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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O Papa: diálogo entre culturas e religiões, objetivo para um político de inspiração cristã

O Papa com os membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso  (@Vatican Media)

Ao receber o Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso, no Vaticano, Leão XIV destacou que "ser homens e mulheres de diálogo significa permanecer firmemente arraigados no Evangelho e nos valores que vem dele e, ao mesmo tempo, cultivar a abertura, a escuta e o envolvimento com aqueles que vêm de outras inspirações, colocando sempre no centro a pessoa humana, sua dignidade e sua constituição relacional e comunitária".

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta segunda-feira (29/09), no Vaticano, os membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso.

Este grupo foi criado dentro do Parlamento Europeu, uma iniciativa que Leão XIV espera que dê frutos. Trata-se de pessoas que deram um bom testemunho na promoção desse diálogo.

Promover o diálogo entre culturas e religiões é um objetivo fundamental para um político de inspiração cristã, e graças a Deus não faltam pessoas que deram bom testemunho neste sentido.

Segundo o Papa, "ser homens e mulheres de diálogo significa permanecer firmemente arraigados no Evangelho e nos valores que vem dele e, ao mesmo tempo, cultivar a abertura, a escuta e o envolvimento com aqueles que vêm de outras inspirações, colocando sempre no centro a pessoa humana, sua dignidade e sua constituição relacional e comunitária".

Trabalhar para o diálogo inter-religioso exige reconhecer que a religião é um valor tanto pessoal quanto social. A própria palavra "religião" contém uma referência ao vínculo como elemento fundamental do ser humano. Portanto, a dimensão religiosa, quando autêntica e bem cultivada, dá qualidade às relações interpessoais e ajuda muito a formar as pessoas para viverem em comunidade e na sociedade. Como é importante hoje dar valor e significado às relações humanas!

De acordo com o Papa, "as instituições europeias precisam de pessoas que saibam viver uma laicidade saudável, isto é, um estilo de pensamento e ação que afirme o valor da religião, preservando a sua distinção – e não a separação ou confusão – em relação à esfera política". "Neste sentido, os exemplos de Robert Schuman, Konrad Adenauer e Alcide De Gasperi valem mais do que as palavras", concluiu Leão XIV, agradecendo aos membros do Grupo de Trabalho sobre Diálogo Intercultural e Inter-religioso pela visita.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 28 de setembro de 2025

Papa Leão deve publicar em breve sua primeira Exortação Apostólica

FILIPPO MONTEFORTE | AFP

Paulo Teixeira - publicado em 26/09/25

Primeiro texto magisterial do pontífice dá continuidade ao pensamento do Papa Francisco.

O Papa Leão XIV, que assumiu o pontificado após a morte de Francisco, prepara seu primeiro grande documento, fontes indicam que ainda em setembro a carta deve ser publicada.  Sob o formato de uma exortação apostólica,  que é uma orientação do pontífice aos católicos, deverá estar focada nas necessidades dos pobres, dando continuidade ao trabalho iniciado por seu antecessor. 

O texto pode ser intitulado "Dilexit Te", em homenagem à encíclica "Dilexit Nos", de Francisco. A última encíclica do Papa Francisco tinha o título traduzido como “amou-nos” e falava sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. Já a do Papa Leão, pode ter o nome no singular, “amou-te”. 

O novo pontífice fala frequentemente sobre o cuidado com os pobres, tendo mencionado o tema durante as canonizações de Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis. Recentemente, Leão XIV almoçou em Castel Gandolfo com mais de 100 pessoas assistidas pela Cáritas. Na ocasião, ele declarou: “Encorajo-vos a não distinguir entre aqueles que assistem e aqueles que são assistidos, entre aqueles que parecem dar e aqueles que parecem receber [...] Somos a Igreja do Senhor, uma Igreja dos pobres, todos preciosos”. 

Além do documento sobre os pobres, o Papa também planeja uma encíclica social para 2026, com foco na inteligência artificial. Inspirado em Leão XIII, autor da encíclica social histórica Rerum Novarum, o texto buscará refletir sobre a dignidade humana, a justiça e o trabalho diante dos desafios da nova tecnologia. Novo pontífice se inspira em Leão XIII, conforme ele mesmo explicou para abordar o mundo digital e a defesa da dignidade humana no trabalho. 

A publicação dos documentos sugere que o pontificado de Leão XIV terá um olhar tanto para a tradição da doutrina social da Igreja quanto para os desafios do século 21, unindo a atenção aos marginalizados com as questões tecnológicas do futuro.  

"Coisas novas" - A Igreja que se renova - uma releitura do documento de 1891

Passados 134 anos da publicação da encíclica "Rerum Novarum", o Papa Prevost dá os primeiros passos para uma releitura do documento, adaptada aos tempos atuais. Ao assumir o nome de Leão, o pontífice sinalizou a intenção de seguir o caminho traçado por Leão XIII e de usar o patrimônio da Doutrina Social da Igreja para responder a uma nova revolução industrial: o desenvolvimento da inteligência artificial

Em um encontro com cardeais no dia 10 de maio, Leão XIV explicou sua escolha de nome, destacando a necessidade de a Igreja responder aos novos desafios que o mundo digital traz para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho. 

A “Rerum Novarum”, documento promulgado por Leão XIII em 15 de maio de 1891, abordou a "questão social" no contexto da primeira grande revolução industrial. Ao reler a encíclica, que se focava nas condições das massas operárias, a Igreja pode projetar o que está sendo chamado de  

A nova encíclica, seguindo os passos de Leão XIII, considerará a questão do trabalho e dos direitos dos trabalhadores à luz das profundas mudanças trazidas pelas novas tecnologias. 

Apesar de ter sido escrita no final do século XIX, a mensagem da "Rerum Novarum" transcende o tempo. Leão XIII argumentou que a verdadeira vida do ser humano é a vida do "mundo vindouro" e que o uso correto ou incorreto dos bens materiais é o que importa para a felicidade eterna. Essa mensagem, segundo o Vaticano, continua a ressoar na era digital. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/26/papa-leao-deve-publicar-em-breve-sua-primeira-exortacao-apostolica/

Leão XIV: o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida

Santa Missa e Angelus, 28/09/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Em sua homilia na missa do Jubileu dos Catequistas, Leão XIV recordou que os "catequistas são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas". Destacou que "os primeiros catequistas são os pais, aqueles que primeiro nos falaram e nos ensinaram a falar". O Papa recordou que "às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração".

https://youtu.be/yxfWgayX2lg

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV presidiu a missa do Jubileu dos Catequistas, neste domingo, 28 de setembro, XXVI do Tempo Comum, na Praça de São Pedro, em que instituiu 39 ministros da catequese. A celebração contou com a presença de cinquenta mil pessoas que estavam na Praça São Pedro e adjacências.

O Pontífice iniciou sua homilia, recordando que "as palavras de Jesus nos falam de como Deus olha para o mundo, em todos os tempos e lugares". No Evangelho deste domingo, os olhos do Senhor observam "um pobre e um rico, quem morre de fome e quem se banqueteia diante dele, as vestes elegantes de um e, do outro, as chagas que os cães lambiam". "Mas não só", disse ainda o Papa Leão: "O Senhor vê o coração dos homens e, através dos seus olhos, nós reconhecemos um indigente e um indiferente".

O Papa incensa a imagem brasileira de Nossa Senhora de Montserrat na missa do Jubileu dos Catequistas   (@Vatican Media)

Segundo o Papa, "Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta de casa, no entanto Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo. Está perdido nos pensamentos do seu coração, cheio de coisas, mas vazio de amor. Os seus bens não o tornam bom".

“A história que Cristo nos conta infelizmente é muito atual. Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Com o passar dos séculos, parece que nada mudou: quantos Lázaros morrem diante da ganância que esquece a justiça, do lucro que espezinha a caridade, da riqueza cega diante da dor dos pobres!”

"No entanto, o Evangelho assegura que os sofrimentos de Lázaro têm um fim. As suas dores terminam, tal como terminam os festins do rico, e Deus faz justiça a ambos: «O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado». Sem se cansar, a Igreja anuncia esta palavra do Senhor, para que converta os nossos corações", sublinhou.

O diálogo entre o homem rico e Abraão

A seguir, Leão XIV recordou que "por uma singular coincidência, este mesmo trecho evangélico foi proclamado precisamente durante o Jubileu dos Catequistas no Ano Santo da Misericórdia. Dirigindo-se aos peregrinos que vieram a Roma por essa ocasião, o Papa Francisco destacou que Deus redime o mundo de todo o mal, dando a sua vida pela nossa salvação. A sua ação é o início da nossa missão, porque nos convida a nos doar pelo bem de todos".

Os trinta e nove leigos que foram instituídos no ministério de catequistas   (@VATICAN MEDIA)

O Evangelho deste domingo, "nos faz refletir sobre o diálogo entre o homem rico e Abraão". "Trata-se de uma súplica que o rico faz para salvar os seus irmãos e que para nós constitui um desafio", sublinhou o Papa. Ao falar com Abraão, ele afirma: «Se algum dos mortos for ter com eles, hão de arrepender-se». Abraão responde: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos».

Os catequistas são testemunhas de Jesus

"Com efeito, houve um que ressuscitou dos mortos: Jesus Cristo. As palavras da Escritura, então, não querem desiludir ou desanimar-nos, mas despertam a nossa consciência. Escutar Moisés e os Profetas significa recordar os mandamentos e as promessas de Deus, cuja providência nunca abandona ninguém", disse ainda Leão XIV, sublinhando que "Evangelho nos anuncia que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo".

“A este respeito, vocês, catequistas, são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas: o nome do ministério que exercem vem do verbo grego katēchein, que significa instruir de viva voz, fazer ressoar. Isto quer dizer que o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida.”

O Papa destacou que "os primeiros catequistas são os pais, aqueles que primeiro nos falaram e nos ensinaram a falar. Assim como aprendemos a nossa língua materna, também o anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, ao redor da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho".

Os leigos que foram instituídos no ministério de catequistas   (@Vatican Media)

Leão XIV recordou que "todos nós fomos educados na fé através do testemunho daqueles que acreditaram antes de nós. Enquanto crianças, adolescentes, jovens, depois como adultos e também como idosos, os catequistas acompanham-nos na fé, partilhando um caminho constante, como vocês fizeram hoje, na peregrinação jubilar".

“Nesta comunhão, o Catecismo é o «instrumento de viagem» que nos protege do individualismo e das discórdias, porque atesta a fé de toda a Igreja católica. Cada fiel colabora na sua obra pastoral, ouvindo questões, partilhando provações, servindo o desejo de justiça e verdade que habita a consciência humana.”

Compromisso com a justiça e a paz

"É assim que os catequistas ensinam, ou seja, deixam um sinal interior: quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa. Ao diácono Deogratias, que lhe perguntou como ser um bom catequista, Santo Agostinho respondeu: «Expõe tudo de modo que quem te ouça, ouvindo, acredite; acreditando, espere; e esperando, ame»", frisou o Papa.

Praça São Pedro durante a missa do Jubileu dos Catequistas   (@Vatican Media)

Leão XIV convidou a fazer nosso este convite. "Lembremo-nos de que ninguém dá o que não tem. Se o rico do Evangelho tivesse caridade para com Lázaro, teria feito o bem, não só ao pobre, mas também a si mesmo. Se aquele homem sem nome tivesse fé, Deus o teria salvado de todo o tormento: foi o apego às riquezas mundanas que lhe tirou a esperança do bem verdadeiro e eterno".

“Quando também nós somos tentados pela ganância e pela indiferença, os muitos Lázaros de hoje recordam-nos a palavra de Jesus, tornando-se para nós uma ainda mais eficaz catequese durante este Jubileu, que é para todos tempo de conversão e perdão, de compromisso com a justiça e a busca sincera da paz.”

Photogallery:

O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
As cruzes que foram entregues aos trinta e nove catequistas
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)
O catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a vida (Vatican News)

Missa do Jubileu dos Catequistas

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ECUMENISMO: "É impossível ser fiel às Escrituras e não levar Maria a sério." (Parte 2/2)

A Virgem Maria, miniatura do Livro de Horas da Bem-Aventurada Virgem Maria, escrito e ilustrado na França, século XV, Catedral de Canterbury | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 12 - 2005

"É impossível ser fiel às Escrituras e não levar Maria a sério."

Um comentário sobre a Declaração Conjunta da Comissão Internacional Anglicana-Católica Romana (ARCIC).

Maria: Graça e Esperança em Cristo

por René Laurentin

Um Acordo Importante

Um relato detalhado deste documento recente seria muito longo. Destacamos alguns aspectos.

Ele demonstra uma consideração positiva e até mesmo uma devoção fervorosa por Maria. O acordo se baseia "nas Escrituras e na tradição comum que precede a Reforma e a Contrarreforma" (século XVI). Escritura e tradição são uma constante em todo o documento: "É impossível ser fiel às Escrituras e não levar Maria a sério".

Seguindo o Evangelho de Lucas, a Declaração Conjunta afirma: "A Anunciação e a visita a Isabel enfatizam que Maria é o único destino da eleição e da graça de Deus".

O novo nome dado a Maria (em grego, Kecharitoméne ) implica "uma santificação original pela graça divina". É um comentário notável, aberto à Imaculada Conceição.

O documento se baseia consistentemente na concepção virginal de Jesus, expressa segundo Mateus e Lucas em termos muito diferentes, mas perfeitamente convergentes e ainda mais significativos. "A concepção virginal pode aparecer, antes de tudo, como uma ausência, isto é, a ausência de um pai humano. No entanto, na realidade, é um sinal da presença e da obra do Espírito [...]. Para os fiéis cristãos, é um sinal eloquente da filiação divina de Cristo e da nova vida pelo Espírito."

Segundo o documento, portanto, a concepção virginal de Jesus é tanto um fato fundamental da Revelação quanto um sinal rico em consequências para nossas vidas, conforme desenvolvido pelos Padres da Igreja, para quem a Mãe de Deus só poderia ser virgem e só uma virgem poderia ser Mãe de Deus.

Alguns teólogos e escritores franceses contestaram vigorosa e insistentemente a virgindade perpétua de Maria, tornando-a mãe de muitos filhos, distorcendo e deturpando assim os textos bíblicos. O acordo com os anglicanos professa que Maria "permaneceu sempre virgem. Em sua reflexão [anglicana e católica], a virgindade é entendida não apenas em termos de integridade física, mas como uma disposição interior de abertura, obediência e fidelidade unânime a Cristo, que informa o seguimento cristão e produz uma riqueza de frutos espirituais". Esta é precisamente a problemática, infelizmente mal compreendida, dos Padres da Igreja.

O acordo da ARCIC cita então "o papel de Maria na redenção da humanidade [...]. Ela ["nova Eva", especifica o texto] está associada ao seu Filho na vitória sobre o antigo inimigo. [...] A obediência da Virgem Maria abre o caminho para a salvação".

Pode-se, portanto, ir muito longe com os anglicanos se evitarmos o título, mesmo controverso entre os católicos, de "corredentora". João XXIII havia discretamente solicitado à Comissão Doutrinária do Concílio, da qual participei como especialista, que não utilizasse esse termo.

O acordo também diz respeito ao lugar de Maria no culto. Ele afirma: "Após [...] os Concílios de Éfeso e Calcedônia [...], uma tradição de oração com Maria e louvor a Maria gradualmente se estabeleceu. A partir do século IV, especialmente no Oriente, tem sido associada ao pedido de sua proteção." Isso permanece em uso na Igreja Anglicana hoje.

Resumir o documento recente levaria muito tempo. Ele demonstra uma consideração positiva e até mesmo uma devoção fervorosa por Maria. O acordo se baseia "nas Escrituras e na tradição comum que precede a Reforma e a Contrarreforma" (século XVI). Escritura e tradição são uma constante em todo o documento: "É impossível ser fiel às Escrituras e não levar Maria a sério". Seguindo o Evangelho de Lucas, a Declaração Conjunta afirma: "A Anunciação e a visita a Isabel enfatizam que Maria é o único destino da eleição e da graça de Deus".

Aceita também "as festas em sua honra". Admite também a legitimidade da festa da Conceição de Maria, criada no Oriente no século VII e adotada nas Ilhas Britânicas a partir do século XI.

Reconhece a intercessão de Maria e "sua presença" na vida da Igreja, ao mesmo tempo que admite os exageros da Idade Média que, ambiguamente, chamavam Maria de "mediadora junto a Cristo, o Mediador". Enfatiza, juntamente com o Concílio Vaticano II, que Cristo é o único mediador e que Maria é mediadora somente "em Cristo", como escreveu João Paulo II, retomando a fórmula admitida perante o Concílio, em 1950, pelo luterano alemão Hans Asmulsen, como tive ocasião de observar ainda antes do Concílio, em meu Court traité sur la Vierge Marie.

A fé na intercessão de Maria remonta ao Concílio de Éfeso (431) e cita-se a Ave Maria , cuja difusão no século V é notada, reconhecendo-se que "os reformadores ingleses criticaram esta invocação e outras formas semelhantes de oração, por acreditarem que questionavam a mediação única de Jesus Cristo". O acordo sobre este ponto marca, portanto, uma etapa positiva. Enfatiza-se, então, que o Concílio Vaticano II endossou a prática ininterrupta dos fiéis que pedem a Maria que reze por eles, uma vez que "a função maternal de Maria para com os homens em nada obscurece ou diminui esta mediação única de Cristo ( Lumen gentium 60)". Esta apreciação positiva merece ser citada. Um dos últimos parágrafos (p. 34) intitula-se: "Intercessão e mediação na comunhão dos santos". 

Acordo sobre a Origem Imaculada e Assunção de Maria

O que é novo e notável é o acordo limitado, mas substancial e positivo, sobre as duas definições papais da Virgem Maria (1854 e 1950), que foram muito contestadas não apenas pela Reforma, mas também pelos ortodoxos. No 150º aniversário da definição de Pio IX da origem imaculada de Maria, o documento enfatiza que Maria tinha "necessidade de Jesus Cristo". Este ponto foi essencial e fundamental para Pio IX, porque ele não apenas definiu a pureza original de Maria. Ele também declarou que Maria foi de fato redimida para preservação (contra aqueles que pensam que esse privilégio era devido à nova Eva, visto que ela pertencia à primeira criação e, portanto, removida da linhagem de Adão).

O documento também reconhece a validade da definição lacônica de Pio XII, que teve o cuidado de se ater ao essencial. Ele não queria definir a morte de Maria, mas apenas que "ela foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

Os anglicanos reconhecem isso como uma formulação harmoniosa da fé comum, pois, sendo todos os cristãos chamados à Ressurreição, nada impede que essa promessa já tenha sido cumprida por aquela que gerou Cristo ressuscitado (enquanto, por exemplo, Karl Rahner, ao contrário de Schillebeeckx, queria estender esse privilégio a todos os cristãos).

A fé formulada no acordo é, portanto, totalmente comum a nós, com a seguinte diferença: o problema que essas duas definições representam para os anglicanos é que, para os católicos, elas são um dogma de fé. Eles acreditam de bom grado na mesma coisa como uma interpretação correta da fé, mas não como uma obrigação imposta pela Revelação, porque essas duas doutrinas não estão explícitas nas Escrituras. Alguns católicos, por outro lado, dizem que têm vergonha de justificá-las biblicamente, sem serem repreendidos por isso. De minha parte, demonstrei, com uma leitura penetrante, porém rigorosa, das Escrituras, que essas duas doutrinas não estão apenas implícita, mas formalmente presentes nas Escrituras.

"No entanto", prossegue a Declaração, "no entendimento católico, conforme expresso nessas duas definições, a proclamação de um dado ensinamento como dogma implica que o ensinamento em questão seja considerado 'divinamente revelado' e, portanto, deve ser crido 'firme e inviolavelmente' por todos os fiéis". Isso representa um problema para os anglicanos, assim como para outras denominações cristãs. Eles se perguntam se essas expressões rigorosas são necessárias. Aderem sem dificuldade às duas doutrinas conforme expressas na constituição dogmática Lumen Gentium , segundo uma formulação menos jurídica, e segundo a doutrina da constituição dogmática Dei Verbum sobre a Escritura definida como testemunho.

A Anunciação, Heures de Beaufort, início do século XV, Ms. Royal 2 A. XVIII, f. 23, Biblioteca Britânica, Londres | 30Giorni.

A Declaração afirma ainda: "Os anglicanos questionaram se, entre as condições para uma futura restauração da plena comunhão, seriam obrigados a aceitar as definições de 1854 e 1950. Os católicos têm dificuldade em imaginar uma restauração da comunhão na qual a aceitação de certas doutrinas seria exigida de alguns e não de outros. Ao abordar essas questões, tivemos em mente o fato de que 'uma consequência de nossa separação tem sido a tendência tanto de anglicanos quanto de católicos de exagerar a importância dos dogmas marianos em si mesmos, em detrimento de outras verdades mais intimamente relacionadas aos fundamentos da fé católica' ( Autoridade na Igreja II, n. 30). Anglicanos e católicos concordam que as doutrinas da Assunção e da Imaculada Conceição de Maria devem ser entendidas à luz de uma verdade mais central, a de sua identidade como Theotokos , que por sua vez depende da crença na Encarnação."

De acordo com o acordo católico-anglicano, temos a mesma fé em relação à Virgem Maria, mas as verdades definidas após a separação devem ser apresentadas em um contexto menos jurídico, de acordo com as especificações do Vaticano II, mais atento à unidade da fé e à hierarquia dos dogmas.

«Por outro lado, os anglicanos devem aceitar que essas definições são uma expressão legítima da fé católica e devem ser respeitadas como tal, mesmo que não tenham utilizado tais formulações. Há, em acordos ecumênicos, exemplos em que o que um dos parceiros definiu de fide pode ser expresso de forma diferente pelo outro parceiro, como por exemplo na Declaração Cristológica Comum entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Assíria do Oriente (1994) ou na Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação entre a Igreja Católica Romana e a Federação Luterana Mundial (1999)». Em conclusão, os signatários do acordo acreditam ter não apenas negociado uma reconciliação ou uma reaproximação, mas também ter "lançado uma nova luz sobre o lugar de Maria na economia da esperança e da graça".

Suas palavras finais são: "Nossa esperança é que, ao compartilharmos aquele único Espírito pelo qual Maria foi preparada e santificada para sua vocação singular, possamos participar junto com ela e todos os santos no louvor incessante a Deus."

O acordo espiritual e doutrinário anglicano-católico sobre Maria vai além do que se poderia imaginar, apesar das rigidezes e além dos altos e baixos e obstáculos ecumênicos mencionados acima e suas consequências para aquela plena comunhão que o Cardeal Mercier tinha razão em querer alcançar, de acordo com nosso desejo comum que é também a vontade de Jesus Cristo: "Que eles sejam um, como o Pai e eu somos um" ( Jo 17,21).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cinco pessoas que conheceram santos pessoalmente

São João Paulo II | L'Osservatore Romano

Por Redação central*

25 de set de 2025 às 01:00

Você imagina conhecer ou ter conhecido algum santo da Igreja? Essas cinco pessoas foram seus amigos próximos e decidiram descrever brevemente a relação que tiveram, algumas histórias e como eles marcaram suas vida.

Entre os santos que essas pessoas conheceram e o National Catholic Register apresenta, estão: são Josemaría Escrivá, santa Teresa de Calcutá, são João Paulo II, são Maximiliano Kolbe e são Pio de Pietrelcina.

1. John Coverdale e são Josemaria Escrivá

John Coverdale é professor na Faculdade de Direito da Universidade Seton Hall, em Nova Jersey (Estados Unidos), e foi membro do Opus Dei por mais de 50 anos. Trabalhou para a ordem em Roma entre 1960 e 1968 e tinha contato com são Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei.

“Eu encontrei um homem de grande fé, que amava Deus, amava Nossa Senhora e todos aqueles que estavam perto dele. Tinha uma grande preocupação pessoal por cada pessoa que interagia, o que me surpreendeu ao considerar que éramos uma grande organização internacional”, indicou John.

“Também era muito engraçado. Não tanto por contar piadas, mas por alguns gestos especiais que fazia quando falava ou por mexer os ombros e as sobrancelhas que conseguia fazer com que todas as pessoas rissem. Se assistirmos alguns vídeos dele conversando com grupos, notaremos que as pessoas riem muito”, acrescentou.

2. Padre George Vaniyepurackal e santa Teresa de Calcutá

Padre George Vaniyepurackal é o pároco de São Paulo, em Jacksonville, Flórida (Estados Unidos). Nasceu em Kerala, na Índia, e teve a oportunidade de observar santa Teresa de Calcutá no seu trabalho.

“Ela fez todas as coisas que Jesus nos chamou a fazer em Mateus 25 (‘Eu tive fome e me deste de comer...’). Ela acreditou e viveu. Ela me inspira a acreditar e a viver o Evangelho também. Quando eu vou visitar uma pessoa doente deitada em uma cama de hospital, acho que estou visitando Jesus”, sublinhou.

O sacerdote disse que primeiro visitou a madre quando era seminarista e a visitou novamente depois da sua ordenação. Celebrava Missa para ela e para a sua comunidade: “Lembro-me de vê-la rezando na sua pequena capela. Tinha um grande amor à Eucaristia, que eu achava muito impressionante”.

3. Rene Henry Gracida e são João Paulo II

Rene Henry Gracida, Bispo emérito de Corpus Christi, Texas (Estados Unidos), conheceu vários papas, entre eles o papa João Paulo II. Visitou-o na Cracóvia em 1978, pouco antes de ser eleito papa.

Dom Gracida, um veterano da Segunda Guerra Mundial, recordou: “Ficou fascinado pelo fato de eu ter sido aviador durante a Segunda Guerra Mundial. Ele me fez centenas de perguntas. Tornamo-nos amigos. Tenho um lugar maravilhoso para ele no meu coração”.

4. Padre Lucjan Krolikowski e são Maximiliano Kolbe

O frei franciscano Lucjan Krolikowski viveu em comunidade com são Maximiliano Kolbe em Niepokalanow, na Polônia, que na década de 1930 era o maior mosteiro do mundo.

“O padre Maximiliano Kolbe liderou o apostolado e foi o coração e a alma da comunidade. Conheci alguns santos na minha vida, mas, na minha opinião, o padre Maximiliano Kolbe foi o mais santo. Tinha um impacto sobre as pessoas, queriam imitá-lo”, acrescentou.

A comunidade foi devastada pela prisão de São Maximiliano pelos nazistas. Padre Lucjan recordou que “os irmãos gostavam tanto de Maximiliano Kolbe que queriam renunciar as suas próprias vidas pela sua libertação”.

“Mas a Gestapo disse aos nossos frades e sacerdotes que, mesmo que enviássemos 20 ou 30 homens para ocupar o lugar dele, eles não libertariam Maximiliano Kolbe. Era muito valioso. Além disso, estavam bravos com ele porque as nossas publicações tinham as caricaturas de Hitler”, acrescentou.

5. Guglielmo “Guillermo” Lauriola e são Pio de Pietrelcina

Padre Guglielmo “Guillermo” Lauriola é o pároco aposentado da Igreja da Imaculada Conceição, em São Francisco. Cresceu em Monte Sant'Angelo, a 16 milhas a leste de San Giovanni Rotondo, onde viveu são Pio de Pietrelcina.

O sacerdote visitou o famoso santo quando era criança: “Eu estava um pouco assustado com seus estigmas. Disse-me para que não olhasse para ele. Estava preocupado que estivesse sentido muita dor. Conseguia ver o sofrimento no rosto dele; era pouco visível. Parecia que sofria especialmente nas sextas-feiras. Perguntei-lhe: ‘Por que você tem que sofrer tanto?’. Ele me respondeu: ‘Estas feridas são para compensar os meus pecados e os pecados dos outros’. Eu disse que o meu tio era um médico, e pedi-lhe que o ajudasse com algum remédio. O padre Pio disse: ‘Não, o remédio não servirá de nada’”.

“Lembro quando fui ao funeral do padre Pio em 1968. Ajoelhei-me diante do seu corpo e rezei. Vi as suas mãos e seus pés, e os estigmas desapareceram. Estavam limpos, como se os estigmas nunca tivessem aparecido”.

Padre Lauriola foi ordenado sacerdote em 1953 e regressava regularmente para ver o padre Pio: “Eu contei para ele que ia ser missionário na Coreia e ele me disse: ‘Lembre-se, há apenas um Deus’. Não entendi o que ele queria dizer nesse momento. Entretanto, depois entendi. Nós, missionários, vamos ao exterior e fazemos um bom trabalho ajudando as pessoas e podemos ser tentados a nos sentirmos orgulhosos, achando que somos santos. O Padre Pio estava me lembrando de dar glória a Deus”.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/49697/cinco-pessoas-que-conheceram-santos-pessoalmente

Reflexão para o 26º Domingo do Tempo Comum (C)

Evangelho do domingo  ( BAV Vat.lat.39, f.67v)

A única força capaz de mudar o coração do rico, de ser fechado em si mesmo, é a Palavra de Deus. Ela tem o poder de abrir os corações!

Vatican News

A reflexão sobre a  primeira leitura da liturgia deste domingo nos coloca no interior de uma sociedade onde um grupo, formado pelo nobres da Samaria  (governantes, palacianos, chefes políticos e latifundiários) desfrutava das conquistas militares do rei Jeroboão. Nesse ambiente surgiu a fala discordante do Profeta Amós que dizia estarem enganados os poderosos ao esperarem o Dia de Javé como um dia de glória. O Dia de Javé será um dia de castigo, culminando com a destruição da própria Samaria e com o exílio de seus moradores. Ele foi claríssimo ao dizer: “ o bando dos gozadores será desfeito”.

Eis os motivos: enriquecimento à custa do pobre e “não se preocupar com a ruína do povo”.

Será que também não existem  pobres que desejariam usufruir dessas benesses e sonham em ser como um desses ricos? Pessoas vendem seu corpo, sua inteligência para poderem conviver nesse mundo de privilegiados. Deixam-se corromper para isso.

O Evangelho nos apresenta a reflexão de Jesus diante desse quadro. Ele usa a parábola do rico e de Lázaro para nos dar o seu recado. O rico, que nem nome possui, é descrito como alguém que se veste com luxo, usando roupas importadas, se banqueteando diariamente e morando em uma mansão. Do lado de fora, um sem-teto, Lázaro. Ele via entrar os comensais em traje de festa. Sentia vontade de comer, queria matar a fome, a sede, mas nada lhe era dado. Ao contrário, ainda era incomodado pelos cães que lambiam suas feridas. Era o excluído!

Contudo, Deus - que optou preferencialmente pelos pobres - ao permitir a morte dos dois, acolhe Lázaro em sua casa, enquanto o rico continua em seu fechamento, agora absolutizado pela morte. Neste momento, o nome Lázaro revela seu significado, Deus ajuda, e de fato Deus o ajudou. Enquanto o rico, sem nome, fica agora totalmente ignoto, morto, sepultado e desconhecido!

Dentro da parábola vemos também o resultado, a consequência da atitude surda, absolutamente insensível do rico. O abismo que ele criou, excluindo o pobre de toda e qualquer participação nos bens que ele julgava possuir, volta agora contra ele mesmo. É tão grande que é impossível haver comunicação entre eles.  Pior, a inversão foi drástica. Aquele que sempre esteve saciado, suplica por uma gota d’água e pede que Lázaro faça isso.

Existe nesse trecho do Evangelho algo que muitas vezes passa despercebido e que não deveria, porque é importante. Quando Abraão fala com o rico, apesar de se dirigir a uma pessoa, ele usa o plural – “..nem os daí poderiam atravessar até nós.”  O rico não está só. Outros o antecederam na ocupação de acumular bens gananciosamente.

Mas o rico faz um segundo pedido a Abraão, que salve os irmãos dele, para que não tenham a mesma sorte. Para isso ele pede a ida de Lázaro à casa deles, para que, vendo um morto, se convertam. Abraão diz ser inútil isso. Para salvá-los, já existe Moisés e os profetas. Veladamente aí está que nem a ressurreição de Jesus irá salvá-los, caso não se abram ao pobre. De fato, quantas pessoas batizadas vivem uma existência surda e insensível em relação aos excluídos! A partilha gera vida, o acúmulo, morte!

A única força capaz de mudar o coração do rico, de ser fechado em si mesmo, é a Palavra de Deus. Ela tem o poder de abrir os corações!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 27 de setembro de 2025

A primeira igreja católica do mundo dedicada às pessoas surdas fica no Brasil

Butsaya | Shutterstock

Aleteia Brasil - publicado em 28/01/20 - atualizado em 26/09/25

O apostolado nasceu ligado a Nossa Senhora do Silêncio, representada pela imagem de Nossa Senhora com os braços no peito em forma de cruz.

A igreja de Nossa Senhora do Silêncio, em Londrina, no Paraná, é a primeira igreja do mundo projetada especialmente para as pessoas surdas.

A congregação Pequena Missão para Surdos, fundada na Itália há mais de 160 anos pelo pe. José Gualandi, adotou a missão de servir às pessoas surdas que, na época, viviam praticamente escondidas em casa por falta de escolas especializadas ou então acabavam abandonadas pelas ruas. A Pequena Missão começou com uma singela casa que acolhia dois surdos e os ajudava a integrar-se melhor à vida em sociedade.

O apostolado já nasceu ligado a Nossa Senhora do Silêncio, uma devoção representada pela imagem de Nossa Senhora com os braços no peito, em forma de cruz.

Em 1985, a Pequena Missão para Surdos chegou ao Brasil e logo começou a celebrar missas para surdos em Londrina. As missas foram celebradas durante anos na garagem do seminário dos padres da missão, até que, em 2012, foi iniciada a construção de um oratório dedicado a Nossa Senhora do Silêncio. É uma bela igrejinha de pedra, que os fiéis surdos visitam para fazer suas orações pessoais.

Segundo o pe. Heriberto, que trabalha na missão, o oratório mudou bastante a realidade dos frequentadores, dado que as pessoas surdas envolvidas no apostolado gostam de atividades dinâmicas em grupo, mas têm mais dificuldade com a realização de algo pessoal. Com o oratório, os fiéis surdos chegam para a missa e passam antes pelo oratório para rezar individualmente.

Depois do oratório veio a construção da primeira igreja do mundo para surdos, a igreja de Nossa Senhora do Silêncio, que se tornará no futuro o Santuário do Silêncio. Ela conta com iluminação especial para que o foco esteja no altar, no sacrário, no ambão, na cruz e em Nossa Senhora, além de possuir chão vibratório para que os fiéis surdos percebam o ritmo dos cantos.

O padre Heriberto comenta:

         "Com essa igreja projetada especialmente para os surdos, eles puderam ser incluídos na comunidade. Em outras paróquias encontramos um projeto feito para ouvintes com a presença dos surdos; aqui a Missa é pensada para o surdo com a presença dos ouvintes".

O futuro santuário prevê participação maior ainda dos surdos como acólitos, ministros da Eucaristia e responsáveis pela liturgia, além de estarem sempre envolvidos nas decisões, já que tudo é pensado de acordo com a sua realidade.

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A partir de matéria do Vatican News

Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/01/28/a-primeira-igreja-catolica-do-mundo-dedicada-as-pessoas-surdas-fica-no-brasil/

Vaticano terá presépio pró-vida no Natal com Nossa Senhora grávida

Imagem de Nossa Senhora grávida. | Paula en el Bosque

Por Diego López Colín*

26 de set de 2025 às 11:10

No Natal deste ano a Santa Sé vai instalar um presépio pró-vida na aula Paulo VI, no Vaticano, com uma imagem de Nossa Senhora grávida e 28 mil fitas simbolizando vidas salvas do aborto graças à oração e a instituições que ajudam mulheres.

A obra Gaudium (Alegria) é da artista sacra costarriquenha Paula Sáenz, que disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que sua obra medirá cinco metros de comprimento, três metros de profundidade e dois metros e meio de altura. Fiel à tradição, o presépio terá são José, os Reis Magos, pastores e animais; mas tem um detalhe inédito: duas imagens intercambiáveis ​​de Nossa Senhora.

Paula disse que antes de 25 de dezembro, no Advento, será apresentada uma imagem de Nossa Senhora grávida, símbolo da "doce expectativa". Na véspera de Natal, essa imagem dará lugar a outra Nossa Senhora em "estado de adoração", quando o Menino Jesus for colocado no presépio.

Sob a palha e o musgo do portal, serão colocadas 28 mil fitas, representando vidas salvas do aborto graças à oração e ao apoio da 40 Dias pela Vida, iniciativa internacional que organiza campanhas de oração e jejum em frente a clínicas de aborto para pedir o fim dessa prática. Essa iniciativa também tem apoio do Instituto Feminino de Saúde Integral (IFEMSI) da Costa Rica, que auxilia gestantes em situação de vulnerabilidade.

Segundo a artista, esse gesto busca ser “um grito do céu: Salvemos, cuidemos da vida desde o ventre materno”. Paula lamentou que atualmente “há uma negação de que o que está dentro do útero seja um ser humano, então é como tornar isso visível através do Vaticano”.

“Nestes tempos, tenho visto, através de muitos eventos que aconteceram, que caímos numa espécie de cultura do eu”, disse ela. “O que importa é o que eu quero. Não temos nem essa empatia pelos outros, ou talvez nem pensemos nos outros. Desenvolvemos uma cultura do imediato, de viver o momento”.

Por isso, a artista espera que seu trabalho "alcance o coração dos jovens e os faça ver a importância do fato de que Jesus também estava no ventre materno".

Junto com esse gesto, o presépio onde o Menino Jesus será depositado terá 400 fitas com mensagens de oração escritas por crianças internadas no Hospital Nacional Infantil Dr. Carlos Sáenz Herrera, em San José, Costa Rica. Para Paula, "o sofrimento dessas crianças é o que aquecerá o presépio do Menino Jesus".

Ela disse que a intenção era que a cerimônia fosse um modo de lembrar e rezar, especialmente no Natal, "pelas pessoas hospitalizadas, especialmente crianças, que estão com doenças crônicas ou terminais".

A sua vocação nasceu com “um milagre”

A história de Paula Sáenz é marcada por um "milagre" pessoal. Por anos, ela e o marido buscaram um bebê, e ela pediu a Deus por essa dádiva. Hoje, seu filho tem 22 anos. Embora confesse que, apesar de ser católica, não viveu “essa vida de piedade", ao receber o que tanto almejava, sua fé se aprofundou.

"O que eu sei é desenhar, fazer arte. Como coloco isso em Suas mãos, ou seja, ofereço, entrego como oferenda?", perguntou ela a Deus. Então, a artista decidiu deixar seu emprego em design publicitário numa empresa e começou a criar arte sacra.

Seu caminho a levou a criar obras tanto na Costa Rica quanto no exterior, como uma escultura de Nossa Senhora dos Anjos, padroeira da Costa Rica, para a embaixada da Costa Rica junto à Santa Sé e um mosaico com a imagem de Nossa Senhora também conhecida como "La Negrita", entronizada em 2021 nos Jardins do Vaticano.

O presépio Gaudium foi idealizado por Federico Zamora, embaixador da Costa Rica junto à Santa Sé, que o apresentou ao governo do Estado da Cidade do Vaticano. O embaixador disse a um veículo de comunicação local que o projeto estava inicialmente previsto para ser instalado em 2027, mas "devido a questões de prioridade", foi adiantado para o Natal deste ano.

Para Paula, embora seja um desafio, ela sentiu “aquele abraço de Deus, aquele abraço de Deus, aquele grande amor Dele”.

“Deus nos usa como instrumentos para certas coisas. Então foi isso que eu senti, o grande amor de Deus. Eu disse: Meu Deus, isso está realmente acontecendo. O fato de eles estarem trazendo isso à tona agora é realmente um milagre”.

Recomendações para rezar com arte

Especialista em arte bizantina e colonial, a artista diz que seu ofício não é pintar, mas escrever. "Na verdade, os ícones que faço são escrituras, é assim que se chama a arte sacra. Como artista de arte sacra, você não pinta, você escreve, você escreve uma oração por meio de símbolos e cores".

Ela disse que, antes de começar um trabalho, normalmente "jejua, reza e fica em silêncio” para poder começar a escrever o ícone que está criando. Paula recomenda que as famílias façam o mesmo ao receber uma imagem sacra em suas casas: reservem um lugar especial para ela, abençoem-na e rezem diante dela.

“Eu sei que Deus revela algo diferente para cada um de nós”, concluiu a artista. “É como uma carta de amor escrita para cada um de nós. Então, é isso, basta abrir o seu coração, ficar em silêncio e chorar diante dele. Você verá, repetirá, verá, contemplará, e então Deus entrará no seu coração”.

*Diego López Colín é formado pela Escola de Jornalismo Carlos Septién García no México. é Correspondente da ACI Prensa no México desde 2023.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64713/vaticano-tera-presepio-pro-vida-no-natal-com-nossa-senhora-gravida

Aqui está a classificação dos pães de acordo com suas calorias

Aqui está a classificação dos pães de acordo com suas calorias© Tous les pains n’ont pas la même teneur en calories (Freepik, brgfx)

Aqui está a classificação dos pães de acordo com suas calorias

História de Léa Michel

The Body Optimist

O pão é um dos alimentos mais comuns em nosso dia a dia, seja no café da manhã, almoço ou até mesmo no jantar. Mas nem todos os pães são iguais em termos de calorias . Alguns são mais ricos em fibras e nutrientes, outros contêm mais açúcares ou gordura. Então, que tipo de pão é o mais leve? E qual deles deve ser consumido com moderação se você estiver controlando sua ingestão de calorias? Aqui está uma classificação clara e fundamentada para ajudar você a fazer as escolhas certas.

Os pães com menos calorias: aliados nutricionais

Alguns tipos de pão se destacam pelo baixo teor calórico, mas também pelo alto teor de fibras, o que promove a saciedade e limita a vontade de comer. Aqui estão os mais interessantes do ponto de vista nutricional.

Pão de centeio integral (210 a 230 kcal / 100 g)

O pão de centeio integral é um dos pães com menos calorias. Ele contém uma boa dose de fibras e tem um índice glicêmico menor que o pão branco, o que o torna uma excelente opção para pessoas que buscam controlar o peso ou o açúcar no sangue. Sua textura densa e sabor forte podem surpreender, mas são muito satisfatórios.

Pão integral (220 a 240 kcal / 100 g)

Feito com farinha integral, este pão retém os nutrientes do grão: fibras, minerais, vitaminas do complexo B. É mais calórico que o pão branco, mas seus benefícios nutricionais o tornam muito mais interessante.

Pão de fermento natural (230 a 250 kcal / 100 g)

O pão de fermento natural é fermentado naturalmente, o que melhora sua digestibilidade e diminui seu índice glicêmico. Geralmente é feito com diversas farinhas (centeio, trigo, espelta) e continua sendo um bom meio-termo entre prazer e equilíbrio.

Os pães mais calóricos: para consumir com moderação

No outro extremo do espectro, alguns pães são ricos em calorias, em parte devido à gordura, ao açúcar adicionado ou à alta densidade energética.

Pão brioche e sanduíche industrial (300 a 340 kcal / 100 g)

Esses pães, geralmente macios e doces, são ricos em gordura (óleo, manteiga) e, às vezes, açúcares adicionados. Eles podem fazer parte de um café da manhã ocasional, mas devem ser evitados como parte de uma dieta diária balanceada.

Bagel (270 a 300 kcal / 100 g)

O bagel, com sua massa densa e às vezes enriquecida, está na categoria de pães mais calóricos. Sua carga energética é ainda maior quando acompanhada de queijos, frios ou condimentos.

Pão de sementes e cereais (250 a 280 kcal / 100 g)

Embora muitas vezes seja visto como “saudável”, o pão integral pode ser bastante rico em calorias. Sementes de girassol, linhaça ou abóbora, embora cheias de gorduras boas, aumentam a densidade energética. No entanto, continua sendo um pão interessante por sua riqueza em fibras e ácidos graxos essenciais.

Devemos realmente evitar o pão?

Não, muito pelo contrário. O pão continua sendo uma excelente fonte de carboidratos complexos, especialmente quando escolhido com cuidado. É melhor escolher pão integral ou de fermento natural, que é rico em fibras e nutrientes, do que pão branco muito refinado, que é rapidamente digerido e causa picos de açúcar no sangue. O segredo é moderação e escolha de qualidade.

Algumas dicas para escolher o pão certo

  1. Observe a composição : um bom pão deve conter apenas farinha, água, fermento natural ou fermento e sal.
  2. Evite pães industriais : geralmente são mais doces, mais gordurosos e com aditivos.
  3. Dê preferência a produtos artesanais ou caseiros , sempre que possível.
  4. Varie as farinhas : centeio, espelta, espelta, trigo sarraceno, etc. para diversificar a ingestão.

Conclusão

Nem todos os pães têm o mesmo perfil calórico, mas seria injusto julgá-los apenas por esse critério. O pão pode ser um excelente aliado em uma dieta equilibrada, desde que você faça as escolhas certas. Optar por pães ricos em fibras e minimamente processados, e comê-los com coberturas saudáveis (vegetais, proteínas magras) permite que você os aprecie sem excessos ou culpa.

Fonte: Aqui está a classificação dos pães de acordo com suas calorias

Simpósio da Igreja no Brasil durante a COP30

Simpósio da Igreja no Brasil durante a COP30 (CNBB)

SIMPÓSIO DA IGREJA NO BRASIL DURANTE A COP30 VAI FAVORECER REFLEXÃO E DIÁLOGO SOBRE OS CAMINHOS DA ECOLOGIA INTEGRAL

26/09/2025

A Igreja no Brasil promove, no dia 12 de novembro, em Belém (PA), um simpósio para refletir e dialogar sobre os caminhos da ecologia integral, a justiça climática e a conversão ecológica. O evento será realizado durante a Conferência das Partes sobre as Mudanças Climáticas sediada na Amazônia Brasileira, a COP30.

O objetivo da Articulação Brasileira para a COP30, ao realizar o Simpósio, é apresentar as perspectivas da Igreja Católica e de seus interlocutores destacando seu compromisso com a justiça climática e a ecologia integral.

“Com este encontro, a Igreja reafirma seu compromisso com a defesa da vida, dos povos e da Casa Comum, em sintonia com o espírito da encíclica Laudato Si’ e com os apelos globais por justiça socioambiental”, destaca Jaqueline Bertoldo, secretária executiva da Articulação Igreja rumo à COP30.

Participam do simpósio membros da Igreja Católica, como bispos, padres, religiosos e religiosas e cristãos engajados com a ecologia integral. Também estarão presentes lideranças ecumênicas, cientistas, representantes dos povos indígenas e líderes governamentais, destacando a importância de uma atuação conjunta frente à crise climática e socioambiental que desafia o presente e o futuro da humanidade.

Programação

O evento acontecerá no Colégio Santa Catarina de Sena, na Avenida Nossa Senhora de Nazaré, nas proximidades do Santuário de Nazaré, no Centro de Belém. O início será às 14h, com uma apresentação artística de abertura, seguida da apresentação de um vídeo institucional e de um painel temático com o tema “Diálogos pela Ecologia Integral”.

Exposições temáticas

Além disso, durante todo o período da manhã, o Colégio Santa Catarina de Sena estará aberto à comunidade com exposições temáticas, sendo um espaço dedicado à partilha dos frutos do caminho percorrido pela Articulação Igreja Rumo à COP 30 e pelas iniciativas locais da arquidiocese de Belém.

Caminhada dos Mártires

Após o simpósio, às 19h, será realizada a Caminhada pelos Mártires da Casa Comum, com concentração na Praça Santuário de Nazaré. O percurso se encerra na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, com a celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler.

Como participar

As inscrições para o simpósio estão abertas até o dia 20 de outubro, mediante confirmação posterior, neste link. De acordo com a organização, as vagas presenciais são limitadas e o público-alvo são, prioritariamente, pessoas que já estarão em Belém durante a COP30, que possuam hospedagem e deslocamento garantidos. O simpósio contará com transmissão online, ampliando a participação em todo o Brasil e em outros países.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF