Cibele
Battistini - publicado em 03/06/25
Pesquisas da Dra. Kelly Lambert da Universidade Johns
Hopkins mostram que essas atividades impactam positivamente na saúde mental.
Lambert chamou esse mecanismo de “circuito de recompensa
guiado pelo esforço”. Em termos simples: nossos cérebros são projetados para
sentir satisfação quando um esforço físico resulta em um resultado tangível e
positivo. Quando criamos algo — seja cozinhando uma sopa, tricotando um chapéu
ou cuidando de um canteiro — nos sentimos capazes e úteis. E essa é uma das
maneiras mais eficazes de prevenir a depressão.
Por que o trabalho manual ajuda a combater a depressão?
Vamos olhar para os fatos. A depressão não surge apenas
de uma “falta de serotonina”. É uma condição complexa que envolve fatores
biológicos, psicológicos, espirituais e sociais. E são justamente esses últimos
— como a inatividade, a solidão e a falta de atividades construtivas — que
alimentam o ciclo de tristeza e apatia.
Se pensarmos no tempo que passamos em frente a uma tela —
essa é a realidade de muitos de nós —, o corpo entra em um estado de letargia.
Um trabalho que não produz resultados visíveis não proporciona a mesma
satisfação (também física) que atividades como bordar um guardanapo ou esculpir
na madeira. A Dra. Lambert demonstra que pequenas ações manuais ajudam a
restaurar o sentido de controle sobre a própria vida, um fator-chave na
proteção contra a depressão.
O que você pode fazer já hoje?
Claro, você pode tentar fazer pão de fermentação natural ou
bordar um ornamento religioso. Mas você também pode começar com algo mais
simples. Encontre uma atividade que envolva suas mãos e sua mente. Pode
ser crochê, tricô, fazer biscoitos do zero (sim, com farinha, não com mistura
pronta), jardinagem — mesmo que seja apenas na varanda — desenhar, fazer
caligrafia ou origami. O importante é que seja uma atividade onde você
possa ver progresso — “antes não havia nada, agora há algo” — e que seja
realizada com intenção, concentração e um pouco de esforço.
E as crianças e os jovens?
Essa é uma pergunta muito importante. As crianças de hoje,
criadas em meio a tablets e smartphones, muitas vezes não têm a oportunidade de
exercitar movimentos manuais precisos. No entanto, é precisamente na idade
escolar que se desenvolvem as áreas do cérebro relacionadas ao planejamento, à
autorregulação e à resiliência emocional. Se quisermos que nossos filhos sejam
mais emocionalmente estáveis e menos vulneráveis à depressão, devemos garantir
que interajam com o mundo real: costurando, colando, desenhando, montando
quebra-cabeças, cozinhando — e fazendo isso junto a nós.
Se isso não for suficiente para convencê-lo a começar…
…você pode se aprofundar. Encontre alguma leitura sobre
“Depressão na Adolescência”, quem mostrem rituais atividades diárias podem se
tornar um suporte concreto para os jovens em crise.
Por fim, uma pergunta para reflexão:
O que você fez hoje com suas mãos?
E o que poderia fazer amanhã?
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