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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Pesquisa mostra que trabalhos manuais ativam áreas do cérebro responsáveis pela motivação

Jovem fazendo tricô | Aleteia

Cibele Battistini - publicado em 03/06/25

Pesquisas da Dra. Kelly Lambert da Universidade Johns Hopkins mostram que essas atividades impactam positivamente na saúde mental.

Lambert chamou esse mecanismo de “circuito de recompensa guiado pelo esforço”. Em termos simples: nossos cérebros são projetados para sentir satisfação quando um esforço físico resulta em um resultado tangível e positivo. Quando criamos algo — seja cozinhando uma sopa, tricotando um chapéu ou cuidando de um canteiro — nos sentimos capazes e úteis. E essa é uma das maneiras mais eficazes de prevenir a depressão.

Por que o trabalho manual ajuda a combater a depressão?

Vamos olhar para os fatos. A depressão não surge apenas de uma “falta de serotonina”. É uma condição complexa que envolve fatores biológicos, psicológicos, espirituais e sociais. E são justamente esses últimos — como a inatividade, a solidão e a falta de atividades construtivas — que alimentam o ciclo de tristeza e apatia.

Se pensarmos no tempo que passamos em frente a uma tela — essa é a realidade de muitos de nós —, o corpo entra em um estado de letargia. Um trabalho que não produz resultados visíveis não proporciona a mesma satisfação (também física) que atividades como bordar um guardanapo ou esculpir na madeira. A Dra. Lambert demonstra que pequenas ações manuais ajudam a restaurar o sentido de controle sobre a própria vida, um fator-chave na proteção contra a depressão.

O que você pode fazer já hoje?

Claro, você pode tentar fazer pão de fermentação natural ou bordar um ornamento religioso. Mas você também pode começar com algo mais simples. Encontre uma atividade que envolva suas mãos e sua mente. Pode ser crochê, tricô, fazer biscoitos do zero (sim, com farinha, não com mistura pronta), jardinagem — mesmo que seja apenas na varanda — desenhar, fazer caligrafia ou origami. O importante é que seja uma atividade onde você possa ver progresso — “antes não havia nada, agora há algo” — e que seja realizada com intenção, concentração e um pouco de esforço.

E as crianças e os jovens?

Essa é uma pergunta muito importante. As crianças de hoje, criadas em meio a tablets e smartphones, muitas vezes não têm a oportunidade de exercitar movimentos manuais precisos. No entanto, é precisamente na idade escolar que se desenvolvem as áreas do cérebro relacionadas ao planejamento, à autorregulação e à resiliência emocional. Se quisermos que nossos filhos sejam mais emocionalmente estáveis e menos vulneráveis à depressão, devemos garantir que interajam com o mundo real: costurando, colando, desenhando, montando quebra-cabeças, cozinhando — e fazendo isso junto a nós.

Se isso não for suficiente para convencê-lo a começar…

…você pode se aprofundar. Encontre alguma leitura sobre “Depressão na Adolescência”, quem mostrem rituais atividades diárias podem se tornar um suporte concreto para os jovens em crise.

Por fim, uma pergunta para reflexão:
O que você fez hoje com suas mãos?
E o que poderia fazer amanhã?

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/03/pesquisa-mostra-que-trabalhos-manuais-ativam-areas-do-cerebro-responsaveis-pela-motivacao/

RESENHA: A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação (Parte II)

O rei Davi e a Apresentação de Jesus no Templo, portal maior da Catedral de Fidenza (Parma) [© Foto Scala, Firenze] | 30Giorni

Arquivo 30Dias,  número 05 - 2010

A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação

“É evidente que Jonas simpatiza com a concepção de Pelágio, pois sente-o mais próximo do estoicismo e de um certo tipo de judaísmo. De fato, depois de ter dito que para Pelágio a graça de Cristo consiste em ‘estímulos para a vontade, não em auxílio ativo’ e que ‘não são uma transformação do homem, mas uma educação do homem’, exclama admirado: ‘Essa é a grande concepção pelagiana’. Esse é o ponto crucial do livro e do pensamento de Jonas”. Resenha do texto inédito de Hans Jonas, Problemas de liberdade, escrita por Nello Cipriani.

de Nello Cipriani

Que dizer de tudo isso? A primeira coisa que devemos observar é que a leitura que Jonas fez de Agostinho é inexata em muitos pontos. Ele considera que Agostinho, num primeiro momento, no período antimaniqueísta, teria reconhecido no homem sob a lei, no judeu, uma vontade boa, entendida como amor à justiça, mas que depois, sob pressão dos pelagianos, teria negado tal vontade ao homem, depositando-a na graça; assim, ficaria explicado por que, nas palavras de São Paulo: “A lei é espiritual; eu, porém, sou carnal” (Rm 7, 14), Agostinho já não vê apenas o homem sob a lei, o judeu, mas também o homem sob a graça, o cristão e o próprio apóstolo. Contudo, como eu dizia, há muitas inexatidões nessas afirmações.

Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que o homem sob a lei, tomado em consideração por Agostinho, não é propriamente o judeu, em contraposição ao cristão, que seria o homem sob a graça. Para Agostinho, todo homem carnal está sob a lei, e o cristão, ainda que tenha sido tornado um ser espiritual no batismo, pelo dom do Espírito, permanece “sob a lei quando se abstém da obra do pecado por temor ao castigo com que a lei o ameaça, e não por amor à justiça, não estando ainda livre e desapegado da vontade de pecar” (De natura et gratia contra Pelagium 57, 67). Agostinho dá uma confirmação desse seu modo de pensar na exortação feita aos monges de seu mosteiro a que observem a regra “não como servos sob a lei, mas como homens livres, sob a graça” (Regula ad servos Dei 8, 48). Portanto, os cristãos também podem estar sob a lei, mesmo tendo sido chamados a passar para o regime da graça, a crescer no amor e na liberdade interior, com a ajuda da graça de Deus e o esforço pessoal. Além do mais, Agostinho sempre reconheceu a existência de homens espirituais no antigo Israel, como “os patriarcas, os profetas e todos aqueles israelitas por obra dos quais o Espírito Santo nos concedeu o auxílio e o conforto das Escrituras” ( De doctrina christiana III, 9, 13). Sendo assim, no pensamento de Agostinho, não é possível identificar o homem sob a lei com o judeu e o homem sob a graça com o cristão.

Em segundo lugar, a vontade boa, que no período do presbiterato Agostinho reconhecia como faculdade do homem sob a lei, do homem carnal, não consiste no amor a Deus e à justiça, como Jonas procura mostrar várias vezes, forçando o pensamento do autor cristão (cf. pp. 171-173 e p. 182); consiste, isto sim, em querer evitar o pecado ou observar a lei por temor ao castigo, atitude que não suprime a vontade de pecar. Isso fica claro, ainda, quando constatamos que já no período antimaniqueísta, antes de se tornar bispo, Agostinho atribuía à graça o amor a Deus e à justiça. De fato, escrevia ele no comentário a Rm 5,3: o Apóstolo “diz que essa caridade [o amor a Deus], nós a temos por dádiva do Espírito, e demonstra que todos os bens que poderíamos atribuir a nós mesmos, nós os devemos atribuir a Deus, que mediante o Espírito Santo dignou-se conceder-nos a graça” ( Expositio quarumdam propositionum ex Epistola ad Romanos 20). Na revisão de suas obras, Agostinho observa que mesmo “nos livros Sobre o livre-arbítrio, que não foram escritos contra os pelagianos, que ainda nem existiam, mas contra os maniqueístas, não me calei totalmente a respeito da graça de Deus, que os pelagianos procuram eliminar com execrável impiedade” (Retractationes I, 9, 4).

Em terceiro lugar, a mudança no pensamento agostiniano acerca da origem da vontade boa movida pelo temor aos castigos, contrariamente ao que Jonas afirma, não ocorre em meio à polêmica com Pelágio e sob pressão dela, mas muitos anos antes. Já no início do episcopado (396-397), respondendo a certas questões que lhe foram dirigidas por Simpliciano, mestre de Ambrósio e sucessor dele na cátedra de Milão, Agostinho, após retomar as palavras de São Paulo: “Realizai a vossa salvação, com temor e tremor. Na verdade, é Deus que produz em vós tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado” ( Fl 2, 12-13), comenta: “Paulo, aqui, mostra claramente que a própria boa vontade também é suscitada em nós por Deus”, e pouco depois acrescenta: “Se perguntarmos se a boa vontade é dom de Deus, acharemos estranho que alguém ouse negá-lo” (De diversis quaestionibus ad Simplicianum, I, 2, 12). Na realidade, bem antes do advento de Pelágio, Agostinho já se convencera de que a boa vontade é ao mesmo tempo obra de Deus e obra do homem, pois “de um modo Deus concede o querer, de outro aquilo que pedimos. Quis Deus que o querer fosse obra sua e nossa: sua, chamando; nossa, seguindo o chamado” (ibid. I, 2, 10).

Enfim, é verdade que só durante a polêmica com os pelagianos Agostinho admitiu que no ‘eu’ de Rm 7, 14 é possível entender também o homem sob a graça, portanto o próprio São Paulo, mas, como ele mesmo afirma, deu esse passo não porque obrigado pelos argumentos pelagianos, mas porque achou que outros respeitados comentaristas da Escritura, em particular Cipriano e Ambrósio, já tinham feito essa exegese (Retractationes, I, 23, 1). Por outro lado, repito, a mudança em seu pensamento não consistiu em tirar a boa vontade do homem sob a lei, boa vontade que, já havia tempo, reivindicara à graça de Deus. Agostinho simplesmente se deu conta de que todos os homens, até os mais espirituais, como certamente era São Paulo, enquanto ainda vivem no corpo mortal não chegaram à paz perfeita, e necessariamente estão sujeitos à tentação. O próprio Apóstolo dá testemunho disso quando escreve que ainda não chegou à perfeição e que avança para o que está adiante ( Fl 3, 12-13), mas sobretudo quanto confessa que “para que a grandeza das revelações não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me torne orgulhoso. A esse respeito, roguei três vezes ao Senhor que ficasse longe de mim. Mas o Senhor disse-me: ‘Basta-te a minha graça; pois é na fraqueza que a força se realiza plenamente’” (2Cor 12, 7-9).

“Agostinho sempre reconheceu a existência de homens espirituais no antigo Israel, como ‘os patriarcas, os profetas e todos aqueles israelitas por obra dos quais o Espírito Santo nos concedeu o auxílio e o conforto das Escrituras’ (De doctrina christiana III, 9, 13). Sendo assim, no pensamento de Agostinho, não é possível identificar o homem sob a lei com o judeu e o homem sob a graça com o cristão”

Como podemos constatar, a reconstrução do pensamento agostiniano feita por Jonas deixa muito a desejar. Há diversas imprecisões, sobre pontos que não são de pouca importância. Seja como for, suas conferências suscitam algumas questões, às quais vale a pena dar uma resposta. Em primeiro lugar: por que Santo Agostinho chegou a defender a tese de que os primeiros passos na fé (o initium fidei) e a boa vontade são também obra da misericórdia de Deus, além de esforço do homem, se, anteriormente, acompanhando outros autores eclesiásticos, assinalara esses fatores como dependentes apenas da vontade do homem? Jonas, como eu já disse, repete mais de uma vez que a mudança no pensamento do bispo de Hipona se deve à pressão pelagiana (p. 180), chegando a falar mesmo de “uma armadilha pelagiana”, em que Agostinho teria caído (p. 182). Ao contrário, vimos que a mudança ocorrera muito tempo antes que Pelágio aparecesse em cena. Na realidade, a razão da mudança é indicada pelo próprio Agostinho na resposta a Simpliciano. Na exegese da Carta aos Romanos, escreve: “O que mantém a intenção do Apóstolo e de todos os justificados, por intermédio dos quais nos foi mostrado o significado da graça, é o fato de que ‘quem se gloria, glorie-se no Senhor’ ( 1Cor 1, 31)” (De diversis quaestionibus ad Simplicianum I, 2, 21). Comentando essas palavras do Apóstolo, explica Agostinho numa de suas últimas obras, São Cipriano, bispo de Cartago e mártir, entendeu-as no sentido de que “não nos devemos gloriar de nada, pois nada é nosso” (De dono perseverantiae 14, 36). Foi sobretudo essa exegese de Cipriano das palavras de São Paulo, portanto, que iluminou e levou Agostinho a negar a autonomia da vontade humana em relação ao bem. Ele compreendeu que todos os bens que o homem possui e todo o bem que o homem realiza vêm de Deus, ainda que de maneiras diferentes. Enquanto Pelágio exortava a jovem e nobre Demetríade a sentir-se orgulhosa de suas virtudes, pois estas são bens que pertencem apenas ao homem, Agostinho repetia com São Paulo: “Quem se gloria, glorie-se no Senhor” ( 1Cor 1, 31). O homem não se pode gloriar de nada, não pode alegar nenhum mérito diante de Deus; deve ser sempre grato a Deus, “doador de todo bem” (Regula ad servos Dei 8, 49). Isso não significa que o homem nada faça: sem sua vontade, não pode crer, não pode amar nem muito menos realizar nenhuma boa obra. Mas a vontade humana não se dirige ao bem, se não “é preparada pelo Senhor” (Pr 8, 35, segundo a Setenta).

Jonas reconhece que a questão de que trata Agostinho pertence à fé e não à filosofia. Aliás, avança demais nessa linha, quando afirma categoricamente que “a atitude do filósofo deve ser a de não crer” (p. 198). Ora, não compreendemos por que o filósofo não deveria crer, como se a fé não tivesse suas razões. O filósofo também pode razoavelmente crer e buscar compreender, com a razão, o conteúdo da fé. Era justamente esse o princípio da reflexão agostiniana: crê para compreenderes ( crede ut intellegas). Todavia, concordo com Jonas quando ele acrescenta que “não é possível dar [...] um significado fenomenológico à afirmação: ‘Meu estado presente é caracterizado pelo amor de Deus derramado em meu coração pelo Espírito Santo’” (ibid.). Todavia, justamente porque nos encontramos diante de problemas de fé, a meu ver ele deveria ter investigado mais a fundo o pensamento de Agostinho, tomando por base o ensinamento bíblico e a tradição cristã. É evidente, porém, que Jonas simpatiza com a concepção de Pelágio, pois sente-o mais próximo do estoicismo e de um certo tipo de judaísmo. De fato, depois de ter dito que para Pelágio a graça de Cristo consiste em “estímulos para a vontade, não em auxílio ativo” e que “não são uma transformação do homem, mas uma educação do homem” (p. 204), exclama admirado: “Essa é a grande concepção pelagiana” (ibid.).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pentecostes: o Espírito Santo e o nascimento da Igreja

Pentecostes (Arquidiocese de São Luís)

PENTECOSTES: O ESPÍRITO SANTO E O NASCIMENTO DA IGREJA 

04/06/2025

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

O Domingo de Pentecostes encerra o Tempo Pascal com um dos momentos mais marcantes da história da salvação: a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no Cenáculo. Esse acontecimento, narrado em Atos 2, é muito mais que um episódio isolado — é o ponto de partida da missão da Igreja no mundo. 

Antes de subir ao céu, Jesus prometeu que enviaria o Espírito Santo, o Defensor, que haveria de conduzir seus discípulos à verdade plena (cf. Jo 14,16-17). No dia de Pentecostes — palavra que significa “quinquagésimo”, pois ocorre cinquenta dias após a Páscoa — essa promessa se cumpre: o Espírito é derramado como fogo e vento, símbolo de força, renovação e purificação. 

Os discípulos, antes medrosos e fechados, são transformados em anunciadores corajosos do Evangelho. Pedro, que negara Jesus, agora o proclama com ousadia diante de uma multidão. Um novo tempo se inaugura: o tempo da Igreja conduzida pelo Espírito. 

Com o Espírito Santo, nasce a Igreja missionária. O dom das línguas manifesta que a mensagem de Jesus é universal e destinada a todos os povos. Já não há mais fronteiras: a Boa Nova é para todos. 

Pentecostes revela o rosto verdadeiro da Igreja: uma comunidade animada pelo Espírito, que vive em comunhão, partilha os bens, persevera na oração, no ensinamento dos apóstolos e na fração do pão (cf. At 2,42-47). Esse é o modelo para nossas comunidades hoje: fraternas, abertas, animadas, evangelizadoras. 

O Espírito Santo não é uma lembrança do passado. Ele continua vivo e operante na Igreja e no coração de cada batizado. É Ele quem inspira, consola, dá discernimento, fortalece na tribulação, move à oração, anima os carismas e santifica a vida. 

São Paulo nos lembra que somos templos do Espírito Santo (1Cor 6,19) e que os dons recebidos devem ser colocados a serviço da comunidade (cf. 1Cor 12). Sem o Espírito, a fé se torna estéril; com Ele, a fé se transforma em testemunho. 

Pentecostes nos convida a renovar nossa abertura à ação do Espírito Santo. Em um mundo marcado por egoísmo, violência e indiferença, o Espírito nos forma como instrumentos de paz, unidade e esperança. Seus frutos — amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (cf. Gl 5,22-23) — são sinais da sua presença em nós. 

Mais do que uma festa litúrgica, Pentecostes deve ser um apelo permanente à conversão e à missão. Cada cristão, cheio do Espírito, é chamado a ser testemunha de Cristo no mundo. 

Pentecostes é o sopro novo de Deus sobre a humanidade. É o fogo que purifica, a luz que orienta, a força que anima, o amor que unifica. Celebrar Pentecostes é redescobrir a beleza da vida cristã vivida no Espírito, é deixar-se conduzir por Ele nas escolhas, nos relacionamentos, na oração e na missão. 

Que neste Pentecostes, possamos dizer com confiança e fé: 

“Vinde, Espírito Santo! Renovai a face da terra… e do meu coração!” 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Curiosidades da Bíblia: A Babilônia

Bíblia (Vatican News)

Babilônia, de potência mundial a sinal de desobediência a Deus. Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel que aparece em diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado “Cativeiro da Babilônia”.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Enquanto os seus oficiais a cercavam, o próprio Nabucodonosor veio à cidade. Então Joaquim, rei de Judá, sua mãe, seus conselheiros, seus nobres e seus oficiais se entregaram; todos se renderam a ele. Conforme o Senhor tinha declarado, ele retirou todos os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, quebrando todos os utensílios de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera para o templo do Senhor. Levou para o exílio toda Jerusalém: todos os líderes e os homens de combate, todos os artesãos e artífices. Era um total de dez mil pessoas; só ficaram os mais pobres.  Nabucodonosor levou prisioneiro Joaquim para a Babilônia. Também levou de Jerusalém para a Babilônia a mãe do rei, suas mulheres, seus oficiais e os líderes do país. O rei da Babilônia também deportou para a Babilônia toda a força de sete mil homens de combate, homens fortes e preparados para a guerra, e mil artífices e artesãos. Segundo Livro dos Reis, Capítulo 24, versículos de 11 a 16

Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel que aparece em diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado “Cativeiro da Babilônia”. Essa tragédia será para sempre lembrada como resultado da desobediência do povo para com a aliança de Deus.

A Babilônia aos poucos passa a ser vista não apenas como uma potência de importância histórica, mas desempenha um papel central na narrativa bíblica como símbolo da rebelião humana contra Deus. No Novo Testamento, a Babilônia assume um significado ainda mais profundo, representando um sistema mundial que se opõe ao Reino de Deus e que persegue aos cristãos. A queda de Babilônia passa a ser vista então como a queda do mal diante de Deus.

Em outras citações bíblicas, como no capítulo 10 do livro do profeta Isaías, aparece uma profecia sobre a Assíria, país que conquistou o reino de Israel aproximadamente entre 725 e 721 a.C. Nos capítulos 13 e 14, Isaías fala sobre a Babilônia, o país que conquistou Judá aproximadamente entre 600 e 588 a.C.

Potência política e mundanismo

A antiga Babilônia é hoje considerada um dos impérios mais ricos e mais mundanos da história. Originários dos povos amoritas que habitavam a região sul do deserto árabe, os babilônios criaram uma das civilizações que ocuparam a Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se encontra o moderno Iraque e parte da Turquia.

Promovendo a dominação dos acadianos que já ocupavam a região, o povo amorreu realizou um processo de expansão territorial que anexou várias cidades da Mesopotâmia, até que em meados do século XVIII a.C., o rei Hamurábi consolidou o Primeiro Império Babilônico.

Durante o seu governo centralizador e autoritário, Hamurábi ergueu a cidade de Babilônia, que se transformou em um dos mais importantes centros urbanos e comerciais da Antiguidade. Além disso, ele também foi responsável pela compilação de um importante conjunto de leis talhadas em um monumento de pedra conhecido como o Código de Hamurábi de onde se originou a tristemente célebre Lei de Talião, instrumento jurídico que de forma geral determinava a execução de penas que se igualassem aos prejuízos causados por algum delito, falha ou acidente.

Umas das maravilhas dos tempos antigos

Apesar de promover o crescimento e a prosperidade do Império Babilônico, uma série de revoltas internas somada com a invasão dos cassitas e dos hititas provocaram a queda e o desparecimento do Primeiro Império Babilônico que foi retalhado em diferentes reinos menores.  O tempo passou e no ano de 1300 a.C., os assírios, potência militar de então, subjugaram todos os reinos que outrora formaram o Primeiro Império Babilônico.

Mais tarde, no século VII a.C., ocorreu, por sua vez, a queda dos assírios devido às invasões dos caldeus e dos medos, vindos da região onde hoje se situa o moderno Irã.

As invasões possibilitaram a criação do Segundo Império Babilônico que atingiu o seu apogeu no governo do rei Nabucodonosor. Durante o seu reinado a civilização babilônica viveu um tempo de grandes conquistas militares e de execução de diversas obras públicas. Data dessa época os famosos Jardins Suspensos da Babilônia que causavam inveja e espanto em todos os que os conheciam e que hoje figuram entre as principais construções arquitetônicas do Mundo Antigo, sendo considerados umas das sete maravilhas do tempo antigo.

No governo do rei Nabucodonosor os hebreus foram escravizados e levados ao cativeiro. Esse episódio, lembrado como o período do Cativeiro da Babilônia seria cantado nos salmos e em outras citações bíblicas e nunca mais esquecido.  Segundo as narrativas bíblicas, depois de 50 anos, os hebreus ganharam autorização para retornarem para suas terras vindo um período de reconstrução com os sacerdotes Esdras e Neemias.

Após a morte de Nabucodonosor, os persas invadiram, saquearam e dominaram a Babilônia que nunca mais se reergueu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 5 de junho de 2025

RESENHA: A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação (Parte I)

Pelagianismo (Paleo-Ortdoxo)

Arquivo 30Dias,  número 05 - 2010

A grande concepção pelagiana: o cristianismo é uma educação

“É evidente que Jonas simpatiza com a concepção de Pelágio, pois sente-o mais próximo do estoicismo e de um certo tipo de judaísmo. De fato, depois de ter dito que para Pelágio a graça de Cristo consiste em ‘estímulos para a vontade, não em auxílio ativo’ e que ‘não são uma transformação do homem, mas uma educação do homem’, exclama admirado: ‘Essa é a grande concepção pelagiana’. Esse é o ponto crucial do livro e do pensamento de Jonas”. Resenha do texto inédito de Hans Jonas, Problemas de liberdade, escrita por Nello Cipriani.

de Nello Cipriani

No início do ano, a editora italiana Aragno publicou uma obra até então inédita do filósofo de origem judaica Hans Jonas (1903-1993), em edição organizada por Emidio Spinelli, com texto original em inglês no apêndice e tradução para o italiano de Angela Michelis. O livro, intitulado Problemi di libertà (Problemas de liberdade), reúne uma série de conferências proferidas por Jonas na “New School for Social Research”, de Nova York, no primeiro trimestre de 1970. Nessas conferências, o filósofo faz uma análise aguda do modo como a ideia de liberdade se desenvolveu, primeiramente na filosofia grega, sobretudo aristotélica e estoica, e em seguida no cristianismo, passando pelo judaísmo. As seis primeiras conferências são dedicadas a aprofundar e explicar o conceito de liberdade dos filósofos gregos; a sétima salienta as novidades introduzidas pelo judaísmo; as sete conferências seguintes analisam o pensamento de São Paulo contido no capítulo 7 da Carta aos Romanos e, sobretudo, o pensamento de Santo Agostinho.

São particularmente interessantes as páginas em que Jonas, partindo da doutrina da criação, aprofunda a diferença entre “a concepção judaico-cristã do homem e a concepção grega clássica, que tinha os estoicos como representantes”. Na filosofia estoica, que vê o mundo dominado pelo fatalismo, “o problema da liberdade se traduz em alcançar o máximo possível de independência interior, com uma espécie de recusa da relevância do engajamento exterior do homem” (p. 92). O mundo é visto como um ser vivo absolutamente autossuficiente, capaz, pela ação do logos imanente, de reconduzir à ordem todos os conflitos que nele acontecem em consequência do devir ininterrupto das coisas. O homem é algo como uma síntese do mundo em que vive: pelo uso da razão, ele também pode dominar todas as tensões exteriores que ameaçam sua tranquilidade interior. Logo, para os estoicos “a verdadeira liberdade do homem consiste no que eles chamam seu completo poder de assentir ou dissentir ante tudo o que se apresenta” (ibid.). Depende unicamente de mim “dizer sim ou não, aceitar ou recusar”, e esse poder “é alcançado mediante um processo de autoeducação interior e autodisciplina” (ibid.). Enfim, a moralidade dos estoicos, segundo Jonas, é “muito corajosa, e afirma a liberdade humana diante do Fado, ao mesmo tempo em que insere a dimensão da relevância no ego racional do homem” (p. 93).
Com a crença na criação, ensinada pela Bíblia judaica, o mundo e o homem perdem a autonomia e a autossuficiência: todas as criaturas devem sua existência ao Deus criador. Todavia, o homem, segundo o Gênesis, foi criado à imagem de Deus e, dessa forma, tornou-se capaz de governar as outras criaturas e de discernir entre o bem e o mal. O fato de ser feito à imagem, observa Jonas, “significa que o homem pode ‘vir a ser’ um certo tipo de homem, pode ‘transformar-se’, desde que faça uso apropriado desse poder, já que a faculdade de discernir entre o bem e o mal não é simplesmente o poder intelectual de reconhecer o bem e o mal, mas um poder de escolha, uma capacidade de escolha” (p. 113). “Assim, a liberdade da vontade moral do homem representa o pressuposto fundamental da possibilidade de conformação do homem ao seu original divino” (p. 114). No judaísmo, portanto, “o homem é um ser extremamente problemático” (ibid.): tem a capacidade de ser filho de Deus, mas, também, de ser o oposto disso. O fato de ter sido criado à imagem de Deus implica ter de ser santo como Deus é santo. Foi com essa finalidade que a lei foi dada ao povo judeu, lei esta que foi “imposta ao homem como uma obrigação e um fardo, e ao mesmo tempo como uma grande concessão à sua estatura limitada” (p. 116). Com a lei, porém, surge um outro grande problema para quem crê: “Como posso enfrentar o exame de Deus, a cujos olhos nada está oculto? Essa é a origem de uma concepção que terá tremendas consequências na história da autocompreensão humana: a concepção da existência de um Ente diante do qual nada é oculto, de forma que o que me pode agradar quando penso em mim mesmo ou aquilo que me pode fazer satisfeito comigo mesmo pode não ser verdadeiro aos olhos desse Ente que a tudo vê e por nada é corrompido ou enganado [...]. Os profetas judaicos foram os primeiros a descobrir que não existe apenas o lado objetivo da lei, podendo ser acompanhado de uma indiferença para com Deus ou de um espírito afastado da verdadeira vontade de Deus [...]. É a partir desse ponto que o problema cristão do ‘si mesmo’ do homem e da liberdade humana vieram a ser formulados, primeiramente por Paulo e mais tarde por Agostinho” (pp. 117-118).

Segundo Jonas, o apóstolo Paulo teria diminuído o valor salvífico da lei, para exaltar a cruz de Cristo. Para tanto, ele teria acentuado o orgulho inerente ao homem, que leva até mesmo aquele que busca ser justo diante de Deus a arrogar-se o mérito de sua justiça, numa forma de autocomplacência. E esse orgulho inato se originaria da corrupção de nossa natureza, produzida pelo pecado de Adão, o primeiro homem. “Assim”, observa Jonas, “o problema cristão da liberdade repousa nesta doutrina de base não empírica, não filosófica, inverificável, em certo sentido atroz, mas ao mesmo tempo grandiosa, da impossibilidade de que a natureza humana seja ajudada diante do Mandamento moral” (p. 120). Se fôssemos capazes de cumprir a lei, não somente na letra, mas no espírito, poderíamos obter sozinhos a nossa salvação, mas Cristo, assim, teria morrido em vão. “No credo judaico”, continua, “a lei, com todas as ciladas que pode ter, oferece todavia os meios para satisfazer o que Deus exige do homem, que não está além das capacidades do próprio homem. O cristianismo é que abre aí um abismo. Cada ser humano carrega de certa forma um abismo em si mesmo, o abismo do pecado original, que sempre envenena tudo o que procuramos fazer, se contarmos apenas com nossas forças [...]. Só a graça dá a possibilidade de uma anistia” (pp. 120-121). Jonas reconhece que alguns rabinos também especularam sobre a “queda” de Adão. E admite que “com certeza já não estamos no paraíso, e a humanidade labuta e sofre, e tudo isso é consequência da ‘queda’”. Todavia, “essa consequência nunca foi entendida no sentido extremo de que com a ‘queda’ de Adão todos tenhamos perdido nossa capacidade moral. O modo de ser humano continua essencialmente o mesmo, e, por mais que já não seja inocente, o homem conservou o poder da livre escolha” (p. 121).

Com Paulo, acaba essa certeza, e o desenvolvimento da questão a que ele dá início conclui-se com Agostinho. Estaria aqui, para Jonas, o ponto de ruptura do cristianismo paulino e agostiniano com o estoicismo e o judaísmo: a negação do poder da livre escolha. Em mais de um momento, Jonas reprova a atitude do bispo de Hipona de forçar o pensamento de Paulo, levando-o a dizer algo que não diz. Na polêmica antipelagiana, levado por sua experiência maniqueísta anterior, Agostinho teria acentuado o pessimismo paulino, levando-o às últimas consequências. Mas a tese que Jonas propõe em diversos momentos do texto é que esse tipo de cristianismo encontrou resistências mesmo dentro da Igreja, sendo, aliás, desconhecido até mesmo de Cristo: “Os sermões e as célebres palavras do Senhor não formam, em si, a doutrina da Igreja. A doutrina da Igreja diz respeito ao papel desse Jesus, concebido como o Cristo que veio para a salvação do homem” (pp. 130-131).

Fonte: https://www.30giorni.it/

A parábola dos vinhateiros explicada pelo Papa Leão XIV

O Papa Leão XIV Presidiu A Audiência Geral De Quarta-Feira. Foto: Mídia Do Vaticano

Audiência Geral do Papa, 4 de junho de 2025, sobre a Parábola dos Trabalhadores da Vinha.

4 DE JUNHO DE 2025

(ZENIT News / Cidade do Vaticano, 04/06/2025) - Na manhã de quarta-feira, 4 de junho, o Papa Leão XIV presidiu a audiência geral de quarta-feira, durante a qual proferiu uma catequese explicativa sobre a parábola dos vinhateiros. Em parte da catequese, ele ofereceu uma exortação vocacional muito clara aos jovens. Oferecemos a seguinte tradução para o espanhol das palavras do Papa.

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*** Queridos irmãos e irmãs,

Gostaria de me deter mais uma vez numa parábola de Jesus. Também aqui, é uma história que alimenta a nossa esperança. Às vezes, de fato, temos a impressão de não encontrar sentido em nossas vidas: nos sentimos inúteis, inadequados , como os trabalhadores que esperam no mercado que alguém os contrate. Mas às vezes o tempo passa, a vida passa e não nos sentimos reconhecidos ou valorizados . Talvez não tenhamos chegado na hora, outros tenham chegado antes de nós ou as preocupações nos tenham mantido em outro lugar.

A metáfora do mercado também é muito apropriada para os nossos tempos, porque o mercado é o local de negócios, onde, infelizmente, afeto e dignidade também são comprados e vendidos na tentativa de ganhar algo. E quando não nos sentimos apreciados ou reconhecidos, corremos o risco de nos vendermos a quem pagar mais. O Senhor, por outro lado, nos lembra que nossas vidas têm valor, e seu desejo é nos ajudar a descobri-lo .

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Na parábola que estamos discutindo hoje, alguns trabalhadores diaristas aguardam que alguém os contrate para o dia. Estamos no capítulo 20 do Evangelho de Mateus, e aqui também encontramos um personagem que se comporta de maneira incomum, que tanto surpreende quanto desafia. Ele é o dono de uma vinha, que sai pessoalmente para encontrar seus trabalhadores. Ele claramente deseja estabelecer um relacionamento pessoal com eles.

Como eu disse, esta é uma parábola que dá esperança, pois nos conta que este senhor sai várias vezes em busca daqueles que esperam dar sentido às suas vidas. O senhor sai de madrugada e, a cada três horas, retorna para procurar trabalhadores para enviar à sua vinha. Seguindo esse ritmo, depois de sair às três da tarde, não haveria motivo para sair novamente, pois o dia de trabalho terminava às seis.

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Mas este mestre incansável, que deseja a todo custo dar valor à vida de cada um de nós, também parte às cinco. Os diaristas que permaneceram na praça do mercado provavelmente perderam toda a esperança. Aquele dia foi em vão. Mas alguém continuou a acreditar neles. Qual o sentido de contratar trabalhadores apenas para a última hora da jornada de trabalho? Qual o sentido de ir trabalhar apenas por uma hora? No entanto, mesmo quando parece que pouco podemos fazer na vida, sempre vale a pena. Sempre há a possibilidade de encontrar sentido, porque Deus ama as nossas vidas.  

E é aqui que se revela a originalidade deste mestre, no final do dia, quando chega a hora de pagar. Com os primeiros trabalhadores, aqueles que entram na vinha ao amanhecer, o mestre havia concordado em pagar-lhes um denário, que era o custo habitual de um dia de trabalho. Aos outros, ele lhes diz que lhes dará o que for justo. E é aqui que a parábola nos desafia novamente: o que é justo? Para o dono da vinha, isto é, para Deus, é justo que cada um tenha o necessário para viver. Ele chamou pessoalmente os trabalhadores, conhece a sua dignidade e, com base nisso, quer pagá-los. E dá a cada um denário.

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A história nos conta que os trabalhadores da primeira hora estão decepcionados: não conseguem enxergar a beleza do gesto do mestre, que não foi injusto, mas simplesmente generoso; que não considerou apenas o mérito, mas também a necessidade. Deus quer dar a todos o seu Reino, isto é, uma vida plena, eterna e feliz. E assim Jesus faz conosco: ele não estabelece uma hierarquia, mas se entrega inteiramente àqueles que lhe abrem o coração.

À luz desta parábola, os cristãos de hoje podem ser tentados a pensar: "Por que começar a trabalhar imediatamente? Se a recompensa é a mesma, por que trabalhar mais?" A essas dúvidas, Santo Agostinho respondeu assim: "Por que demoras em seguir aquele que te chama, quando estás certo da recompensa, mas incerto quanto ao dia? Cuida para que, com a tua demora, não te prives daquilo que Ele te dará segundo a Sua promessa" [ Discurso  87, 6, 8].

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Gostaria de dizer, especialmente aos jovens, que não esperem, mas que respondam com entusiasmo ao Senhor que nos chama a trabalhar na sua vinha. Não adiem, arregacem as mangas, porque o Senhor é generoso e não vos decepcionará! Trabalhando na sua vinha, encontrarão a resposta para aquela profunda pergunta que carregam dentro de si: qual é o sentido da minha vida?

Queridos irmãos e irmãs, não desanimemos! Mesmo nos momentos sombrios da vida, quando o tempo passa sem nos dar as respostas que buscamos, peçamos ao Senhor que volte e nos alcance onde o esperamos. O Senhor é generoso e virá em breve!

Fonte: https://es.zenit.org/2025/06/04/la-parabola-de-los-vinadores-explicada-por-el-papa-leon-xiv/

Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai, torna-se propriedade do Estado egípcio

Vista do Mosteiro encravado no sul do Sinai  (AFP or licensors)

A UNESCO o incluiu entre os monumentos reconhecidos como Patrimônio Mundial. Os tesouros inestimáveis do Mosteiro – ícones, manuscritos, relíquias, bibliotecas e propriedades – eram administrados pelos vinte monges da comunidade monástica local, que gozavam de ampla autonomia dentro do Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém. Algumas autoridades egípcias justificam a medida tomada como um ato de proteção do patrimônio cultural do Mosteiro.

Por Nikos Tzoitis

Após 15 séculos, um dos mais importantes e antigos mosteiros cristãos do mundo, o Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai, perde sua autonomia administrativa e torna-se propriedade do Estado egípcio, após uma decisão do tribunal local. Uma disposição que levanta sérias preocupações quanto ao presente e ao futuro do Mosteiro e da comunidade que nele vive.

O Mosteiro no Monte Sinai foi fundado no século VI d.C. por Justiniano e sobreviveu a guerras, conquistas e perseguições graças também ao seu status de "Vakuf", um Lugar Sagrado a ser guardado de acordo com a tradição corânica. Como tal, também era respeitado pelos beduínos do deserto do Sinai.

A UNESCO o incluiu entre os monumentos reconhecidos como Patrimônio Mundial. Os tesouros inestimáveis ​​do Mosteiro – ícones, manuscritos, relíquias, bibliotecas e propriedades – eram administrados pelos vinte monges da comunidade monástica local, que gozavam de ampla autonomia dentro do Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém.

De acordo com a decisão proferida pelo Tribunal de Ismailia na quarta-feira, 28 de maio, os bens do Mosteiro foram efetivamente confiscados e transferidos para o Estado egípcio, enquanto os monges tiveram seu acesso restrito a certas propriedades. Eles foram autorizados a permanecer no Mosteiro apenas para fins religiosos e sob as condições estabelecidas pelo novo proprietário estatal.

O site orthodoxia.info descreveu a aplicação da decisão como "uma das mais graves violações das liberdades religiosas e individuais dos últimos séculos", perpetrada em um período conturbado para o Oriente Médio.

A medida, que efetivamente priva o Mosteiro de sua autonomia, ocorre após um longo período de disputas judiciais e ações judiciais movidas contra a relativa autonomia exercida pelo Mosteiro.

Algumas autoridades egípcias justificam a medida tomada como um ato de proteção do patrimônio cultural do Mosteiro.

O arqueólogo Abdel Rahim Rihan argumentou, a esse respeito, que os bens imóveis do mosteiro se enquadram nas leis de patrimônio cultural e que a decisão implementada após a decisão judicial garante sua valorização em benefício do "patrimônio mundial e dos monges". Os monges, por sua vez, falam de uma expulsão de fato de seu próprio mosteiro.

A decisão tomada põe fim, de forma controversa, à ofensiva legal de vários anos contra os monges de Santa Catarina por parte do Estado egípcio, que, em etapas alternadas, desde a época do governo controlado pela Irmandade Muçulmana, tem buscado colocar o Mosteiro sob o próprio controle.

Segundo alguns analistas, a disposição implementada demonstra que o próprio presidente, general Abdel Fattah Sisi, não seria capaz de controlar aparatos que fazem parte do "Estado Profundo", alguns dos quais também estão ligados a grupos salafistas.

Agora, o Cairo precisa administrar uma crise com a Grécia, que reagiu duramente à ação do governo sobre o Mosteiro, em um momento em que o Egito está no centro de acontecimentos tumultuados na Palestina que também afetam a Península do Sinai, uma área onde grupos jihadistas organizados no passado operam no Sinai e que, no passado, ameaçaram o mosteiro, realizando também ataques com comandos armados. E a disposição implementada também enfraquece o Mosteiro também nas inúmeras disputas civis que o colocaram contra várias contrapartes em casos de usucapião.

A reação dos monges foi forte. Uma campanha internacional de conscientização e informação dirigida a Igrejas e outras comunidades religiosas já está planejada, com o objetivo de obter a revogação da decisão.

A reação do arcebispo greco-ortodoxo de Atenas, Ieronymus, também foi imediata. "Não quero e não posso acreditar - afirmou  Ieronymus - que hoje o helenismo e a Ortodoxia estejam vivenciando outra 'conquista' histórica". "Este farol espiritual da Ortodoxia e do helenismo — acrescentou — enfrenta agora uma questão de sobrevivência". 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Caminho Neocatecumenal celebra 30 anos de presença em Moçambique

Dom João Carlos Hatoa Nunes, arcebispo de Maputo, na Missa dos 30 anos do Caminho Neocatecumenal em Moçambique (Vatican News)

As comemorações dos 30 anos da presença catequética e comunitária do Caminho Neocatecumenal em Moçambique, foram marcadas por uma Missa de acção de graças que teve lugar no domingo, 1 de junho, na Sé Catedral de Maputo.

Rogério Maduca – Beira, Moçambique

A celebração eucarística foi presidida pelo Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos Hatoa Nunes, e nela concelebraram vários sacerdotes, entre eles o responsável pela comunidade em Moçambique, Padre Raúl Escudeiro, o Secretário da Nunciatura Apostólica, Monsenhor Aghabios.

Em sua homilia, Dom João Carlos sublinhou que a Igreja local é testemunha da fidelidade do Caminho Neocatecumenal no anúncio do kerigma, disponibilidade e da fraternidade vivida nas diferentes comunidades. O Arcebispo fez votos para que a Missa de acção de graças renove o ardor do grupo, sendo ainda sinal de esperança.

Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos Hatoa Nunes, na Missa dos 30 anos do Caminho Neocatecumenal em Moçambique (Vatican News)

Após 30 anos de presença em Moçambique, o Caminho Neocatecumenal através do seu responsável, Padre Raúl, agradece a Deus pelo seu amor e pelos frutos da sua presença.

Numa mensagem enviada por ocasião desta celebração e apresentada pelo representante da Nunciatura, o Núncio Apostólico em Moçambique, Dom Luíz Miguel Muñoz Cárdaba destacou que o Caminho Neocatecumenal é um itinerário de formação católica, válido para a sociedade e para os tempos de hoje. Por esta razão, encorajou os responsáveis, os presbíteros, os catequistas e os membros a renovarem o seu ardor evangelizador e missionário, anunciando com humildade e alegria a Boa Nova de Cristo morto e ressuscitado.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Banalização da fé: 5 perguntas para saber se estou usando o nome de Deus em vão

Usar o nome de Deus em vão (Portal Manaus Alerta)

Cibele Battistini - publicado em 04/06/25

Não usar o nome de Deus em vão: uma reflexão necessária.

A expressão "não usar o nome de Deus em vão" é uma recomendação que pode ser encontrada em várias tradições religiosas, mas é especialmente proeminente na Sagrada Escritura. Este mandamento, presente no contexto dos Dez Mandamentos, nos convida a refletir sobre o significado do nome de Deus e a importância de respeitá-lo. No fundo, essa instrução nos lembra que a fé não deve ser banalizada, mas deve ser vivida com seriedade e profundidade.

O significado do nome de Deus

Na Bíblia, o nome de Deus não é apenas uma etiqueta; representa a essência divina, sua presença e seu poder. Usar o nome de Deus de forma leviana é desconsiderar a reverência que devemos ter por Ele. Ao longo da história, muitos crentes têm utilizado o nome de Deus para justificar ações, manipulações ou ideologias. Isso nos leva a questionar: será que estamos realmente honrando a Deus ou estamos apenas tentando validar nossas próprias agendas?

Confiança em Deus x Exposição

Ter fé em Deus implica confiar n'Ele, mas isso não significa que devemos expor nossa fé em todas as circunstâncias ou a qualquer custo. A verdadeira fé se manifesta na intimidade do coração e na sinceridade das ações. Anunciar a nossa crença a todos pode levar a uma exposição superficial, onde a fé se transforma em um mero rótulo social. Em vez de professar nossa fé a homens, devemos direcionar nossa adoração e devoção a Deus.

A teologia cristã enfatiza a importância da autenticidade. Jesus, por exemplo, criticava aqueles que buscavam a aprovação dos homens em detrimento de um relacionamento genuíno com Deus. Em Mateus 6:5-6, Ele diz: "Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e à vista das esquinas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando tu orares, entra no teu quarto, e fechada a porta, ora a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará."

A banalização da Fé

A banalização da fé pode ocorrer quando a pessoa usa o nome de Deus para justificar ações ou decisões que não refletem seus valores. Isso pode ser observado em discursos populistas, discursos de ódio e até mesmo em situações cotidianas onde se diz "Deus me disse" para validar comportamentos questionáveis. A fé não deve ser usada como uma ferramenta para manipulação ou para satisfazer desejos pessoais.

Perguntas para Reflexão

Para nos ajudar a avaliar se estamos usando o nome de Deus de forma adequada e se nossa fé é genuína, aqui estão cinco perguntas que podemos fazer a nós mesmos:

1 - ESTOU UTILIZANDO O NOME DE DEUS PARA JUSTIFICAR MINHAS AÇÕES OU DECISÕES?

Quais motivações estão por trás de minhas palavras e ações quando menciono Deus?

2 - ESTOU ME APRESENTANDO COMO CRENTE PARA AGRADAR OS OUTROS OU PARA BUSCAR A APROVAÇÃO DIVINA?

Meu relacionamento com Deus é mais importante do que a percepção que os outros têm de mim?

3 - MINHAS ORAÇÕES E DEVOÇÕES SÃO SINCERAS OU APENAS UM RITUAL?

Estou buscando um verdadeiro encontro com Deus ou apenas cumprindo obrigações?

4 - ESTOU VIVENDO A MINHA FÉ DE FORMA AUTÊNTICA, OU AS MINHAS AÇÕES NÃO CORRESPONDEM AO QUE PROFESSAM AS MINHAS PALAVRAS?

Como posso alinhar mais a minha vida com os ensinamentos que acredito?

5 - ESTOU ABERTO PARA OUVIR A VOZ DE DEUS, OU JÁ TOMEI DECISÕES BASEADAS NO QUE EU QUERO QUE ELE DIGA?

Estou disposto a seguir os caminhos de Deus, mesmo que eles sejam diferentes dos meus próprios?

Respeitar o nome de Deus e não usá-lo em vão é um convite a desenvolver uma fé mais profunda e autêntica. Isso significa cultivar um relacionamento íntimo com Ele, vivendo nossa espiritualidade com sinceridade e evitando o uso superficial de Sua identidade. À medida que buscamos nos aprofundar na fé, é importante lembrar que, mais do que palavras, Deus busca o nosso coração. Portanto, que possamos sempre refletir sobre como estamos vivendo nossa relação com Ele, professando nossa fé não aos homens, mas de maneira verdadeira e reverente a Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/04/banalizacao-da-fe-5-perguntas-para-saber-se-estou-usando-o-nome-de-deus-em-vao

Leão XIII, Leão XIV e as coisas novas

Simpósio "Leão e as coisas novas. O papado nas revoluções tecnológicas" (Vatican Media)

Em um simpósio organizado em Roma, na sede da Uninettuno, a contribuição do papado para as grandes transformações da era moderna e contemporânea foi aprofundada a partir da figura do Papa Pecci, o Pontífice da encíclica "Rerum Novarum". Monsenhor Dario Edoardo Viganò: "Uma das relações entre os dois Pontificados está ligada à palavra revolução"

Amedeo Lomonaco - Vatican News

Os paralelos, apesar dos diferentes contextos históricos, entre o Pontificado de Leão XIII e o do Papa Leão XIV, que acaba de começar, foram o foco de um encontro realizado em Roma, na sede da Universidade Telemática Internacional Uninettuno. O evento, intitulado “Leão e as coisas novas. O papado nas revoluções tecnológicas”, foi moderado pelo jornalista Stefano Maria Paci: “O Papa Leão XIII deu uma nova influência à doutrina social da Igreja e o Papa Prevost – sublinhou o vaticanista de L’Espresso – vinculou seu Pontificado a essa tradição”.

Papa Pecci e a modernidade

O discurso de monsenhor Dario Edoardo Viganò, vice-chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, também se inseriu nessa linha. O Pontificado de Leão XIV “estabeleceu, desde o seu início, uma conexão direta com o de Leão XIII”, explicou Viganò. "Foi o próprio Papa Prevost", recordou o decano da Faculdade de Ciências da Comunicação da Uninettuno, que estabeleceu "uma relação usando a palavra revolução": assim como Leão XIII teve que enfrentar a "primeira grande revolução industrial", hoje a Igreja, como o próprio Leão XIV declarou logo após sua eleição, é chamada a responder "a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial". Para compreender a atualidade do Pontificado de Leão XIII, monsenhor Viganò sugeriu focar em uma imagem, "As belas artes abençoadas pela religião", que pode ser admirada na galeria de candelabros dos Museus Vaticanos. Este afresco nos diz muito sobre Leão XIII: na imagem, em particular, aparece "uma coisa nova" da época do Papa Pecci. Trata-se de um dispositivo fotográfico no qual é possível reconhecer um modelo comercializado em 1839. Entre as coisas novas que se cruzam com o período histórico de Leão XIII está também o cinema. O Papa Pecci, disse monsenhor Viganò, acolheu essa novidade "ao decidir ser filmado em 1898 pelo cinegrafista William Dickson, da produtora estadunidense Biograph". Leão XIII "não recua diante da mais recente invenção da modernidade, mas prontamente a transforma em instrumento de apostolado".

Papa Leão XIII (foto d'archivio)   (© Musei Vaticani)

Os Papas e as fake news

A linha de paralelos entre o Pontificado de Leão XIII e o de Leão XIV também marcou o discurso de Gianluca della Maggiore, professor da Universidade Uninettuno e autor do livro "As visões das origens de Leão XIII". No início de seu discurso, foram exibidas algumas sequências de um filme falso, criado com inteligência artificial, no qual flui um discurso, nunca proferido, atribuído a Leão XIV e dirigido ao presidente de Burkina Faso. "É - disse o professor - uma mensagem falsa que obteve um milhão de visualizações em pouco tempo". Até mesmo as imagens cinematográficas de 1898, disse Gianluca della Maggiore, estavam no centro do que hoje pode ser definido como “fake news”. “O New York Journal destacou, na primeira página, uma declaração falsa do delegado apostólico em Washington, segundo a qual a bênção filmada, sob indicação do Papa, era capaz de transferir aos espectadores os mesmos benefícios de uma bênção concedida na presença real do Pontífice”. Para retornar às palavras recentes de Leão XIV, observou Gianluca della Maggiore, “a atitude correta diante das inovações tecnológicas é exercer o senso crítico, a análise aprofundada, o estudo”.

Consonâncias entre mundos diferentes

Embora distantes no tempo, os Pontificados de Leão XIII e Leão XIV parecem ser interpelados por desafios semelhantes. A professora Anna Maria Carito, reitora da Universidade Uninettuno, relembrou alguns pontos de consonância entre as eras dos dois Papas. Um ponto em comum entre esses diferentes contextos históricos "é o pano de fundo da guerra". Outro elemento de consonância está ligado às profundas transformações da revolução industrial e da atual era digital. O Papa Leão XIII, lembrou a professora Carito, indicou entre as prioridades a regulação do capital. Hoje, os principais desafios são colocados pelo sistema de algoritmos e, portanto, torna-se necessário regular o digital. Gianni Piacitelli Pecci, proveniente da família de Leão XIII, relembrou as primeiras palavras sobre a paz pronunciadas após a eleição de Leão XIV. O compromisso com a reconciliação também marcou o Pontificado de Leão XIII, que, no século XIX, desempenhou um papel mediador em uma disputa entre a Espanha e a Alemanha sobre as Ilhas Carolinas. A dimensão missionária também foi central na vida do Papa Leão XIV. E Leão XIII, recordou Gianni Piacitelli Pecci, estruturou as missões no mundo. É preciso também recordar, disse o parente de Leão XIII, a relação do Papa Pecci com os Estados Unidos: a encíclica Longinqua Oceani é dedicada, por exemplo, precisamente à Igreja estadunidense. Por fim, o professor Luis Okulik, secretário da Comissão de Pastoral Social do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, recordou algumas palavras-chave do Pontificado de Leão XIII: dignidade, trabalho, família. Palavras nas quais Leão XIV também se concentrou no início do seu Pontificado. Através destas e de outras diretrizes relevantes, a acolhida da modernidade e da contemporaneidade pela Igreja parece desdobrar-se, com o mesmo olhar moldado pelo Evangelho.

Fonte: https://draft.blogger.com/

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Decenário ao Espírito Santo

Símbolo do Espíriyo Santo (Portal Kairós)

Decenário ao Espírito Santo

Em 2025 a solenidade de Pentecostes será no dia 8 de junho. O Decenário ao Espírito Santo é um costume cristão por meio do qual a Igreja anima os fiéis a preparar o melhor possível a vinda do Espírito Santo.

28/05/2025

O Decenário do Espírito Santo é um antigo costume com o qual a Igreja anima os fiéis a preparar o melhor possível a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, sete semanas depois da Ressurreição de Jesus.
Começa 10 dias antes da festa, isto é, no dia da Ascensão (quando se comemora na quinta-feira). Nesse dia Jesus prometeu aos discípulos que enviaria o Paráclito.
O fundador do Opus Dei descreve assim este momento da história da Igreja: “Relembremos agora os dias que se seguiram à Ascensão, na expectativa do Pentecostes. Os discípulos, cheios de fé pelo triunfo de Cristo ressuscitado, e ansiosos ante a promessa do Espírito Santo, querem sentir-se unidos, e vamos encontrá-los cum Maria, Matre Iesu, com Maria, a Mãe de Jesus. A oração dos discípulos acompanha a oração de Maria; era a oração de uma família unida”. (É Cristo que passa, n. 141).

AMIZADE COM O ESPÍRITO SANTO. VIVER SEGUNDO O ESPÍRITO                     SANTO É VIVER DE FÉ, DE ESPERANÇA, DE CARIDADE: É DEIXAR QUE             DEUS TOME POSSE DE NÓS E MUDE PELA RAIZ OS NOSSOS CORAÇÕES,         PARA OS MOLDAR À SUA MEDIDA.

D. Álvaro del Portillo conta que “precisamente porque a Terceira Pessoa da Trindade é menos invocada, o nosso Padre tinha uma devoção especial. Não tenho dúvida em afirmar que o Padre foi, na sua pregação, um grande arauto da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade”. “Contou-me muitas vezes que, desde 1926 ou 1927, tinha vivido com muita intensidade a devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Fazia todos os anos o Decenário do Espírito Santo, utilizando o livro de Francisca Javiera del Valle. Em abril de 1934 compôs uma oração ao Paráclito que entregou, manuscrita, a Ricardo Fernández Vallespín, então diretor da Residência do Opus Dei”.

Juan Bautista Maíno, Pentecostés (Museu do Prado, Madri).
Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/decenario-do-espirito-santo/

Da Constituição dogmática Lumen gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II

A Missão do Espírito Santo (A Catequese Católica)

Da Constituição dogmática Lumen gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II

(N. 4.12)      (Séc. XX)

A missão do Espírito Santo na Igreja

        Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, O Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no único Espírito, terem os fiéis acesso junto ao Pai. Ele é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais.

        O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como em um templo. Neles ora e dá testemunho da adoção de filhos. Conduz a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e nos ministérios, ilumina-a com diversos dons carismáticos e hierárquicos e enriquece-a com seus frutos.

        Pela força do evangelho, rejuvenesce a Igreja, renovando-a constantemente e a conduz à perfeita união com seu Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: “Vem!”

        Assim se apresenta a Igreja inteira como um povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

        O conjunto dos fiéis, consagrado pela unção do Espírito Santo, não pode enganar-se na fé. Esta peculiaridade se exprime através do sentido sobrenatural da fé, quando na sua totalidade, a hierarquia e os fiéis leigos, manifestam um consenso universal em matéria de fé e costumes.

        Com este senso de fé, formado e sustentado pelo Espí­rito da verdade, o povo de Deus, guiado pelo sagrado ma­gistério a que obedece com fidelidade, acolhe não mais como palavras dos homens, mas, na realidade, a palavra de Deus, e adere sem esmorecimento à fé que, uma vez para sempre, foi transmitida aos santos (Jd 3). Nela penetra sempre mais profundamente, com reto julgamento, e cada vez mais plenamente a põe em prática em sua vida.

        Além disso, por meio dos sacramentos e ministérios, o Espírito Santo não apenas santifica e conduz o povo de Deus e o adorna com virtudes, mas ainda distribui a cada um seus dons conforme quer (1Cor 12,11), e concede também graças especiais aos fiéis de todas as condições. Torna-os assim aptos e disponíveis para assumir deveras obras ou funções, em vista de uma séria renovação e mais ampla edificação da Igreja, conforme foi dito: A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (ICor 12,5).

        Estes carismas devem ser recebidos com ação de graças e consolação. Pois todos, desde os mais extraordinários aos mais simples e comuns, são perfeitamente apropriados e úteis às necessidades da Igreja.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

'Minoria criativa' de fiéis revitaliza Igreja na Holanda, diz cardeal

A cúpula da catedral de São Bavo em Haarlem, Holanda. | Frank de Ruyter via Wikimedia (CC BY-SA 3.0 NL)

'Minoria criativa' de fiéis revitaliza Igreja na Holanda, diz cardeal

Por Kristina Millare*

2 de junho de 2025

A Igreja na Holanda está ganhando força graças à “minoria criativa” de jovens que redescobrem a fé católica, disse o arcebispo de Utrecht, cardeal Willem Eijk.

Embora Eijk considere os cerca de 3,4 milhões de católicos uma minoria religiosa no país europeu com uma população total de 17,9 milhões de pessoas, o cardeal holandês disse ter grandes esperanças nas gerações mais jovens.

“Há jovens que pertencem a famílias afastadas da Igreja há gerações e que redescobrem Cristo em Sua Igreja e abraçam a doutrina da Igreja”, disse o arcebispo a Andreas Thonhauser, chefe do escritório da Santa Sé da EWTN.

“A cada ano, vemos um número crescente de jovens pedindo admissão na Igreja. Eles descobrem a verdade sobre Cristo e o Evangelho por meio da internet, do TikTok e das redes sociais”, disse Eijk.

Falando sobre sua surpresa com o impacto que as novas tecnologias tiveram em atrair atenção para a fé católica, o cardeal disse que o que particularmente o impressionou foi o quão bem-informados esses jovens estavam sobre a doutrina da Igreja antes de pedir os sacramentos.

“A única coisa, claro, é que é preciso introduzi-los na comunidade de fé. Mas, ainda assim, eles conhecem muito da sua fé e esses jovens estão inclinados a aceitar e abraçar toda a doutrina da Igreja”, disse ele.

Eijk disse que a Igreja é "muito menor", especialmente em vista da crescente população do país, mas o arcebispo disse que não está muito preocupado por causa da grande fé que testemunha entre os novos fiéis.

“Será uma 'minoria criativa', como dizia Bento XVI. Claro, essa é uma bela expressão de Alfred Toynbee, famoso filósofo inglês”, disse o cardeal.

Toynbee concluiu em seu livro Um Estudo de História, que analisou 20 civilizações mundiais, que a ascensão das culturas é resultado de grupos menores de pessoas que responderam aos desafios de seus tempos.

“Acredito que, ao formar um grupo, um pequeno grupo de fortes crentes em Cristo, seguidores e Cristo, seremos capazes de cristianizar a cultura novamente”, disse Eijk à EWTN News.

“Vivemos agora numa cultura de individualismo expressivo. Cada indivíduo está no seu próprio barco, determina a sua própria filosofia de vida, religião e conjunto de valores éticos, mas essa cultura não durará para sempre”, disse ele.

Para promover a fé das pessoas que pertencem à diocese de Utrecht, Eijk disse que vários programas de formação estão disponíveis para fiéis e particularmente para casais que se preparam para o sacramento do matrimônio.

“Falamos sobre a teologia do corpo, ensinamos casais também a rezar, porque eles não sabem rezar, e isso é muito importante. Também falamos sobre a doutrina da Igreja sobre a contracepção e o planejamento familiar natural”, disse o cardeal.

Depois de introduzir os cursos para casais alguns anos atrás, o arcebispo disse que vários participantes fizeram comentários positivos.

"A maioria diz: 'Ah, que lindo! Nunca tínhamos ouvido isso antes', e isso me deixa claro que precisamos transmitir a verdade com coragem e sem ambiguidade", disse ele.

Embora Eijk tenha dito que os novos jovens que vêm à Igreja não são numerosos, "eles são crentes fortes" que são o futuro.

“Vemos que há mais abertura do que havia, digamos, quando comecei como pároco, auxiliar de pároco, há 40 anos”, disse o cardeal.

“Sempre vi declínio na Igreja e agora, nos últimos anos da minha carreira, vejo uma certa revitalização modesta da Igreja; modesta, mas certa”, disse também o arcebispo de Utrecht.

*Kristina Millare é jornalista freelance com experiência profissional em comunicação no setor de ajuda humanitária e desenvolvimento, jornalismo de notícias, marketing de entretenimento, política e governo, negócios e empreendedorismo.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63021/minoria-criativa-de-fieis-revitaliza-igreja-na-holanda-diz-cardeal

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF