Fatos e Fotos - Comunidade I

quinta-feira, 24 de julho de 2025

O que fazer para aliviar a angústia?

aliaksei kruhlenia | Shutterstock

Julia A. Borges - publicado em 12/02/23

Segundo especialistas, é a partir dos 12 anos que começamos a sentir a angústia propriamente dita. Entenda:

Segundo especialistas, é a partir dos 12 anos que começamos a sentir a angústia propriamente dita. É nesta idade que a criança vai se deparar com emoções até então desconhecidas. Raiva, chateação, furor, zanga, ira são reações que bem antes já irão se tornar manifestas na vida do indivíduo, uma vez que são reações a tudo o que contraria à própria vontade. Mas a angústia aparenta traçar um caminho um tanto diferente, mais complexo, intimista e envolto a algumas lacunas a serem preenchidas.

Humanos como somos, complexos como somos – a máquina mais potente de análise e pesquisa ainda está longe de ser totalmente desvendada. Mas é a natureza analítica que faz o homem buscar os porquês, tanto do enigmático mundo exterior,  com as tentativas cosmogônicas de entendimento do universo, como do profundo e obscuro intrínseco humano. E pensar nessa tal busca pressupõe que ainda não houve o encontro e as respostas, já que as soluções parecem ser um conjunto infinito de hipóteses das mais diversas possíveis.

É incontestável que a ânsia pelo saber moveu e move o ser humano às conquistas até antes inimagináveis – da descoberta do fogo à evidenciação do buraco negro; do lombo dos animais à roda; das conquistas marítimas ao espaço. A razão levou à constatação da grandeza do mundo, mas também nos incitou a refletir acerca do nosso elevado grau de conhecimento externo e ínfimo entendimento interno.

Matéria cara às ciências da religião, a tratativa que percorre até mesmo o pensamento de Pascal ao analisar a incessante inquietação do ser finito em constante procura pelo infinito vai recair ao trágico existencial, ao sofrimento humano que provoca a sua própria transcendência.  Uma elevada carga filosofal com embasamentos de teóricos clássicos e contemporâneos é possível de ser encontrada, mas como, em meio a tantas teorias e divagações, descobrir-se como indivíduos?

A angústia é um termo que possui certa ambiguidade em sua definição e também em seu conceito, já expressa nela própria grande dificuldade em se achar respostas precisas e certeiras. É ao mesmo tempo um sentimento diante da existência como limite e, também, como motor que impele o ser humano. É interessante a frase de Kierkegaard, em sua obra Temor e Tremor: “(...) porque amar a Deus sem fé é refletir sobre si mesmo, mas amar a Deus com fé é refletir-se no próprio Deus”.

Se a raiva, a fúria e a indignação são movidas por fatores extrínsecos, a angústia encontra sua natureza no próprio homem, na miséria que inúmeras vezes nos move a um afogamento interno, sem ânsia de partida para uma transcendência, mas ao contentamento ao modo inerte de viver. A inquietação, qualidade quase que nata de termos sidos lançados ao mundo sem consulta prévia, desaba na realidade esmagadora de não conseguir se realizar no presente, passando, portanto, a ter o porvir como alvo de sonho, expectativa e eterna espera. A inquietação subitamente nos rebaixa ao grau da inércia, ao grau raso do cristão.

A necessidade de explicação e resposta a tudo o que nos cerca vem junto com a ânsia do ser humano pelo poder e, acima de tudo, pelo controle. Controle do tempo, espaço; controle do outro, de si; controle da vida e da morte. E tal conduta parece, ao menos a princípio, explicar a constante angústia que nos assombra. 

Entendemos errado a lição “amar a Deus sobre todas as coisas”, porque o maior dos mandamentos parece se esmorecer quando insistentemente nos proclamamos o deus de nossas vidas: ao querer conforme a nossa vontade, a perdoar se nos perdoarem, a ter fé de acordo com nosso interesse e disposição. Erramos feio ao amar de forma egoísta,  ao amar como se o amado fosse imperecível, sem amá-lo em Deus, mas como se o outro fosse Deus. Erramos ao declarar que somos donos de si e do mundo. Erramos ao rezar para que a nossa vontade seja feita. Erramos.

Ao nascermos somos convencidos de que este é o nosso lugar, a nossa morada final e a medida que o tempo passa, nossas atitudes e pensamentos vão refletindo a maneira com a qual vivemos e o constante distanciamento com o verdadeiro laço divino. O mundo opera tamanha força que é mais fácil, simples, compreensível e eficaz não empregar nenhuma potência contrária. 

A angústia surge quando ocorre a percepção da existência dessas duas forças contrárias, e verifica-se aí o primeiro passo da verdadeira conversão – a reflexão e o entendimento da diferença imensurável entre o eu no mundo e o eu do mundo. O limbo agora refletido é caminho indispensável ao bom combate. Mas, “não tenhais medo”. Deus, em sua enorme benevolência, deu-nos o hoje para que a construção que fora feita errada se refaça e seja agora feita tomando como solo fértil o Seu infinito amor.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/02/12/o-que-fazer-para-aliviar-a-angustia/

Como saber se você é intolerante à lactose

Como saber se você é intolerante à lactose? (Foto/Crédito: Fleepik)

Como saber se você é intolerante à lactose: 6 sinais comuns que podem passar despercebidos.

Rádio Itatiaia

06/07/2025

Por Rúbia Layane (*)

Você sente inchaço, gases ou desconforto depois de consumir leite, queijo, iogurte ou outros laticínios? Se a resposta for sim, pode ser que você tenha intolerância à lactose.

A intolerância à lactose ocorre quando o organismo produz pouca ou nenhuma lactase, enzima responsável pela digestão da lactose, o açúcar presente no leite e seus derivados. Quando esse açúcar não é corretamente digerido, ele causa desconfortos no sistema digestivo.

Esses sintomas, por serem sutis ou aparecerem horas após o consumo, muitas vezes são confundidos com outras condições, como a síndrome do intestino irritável ou má digestão. A seguir, conheça os sintomas mais comuns que podem indicar intolerância à lactose.

Inchaço após consumir laticínios

Um dos indícios mais evidentes de intolerância à lactose é o inchaço que ocorre após a ingestão de leite ou derivados, como queijos, sorvetes e requeijões. O abdômen pode parecer distendido ou pesado, resultando em desconforto. Isso acontece porque a lactose que não foi digerida fermenta no intestino grosso, gerando gases e atraindo água. Muitas vezes, essa sensação é confundida com exagero alimentar, mas, se acontece com frequência após o consumo de laticínios, pode indicar intolerância.

Gases em excesso

O aumento da produção de gases intestinais, principalmente após refeições com leite ou derivados, é outro sinal comum. Isso se dá porque as bactérias intestinais fermentam a lactose que não foi digerida, liberando gases como subproduto. Esse processo pode resultar em desconforto abdominal e episódios frequentes de flatulência. Ainda que gases sejam normais, observe se estão relacionados especificamente à ingestão de produtos lácteos.

Diarreia após o consumo de leite e derivados

Em algumas pessoas, a intolerância à lactose se manifesta por meio de diarreia. Esse sintoma geralmente surge entre 30 minutos e 2 horas depois da ingestão de laticínios. Quando a lactose não é devidamente processada, ela chega ao cólon, onde retém água e provoca fezes amolecidas. Se esse sintoma ocorrer repetidamente após o consumo de leite ou derivados, é recomendável buscar orientação médica.

Desconforto ou cólicas no abdômen

A presença de cólicas ou sensação de peso abdominal após comer laticínios pode estar relacionada à intolerância à lactose. Esse desconforto é consequência da fermentação da lactose no intestino e das contrações musculares para tentar expulsar o conteúdo. Os sintomas são semelhantes aos de intoxicações alimentares leves, mas sem febre ou sinais infecciosos associados.

Náusea após a ingestão de laticínios

Algumas pessoas relatam náuseas após consumir leite ou produtos derivados. Mesmo que nem sempre leve ao vômito, esse mal-estar pode ser o suficiente para atrapalhar o dia. Ele ocorre quando o sistema digestivo reage negativamente à presença da lactose não digerida.

Estômago barulhento ou roncando

Sons de borbulhamento ou ronco abdominal, especialmente após o consumo de leite ou seus derivados, podem indicar que o organismo está com dificuldade para digerir a lactose. Esses ruídos são provocados pelo movimento dos gases e líquidos no intestino e, geralmente, vêm acompanhados de inchaço. Embora muitas vezes sejam ignorados, quando ocorrem com frequência após o consumo de laticínios, merecem atenção.

Rúbia Layane (*)

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.

Fonte: https://www.itatiaia.com.br/

DENTRO DO VATICANO: Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos

Cardeal Koch, prefeito do Dicastério (terceiro da esquerda para a direita) com o arcebispo Flavio Pace, secretário do Dicastério (segundo da esquerda) durante a visita ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu (quarto da esquerda) em novembro de 2024 (Vatican Media)

A tarefa deste Dicastério é o crescimento de um autêntico espírito ecumênico dentro da Igreja Católica e o compromisso com o diálogo ecumênico com outras Igrejas e comunidades eclesiais, para recompor a unidade entre os cristãos.

Alessandro Di Bussolo – Città del Vaticano

A tarefa do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos é o crescimento, dentro da Igreja Católica, de um autêntico espírito ecumênico, e atua em todos os âmbitos que podem contribuir para a promoção da unidade dos cristãos, por meio de relações fraternas, colaborações e diálogos teológicos com as outras Igrejas e Comunhões cristãs.

O prefeito é o cardeal Kurt Koch, enquanto o secretário é o arcebispo Flavio Pace. As relações com outras Igrejas e Comunidades eclesiais são geridas por duas seções. A seção oriental, para as Igrejas Ortodoxas de tradição bizantina e para as Igrejas Ortodoxas Orientais (copta, siríaca, armênia, etíope, malancariana), bem como para a Igreja Assíria do Oriente. E a seção Ocidental, para as diversas Igrejas e Comunidades eclesiais do Ocidente.

Notas Históricas

Em 5 de junho de 1960, o Papa João XXIII criou o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos como uma das comissões preparatórias do Concílio. Era o início do empenho oficial da Igreja Católica no movimento ecumênico.

O Secretariado preparou e apresentou ao Concílio os documentos sobre ecumenismo (Unitatis redintegratio), sobre as religiões não cristãs (Nostra aetate), sobre a liberdade religiosa (Dignitatis humanae) e, em colaboração com a comissão doutrinal, a Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina (Dei Verbum).

Em 1966, concluído o Concílio, o Papa Paulo VI confirmou o Secretariado como um órgão permanente da Santa Sé. Naquele ano, a Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico de Igrejas e o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos decidiram, pela primeira vez, preparar conjuntamente, a cada ano, o texto oficial da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Com a Constituição Apostólica Pastor Bonus, em 1988, o Papa João Paulo II transformou o Secretariado no Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Em 2022, com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, o Papa Francisco mudou o nome para Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Celebração das Vésperas na festa da Conversão de São Paulo, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2023. (VATICAN MEDIA Divisione Foto)   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Competências

É tarefa do Dicastério, como recordado na Constituição Apostólica "Praedicate Evangelium", o empenho ecumênico, quer dentro da Igreja Católica quanto nas relações com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais, para restaurar a unidade entre os cristãos.

O Dicastério implementa os ensinamentos sobre ecumenismo do Concílio Vaticano II e do Magistério pós-conciliar dos Pontífices, e se ocupa de sua correta interpretação para orientar, coordenar e desenvolver a atividade ecumênica. Favorece encontros e eventos, tanto nacionais quanto internacionais, para promover a unidade dos cristãos. Coordena as iniciativas ecumênicas das demais instituições da Cúria Romana, dos Escritórios e Instituições vinculados à Santa Sé e com outras Igrejas e Comunidades Eclesiais.

O Dicastério cuida das relações com outras Igrejas e Comunidades eclesiais, submetendo previamente as questões ao Papa, e promove o diálogo e as discussões teológicas para fomentar a unidade.

É tarefa do Dicastério escolher os membros católicos dos diálogos teológicos, os observadores e delegados para os diversos encontros ecumênicos, e convidar os observadores, ou "delegados fraternos" de outras Igrejas e comunidades eclesiais, para os encontros e eventos mais significativos da Igreja Católica. Do Dicastério faz parte a Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, dirigida pelo prefeito, com a tarefa de promover a relação entre católicos e judeus.

Caminhar juntos na busca da verdade

“O diálogo entre os cristãos nos últimos sessenta anos permitiu fazer progressos mais do que nunca na história”, recorda o cardeal prefeito Koch. E ele cita, por exemplo, “as declarações cristológicas com as Igrejas Ortodoxas Orientais, que puseram fim a mil e quinhentos anos de controvérsia, ou a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, que resolveu os problemas fundamentais subjacentes à Reforma do século XVI. E não menos importante, o fato de que os cristãos não se reconhecem mais como inimigos, mas como irmãos e irmãs em Cristo”.

O Papa Francisco, ao concluir seu discurso à Assembleia Plenária do então Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em 2022, nos convidou a “Ir em frente, caminhar juntos. É verdade que o trabalho teológico é muito importante e devemos refletir, mas não podemos esperar para percorrer o caminho da unidade até que os teólogos se ponham de acordo”. Certa vez, continuou, “um grande teólogo ortodoxo disse-me que sabe quando os teólogos estarão de acordo. Quando? No dia seguinte ao juízo final, assim me disse ele. E entretanto? Caminhar como irmãos, na oração conjunta, nas obras de caridade, na busca da verdade. Como irmãos. E esta fraternidade diz respeito a todos nós”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Caminhando para a COP 30, expectativas e desafios

Curupira, mascote da COP30 (Agência Brasil - EBC)

CAMINHANDO PARA A COP 30, EXPECTATIVAS E DESAFIOS 

22/07/2025

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 
Bispo  de Campos (RJ)

A Igreja que acompanha as alegrias e esperanças da humanidade, preocupa-se muito com a crise climática e pelos seus efeitos e desdobramentos deletérios que ameaçam seriamente a vida na Casa Comum. 

Preparando-se para este evento da COP 30 e assim  desta Conferência que será realizada em Belém, as pastorais da ecologia integral, os diversos movimentos e organizações sociais e ambientais participarão nas Pré- Cops criadas para canalizar contribuições e iniciativas para a COP 30 apresentando propostas e alternativas, inspiradas em uma verdadeira e incisiva justiça Socioambiental. Será necessário discernir e superar as falsas soluções que não superam o modelo tecnocrático com suas estratégias de maquiagem e transições que empurram para um futuro incerto as mudanças urgentes e estruturantes de uma nova economia circular, preservatória e sustentável para a vida e os habitantes da Terra.  

Trata-se de levar a sério e respeitar a soberania dos povos e seus territórios, assumindo a centralidade da vida, da dignidade da pessoa humana, e da integridade dos Direitos da Criação.  

Porém não podemos esquecer o aporte específico da Laudato Si, enraizada na visão sistêmica e holística da ecologia integral (tudo está interligado, LS. 16), que une o Grito da Terra com o grito dos pobres, assumindo o olhar e método socioambiental, e integrando a cura da Terra com a cura das pessoas e criaturas.  

Insistir também na conversão ecológica ou seja não apenas reduzir nossa pegada ecológica mas assumir um estilo de vida diferente, testemunhando e fazendo acontecer a simplicidade, sobriedade e humildade como modus vivendi, o que o Papa Francisco chama de sobriedade feliz, e que outros pensadores apresentam como a medida certa de viver.  

Finalmente ligar as ciências com as tradições espirituais como afirma a Declaração de Veneza que fazendo ressoar a Carta da Terra, valoriza a reverência espiritual, um olhar de gratuidade e louvor como o de Francisco de Assis, uma mudança no habitar e no ritmo de estar no mundo com atenção e cuidado com toda a Criação, descobrindo que somos Terra e pó de estrelas, cidadãos da Natureza e do Céu. Salvemos a Terra pois não só é nossa Casa Comum mas é a nossa missão profundamente humana e fraterna o cuidá-la, guardá-la e consagrá-la para o Pai das Misericórdias. Louvado seja Deus! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Jubileu dos Jovens: o mundo em Roma para o “momento mais esperado” do Ano Santo

Sala de Imprensa do Vaticano (Vatican Media)

Apresentados na Sala de Imprensa do Vaticano os eventos dedicados às novas gerações, que serão realizados de 28 de julho a 3 de agosto com participantes de 146 países. Dom Fisichella: “abraço” ideal, em particular às zonas de guerra. Mantovano: ajudemos os jovens nas suas “escolhas importantes”. Prefeito Gualtieri: “o maior evento italiano em termos de equipamentos tecnológicos”.

Edoardo Giribaldi - Vatican News

“O momento mais esperado” do Ano Santo, que verá Roma se abrir “ao mundo”, mesmo às zonas tragicamente marcadas por conflitos. Para que cada jovem, ao se confrontar com seus coetâneos, possa sentir “um abraço” e manter a fé naquele apelo de ser “sentinelas da manhã” que o Papa João Paulo II havia relançado há 25 anos. Sob esses auspícios, foram apresentados na manhã desta quarta-feira, 23 de julho, na Sala de Imprensa da Santa Sé, os eventos do próximo Jubileu dos Jovens, programado de 28 de julho a 3 de agosto.

Durante o encontro com os jornalistas, participaram dom Rino Fisichella, pro-prefeito do Dicastério para a Evangelização, Seção para as Questões Fundamentais da Evangelização no Mundo e responsável da Santa Sé pelo Jubileu; Alfredo Mantovano, subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros; Roberto Gualtieri, prefeito de Roma e comissário extraordinário do Governo para o Ano Santo; Roberta Angelilli, vice-presidente da Região do Lácio; o líder municipal Lamberto Giannini; e Fabio Ciciliano, chefe do departamento da Proteção Civil.

Dom Rino Fisichella: jovens de 146 países

Dom Fisichella explicou como o Jubileu dos jovens representa “o momento mais esperado” do Ano Santo, “porque é o mais participativo”. Os peregrinos vêm de 146 países diferentes, sendo 68% da Europa e o restante dos outros continentes. Menção especial para os jovens que chegam de zonas de guerra: Líbano, Iraque, Mianmar, Ucrânia, Israel, Síria e Sudão do Sul, para um “abraço” ideal que envolverá as novas gerações de todo o mundo.

O arcebispo agradeceu ao governo italiano por sua “participação diária” na organização dos eventos. Em seguida, delineou a programação dos dias. Na segunda-feira, 28 de julho, chegará o primeiro meio milhão de peregrinos. Para recebê-los, foram mobilizadas 270 paróquias, 400 estruturas escolares, 40 locais extraescolares, casas da Proteção Civil, pavilhões esportivos e famílias. O dia coincidirá também com o início do Jubileu dos Missionários Digitais. Para o descanso dos jovens, foram preparados 20 pontos específicos, com credenciais para receber almoços e jantares.

No dia 29 de julho, terão início os Diálogos com a cidade, ou seja, 70 eventos que, nas jornadas de terça, quarta e quinta-feira, “terão lugar nas praças de Roma”. No dia 1º de agosto, será realizada a “jornada penitencial” no Circo Massimo, com 200 sacerdotes que, a cada duas horas, se alternarão sob grandes tendas montadas para “dar um pouco de alívio”, devido às altas temperaturas. No dia 2 de agosto, a partir das 9h, serão abertos os portões de Tor Vergata, que será animado por várias bandas e artistas até às 20h30, quando terá início a Vigília com o Papa Leão XIV. Para a ocasião, três jovens provenientes da Itália, México e Estados Unidos farão perguntas ao Pontífice, “que responderá nas respectivas línguas”. Para concluir, Fisichella agradeceu ao Dicastério para a Comunicação pela implementação do aplicativo Vatican Vox e pelos serviços da Rádio Vaticano, que fornecerão tradução e comentários em oito idiomas. Existe também um vade-mécum elaborado com a Proteção Civil “que deve ser o mais conhecido possível” com todas as indicações “para viver este momento com total serenidade”.

Mantovano: um “patrimônio” para quem vem de zonas de guerra

Mantovano lembrou “o brilho nos olhos” de seus filhos, ao retornarem da Jornada Mundial da Juventude. Para replicar esse entusiasmo, foram enviados esforços para que emergisse “um patrimônio inestimável” não só para os próprios peregrinos, “mas para as comunidades às quais eles retornarão”.

Os dias do Jubileu dedicados às novas gerações são um prelúdio para “escolhas importantes” na vida dos participantes, especialmente para aqueles que vêm de zonas afetadas por conflitos. Ao entrarem em contato com seus coetâneos, eles poderão perceber “que há quem queira estar ao lado deles”. O subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros lembrou ainda os mais de 2 mil voluntários da Proteção Civil, também em sua maioria jovens, que acolherão e assistirão a população juntamente com 300 unidades da Região do Lácio e 200 de Roma Capital. Esses resultados não são “fruto do acaso”, mas nascem do desejo de “otimizar os recursos disponíveis”, tornando o Jubileu um evento “bem organizado e seguro”. Mantovano lembrou, por fim, o apelo do Papa João Paulo II por ocasião do Ano Santo de 2000, dirigindo-se aos jovens como “as sentinelas da manhã”. “Após 25 anos, é legítimo perguntar-se até que ponto esse apelo foi ouvido?”.

Gualtieri: prontos para “acolher o mundo”

“Uma cidade pronta para acolher o mundo” é o resumo de como Roma está se preparando para os eventos do Jubileu dos Jovens, segundo o prefeito Gualtieri. “A maior instalação tecnológica já realizada para um evento na Itália”, composta, entre outras coisas, por uma sala de controle de 500 metros quadrados. Ela “vigiará” a área que receberá os peregrinos: mais de 500 mil metros quadrados.

O grande calor será enfrentado com a instalação de 2.760 banheiros químicos e 2.660 pontos para reabastecer garrafas de água, com 5 milhões de garrafas de água potável e 70 nebulizadores à disposição. Uma atenção importante foi dedicada também ao lado sanitário, com 10 postos médicos avançados, 43 ambulâncias e quatro áreas “calmas”, para quem precisar de “um momento de descanso”.

Angelilli: surpreende “o impacto emocional”

“Um evento memorável”, definiu Angelilli, não só pelo impacto visual “da mobilização, que sempre surpreende”, mas também pelo seu “impacto emocional”. A região receberá mais de 4 mil voluntários, garantindo-lhes alojamento e refeições, com 30 tendas climatizadas, 5 cozinhas de campanha e 300 vagas de estacionamento. No que diz respeito ao transporte público, estão previstos 400 turnos de serviço extraordinário e 60 ônibus dedicados, além de 21 horas de operação ininterrupta das linhas A e C do metrô. No âmbito da saúde, em colaboração com a Ares e o 118, estarão ativas 500 unidades operacionais. Além disso, outros serviços, incluindo um helicóptero sanitário estará à disposição do evento.

Giannini: jovens protegidos em toda a cidade

“Nenhum sinal negativo sobre este evento” é a garantia Giannini. Isso não diminui, no entanto, a preparação máxima para os dias “clou” em Tor Vergata, sobre os quais será impossível sobrevoar com drones e aeronaves para garantir a segurança dos peregrinos. “Todas as pessoas que acessarem os eventos deverão passar por uma série de controle”, mas a proteção dos jovens será ampliada para vários locais da cidade, especialmente aqueles com maior concentração de pessoas, como estações de metrô e ônibus ou o Circo Massimo no dia dedicado ao Sacramento da Reconciliação.

Ciciliano: apoio aos que vêm do exterior

O impacto dos peregrinos provenientes de 146 países não pode deixar de levar em consideração a “estrutura institucional internacional”, segundo o chefe do departamento da Proteção Civil. O acolhimento e a assistência aos jovens serão realizados em consequência, através da ativação de um escritório de relações internacionais. A experiência do Jubileu do Ano 2000 foi usada como modelo de referência para melhorar alguns aspectos, especialmente no que diz respeito ao frequente extravio de documentos de identidade e à consequente emissão de duplicatas.

As perguntas dos jornalistas

“Grande parte das intervenções do jubileu foram realizadas no respeito pela cura da criação” é a garantia dada por Gualtieri, durante o espaço dedicado às perguntas dos jornalistas na coletiva, sobre “trazer a dimensão da sustentabilidade ambiental” para dentro da organização do Ano Santo. Dom Fisichella destacou então que 1.500 jovens chegarão da Coreia do Sul, sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, lembrando que o Papa Francisco, ao concluir a última edição em Lisboa, marcou um encontro precisamente em Roma.

Quanto às perguntas que Leão XIV responderá, elas abordarão “temas extremamente importantes”, entre os quais o tema da amizade: “na era da Internet, é possível ter amizades sinceras?”, e depois o futuro e a esperança. “Uma grande oportunidade para difundir uma mensagem que o Papa tem em especial: a unidade e a fraternidade”. Os momentos em que os jovens poderão interagir com o Papa, lembrou o arcebispo, serão a Vigília de 2 de agosto e a celebração da Eucaristia prevista para o dia seguinte. No momento, concluiu Fisichella, as presenças registradas para as atividades de todo o Jubileu no geral são de 17 milhões.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Casamento: 3 atitudes para evitar discussões e brigas

interstid | Shutterstock

Cecilia Pigg - publicado em 01/06/22 - atualizado em 09/01/25

Aqui estão três coisas que você pode fazer para se concentrar no que é bom e verdadeiro na sua relação e assim parar de discutir.

Quem nunca se viu apanhado num ciclo de "por que ele não faz isso" ou "por que ela não faz aquilo", culpando o seu cônjuge? Tudo o que ele(a) faz parece ser feito de forma errada ou no momento errado. Uma indignação monótona que nos põe sempre de mau humor, e depois irrompe perante as ações ou inações do cônjuge. E assim surge uma discussão atrás da outra.

É verdade que alguns dias (ou meses ou anos) de um casamento são mais difíceis do que outros. Precisa tomar cuidado, pois é fácil acumular ressentimentos. Eis 3 boas atitudes a adotar para evitar que este sentimento continue e que as brigas se multipliquem no seio do casal.

1 - ABANDONAR A MENTALIDADE DA CONTABILIDADE

Antes de tudo, é bom parar de contar quem faz mais tarefas, ou quem cuida mais das crianças, ou outras coisas. Um casal é uma equipe com um único objetivo. Se alguns dias o equilíbrio não estiver no ponto certo, não faz mal! Como equipe, um de nós é por vezes chamado a preencher as lacunas do outro. No entanto, se o desequilíbrio persistir de forma desproporcional, é uma boa ideia falar sobre o assunto em conjunto (ou mesmo com a ajuda de um conselheiro matrimonial) para encontrar o equilíbrio certo para o casal.

2 - AGRADECER SEMPRE

É importante adquirir o hábito de dizer "obrigado" frequentemente. Isto é ainda mais importante quando você se sente ressentido. É especialmente importante agradecer ao seu parceiro por coisas que toma como certas. Por exemplo, quando ele(a) retira o lixo, lava os pratos, conduz a oração familiar - mesmo que o tenha feito toda a sua vida - não se deve esquecer de lhe agradecer.

3 - ANOTE AS TAREFAS REALIZADAS PELO SEU CÔNJUGE

Fazer uma lista mental (ou por vezes física) de todas as coisas feitas pelo seu cônjuge ajuda a sair da lógica do "eu faço tudo" e contribui para o crescimento do amor no casal. Este exercício, que é mais ou menos fácil dependendo do dia, pode incluir várias tarefas (mesmo as que parecem triviais à primeira vista).

Fonte: https://pt.aleteia.org/2022/06/01/casamento-3-atitudes-para-evitar-discussoes-e-brigas/

Cardeal Paulo Cezar conclui visita à Igreja na Ucrânia

Cardeal Paulo Cezar Costa (Vatican Media)

O Arcebispo afirmou levar consigo uma experiência profunda de proximidade e oração, por ter estado junto ao povo ucraniano na súplica pelo dom da paz.

Vatican News

Ao final de sua missão na Ucrânia, nesta terça-feira (22), o Cardeal Paulo Cezar Costa deixou uma mensagem de esperança e solidariedade ao povo ucraniano.

Em meio às marcas deixadas pela guerra, expressou admiração pela fé daquele povo, pela força de uma Igreja viva e pelos bispos que, mesmo em meio ao sofrimento, doam a vida pela reconstrução do cristianismo.

O Arcebispo afirmou levar consigo uma experiência profunda de proximidade e oração, por ter estado junto ao povo ucraniano na súplica pelo dom da paz.

“Vos levo no coração. Contem sempre com as minhas orações, minha solidariedade e com a minha voz, que também deseja dar voz ao vosso sofrimento, dar voz aos horrores que a guerra vos faz passar. Fiquem com Deus.”

Ouça:

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2025/07/23/11/138745177_F138745177.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A noiva do Cântico e Maria Madalena

Maria Madalena e Jesus (Arquidiocese de Florianópolis)

A NOIVA DO CÂNTICO E MARIA MADALENA

23/07/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Na noite silenciosa da alma, quando o mundo dorme e os céus se cerram em silêncio, ela se levanta. 

“Em meu leito, durante a noite, busquei aquele que ama o meu coração. Busquei-o, mas não o encontrei.” 

O jardim ainda estava envolto em sombras. Era o primeiro dia da semana, e tudo parecia recomeçar, mas ainda sem luz. A pedra fora removida, mas o corpo não estava mais lá. A ausência cortava como lâmina. O silêncio gritava. O túmulo vazio não era resposta: era pergunta. 

“Levantar-me-ei, e percorrerei a cidade. Pelas ruas e pelas praças, buscarei aquele que ama o meu coração”. 

E ela foi. Correndo, buscando, como mulher ferida de amor. Não com ilusões, mas com lágrimas. Não com argumentos, mas com fidelidade. Como a amada do Cântico, que nada explica, mas tudo sente. Ela se move com a força de quem perdeu tudo, exceto a esperança. Porque quem ama, busca. 

“Encontraram-me os guardas que rondam a cidade. ‘Vistes aquele que ama o meu coração?’” 

Aos guardas, aos discípulos, aos anjos — ela pergunta. Mas nenhum responde com a voz que ela anseia. Nenhum tem o nome. Nenhum a toca no mais profundo. Ela chora, mas as lágrimas não a impedem de continuar.  

“Mal os havia deixado, encontrei aquele que ama o meu coração. Agarrei-o, e não o deixei mais.” 

No jardim, Ele aparece. Mas ela não O reconhece. Pensa tratar-se de um jardineiro, e no fundo, não se engana: é o Jardineiro da nova criação, o Segundo Adão, que transforma sepulcro em sementeira. 

E então, Ele diz uma única palavra: Maria. 

Nada mais foi necessário. Porque somente quem conhece chama pelo nome. E somente o verdadeiro Amado chama com ternura, com autoridade, com eternidade. 

Ela responde: “Rabunni!”. 

Não é o reconhecimento de um título. É a alma que se ajoelha. É o coração que se dobra. É o mundo que se reconstrói a partir daquele instante. 

Na esposa do Cântico, vemos o anseio. Em Maria Madalena, vemos o cumprimento. A esposa busca entre sombras, Maria busca entre anjos. A esposa encontra pelas praças, Maria encontra no jardim. A esposa segura o Amado, Maria é enviada por Ele. 

Maria Madalena não apenas encontra o Senhor, ela é enviada por Ele. E o amor que em Cânticos permanece no quarto, agora se torna missão no mundo. O noivado da antiga aliança se consuma na Aliança Nova, onde a mulher é voz da Páscoa, evangelho para os apóstolos, primeira anunciadora da Ressurreição. 

No Cântico, a amada diz: “agarrei-o, e não o deixei mais.” 

No jardim, Jesus lhe diz: “não me retenhas”. Porque o amor já não é posse, é anúncio. Não é mais segredo, é missão. 

E é por isso que Maria Madalena, unindo em si o desejo da discípula e o envio do Ressuscitado, é maior que a mulher do Cântico. Pois se aquela procurou no escuro o amor de sua juventude, Maria encontrou no escuro da morte o Amor eterno na Ressurreição. E foi por Ele conhecida, chamada, enviada. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Brasil no Jubileu dos Missionários Digitais: evangelizar pela comunicação

Jubileu dos Missionários Digitais (Vatican Media)

Começa em menos de uma semana o Jubileu dos Missionários Digitais e Influencers Católicos, um evento inédito que, até agora, "não existe nada parecido! Nada! Nunca teve nada!", disse Guilherme Cadoiss. O encontro de dois dias em Roma é "para construir - juntos - um mundo de evangelização sem fronteiras", comentou Lisiane Mazzurana, para que se possa ainda mais "evangelizar por meio da comunicação", acrescentou Felipe Padilha. São três jovens que representarão o Brasil na Itália.

Andressa Collet - Vatican News 

"Uma escola de doutrina para a leigos que querem amar mais Jesus." É assim que Guilherme Augusto Barbosa das Mercês descreve a sua missão digital que tem impactado mais de 4 milhões de pessoas por mês nas suas redes sociais, ao oferecer cursos e conteúdos que unem fidelidade à doutrina e inovação na comunicação. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal de Goiás, Guilherme é catequista e há 11 anos se dedica como missionário digital: fundou a Escola Santa Carona, um dos principais apostolados digitais de formação de leigos no Brasil. É também um dos criadores do Santa Zuera, o podcast católico mais antigo em atividade no país, referência em evangelização e diálogo nas mídias digitais.

No Brasil, ele lidera o projeto “La Iglesia Te Escucha”, uma iniciativa vaticana, que nasceu de uma convocação do próprio Papa Francisco, para fortalecer a missão digital e ouvir as vozes dos fiéis no ambiente online, além de ajudar na implantação da Pastoral Digital no país, em colaboração direta com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contribuindo para que a Igreja esteja cada vez mais presente e atuante nos espaços digitais. Nestes dias, ele pode ser visto pelos corredores do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé já está fazendo parte da equipe organizadora do Jubileu dos Missionários Digitais e Influencers Católicos que começa no mesmo dia daquele dedicado aos jovens, em 28 de julho. Durante dois dias, cerca de mil peregrinos irão unir esforços para celebrar, formar e inspirar aqueles chamados a evangelizar nas plataformas digitais, como já vem fazendo Guilherme:

“Eu confesso que é difícil definir o que que eu estou esperando por um motivo muito objetivo: quando nós vamos para uma Jornada Mundial da Juventude nós temos um expectativa própria do evento. Agora, neste caso, não existe nada parecido! Nada! Nunca teve nada!”

"O mais próximo disso que tivemos foi o Festival de Influencers que aconteceu em Lisboa - e foi um festival, nós não tivemos um momento de convívio como a gente vai ter agora. Então, vai ser algo completamente inesperado, encontrar missionários de todos os cantos do mundo. Eu só participei de eventos assim com missionários latino-americanos ou brasileiros. Eu nunca tive esse contato com outros missionários para poder conviver, se conhecer, trocar ideia. Esta é a minha grande expectativa: o que é que eu vou encontrar de missão digital nos países e quais são as dificuldades que esses missionários encontram. Porque, ainda mais no caso do Brasil, pelo menos no meu caso, porque estamos um pouco isolados por causa do idioma, saber o que outras culturas vivem em relação à 'fera internet' é uma experiência que eu quero ter, e que eu estou muito esperançoso de que vai acontecer nesse Jubileu dos Missionários Digitais."

O goiano Guilherme Cadoiss e a gaúcha Lisiane Mazzurana | Vatican News

Os gaúchos que estarão no Jubileu dos Influencers Católicos

O Jubileu dos Missionários Digitais e Influencers Católicos será um encontro inédito e histórico, através do qual a Igreja reconhece o continente digital como espaço de missão, congrega três momentos distintos: a fase espiritual com a passagem pela Porta Santa, a fase de formação e um festival. Quem não estará presente em Roma, poderá seguir a programação em modalidade on-line. Mas já tem jovem de "mala e cuia", ou ao menos por um período na capital eterna, como é o caso de Lisiane Mazzurana, que atualmente vive na Itália para um curso de doutorado no Instituto Universitário Sophia (IUS) ligado ao Movimento dos Focolares na região da Toscana, mas é natural da cidade gaúcha de Igrejinha, região metropolitana de Porto Alegre. "Em todo o tempo e lugar podemos catequizar" é a missão digital da jovem, catequista há mais de 15 anos, que criou um espaço digital de evangelização: ela administra a página Catequese Mediada, que nasceu de um projeto de mestrado voltado para a formação de catequistas porque, atualmente, "as crianças buscam em nós pessoas que vivem aquilo que realmente ensinam, testemunhando com a própria vida o amor e a relação com Jesus Cristo".

"Pra mim, participar do Jubileu dos Influencers e Missionários Digitais está sendo realmente uma grande alegria, porque é um momento em que a gente pode ultrapassar os limites e as barreiras que colocamos no nosso dia a dia: de territórios, questões culturais, propriamente também o diálogo com outras religiões. E, mundo digital, a gente está conectado ao mundo todo - a todos os lugares, a todas as partes e culturas e línguas e religiões, o modo de ver Deus e esta é uma oportunidade que a gente tem de estar junto nesse momento de Jubileu, de celebrar essa esperança que nos une e, ao mesmo tempo, poder nos conectar, nas redes sociais, de um modo a levar essa esperança, como diz o Papa Francisco, nesse novo continente."

“Somos chamados a evangelizar a partir desse continente que também precisa de esperança e também precisa de diálogo e também precisa de construção de paz. Espero que esse tempo de Jubileu possa ser também um tempo de renovação da nossa fé, da nossa esperança de estabelecer vínculos entre nós - mais concretos, não só digitais também - e podermos nos apoiar mutuamente nas missões particulares que cada um faz, no meio digital que faz, e podendo ser canal de graça uns para os outros.”

Felipe Padilha, assessor de comunicação da diocese de Caxias do Sul/RS   (Maurício Aoki)

De Igrejinha vamos viajar por cerca de 100 Km para a Serra Gaúcha, especificamente para Caxias do Sul, onde nasceu e trabalha Felipe Michelon Padilha. Jornalista de formação pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), ele é pós-graduado em Influências Digitais na Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Nos anos de 2022 e 2023, participou da equipe de comunicação do Ano Vocacional do Brasil como responsável pelas redes sociais do Ano Vocacional da CNBB. Há 2 ano Felipe faz parte do GT de Produção da Pastoral da Comunicação (Pascom) no país e há 4 anos é assessor de comunicação da diocese de Caxias do Sul e também das paróquias Santo Antônio, de Bento Gonçalves, e da Catedral Diocesana Santa Teresa D’Ávila. Também já são 10 anos de RUAH Comunicação, uma agência que Felipe criou especializada em soluções para a comunicação eclesial e que vai precisar contar com a sua ausência no escritório, já que também está com passagem marcada para Roma, para participar como peregrino do Jubileu dos Missionários Digitais:

"Eu confesso que a ansiedade já está batendo forte. É uma alegria poder participar, poder estar também me preparando para participar do Jubileu dos Missionários Digitais. O Papa Francisco, lá na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, ele deixou muito claro de que a Igreja é lugar de todos, todos, todos, e com a nossa missão de comunicadores e responsáveis pelo trabalho de evangelização nas redes sociais, temos essa missão de ajudar a todos, todos, todos, se sentirem parte desta Igreja, povo de Deus. Então, para mim, estar em Roma, em comunhão com o Papa Leão, nesse momento também novo para a nossa Igreja, celebrar o Ano Santo e o Jubileu dos Missionários Digitais é a graça de Deus, a graça de Deus que toca a minha vida. Estou muito feliz, a ansiedade é mil, e espero encontrar muitos amigos, fazer novas amizades, trocar muitos contatos, porque além de me ajudar a crescer pastoralmente, este encontro certamente vai me ajudar a crescer humanamente e profissionalmente, porque também faz parte da minha vida, do meu trabalho, justamente este de evangelizar por meio da comunicação."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Cinco coisas a saber sobre santa Brígida da Suécia, mística e mãe

Santa Brígida da Suécia. | Carlston Macks, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Por Kate Quiñones*

23 de julho de 2025

A Igreja celebra hoje (23) a festa de santa Brígida da Suécia, mística da Idade Média que foi mãe de uma grande família, dama de companhia de uma rainha e fundadora de uma ordem religiosa que existe até hoje.

1. Santa Brígida teve sua primeira visão aos dez anos de idade.

Brígida, Birgitta em sua própria língua, nasceu de pais ricos e devotos na Suécia em 1303. Sua mãe morreu quando Brígida era muito jovem e ela e seus irmãos foram criados por uma tia. Aos dez anos de idade, Brígida teve uma visão de Cristo na cruz em seu sofrimento agonizante. Em sua visão, Brígida viu Cristo com suas feridas da Sexta-feira Santa, com as feridas do “Homem das Dores” de que se fala em Isaías 53. Ela perguntou a Jesus quem o feriu, e Ele respondeu: “Aqueles que me desprezam e recusam meu amor por eles.” Ela continuaria a escrever sobre essas revelações; suas obras foram publicadas postumamente.

2. Brígida serviu na corte real da Suécia.

Brígida casou-se em 1316, aos 13 anos, com Ulf Gudmarsson, de 18 anos, o príncipe sueco de Nerícia. Os dois se juntaram à Ordem Terceira de São Francisco e dedicaram seus recursos à construção de um hospital e ao cuidado das necessidades dos pobres. Ulf serviu no conselho do rei da Suécia, Magnus Eriksson, e o rei pediu que Brígida fosse uma dama de companhia de sua esposa, a rainha Blanche de Namur.

3. Brígida foi mãe de oito filhos, incluindo uma santa.

Brígida e Ulf criaram uma grande família juntos. Dos oito filhos de Brígida, dois morreram na infância e outros dois morreram nas cruzadas. Dois de seus filhos sobreviventes se casaram e outros dois ingressaram na vida religiosa. Uma delas foi canonizada como santa Catarina da Suécia. 

4. Brígida fundou uma ordem religiosa, os brigidinos, depois que seu marido morreu.

Brígida e Ulf fizeram uma peregrinação a Santiago de Compostela, Espanha, entre 1341 e 1343, mas na viagem de volta, Ulf ficou doente. O casal parou na França até Ulf recuperar a saúde, mas logo depois que retornaram à Suécia, em 1344, ele morreu.

Depois da morte de Ulf, Brígida deu sua riqueza aos pobres e dedicou sua vida a Cristo, seguindo um chamado de Deus para fundar uma nova ordem religiosa.

Ela fundou a Ordem do Santíssimo Salvador, agora conhecida como brigidinos, em 1346, e sua congregação foi aprovada pelo papa Urbano V em 1370. Os brigidinos seriam liderados por uma abadessa e compostos por freiras e sacerdotes. Os sacerdotes, que viviam em uma seção separada, serviam como capelães e confessores para as freiras.

O rei Magnus ajudou Brígida a fazer da abadia de Vadstena o lar dos brigidinos. Ele doou um pequeno palácio e terras para o novo mosteiro.

Mas Brígida nunca veria seu trabalho dar frutos. Ela teve uma visão de Cristo chamando-a para retornar a Roma e aguardar o retorno do papa da França durante o papado de Avignon. Ela nunca se tornou freira e nunca viu o mosteiro em Vadstena. Ela morreu vários anos antes do retorno permanente do papa a Roma.

Mas sua ordem se espalhou pela Europa e existe ainda hoje em mosteiros contemplativos e conventos apostólicos, com filiais em 19 países como Suécia, Noruega, Polônia, Itália, Israel, Índia, Filipinas, México e os EUA.

5. Santa Brígida é co-padroeira da Europa.

Depois que Brígida morreu em Roma em 23 de julho de 1373, seus filhos levaram seus restos mortais de volta para a sede de sua ordem religiosa. Menos de 20 anos depois, em 1391, o papa Bonifácio IX a proclamou santa. Suas revelações e escritos sobre os sofrimentos de Cristo foram publicados depois de sua morte. Em 1999, o papa são João Paulo II a escolheu como uma das três co-padroeiras da Europa, junto com santa Catarina de Siena e santa Edith Stein.

*Kate Quiñones é redatora da Catholic News Agency e membro do site de notícias The College Fix. Ela já escreveu para o Wall Street Journal, para o Denver Catholic Register e para o CatholicVote, e se formou pelo Hillsdale College. Ela mora com o marido no Colorado, nos EUA.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58540/cinco-coisas-a-saber-sobre-santa-brigida-da-suecia-mistica-e-mae

Padre Mario Lanciotti, missionário xaveriano na Amazônia

Padre Mario Lanciotti rodeado por jovens indígenas na Amazônia | Vatican News.

Padre Mário Lanciotti (1901-1983), natural de Cupra Marittima (Ascoli Piceno, Itália), foi missionário xaveriano por cinquenta anos na China, no Japão e, por fim, no Brasil. Atuou nas áreas mais difíceis do Pará e do Xingu, dedicando sua vida a servir os mais pobres. Quase cego, pediu para passar seus últimos anos em uma casa de repouso em Belém, "pobre entre os pobres". Está sepultado em Abaetetuba, às margens do Rio Amazonas.

Por Gianluca Frinchillucci - Agência Fides

Uma nova luz se acende sobre o testemunho missionário entre os povos da Amazônia: o Prof. Mario Polia, antropólogo, historiador das religiões e profundo conhecedor das culturas andinas, editou a publicação de um precioso corpus de histórias orais reunidas pelo padre Mario Lanciotti, missionário xaveriano atuante no Brasil na década de 1960 e ex-missionário na China e no Japão.

A obra reúne mitos, lendas e contos cosmogônicos transmitidos oralmente por gerações de indígenas amazônicos. Padre Lanciotti os ouviu diretamente das vozes dos fiéis de suas missões, durante longas noites nas aldeias, muitas vezes ao luar, ao som de grilos e sapos noturnos. "Para mim - escreveu ele - não era um passatempo: eu o considerava indispensável ao meu trabalho como missionário."

“Procurei compreender melhor as pessoas a quem fui enviado e ajudá-las de acordo com minhas possibilidades e habilidades. Procurei amá-las e aceitá-las como são, esforçando-me para evitar o barulho e o paternalismo”, escreveu em um de seus depoimentos. E, dirigindo-se a um amigo, deixou palavras de luminosa serenidade: “Estou aqui, no meio da floresta amazônica, às margens do rio Xingu. Estou feliz. Quando consegui trabalhar neste lugar abandonado, eu tinha 71 anos, mas agora sinto de ter perdido 40. Aqui me sinto mais no meu lugar como missionário. O Senhor tem sido bom demais para mim na minha velhice! Se você quer ser feliz, venha comigo!”

“Padre Lanciotti - afirma Polia - soube coletar esses testemunhos orais apesar da consciência de que, para muitos, essas crenças precisavam ser superadas. Como ele mesmo disse, velhas superstições permanecem nas camadas profundas da alma, como cartazes colados uns sobre os outros: quando o primeiro é arrancado, o anterior reaparece. A grande inteligência de Lanciotti era a compreensão de que, para evangelizar, é preciso primeiro entender o pensamento do outro. Sua coleta é um ato de respeito e escuta.

“Passei muito tempo na região do Rio Xingu, na divisa entre as terras ocupadas pelos brancos e as florestas onde ainda vivem as tribos indígenas”, comentava o padre Lanciotti em outro relato. “Passei muitas noites com os índios ‘civilizados’. Sentávamo-nos na grama, ao luar, enquanto grilos, sapos e pássaros noturnos nos faziam companhia.” Depois da instrução religiosa, eu provocava meus interlocutores indígenas para que me contassem histórias da selva ou contos mitológicos que tinham sido transmitidos ao longo dos séculos."

Padre Mário Lanciotti (1901-1983), natural de Cupra Marittima (Ascoli Piceno, Itália), foi missionário xaveriano por cinquenta anos na China, no Japão e, por fim, no Brasil. Atuou nas áreas mais difíceis do Pará e do Xingu, dedicando sua vida a servir os mais pobres. Quase cego, pediu para passar seus últimos anos em uma casa de repouso em Belém, "pobre entre os pobres". Está sepultado em Abaetetuba, às margens do Rio Amazonas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 22 de julho de 2025

EDITORIAL: A Carta da ONU, oitenta anos de um frágil milagre

Bandeira da ONU (Vatican News)

As guerras em curso, o declínio do multilateralismo, a voz profética dos Papas.

Andrea Tornielli

Oitenta anos, e sentir todo o seu peso. Em 26 de junho de 1945, era assinada em São Francisco a Carta das Nações Unidas, que em seu Preâmbulo indica o propósito de "salvar as futuras gerações do flagelo da guerra" e de "promover o progresso social e um mais elevado padrão de vida dentro de uma liberdade mais ampla". Ela foi assinada pelos representantes de 50 países emergentes da mais catastrófica – e ainda não concluída – guerra mundial vivida pela humanidade. Uma guerra que marcaria o recorde macabro de aproximadamente 50 milhões de mortes, a maioria civis.

Oitenta anos depois desta instituição – templo do multilateralismo, que tem sua razão de ser na primazia da negociação sobre o uso da força, na manutenção da paz e no respeito ao direito internacional – mostra todas as suas rugas. No entanto, sua instituição representou um verdadeiro milagre, ocorrido na cidade estadunidense que leva o nome do Santo de Assis. Um milagre frágil, como o vidro do Palácio de Vidro, que levou a resultados importantes: a codificação e o desenvolvimento do direito internacional, a construção das normativas dos direitos humanos, o aprimoramento do direito humanitário, a resolução de muitos conflitos e muitas operações de paz e reconciliação.

Precisamos desse frágil milagre mais do que nunca hoje. Devemos torná-lo menos frágil, acreditar nele como demonstraram acreditar os Sucessores de Pedro, que de 1965 a 2015 visitaram o Palácio de Vidro, reconhecendo que as Nações Unidas foram e continuam sendo a resposta jurídica e política adequada aos tempos em que vivemos, marcados por um poder tecnológico que, nas mãos de ideologias, pode produzir atrocidades terríveis.

Nestes dias, pronunciando-se em uma conferência na Universidade de Pádua, o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, afirmou com lúcido realismo: "Devemos proteger as conquistas de anos que nos levaram a codificar o direito internacional, que é totalmente diferente de uma ordem internacional e, muitas vezes, em contraposição a uma ordem internacional. Porque a ordem internacional — acrescentou o ministro — é normalmente imposta por alguém, pelo mais forte, que pode decidir que essa lei, em alguns casos, não conta. Que é o que estamos vivendo hoje... Isso porque o multilateralismo está morto e a ONU conta tanto quanto a Europa no mundo, nada!".

Não é preciso muita imaginação para entender a que se referem suas palavras: basta observar o que aconteceu nos últimos três anos, desde a agressão russa contra a Ucrânia até o ataque desumano do Hamas contra Israel em 7 de outubro; desde a guerra que arrasou Gaza, transformando-a em uma pilha fantasmagórica de escombros e cadáveres, até o perturbador conflito entre Israel e Irã, que também contou com a intervenção dos Estados Unidos. É verdade, infelizmente, que a ordem internacional é imposta pelo mais forte, que decide quando proclamar e quando esquecer o direito internacional e o direito humanitário, conforme a conveniência.

Por isso, oitenta anos após o início daquele frágil milagre, com a voz de Leão XIV, repetimos as palavras “mais urgentes do que nunca” do profeta Isaías: «Uma nação não levantará a espada contra outra nação, e não se adestrarão mais para a guerra». “Que seja ouvida esta voz que vem do Altíssimo”, disse o Papa, “sejam curadas as feridas causadas pelas ações sangrentas dos últimos dias. Rejeite-se toda a lógica da arrogância e da vingança e seja escolhida com determinação a via do diálogo, da diplomacia e da paz.” Os caminhos do multilateralismo e da negociação. Os caminhos trilhados há oitenta anos, que representam a única alternativa para o nosso mundo tão próximo do abismo da autodestruição.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

«André e João são a figura do que devemos fazer»


Apóstolos João e André (Wikipedia)

Arquivo 30Dias nº 07/08 - 2005

Trechos de padre Luigi Giussani sobre o encontro de Jesus com os dois primeiros discípulos

«André e João são a figura do que devemos fazer»

(L'attrattiva Gesù, Milão, Bur, 1999, p. 25)

Introdução e organização de Lorenzo Cappelletti

Introdução

“Eu errava por pensar que a fé por meio da qual acreditamos em Deus não era dom de Deus, mas vinha, em nós, de nós mesmos [...]. Realmente, eu não pensava que a fé fosse precedida pela graça de Deus [...]. Certamente, pensava que não poderíamos acreditar sem antes receber o anúncio da verdade, mas, uma vez tendo-nos sido anunciado o Evangelho, imaginava que o consentimento fosse obra nossa e algo que possuímos em nós mesmos. Esse meu erro se encontra em muitos dos livros que escrevi antes de meu episcopado” (Agostinho, De praedestinatione sanctorum 3, 7).

No De praedestinatione sanctorum, obra dos últimos anos de sua vida, Agostinho confessa esse seu erro com simplicidade - e esse não é o último dos motivos pelos quais sentimos Agostinho tão moderno e persuasivo -, um erro presente em livros anteriores a sua ordenação episcopal, ocorrida trinta anos antes (395 ou 396).

O erro de Agostinho parece dominar - sem ser confessado - o cenário destas últimas décadas do catolicismo mais discursante e vistoso.

Em padre Giussani, ao contrário, a unidade entre as palavras, o olhar, a atração de graça é sempre e de novo proposta e descrita diante dos nossos olhos a partir do comentário que faz do encontro de Jesus com os dois primeiros discípulos, João e André, que pode ser sintetizado na expressão: “Olhavam-no falar”. Se nos ativermos ao testemunho dado sobre ele pelo então cardeal Ratzinger, nos funerais do sacerdote, veremos que isso acontece graças ao que o próprio padre Giussani viveu em primeira pessoa: “Padre Giussani teve sempre o olhar de sua vida e de seu coração fito em Cristo. Dessa forma, entendeu que o cristianismo é um encontro, uma história de amor, um acontecimento”.

Afirmar que a fé nasce de um maravilhamento como o de João e André - como se poderia traduzir a palavra suavitas, usada pelo Concílio Ecumênico Vaticano I, na constituição dogmática sobre a fé (citando, não por acaso, o segundo Concílio antipelagiano de Orange, que padre Giussani gostava de recordar) - não significa deixar de ter cuidado com a maneira de apresentar as verdades cristãs. Significa fazer com que prevaleça a humilde fidelidade à doutrina (“Todo aquele que se adianta e não permanece na doutrina de Cristo, não possui a Deus. Aquele que permanece na doutrina, esse possui o Pai e o Filho”, 2Jo 9) e a oração de cada instante Àquele único que pode tocar e atrair a mente e o coração do homem.

De qualquer forma, o recente Compêndio do Catecismo da Igreja Católica também tem uma pequena frase que, repetindo com simplicidade o fato de que a graça precede e vem antes, ilumina, como um raio de sol quando ilumina os vitrais de uma catedral, todas as verdades contidas no Compêndio: “A oração é sempre dom de Deus que vem ao encontro do homem” (nº 534).

Introdução e organização de Lorenzo Cappelletti

Foi ser batizado, como todos os outros

O que aconteceu primeiro? Primeiro aconteceu Jesus, que nasceu em Belém, como um menino; e os pastores se reuniram. Depois cresceu em sua casa. E depois, quando já era um pouco mais velho, foi ser batizado, como todos os outros. E quando Jesus deixou a multidão, assim que João Batista apontou para ele e disse: “Eis o cordeiro de Deus”, João e André puseram-se a seguir aquele indivíduo. E estabeleceram um relacionamento com aquele indivíduo, ficaram lá para ouvi-lo. Eu sempre digo: “Olhavam-no falar” . 1

Esse Tu enchia o rosto e o coração deles

E André e João - como narra o primeiro capítulo de São João -, que seguiam a Cristo quase acanhados, no momento em que Ele se voltou e disse: “O que buscais?”, não disseram Tu, mas disseram a Ele: “Mestre, onde moras?”. Era uma maneira de dizer Tu. E quando voltaram para casa e disseram: “Encontramos o Messias”, era esse Tu que enchia o rosto e o coração deles.2

Diante de seus olhos

Para André e João, o cristianismo, ou melhor, o cumprimento da lei, o realizar-se da promessa antiga, de cuja espera de resposta vivia o povo judeu bom [...], aquilo que o povo esperava, Aquele que tinha de vir, era um homem ali diante dos seus olhos: encontraram-no diante dos seus olhos.

[...] Era um homem ali diante dos seus olhos [...]. Era uma coisa que estava acontecendo.
[...] Não é que André e João tenham dito: “É um acontecimento que nos aconteceu”. Evidentemente, não era necessário que explicitassem com uma definição, já numa definição, aquilo que lhes estava acontecendo: lhes estava acontecendo!3

Olhavam-no falar

Nós nos identificamos facilmente com aqueles dois lá sentados, que olham para aquele homem que diz coisas nunca ouvidas, e no entanto tão próximas, tão pertinentes, com reflexos tão familiares.

Eram as palavras com as quais a grande promessa bíblica se revelava ao coração de todo judeu, e de geração em geração passava para dentro de seu sangue; as palavras que aquele homem usava participavam daquela promessa, mas eles não entendiam, eram simplesmente agarrados, arrastados, revolvidos por aquela maneira de falar: olhavam-no falar.4

Correspondia mais

Se fosse um filme, a cena inicial seria a de João e André olhando para Cristo enquanto este falava em sua casa.

Um impacto: o impacto com uma realidade que eles sentem corresponder como nada jamais correspondeu [...].

André e João, quanto mais olhavam para ele, mais entravam naquilo que já era uma realidade em Cristo, ou seja, o conhecimento da verdade, o conhecimento da justiça, o conhecimento da letícia e da alegria, “para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. Correspondia mais.5

Assim nasceu a primeira certeza sobre Cristo

O que aquele homem lhes havia dito correspondia ao coração deles, à espera do coração deles, tão intensamente, tão evidentemente, tão imediatamente, que era como se dissessem: “Se não acreditarmos nesse homem, não poderemos mais acreditar nem nos nossos olhos”. Foi assim que nasceu, que surgiu na história do mundo a primeira certeza pública, para além da de Sua mãe e de Seu pai: a primeira certeza sobre Cristo. [...]

Imaginem: voltaram para casa e começaram a dizer a todos os seus irmãos, aos conhecidos e às pessoas que participavam de sua pequena cooperativa de barcos: “Encontramos o Messias”.6

Começa a memória

João e André começaram a seguir aquele homem, e aquele homem se voltou, e eles lhe fizeram uma pergunta, foram à casa dele... eles ouviam - não estavam distraídos -, mas ouviam olhando para ele.

Isso é a memória. Desde aquele momento, começou a memória, que, partindo daqueles dois, chegou até nós.7

Imaginem, fomos movidos por aqueles dois! Fomos movidos por aqueles dois que O olharam falar, que O olhavam falar com simplicidade, humildade, ingenuidade de coração: aqueles dois moveram as nossas vidas e as movem agora!8

Uma familiaridade imediata

Mas para aqueles dois, os dois primeiros, João e André - André, muito provavelmente, era casado, tinha filhos -, como foi possível que fossem convencidos tão imediatamente e que o reconhecessem (não há uma outra palavra que possa ser dita diferente de reconhecê-lo)?
Direi que, se este fato aconteceu, reconhecer aquele homem, quem era aquele homem, não quem era no fundo e minuciosamente, mas reconhecer que aquele homem era algo de excepcional, de incomum - era absolutamente incomum -, irredutível a qualquer análise, reconhecer isso devia ser fácil.9

Aquela era uma casa diferente, e aquele homem tratava as pessoas de um jeito diferente, pensava de um jeito diferente - dava para ver nos seus olhos -; quando seus pensamentos se exprimiam em palavras, ele falava de um jeito diferente: era uma coisa diferente.
E se estabelecia uma familiaridade imediata com Ele; para dizer a verdade, era Ele quem estabelecia uma familiaridade imediata com aqueles que encontrava. E, com dignidade e com ternura, afirmava coisas que interessavam à vida daqueles que O ouviam, das pessoas que encontrava. Como naquele caso: mudou a vida deles!10

São uma coisa só, de tanto que estão cheios da mesma coisa

E quando voltaram, à noite, no fim do dia - muito provavelmente percorrendo todo o caminho de volta em silêncio, pois nunca haviam falado um com o outro como naquele grande silêncio no qual um Outro falava, no qual Ele continuava a falar, ecoando dentro deles.11

Mas imaginem aqueles dois que ficam a ouvi-lo durante algumas horas e que depois têm de ir para casa. Ele se despede deles e eles voltam calados, calados porque invadidos pela impressão que tiveram do mistério que sentiram, pressentiram, ouviram. E depois se separam. Cada um dos dois vai para a sua casa. Não se cumprimentam, não porque não costumem se cumprimentar, mas se cumprimentam de um outro modo, cumprimentam-se sem se cumprimentar, porque estão repletos da mesma coisa, são uma só coisa aqueles dois, de tanto que estão repletos da mesma coisa.12

O que é a fé

A pessoa entende o que é a fé quando se coloca no lugar dos primeiros: de André e João, que O seguiram e Lhe perguntaram: “Mestre, onde moras?” (Jo 1,38).
Diante daquele homem, o que era a fé? Era reconhecer a presença divina. Eles nem ousavam pensar nisso, não tinham clareza, mas reconheciam naquele homem a presença que libertava, que salvava.13

João e André tinham fé, porque tinham certeza de uma Presença experimentável: quando estavam lá, primeiro capítulo de São João, sentados na sua casa, àquela noite, olhando-O falar, era uma certeza de uma Presença experimentável de uma coisa excepcional, do divino numa Presença experimentável. Depois - acrescento - foram para suas casas dormir: André voltou para sua mulher; João, para sua mãe. Voltaram às suas casas, comeram nas suas casas, dormiram nas suas casas, levantaram-se, foram pescar junto aos outros companheiros.
Aquilo que tinham visto na tarde anterior dominava a sua cabeça: sim ou não? Sim. Eles o viam? Não.14

Era ele, mas era diferente

Ela lhe perguntou: “O que aconteceu?”. Ele a abraçou. André abraçou sua mulher e beijou seus filhos: era ele mesmo, mas nunca a havia abraçado daquele jeito! Era como a aurora ou o crepúsculo matinal de uma humanidade diferente, de uma humanidade nova, de uma humanidade mais verdadeira. Quase como se dissesse: “Finalmente!”, sem acreditar nos próprios olhos. Mas era evidente demais para que não acreditasse em seus olhos!15

Seu marido tinha se tornado uma outra coisa: não uma coisa pensada, imaginada, mas real, porque nunca fora abraçada assim por seu marido. Deu-se conta disso: em primeiro lugar porque jamais fora olhada assim por seu marido, depois porque jamais fora abraçada assim por seu marido.

E depois, também no dia seguinte, via como ele tratava os amigos, como falava com as crianças: tinha acontecido alguma coisa que estava transformando o rosto concreto, carnal, temporal da vida deles.16

Como se toda a pessoa deles fosse um pedido

Imaginemos Simão Pedro, Felipe e João diante de Jesus, andando atrás dele pelas trilhas dos campos, ou na praça do templo, ou numa casa sentados à mesa para comer. Como é que eles estão? Estão olhando para ele, ouvindo-o, querendo aprender; mas esses ainda são termos insuficientes, incompletos: pois é como se toda a pessoa deles fosse um pedido.17

Basta a embrionária percepção daquilo que Ele é para fazer você pedir

A sua relação com Cristo não precisa ser evoluída, capacitada, madura, para que a sua personalidade nasça dela e a sua personalidade saiba criar uma companhia a partir dela. Basta - como poderíamos dizer - a surpresa que tiveram João e André, que não entendiam nada; basta a surpresa, basta uma ponta de devoção, basta o maravilhamento. Mais precisamente: basta pedi-lo, basta a embrionária percepção daquilo que Ele é para fazer você pedir, para fazer com que você o peça.18

Trechos de padre Luigi Giussan sobre o encontro de Jesus com os dois primeiros discípulos.

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L’attrattiva Gesù, Milão, Bur, 1999, p. 27.

Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - CL, nº 5, maio de 1991, p. 25.

3 “O acontecimento de Cristo e a sua permanência na história”, tradução de Durval Cordas, in: Litterae Communionis, nº 41, setembro-outubro de 1994, p. 19.

Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - Tracce, nº 7, julho-agosto de 1994, p. 24.

L’attrattiva Gesù, op. cit., pp. 44-45.

6 “La comunione come strada”, in: Litterae Communionis - Tracce, nº 7, julho-agosto de 1994, p. III.

Affezione e dimora, Milão, Bur, 2001, p. 215.

Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - Tracce, nº 7, julho-agosto de 1994, p. 24.

9 “Reconhecer Cristo”, tradução de Durval Cordas, in: Litterae Communionis, nº 43, janeiro-fevereiro de 1995, p. 20.

10 Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - Tracce, nº 6, junho de 1995, p. 13.

11 Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - Tracce, nº 7, julho-agosto de 1994, p. 25.

12 “Reconhecer Cristo”, op. cit., p. 22.

13 “Na fé, homem e povo”, tradução de Durval Cordas, in: Litterae Communionis, nº 66, novembro-dezembro de 1998, p. 24.

14 É possível viver assim?, tradução de Neófita Oliveira e Francesco Tremolada, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1998, pp. 256-257.

15 Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, suplemento da revista Litterae Communionis - Tracce, nº 7, julho-agosto de 1994, p. 25.

16 “O acontecimento de Cristo e a sua permanência na história”, op. cit., p. 20.

17 Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação, Rímini, 1988, p. 25.

18 L’attrattiva Gesù, op. cit., p. 23.

Fonte: https://www.30giorni.it/