemente muito semelhantes aos dos dias anteriores. E todos esses acontecimentos têm valor diante de Deus. As palavras de São Josemaria que citamos antes manifestam uma das verdades centrais do cristianismo, que tem um eco particular no espírito do Opus Dei. Deus não é um ser longínquo, que se limita a criar o mundo e a dotá-lo de leis, mas um Deus próximo, que acha “suas delícias entre os filhos dos homens”[2], que ama as suas criaturas uma a uma, e que leva o seu amor ao extremo de se fazer homem, compartilhando em Jesus Cristo, o nosso modo de viver, nas coisas pequenas e grandes.

Em suma, a luz da fé manifesta, que todos os fatos e situações que integram a existência constituem chamadas que Deus dirige para que o homem entre em relação com Ele, se abra ao cumprimento da verdade divina e se disponha a servir os outros homens, com uma atitude de confiança em Deus e entrega. “Deus nos espera cada dia (...). Não esqueçamos nunca: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir”[3].

É desta profunda verdade que deve viver o cristão, qualquer cristão, também aquele cuja existência transcorre no meio do mundo, sem que aconteçam na sua vida coisas chamativas ou espetaculares. É nessa vida cotidiana e simples que pode e deve:

  • Ter intimidade com Deus, saber que está na sua presença, solicitar a sua ajuda, corresponder com o seu amor ao amor divino, também no que pode parecer irrelevante, porque tudo o que é nosso interessa ao nosso Pai Deus. “Não se vendem dois passarinhos por um asse?”, preguntou um dia Jesus aos seus discípulos. E respondeu: “No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai (...). Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós”[4].
  • Contribuir, mediante o desempenho das próprias ocupações e tarefas, para o progresso da sociedade humana e para a realização do grande desígnio divino da salvação, na medida em que essas tarefas, vividas com amor, no cumprimento da vontade divina e acolhendo com docilidade as inspirações do Espírito Santo, se unem ao oferecimento que Cristo fez da sua própria vida e consequentemente participam da sua eficácia redentora.
  • Participar, mediante o exemplo de uma vida ordinária e coerente, e do testemunho de uma palavra simples e oportuna, na missão que incumbe a toda a Igreja de estender ao longo dos séculos a mensagem do Evangelho até atrair toda a humanidade para Cristo, e em Cristo para Deus Pai.

2. Vida diária e trabalho

A vida diária está formada por uma ampla diversidade de realidades e tarefas: trabalho, descanso, jogo, cultura, vida familiar, relações sociais e de amizade, atividades econômicas e políticas, saúde, doença, tristezas, alegrias... Estas realidades estão presentes, em graus e formas diferentes, em cada existência concreta, e contribuem para a sua fisionomia, se bem que, como é lógico, nem todas tenham a mesma importância. Dentre elas é natural destacar uma, que reveste manifestações muito variadas, mas que sempre ocorre na vida de todos os homens e mulheres: o trabalho.

Trata-se, juntamente com a família, de uma das realidades a que se refere a Bíblia sobre a criação do ser humano. “Deus os abençoou [a Adão e Eva]: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”[5]. A história humana manifesta a presença constante do trabalho e o seu desenvolvimento através da utilização progressiva de uma ampla variedade de instrumentos que foram facilitando o domínio sobre a matéria. Uma parte decisiva desse desenvolvimento deve-se à chegada do que costuma designar-se como divisão do trabalho; quer dizer, à orientação dos seres humanos para diversas atividades nas que se especializam, obtendo assim melhores resultados, o que, graças ao posterior intercâmbio de bens, contribui para o progresso de toda a sociedade. Daí o surgimento das profissões e a qualificação do trabalho, como trabalho profissional, como trabalho ao que a pessoa se dedica estavelmente e que define, em grande parte, a sua posição na sociedade.

São Josemaria Escrivá resumiu, num texto particularmente denso, as dimensões tanto naturais como religiosas e cristãs do trabalho humano. “O trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio sobre a criação; é meio de desenvolvimento da personalidade; é vínculo de união com os outros seres; fonte de recursos para o sustento da família; meio de contribuir para o progresso da sociedade em que se vive e para o progresso de toda a humanidade. Para um cristão, essas perspectivas alargam-se e ampliam-se, porque o trabalho se apresenta como participação na obra criadora de Deus [...]. E porque, além disso, ao ser assumido por Cristo, o trabalho se nos apresenta como realidade redimida e redentora: não é apenas a esfera em que o homem se desenvolve, mas também meio e caminho de santidade, realidade santificável e santificadora”[6].

Descompondo analiticamente esse parágrafo podemos indicar que o trabalho – e mais concretamente o trabalho entendido não como mera ocupação das mãos, mas como trabalho profissional – possui:

  • Uma dimensão cósmica e de domínio, enquanto expressão da capacidade do homem de dominar a natureza orientando-a para os fins que concebe com a sua inteligência e, portanto, colocando-a a seu serviço.
  • Uma dimensão antropológica, uma vez que o homem adquire maturidade e consciência de si, e consequentemente cresce e se desenvolve como homem, não só, mas muito especialmente, através da realização séria, contínua e responsável da própria tarefa.
  • · Uma dimensão sócio familiar, uma vez que o trabalho, ao proporcionar bens, permite a constituição e a posterior manutenção da família.
  • Uma dimensão social e histórica, uma vez que o trabalho, e mais concretamente a sua progressiva divisão e desenvolvimento, é um dos fatores fundamentais que contribuem para a estruturação e o progresso das sociedades.
  • Uma dimensão teológico-criacional, pois pressupõe que Deus não quis dar vida a um universo plenamente feito e fechado, mas contar com a ação e a história humanas como realidades que contribuem para a plenitude final.
  • Uma dimensão soteriológica, uma vez que, unido à entrega de Cristo, o trabalho contribui para a obra da salvação, tanto nos momentos de satisfação pessoal e de alegria, que podem ser vividos em comunhão com Deus, como nos de esforço, fracasso ou cansaço que, unidos à Cruz de Cristo, adquirem valor de salvação.

A conexão entre estes aspectos resume-se muito bem num outro texto de São Josemaria, referido ao cristão que se santifica nas tarefas comuns dos homens: “A vossa vocação humana é parte, e parte importante, da vossa vocação divina”[7]. Portanto, o trabalho, que ocupa na terra os dias de todos os homens, confirmando a sua personalidade, e que é para cada um o modo peculiar de estar no mundo, não é alheio aos planos de Deus[8]. Por isso a vocação cristã leva a realizar o trabalho e todas as ocupações cotidianas por amor a Deus e com espírito de serviço aos homens[9].

João Paulo II na encíclica que dedicou ao trabalho, a Laborem exercens, analisa esta realidade humana distinguindo entre o que denomina “trabalho em sentido objetivo”, isto é, o trabalho enquanto ato que, submetendo a terra e utilizando os recursos naturais, se concretiza em realizações, conhecimentos, métodos e procedimentos, e o “trabalho em sentido subjetivo”, ou seja, o desenvolvimento do homem enquanto pessoa em virtude do ato de trabalhar[10].

O trabalho age sobre a natureza, e consequentemente modifica o contexto em que vive o ser humano. Mas a sua incidência objetiva não termina aí, uma vez que, o desejo de dominar a terra, impulsiona o crescimento das ciências e das técnicas que possibilitam esse domínio e, portanto, o desenvolvimento do conhecimento e da inteligência. Por isso o trabalho carrega consigo um dinamismo como força histórica. Essa realidade levou alguns autores – entre eles Karl Marx – a ver no trabalho o fator decisivo para a humanização da história; só que, partindo de pressupostos materialistas, deu-se uma interpretação unidimensional e determinista a esse processo, esquecendo que é o homem, enquanto ser espiritual, quem possibilita o trabalho. Isto faz com que o verdadeiro progresso social não seja automático, mas que dependa de um adequado desenvolvimento do homem, isto é, enquanto ser espiritual. O trabalho em sentido objetivo deve estar, em suma, a serviço do trabalho em sentido subjetivo, ou seja, do homem como fonte, sujeito e fim do trabalho[11].

Dito de outro modo, a técnica deve estar informada pela ética, e esta por sua vez pela espiritualidade. Daí que João Paulo II tenha podido concluir a sua encíclica assinalando que a resolução dos problemas sociais, vinculados na sua evolução histórica ao desenvolvimento do trabalho, depende de que se viva uma verdadeira espiritualidade do trabalho[12]. Quer dizer, de que o homem, sujeito do trabalho, seja consciente das suas dimensões espirituais e as exercite, também – e incluso especialmente – ao trabalhar, contribuindo dessa maneira para que a consciência da sua dignidade pessoal – da sua condição de criatura à imagem de Deus – redunde sobre o conjunto da vida social.

3. Santificar o trabalho, santificar-se no trabalho, santificar com o trabalho

São Josemaria resumiu o programa de uma espiritualidade do trabalho numa frase sintética: “santificar o trabalho, santificar-se no trabalho, santificar-se com o trabalho”; ou, noutros momentos e com outras palavras, mas no mesmo sentido: “santificar a profissão, santificar-se na profissão e santificar com a profissão”[13].

Santificar-se no trabalho

Todos os cristãos estão chamados à santidade, isto é, à plenitude da caridade e do trato com Deus. Essa chamada é um dom divino, oferecimento que Deus faz do seu próprio amor. É, simultaneamente, exigência, convite à entrega da própria vida em correspondência à entrega que Deus faz de Si. Essa entrega a Deus, e o amor de onde provém, não podem ser confinados à margem da vida e atuação humanas: devem situar-se no centro e, a partir daí, difundir-se por toda a existência. Isto no fiel cristão, chamado por Deus a santificar-se no lugar que ocupa no mundo, implica no convite a informar com esse amor todas as realidades e ocupações terrenas ou seculares nas que transcorre a sua vida. O trabalho adquire assim um horizonte novo: não é apenas uma tarefa humana, mas, além disso e inseparavelmente, parte da vocação cristã.

As ocupações e tarefas humanas apresentam-se, à luz da fé e sob a ação do Espírito Santo, como oportunidades para exprimir o amor com obras, para fazer da própria vida uma hóstia grata e agradável a Deus[14]. E, dessa forma, entrar numa relação íntima e pessoal com Ele. Porque a oração não deve estar reservada apenas a momentos isolados nem a situações ou lugares especiais, mas constituir uma disposição de ânimo e um diálogo efetivo que informem toda a vida, e se nutram, portanto, das incidências da vida cotidiana, do empenho que o trabalho reclama, das alegrias que traz consigo, dos dissabores que às vezes o acompanham.

Santificar com o trabalho

A missão conferida por Cristo a respeito da salvação do mundo implica numa ampla gama de tarefas: a pregação da palavra que anuncia o desígnio salvador de Deus; a administração dos sacramentos que comunicam a graça divina; a prática concreta da caridade; o testemunho de vida, a coerência de vida informada pelo espírito de Cristo, que manifesta a capacidade que esse espírito tem para vivificar todas as situações humanas; a animação cristã do mundo, as estruturas temporais impregnadas de espírito cristão, de modo que a sociedade humana seja uma sociedade digna do homem e da sua condição de filho de Deus.

A partir desta perspectiva, o trabalho profissional apresenta-se como eixo em volta do qual se desenvolve, ou como canal através do qual se expressa, a vocação apostólica do cristão, e mais concretamente a do leigo, ao qual compete, por vocação específica, “buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus”[15]. O trabalho profissional é uma tarefa que, em virtude da sua própria dinâmica, exige solidariedade e serviço, e, no cristão, caridade, amor que leva essas atitudes humanas à sua perfeição ou cumprimento. O homem de fé deve estar sempre pronto a explicar o porquê do seu amor e da sua esperança[16]. Isto implica num testemunho de vida exemplar que, por sua própria natureza, aspira a se prolongar em palavras, que manifestem e revelem o fundamento do próprio agir. Isto quer dizer, que dê a conhecer a Cristo e convide a se aproximar dele, e, portanto, se prolongue num verdadeiro e próprio apostolado. Num apostolado que se exerce a partir das relações interpessoais e dos vínculos de companheirismo e de amizade suscitados pelo trabalho, bem como através das múltiplas e variadas incidências – felizes, umas; difíceis, outras – que acompanham a jornada do trabalho.

Santificar o trabalho

A santificação pessoal e a ação apostólica que acabamos de referir, não se enlaçam e desenvolvem simplesmente a partir do trabalho ou por causa dele, mas – o que é bem diferente, pois exclui qualquer aparência ou instrumentalização – entrelaçando-se com ele, formando uma só coisa com ele: santificar-se no trabalho e santificar os demais com o trabalho pressupõe e está relacionado com santificar o trabalho, fazer do próprio trabalho uma tarefa profundamente humana e cristã.

Isto reclama em primeiro lugar, uma realização tecnicamente acabada da tarefa profissional, com pleno conhecimento e respeito pelas leis próprias de qualquer atividade, e, portanto, não só dedicação e empenho, mas estudo, que é um pressuposto indispensável para atuar com competência e seriedade profissionais. Mas o que foi dito, embora sendo muito, ainda não é tudo: mais ainda, se ficássemos nesse nível, não teríamos captado o que implica a santificação do trabalho, que reclama, junto com a eficácia técnica, sentido ético e espírito cristão.

A ciência e a técnica não incluem, em si e por si mesmas, as normas para o seu próprio uso. O trabalho, tarefa levada a cabo por um ser livre e chamada a contribuir para o bem dos demais, pressupõe, para seu exercício adequado, um reto juízo ético e, portanto, uma visão do homem e do mundo que seja o fundamento desse juízo. A reflexão sobre a própria tarefa para perceber as exigências e implicações éticas e espirituais que tem, deve ocupar um lugar importante na experiência de quem está chamado a realizar a sua vocação cristã nas entranhas do mundo. E, portanto, com embasamento doutrinal onde se pode proceder à reflexão, da qual brotarão as posteriores e livres decisões concretas, um conhecimento adequado do dogma, da ética natural e cristã e da doutrina social da Igreja.

Santificar o trabalho, santificar-se no trabalho, santificar com o trabalho, não se apresentam a nós como três finalidades ou dimensões paralelas, mas como três aspectos de um fenômeno vital unitário: viver como cristão no mundo, e isso tem no trabalho um dos seus eixos determinantes.

J. L. Illanes


Bibliografia básica

Documentos do Magistério

  • · CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Gaudium et spes, parte 1, cap. 3: A atividade do homem no mundo
  • JOÃO PAULO II, Encíclica Laborem exercens, promulgada em 14/09/1981, está publicada em AAS, 73, 1981, 577-647

Escritos de São Josemaria

  • Na oficina de José em É Cristo que passa, nn. 39-56
  • Trabalho de Deus, em Amigos de Deus, nn.55-72

C ISSRA, 2009

Artigo publicado no site collationes.org

[1] SÃO JOSEMARIA, É Cristo que passa, n. 114.

[2] Prov 8, 31.

[3] SÃO JOSEMARIA, Entrevistas, n. 114.

[4] Mt10, 29-31.

[5] Gen 1, 28.

[6] SÃO JOSEMARIA, É Cristo que passa, n. 47.

[7] SÃO JOSEMARIA, É Cristo que passa, n. 46.

[8] Cfr. ibid.

[9] Cfr. SÃO JOSEMARIA, Entrevistas, nn. 10 e 27.

[10] JOÃO PAULO II, Encíclica Laborem exercens, nn. 5-6.

[11] Sobre este mesmo tema, se bem que em relação com a técnica e a economia, ver também BENTO XVI, Encíclica Caritas in veritate, nn. 68-69.

[12] JOÃO PAULO II, Encíclica Laborem exercens, n. 26.

[13] Cfr. SÃO JOSEMARIA, É Cristo que passa, n. 46 e Amigos de Deus, n. 9.

[14] Cfr. Rom 12, 1.

[15] CONCÍLIO VATICANO II, Constituição dogmática Lumen gentium, n. 31.

[16] Cfr. 1 Pe 3, 15.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

“Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros.” (Jo 13,34)

Crédito: Editora Cidade Nova

“Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros.” (Jo 13,34) | Palavra de Vida Maio

por Web Master   publicado em 29/04/2022

ESTAMOS no momento da Última Ceia. Jesus, à mesa com seus discípulos, acaba de lavar-lhes os pés. Poucas horas depois Ele seria preso, condenado à morte, crucificado. Quando o tempo é curto e a meta se aproxima, dizem-se as coisas mais importantes: deixa-se o “testamento”.

Ao narrar esse episódio, o Evangelho de João não traz o relato da instituição da Eucaristia. Em seu lugar relata o lava-pés. E é nesse enfoque que o Mandamento Novo deve ser compreendido. Jesus primeiro faz e depois ensina, e por essa razão sua palavra tem autoridade.

O mandamento de amar o próximo já constava no Antigo Testamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). Mas Jesus destaca nele um aspecto novo, a reciprocidade: é o amor mútuo que cria e identifica a comunidade dos discípulos.

O amor mútuo tem sua raiz na própria vida divina, na dinâmica trinitária, que o homem é capaz de compartilhar graças ao Filho. Chiara Lubich exemplifica isso, oferecendo uma imagem que pode nos iluminar: Jesus, quando veio à terra, não veio do nada, como cada um de nós, mas veio do Céu. E assim como um migrante, quando vai para um país longínquo, se adapta ao novo ambiente, mas também leva os próprios usos e costumes e frequentemente continua a falar a sua língua, Jesus também adaptou-se aqui na terra à vida de todo homem, mas trouxe – por ser Deus – o modo de viver do Céu, da Trindade, que é amor, amor mútuo.1

“Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros.”

Aqui entramos no coração da mensagem de Jesus, que nos reconduz à vitalidade das primeiras comunidades cristãs e que ainda hoje pode ser o sinal que distingue todos os nossos grupos, as nossas associações. Em um ambiente onde a reciprocidade é uma realidade viva, experimentamos o significado de nossa existência, encontramos a força para seguir adiante nos momentos de dor e de sofrimento, recebemos sustento nas inevitáveis dificuldades, saboreamos a alegria. 

São muitos os desafios que enfrentamos todos os dias: a pandemia, a polarização, a pobreza, os conflitos: imaginemos, por um momento, o que aconteceria se conseguíssemos colocar em prática essa Palavra de Vida no nosso dia a dia: diante de nós encontraríamos novas perspectivas, aos nossos olhos se abriria o genuíno projeto da humanidade, motivo de esperança. Mas, afinal, quem nos impede de despertar essa Vida em nós mesmos e de reavivar ao nosso redor relações de fraternidade que possam se estender para cobrir o mundo inteiro?

“Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros.”

Marta é uma jovem voluntária que dá assistência a detentos na preparação para os exames universitários. Ela conta: A primeira vez que entrei na prisão, encontrei pessoas com medos e fragilidades. Tentei estabelecer um relacionamento primeiramente profissional, depois de amizade, baseado no respeito e na escuta. Logo percebi que não era só eu que estava ajudando os presos, mas que também eles me davam todo o apoio. Um dia, enquanto eu ajudava um estudante para um exame, faleceu uma pessoa da minha família e, ao mesmo tempo, o jovem teve sua condenação confirmada pelo tribunal de segunda instância. Estávamos ambos em péssimas condições. Durante as aulas eu percebi que ele remoía um grande sofrimento dentro de si. Mas conseguiu confiá-lo a mim. Carregar juntos o peso dessa dor nos ajudou a seguir em frente. Quando o exame terminou, ele veio me agradecer, dizendo que sem mim não teria chegado ao fim. Enquanto, por um lado, na minha família uma vida cessava, por outro lado eu sentia que estava salvando outra vida. Percebi que a reciprocidade torna possível criar relações verdadeiras, de amizade e de respeito.
 

1) LUBICH, Chiara. Maria, transparência de Deus, São Paulo: Cidade Nova, 2003, p. 87. 

2) Cf. http://www.unitedworldproject.org/workshop/unesperienza-al-di-la-delle-sbarre-relazioni-di-cura-reciproca/

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

O que Jesus disse a Santa Faustina sobre a Rússia?

DyziO | Shutterstock
Por Philip Kosloski

Em 1936 Santa Faustina ofereceu um dia de orações pela Rússia, pois Jesus estava angustiado com o que estava acontecendo naquele país.

Durante a década de 1930, a freira polonesa Faustina Kowalska teria tido revelações particulares de Jesus Cristo.

Mais tarde, as visões que ela teve dariam início à devoção da “Divina Misericórdia”, e inspirariam São João Paulo II a estabelecer o “Domingo da Divina Misericórdia” no 2º domingo depois da Páscoa.

Emdezembro de 1936, Santa Faustina escreveu em seu Diário que ela ofereceu seu dia pela Rússia:

“Ofereci este dia pela Rússia; ofereci todos os meus sofrimentos e as minhas orações por esse pobre país. Depois da Comunhão, Jesus me disse: ‘Não posso suportar por mais tempo esse país; não Me tolhas as mãos, Minha filha’. Compreendi que, se não fossem as orações das almas agradáveis a Deus, toda essa nação teria sido reduzida a nada. Oh! Como sofro por causa dessa nação que expulsou Deus das suas fronteiras.”

Diário de Santa Faustina, 818

Isso, de fato, aconteceu foi pouco tempo depois que Stálin assinou a Constituição da União Soviética, em 5 de dezembro de 1936. Durante o mesmo ano, Stálin começou o “O Grande Expurgo”, em que 750.000 pessoas foram mortas por oposição ao governo.

Mas devemos confiar que a Divina Misericórdia de Jesus triunfa sobre todos e as “orações das almas que agradam a Deus” podem ajudar a virar o jogo em qualquer guerra – e até converter os corações dos líderes na Rússia.

Enfim, acima de tudo devemos rezar com Santa Faustina: “Jesus, eu confio em Vós!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Por que São José é chamado “patrono do trabalho”?

S. José Operário | Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

São José foi como um instrumento útil e nobre que se utiliza para o trabalho, mas que depois se deixa de lado, sem reclamar. Em sua casa habitava o Messias, o Salvador do mundo, o “desejado das nações”; “o mais belo dos filhos dos homens”, como disse o salmista, mas São José nunca disse nada. Nunca se vangloriou disso. Quis sempre se conservar oculto; foi verdadeiramente um trabalhador humilde. E quando vieram os dias gloriosos e cheios de milagres para Jesus, José já não estava neste mundo. Toda a vida do Santo foi, portanto, um período contínuo de vida interior e de trabalho. Por isso a Igreja o tomou como Patrono dos trabalhadores.

São José é proposto pela Igreja, não só como modelo de uma categoria de pessoas, mas como modelo universal, ou seja, modelo de todas as virtudes, para todos e em qualquer idade e condição; e de modos especial, a todos que trabalham.

O grande São Justino (†167), filósofo e mártir nascido na Palestina, diz-nos que São José fabricava cangas de bois e charruas, uma espécie de arado.

A vida de São José esteve cheia de trabalho: primeiro em Nazaré, depois talvez em Belém, mais tarde no Egito e por último novamente em Nazaré. O seu ofício requeria naquela época destreza e habilidade. Na Palestina, um “carpinteiro” era um homem hábil, especialmente hábil e muito apreciado. Todos deviam conhecer José pelo seu trabalho. Não podia ser outro o perfil humano daquele que secundou com prontidão os planos de Deus e se viu submetido às mais difíceis provas, conforme nos relata o Evangelho de São Mateus.

No dia 1º de maio a Igreja celebra a memória de S. José Operário. O Papa Pio XII, instituiu em 1955 a festa de são José Operário, protetor e modelo de todos os trabalhadores. Pio XII quis cristianizar esta festa porque ela foi durante muito tempo um símbolo da terrível luta de classe marxista com manifestações de bandeiras vermelhas e punhos cerrados no ar. O 1º de maio tinha assumido um caráter contestatório sob a bandeira do socialismo internacional, signo do ódio e da vingança social. Disse o Papa Pio XII, naquele memorável dia 1º de maio de 1955, a uma manifestação de 200 mil operários que lotavam a Praça de São Pedro, e que substituíam o grito de ódio e morte marxista pelo da ressurreição e vida:

“Quantas vezes nós manifestamos e explicamos o amor da Igreja para com os operários! Apesar disso, propaga-se muito a atroz calúnia de que “a Igreja é a aliada do capitalismo contra os trabalhadores”. Ela, mãe e mestra de todos, teve sempre particular solicitude pelos filhos que se encontram em condições mais difíceis, e também, na realidade, contribuiu notadamente para a consecução dos apreciáveis progressos obtidos por várias categorias de trabalhadores. Nós mesmos, na radiomensagem do Natal de 1942, dizíamos:

“Movida sempre por motivos religiosos, a Igreja condenou os diversos sistemas do socialismo marxista e condena-os também hoje, sendo direito e dever seu permanecer, preservar os homens das correntes e influxos que põem em perigo a salvação eterna deles”.

“Neste dia 1º de maio, que o mundo do trabalho tomou como festa própria, nós, vigários de Cristo, queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição de direitos e deveres. Tomado neste sentido pelos operários cristãos, o primeiro de maio, em vez de ser fomento de discórdias, de ódio e de violências, é e será um convite constante `a sociedade moderna de completar o que ainda falta à paz social. Seja portanto o 1º de maio uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho”.

O Evangelho chama São José de “justo”, o que nos leva a entender que no seu trabalho era um homem dedicado e humilde e que sempre se comportou de maneira honesta e digna com os que servia. São Paulo disse aos colossenses: “Servos, obedecei em tudo aos senhores terrenos, servindo não pelo motivo de que estais sendo vistos, como quem busca agradar aos homens, mas com sinceridade de coração, por temor a Deus” (Col 3,22). E lembra aos senhores: “Senhores, tratai vossos servos com justiça e igualdade. Sabeis perfeitamente que também vós tendes um Senhor no Céu” (Col 4,1). Este é o espirito novo que deve haver no trabalho cristão; um relacionamento de justiça e de amor entre empresários e trabalhadores. E não a sanguinária luta de classes, que diminui tanto o trabalho quanto o trabalhador.

Poucos anos antes de São José abrir sua oficina em Nazaré, e escritor romano Cícero escrevia: “…Têm uma inferior profissão todos os artesões, porque numa oficina não pode haver algo de decoroso”. O filósofo Aristóteles tinha sido mais categórico ao perguntar em seu primeiro livro da Política: “Devem-se contar entre os cidadãos também os operários mecânicos?”

A resposta foi dada pelo exemplo de Jesus Cristo que quis participar da condição operária ao lado de São José.

“Do ponto de vista cristão – como se lê no manual da Ação Católica – o movimento operário não é senão uma forma de elevação da humanidade, um aspecto especial daquele fenômeno geral da ascensão vislumbrado na parábola dos talentos”.

Para ressaltar a nobreza do trabalho a Igreja propõe para a nossa meditação São José operário.

Pio XII e João XXIII (o papa que introduziu o nome de São José no cânon da missa) renderam homenagem a este exemplar de vida cristã, ao homem trabalhador e honesto, fiel à palavra de Deus, obediente, virtudes que o Evangelho sintetiza em duas palavras: “homem justo”.

“Os proletários e os operários – escreveu Leão XIII, na encíclica “Rerum Novarum” – têm como direito especial o de recorrer a São José e de procurar imitá-lo”.

Na Encíclica de Leão XIII, de 15 de agosto de 1899, “Quamquam pluries” sobre São José, o Papa fala deste santo como Modelo especialmente para os trabalhadores:

“Os proletários então, os operários e todos os de humilde condição, devem, por um título que lhes é próprio, recorrer a São José e dele aprender o que tem a fazer. Pois ele, embora de régia estirpe, unido em matrimônio com a mais santa e excelsa entre as mulheres, e pai adotivo do Filho de Deus, passou contudo a vida no trabalho e, com seu trabalho e arte, obteve o necessário ao sustento dos seus.

“Bem considerando, não é objetiva a condição dos que vivem em humilde estado; e o trabalho do operário, longe de desonrar, pode ao contrário, quando unido às virtudes, enobrecer amplamente. José, satisfeito com o pouco e com o seu, suportou, de ânimo forte e elevado, as privações e dificuldades inseparáveis da paupérrima vida, a exemplo de seu Filho que, Senhor de todas as coisas, assumindo as aparências de servo, voluntariamente abraçou uma extrema pobreza e penúria de tudo.

“A estas considerações, os pobres e todos quantos ganham a vida com o trabalho das próprias mãos devem erguer a alma e pensar e sentir justamente. Se é verdade que a justiça lhes consente poder libertar-se da indigência e elevar-se a melhor condição, nem a razão, nem a justiça lhes permitem subverter a ordem estabelecida pela providência de Deus. Antes, o chegar a cometer violências e fazer tentativas com rebeliões e tumultos, é um partido inconsiderado, que o mais das vezes agrava os mesmos males cuja diminuição se desejava. Por isso, querendo os proletários agir com juízo, não coloquem suas esperanças nas promessas de sediciosos, mas no exemplo e no patrocínio do bem-aventurado José, como na materna caridade da Igreja, que tanto se interessa por sua condição”.

Retirado do livro: “O Sentido Cristão do Trabalho”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

1º de maio na visão cristã do mundo do trabalho

Crédito: Diocese de Governador Valadares (MG)

Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

1º de maio na visão cristã do mundo do trabalho. Afirma São Paulo: quem não trabalha, também não come. (2Ts 3,10)

1° Primeiro de maio é o dia mundial do trabalho. Através deste, homens e mulheres se realizam, transformam o mundo e assim se tornam felizes e ajudam o mundo a progredir. Mas nem sempre foi assim: lembremos do primeiro de maio, no passado, nos Estados Unidos. 

2° Há muitas formas de trabalhar: não só com manual, mas também o intelectual, o das pesquisas e o tecnológico.Etc.. etc… Em todos esses setores há exemplos a serem imitado. A Pátria recorda seus heróis, a sociedade seus beneméritos e a Igreja seus santos e santas. Entre os maiores esta São José. 

 No campo da medicina, temos muitíssimos benfeitores da humanidade, começando por Hipócrates, e passando por Alexis Carel: prêmio Nobel. Na política, temos entre outros Conrad Adenauer, Gandi. Na indústria sobressai Henry Ford, na ciência A. Einstein, Max Planck e outros. 

4° A geopolítica mundial não favoreceu o mundo o mundo do trabalho, ao menos nos países subdesenvolvidos. Na economia não há milagres e sim cifras, ganância, imposições, quando não violência. Quantas crianças precisam morrer, jovens atirar-se aos vícios e às drogas…. É lamentável. E dizer que há os que sustentam que o pecado e a invenção da Igreja…. Pergunto: foi ela quem ensinou ser o homem lobo para o homem? (Hobbes), “ou ser o homem inferno para os homens? ” (Sartre). Eu defendo a tese de Dostoievski: “onde Deus não existe tudo é permitido”. Não é isso que estamos vendo na Rússia com Putin? Não vimos já esse filme, antes também? 

5° As Encíclicas sociais contém uma riquíssima doutrina tratando do trabalho humano. Laboren Exercens (V). (Ecentensimus. Annus (V) e outras mais. Afirma João Paulo II, ser o trabalho, “a chave da questão social”. E também o fulcro da civilização moderna. CF.L.E. Se há tantos multimilionários e ao mesmo tempo tanta miséria no mundo, algo está profundamente errado. Só não ver quem não quer. 

6° Saudamos cordialmente a todos os trabalhadores e trabalhadoras e igualmente lhes agradecemos em nome de todas as pessoas de boa vontade. Possa ser o grande São José o padroeiro de todos e de todas. Então digamos: São José rogai por nós! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

III DOMINGO DA PÁSCOA - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

III DOMINGO DA PÁSCOA

Palavra do Pastor

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?

O Evangelho deste domingo (Jo 21, 1-19) nos apresenta uma grande cena com atos interligados. É a aparição do Senhor ressuscitado aos discípulos. Jesus desce até onde eles estão: não têm o que comer. É a partir da necessidade de alimento que o Senhor se manifesta aos discípulos. Primeiro Jesus manda os discípulos jogarem as redes à direita da barca e eles jogam, e apanham cento e cinquenta e três grandes peixes e a rede não se rompeu. Em seguida, comem peixe e pão com Jesus. Por fim, tem-se o diálogo de Jesus com Simão, quando Jesus lhe pergunta três vezes se ele O ama: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?

No início da cena está a pesca obedecendo às palavras de Jesus: “Lançai as redes à direita da barca e achareis (…)”. Quando se pesca obedecendo ao que Jesus ordena, sempre se terá uma pesca abundante. A barca tem o simbolismo da Igreja que necessita, pelos mares da história, sempre ouvir a Palavra de Jesus, sempre lançar as suas redes obedecendo às palavras do Mestre. Mediante a pesca milagrosa, o discípulo amado diz a Pedro: “É o Senhor”. O discípulo amado é um grande exemplo para nós, no caminho da fé, pois é o homem que, pelos sinais, reconhece a presença do Senhor. Ele entrou na intimidade de Jesus, no mistério de Jesus. Nas palavras de Orígenes: “… é o homem que repousou a cabeça sobre o peito de Jesus”. Por isso, os sinais lhe falam da presença do Senhor.

Jesus prepara a refeição para os discípulos. É o ressuscitado que, no Seu amor, vai congregando os discípulos e os alimenta na sua fome, tal como continua a nos alimentar hoje por meio da Palavra e da Eucaristia. Jesus tinha comido tantas vezes com os discípulos, eles tinham experimentado a sua proximidade, o Seu amor. Jesus tinha celebrado com eles a última ceia. Agora Ele os alimenta de novo. O pão relembra a Eucaristia. O peixe, alimento comum na terra de Jesus, é símbolo Dele mesmo. Pão e peixe serão símbolos de Cristo no cristianismo das origens. O Ressuscitado sempre alimenta os Seus que estão carentes de pão, de amor, de sentido, de eternidade. Ele, de novo, assa o pão e o peixe para nós.

Na parte final do Evangelho, temos o diálogo de Jesus com Pedro, o mesmo que tinha negado Jesus por três vezes na Paixão, no pátio do sumo sacerdote. Agora, ele deve reafirmar a fé em Jesus por três vezes e Jesus o confirma na missão: “apascenta as minhas ovelhas”. O apóstolo deve reafirmar o seu amor pelo mestre. Seu amor é ainda fraco, ele não é capaz de manifestar um amor totalmente gratuito por Jesus.  Quando Jesus pergunta com o verbo agapan, que significa o amor na sua gratuidade, o amor de Deus, Pedro responde com philein, que significa amor de amizade.

A pergunta de Jesus quer suscitar o amor de Pedro e o nosso hoje. São João Crisóstomo afirma: “… É seu próprio amor pela Igreja que ele queria fazer resplandecer seja aos olhos de Pedro, seja aos nossos próprios olhos, a fim de despertar em nossas almas um semelhante ardor.” (Tratado sobre o sacerdócio, II, 1)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São José Operário

S. José Operário | arquisp
01 de maio

São José Operário

Basta traçar um paralelo entre a vida cheia de sacrifícios de são José, que trabalhou a vida toda para ver Nosso Senhor Jesus Cristo dar a vida pela humanidade, e a luta dos trabalhadores do mundo todo, pleiteando respeito a seus direitos mínimos, para entender os motivos que levaram o papa Pio XII a instituir a festa de "São José Trabalhador", em 1955, na mesma data em que se comemora o dia do trabalho em quase todo o planeta.

Foi no dia 1o de maio de 1886, em Chicago, maior parque industrial dos Estados Unidos na época, que os operários de uma fábrica se revoltaram com a situação desumana a que eram submetidos e pelo total desrespeito à pessoa que os patrões demonstravam. Eram trezentos e quarenta em greve e a polícia, a serviço dos poderosos, massacrou-os sem piedade. Mais de cinqüenta ficaram gravemente feridos e seis deles foram assassinados num confronto desigual. Em homenagem a eles é que se consagrou este dia.

São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho de suas próprias mãos, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao Filho de Deus a profissão de carpinteiro e, dessa maneira suada e laboriosa, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade.

Proclamando são José protetor dos trabalhadores, a Igreja quis demonstrar que está ao lado deles, os mais oprimidos, dando-lhes como patrono o mais exemplar dos seres humanos, aquele que aceitou ser o pai adotivo de Deus feito homem, mesmo sabendo o que poderia acontecer à sua família. José lutou pelos direitos da vida do ser humano e, agora, coloca-se ombro a ombro na luta pelos direitos humanos dos trabalhadores do mundo, por meio dos membros da Igreja que aumentam as fileiras dos que defendem os operários e seu direito a uma vida digna.

Muito acertada mais esta celebração ao homem "justo" do Evangelho, que tradicional e particularmente também é festejado no dia 19 de março, onde sua história pessoal é relatada.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

São Peregrino Laziosi

S. Peregrino Laziosi | arquisp
01 de maio

São Peregrino Laziosi

Peregrino pertencia à família dos nobres Laziosi. Nasceu na cidade de Forli, no norte da Itália, no ano 1265. Cresceu em meio a uma população conhecida pelo espírito reacionário e anárquico. Tornou um jovem idealista, de caráter intempestivo, recebendo o apelido de "furacão".

Certa ocasião, ocorreu um incidente grave num dos tumultos populares freqüentes, porque a população se dividia entre os que apoiavam as ordens do papa e os que preferiam seguir as do imperador germânico. Foi quando a cidade recebeu um interdito do papa Martino IV, como castigo pelas desordens e atitudes rebeldes. Houve séria reação entre as partes. Para acalmar os ânimos, o papa pediu ao superior geral dos servitas, futuro santo Filipe Benicío, que estava no mosteiro da cidade, para agir em seu nome e apaziguar os fiéis.

Era uma tarefa delicada. Filipe, então, usando o púlpito da igreja, fez um discurso fervoroso solicitando a todos que obedecessem ao sumo pontífice. Foi quando um grupo liderado por Peregrino, então com dezoito anos, o ameaçou de agressão. O jovem foi mais longe, chegando a dar-lhe um tapa no rosto. Filipe aceitou a ofensa. Depois, Peregrino, mobilizando a população com gritos, fez com que fosse expulso da cidade.

Filipe saiu humilhado, mas rezando firmemente pela conversão dos agitadores e principalmente pelo jovem agressor. Deus ouviu sua prece. Peregrino, caindo em si, sentiu arrependimento, vergonha e remorso. Ficou tão angustiado que, dias depois, foi procurar Filipe, para, prostrando-se a seus pés, pedir perdão.

Naquele instante, Peregrino estava convertido realmente. Mais tarde, aos trinta anos, ingressou na Ordem dos Servos de Maria, os servitas, como irmão penitente. A tradição diz que foi o próprio Filipe que entregou o hábito a Peregrino. Mas o certo foi que ele enviou o arrependido agressor para fazer o noviciado em Sena. Só depois voltou para Forli, onde, no mosteiro, exerceu o apostolado do bem semeando a paz.

Peregrino distinguiu-se pela obediência ao regulamento, pela penitência e mortificação. Durante trinta anos, cumpriu uma penitência imposta a si mesmo: ficava sempre em pé, nunca se sentava. Quando atingiu os sessenta anos de idade, devido a isso, tinha uma ferida cancerosa na perna direita, causada por varizes.

Era tão grave seu estado de saúde, que o médico receitou a amputação da perna, para salvar sua vida. Porém, na véspera da operação, Peregrino acordou, subitamente, no meio da noite e sentiu que devia ir rezar na capela diante de Jesus Crucificado. Assim fez: com muito esforço para caminhar, ajoelhou-se e rezou com fervor pedindo que Cristo lhe concedesse a graça da cura. Foi envolvido por um êxtase contemplativo tão profundo que viu Jesus descer da cruz e tocar sua ferida. Uma vez refeito da visão, voltou para o leito e adormeceu. Na manhã seguinte, o médico constatou que havia ocorrido um milagre. Peregrino estava sem nenhuma ferida, Jesus o havia curado.

O milagre só fez aumentar a veneração que os habitantes da cidade já lhe dedicavam. Peregrino morreu no primeiro dia de maio de 1345, vítima de uma febre. Durante seus funerais, dois milagres ocorreram e foram atribuídos à sua intercessão. Seu culto se estendeu pelo mundo todo rapidamente, pois os fiéis recorrem a ele como padroeiro dos doentes cancerosos.

Em 1726, foi canonizado pelo papa Bento XIII, sendo o dia de sua morte o indicado para celebrar a sua memória, quando também se comemora são José, Operário. Por isso sua festa pode ocorrer nos primeiros dias do mês de Maria. A relíquia do manto de são Peregrino Laziosi é conservada à veneração dos fiéis brasileiros na igreja de Nossa Senhora das Dores, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF