Fatos e Fotos - Comunidade I

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Santos Luciano e Marciano, que se converteram da magia e bruxaria

Imagem ilustrativa dos Santos Luciano e Marciano | Domínio Público - AICA.

Por Abel Camasca*

26 de out de 2025 às 01:00

A Igreja Católica celebra no dia 26 de outubro os santos Luciano e Marciano, que antes de sua conversão eram magos e praticavam bruxaria e feitiçaria. Mas tudo mudou quando conheceram uma cristã.

No livro Vidas dos Santos, do padre Alban Butler, narra-se que ambos “tinham estudado magia negra”, mas que “suas superstições não tinham poder algum sobre uma donzela cristã”.

Nas lendas antigas narra-se que Luciano e Marciano, que viveram aproximadamente no século III, superaram os seus mestres das artes obscuras e ficaram sob a influência do maligno. No entanto, apareceu em suas vidas uma jovem virtuosa que havia se oferecido ao Senhor.

Eles se sentiram atraídos por ela e procuraram cortejá-la. Mas, a jovem os rejeitou. Então eles usaram seus feitiços, conjuros e encantamentos para prendê-la, mas não adiantou.

Isso os levou a questionar seus falsos poderes e a se perguntar como Cristo era tão poderoso. Desta forma atearam fogo a todos os seus objetos de magia negra e decidiram seguir o caminho da fé.

O padre Butler conta que, depois de receberem o batismo, partilharam os seus bens com os pobres, retiraram-se para rezar e mortificar-se, e depois tornaram-se grandes pregadores de Cristo.

Eles foram presos devido à perseguição contra os cristãos e foram condenados a morrer queimados. No final, foram para a tortura cantando com alegria e gratidão a Deus.

*Abel Camasca é comunicador social. Foi produtor do telejornal EWTN Noticias por muitos anos e do programa “Más que Notícias” na Radio Católica Mundial.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/56560/hoje-e-dia-dos-santos-luciano-e-marciano-que-se-converteram-da-magia-e-bruxaria

O alerta da Terra do Meio

Terra do Meio, no Pará, expõe o contraste entre compromissos oficiais e realidade ambiental: desmatamento, invasões e desafios para comunidades indígenas e ribeirinhas a 15 dias da COP30 - (crédito: Cristina Avila Esp.CB/DA Press)

Visão do Correio

O alerta da Terra do Meio

Enquanto o Brasil oficial promove reuniões de cúpula como a Rio+20 e a COP30, o Brasil real avança sobre reservas indígenas e dificulta a subsistência da população ribeirinha.

Em dezembro de 1861, o imortal Machado de Assis formulou um dos pensamentos mais conhecidos sobre o Brasil. Em crônica publicada na imprensa carioca, o Bruxo do Cosme Velho distinguia: "O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco". Era a constatação do contraste reinante em uma nação onde os poderosos decidem os rumos do país em um debate medíocre, enquanto a massa de brasileiros busca tão somente uma sobrevivência digna.   

Série de reportagens sobre a Terra do Meio, publicada em quatro edições do Correio durante a semana, mostra como as políticas de preservação ambiental e respeito aos povos indígenas são uma luta inglória. Enquanto o Brasil oficial promove reuniões de cúpula, como a Rio 20 e a COP30, o Brasil real avança sobre reservas indígenas, aniquila a subsistência de etnias, dificulta a subsistência da população ribeirinha e põe em xeque o papel do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai.

O brilhante trabalho assinado por Cristina Ávila, repórter com mais de 45 anos de serviços prestados ao jornalismo, registra de forma crua como as melhores intenções firmadas por meio de acordos em gabinetes se reduzem a pó quando falta a execução de políticas públicas. O caso da Terra do Meio é cristalino. Localizada no sudoeste do Pará, a região se tornaria um projeto sustentável que preservaria 11 unidades de conservação e 15 Terras Indígenas (TI), em uma área maior do que o estado do Paraná. Atualmente é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Mas enfrenta uma infinidade de problemas.  

O acordo entre Brasil e União Europeia foi formalizado em 2012, com a liberação de 10,7 milhões de euros. Mas a iniciativa jamais saiu do papel. Testemunha da assinatura dos termos que serviriam de lastro para o projeto ambiental da Terra do Meio, Cristina Ávila retornou à imensidão amazônica paraense em cinco ocasiões, entre 2022 e 2025. Em duas dessas viagens, de forma totalmente independente, dirigiu seu Fiat Uno, batizado de "Niño". Na bagagem, alguns mantimentos e equipamentos básicos. No espírito, a determinação de retratar a urgência de impedir a destruição em curso na Amazônia. 

Prevista para se tornar um projeto ambiental bem-sucedido, a Terra do Meio tornou-se uma mostra das mazelas acumuladas na Amazônia. Os textos de Cristina Ávila relatam o avanço de invasores em Terras Indígenas, as constantes violências sofridas pelo povo Arara, o aumento do desmatamento na reserva Cachoeira Seca, as condições extremas enfrentadas pelos ribeirinhos. "A gente pisa em terra rica e está na extrema pobreza. Aqui ninguém tem a dignidade de um banheiro nem água potável pra beber", relata Chiquinha Lima, 43 anos, nascida e criada na Estação Ecológica da Terra do Meio.

Esse Brasil real, violento e destrutivo precisa ser contido pelas autoridades que têm compromisso com uma Amazônia próspera e sustentável. A 15 dias da COP30, o Brasil oficial precisa convencer o mundo da urgência de se tomarem medidas para interromper o câncer que avança na Amazônia por meio do crime organizado, do garimpo ilegal, da perpetuação da pobreza e da violência contra os povos indígenas. A Cúpula de Belém é uma oportunidade excepcional de dar mais visibilidade internacional às ações emergenciais que precisam ser tomadas na maior floresta tropical do mundo. Mas, como mostra a série de reportagens sobre a Terra do Meio, o Brasil também precisa implementar políticas públicas que atendam, principalmente, aqueles que não têm força política em Brasília e estão sob o jugo de lobby de poderosos ou da ação bruta do crime.

Opinião +

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/10/7278905-o-alerta-da-terra-do-meio.html

CARDEAIS: «O ar que ele respira é o do Concílio Vaticano II»

José Saraiva Martins com João Paulo II durante uma cerimônia de canonização. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, aliás, costuma ir cumprimentar o Papa após a cerimônia de canonização | 30Giorni.

CARDEAIS

Arquivo 30Dias nº 12 - 2003

«O ar que ele respira é o do Concílio Vaticano II»

Discurso do Presidente Emérito do Pontifício Conselho Justiça e Paz na apresentação da miscelânea dedicada ao Cardeal José Saraiva Martins por ocasião do seu septuagésimo aniversário.

pelo Cardeal Roger Etchegaray

Compor um volume de "miscelânea" ou "mestiçagem" em homenagem a uma personalidade é prerrogativa de um gênero literário muito particular que exige discernimento e manuseio delicado.

Por um lado, envolve inspirar e reunir estudos que, de perto ou de longe, entram no campo magnético do pensamento e da obra da pessoa a quem se deseja homenagear. Por isso, cada editor se esforça para extrair seu próprio "vinho verde " ou para tirar de sua garrafeira um pouco de "vinho do Porto" envelhecido de sua reserva pessoal. Infelizmente, as melhores miscelâneas, justamente por sua natureza, não são contadas entre as obras disponíveis para venda e, consequentemente, são muito pouco conhecidas: não conseguem transcender o círculo de especialistas, que as saboreiam, como uma bela garrafa, para revigorar seu trabalho.

Quanto à pessoa agraciada com tal produto, é certamente a primeira a apreciar seu sabor, mas creio que também deveria encontrar nele o sabor de um elogio antecipado, ou pelo menos reconhecê-lo como o ápice de uma vida inteira de estudos.

Mas voltemos ao precioso volume que temos em mãos.
O mérito desta miscelânea, que ilustra o lema do Cardeal José Saraiva Martins, "Veritas in caritate", é oferecer a este tipo de volume a oportunidade de dar os maiores frutos possíveis.

Na biografia que Monsenhor Claudio Jovine dedica ao cardeal, ele afirma: "Desde muito jovem, cultivou um amor particular, quase 'inato', pela teologia, e com apenas 26 anos iniciou uma brilhante e estimada carreira docente" (p. 17). Trinta anos de docência universitária... mas muito mais, porque, querida Eminência, mesmo em meio às suas responsabilidades em dois dicastérios, consultando sua bibliografia, o senhor nunca parou de escrever, escrevendo em todos os lugares, escrevendo sobre tudo, desfrutando hoje de uma espécie de ubiquidade literária que não ouso chamar de milagrosa para o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos... Não sei como o senhor consegue estar aberto a todos os tipos de temas, apesar da pressão de tantos candidatos à beatificação e à canonização que devem bater à sua porta todos os dias!

Os 29 signatários da miscelânea dividiram suas contribuições em três partes, mas noto que a primeira seção, mais especificamente teológica, é mais concisa do que as outras duas. Verdade seja dita, toda a obra, como um todo, traz a marca da reflexão eclesiológica, sacramental e escatológica.

Em sua "Laudatio", seu compatriota e colega professor universitário, o Patriarca de Lisboa José da Cruz Policarpo, nos diz que "o ar que ela respira é o espírito do Concílio Vaticano II" (p. 16). Arte maravilhosa, como a das torres de sua diocese natal, as torres da Catedral da Guarda, a mais alta de Portugal. É o que lhe permite enfrentar os desafios do mundo contemporâneo com a serena segurança de Cristo, que colocou para sempre a história sob o signo absoluto de sua gloriosa ressurreição.

Estudantes claretianos em Roma na década de 1950. O futuro cardeal Saraiva Martins é o segundo da esquerda na última fila | 30Giorni.

É por isso que, para inaugurar uma "nova era" de missão, aqui mesmo na Universidade Urbaniana, que continua sendo sua casa, o senhor organiza, desde 1977, um congresso internacional sobre "Evangelização e Cultura". Como poderia a sua alma não ser missionária, sendo filho de Portugal, desta pequena terra com grandes ambições de um Evangelho universal, sendo religioso daquela Congregação cujo fundador espanhol, Santo Antônio Maria Claret, tornou-se Arcebispo de Cuba?

A terceira parte da obra intitula-se "Santidade e Formação Sacerdotal na Igreja Hoje", unindo assim, através dos dois sucessivos cargos de dicastério do cardeal, a necessidade de santidade que tão particularmente interessa àqueles chamados ao ministério sacerdotal.

O Papa João Paulo II fez da Causa dos Santos a mais bela das causas da Igreja. Seu prefeito sabe disso muito bem, graças ao enorme trabalho confiado a este dicastério, que permitiu ao Papa beatificar 1.327 fiéis e canonizar 477, mais do que qualquer outro papa anterior, já que o Papa reservou tais proclamações para si. Não se trata de destacar um dos muitos registros de João Paulo II, mas, mais profundamente, de evocar o que o Concílio Vaticano II chamou de "o chamado universal à santidade".

Concluiria citando Georges Bernanos: "Para ser santo", diz ele, "qual bispo não daria seu anel, sua mitra, seu báculo; um cardeal, sua púrpura; um pontífice, sua batina branca, seus criados, seus santíssimos e todos os seus bens temporais? Quem não gostaria de ter a força para arriscar esta maravilhosa aventura? Porque a santidade é uma aventura, aliás, é a única aventura. Quem compreendeu isso uma vez, entrou no coração da fé católica." E, às vezes, desiludido, Bernanos acrescentava: "Mas quem se importa com os santos?"

Quem se importa com os santos? Obrigado, caro Cardeal, por nos lembrar disso esta noite com esta miscelânea, à qual também desejo boa sorte!

Fonte: https://www.30giorni.it/

A messe é grande e as pessoas trabalhadoras são poucas em Santo Agostinho

Santo Agostinho (Wikipedia)

A MESSE É GRANDE E AS PESSOAS TRABALHADORAS SÃO POUCAS EM SANTO AGOSTINHO

24/10/2025

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá  (PA)

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V fez a interpretação da Palavra de Deus do evangelista São Lucas na qual Jesus disse aos seus discípulos que é preciso pedir ao dono da messe para que envie mais pessoas para a messe, pois a messe é grande e as pessoas trabalhadoras são poucas (cfr. Lc 10, 2). Vejamos como foi a análise do Bispo de Hipona, Santo Agostinho em vista da atuação e oração pelas vocações.  

Os setenta e dois discípulos

O evangelista São Lucas acrescentou aos doze discípulos, outros setenta e dois discípulos onde Jesus os enviou dois a dois na messe já pronta, e, necessitada de pessoas na evangelização. A messe na qual é falada pelo Senhor, segundo Santo Agostinho seria o povo dos judeus1. O Senhor da messe enviou para ele os ceifeiros, enquanto para as gentes, para outros povos, Ele enviou os semeadores2. Como é que foi justificada a diferença? O fato era que a messe cresceu no povo dos judeus, dos quais dentre estes o Senhor escolheu os apóstolos. Nestes locais e terras já era madura a colheita na qual fora semeada, porque também os profetas haviam semeado e no tempo de Jesus pediu que se rezasse para o aumento de pessoas na messe.

O cultivo de Deus

Santo Agostinho afirmou que é bom contemplar o cultivo de Deus, alegrar-se pelos seus dons e trabalhar no seu campo4. Ele disse ainda que neste cultivo trabalhou o Apóstolo São Paulo que afirmou que ele tinha doado mais que todos os outros apóstolos, das quais as forças vinham do Dono da messe: o Senhor Jesus. Desta forma o apóstolo disse que não era ele, mas a graça de Deus que atuava nele (cfr. 1 Cor 15,10)5. O Bispo dizia que a diferença de Paulo e de Pedro era que o apóstolo Paulo fora enviado para os pagãos, sendo semeador, enquanto para o apóstolo Pedro seria enviado entre os judeus, circuncisos (cfr. At 15,7), sendo ceifador. 

A messe entre dois povos

A messe, o cultivo de Deus deu-se em dois momentos: uma já passada, e a outra futura. Se a passada foi com o povo dos judeus, a futura será dada entre os povos pagãos7. Na atualidade é preciso anunciar e viver a dimensão do Reino de Deus com pessoas disponíveis, vocacionadas, de modo que é preciso pedir mais pessoas à messe.  

Jesus enviou os seus discípulos afirmando a eles que não estariam isentos de perseguições ao afirmar que eles iriam como ovelhas em meio aos lobos (cfr. Lc 10,3). Santo Agostinho afirmou também o encontro de Jesus com a mulher samaritana, quando Ele disse para ela ser o Messias esperado por todas as pessoas. Ela disse que o Messias, o Cristo deveria chegar pois foi anunciado por Moisés e pelos profetas (cfr. Jo 4, 25-26). A messe estava bem presente em Moisés e os profetas como semeadores enquanto os apóstolos seriam os ceifadores8. A mulher acreditou nas palavras do Senhor de que Ele era o Messias e por isso ela deixou o balde perto do poço e foi anunciar ao seu povo que encontrou o Senhor. Se ela tinha a idéia da vinda de Cristo, no entanto ela acreditou na sua vinda porque ela o viu de modo que acreditou porque outras pessoas semearam antes pela vinda de Jesus Cristo9. Na verdade, trabalharam Abraão, Isaac, Jacó e os profetas semeando palavras e ações à vinda do Senhor, de modo que quando chegou o Senhor, a messe já estava madura, sendo necessitados de ceifeiros. 

O semeador é o Senhor

Jesus é o semeador, porque sem ele não é possível fazer nada (cfr. Jo 15,5). As sementes caíram em diversos terrenos como aquele ao longo do caminho, em meio às pedras, entre os espinhos e por fim na terra boa, de modo que é preciso acolher a Palavra de Deus para produzir ações boas que enalteçam o Senhor e o Reino de Deus (cfr. Mt 13,23)11. Todo o povo de Deus é chamado a semear, plantar, acolhendo docilmente a presença do Senhor para que de fato a messe tenha as pessoas operárias que trabalhem e fazem frutificar a vida pelo Reino de Deus. 

O desprendimento das coisas

Jesus recomendou aos discípulos o desprendimento de muitos bens para não levar sacola e outras coisas (cfr. Lc 10,4-6). A pessoa que anuncia o Senhor para outras pessoas é chamada a ser uma pessoa de paz para aquela casa, seus moradores (cfr. Lc 10,5). Se Jesus pede de seus discípulos o desprendimento é porque Ele quer que eles não caíam no orgulho, na soberba, na vaidade de que façam as coisas por atitudes individuais, mas sim por vida comunitária13. As pessoas missionárias eram chamadas à abertura do espírito, para que todos amem a missão e tenham vez e voz na vida comunitária, familiar e no Reino. Se o Senhor pediu fidelidade também no desprendimento para não saudar nenhuma pessoa ao longo do caminho, era porque a saudação comprometia um tempo precioso que deveria ser dado ao Evangelho, a boa nova da salvação, ao anuncio do Reino de Deus, da pessoa de Jesus Cristo (cfr. Lc 10,4). 

Os pregadores do Senhor

O Senhor desejou que os seus discípulos fossem os seus pregadores, anunciando a boa nova do Reino, a salvação. Eles eram chamados a pregar a paz e possuí-la pela presença do Senhor, não ficando apenas no discurso, mas porque a possuía em si, deveriam transmiti-la pelo contato com Jesus15. A paz na terra é amor, caridade entre as pessoas e os povos através da ação evangelizadora que cada pessoa cristã é chamada a fazer com alegria e com amor porque Jesus está com os seus discípulos, que os enviou, envia hoje em missão porque a messe é grande e os operários são poucos. Para isso o Senhor pede de toda a pessoa seguidora dele, a oração para que mais pessoas trabalhem na missão, no anúncio da paz, do Reino de Deus aqui e agora e um dia na eternidade. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: a regra suprema na Igreja é o amor; todos somos chamados a servir

Santa Missa, 26/10/2025 - Papa Leão XIV (Vatican Media)

O tema da sinodalidade esteve no centro da homilia do Papa Leão XIV na missa presidida na Basílica Vaticana: "A regra suprema na Igreja é o amor: ninguém é chamado a comandar, todos são chamados a servir; ninguém deve impor as próprias ideias, todos devemos ouvir-nos reciprocamente; ninguém é excluído, todos somos chamados a participar; ninguém possui toda a verdade, todos devemos procurá-la juntos e humildemente".

https://youtu.be/HStUctrQN-I

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa Leão presidiu à Santa Missa na Basílica de São Pedro na manhã deste domingo, 26 de outubro, por ocasião do Jubileu das equipes sinodais e dos órgãos de participação.

Ao celebrar este evento, afirmou o Pontífice, "somos convidados a contemplar e redescobrir o mistério da Igreja, que não é uma simples instituição religiosa nem se identifica com as hierarquias e as suas estruturas. Pelo contrário, a Igreja, como nos recordou o Concílio Vaticano II, é o sinal visível da união entre Deus e a humanidade".

Missa na Basílica Vaticana para os participantes das equipes sinodais   (@Vatican Media)

 A regra suprema na Igreja é o amor

Observando o mistério da comunhão eclesial, acrescentou, é possível compreender também o significado das equipes sinodais e dos órgãos de participação, pois expressam o que acontece na Igreja, onde as relações não respondem à lógica do poder, mas à do amor. A primeira é lógica “mundana” – para recordar uma advertência constante do Papa Francisco –, enquanto na Comunidade cristã, o primado diz respeito à vida espiritual.

“A regra suprema na Igreja é o amor: ninguém é chamado a comandar, todos são chamados a servir; ninguém deve impor as próprias ideias, todos devemos ouvir-nos reciprocamente; ninguém é excluído, todos somos chamados a participar; ninguém possui toda a verdade, todos devemos procurá-la juntos e humildemente.”

Citando a expressão "caminhar juntos", muitas vezes usada pelo Papa Francisco, o Santo Padre comentou o Evangelho do dia, em que um fariseu e um publicano sobem ao Templo para rezar. "Ambos percorrem o mesmo caminho, mas não caminham juntos; ambos se encontram no Templo, mas um ocupa o primeiro lugar e o outro fica em último; ambos rezam ao Pai, mas sem serem irmãos e nada partilhando."

Isso acontece sobretudo por causa da atitude do fariseu. A sua oração, aparentemente dirigida a Deus, é somente um espelho no qual ele se olha, se justifica e se elogia. Ele está obcecado pelo seu próprio eu e, dessa forma, acaba por andar em torno de si mesmo, sem ter uma relação nem com Deus nem com os outros.

O momento do ofertório   (@VATICAN MEDIA)

Combater as oposições ideológicas e polarizações prejudiciais

O mesmo também pode ocorrer na comunidade cristã, advertiu o Papa. Acontece quando o “eu” prevalece sobre o “nós”, gerando personalismos que impedem relações autênticas e fraternas; quando a pretensão de ser melhor do que os outros, como faz o fariseu com o publicano, cria divisão e transforma a Comunidade num lugar de julgamento e exclusão; quando se aproveita da própria função para exercer poder e ocupar espaços.

Ao contrário, é para o publicano que devemos olhar. Com a sua mesma humildade, também na Igreja todos devemos reconhecer-nos necessitados de Deus e uns dos outros, exercitando-nos no amor mútuo, na escuta recíproca, na alegria de caminhar juntos.

“As equipes sinodais e os órgãos de participação são imagem desta Igreja que vive na comunhão. E hoje gostaria de exortar: na escuta do Espírito, no diálogo, na fraternidade e na parrésia, ajudem-nos a compreender que, na Igreja, antes de qualquer diferença, somos chamados a caminhar juntos em busca de Deus, para nos revestirmos dos sentimentos de Cristo; ajudem-nos a ampliar o espaço eclesial para que se torne colegial e acolhedor.”

Essa atitude ajudar-nos-á a viver com confiança e com um novo ânimo as tensões que atravessam a vida da Igreja – entre unidade e diversidade, tradição e novidade, autoridade e participação –, deixando que o Espírito as transforme, para que não se tornem oposições ideológicas e polarizações prejudiciais. Não se trata de resolvê-las reduzindo uma à outra, mas de deixar que o Espírito as fecunde, para que sejam harmonizadas e orientadas para um discernimento comum.

A bênção final   (@VATICAN MEDIA)

Juntos procuremos a verdade

"Ser Igreja sinodal significa reconhecer que não se possui a verdade, mas que juntos a procuramos, deixando-nos guiar por um coração inquieto e enamorado do Amor", disse ainda o Santo Padre, que prosseguiu:

"Caríssimos, devemos sonhar e construir uma Igreja humilde. Uma Igreja que não se mantém de pé como o fariseu, triunfante e cheia de si mesma, mas que se abaixa para lavar os pés da humanidade. (...) Comprometamo-nos a construir uma Igreja totalmente sinodal, totalmente ministerial, totalmente atraída por Cristo e, portanto, voltada para o serviço ao mundo."

O Papa Leão concluiu invocando a intercessão da Virgem Maria sobre a Igreja espalhada pelo mundo e pedindo ao Senhor que nos conceda a graça de estar enraizados no amor de Deus "para vivermos em comunhão uns com os outros. E sermos, como Igreja, testemunhas de unidade e amor".

A oração do Papa diante de Nossa Senhora   (@VATICAN MEDIA)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Milagre que aconteceu no Brasil levará amigo de Dom Bosco à canonização

Beato José Allamano | Agata Stele / ALETEIA

Ricardo Sanches - publicado em 06/10/23

O milagre atribuído ao Beato José Allamano envolveu a cura de um indígena e foi reconhecido pelo Vaticano.

Os Missionários e Missionárias da Consolata estão em festa, assim como a Diocese de Roraima, no Brasil. No dia 13 de setembro de 2023, todos souberam que um milagre atribuído à intercessão do Beato José Allamano (fundador da Consolata), foi reconhecido pelo Vaticano. Como resultado, ele deverá ser canonizado em breve.  

O milagre em questão ocorreu na diocese de Roraima e envolveu a cura do indígena Sorino Yanomami.

"Gratidão ao Beato José Allamano pela intercessão, pelo carinho com que nos acompanha e, sobretudo, gratidão a todos vocês. Sabendo que este é o dia que o Senhor fez para nós, doado à nossa igreja de Roraima e à igreja católica como um todo, mais um santo, mais um irmão que foi reconhecido", afirmou o padre Lúcio Nicoletto, Vigário Geral da diocese de Roraima, ao saber que o milagre havia sido reconhecido.

O milagre

O site da diocese de Roraima, lembra que, em 1996, Sorino, de 40 anos, foi atacado por uma onça e teve graves ferimentos no cérebro. Ele foi socorrido por enfermeiras que faziam parte da congregação da Consolata.

Uma das enfermeiras notou que Sorino estava com uma parte do cérebro para fora da cabeça. Após os primeiros socorros, ela pediu um avião para levá-lo ao hospital.

Os médicos disseram que as chances de sobrevivência do Yanomami eram muito baixas. Foi aí que os missionários e as missionárias que acompanhavam o caso pediram a intercessão do Bem-aventurado José Allamano, acreditando que apenas um milagre poderia salvar a vida daquele homem.

E o milagre aconteceu! Sorino Yanomami recuperou-se completamente das graves lesões e, pouco tempo depois, conseguiu levar uma vida normal em sua comunidade em Catrimani, na Terra Indígena Yanomami.

Tal milagre, finalmente reconhecido pela Igreja, é apenas um dos muitos casos extraordinários atribuídos à intercessão do Bem-aventurado José Allamano.

Quem foi José Allamano

José Allamano nasceu em Castelnuovo d'Asti, Itália, em 21 de janeiro de 1851. Durante a juventude, frequentou o Oratório de São João Bosco. No final dos estudos, sentiu-se chamado ao sacerdócio diocesano e, com apenas 29 anos, tornou-se reitor da Basílica da Consolata, em Turim. Em 1926 fundou duas Congregações dos Missionários da Consolata, uma para homens e outra para mulheres, sacerdotes e leigos que trabalhavam principalmente na África.

Ao longo de sua vida, permaneceu próximo de seu amigo Dom Bosco. Faleceu em Turim, em 16 de fevereiro de 1926. Seu corpo está preservado na Casa Mãe dos Missionários da Consolata, em Turim. Após o reconhecimento de um milagre devido à sua intercessão, foi beatificado por João Paulo II em 1990. O reconhecimento deste segundo milagre o levará à canonização.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/10/06/milagre-que-aconteceu-no-brasil-levara-amigo-de-dom-bosco-a-canonizacao/

domingo, 26 de outubro de 2025

Angelus: não seremos salvos ostentanto méritos, mas pedindo perdão pelos pecados

Angelus, 26/10/2025 - Papa Leão XIV (Vatican Media)

"Não tenhamos medo de reconhecer os nossos erros, de os expor, assumindo a responsabilidade por eles e confiando-os à misericórdia de Deus", foi a exortação do Papa no Angelus dominical, ao comentar o Evangelho do dia.

https://youtu.be/X_BvQUILUYE

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

 Após a celebração da missa na Basílica Vaticana, o Papa rezou o Angelus da janela de seu escritório com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro.  Antes de oração mariana, comentou o Evangelho deste 30º Domingo do Tempo Comum (cf. Lc 18, 9-14), que apresenta dois personagens que rezam no Templo, um fariseu e um publicano.

Ouça a reportagem completa com a voz do Papa Leão

O primeiro ostenta uma longa lista de méritos. As boas obras que realiza são muitas e, por isso, considera-se melhor do que os outros, a quem julga com desdém. A sua atitude é claramente presunçosa: observa rigorosamente a Lei, mas é pobre em amor e misericórdia.

O publicano também reza, mas de forma diferente. Há muito nele a ser perdoado, pois é um cobrador de impostos ao serviço do Império Romano. No entanto, no final da parábola, Jesus diz que, entre os dois, é ele quem volta para casa “justificado”, ou seja, perdoado e renovado pelo encontro com Deus. 

A multidão na Praça São Pedro para o Angelus dominical   (@VATICAN MEDIA)

Não tenhamos medo de reconhecer nossos erros!

O Papa Leão explicou que isso acontece, em primeiro lugar, porque o publicano tem a coragem e a humildade de se apresentar diante de Deus não obstante os olhares severos e os julgamentos mordazes. Coloca-se diante do Senhor, pronunciando poucas palavras: "Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador".

“Assim, Jesus transmite-nos uma mensagem poderosa: não é ostentando os nossos méritos que nos salvamos, nem escondendo os nossos erros, mas apresentando-nos tal como somos, honestamente, diante de Deus, de nós mesmos e dos outros, pedindo perdão e confiando na graça do Senhor.”

A exortação do Pontífice é para que façamos o mesmo: "Não tenhamos medo de reconhecer os nossos erros, de os expor, assumindo a responsabilidade por eles e confiando-os à misericórdia de Deus. Deste modo, poderá crescer, em nós e à nossa volta, o seu Reino, que não pertence aos soberbos, mas aos humildes. (...) Peçamos a Maria, modelo de santidade, que nos ajude a crescer nessas virtudes".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

Depressão: O que faz a vida parecer tão sem sentido?

By Alexandr23/Shutterstock

Aleteia Brasil - publicado em 20/09/19 - atualizado em 24/10/25

Muitos de nós consideramos a depressão um tempo sombrio, uma página vergonhosa de nossa história, uma doença que aleija a alma.

O que faz a vida parecer tão frequentemente sem sentido a uma pessoa?” Esta é uma pergunta que você já pode ter se feito durante algum tempo, ou que esteja se fazendo agora. O que para os pássaros é a muda – época em que trocam de plumagem, os tempos difíceis –, a depressão é para os seres humanos.

Uma visão diferenciada

Talvez tenhamos um conceito muito negativo desta que se tornou a doença dos últimos tempos. Por isso, gostaria de propor-lhes uma visão diferenciada, um outro modo de encarar o que para nós possa ser sinônimo apenas de fracasso. Acredito que muitos frutos podem ser colhidos nesse tempo; lembro-me agora de algumas frutas próprias do inverno e de como alegram os dias chuvosos e sombrios. Passada essa época, permanece a lembrança, não das chuvas e do frio, mas dos frutos da estação.

Porém, antes de falarmos mais sobre este assunto, é imprescindível estabelecer a diferença entre a depressão de caráter endógeno e a depressão decorrente de lutas e angústias, que também podemos chamar de psico-espiritual. Esta definição é necessária, pois o nosso objetivo é tratar apenas desta.

Depressão endógena X Depressão psico-espiritual

As depressões endógenas podem ser desencadeadas por um fator psicológico, mas são condicionadas bioquimicamente e até hereditariamente alicerçadas. Nesse caso, é preciso uma farmacoterapia adequada e acompanhamento médico. Pode acontecer, inclusive, que esse tipo de depressão não esteja vinculado a nenhuma crise pessoal ou estressor social. Por exemplo, uma pessoa depressiva que traz em sua história familiar a depressão em gerações anteriores, ou que apresenta um déficit de serotonina, quando está livre da crise, consegue dedicar-se ao seu sentido de vida. Mas existem também os casos em que os dois tipos de depressão vêm juntos.

Vejamos agora o que é a depressão psico-espiritual, que tem acometido tantas pessoas, independentemente de faixa etária, nível socioeconômico, profissional e religioso. Segundo Victor Frankl, psicoterapeuta existencialista, essa depressão é causada por um vazio existencial, decorrente de uma falta de sentido de vida, podendo ser encontrado por trás de uma vida profissional excessiva, no refúgio de uma atividade desportiva, na fuga para o mundo dos romances ou televisão, nos fenômenos psicológicos de massa, no decaimento psicofísico dos aposentados, na necessidade de nunca se deixar descansar ou na febre de novas ações e novas experiências.

Esse vazio não chega a ser uma enfermidade, salvo quando acompanhado por sintomas na dimensão psicofísica, mas provoca um quadro depressivo – apatia, desânimo generalizado, desinteresse por tudo ao redor, podendo causar inclusive o suicídio –; adição – desespero frente ao tempo, corre-se atrás de um relógio, sem nunca parar, com receio de enfrentar seu próprio vazio –; e agressividade – pode ser explícita, como a que vemos tomar as manchetes de jornais de todo o mundo, e implícita, presente nos relacionamentos, nas discussões no trânsito etc.).

O Inverno e os frutos

Pronto! agora que você já sabe do que se trata a depressão, podemos voltar a falar de um assunto mais interessante: do inverno e dos frutos, dos pássaros e suas plumagens… Você já havia pensado na depressão como algo assim? Olhando-a desta maneira, não nos parece tão terrível, não é mesmo?!

Muitos de nós consideramos a depressão um tempo sombrio, uma página vergonhosa de nossa história, uma doença que aleija a alma. Difícil considerá-la um tempo de crescimento, de maturidade, de transformação… Será por causa da pergunta que se faz? Aquela acerca do sentido da vida? Afinal, reconhecer-se confuso, admitir que o mundo não lhe satisfaz, que a felicidade é simples, que o trabalho não lhe preenche, não é lá muito fácil! É preferível não mexer nisso, vestir o luto e ver no que vai dar. Sim ou não?! Não.

Vejamos o porquê: a depressão enquanto condição humana, se bem orientada, deve conduzir o ser humano à tomada de consciência da sua própria vida e do seu sentido último (nada de fugir de si mesmo!). Quando isso acontece, estamos falando de maturidade espiritual, uma vez que é reconhecida a necessidade de orientar-se para Alguém que o transcende – para quem fomos criados, para uma missão a realizar e/ou uma pessoa a conhecer e amar. Isso é próprio do ser humano, é uma lei inscrita em seu coração, não dá para negar esta verdade. Temos desejo de Deus.

Consideremos, então, a depressão uma prova que o Senhor nos envia. Não são todos os que o Senhor decide provar desta maneira, mas, permito-me dizer, que os escolhidos por Ele são dotados de muita coragem, pois a crise consiste em admitir que se está vazio e que é preciso encher-se; que se tem sede e precisa-se de água, e para isso é preciso romper com muitas coisas, como fez a samaritana. “Deus tem sede que tenhamos sede dele”, já dizia Santo Agostinho.

O motivo está dentro

Se conseguirmos entender a depressão desta forma, aceitaremos este meio que o Senhor escolheu para nos amar, e todo o vazio será ocupado por Sua presença que se encarregará de dar sentido à nossa vida. Mas, se buscamos um motivo fora de nós para tamanha tristeza e melancolia, muito pouco Deus poderá fazer por nós, uma vez que nos recusamos aceitar que temos sede Dele. Termino com uma citação de Santa Teresinha, intercedendo a Deus por você, que passa hoje por esta dor. Não esqueça: Ele não nos prova acima de nossas forças.

“É preciso que Deus nos ame com um amor todo particular para provar-nos desta maneira. Não percamos a provação que o Senhor nos envia, ela é uma mina de ouro a ser explorada, será que vamos perder a ocasião?”

Fonte: https://pt.aleteia.org/2019/09/20/depressao-o-que-faz-a-vida-parecer-tao-sem-sentido/

MEMÓRIAS: O Jesuíta do Cinema

Padre Angelo Arpa | 30Giorni.

MEMÓRIAS

Arquivo 30Dias nº 12 - 2003

O Jesuíta do Cinema

Padre Angelo Arpa. Interessado por tudo e por todos, revelava, em suas conversas e escritos, um espírito livre que nunca o colocava em contradição com o hábito que vestia.

por Gian Luigi Rondi

O cinema, mas também a cultura, devem muito ao Padre Angelo Arpa, o padre jesuíta que morreu recentemente aos 94 anos.

Conheci-o na década de 1950, quando lecionava cursos de cinema para estudantes eclesiásticos na Universidade Gregoriana, continuando-os com exibições e debates no escolasticado jesuíta da Piazza del Gesù. Culto, profundo e interessado por tudo e por todos, revelava, nas suas conversas e escritos, um espírito livre que nunca o colocava em conflito com os hábitos que usava ou com as regras que lhe foram dadas pela Companhia de Jesus, à qual ingressara aos vinte anos.

Viveu e trabalhou em Génova, onde lecionou filosofia no Instituto Arecco e onde foi um dos primeiros a apoiar e promover a experiência do cineclube iniciada em Roma pelo padre dominicano Morlion, e que eu, como presidente, continuei durante esse mesmo período. De 1960 a 1965, vi-o organizar um festival na Ligúria inteiramente dedicado ao cinema latino-americano, o primeiro do género em Itália. Logo em seguida, deu continuidade a uma de suas principais iniciativas, a criação da Fundação Columbianum, por meio da qual, além de continuar a abordar as questões culturais e sociais da América Latina, estendeu seu escopo à África, que descreveu como "abandonada em vergonhoso abandono".

Enquanto isso, porém, meu irmão Brunello, que, como eu, o admirava e respeitava, teve a oportunidade de apresentá-lo a Federico Fellini, com cuja obra ele colaborava. A partir daquele dia, em 1954, desenvolveu-se entre ele e Fellini um vínculo, rompido apenas com a morte deste. Um vínculo, aliás, que logo confirmou o quanto o cinema, e especialmente o de Fellini, devia ao Padre Arpa. Muito já se sabe sobre essa relação, especialmente dadas as circunstâncias que levaram o Padre Arpa a defender Fellini e seus filmes, mesmo quando muitos se opunham a eles. Ele era muito respeitado pelo Cardeal Siri, então Arcebispo de Gênova e Presidente da Conferência Episcopal Italiana, e não hesitou em recorrer a ele em diversas ocasiões para apoiar um autor de quem não só se tornara amigo, mas a quem muito respeitava. A primeira vez foi em 1957, com Noites de Cabíria , que também foi alvo de críticas em muitos círculos católicos. Após uma exibição muito reservada no palácio do arcebispo, o cardeal tranquilizou o Padre Arpa, que, por sua vez, tranquilizou Fellini, e depois disso tudo correu bem.

Padre Angelo Arpa retratado em uma charge de Federico Fellini | 30Giorni.

Uma tarefa mais difícil veio três anos depois, quando Fellini, com La Dolce Vita , se viu no olho do furacão, criticado pelo Osservatore Romano e atacado pela direita. Desta vez, também, o Cardeal Siri defendeu o filme, e alguns escritores jesuítas (Padre Nazzareno Taddei em Letture ) ofereceram elogios ponderados e ponderados, mas levou tempo para que o clamor e as muitas reservas oficiais diminuíssem. Leia o contexto desse episódio no último livro do Padre Arpa, publicado em 1996, L'arpa di Fellini . Junto com outros tópicos ("Fellini, a Pessoa e o Caráter", "Sexo e Sexualidade em Fellini"), há um capítulo intitulado "La Dolce Vita: Crônica de uma Paixão", que o Padre Arpa, com secreta ironia, subintitulou "O Pandemônio Político, Religioso e Cultural que a Criatura de Fellini Desencadeou em Roma nos Anos 60". Muitos mal-entendidos serão esclarecidos.

Além disso, há muitos livros do Padre Arpa que deveriam ser lidos por todos, especialmente agora que a Europa está sendo discutida com tanta intensidade: Papas e o Papado no Terceiro Milênio da Era Cristã, por exemplo; e também o Projeto Europa ( um projeto filosófico operacional sobre a história da Europa cultural ). Antes de sua morte, em 27 de março deste ano, o Padre Arpa doou todos os direitos desses livros à Fundação Inter-regional Europa e Comunidade Mundial, que ele havia desejado intensamente e posteriormente alimentado com ideias sempre novas.

Devemos a essa Fundação o fato de toda a sua trajetória cultural e operacional ter sido publicada, desde seus primeiros dias até seu trabalho consistentemente frutífero, mesmo em seus últimos anos. O texto, para o qual muitos de seus admiradores e amigos contribuíram, será intitulado alegoricamente " Eu Sou Minha Invenção" e também conterá numerosos testemunhos confiáveis ​​de figuras próximas a ele, mesmo que apenas em teoria. Li aquele escrito em Jerusalém pelo Cardeal Martini. Ela resume perfeitamente os mesmos sentimentos que aqueles de nós que tivemos a providencial sorte de ser amigos do Padre Arpa, o jesuíta do cinema, ainda sentimos.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Charles de Foucauld: A Missão no Deserto de Hoje (Parte 2/2)

O deserto de Tamanrasset na Argélia | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 01/02 - 2005

Charles de Foucauld: A Missão no Deserto de Hoje

Entrevista com o Cardeal Walter Kasper sobre o cristão que, sozinho, no início do século XX, construiu tabernáculos para "transportar" Jesus para o deserto argelino.

por Gianni Valente

Os chamados à missão estão longe de ser raros. No entanto, muitas vezes soam abstratos, se não mesmo exaustivos.
KASPER: Nós, cristãos, também somos filhos do nosso tempo; queremos planejar, fazer, organizar, monitorar resultados... Charles de Foucauld sugere uma abordagem diferente: imitar e viver a vida de Jesus em Nazaré. Pode-se perguntar: Jesus, trinta anos de vida oculta em Nazaré, dos trinta e três, será que isso foi uma perda de tempo? Na realidade, a própria realidade cotidiana, a realidade ordinária, é o verdadeiro espaço público onde se manifesta o dom da vida cristã. A esse respeito, podemos recordar uma passagem importante da constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium , no parágrafo 31, onde o Concílio fala da missão dos leigos e diz que os leigos são fiéis que vivem no mundo, isto é, em condições ordinárias como o trabalho e outras atividades cotidianas. "Ali, nas condições ordinárias de sua vida cotidiana, eles tornam Cristo visível com o esplendor da fé, da esperança e da caridade." Às vezes, temos a ideia equivocada de que, para ser um leigo engajado na missão, é preciso ser um funcionário da Igreja, participando o máximo possível das funções do padre, tornando-se ativamente visível na liturgia, e assim por diante. Mas o mais importante é viver o Evangelho na vida cotidiana, na oração, na caridade, na paciência, no sofrimento, ser irmão de todos e estar convencido – como diz São Paulo – de que a própria Palavra de Deus, se acolhida e vivida por nós, é penetrante e convincente.

Muitos reconhecem que os cristãos se tornaram uma minoria. Mas dizem que, precisamente por isso, precisamos nos ocupar, ser criativos e revitalizar nosso trabalho. Essa abordagem o convence
? KASPER: Sim e não. Sim, se os cristãos despertarem, tomando consciência de sua condição, dos novos desafios e de sua missão. Não podemos nos contentar com o status quo e continuar como se nada tivesse acontecido. Isso é especialmente verdadeiro para a Europa Ocidental, que está passando por uma profunda crise de identidade, enquanto antes era claramente marcada pelo cristianismo. A Europa deve despertar de sua indiferença, que é uma falsa tolerância. Mas, por outro lado, existe o risco de nos comportarmos como propagandistas de uma minoria ou de um lobby sectário. Nesse sentido, não.ao fanatismo militante que encontramos em muitas seitas antigas e novas, que se tornaram um novo desafio em todo o mundo hoje. Especialmente desde o Concílio Vaticano II, é necessária uma abordagem baseada no diálogo, isto é, uma atitude de respeito mesmo para com aqueles que são considerados distantes, que talvez mantenham um vínculo tênue, mas duradouro, com a Igreja, e uma atitude de respeito para com a cultura moderna, cuja legítima autonomia é reconhecida pelo próprio Concílio. Não queremos e não podemos impor a fé, que por sua própria natureza não pode ser imposta; queremos — como afirma o Concílio Vaticano II na constituição pastoral Gaudium et Spes , parágrafo 1 — compartilhar as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias da humanidade, especialmente dos pobres e de todos aqueles que sofrem, e, por meio dessa vida de partilha, dar testemunho da nossa fé.

Charles de Foucauld me pareceu interessante como modelo para realizar a missão do cristão e da Igreja não apenas no deserto de Tamanrasset, mas também no deserto do mundo moderno: a missão através da simples presença cristã, na oração com Deus e na amizade com os homens.

E de Foucauld tem algo a ver com isso?
KASPER: Essa atitude era típica de Charles de Foucauld. Basta pensar em sua amizade com os tuaregues, especialmente com seu líder Musa ag Amastan. Ele não fez nada para convencer ou proselitismo. O máximo que pôde fazer foi tornar o próprio Cristo acessível, carregando o tabernáculo para o deserto. Mas ele não elaborou estratégias elaboradas. Ele simplesmente viveu sua vida de oração e trabalho. Somente após sua morte ele encontrou seguidores, seguidores que hoje vivem entre os mais pobres, compartilhando suas experiências cotidianas.

Recentemente, em discussões sobre as raízes cristãs da Europa, até mesmo alguns pensadores seculares criticaram a Igreja por sua timidez em defender e propor verdades e valores. Como o senhor vê essas acusações? E o que diria de Foucauld?
KASPER: A acusação frequentemente feita contra a Igreja como um todo é certamente infundada; o Papa e muitos episcopados europeus se manifestaram clara e energicamente em favor da identidade cristã na Europa. Mas, ao mesmo tempo, é verdade que em algumas áreas e círculos dentro da Igreja existe uma certa timidez e fraqueza na defesa e na proposição da verdade e dos valores cristãos. Essa atitude muitas vezes decorre de uma fé frágil que perdeu suas certezas, sua determinação, que confunde tolerância com indiferença. Charles de Foucauld não declamava grandes slogans: seu comportamento nasceu de uma convicção completamente diferente. Ele começou com uma fé sólida e vivida, que em si mesma, mesmo sem grandes palavras, era um testemunho forte e corajoso, porém humilde, da mensagem cristã e de seus valores. Sem pretensões de propriedade, sem atitudes desafiadoras. No final de 1910, ele escreveu: "Jesus basta. Onde Ele está, nada falta. Quem nele confia é forte em sua força invencível." Tal testemunho pode levar outros à reflexão, a questionar, pode inspirar admiração e, se Deus nos conceder a graça, até mesmo o desejo de compartilhar esta vida de acordo com os valores cristãos. De fato, nossa defesa da identidade cristã da Europa só será convincente se vivermos os valores que defendemos. Não são as palavras, é a vida que convence. Seu mestre espiritual, o Padre Henri Huvelin, escreveu a de Foucauld em uma carta datada de 18 de julho de 1899: "Fazemos o bem com o que somos, muito mais do que com o que dizemos... Fazemos o bem quando pertencemos a Deus, pertencemos a Ele!" E quando isso acontece, não há necessidade de inventar mais nada. Basta "ficar onde está, deixar que as graças de Deus penetrem, cresçam e se consolidem em sua alma, e defender-se da agitação".

Até mesmo pedidos de perdão por pecados passados ​​foram vistos por alguns como uma expressão de fraqueza. O que o senhor diz sobre isso, à luz de de Foucauld?
KASPER: Charles de Foucauld estava certo em pedir perdão por sua vida desperdiçada antes de sua conversão. Ele nos mostra que um novo começo é sempre possível, pela graça divina. Nós também iniciamos cada celebração eucarística com um ato de penitência; isso seria completamente impensável em um comício político, uma reunião empresarial ou qualquer outra associação. Ao fazê-lo, expressamos nossa fraqueza, que é um ato de sinceridade, mas ao mesmo tempo manifestamos a força da mensagem cristã de misericórdia e perdão, isto é, a possibilidade de que Deus pode trazer mudança e dar um novo começo até mesmo a uma história humanamente sem esperança e sem saída. De Foucauld escreve em uma de suas meditações: "Não há pecador tão grande, nenhum criminoso tão endurecido, a quem não ofereçais em voz alta o Paraíso, como o destes ao bom ladrão, pelo preço de um momento de boa vontade." Pedir perdão, portanto, não é uma fraqueza, mas uma força; É a expressão de uma esperança que não esquece, nega ou renega o passado e, ao mesmo tempo, não se sente acorrentada a ele e pode olhar para o futuro. Pedir perdão é uma expressão da liberdade cristã, uma liberdade que conhecemos em Cristo. Pedir perdão não é um ato politicamente correto, mas está enraizado na natureza da Igreja e na sua mensagem.

De Foucauld com alguns tuaregues no deserto de Tamanrasset | 30Giorni.

O que os tuaregues da Argélia têm em comum conosco, moradores urbanos?
KASPER: De Foucauld leva Jesus Cristo "àqueles que não o buscam". Não é errado dizer que, em alguns aspectos, a situação dos tuaregues da Argélia é semelhante à de nossos contemporâneos urbanos, ou seja, à nossa própria situação, mesmo que exteriormente a diferença seja marcante; para eles é a pobreza material, para nós é a pobreza espiritual. O deserto é certamente diferente. Mas o ponto em comum é que nem eles nem nós estamos verdadeiramente "em casa" em lugar nenhum; estamos em movimento, somos nômades. Também compartilhamos uma certa letargia. Muitas vezes vagamos sem um destino claro ou uma esperança sólida. Somos, portanto, um povo entre o qual a pregação do Evangelho e a conversão são difíceis. Nessa situação, Charles de Foucauld nos oferece uma resposta profética, mas também exigente, em última análise, a única resposta possível: uma vida evangélica que manifeste a alternativa profética do Evangelho, tornando-a interessante e atraente novamente. Assim, Charles de Foucauld é uma figura luminosa e pode ser também um contrapeso válido ao perigo do aburguesamento e de uma banalização tediosa da Igreja.

Para de Foucauld, os pobres são os destinatários preferenciais da promessa de Cristo. O senhor não acha que a percepção da predileção pelos pobres se dissipou?
KASPER: Segundo Jesus, os pobres e os pequenos são os prediletos de Deus e os destinatários preferenciais da sua evangelização. São Paulo também nos diz que nas comunidades primitivas havia poucos ricos, poucos sábios, poucos poderosos e poucos nobres. O Concílio Vaticano II redescobriu e reafirmou este aspecto; depois do Concílio, falou-se muito da opção preferencial pelos pobres. A Teologia da Libertação inspirou-se nesta mensagem, mas por vezes explorou-a para fins ideológicos; ao fazê-lo, tornou-se ambígua. Isto não significa, contudo, que a mensagem já não seja válida e atual. Pelo contrário. A vasta maioria da humanidade vive atualmente abaixo da linha da pobreza, especialmente na África, onde Charles de Foucauld viveu entre os pobres. Esperamos, portanto, que sua beatificação reafirme, num sentido completamente não ideológico, a urgência de enfrentar o desafio da pobreza, tanto material quanto espiritual, e nos mostre a resposta evangélica, que ele viveu de forma exemplar, que o mundo de hoje deve oferecer.

Fonte: https://www.30giorni.it/

“Não temas, pequeno rebanho”. Evangelizar em uma época de mudanças (1) (Parte 3/3)

Combate, proximidade e missão (Opus Dei)

“Não temas, pequeno rebanho”. Evangelizar em uma época de mudanças (1)

É hora de mudar o olhar, de passar da nostalgia à audácia, de uma fé em posição defensiva a uma fé que propõe com confiança uma visão do mundo e da vida.

23/10/2025

Uma fé que procura mil modos de ser anunciada

E então? Então é a hora de ter outro olhar, de passar da nostalgia à audácia, de uma fé defensiva a uma fé que propõe com confiança uma visão do mundo e da vida. Diante deste mundo tão prometedor, mas aparentemente cheio de gigantes – tecnológicos, financeiros, culturais, mediáticos – somos chamados a confiar em Deus e a tomar uma decisão. Podemos idealizar com nostalgia os “bons tempos passados”: é tão fácil pensar, agora, que antes tudo era mais fácil... No entanto, além de que não era bem assim, nem sequer em toda parte, tal olhar bloqueia o apóstolo que observa com apreensão este mundo pós-cristão, e espera que melhore sozinho. A confiança em Deus, pelo contrário, leva-nos a olhar à frente e a enfrentar com assombro juvenil um mundo que tem às vezes muito mais de pré-cristão, porque deve descobrir, quase outra vez, a novidade de Cristo.

“Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol?” (Ct. 6, 10). Nesta passagem bíblica, São Gregório Magno descobre a Igreja como o verdadeiro amanhecer do mundo, embora este amanhecer esteja a caminho até o final dos tempos. O novo dia não está atrás de nós, e sim na frente: “Nós, que nesta vida vamos seguindo a verdade somos como o alvorecer ou o amanhecer, porque já atuamos em parte segundo a luz, mas, em parte conservamos também restos de trevas (...). A santa Igreja dos eleitos será pleno dia quando já não tiver mistura alguma da sombra do pecado”[8].

Este olhar, que não é simplesmente um bonito ponto de vista, permite que nos enchamos de esperança e aceitemos o desafio que São João Paulo II lançou-nos quando começou a falar de uma “nova evangelização”[9]: uma renovada ação apostólica que requer cada vez mais iniciativa e criatividade pessoal. Se é verdade que hoje a Igreja já não pode contar com o vento a favor da cultura dominante, do “espírito dos tempos”, continua tendo, no entanto, um vento muito mais poderoso, o Espírito da verdade que, também nesta nova era de missão apostólica nos ensinará e nos recordará tudo (cfr. Jo 14, 26), para que possamos levar a todas as partes a vitalidade renovadora do Evangelho.

Hoje podemos reconhecer novamente em nossa própria pele – por nossa fragilidade, tanto numérica como pessoal – essa experiência de São Paulo: “Levamos um tesouro em vasos de barro” (2 Cor 4, 7). E talvez, precisamente agora, neste tempo que nos põe à prova, Deus nos convide a uma atitude mais missionária, criativa, pessoal, como a dos apóstolos e dos primeiros discípulos. Com uma fé que não se limita a defender-se, mas que procura mil modos de ser anunciada. “Impelidos pela força da esperança, (...) redescobriremos o mundo numa perspectiva feliz, porque o mundo saiu belo e limpo das mãos de Deus, e é assim, com essa beleza, que o havemos de restituir a Ele”[10].

“Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12, 32). Assim confortava Jesus o pequeno grupo de discípulos desorientados e cheios de dúvidas que o rodeava. E Ele o repete hoje a nós. Quando a fé é viva, é contagiosa. E essa vitalidade a torna perdurável. Os primeiros cristãos não tinham poder, nem estruturas, nem números. No entanto, um a um, com o fogo de Cristo que levavam no coração[11], transformaram o coração de muitos. Nós, cristãos de hoje, somos chamados a viver mais uma vez a parábola de Jesus que também descreve a Igreja das primeiras gerações: o levedo é pouco, mas fermenta toda a massa (cfr. Mt 13, 33).


[8] São Gregório Magno, Tratados morais sobre Jó 29, 2-4 (PL 76, 478-480).

[9] São João Paulo II usou pela primeira vez esta expressão em uma homilia na Polônia, no dia 9/06/1979 e repetiu de um modo jamais programático no Haiti no dia 9-03-1983; nessa ocasião falou de “uma evangelização nova. Nova em seu ardor, em seus métodos, em sua expressão”. Cfr. também Christifideles laici (1988), nn. 34-35, Redemptoris Missio (1990) nn. 33-34 e Novo Millennio ineunte (2001) n. 40.

[10] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 219.

[11] Cfr. Caminho, n. 1.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/nao-temas-pequeno-rebanho-evangelizar-em-uma-epoca-de-mudancas-1/

Reflexão para o 30º Domingo do Tempo Comum (C)

Evangelho do domingo  (@ BAV Vat. lat. 39, f. 67v)

Jesus não quer que sejamos soberbos e nem tenhamos posicionamentos egocêntricos, colocando o acento em Nós e não no Pai. Se somos bons, se cumprimos os mandamentos e fazemos o que nos pede o Evangelho, é porque Deus nos deu sua graça.

Vatican News

A parábola que o Senhor nos relata neste domingo fala de dois homens que vão rezar no Templo de Jerusalém. Os dois são filhos de Deus e os dois sentiram um apelo à oração, por isso podemos dizer que foram chamados a se encontrar com Ele.

Mas quem são esses homens? Um é fariseu, pessoa voltada ao cumprimento da Lei, a fazer um enorme esforço para sempre estar de acordo com o que Deus pedia. O outro, um publicano, alguém pertencente a um grupo de má fama, um homem de má fama.

O primeiro era uma pessoa honesta e íntegra. Fazia até mais do que era prescrito. Contudo, isso lhe provocava um certo orgulho, uma certa vaidade e, ao mesmo tempo, um desprezo pelos pecadores.

O segundo, o publicano, era um esperto cobrador de impostos, oprimia os pobres e, para se redimir, deveria pagar uma soma exagerada, praticamente impossível.

No entanto, o Senhor diz que a oração do publicano foi ouvida e a do fariseu, não. Por quê?

Com esta parábola, o Senhor não deseja dar lição de moral, de mostrar quem está certo ou errado, mas o Mestre quer nos instruir no relacionamento com Deus

A grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si mesmo, como mérito seu, e apresentá-los como dignos de justificação. Deus não deveria fazer nada mais do que elogiar os atos do fariseu e lhe dar o prêmio merecido com sua atitude de homem do bem. Era esse o pensamento do fariseu. Ele não pede a Deus uma justificação, uma redenção, mas um reconhecimento. Ele se esqueceu que foi Deus quem o conduziu pelo bom caminho e lhe proporcionou fazer o bem e viver com dignidade.

Quanto ao publicano, ele se apresenta de modo humilde, sabendo de suas imperfeições e confiando na misericórdia e na graça de Deus. Ele não se desculpa, mas sabe que Deus tem um coração enorme, que é Pai, que é Amor.

Jesus deseja que nós purifiquemos nossa visão de Deus. Ele não é um contador bancário e nem um entregador de prêmios.

Jesus não quer que sejamos soberbos e nem tenhamos posicionamentos egocêntricos, colocando o acento em Nós e não no Pai. Se somos bons, se cumprimos os mandamentos  e fazemos o que nos pede o Evangelho, é porque Deus nos deu sua graça.

Jesus é contra o grupo dos bons verso o grupo dos maus. Ele morreu por todos e não lhe agrada que nos sintamos especiais e desprezemos os outros. E por falar na morte de Jesus, ele escolheu morrer entre dois ladrões. Um ciente de ser pecador e culpado de seus crimes, se reconheceu em débito com Deus, mas absolutamente confiante na misericórdia divina. O outro, não só não estava arrependido, mas desafiou Jesus a largar a cruz e salvá-los.

Tenhamos sempre a atitude humilde de saber que, por mais que nos esforcemos, jamais seremos perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da graça de Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Evaristo

Santo Evaristo (A12)
26 de outubro
Santo Evaristo

No atual Anuário dos Papas encontramos Evaristo em pleno comando da Igreja católica, como quarto sucessor de Pedro, no ano 97. Era o início da era cristã e poucos são os registros sobre ele. Somente encontramos algumas indicações sobre sua vida nas obras de Irineu e Eusébio, escritores dos inícios do cristianismo.

Evaristo era grego e foi formado na Antioquia. Em Roma ocupou o cargo de papa como sucessor de Clemente. Ele governou a Igreja durante nove anos, nos quais incentivou o crescimento das lideranças nas comunidades, ordenando pessoalmente muitos padres, bispos e diáconos.

Atribui-se a Evaristo a divisão de Roma em “títulos” ou paróquias com um padre encarregado delas. Esses títulos são o embrião dos futuros títulos dos cardeais-presbíteros ou padres. Também teria ordenado que os bispos pregassem sempre na presença de diáconos, náo só pela solenidade, mas para ter quem pudesse atestar sobre o que o bispo tinha pregado.

Papa Evaristo morreu em 107. Uma tradição muito antiga afirma que ele teria sido mártir da fé durante a perseguição imposta pelo imperador Adriano, e que depois seu corpo teria sido abandonado perto do túmulo do apóstolo Pedro.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Muitos dos papas da Igreja foram exemplos de santidade e respeito pelo povo de Deus. Evaristo destacou-se pelo carinho com que dirigiu as primeiras comunidades cristãs, sendo ele próprio um pastor zeloso e preocupado pessoalmente com a evangelização do fiéis. Rezemos também hoje por nosso atual pontífice.

Oração:

Ó Deus, que concedestes ao Papa Santo Evaristo a graça do Magistério Romano, permiti que, pela sua intercessão, sejamos sempre fiéis ao papa e aos Bispos a ele unidos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/