Fatos e Fotos - Comunidade I

domingo, 20 de julho de 2025

XVI Domingo do Tempo Comum (C): Conjugar Contemplação e Ação

CONJUGAR CONTEMPLAÇÃO E AÇÃO

Cardeal Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

 19/07/2025

Neste domingo, no Evangelho, a Palavra de Deus coloca diante de nós a atitude de duas mulheres: Marta e Maria (Lc 10, 38-42). A atitude delas não está em oposição, mas revela aspectos importantes da existência que devem estar correlacionados: contemplação e ação. Maria se coloca aos pés do mestre para ouvir a sua palavra; Marta está preocupada com os muitos afazeres da casa e interpela Jesus: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela venha me ajudar” (Lc 10, 40). 

Papa Francisco nos ajuda a entrar no mistério desse texto do Evangelho. “(…) Nesta cena de Maria de Betânia aos pés de Jesus, São Lucas mostra a atitude orante do crente, que sabe estar na presença do Mestre para o ouvir e para se pôr em sintonia com Ele. Trata-se de fazer uma pausa durante o dia, de se recolher em silêncio, por alguns minutos, para dar espaço ao Senhor que ‘passa’ e para encontrar a coragem de permanecer um pouco ‘à parte’ com Ele, para depois voltar, com serenidade e eficácia, às situações da vida de todos os dias. Elogiando o comportamento de Maria, que ‘escolheu a melhor parte’ (v. 42), Jesus parece repetir a cada um de nós: ‘Não te deixes dominar pelas coisas a fazer, mas, antes de tudo, ouve a voz do Senhor, para cumprir bem as tarefas que a vida te confiar’.

“Depois há a outra irmã, Marta. São Lucas diz que foi ela quem acolheu Jesus (cf. v. 38). Talvez Marta fosse a mais velha das duas irmãs, não sabemos, mas certamente esta mulher tinha o carisma da hospitalidade. Com efeito, enquanto Maria ouve Jesus, ela está totalmente ocupada com os numerosos serviços. Por isso, Jesus diz-lhe: ‘Marta, Marta, estás inquieta e perturbada com muitas coisas’ (v. 41). Com estas palavras, Ele certamente não tenciona condenar a atitude de serviço, mas sobretudo a ansiedade com que às vezes ele é vivido. Também nós compartilhamos a preocupação de Santa Marta e, seguindo o seu exemplo, propomo-nos fazer com que, nas nossas famílias e comunidades, se viva o sentido de hospitalidade e fraternidade, para que todos possam sentir-se ‘em casa’, especialmente os pequeninos e os pobres quando batem à porta.

“Portanto, o Evangelho de hoje recorda-nos que a sabedoria do coração consiste precisamente em saber conjugar estes dois elementos: contemplação e ação. Marta e Maria indicam-nos o caminho. Se quisermos saborear a vida com alegria, devemos associar estas duas atitudes: por um lado, ‘estar aos pés’ de Jesus, para o ouvir enquanto Ele nos revela o segredo de tudo; por outro, estar atentos e prontos na hospitalidade, quando Ele passa e bate à nossa porta, com o rosto do amigo que tem necessidade de um momento de conforto e fraternidade. É necessária esta hospitalidade! (…)” (Papa Francisco, Angelus de 21 de julho de 2019).

Vivemos num mundo que talvez se assemelhe a Marta, muito preocupado com o fazer, o operar, o realizar. A sabedoria do coração consiste em conjugar contemplação e ação. É encontrando tempo para o silêncio, a oração, para escutar o Senhor que vamos encontrando a unidade do nosso ser. Numa sociedade da fragmentação, a contemplação nos ajuda a encontrar a unidade do ser.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário