A cidade de Nínive, de potência regional à decadência
cantada pelo profeta. As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das
grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios
Tigre e Eufrates.
Padre José Inácio Medeiros, CssR - Instituto Histórico
Redentorista
A cidade de Nínive é uma das mais antigas e populosas da
antiga Assíria. Localizada na Mesopotâmia, no atual Iraque, foi uma poderosa e
importante metrópole da antiguidade. Localizada na margem leste do rio Tigre,
defronte da moderna cidade de Mosul, Nínive se desenvolveu sob os reinados dos
reis Senaqueribe e Assurbanípal no século VII a.C, mas depois entrou em
decadência sendo sucessivamente dominada.
No tempo de sua glória o profeta Jonas, do reino de Israel
que viveu por volta do século VIII a.C. foi chamado por Deus e enviado à Nínive
para clamar pela sua conversão, alertando seus moradores do iminente castigo
divino.
“A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de
Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela,
porque a sua malícia chegou até à minha presença. E levantou-se Jonas, e
foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito
grande, de três dias de caminhada.
E começou Jonas a andar pela cidade, e pregando... E
os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de
saco, desde o maior até ao menor.
Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; ele
levantou-se do seu trono, tirou suas vestes reais, e cobriu-se de saco, e
sentou-se sobre cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive,
dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma,
nem se lhes dê alimentos, nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam
cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu
mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus,
e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não
pereçamos?
E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu
mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não
o fez (Jonas, cap. 03).
Glória e decadência de Nínive
As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das
grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios
Tigre e Eufrates. Suas cidades mais importantes estavam situadas no território
do atual Iraque.
Seu poder dependia quase que inteiramente da força militar.
O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia as campanhas militares.
Embora fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o
rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras
conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome, por isso, as
ambições e intrigas foram sempre uma ameaça para a vida do governante. Essa
debilidade na organização e na administração do império será a maior responsável
pela sua desintegração e colapso.
O fim do império ocorreu no ano de 612 a.C., quando o
exército, comandado por seu último rei foi derrotado por uma coligação militar
formada pelos caldeus e medos, povos vizinhos ao Reino Assírio. Com a derrota a
cidade de Nínive foi destruída e todo o Império Assírio caiu sob a dominação
do Segundo Império Babilônico.
O império foi se reergueu a partir de 1.300 a.C. perdurando
até 612 a.C., legando à história características, como sua “máquina de guerra” que
compreendia a provável formação do primeiro exército que devia sua eficiência à
sua organização funcional. Foi através dele que os assírios conseguiram
submeter várias civilizações da Mesopotâmia. Os métodos de tortura e o destino
dos derrotados como a prática do empalamento dos adversários colocavam medo em
seus inimigos.
Entre seus governantes dois são mais destacados por levarem
a civilização ao apogeu:
Senaqueribe (704–681 a.C.): Sob seu
reinado, Nínive foi transformada em uma das maiores cidades do mundo antigo,
com um sistema avançado de aquedutos, jardins, palácios e templos. Ele
construiu um imenso palácio, conhecido como o "Palácio sem Rival",
decorado com relevos detalhados que narravam suas campanhas militares e feitos.
Assurbanípal (668–627 a.C.): O neto de
Senaqueribe, Assurbanípal, é famoso por ter criado uma das primeiras
bibliotecas do mundo, a Biblioteca de Nínive. Esta coleção monumental de tábuas
de argila, escrita em escrita cuneiforme, continha textos literários,
científicos e administrativos, incluindo a épica de Gilgamesh.
Descobertas Arqueológicas
Entre 1845 e 1851, foram realizadas várias escavações que
revelaram os restos da antiga cidade de Nínive, trazendo à luz seus palácios, a
grande muralha que cercava a cidade, portas monumentais e a famosa Biblioteca
de Assurbanípal.
Atualmente, o sítio arqueológico de Nínive se encontra
ameaçado tanto por conflitos regionais quanto por atividades humanas, como a
expansão urbana de Mosul. A destruição causada pelo Estado Islâmico, que
danificou partes significativas do local, representa uma perda irreparável para
o patrimônio histórico global. No entanto, esforços contínuos de arqueólogos e
historiadores visam preservar o que resta deste testemunho da antiga
civilização assíria.
Nínive, portanto, permanece como um símbolo da ascensão e
queda das grandes civilizações, mostrando tanto a grandiosidade da história
humana quanto a fragilidade de seu legado.
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