Translate

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Gratidão, paciência, espera. Três palavras para a Igreja na China

John Tong Hon, bispo de Hong Kong [© Associated Press/LaPresse]

Gratidão, paciência, espera.
Três palavras para a Igreja na China

Entrevista com o novo cardeal John Tong Hon, bispo de Hong Kong.

Entrevista com o cardeal John Tong Hon por Gianni Valente

O cardeal John Tong Hon se apresenta como uma pessoa simples e sorridente. Prefere os tons pacatos e um estilo low profile. Entre os novos cardeais criados por Bento XVI no Consistório de 18 de fevereiro de 2012, seu itinerário biográfico se distingue por mais de um motivo: jogador de basquete, especialista no pensamento taoísta e confuciano, cristão “de segunda geração”. Mas agora o atual bispo de Hong Kong será para todos sobretudo o sétimo cardeal chinês na história da Igreja, chamado a oferecer com maior intensidade e autoridade a sua contribuição de conselhos e avaliações equilibradas em relação à questão crucial das relações entre Santa Sé, Igreja na China e governo chinês.

O senhor hoje é bispo e cardeal. Mas, se observarmos a sua biografia, veremos que seus pais não provinham de famílias cristãs. Nenhum de seus avós foi batizado.

JOHN TONG HON: É verdade. Foi minha mãe a primeira que teve a oportunidade de entrar em contato com a fé católica. Ela desde menina frequentava o ensino fundamental na escola das irmãs canossianas, onde havia também muitas religiosas italianas. Uma vez até encontrou o núncio na China, em visita a sua escola: as irmãs escolheram justamente ela para entregar um buquê de flores ao representante do Papa. E ela ficou muito orgulhosa disso. Chegou a começar a estudar o catecismo, mas sem receber logo o batismo, pois em sua família nunca tinha havido nenhum católico. Só foi batizada depois da Segunda Guerra Mundial, quando eu já tinha nascido e tinha seis anos.

Foram anos terríveis, aqueles em que o senhor passou a sua infância.

Quando os japoneses conquistaram Hong Kong, fugimos para Macau. Depois fiquei com minha avó paterna, que vivia num vilarejo da região de Guangdong. Só no final da guerra pude reunir-me a meus pais no Cantão. Eram os anos da guerra civil. Comunistas e nacionalistas lutavam entre si no norte. Enquanto isso, as províncias do sul recebiam refugiados e soldados feridos. Os missionários americanos presentes no Cantão acolhiam e ajudavam todos aqueles que necessitavam, qualquer que fosse o lado a que pertencessem. Minha mãe e eu também ajudávamos a distribuir doações aos que retornavam da guerra e aos refugiados. Vendo o testemunho do meu pároco, Bernard Meyer, e de seus confrades missionários de Maryknoll, comecei a pensar que eu também, quando crescesse, poderia me tornar um sacerdote.

O senhor foi estudar em Roma justamente nos anos do Concílio Vaticano II.

O Concílio me ajudou muito a ampliar o olhar. Fui ordenado padre – o Concílio tinha-se encerrado havia poucas semanas – pelo papa Paulo VI, no dia da Epifania de 1966, com outros 61 diáconos de 23 países de missão, todos estudantes de Propaganda Fide.

Quase meio século depois, no último Consistório, foi o senhor quem proferiu um discurso diante do Sacro Colégio para explicar a condição da Igreja na China. O que disse a seus colegas cardeais?

Para descrever a situação na China, usei três palavras. A primeira é wonderful, surpreendente. É um fato surpreendente que nas últimas décadas a Igreja na China tenha crescido e continue a crescer, ainda que esteja submetida a muitas pressões e restrições. Esse é um dado objetivo, que pode ser comprovado também pelos números. Em 1949 havia 3 milhões de católicos na China; hoje são pelo menos 12 milhões. Em 1980, depois de iniciada a reabertura promovida por Deng Xiaoping, havia 1.300 sacerdotes. Hoje são 3.500. E há ainda cinco mil freiras, dois terços das quais pertencem às comunidades registradas no governo. E também 1.400 seminaristas, dos quais mil estão-se formando nos seminários financiados pelo governo. Há dez seminários maiores reconhecidos pelo governo e seis instituições semelhantes ligadas às comunidades clandestinas. De 1980 até hoje foram ordenados três mil novos padres, e pronunciaram seus votos 4.500 freiras. Noventa por cento dos padres estão na faixa etária dos vinte e cinco aos cinquenta anos.

Portanto, tudo vai bem?

A segunda palavra com que descrevi a situação da Igreja na China foi a palavra difficult, difícil. E a provação mais difícil que a Igreja tem de enfrentar é o controle imposto sobre a vida eclesial pelo governo por meio da Associação Patriótica dos Católicos Chineses (AP). Citei uma carta que me foi enviada por um bispo muito respeitado da China continental, que escreveu: “Em todo país socialista o governo recorre ao mesmo método, usando alguns cristãos de fachada para dar vida a organizações estranhas às estruturas próprias da Igreja, às quais entrega o controle da própria Igreja”. A Associação Patriótica é um exemplo desse modus operandi. E na Carta do Papa aos Católicos Chineses publicada em junho de 2007 está escrito que esses organismos não são compatíveis com a doutrina católica. Nós o vimos novamente nas ordenações episcopais ilegítimas impostas à Igreja entre 2010 e 2011.

Tong Hon durante a procissão do Domingo de Ramos de 2010, diante da Catedral da Imaculada Conceição, em Hong Kong | 30Giorni

Mas por que a superpotência chinesa ainda sente a necessidade de manter a vida da Igreja sob um controle tão rigoroso?

Segundo a análise de Leo Goodstadt – famoso estudioso de Hong Kong que foi também consultor do último governador britânico, Chris Patten –, há diversas razões para isso. Os regimes comunistas temem a competição da religião como fator de influência da mente do povo, de suas ideias, e eventualmente de suas ações. Eles se dão conta de que as religiões não estão desaparecendo do horizonte das sociedades humanas, e que o número dos seguidores das religiões vai aumentando. Depois do 11 de Setembro a inquietação cresceu, uma vez que vimos de novo que as ideias religiosas podem também impelir à guerra. Enfim, os novos líderes que se preparam para assumir um cargo em 2012 devem demonstrar neste momento ser comunistas leais.

Como escreveu claramente o Papa em sua Carta aos Católicos Chineses, “a Igreja católica que está na China tem a missão não de mudar a estrutura ou a administração do Estado, mas de anunciar aos homens Cristo”. Como é possível que o governo de uma nação poderosa como a China tenha medo das interferências políticas do Vaticano?

Vivemos na sociedade e a nossa vida real tem necessariamente relação com a dimensão política. Mas certamente a Igreja não é uma entidade política. Não é mesmo problema nosso a mudança dos sistemas políticos. E além de tudo, no nosso caso, isso seria totalmente impossível.

Voltemos a seu discurso no Consistório. Qual foi a sua terceira palavra?

A terceira palavra que usei para descrever a condição da Igreja na China é a palavra possible, possível. Para que entendessem o motivo dessa escolha, li outros trechos da carta do bispo que já citei. Esse bispo se dizia sereno e confiante em relação ao presente, mesmo porque olhava para os problemas de hoje também a partir das experiências que vivera nas tempestuosas décadas da perseguição, entre 1951 e 1979. Ele, naquelas duras provações, pudera experimentar que todas as coisas estão nas mãos de Deus. E Deus pode dispor das coisas de modo que até as dificuldades possam enfim concorrer para o bem da Igreja. Assim, vemos que por si só não é o aumento do controle que pode extinguir a fé. Até pode acontecer que o efeito disso seja o crescimento da unidade na Igreja. Dessa forma, o futuro pode parecer até luminoso. E nós podemos esperar com confiança a graça de Deus. Talvez a solução de certos problemas não aconteça amanhã. Mas também não será preciso esperar por um tempo distante demais.

Há quem diga que no enfrentamento dos problemas é preciso escolher entre dois caminhos alternativos: ou o caminho do diálogo, ou o caminho da defesa dos princípios. Mas na sua opinião as duas coisas são realmente incompatíveis?

Eu por minha conta estou tentando ser moderado. É preferível ser paciente e aberto ao diálogo com todos, também com os comunistas. Estou convencido de que sem diálogo nenhum problema pode ser realmente resolvido. Mas, enquanto nós dialogamos com todos, deveríamos ao mesmo tempo manter firmes os nossos princípios, sem sacrificá-los. Isso significa que, por exemplo, um novo bispo só pode aceitar a ordenação episcopal se existir o consenso do Papa. A isso não podemos renunciar. Faz parte do nosso Credo, no qual confessamos a Igreja como una, santa, católica e apostólica. E depois há também a defesa da vida, os direitos invioláveis da pessoa, a indissolubilidade do matrimônio... Não podemos renunciar às verdades de fé e de moral tal como são expostas também no Catecismo da Igreja Católica.

Às vezes tem-se a impressão de que alguns ambientes católicos de Hong Kong têm a tarefa de “medir” o grau de catolicidade da Igreja na China. É essa a missão da Igreja de Hong Kong?

A fé não vem de nós. Vem sempre de Jesus. E nós não somos os controladores e os juízes da fé dos nossos irmãos. Nós somos simplesmente uma diocese irmã em relação às dioceses que existem no continente. Assim, se elas quiserem, ficamos felizes por compartilhar com elas o nosso caminho e o nosso trabalho pastoral. E se elas estiverem em situações difíceis, enquanto nós gozamos de maior liberdade, nossa intenção é apenas tentar ajudá-las. Rogando que todos possam manter a fé, mesmo em meio às pressões a que são submetidos.

Em certos comentários, uma ampla área eclesial na China é sempre descrita como se estivesse às margens da fidelidade à Igreja. Ao mesmo tempo, é reconhecida a grande devoção dos católicos chineses. Como as duas coisas convivem?

Não me parece nunca apropriado falar da China, que é tão grande, de maneira tão incompreensiva quanto genérica. Não me convencem as afirmações segundo as quais “a fé é forte na China”, nem tampouco as que enfatizam o contrário. Tudo depende das pessoas. Há muitas boas testemunhas da fé, que oferecem a sua vida e também os seus padecimentos a Jesus. E ainda há também algumas pessoas que, impelidas pela pressão ambiental, sacrificam os princípios. São apenas alguns. Por exemplo, aqueles sacerdotes que aceitaram receber a ordenação episcopal sem ter a aprovação do Papa. Isso não pode ser bom, e nós temos de dizê-lo.

É justamente sobre os jovens bispos que se concentra a atenção de muita gente. Segundo alguns, seriam frágeis, e entre as suas fileiras haveria também alguns oportunistas. O que fazer com eles? Isolá-los? Condená-los? Justificá-los sempre e de qualquer forma?

Não, não, nada de isolamento. A primeira coisa que devemos fazer é rezar por eles. Também por aqueles que cometeram erros evidentes. E, se alguém puder aproximar-se deles, e puder ser seu amigo, que os exorte a reconhecer o que houve de incorreto em suas escolhas. E também a mandar uma carta às autoridades para explicar como aconteceram as coisas e eventualmente pedir perdão. Essa é simplesmente uma forma de correção fraterna.

As divisões entre dois grupos de católicos, os chamados “oficiais” e os chamados “clandestinos”, foram desencadeadas apenas pelas pressões e pela submissão impostas pelo governo?

Infelizmente, não. Há também muitas outras razões.

Na China também cresce o fenômeno dos sites que atacam os católicos com argumentos doutrinais e morais – a começar pelos bispos –, acusando-os de terem traído a fé e a Igreja por oportunismo ou covardia, ao cederem às ilícitas pretensões do regime. O que o senhor acha?

Acredito que a correção fraterna de que eu falava antes é feita por meio do diálogo, não dos ataques pela internet.

As dificuldades vividas pela Igreja na China envolvem o vínculo de comunhão com o bispo de Roma. Com o passar do tempo, o senhor vê o perigo de que esse laço seja percebido com menor intensidade entre o clero e entre os fiéis?

Na China, continuo a perceber uma grande devoção pelo Papa. Amam o Santo Padre, isto é certo. Estão sob pressão nesse ponto. São impedidos no seu desejo de ter contatos normais com o sucessor de Pedro. É também por esse motivo que seu desejo se torna mais forte. Eu diria que é quase natural.

John Tong Hon cumprimenta os cardeais na Basílica de São Pedro depois de receber o barrete cardinalício de Bento XVI no consistório de 18 de fevereiro de 2012 [© Reuters/Contrasto]

Gostaria de lhe fazer uma pergunta sobre um episódio de bastante tempo atrás. É verdade, eminência, que o senhor estava presente na ordenação episcopal do bispo Aloysius Jin Luxian, ocorrida há vinte e sete anos?

Sim, eu estava presente naquela missa. Era o ano de 1985. Eu, na época, era sacerdote da diocese de Hong Kong e desde 1980 dirigia o Holy Spirit Study Centre [respeitado centro de pesquisa sobre a vida da Igreja na China, ndr]. Jin me pediu que estivesse presente. Queria ter o meu apoio, naquele momento. Tinha-me contado que estivera na prisão, que queria conservar a sua fé e a sua comunhão com a Igreja universal e que mandaria cartas a Roma para refrisar a sua submissão à Sé Apostólica e ao primado do Papa. Dizia ter ponderado tudo em sua consciência, e que naquele momento histórico lhe parecia que não houvesse outro caminho senão aceitar a ordenação episcopal. Dadas as circunstâncias, lhe parecia uma escolha obrigatória para levar adiante a diocese de Xangai e salvar o seminário. Sete anos atrás a Santa Sé acolheu seus pedidos e o reconheceu como legítimo bispo de Xangai. Mas isso são águas passadas. Agora é preciso pensar no futuro...

Olhando justamente para o presente e para o futuro, o que o senhor aprendeu com as experiências daquela época?

Aprendi que time can prove, o tempo pode dar conta das coisas. Certas vezes só a longo prazo você pode reconhecer se uma coisa é certa ou errada, se uma escolha foi ditada por boas razões ou não. Na imediatez transitória do momento, não podemos julgar claramente como são as coisas. Mas a longo prazo vem à tona se pelo menos a intenção do coração era boa. Às vezes na China as situações são complicadas. Somos submetidos a pressão, não encontramos pessoas com as quais nos confrontar. Mas, se fazemos as nossas escolhas tendo no coração o amor a Jesus e à Igreja, a reta intenção no final pode ser verificada por todos, a longo prazo.

E o que isso implica, se pensarmos nos episódios controversos em que se envolveu a catolicidade chinesa?

Não nos podemos fixar no fato isolado, não podemos abrir uma sindicância sobre cada decisão, e pretender que todo gesto e toda escolha realizada pelos membros da Igreja na China sejam sempre perfeitos, em cada instante e em cada situação. Somos seres humanos, somos seres humanos! Todos nós erramos e caímos muitas vezes ao longo do caminho. Mas depois podemos pedir perdão. Se, ao contrário, o erro é isolado e se torna motivo de condenação sem apelo, quem se pode salvar? É a longo prazo que vemos se um padre ou um bispo têm no coração um propósito bom. Vemos se o que fazem é feito por amor a Deus, à Igreja e ao povo, mesmo com todos os seus erros humanos. Isto é importante: descobrir que as pessoas perseveram na fidelidade porque são movidas pelo amor de Jesus, mesmo nas situações difíceis. No final, todos o verão. E certamente Deus, que perscruta o coração de cada um de nós, o vê.

Fonte: http://www.30giorni.it/

São Gregório VII

São Gregório VII | arquisp

25 de maio

São Gregório VII

Hildebrando nasceu numa família pobre na cidade de Soana, na Toscana, Itália, em 1020. Desde jovem o atraía a solidão, por isso foi para o mosteiro de Cluny e se tornou monge beneditino. Depois estudou em Laterano, onde se destacou pela inteligência e a firmeza na fé. Galgou a hierarquia eclesiástica e foi consagrado cardeal.

Tornou-se o auxiliar direto dos papas Leão IX e Alexandre II, alcançando respeito e enorme prestígio no colégio cardinalício. Assim, quando faleceu o papa Alexandre II, em 1073, foi aclamado papa pelo povo e pelo clero. Assumiu o nome de Gregório VII e deu início à luta incansável para implantar a reforma, importantíssima para a Igreja, conhecida como "gregoriana".

Há tempos que a decadência de costumes atingia o próprio cristianismo. A mistura do poder terreno com os cargos eclesiásticos fazia enorme estrago no clero. Príncipes e reis movidos por interesses políticos nomeavam bispos, vigários e abades de forma arbitrária.

Desse modo, acabavam designando pessoas despreparadas e muitas vezes indignas de ocupar tais cargos. Reinavam as incompetências, os escândalos morais e o esbanjamento dos bens da Igreja.

Apoiado por Pedro Damião, depois santo e doutor da Igreja, o papa Gregório VII colocou-se firme e energicamente contra a situação. Claro que provocou choques e represálias dos poderosos, principalmente do arrogante imperador Henrique IV, o qual continuou a conferir benefícios eclesiásticos a candidatos indesejáveis.

O papa não teve dúvidas: excomungou o imperador. Tal foi a pressão sobre Henrique IV, que o tirano teve de humilhar-se e pedir perdão, em 1077, para anular a excomunhão, num evento famoso que ficou conhecido como "o episódio de Canossa".

Mas o pedido de clemência era uma bem elaborada jogada política. Pouco tempo depois, o imperador saboreou sua vingança, depondo o papa Gregório VII e nomeando um antipapa, Clemente III. Mesmo assim o papa Gregório VII continuou com as reformas, enfrentando a ira do governante. Foi então exilado em Salerno, onde morreu mártir de suas reformas no dia 25 de maio de 1085, com sessenta e cinco anos.

Passou para a história como o papa da independência da Igreja contra a interferência dos poderosos políticos. Sua última frase, à beira da morte, sem dúvida retrata a síntese de sua existência: "Amei a justiça, odiei a iniqüidade e, por isso, morro no exílio".

Muitos milagres foram atribuídos à intercessão de papa Gregório VII, que teve seu culto autorizado pelo papa Paulo V em 1606.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Papa Francisco pede que a voz do embrião seja ouvida a partir da ciência

Shutterstock

Por Alvaro Real 

No Prefácio do livro "O milagre da vida", Francisco faz uma defesa da "maravilha e alegria da vinda de cada um ao mundo".

“O Milagre da Vida” é um livro editado por Arnoldo Mosca Mondadori em parceria com o cientista Gabriele Semprebon e o escritor Luca Crippa. Sua intenção é discutir a questão da vida e do aborto para além das visões ideológicas.

O prefácio, antecipado pelo jornal italiano Corriere della Sera, foi escrito pelo Papa Francisco, que enfatiza “a beleza de contemplar a vida nascente como titular do mais alto direito que pertence a todos: o de existir”.

Durante a sua reflexão, ele explica que, em várias ocasiões, sentiu “o dever de falar sobre a questão do aborto”.

“Há muito em jogo para nos contentarmos com soluções provisórias, parciais e, às vezes, superficiais: estamos falando da vida, que é o nosso bem mais precioso, recebido como dom”, afirma o Papa, que convida os leitores a reconhecerem os direitos do embrião: “quando se toma a decisão de interromper uma gravidez, ele não tem voz”.

O Papa reforça que o tema “exige grande competência e retidão” de todos, porque envolve “sofrimento e perplexidade”, muitas vezes acompanhados de inconsciência.

Ele pede ao mundo que “reflita sobre o aborto não só a partir do conteúdo desta ou daquela tradição de fé ou de pensamento, mas também com a qualificada contribuição da ciência”.

Portanto, reforça, devemos tratar a questão do aborto “ouvindo a voz do embrião” e “questionando-nos sobre a sua natureza, sua singularidade”, sem esquecer que o embrião enfrenta “ameaças que se interpõem entre ele e a sua própria existência”.

Francisco termina o texto condenando “a cultura do descarte”, que tenta impor-se “em todos os âmbitos e em todas as fases da existência: na fragilidade do nascituro, na solidão dos idosos, na miséria vergonhosa de tantos pobres privados do essencial e sem perspectivas de desenvolvimento, no sofrimento das vítimas de guerras, de emigrações desesperadas e de perseguições em todas as partes do mundo”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santa Maria Madalena de Pazzi

Santa Maria Madalena de Pazzi | Guadium Press

“A alma que recebe a Eucaristia se torna bela, como que revestida de uma veste preciosa, e tão resplandecente, que, se pudéssemos vê-la, ficaríamos tentados a adorá-la.”

Redação (25/05/2022 09:41, Gaudium Press) A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 25 de maio, a memória de Santa Maria Madalena de Pazzi. Nascida em Florença, no dia 2 de Abril de 1566, foi batizada como Catarina e aos dez anos fez sua primeira comunhão.

Aos dezesseis anos abandonou tudo, ingressou no mosteiro carmelita de Santa Maria dos Anjos e fez os seus votos escolhendo o nome de Maria Madalena.

Recebeu dons especiais do Espírito Santo que lhe concedeu viver experiências místicas impressionantes nas quais eram comuns os êxtases durante a penitência, oração e contemplação.

Durante cinco anos passou por uma forte aridez espiritual. Enfrentando dura enfermidade, suportou o máximo que pode sem se queixar e oferecendo esses sofrimentos a Deus. No dia 25 de maio de 1607 entregou a alma a Deus.

Foi beatificada pelo Papa Urbano VIII no dia 8 de Maio de 1626 e canonizada pelo Papa Clemente IX a 28 de Abril de 1669. O corpo de Santa Maria Madalena de Pazzi encontra-se incorrupto.

Frases de Santa Maria Madalena de Pazzi

01 – “A honra de uma pessoa desejosa da vida espiritual está em ser colocada depois de todas as outras e em ter horror a ser preferida aos outros”.

02 – “Só de ouvir nomear o pecado deveríamos morrer de espanto!”.

03 – “Todas as nossas orações não devem ter outra finalidade, a não ser alcançar de Deus a graça de seguir em tudo sua santa vontade”.

04 – “Felizes os religiosos que, desapegados de tudo por meio da pobreza, podem dizer: ‘Senhor, sois a parte da minha herança’ (Sl 15,5)”.

05 – “Ó almas criadas de amor, porque não amais o Amor?”

06 – “Quando pedimos as graças a Deus, Ele não só nos atende, mas de certo modo nos agradece”.

07 – “Oh! Que vergonha! Nós entre rosas, Cristo entre espinhos!”.

08 – “O tempo mais apropriado para crescer no amor de Deus é aquele que se segue após a comunhão”.

09 – “A alma que recebe a Eucaristia se torna bela, como que revestida de uma veste preciosa, e tão resplandecente, que, se pudéssemos vê-la, ficaríamos tentados a adorá-la”.

10 – “Ó Amor não amado, nem conhecido. Ó Amor, faz com que todas as criaturas te amem, Amor”.

Oração a Santa Maria Madalena de Pazzi

Ó Deus, que destes grandes graças na vida mística de Santa Maria Madalena de Pazzi, fazei que eu também seja um dócil instrumento em suas mãos para a maior Glória de Vosso Nome. Santa Maria Madalena de Pazzi, rogai por nós. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Vigília de Pentecostes

Pentecostes | diocesedesaomateus

VIGÍLIA DE PENTECOSTES

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai. (Sl 103/104) 

Neste sábado, dia 27 de maio, celebramos a Vigília de Pentecostes. Antes de alguma solenidade importante da Igreja, sempre acontece a vigília. Ao longo do ano, acontecem várias grandes vigílias: as mais conhecidas são: Vigília da Páscoa (a mais importante do ano e celebrada no Sábado Santo), a Vigília do Natal (celebrada na noite do dia 24 de dezembro) e a Vigília de Pentecostes (celebrada na noite que antecede a solenidade). Com a terceira edição típica do Missa romano se acrescentaram outras. 

A Vigília de Pentecostes também é uma das mais belas e importantes da Igreja, pois acontece na noite que antecede a grande solenidade de Pentecostes. Ao longo da vigília, podemos pedir que o Espírito Santo venha sobre nós com todos os seus dons. Celebrar Pentecostes é celebrar a perfeição de Deus e a totalidade de seu amor por nós. Pois os sete dons do Espírito Santo que Deus derrama sobre nós é perfeição de seu amor por nós. Deus nos escolheu e nos enviou, do mesmo modo que fez com os discípulos.  

A Vigília de Pentecostes, ao mesmo modo que as outras vigílias, celebra-se a partir das 18h. A vigília poderia ser celebrada de madrugada e ir até ao amanhecer, mas é claro que devido às questões pastorais e de segurança, a vigília é celebrada por volta das 20h. A vigília tem a duração de duas a três horas, mais ou menos. Peçamos com fervor que o Espírito Santo venha sobre a Igreja e sobre cada um de nós e renove em nós o amor a Cristo e à Igreja. Que o Espírito Santo venha em socorro da nossa fraqueza e nos dê o dom da fortaleza.  

Com a celebração da Vigília de Pentecostes somos convidados a nos abrir à ação do Espírito Santo e pedir que venha sobre nós os sete dons. O Espírito Santo vem em socorro da nossa fraqueza e nos ajuda a não perder fé e nem a esperança em dias melhores. Somos os escolhidos e amados por Deus, desde o nosso batismo pertencemos a Ele e recebemos a marca indelével do Espírito Santo. Ao longo da nossa vida, temos que viver segundo o Espírito Santo e não segundo a carne.  

Ao longo da vigília, além de pedir os dons do Espírito Santo sobre cada um de nós, tem a liturgia da Palavra com uma leitura do antigo testamento, salmo responsorial, segunda leitura e evangelho. A celebração de Pentecostes encerra as celebrações do tempo pascal, e o Círio Pascal é apagado e guardado, mas ele deve permanecer aceso no nosso coração. A cor vermelha predominante na celebração de Pentecostes indica a cor do amor que devemos pela Igreja de Cristo e nos lembra a cor do fogo, que deve abrasar o nosso coração.  

Temos como sugestão no diretório litúrgico 4 leituras do AT, salmo responsorial e duas leituras do NT. Selecionamos as leituras abaixo como oportunidade de reflexão. 

A primeira leitura escolhida é do livro de Gênesis (Gn 11, 1-9). Até então, os povos falavam uma língua só e todos se entendiam e tinham um único objetivo em comum. Até então os homens partiram do Oriente e foram parar na planície de Sinear e ali se estabeleceram. Eles tiveram a ideia de construir uma torre que atingisse o céu e dessa forma ficassem famosos. A torre se chamaria “torre de babel”. O Senhor vendo aquilo resolve intervir e ver que cidade e que torre eles estavam construindo. O Senhor percebe que aquele era só o começo de seus empreendimentos e decide descer à terra e misturar as suas línguas, ou seja, cada um falaria uma língua, de modo que não se entenderiam. E o Senhor os dispersou pela superfície da terra e eles cessaram de construir a torre. 

O salmo responsorial é o 103 (104), que nos diz em seu refrão: “Enviai o vosso espírito Senhor, e da terra toda face renovai”. Peçamos a Deus que envie o Espírito Santo e transforme o coração das pessoas. Que o Espírito Santo derrame os seus dons sobre a humanidade e os povos vivam no amor e na concórdia.  

A segunda leitura dessa vigília é de Romanos (Rm 8, 22-27). Paulo relata em sua carta aos romanos que toda a humanidade está gemendo, como em dores de parto. Um contexto bem atual para os dias de hoje, em que vivemos conflitos, guerras e tantas violências em nossas cidades. A humanidade pede socorro e geme como em dores de parto. Mas não devemos desistir da oração e de pedir com fé que o Espírito Santo venha sobre nós. Peçamos que ele venha em socorro da nossa fraqueza e nos ajude a rezar, que por meio do Espírito Santo alcancemos a salvação.  

O Evangelho escolhido para essa vigília é segundo João (Jo 7, 37-39). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade. Muitos se perguntavam como Ele poderia se dar em comida e bebida? Isso só era possível graças à ação do Espírito Santo. Igualmente, nos dias de hoje, somente pela ação do Espírito Santo temos o Corpo e Sangue de Cristo.  

O Espírito Santo nos ilumina com a fé e por meio da fé podemos acreditar que aquele pão e vinho apresentados ao altar se tornaram, pela ação do espírito, em Corpo e Sangue de Cristo. Que o Espírito Santo de Deus renove a nossa fé e a nossa esperança e possamos sempre ter na Igreja a presença real de Jesus Cristo, através da Eucaristia. Que possamos abrir os nossos olhos para a fé.  

Celebremos com fé e esperança a solenidade de Pentecostes, participando das celebrações da vigília e do dia de Pentecostes. Que o Espírito Santo venha sobre cada um de nós e nos faça novas criaturas. Coloquemos em pratica a nossa fé no dia a dia e que possamos sempre crer no alimento que nos garantirá a vida eterna, que é o Corpo e Sangue de Cristo. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: que se ponha fim a esta guerra insensata contra a Criação

Um imagem da reserva natural na Nicarágua | Vatican News

Em sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, o Papa convida vencer o consumismo voraz, a exploração de recursos e a poluição, apontando quatro caminhos: a conversão do coração, a transformação dos estilos de vida, novas políticas e, por fim, comunhão e sinodalidade.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Foi divulgada, nesta quinta-feira (25/05), a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação que será celebrado em 1° de setembro próximo.

«Que jorrem a justiça e a paz» é o tema da mensagem do Santo Padre, para o Tempo ecumênico da Criação deste ano, inspirado nas palavras do profeta Amós: «Jorre a equidade como uma fonte, e a justiça como torrente que não seca».

Escutar a palpitação materna da terra

Segundo Francisco, "esta expressiva imagem de Amós nos diz aquilo que Deus deseja. Deus quer que reine a justiça, que é essencial para a nossa vida de filhos, criados à imagem de Deus, como é a água para a nossa sobrevivência física. Deus quer que cada um procure ser justo em todas as situações e sempre se esforce por viver segundo as suas leis, permitindo à vida florescer plenamente".

“Quando buscarmos antes de tudo o Reino dos Céus, mantendo uma justa relação para com Deus, a humanidade e a natureza, então a justiça e a paz poderão jorrar como torrente inexaurível de água pura, vivificando a humanidade e todas as criaturas.”

O Pontífice recorda que em julho de 2022, durante sua viagem apostólica ao Canadá, às margens do Lago de Sant’Ana, província de Alberta, ele convidou a meditar sobre isso. "Aquele lago foi, e é, um local de peregrinação para muitas gerações de indígenas", pois ali eles "encontraram a consolação e a força para continuar".

Segundo o Papa, "imersos na criação, podemos escutar: a palpitação materna da terra. E assim como o batimento dos bebés, ainda no seio materno, está em harmonia com o das mães, assim também para crescer como seres humanos precisamos cadenciar os ritmos da existência com os da criação que nos dá vida".

Efeitos devastadores da guerra ambiental

Francisco convida, neste Tempo da Criação, "a sondar estes batimentos do coração: o nosso, o das nossas mães e das nossas avós, o pulsar do coração da criação e do coração de Deus" e faz um apelo "a permanecer ao lado das vítimas da injustiça ambiental e climática, pondo fim a esta guerra insensata contra a criação".

De acordo com o Pontífice, "o consumismo voraz, alimentado por corações egoístas, está transtornando o ciclo da água do planeta, o uso desenfreado de combustíveis fósseis e a destruição das florestas estão criando um aumento das temperaturas e provocando secas graves, as terríveis carências hídricas estão afligindo cada vez mais as nossas casas, desde as pequenas comunidades rurais até às grandes cidades, as indústrias predatórias estão esgotando e poluindo as nossas fontes de água potável com atividades extremas, como o fraturamento hidráulico para a extração de petróleo e gás, os megaprojetos de extração descontrolada e a engorda acelerada de animais. Apropriam-se da «irmã água» – como lhe chama São Francisco, transformando-a em «mercadoria sujeita às leis do mercado»".

Ação urgente em prol do clima 

Francisco recorda que "o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) defende uma ação urgente em prol do clima a fim de nos impedir de desperdiçar a ocasião para criar um mundo mais sustentável e justo. Podemos e devemos evitar que se verifiquem as piores consequências. Devemos nos decidir a transformar os nossos corações, os nossos estilos de vida e as políticas públicas que regem a nossa sociedade".

Transformar os nossos corações

Portanto, em primeiro lugar, devemos transformar "os nossos corações. Isto é essencial, se se quer começar qualquer outra transformação. É a «conversão ecológica» que São João Paulo II nos exortava a realizar: a renovação do nosso relacionamento com a criação, de modo que já não a consideremos como objeto a explorar, mas, ao contrário, guardemo-la como um sacro dom do Criador. Depois, devemos nos conscientizar de que uma abordagem global requer que se pratique o respeito ecológico nas quatro vertentes: para com Deus, para com os nossos semelhantes de hoje e de amanhã, para com toda a natureza e para com nós mesmos".

Transformar os nossos estilos de vida

Em segundo lugar, devemos transformar "os nossos estilos de vida. Partindo duma grata admiração do Criador e da criação, arrependamo-nos dos nossos «pecados ecológicos», como adverte o meu irmão Patriarca Ecumênico Bartolomeu. Estes pecados prejudicam o mundo natural e também os nossos irmãos e irmãs. Com a ajuda da graça de Deus, adotemos estilos de vida com menor desperdício e menos consumos inúteis, sobretudo onde os processos de produção são tóxicos e insustentáveis. Procuremos estar o mais possível atentos aos nossos hábitos e opções econômicas, para que todos possam estar melhor: os nossos semelhantes, onde quer que se encontrem, e também os filhos dos nossos filhos. Colaboremos para esta criação contínua de Deus através de opções positivas: fazendo o uso mais moderado possível dos recursos, praticando uma jubilosa sobriedade, separando e reciclando o lixo e recorrendo a produtos e serviços – e há tantos à nossa disposição – que sejam ecológica e socialmente responsáveis".

Transformar as políticas públicas

Por fim, "devemos transformar as políticas públicas que regem as nossas sociedades e moldam a vida dos jovens de hoje e de amanhã. Políticas econômicas, que favorecem riquezas escandalosas para poucos e condições degradantes para muitos, decretam o fim da paz e da justiça". Segundo Francisco, "é evidente que as nações mais ricas acumularam", e cita a encíclica Laudato si’, "uma «dívida ecológica». Os líderes mundiais presentes na Cúpula COP28, programada de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano em Dubai, devem ouvir a ciência e começar uma transição rápida e equitativa para acabar com a era dos combustíveis fósseis".

"À luz dos compromissos do Acordo de Paris tendentes a suspender o risco do aquecimento global, é insensato permitir a exploração e expansão contínua das infraestruturas para os combustíveis fósseis."

“Levantemos a voz para deter esta injustiça para com os pobres e os nossos filhos, que sofrerão os impactos piores das mudanças climáticas.”

"Apelo a todas as pessoas de boa vontade para agirem de acordo com estas orientações acerca da sociedade e da natureza", escreve o Papa

Caminho de diálogo sinodal e conversão

"Numa perspectiva paralela, mais específica do serviço da Igreja Católica, temos a sinodalidade", sublinha Francisco, recordando que "este ano, o encerramento do Tempo da Criação, na festa de São Francisco, em 4 de outubro, coincidirá com a abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade". "Como os rios que são alimentados por mil ribeirinhos e torrentes maiores, o processo sinodal, iniciado em outubro de 2021, convida todos os componentes, a nível pessoal e comunitário, a convergirem num majestoso rio de reflexão e renovação. Todo o Povo de Deus está envolvido num abrangente caminho de diálogo sinodal e conversão", ressalta.

Francisco conclui a mensagem, destacando que "à semelhança duma bacia hidrográfica com os seus numerosos afluentes grandes e pequenos, a Igreja é uma comunhão de inumeráveis Igrejas locais, comunidades religiosas e associações que se alimentam da mesma água. Cada fonte acrescenta a sua contribuição única e insubstituível, até confluírem todas no vasto oceano do amor misericordioso de Deus. Como um rio é fonte de vida para o ambiente que o rodeia, assim a nossa Igreja sinodal deve ser fonte de vida para a casa comum e quantos nela habitam. E como um rio dá vida a todo o tipo de espécies animal e vegetal, assim uma Igreja sinodal deve dar vida semeando justiça e paz em todo lugar que alcance".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Tempos difíceis? Cristãos recorrem há séculos a Nossa Senhora Auxiliadora

Shutterstock

Por Reportagem local 

Conheça melhor a poderosa devoção mariana que a Igreja celebra o ano inteiro, mas com especial dedicação todo dia 24 de maio.

Nossa Senhora Auxiliadora é um dos vários títulos com que nos dirigimos à nossa Mãe do Céu para pedir a sua materna intercessão diante de Deus Pai a fim de nos sustentar em tempos difíceis.

Desde as primeiras épocas

Os primeiros cristãos já chamavam Maria de “Auxiliadora”: há monumentos antigos no cristianismo oriental que se referem a ela explicitamente como Mãe de Deus (Theotokos) e Auxiliadora (Boeteia).

E não faltam santos da antiguidade cristã que se dirigiam a Nossa Senhora com esse título, como São João Crisóstomo, São Sabas e São Sofrônio, além de São João Damasceno, considerado o primeiro em propagar a prece “Maria Auxiliadora, rogai por nós”.

São Germano também orava assim:

“Ó Maria, és poderosa Auxiliadora dos pobres, valente Auxiliadora contra os inimigos da fé. Auxiliadora dos exércitos para que defendam a pátria. Auxiliadora dos governantes para que nos alcancem o bem-estar. Auxiliadora do povo humilde que precisa da tua ajuda”.

Os Papas e Santa Maria Auxiliadora

No século XVI, o Papa São Pio V determinou que Maria Auxiliadora fosse invocada nas ladainhas marianas, após a vitória do exército cristão que se defendia da expansão dos otomanos na batalha de Lepanto.

Na época de Napoleão, o Papa Pio VII foi preso pelo imperador e prometeu que, se fosse libertado, decretaria uma nova festa mariana. Quando Napoleão caiu e o Papa retornou à sede pontifícia em 24 de maio de 1814, decretou que todo dia 24 de maio seria dedicado, em Roma, à festa de Santa Maria Auxiliadora.

São João Bosco e a divulgação dessa forte devoção mariana

CC

O ano seguinte foi o do nascimento de São João Bosco, a quem Nossa Senhora apareceu em sonhos e pediu que lhe construísse um templo com o título de Auxiliadora. Foi então que o santo trabalhou para erguer a ela dois monumentos: um, material, é a Basílica de Santa Maria Auxiliadora em Turim; o outro, humano e espiritual, é formado pelas Filhas de Maria Auxiliadora.

São João Bosco afirmava que ele e muitos fiéis obtinham grandes graças mediante a novena a Nossa Senhora Auxiliadora e a jaculatória de São João Damasceno: “Maria Auxiliadora, rogai por nós”.

A novena, tradicionalmente, começa nove dias antes da festa, ou seja, em 15 de maio, mas também pode ser feita em qualquer outra época do ano, já que, obviamente, Nossa Senhora está sempre “disponível” para interceder por nós sejam quais forem as circunstâncias.

São João Bosco também exortava:

“Confiai tudo a Jesus Eucarístico e a Maria Auxiliadora e vereis o que são milagres. No céu, ficaremos gratamente surpreendidos ao conhecer tudo o que Maria Auxiliadora fez por nós na terra!”

CC

Esta profunda devoção mariana está presente desde tempos muito antigos na vida da Igreja e das famílias cristãs, em especial nos momentos de maior dificuldade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O papel das mulheres na luta contra a fome e a pobreza

Uma mulher colhe morangos em um campo nos arredores de Srinagar, a capital da Caxemira indiana, em 15 de maio de 2023.  (ANSA)

As mulheres ainda enfrentam dificuldades no mundo do trabalho, especialmente na agricultura, mas sua contribuição é importante para o crescimento social. Isso foi discutido hoje na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde um seminário de estudos explorou a contribuição das mulheres para a segurança alimentar. Marcella Villarreal, da FAO: as áreas rurais precisam de oportunidades iguais.

Tiziana Campisi - Cidade do Vaticano

As mulheres podem dar uma grande contribuição na luta contra a fome no mundo se lhes for oferecido mais espaço no setor agrícola e se seu trabalho for protegido. As pessoas envolvidas na agricultura representam um quarto da população mundial, mas têm dificuldades de acesso à terra, ao crédito e aos mercados, e seu trabalho muitas vezes não é reconhecido nem remunerado. Isso foi discutido nesta segunda-feira, 22 de maio, em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde foi realizado o seminário de estudo "Mulheres e segurança alimentar: um vínculo a ser fortalecido", organizado pela Faculdade de Ciências Sociais da mesma Universidade, juntamente com a Missão Permanente da Santa Sé junto à FAO, ao FIDA e ao PMA e ao Fórum de Roma de Organizações Não-Governamentais de inspiração católica.

O trabalho das mulheres pode aumentar o bem-estar social

Entre as várias colocações, estava a de Marcela Villarreal, diretora da Divisão de Parcerias e Colaboração com a ONU na FAO, que falou sobre o papel das mulheres na luta contra a fome, e disse ao Vatican News que enfatizou a importância do trabalho das mulheres, especialmente na agricultura, particularmente na África e na Ásia. Villarreal explica como a fome no mundo aumentou rapidamente nos últimos anos devido a fatores econômicos, mudanças climáticas e vários conflitos. As desigualdades entre homens e mulheres no acesso a recursos produtivos, especialmente no setor agrícola, também influenciam essa situação. Hoje estamos convencidos", explica ela, "de que se pudéssemos alcançar essa igualdade, a fome no mundo poderia diminuir em até cem milhões de pessoas". "Em todas as áreas rurais do mundo", acrescenta ela, "o trabalho envolve homens e mulheres, embora o trabalho das mulheres seja frequentemente ignorado e invisibilizado pelas estatísticas e políticas. Portanto, se realmente quisermos erradicar a fome do planeta, precisamos garantir "que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades nas áreas rurais e, acima de tudo, o mesmo acesso aos recursos produtivos na agricultura, principalmente a terra".

Na luta contra a fome, qual é a contribuição específica das mulheres?

A primeira é seu trabalho na agricultura: sem as mulheres, não teríamos agricultura no mundo e não teríamos alimentos. Em segundo lugar, quando as mulheres têm um emprego e uma renda, isso se traduz imediatamente em maior bem-estar para toda a família e, especialmente, para a alimentação das crianças, que é um dos maiores problemas atuais. Uma criança desnutrida tem grande dificuldade para ir à escola e aprender, além de ter poucas chances de vida. Quando uma mulher recebe um salário justo por seu trabalho na agricultura, há benefícios sociais imediatos.

As mulheres geralmente têm dificuldades de acesso à terra, ao crédito e ao mercado. Como elas podem ser protegidas?

As mulheres precisam de políticas feitas especialmente para elas, pois não basta aumentar o crédito nas áreas rurais, já que quase sempre são os homens, e não as mulheres, que têm acesso a ele, levando em conta que em muitas regiões do mundo as mulheres não podem sair de casa ou falar com pessoas de fora. Se as políticas para aumentar o crédito nas áreas rurais levassem em conta essas limitações das mulheres, oferecendo facilidades específicas para elas, e se as mulheres pudessem ter o mesmo crédito que os homens, a situação mudaria imediatamente de forma favorável para todos. Precisamos, portanto, de políticas que pensem nisso e, por exemplo, políticas de assistência técnica para a produção agrícola. Pense em países como o Afeganistão, onde, como FAO, temos tantos programas, mas a ajuda chega a mais ou menos um terço da população. Se não podemos enviar homens às áreas rurais para conversar com as mulheres e oferecer-lhes assistência técnica, precisamos enviar mulheres. Aqui, somente com o envio de mulheres para prestar assistência técnica às mulheres rurais, a situação das mulheres, da produção agrícola e da segurança alimentar melhoraria imediatamente. Isso reduziria a fome. Então, ao levar em conta as diferenças, as limitações e os aspectos contextuais de cada uma de nossas políticas agrícolas, poderíamos melhorar a situação.

Há algum projeto em nível internacional?

Nós, como FAO, temos muitos, falamos sobre o empoderamento das mulheres. As mulheres também precisam ter suas vozes ouvidas e, consultando-as também sobre suas necessidades, obtemos políticas melhores. O objetivo é reduzir as diferenças entre homens e mulheres no acesso aos recursos produtivos, inclusive à terra, mas também ao crédito. Nossos projetos visam a apoiar os governos para que eles possam elaborar políticas que beneficiem as mulheres e, portanto, a sociedade como um todo. Depois, temos outros projetos que tratam do acesso ao crédito e outros projetos que tratam do fortalecimento das capacidades produtivas das mulheres em pequena escala.

Quais são os países em que as mulheres têm as maiores dificuldades e aqueles em que a FAO encontra mais obstáculos?

O Afeganistão vem imediatamente à mente, como já mencionei, onde o Talibã proibiu as mulheres de trabalhar, não apenas as afegãs, incluindo as que trabalham para ONGs que levam ajuda. Depois, há outros países onde não existem esses obstáculos, mas encontramos políticas que não favorecem as mulheres. As constituições de quase todos os países falam de igualdade entre os cidadãos, algumas leis garantem acesso igualitário à terra, mas, na verdade, isso não acontece. Portanto, há países em que existem obstáculos óbvios, países em que a importância do papel da mulher não é reconhecida e outros em que simplesmente não há apoio.  Em todos os países há obstáculos e dificuldades, mais ainda em continentes como a África e a Ásia, mas em todos os países há desigualdades que devem ser corrigidas com políticas adequadas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF