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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A Igreja na República Democrática do Congo

Catedral Nossa Senhora do Congo, em Kinshasam. 
(AFP or licensors)

A Igreja da República Democrática do Congo está entre as mais antigas da região subsaariana. A sua primeira evangelização por obra de missionários portugueses remonta a finais do século XV, quando o rei do Kongo Nzinga Nkuwu foi batizado (3 de maio de 1491) e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Reino.

Vatican News

Nesta terça-feira, 31 de janeiro de 2023, o Papa Francisco dá início à 40ª Viagem Apostólica de seu Pontificado, que o levará inicialmente à República Democrática do Congo. Na sequência, ao Sudão do Sul.

As origens da Igreja Católica na RDC

A Igreja da República Democrática do Congo está entre as mais antigas da região subsaariana. A sua primeira evangelização por obra de missionários portugueses remonta a finais do século XV, quando o rei do Kongo Nzinga Nkuwu foi batizado (3 de maio de 1491) e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Reino.

A Igreja no Congo Belga

O catolicismo estabeleceu-se fortemente durante o domínio colonial belga (1877-1960). Data desta época a chegada dos Padres Brancos, das Missionárias de Scheut e das primeiras monjas. O Estado belga autorizou e apoiou ativamente a criação de escolas e hospitais católicos. Em 1954, a primeira Universidade do Congo, a Universidade Jesuíta "Lovanium", foi inaugurada em Léopoldville (Kinshasa). Em 1956 foi consagrado o primeiro bispo congolês, Dom Pierre Kimbondo, seguido em 1959 pela nomeação do primeiro arcebispo autóctone de Léopoldville, Dom Joseph Malula, que se tornou o primeiro cardeal do país.

A Igreja sob o regime de Mobutu

As boas relações entre o Estado e a Igreja começaram a deteriorar-se após a independência e, em particular, durante a ditadura de Mobutu Sese Seko, que por etapas procedeu à nacionalização das universidades, incluindo a Universidade Católica de Louvain, a abolição do Natal como dia festivo, a nacionalização das escolas católicas e a proibição de símbolos religiosos em edifícios públicos.

Essas políticas geraram muitos atritos com o episcopado congolês, que não hesitou em denunciar os abusos e a corrupção do regime. Se em relação à escola Mobutu foi forçado a recuar devido ao fracasso de sua política, as tensões continuaram em fases alternadas nas décadas de 1980 e 1990, com contínuas intimidações por parte do governo. Nesse contexto, foram realizadas as duas Viagens Apostólicas de São João Paulo II ao país: em 1980, por ocasião do centenário da evangelização, e em 1985, por ocasião da Beatificação da Irmã Anuarite Nengapeta, a "Santa Inês de o continente africano".

A Igreja após o fim de Mobutu

Os bispos continuaram a fazer ouvir a sua voz mesmo depois da morte de Mobutu, para denunciar as violências e abusos de poder, e sobretudo em defesa das populações vítimas dos conflitos que continuaram a sangrar o país. Mesmo à custa da vida, como aconteceu com Dom Christophe Munzihirwa, o arcebispo jesuíta de Bukavu assassinado em 29 de outubro de 1996 por milícias ruandesas aliadas de Kabila, por seu empenho em favor dos refugiados e por ter denunciado injustiças e os planos de guerra na região dos Grandes Lagos .

A vitalidade da Igreja congolesa

Apesar das vicissitudes políticas, a Igreja Católica congolesa continua a estar entre as mais fecundas da África. Testemunha disso é o crescimento dos fiéis, que representam cerca de 33% da população para 90% cristãos (sendo 22% protestantes e 19% pentecostais e evangélicos); a alta participação nas Missas, mesmo entre os jovens; o florescimento das vocações ao sacerdócio e à vida religiosa; o zelo missionário das comunidades eclesiais; o dinamismo dos leigos que participam ativamente da vida e da missão da Igreja; sua ampla presença na sociedade e na mídia.

A Igreja conta com mais de 4.000 sacerdotes diocesanos, sendo numerosos os sacerdotes Fidei Donum, missionários na África, Europa e América. A eles se somam mais de 11 mil religiosos e religiosas, comprometidos nos vários âmbitos da pastoral e cujos superiores maiores estão reunidos em dois organismos: a ASUMA (Associação dos Superiores Maiores) e a USUMA (União dos Superiores Maiores).

Grande é o ativismo dos leigos, como evidenciado pela presença de numerosas associações e movimentos laciais reunidos no Conselho do Apostolado Católico dos Leigos (CALCC). São numerosos os catequistas que contribuem para animar as comunidades, assim como os leigos empenhados em dar testemunho da fé nos âmbitos político, econômico e cultural.

Graças à sua colaboração, a Igreja congolesa é, portanto, viva, dinâmica e missionária. Uma missão que realiza também através dos meios de comunicação. Atualmente, existem mais de 30 rádios e vários canais de televisão diocesanos, aos quais devem ser adicionados jornais e publicações. A Conferência Episcopal (CENCO) já há algum tempo tem um site próprio, sempre atualizado.

Ademais, a Igreja congolesa também é um ator social de primeiro plano e é de fato o primeiro parceiro do Estado no campo educacional e da saúde, suprindo a carência de serviços públicos com a sua densa rede de hospitais, centros sociais e escolas de todos os níveis, muito apreciados pela qualidade do ensino ministrado.

Grande parte de sua classe dirigente foi educada em escolas católicas. Esta colaboração por vezes é afetada por tensões políticas no país, como aconteceu com a recente reforma escolar, relativa à decisão das autoridades estatais de tornar gratuitas todas as escolas primárias. Uma uma decisão compartilhada em princípio pelos bispos, mas que foi politizada a ponto de a Igreja Católica ser acusada de ser contra a educação gratuita.

Apesar da vitalidade da Igreja local, alguns problemas permanecem. Entre estes, uma forma superficial de viver a fé de alguns cristãos: crenças e práticas supersticiosas, feitiçarias e magias, que condicionam a vida cotidiana das pessoas e alimentam o medo e as suspeitas, ainda são difundidas nas comunidades dos fiéis. Além disso, Igrejas independentes de matriz pentecostal, e as seitas, estão se multiplicando no país. Outro desafio importante para a Igreja congolesa é representado pelos jovens que, com a falta de trabalho, se tornam presas fáceis para grupos criminosos nas cidades e para milícias locais e grupos armados estrangeiros em áreas de conflito no leste do país.

Os bispos sobre a situação sócio-política do país

Nos últimos trinta anos, a CENCO continuou a acompanhar de perto a situação sócio-política local, intervindo com mensagens e declarações nos momentos marcantes da vida nacional para denunciar as deficiências das instituições, a corrupção, a má governança, os abusos das autoridades e exortar as consciências.

Intervenções acompanhadas de iniciativas concretas para educar os cidadãos congoleses para os valores da paz e da democracia e encorajar os fiéis leigos a participar ativamente da vida política da nação. A Igreja também participa frequentemente da organização das eleições com seus próprios observadores para verificar sua correta conduta e sempre insistiu fortemente na necessidade de garantir a efetiva independência da Comissão Nacional Eleitoral (CENI) para evitar disputas que seguem pontualmente cada turno eleitoral.

Graças à confiança e credibilidade de que goza, a Igreja tem sido repetidamente chamada a intervir como mediadora e conciliadora nos conflitos que se seguiram desde o fim do regime de Mobutu. Repetiram-se nos últimos anos os apelos dos bispos pela paz no leste do país, juntamente com as queixas contra a presença de forças estrangeiras e fortes interesses em torno de suas extraordinárias riquezas minerais.

A proximidade do Papa Francisco ao povo congolês

O sofrimento do povo congolês tem estado constantemente no centro das preocupações do Papa Francisco, cuja Visita Apostólica ao país prevista para julho, e depois adiada para 2023, incluiu inicialmente também uma escala na atormentada província de Kivu do Norte para encontrar as vítimas da violência. Uma etapa que foi cancelada do programa justamente pela insegurança que persiste na região.

Seus apelos e expressões de proximidade aos congoleses se repetiram durante seu pontificado. Em particular, recorda-se a especial vigília de oração pela paz no Congo e no Sudão do Sul por ele presidida na Basílica de São Pedro em 23 de novembro de 2017 e o Dia de Oração convocado para 23 de fevereiro de 2018 após o adiamento, por motivos de segurança, de sua viagem ao Sudão do Sul junto com o primaz anglicano inglês Justin Welby, que havia sido anunciada para 2017. Naquelas ocasiões, o Pontífice voltou a pedir esforços adequados, sobretudo por parte da comunidade internacional, na busca da paz nestes dois países, por meio do diálogo e da negociação.

Após o novo adiamento da sua Viagem Apostólica aos dois países prevista para o verão de 2022, numa mensagem vídeo divulgada a 2 de julho passado, o Papa Francisco voltou a reafirmar a sua proximidade e afeto a estes dois povos: "Trago em mim, na oração , o sofrimento que vocês vivenciam há muito, muito tempo", disse o Papa, exortando as populações do Congo e do Sudão do Sul a não deixar que sua "esperança seja roubada".

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor | Opus Dei
02 de fvereiro

Festa da Apresentação do Senhor

Reflexão para meditar no dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor. Os temas propostos são: a festa do encontro; Simeão era um homem esperançado; impulsionados pelo Espírito Santo.

PASSADOS QUARENTA DIAS do nascimento de Jesus, a Sagrada Família viaja ao Templo em Jerusalém a fim de cumprir duas prescrições da Lei: a apresentação do primogênito (cf. Ex 13, 2. 12-13) e a purificação da mãe (cf. Lev 12, 2-8). Os dois mistérios estão unidos na festa de hoje.

Por um lado, a apresentação do primogênito recordava a salvação dos primogênitos hebreus no Egito. De acordo com a lei de Moisés, o primogênito masculino era propriedade de Deus e devia ser “consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23), pelo que esta cerimônia era considerada uma espécie de “resgate”. Por outro lado, a purificação da mãe realizava-se quarenta dias após o parto. Até então, a mulher não podia aproximar-se dos lugares santos, pois estava manchada por uma certa impureza depois de dar à luz. Na cerimônia de purificação, era oferecido um duplo sacrifício: um cordeiro e uma rola ou pombo jovem; mas se a mulher fosse pobre, podia oferecer duas rolas ou dois pombos jovens. “E desta vez serás tu, meu amigo, quem leve a gaiola das rolas. – Estás vendo? Ela – a Imaculada! – Submete-se à Lei como se estivesse imunda”[1]. O evangelista especifica que Maria e José ofereceram o sacrifício dos pobres (cf. Lc 2, 24).

“Logo chegará ao seu templo o Dominador” (Ml 3, 1), diz o profeta Malaquias na primeira leitura. É um momento único e belo: o Filho de Deus entra no seu próprio templo. É por isso que o salmo responsorial canta: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? É o Senhor, o valoroso, o onipotente, o Senhor, o poderoso nas batalhas!” (Sl 23, 7-10). Na realidade, porém, o “Deus poderoso” não queria entrar no Templo ao som de trombetas, mas apenas como uma criança entre outras. No meio das constantes idas e vindas de pessoas, entre peregrinos, devotos, sacerdotes e levitas: ninguém soube o que estava acontecendo. Apenas dois idosos, Simão e Ana, tiveram o “Rei da Glória” em seus braços. Por este motivo, a festa da Apresentação do Senhor no Templo “é a festa do encontro: a novidade do Menino encontra-se com a tradição do templo; a promessa encontra o seu cumprimento; Maria e José, os jovens, conhecem Simeão e Ana, os idosos. Tudo se encontra, em suma, quando Jesus chega”[2].

SIMEÃO era um homem “justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor” (Lc 2, 25-26). Simeão estava sempre preparado para o encontro com Deus porque, como as virgens sensatas da parábola, transportava a lâmpada cheia de azeite. Era um homem idoso que tinha a juventude permanente da esperança. Movido pelo Espírito, subiu ao Templo para rezar. Quando viu a família que vinha de Belém, e olhou para o menino, percebeu que ele não era um dos muitos que vinham ao Templo todos os dias. Neste bebê, que ele tomou nos seus braços, cumpriam-se todas as profecias: ele era o esperado, o primogênito de uma nova humanidade, o consagrado do Pai.

“Simão não se deixou desgastar pela passagem do tempo. Era um homem já carregado de anos, e, no entanto, a chama do seu coração ainda ardia; na sua longa vida deve ter sido ferido algumas vezes, desapontado; no entanto, não perdeu a esperança. Com paciência, guardou a promessa – cumprir a promessa – sem se deixar consumir pela amargura do tempo passado ou por aquela melancolia resignada que surge quando se chega ao ocaso da vida. A esperança da espera traduziu-se nele na paciência diária de alguém que, apesar de tudo, permaneceu vigilante, até que finalmente "os seus olhos viram a salvação" (cf. Lc 2, 30)”[3].

Com o auxílio do Espírito Santo, Simeão chamou Jesus de “luz” para iluminar as nações (cf. Lc 2, 29-35). A liturgia de hoje começa com uma procissão de velas, significando que Cristo é a luz que vem ao mundo para iluminar as pessoas que, sem Deus, só tropeçam na escuridão. A palavra de Deus é, em palavras de São Josemaria, “luz e esperança nos corações”[4]. Provavelmente isto fazia parte do segredo de Simeão para manter viva aquela sua juventude: a abertura sincera à palavra de Deus, sempre com um novo olhar.

DEPOIS de Simeão, a família de Belém encontrou-se com Ana, uma profetisa idosa, que ia diariamente ao Templo, “dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” (Lc 2, 37). Esta viúva idosa, ao encontrar o Menino, louvou a Deus e falou d’Ele “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38). Ambos os anciãos profetizam que Jesus é o Messias há muito esperado, e preveem a sua morte e ressurreição para salvar todas as nações.

Vislumbra-se na cena a presença do Espírito Santo, movendo “os passos e os corações daqueles que o esperam. É o Espírito que sugere as palavras proféticas de Simeão e Ana, palavras de bênção, de louvor a Deus, de fé no seu Consagrado, de ação de graças porque finalmente os nossos olhos podem ver e os nossos braços acolher a sua salvação”[5]. Neles descobrimos modelos maravilhosos de docilidade. O Espírito Santo era o verdadeiro motor das suas vidas, “estava neles”, guiava-os, empurrava-os, falava em seus corações, ditava as suas palavras. São um ícone de santidade, porque ouvem e proclamam a Palavra de Deus, procurando resolutamente o rosto de Cristo, as suas pegadas, a sua vontade.

“No templo, Jesus vem ao nosso encontro, enquanto nós vamos ao seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a expectativa fiel de Israel e a exultação do coração pelo cumprimento das antigas promessas. Admiramos também o encontro com a idosa profetisa Ana que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana representam a espera e a profecia, Jesus é a novidade e o cumprimento: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino que nasceu para todos encontram-se o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”[6]. Podemos imaginar como Simeão e Ana devem ter admirado a Virgem Maria, que carregava essa esperança em seu ventre. Ela pode interceder para que nas nossas vidas nunca falte o alento do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas.

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[1] São Josemaria, Santo Rosário, 4.º mistério gozoso.

[2] Francisco, Homilia, 2/02/2019.

[3] Francisco, Homilia, 2/02/2021.

[4] São Josemaria, Via Sacra, 1.ª estação.

[5] Bento XVI, Homilia, 2/02/2013.

[6] Francisco, Homilia, 2/02/2016.


Fonte: https://opusdei.org/pt-br

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

As cartas de São Paulo

As cartas de São Paulo | arquifln

As cartas de São Paulo

A tradição cristã reconheceu 14 cartas de são Paulo das 21 do Novo Testamento. As cartas na antiguidade Greco-romana eram de dois gêneros: as cartas familiares, comerciais, políticas etc. e as epístolas, espécie de tratados sobre um certo tema, dedicados a alguma personalidade, a um amigo ou familiar.  Os escritos paulinos são de ambos gêneros.

A ordem em que aparecem na Bíblia é artificial. São agrupadas primeiro as que se dirigem às comunidades, depois à pessoas particulares, primeiro as mais longas e depois as mais curtas. A Epístola aos Hebreus é uma exceção, pois sempre está colocada no final de todas. As cartas não aparecem pois em ordem cronológica na Biblia.

As cartas aos Tessalonicenses: são consideradas por todos os estudiosos como as primeiras cartas de São Paulo (e primeiras do Novo Testamento). Foram escritas em Corinto entre os anos 50 e 52.

Essas cartas tratam fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e da ressurreição dos mortos. O Apóstolo diz que desconhece o tempo dos acontecimentos porque não foram revelados por Cristo e poe  ênfase na vigilância e na importância do trabalho. Chega a dizer o Apóstolo: “quem não quiser trabalhar, que também não coma” (2 Tes 3,10).

As grandes Epístolas:

São assim chamadas as cartas aos Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios e aos Romanos, escritas durante a terceira viagem missionária (53-58 d.C.).

Gálatas: o tema principal é o da liberdade dos cristãos, relativamente ao cumprimento das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns pensavam que era necessária a observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais para a salvação. Essa controvérsia (que já estava resolvida pelo concílio apostólico de Jerusalém) ofereceu ocasião de explicar o valor redentor da Paixão de Cristo, na qual nos inserimos pela fé e pelo Batismo, com absoluta independência da Antiga Lei, pedagoga da história da Salvação.

Coríntios: a cidade de Corinto era uma cidade com 2 portos, era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Tinha muitas religiões, cheia de degradação moral e religiosa. Aí havia o culto a Afrodite e as mil sacerdotisas dedicadas ao culto a essa deusa, por meio da “prostituição sagrada”. No entanto essa comunidade estava repleta das graças de Deus, com uma grande diversidade de carismas especiais. A primeira epístola aborda o tema da unidade dos cristãos e dos cristãos, pois havia ali divisões (partidos) entre os neófitos. Censura com energia os abusos morais mantidos por alguns cristãos convertidos, e tolerados pela comunidade (caso do incestuoso). Por isso explica a natureza do matrimonio e da castidade (cap. 7). Responde à questão da liceidade de comer carne de animais sacrificados aos ídolos. Entre os temas importantíssimos que trata são Paulo nessa carta está o tema da Eucaristia (sua instituição pelo Senhor, a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas, e a disciplina sobre o Ágape, que acompanhava as Eucaristias). Trata também o tema da ressurreição dos mortos (cap. 15), e da ordenação dos carismas do Espírito Santo.

Na Segunda Epístola: trata de defender sua autoridade de Apóstolo, negada por alguns. Diz que foi chamado diretamente por Cristo e foi incorporado ao grupo dos Doze. Aí aparece o coração de pastor de São Paulo, o amor pelos seus filhos na fé e a fortaleza do seu espírito, e o sentido de sua responsabilidade que lhe exige a sua vocação.

Romanos: é a mais longa de seu epistolário e é considerada a mais importante. Trata da obra redentora de Cristo (aprofundando a carta aos Gálatas). Começa com uma profunda saudação e segue dando uma visão da humanidade não redimida; contempla a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos judeus, para concluir na necessidade da Redenção realizada por Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. A salvação provem unicamente de Cristo e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus, não efeito das nossas obras. O Batismo nos enxerta em Cristo, podemos e devemos fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e completa a obra da justificação começada por Cristo, tornando-nos santos e filhos adotivos do Pai. A segunda parte da carta São Paulo aplica a doutrina ao comportamento moral do cristão: a “vida no Espírito” é o cristão que se deixa guiar pelo Espírito, que lhe dá uma vida nova, com todas suas conseqüências.

Epístolas do Cativeiro:

Paulo as escreveu no seu cativeiro em Roma, entre os anos 58 e 63.

Filemon: enviada ao cristão Filemon para que esse receba a Onésimo, escravo dele que se tinha fugido e refugiado em Roma, onde se tinha convertido, por meio de São Paulo. O Apóstolo ensina que eles agora são irmãos e assim devem ser tratados.

Filipenses: a comunidade de Filipos era constituída por antigos legionários retirados, com suas famílias. São Paulo os considerava seus queridos filhos, com uma fidelidade inquebrantável e generosa correspondência. O ponto doutrinal mais importante é o hino cristológico (Fil 2,6-11) que canta a humilhação de Cristo na sua encarnação, vida morte e sua gloriosa ressurreição.

Colossenses: essa comunidade enfrentava dificuldades doutrinais, pois alguns pregavam que Cristo era um ser intermédio entre Deus e a matéria. São Paulo então aprofunda temas capitais sobre Cristo. Ele é superior a todos os seres, a todos os anjos. Por isso afirma: “em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente” (Col 2,9). Jesus Cristo é pois Deus eterno, que ao tomar a natureza humana não deixa de ser Deus e, portanto, é o primeiro e superior a todos. Depois São Paulo dá diversos ensinamentos morais aos cônjuges, servos e senhores.

Efésios: é o ponto culminante no itinerário espiritual e doutrinal de São Paulo, no que diz respeito ao mistério de Cristo, da obra da Redenção e da teologia da Igreja. Trata quase os mesmos temas de Col. com maior profundidade e serenidade. Aí afirma que Cristo Jesus é a cabeça de todos os seres, tanto celestes quanto terrestres. O seu senhorio é absoluto e Ele é o Salvador de todos. Ef 1,3-14 é um grande hino que louva o plano salvador de Deus por meio de Cristo em favor da humanidade. Contempla o mistério profundo da Igreja na sua unidade e totalidade inseparáveis, instrumento universal da salvação que Cristo criou como Seu Corpo, Sua plenitude, Sua esposa imaculada, para aplicar à humanidade a salvação que Ele realizou com sua morte e ressurreição. Todo fiel deve pois viver a unidade na caridade, pois forma parte de um só corpo com Cristo, animado pelo mesmo Espírito.

Epístolas Pastorais:

Esses escritos (1 e 2 Tim. e Tito) são para orientar e ajudar aos discípulos na sua tarefa de auxiliares de São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas. Aqui São Paulo afirma que o conteúdo da lei moral natural presente na Lei de Moisés não caducou; também vai explicar que a Igreja tem uma ordem e uma disciplina (como tratado na carta aos Coríntios). A hierarquia eclesiástica esta em período de gestação, ainda não distinguiu um vocabulário preciso para designar os ofícios dos bispos e dos presbíteros, ainda que seja clara a ordem diferente de bispos e presbíteros, dum lado, e os diáconos, do outro. Nas Cartas de Santo Inácio de Antioquia (morto em 107) a instituição dos diversos graus da ordem está perfeitamente determinada. Nessas cartas Paulo se preocupa em consolidar as Igrejas já fundadas.

Epístola aos Hebreus:

Muito provavelmente foi escrita por um discípulo de São Paulo, mas transmitem as idéias do Apóstolo. Foi escrita a um grupo de cristãos provenientes do judaísmo, na qual predominava um número de sacerdotes e levitas do Templo de Jerusalém. São Paulo se dirige a eles para os reconfortar na fé, argumentando para eles que os antigos sacrifícios do Templo, e o próprio Templo não eram senão uma figura, uma sombra antecipada da realidade do único sacrifício que é o de Cristo, verdadeiro Templo e Sumo Sacerdote. Aqui São Paulo desenvolve a doutrina sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo.

Ano  Cronologia tradicional (Vida)
8 d.C.  Nascimento
33  Conversão
36  Jerusalém (1ª visita)
46  Jerusalém (fome): Hch 11
47-48  Primeiro viajem missionário
49  Conferência apostólica
50  Chegada de Paulo a Corinto
51/52  Paulo deixa Corinto
53  Paulo chega a Éfeso
56  Paulo deixa Éfeso
56  Paulo chega a Corinto
57  Paulo em Filipos
57  Paulo chega a Jerusalém
59  Paulo ante Festo
60  Paulo chega a Roma

Ano  Cronologia tradicional (Cartas)
50/51 1  Tessalonicenses: Corinto
51/52 2  Tessalonicenses: Corinto
56 1  Coríntios: Éfeso
57 2  Coríntios: Macedônia
57/58  Gálatas: Macedônia/Corinto
58  Romanos: Corinto
Filipenses
Filemón
61-63  Colossenses: Roma
61-63  Efésios: Roma
61-63 2  Timoteo: Roma

A sua paciência nos espera (2/3)

Rembrandt, Cristo e a adúltera, Munique, Sala das 
Estampas | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 03/2003

Luciani e a confissão

A sua paciência nos espera

“O Senhor é um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa joia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”

de Stefania Falasca

“Que seria de mim, pobre coitado,
se não houvesse a confissão”
(santo Cura d’Ars)
Entre os confessores de Albino Luciani, são lembrados em particular alguns monges da Cartuxa de Vedana, mosteiro que gostava de frequentar desde os tempos de Beluno, frequência que não deixou de lado durante todo o período em que foi bispo de Vitório Vêneto. E se nos trinta e três dias de pontificado manteve como seu confessor o jesuíta Paolo Dezza, que fora também confessor de Paulo VI, quando estava em Veneza ia com frequência ajoelhar-se no confessionário do padre Leandro Tiveron, jesuíta também. Modesto e reservado, padre Tiveron pronunciou poucas palavras a respeito de seu ilustre penitente, depois de sua morte: “Luciani foi um exemplo de coragem e confiança indestrutível em Deus, de humildade unida a uma grande fortaleza de espírito”. São palavras que remetem uma vez mais à história humana boa, simples e misteriosa que Luciani encontrara quando criança na fé de sua mãe, de padre Filippo Carli, seu pároco em Canale, amigo e coetâneo de padre Cappello. Assim, lembrou tantas vezes as orações que aprendeu com a mãe e sua infância em Canale, os episódios daquela piedade humaníssima, de devoção, de amor por Jesus que vira e vivera quando criança. A verdade é que devia muito a seu pároco. Devia a ele ter-se tornado padre. Dele aprendera que, para um padre, não há coisa maior e mais frutuosa que batizar, dar a eucaristia, absolver os pecados. In persona Christiý E dele aprendera também toda a sinceridade e a humildade na confissão. “Vejam”, disse Luciani uma vez num encontro durante a Quaresma, “que o Senhor nos deu a confissão como instrumento da Sua misericórdia, e portanto de paz para nós. Não é preciso angustiar-se, ter medos demais. E não é preciso remoer os pecados cometidos. Vocês os confessaram? Pronto, não pensem mais neles. É claro que a confissão deve ser simples, límpida. Alguns, quando vão se confessar, fazem um exame de consciência um pouco complicado, pois pensam: tenho de me sair bem. ‘Esse não é o lugar para se sair bem!’, dizia sempre meu pároco. Então, não é simples: é melhor falar claramente, com poucas palavras, o que se tem a dizer. O que houve, com brevidade, com humildade, sem rodeios. [...] Mais que entrar em exames de consciência muito complicados, é importante pedir ao Senhor que nos faça sentir dor pelos pecados”. A paciência para explicar com clareza as fórmulas do catecismo, com exemplos eficazes que todos pudessem compreender, sempre foi uma prerrogativa de Luciani. “Uma vez, durante uma aula de catecismo em Canale”, lembra a irmã, Antônia, “ouvi Albino explicar a importância da confissão com exemplos contados pelo Cura d’Ars, que repetia sempre: ‘Que seria de mim, pobre coitado, se não houvesse a confissão? Que seria de nós?’. E recomendava que as pessoas se confessassem com frequência. ‘As mães’, dizia Albino, ‘por acaso não trocam sempre suas crianças? A alma também é assim: nós sempre temos faltas e temos sempre de nos lavar, não uma vez ou duas por ano, mas devemos nos confessar com freqüência, se for possível’”. Indicava explicitamente a seus sacerdotes: “Sejamos fiéis ao que diz o código: Frequentará. Vários sínodos dizem: toda semana. Procurem ser fiéis. Um pouco de esforço, mas depois a pessoa fica melhor, fica mais contente, retoma as forças. O arrependimento contínuo, a humilhação contínua também é útil e salutar”.
Os anos do patriarcado de Veneza foram os mais difíceis para Albino Luciani. E foi lá, em Veneza, que teve de se dar conta com amargura do quanto aquela herança cristã tão cara estava cada vez mais longe do horizonte da vida. “Ouve-se cada vez com mais freqüência: ‘O pecado não existe’. Essa maneira de pensar está realmente na última moda, e assusta”, escrevia numa carta aos párocos, continuando: “Há sacerdotes que não acreditam mais na confissão. [...] Pecados sempre existiram, sempre choveram - não há muito o que dizer -, até mesmo na Idade Média cristã. Mas as pessoas sabiam que pecavam, rompiam a lei até mesmo com pecados graves, mas continuavam a respeitar a lei rompida e nem sonhavam em negar o pecado. Hoje, no entanto, dizem que não existem leis muito menos pecados. [...] É isso que assusta”. Em 1974, por ocasião dos exercícios espirituais para o clero, disse: “Não tenho vontade nenhuma de ser heresiólogo; mas às vezes tenho uma forte tentação de apontar sinais de quietismo e semiquietismo, de pelagianismo e semipelagianismo em escritos e discursos que ou descrevem o trabalho pastoral como se tudo dependesse dos homens ou falam de nós, pobres homens, como se não tivéssemos mais de nos preocupar com o pecado...”. E respondeu decidido aos sacerdotes que lamentavam uma queda no número de confissões: “O pecado mortal saqueia nossas almas. Rouba da alma a graça. Vocês estudaram o tratado De gratia e conhecem os efeitos da graça na alma. [...] A confissão é o banco a partir do qual se distribui o sangue de Cristo, é uma cruz vermelha em que se consertam os ossos quebrados pelo pecado. Uma coisa portentosa. [...] Mas repito, como é que as pessoas podem se confessar se vocês não lhes explicarem claramente o exame de consciência, a dor, o propósito e as outras coisas? E repito, sobretudo: quem é que vai se confessar se vocês não disserem o que é a graça de Deus e o quanto é preciosa?”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

3 coisas que não devem ser desperdiçadas, segundo o Papa Francisco

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Por Kathleen N. Hattrup

Até Jesus deu o exemplo de não desperdiçar!

No Angelus de 29 de janeiro de 2023, o Papa Francisco se concentrou em apenas um versículo Evangelho: “Bem- aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”(Mt 5,3).

Os pobres de espírito, disse o Papa, “são aqueles que sabem que não bastam a si mesmos, que não são autossuficientes, e vivem como ‘mendigos de Deus’: sentem necessidade de Deus e reconhecem o bem vem d’Ele, como dom, como graça.”

Portanto, os pobres de espírito desejam que “nenhum dom seja desperdiçado”. O Santo Padre exemplificou:

“Jesus mostra-nos a importância de não desperdiçar, por exemplo após a multiplicação dos pães e dos peixes, quando pede para recolher a comida que sobeja para que nada se perca (cf. Jo 6, 12). Não desperdiçar permite-nos apreciar o valor de nós mesmos, das pessoas e das coisas. Infelizmente, contudo, este princípio é frequentemente ignorado, especialmente nas sociedades mais abastadas, onde dominam as culturas do desperdício e do descarte: ambas são uma peste.”

Francisco, então, propôs três desafios para enfrentarmos a cultura do desperdício:

1NÃO DESPERDIÇAR O DOM QUE SOMOS

O Pontífice explicou:

“Cada um de nós é um bem, independentemente dos dotes que temos. Cada mulher, cada homem é rico não só de talentos, mas também de dignidade, é amado por Deus, vale, é precioso. Jesus lembra-nos que somos abençoados não pelo que temos, mas pelo que somos. E quando uma pessoa desanima e se dissipa, desperdiça-se a si própria. Lutemos, com a ajuda de Deus, contra a tentação de nos considerarmos inadequados, errados, e de nos lamentarmos.”

2NÃO DESPERDIÇAR OS DONS QUE TEMOS

Ao apresentar o segundo desafio, Francisco falou sobre uma dura realidade e fez um alerta:

“No mundo cerca de um terço da produção total de alimentos é desperdiçada. E isto acontece enquanto tantos estão a morrer de fome! Os recursos da criação não podem ser utilizados dessa forma; os bens devem ser guardados e partilhados, para que a ninguém falte o necessário. Não desperdicemos o que temos, mas difundamos uma ecologia de justiça e caridade, de partilha.”

3NÃO DESCARTAR AS PESSOAS

No terceiro desafio, o Santo Padre abordou a necessidade do respeito à vida e ao próximo:

“A cultura do descarte diz: uso-te enquanto me serves; quando já não me interessas ou és um obstáculo para mim, ponho-te de lado. E é especialmente assim que são tratados os mais frágeis: os nascituros, os idosos, os necessitados e os desfavorecidos. Mas as pessoas não podem ser deitadas fora, os desfavorecidos não podem ser deitados fora! Cada um é um dom sagrado, cada um é um dom único, em todas as idades e em todas as condições. Respeitemos e promovamos a vida sempre! Não descartemos a vida!”

Uma pergunta a nós mesmos

O Papa propôs ainda que todos nos perguntemos como vivemos a pobreza de espírito:

“Antes de mais, como vivo a pobreza de espírito? Dou espaço a Deus, acredito que Ele é o meu bem, a minha verdadeira e grande riqueza? Acredito que Ele me ama, ou desanimo com tristeza, esquecendo que sou um dom? E depois: tenho o cuidado de não desperdiçar, sou responsável na utilização das coisas, dos bens? E estou disposto a partilhá-los com os outros, ou sou egoísta? Por fim: considero os mais frágeis como dons preciosos, dos quais Deus me pede para cuidar? Lembro-me dos pobres, daqueles que não têm o necessário?”

Santa Brígida de Kildare

Santa Brígida de Kildare | ACI Digital
01 de fevereiro
Santa Brígida de Kildare

REDAÇÃO CENTRAL, 01 Fev. 23 / 10:35 am (ACI).- Hoje (1º) é celebrada santa Brígida de Kildare, padroeira da Irlanda junto com são Patrício e são Columbano.

Livre para servir a Deus

Santa Brígida é considerada a fundadora do monaquismo feminino na Irlanda, onde nasceu. Ela viveu entre os anos 451 e 525. Nasceu na cidade de Faughart, filha de um rei pagão e de uma escrava, segundo a tradição.

Desde muito nova foi apresentada ao cristianismo e se consagrou a Deus. Graças à sua vida de virtudes, conquistou a liberdade e foi batizada por são Patrício. Mais tarde receberia o véu das virgens das mãos de são Melo, sobrinho de são Patrício.

Servidora de seu povo

Brígida, junto com outras virgens consagradas, foi morar na cidade de Meath, onde serviu aos mais pobres. Lá ela fez muitos milagres, principalmente curando leprosos, mudos e cegos. A ela é creditado o "milagre da cerveja", com o qual, de um único barril, teria abastecido dezoito igrejas.

Há muitos registros históricos que mostram como santa Brígida chegou a ser considerada uma santa em vida.

Mosteiro de Kildare

Santa Brígida, também conhecida como Brígida da Irlanda, fundou o mosteiro de Kildare por volta do ano 513, adotando a regra de são Cesário. Esta decisão levou outros mosteiros a adotar ou retomar a mesma regra. O mosteiro de Kildare, liderado por Brígida, promoveu uma extensa renovação do catolicismo em toda a nação.

Santa Brígida foi considerada uma mãe espiritual por muitas religiosas ao longo da história. Ela morreu no ano 525 em Kildare e seu corpo foi enterrado em Downpatrick, junto a são Patrício e são Columbano.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa na RDC: limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio

O Papa na RDC | Vatican News

"Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia»", disse Francisco na homilia da missa celebrada no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo.

https://youtu.be/U0BhVDs5Z2Q

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa pela paz e a justiça no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, na manhã desta quarta-feira (1°/02), no âmbito de sua 40ª Viagem Apostólica Internacional. Participaram da celebração eucarística cerca de um milhão de fiéis.

Francisco proferiu a palavra Esengo que significa alegria, manifestando a imensa alegria de ver e encontrar os congoleses. "Desejei muito este momento. Obrigado por terdes vindo aqui", disse ele.

"O Evangelho acaba de nos dizer que também a alegria dos discípulos era grande na tarde de Páscoa, e que esta alegria brotou ao «verem o Senhor». Naquele clima de alegria e maravilha, o Ressuscitado fala aos seus e lhes diz: «A paz esteja convosco!».

O Papa Francisco durante a missa pela paz e a justiça no Aeroporto 
de N’dolo, em Kinshasa | Vatican News

Segundo o Papa, "trata-se de uma saudação, mas é mais do que uma saudação: é um dom. Porque a paz, aquela paz anunciada pelos anjos na noite de Belém, aquela paz que Jesus prometeu deixar aos seus, é agora, pela primeira vez, entregue solenemente aos discípulos. Jesus proclama a paz enquanto no coração dos discípulos existem os escombros, anuncia a vida enquanto eles sentem dentro a morte. Assim faz o Senhor: surpreende-nos, estende-nos a mão quando estamos prestes a afundar, levanta-nos quando tocamos o fundo".

O perdão nasce das feridas

"Irmãos, irmãs, com Jesus o mal nunca triunfa, nunca tem a última palavra. «Com efeito, Ele é a nossa paz», e a sua paz vence. Por isso nós que pertencemos a Jesus, não podemos deixar prevalecer em nós a tristeza, não podemos permitir que se insinuem resignação e fatalismo", disse ainda o Papa, acrescentando.

Se ao nosso redor se respira este clima, que não seja por nossa causa: num mundo desanimado com a violência e a guerra, os cristãos fazem como Jesus. Ele, como que insistindo, repetiu para os discípulos: A paz esteja convosco! E nós somos chamados a assumir e proclamar ao mundo este inesperado e profético anúncio de paz.

Papa Francisco na missa em Kinshasa | Vatican News

A seguir, Francisco indicou "três nascentes de paz, três fontes para continuar a alimentá-la: o perdão, a comunidade e a missão". Primeira fonte: o perdão.

“O perdão nasce das feridas. Nasce quando as feridas sofridas não deixam cicatrizes de ódio, mas tornam-se o lugar onde se dá espaço aos outros acolhendo as suas debilidades. Então as fragilidades tornam-se oportunidades, e o perdão torna-se o caminho da paz.”

"Não se trata de esquecer tudo como se nada fosse, mas de abrir aos outros o próprio coração com amor. Irmãos, irmãs, quando a culpa e a tristeza nos oprimem, quando as coisas não correm bem, sabemos para onde olhar: para as chagas de Jesus, pronto a perdoar-nos com o seu amor ferido e infinito".

“Ele conhece as tuas feridas, conhece as feridas do teu país, do teu povo, da tua terra! São feridas que ardem, continuamente infectadas pelo ódio e a violência, enquanto o remédio da justiça e o bálsamo da esperança parecem nunca mais chegar.”

É isto que Cristo deseja: ungir-nos com o seu perdão, para nos dar a paz e a coragem de por nossa vez perdoar, a coragem de realizar uma grande amnistia do coração. Faz-nos tão bem limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio! Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia».

Papa Francisco na missa em Kinshasa | Vatican News

A humildade é a grandeza do cristão

A seguir, o Papa falou sobre a segunda fonte da paz: a comunidade. "Jesus ressuscitado confia a sua paz à primeira comunidade. Não há cristianismo sem comunidade, tal como não há paz sem fraternidade", sublinhou. "E qual é o caminho para não cair nas ciladas do poder e do dinheiro, para não ceder às divisões, às lisonjas do carreirismo que corroem a comunidade, às falsas ilusões do prazer e da feitiçaria que nos encerram em nós mesmos?" Perguntou Francisco. A resposta nos é dada através do profeta Isaías, que diz: «Estou com os oprimidos e humilhados, para reanimar o espírito dos humilhados e reanimar o coração dos oprimidos».

“O caminho é partilhar com os pobres: este é o melhor antídoto contra a tentação de nos dividir e mundanizar. Ter a coragem de olhar para os pobres e escutá-los, porque são membros da nossa comunidade, e não estranhos que devem ser abolidos da vista e da consciência.”

Abrir o coração aos outros, em vez de o fechar nos próprios problemas ou nas próprias vaidades. Recomecemos dos pobres e descobriremos que todos compartilhamos a pobreza interior; que todos precisamos do Espírito de Deus para nos libertar do espírito do mundo; que a humildade é a grandeza do cristão, e a fraternidade a sua verdadeira riqueza. Acreditemos na comunidade e, com a ajuda de Deus, edifiquemos uma Igreja vazia de espírito mundano e cheia de Espírito Santo, livre de riquezas para nós mesmos e repleta de amor fraterno!

Missa em Kinshasa | Vatican News

Somos chamados a ser missionários de paz

Por fim, a terceira fonte da paz: a missão. Jesus diz aos discípulos: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». "Numa palavra, enviou-O para todos: não só para os justos, mas para todos".

“Irmãos, irmãs, somos chamados a ser missionários de paz, e isto nos encherá de paz. Trata-se duma opção: é dar espaço a todos no coração, é acreditar que as diferenças étnicas, regionais, sociais e religiosas vêm em segundo lugar e não são obstáculo; que os outros são irmãos e irmãs, membros da mesma comunidade humana; que cada um é destinatário da paz trazida ao mundo por Jesus. É acreditar que nós, cristãos, somos chamados a colaborar com todos, a romper a espiral da violência, a desmantelar os enredos do ódio.”

"Enviados por Cristo, os cristãos são chamados, por definição, a ser consciência de paz no mundo: não só consciências críticas, mas sobretudo testemunhas de amor; não pretendentes dos próprios direitos, mas dos do Evangelho, que são a fraternidade, o amor e o perdão; não indivíduos à procura dos próprios interesses, mas missionários daquele amor louco que Deus tem por cada um dos seres humanos", disse ainda o Papa.

"A paz esteja convosco: diz Jesus hoje a cada família, comunidade, etnia, bairro e cidade deste grande país. A paz esteja convosco: deixemos que ressoem no coração, em silêncio, estas palavras de nosso Senhor. Ouçamo-las dirigidas a nós e escolhamos ser testemunhas de perdão, protagonistas na comunidade, pessoas em missão de paz no mundo", concluiu Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF