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sábado, 23 de agosto de 2025

Curiosidades da Bíblia: A cidade de Nínive

Sagrada Escritura (Vatican News)

A cidade de Nínive, de potência regional à decadência cantada pelo profeta. As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates.

Padre José Inácio Medeiros, CssR - Instituto Histórico Redentorista

A cidade de Nínive é uma das mais antigas e populosas da antiga Assíria. Localizada na Mesopotâmia, no atual Iraque, foi uma poderosa e importante metrópole da antiguidade. Localizada na margem leste do rio Tigre, defronte da moderna cidade de Mosul, Nínive se desenvolveu sob os reinados dos reis Senaqueribe e Assurbanípal no século VII a.C, mas depois entrou em decadência sendo sucessivamente dominada.

No tempo de sua glória o profeta Jonas, do reino de Israel que viveu por volta do século VIII a.C. foi chamado por Deus e enviado à Nínive para clamar pela sua conversão, alertando seus moradores do iminente castigo divino.

“A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia chegou até à minha presença.  E levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande, de três dias de caminhada.

E começou Jonas a andar pela cidade, e pregando... E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.

Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou suas vestes reais, e cobriu-se de saco, e sentou-se sobre cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?

E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez (Jonas, cap. 03).

Glória e decadência de Nínive

As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates. Suas cidades mais importantes estavam situadas no território do atual Iraque.

Seu poder dependia quase que inteiramente da força militar. O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia as campanhas militares. Embora fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome, por isso, as ambições e intrigas foram sempre uma ameaça para a vida do governante. Essa debilidade na organização e na administração do império será a maior responsável pela sua desintegração e colapso.

O fim do império ocorreu no ano de 612 a.C., quando o exército, comandado por seu último rei foi derrotado por uma coligação militar formada pelos caldeus e medos, povos vizinhos ao Reino Assírio. Com a derrota a cidade de Nínive foi destruída e todo o Império Assírio caiu sob a dominação do Segundo Império Babilônico.

O império foi se reergueu a partir de 1.300 a.C. perdurando até 612 a.C., legando à história características, como sua “máquina de guerra” que compreendia a provável formação do primeiro exército que devia sua eficiência à sua organização funcional. Foi através dele que os assírios conseguiram submeter várias civilizações da Mesopotâmia. Os métodos de tortura e o destino dos derrotados como a prática do empalamento dos adversários colocavam medo em seus inimigos.

Entre seus governantes dois são mais destacados por levarem a civilização ao apogeu:

Senaqueribe (704–681 a.C.): Sob seu reinado, Nínive foi transformada em uma das maiores cidades do mundo antigo, com um sistema avançado de aquedutos, jardins, palácios e templos. Ele construiu um imenso palácio, conhecido como o "Palácio sem Rival", decorado com relevos detalhados que narravam suas campanhas militares e feitos.

Assurbanípal (668–627 a.C.): O neto de Senaqueribe, Assurbanípal, é famoso por ter criado uma das primeiras bibliotecas do mundo, a Biblioteca de Nínive. Esta coleção monumental de tábuas de argila, escrita em escrita cuneiforme, continha textos literários, científicos e administrativos, incluindo a épica de Gilgamesh.

Descobertas Arqueológicas

Entre 1845 e 1851, foram realizadas várias escavações que revelaram os restos da antiga cidade de Nínive, trazendo à luz seus palácios, a grande muralha que cercava a cidade, portas monumentais e a famosa Biblioteca de Assurbanípal.

Atualmente, o sítio arqueológico de Nínive se encontra ameaçado tanto por conflitos regionais quanto por atividades humanas, como a expansão urbana de Mosul. A destruição causada pelo Estado Islâmico, que danificou partes significativas do local, representa uma perda irreparável para o patrimônio histórico global. No entanto, esforços contínuos de arqueólogos e historiadores visam preservar o que resta deste testemunho da antiga civilização assíria.

Nínive, portanto, permanece como um símbolo da ascensão e queda das grandes civilizações, mostrando tanto a grandiosidade da história humana quanto a fragilidade de seu legado.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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