As fronteiras a serem abertas pelo Sopro divino, disse o
Pontífice em homilia na Praça São Pedro na Solenidade de Pentecostes, estão
"dentro de nós, nas nossas relações e entre os povos". Os milhares de
peregrinos do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades ouviram o
pedido do Papa para invocar "o Espírito do amor e da paz" para
encontrar com Deus e "abrir as fronteiras, derrubar os muros, dissolver o
ódio": "é Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo!".
Andressa Collet - Vatican News
Mais um dia de Praça São Pedro lotada por ocasião do Jubileu
dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades celebrado neste final de semana
no âmbito do Ano Santo da Esperança. Neste domingo (08/06), em particular, de
Solenidade de Pentecostes, o Papa Leão XIV presidiu a missa para milhares de
peregrinos e refletiu sobre o Espírito que "abre fronteiras" dentro
de nós, nas nossas relações e entre os povos.
Completando exatamente um mês de pontificado, a homilia do novo Sucessor de
Pedro foi de grande impulso para abrirmos "as fronteiras do coração"
através do "vento vigoroso do Espírito Santo" e com a recordação
inclusive dos predecessores Bento XVI e Francisco. O dia solene no
Vaticano começou com um giro de papamóvel que durou cerca de 30 minutos: Leão
XIV percorreu tanto a Praça São Pedro quanto parte da Via della
Conciliazione para saudar os milhares de fiéis.
Abrir as fronteiras dentro de nós
Na homilia e através das palavras de Santo Agostinho, o Papa
recordou que este é o dia em que, "depois de sua Ressurreição e depois da
glória de sua Ascensão, Jesus Cristo Nosso Senhor enviou o Espírito Santo»
(Santo Agostinho, Sermão 271, 1)". Um dom que
"realiza algo extraordinário na vida dos Apóstolos", ajudando a
interpretar a morte de Jesus e dando força e coragem para "sair ao
encontro de todos para anunciar as obras de Deus". Na festa de Pentecostes,
lembra Leão nas palavras de Bento XVI em 2005, as portas do cenáculo se abrem
porque o Espírito abre as fronteiras. E de onde o Pontífice parte a
sua meditação do dia:
"O Espírito abre as fronteiras principalmente
dentro de nós. É o Dom que desvela a nossa vida para o amor. E
essa presença do Senhor desfaz a nossa dureza, o nosso fechamento, o egoísmo,
os medos que nos bloqueiam e o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de
nós mesmos. O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que
se atrofia, sugada pelo individualismo. É triste observar como num mundo onde
se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser
paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de 'fazer redes',
sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e
solitários."
O Espírito de Deus, em vez disso, "abre ao encontro com
nós mesmos, para além das máscaras que usamos; conduz ao encontro com o
Senhor", afirmou o Papa. Abraçando com amor a Palavra, somos
"transformados" por ela, tornando a nossa vida "um espaço de
acolhimento".
Abrir as fronteiras das relações
"O Espírito, além disso, abre as
fronteiras também nas nossas relações". E com aquele mesmo
"amor de Deus que habita em nós, tornamo-nos capazes de nos abrir aos
irmãos, de vencer a nossa rigidez, de superar o medo em relação ao que é
diferente", disse o Pontífice. O Espírito transforma aqueles "perigos
mais ocultos que envenenam as nossas relações, como os mal-entendidos, os
preconceitos, as instrumentalizações":
“Penso também – com muita dor – em quando uma relação é
infestada pela vontade de dominar o outro, uma atitude que frequentemente
desemboca na violência, como infelizmente demonstram os numerosos e recentes
casos de feminicídio.”
O Espírito Santo, ao contrário, "faz amadurecer em nós
os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas", alargando
as fronteiras das relações com o outros. Um critério, alertou Leão XIV,
"decisivo também para a Igreja: só somos verdadeiramente a Igreja do
Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem
divisões, se na Igreja soubermos dialogar e nos acolher mutuamente, integrando
as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e
hospitaleiro para todos".
Abrir as fronteiras entre os povos
Por fim, "o Espírito abre as fronteiras também
entre os povos". Em Pentecostes, disse o Pontífice,
recordamos a importância de nos colocarmos "em caminho", "na
fraternidade", já que "o Sopro divino une os nossos corações e nos
faz ver no outro o rosto de um irmão": em vez de divisão e conflito,
preconceito e lógica de exclusão, discórdia e indiferença, como observou
Francisco em 2023, o Espírito "rompe fronteiras e derruba os muros da
indiferença e do ódio", como as próprias guerras, por "um tesouro
comum":
“Invoquemos o Espírito do amor e da paz, a fim de que
abra as fronteiras, derrube os muros, dissolva o ódio e nos ajude a viver como
filhos do único Pai que está nos céus. Irmãos e irmãs: é Pentecostes que renova
a Igreja, renova o mundo! Que o vento vigoroso do Espírito desça sobre nós e em
nós abra as fronteiras do coração, dê a graça do encontro com Deus, amplie os
horizontes do amor e sustente os nossos esforços pela construção de um mundo
onde reine a paz.”
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