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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Serão beatos 11 sacerdotes mártires do nazismo e comunismo. Pe. Angioni será Venerável

Os nove mártires salesianos nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau, entre 1941 e 1942

Trata-se de nove salesianos poloneses, mortos nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau, e de dois sacerdotes diocesanos mortos por ódio à fé durante o regime comunista da tchecoslovaco. Também promulgados os decretos relativos a quatro novos Veneráveis: uma religiosa cisterciense espanhola, um sacerdote dominicano espanhol, um sacerdote sardo que exerceu seu ministério no Brasil e um frade carmelita da Ligúria.

Tiziana Campisi – Cidade do Vaticano

A Igreja terá onze novos beatos. Durante a audiência concedida na manhã desta sexta-feira, 24 de outubro, ao prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, o Papa Leão XIV autorizou a promulgação dos decretos relativos ao martírio de nove salesianos poloneses, mortos por ódio à fé entre 1941 e 1942, nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau, e de dois sacerdotes diocesanos da antiga Tchecoslováquia, assassinados entre 1951 e 1952 em consequência da perseguição à Igreja Católica pelo regime comunista que passou a controlar o país após a Segunda Guerra Mundial. Também foram promulgados os decretos que reconhecem as virtudes heroicas de quatro Servos de Deus, que assim se tornam Veneráveis: Maria Evangelista Quintero Malfaz, religiosa cisterciense; Angelo Angioni, sacerdote diocesano, fundador do Instituto Missionário do Imaculado Coração de Maria; José Merino Andrés, sacerdote dominicano; Joaquim da Rainha da Paz, frade da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Mártires nos campos de concentração nazistas

Os salesianos Jan Świerc, Ignacy Antonowicz, Ignacy Dobiasz, Karol Golda, Franciszek Harazim, Ludwik Mroczek, Włodzimierz Szembek, Kazimierz Wojciechowski e Franciszek Miśka, religiosos comprometidos em atividades pastorais e educacionais, foram vítimas da perseguição nazista durante a ocupação alemã da Polônia, iniciada em 1º de setembro de 1939, desencadeada com particular veemência contra a Igreja Católica. Alheios às tensões políticas da época, foram presos simplesmente por serem sacerdotes católicos. O tratamento  a eles reservado reflete a particular implacabilidade reservada ao clero polonês, que foi perseguido e ultrajado. Nos campos de concentração, os religiosos ofereceram conforto espiritual aos companheiros de prisão e, apesar da humilhação e tortura sofridas, continuaram a expressar a própria fé. Insultados em função de seu ministério, foram torturados e mortos, ou mesmo levados à morte pelas condições desumanas de prisão. Conscientes de que seu ministério pastoral era considerado pelos nazistas como uma oposição ao regime, continuaram seu trabalho apostólico, permanecendo fiéis à sua vocação, aceitando serenamente o risco de serem presos, deportados e mortos. 

Mártires sob o regime comunista da tchecoslovaco

Os sacerdotes da Diocese de Brno, Jan Bula e Václav Drbola, foram mortos em Jihlava por ódio à fé. Ambos, devido ao seu zelo pastoral, eram considerados perigosos pelo regime comunista que havia se instaurado então Tchecoslováquia desde 1948 e que havia iniciado uma perseguição aberta à Igreja. Preso em 30 de abril de 1951, vítima de uma conspiração da polícia secreta de Estado, Bula, apesar de estar preso, foi acusado de inspirar o assassinato de vários oficiais comunistas em Babice em 2 de julho de 1951. Julgado e condenado à morte, ele foi enforcado em 20 de maio de 1952, na prisão de Jihlava. Drbola, preso por fraude em 17 de junho de 1951, também acusado do assassinato de Babice enquanto estava detido na mesma prisão, foi condenado à morte e executado em 3 de agosto de 1951. Enganados e presos em uma armadilha armada por falsas testemunhas, os dois sacerdotes foram submetidos a violência e tortura que levaram a uma distorção dos acontecimentos e à assinatura forçada de falsas confissões de culpa. Portanto, vítimas de julgamentos de fachada, eles foram condenados à morte. Conscientes dos perigos que corriam no dramático contexto de aversão à Igreja, e apesar da dureza da prisão e das torturas sofridas, aceitaram o seu destino com fé e confiante abandono à vontade de Deus, como atestam as cartas escritas antes da sua execução e o testemunho do sacerdote chamado a ouvir a confissão de Jan Bula.

Jan Bula e Václav Drbola,, sacerdotes (Vatican News)

Os quatro novos veneráveis

Com os decretos promulgados nesta sexta-feira, são quatro os novos Veneráveis: Maria Evangelista Quintero Malfaz, que viveu entre os séculos XVI e XVII. Nascida em Cigales, Espanha, em 6 de janeiro de 1591, em uma família profundamente cristã. Órfã de ambos os pais, seguiu sua vocação religiosa e ingressou no Mosteiro cisterciense de Santa Ana, em Valladolid. Exemplar no cumprimento das tarefas que lhe foram confiadas, teve experiências místicas, que relatou por escrito, guiada por seus confessores, Gaspar de la Figuera e Francisco de Vivar. Em 1632, após a fundação de um mosteiro cisterciense em Casarrubios del Monte, na província de Toledo, foi enviada à nova comunidade e tornou-se sua abadessa em 27 de novembro de 1634, incentivando uma vida de oração e contemplação. Continua a ter experiências místicas, que deixam marcas visíveis em seu exterior. Em 1648, sua saúde piora. Acometida por uma doença grave, ela faleceu em 27 de novembro do mesmo ano. Sepultada na Sala Capitular do Mosteiro, cinco anos depois, após um exame, seus restos mortais foram encontrados incorruptos, enquanto sua fama de santidade crescia. O diálogo constante com Deus foi o elemento dominante de sua jornada espiritual, levando-a a perceber a necessidade de se oferecer como vítima com Cristo pela conversão de seus irmãos pecadores. Ela praticou ardentemente as virtudes teologais, confiando no Senhor para enfrentar as dificuldades da vida, e suportou pacientemente a adversidade e a fragilidade física. Ela também praticou a caridade para com Deus, comprometendo-se a cumprir Sua vontade em todas as circunstâncias com grande humildade.

Maria Evangelista Quintero Malfaz, monja cisterciense (Vatican News)

Pe. Angelo Angioni

Angelo Angioni, sacerdote diocesano, nasceu em 14 de janeiro de 1915, em Bortigali, Sardenha, em uma família numerosa. Passou a infância em um ambiente caracterizado por uma forte fé religiosa. Finalizados os estudos no seminário, foi ordenado sacerdote em 31 de julho de 1938. Após servir por 10 anos como vigário e depois pároco, em 1948 foi nomeado reitor do Seminário diocesano de Ozieri e trabalhou para estabelecer uma comunidade diocesana de sacerdotes oblatos, consagrados às missões populares e estrangeiras, seguindo o exemplo do Beato Paolo Manna.

Como sacerdote fidei donum é enviado a São José do Rio Preto, onde realiza seu ideal missionário, empenhando-se não apenas na pastoral, mas também nos campos social e educacional, favorecendo a criação de uma escola paroquial e fundando o Instituto Missionário do Imaculado Coração de Maria, formado por sacerdotes, diáconos, religiosas contemplativas e leigos.

Graças à sua iniciativa, foram construídas igrejas, capelas, casas de retiro, residências religiosas, espaços para idosos e para atividades paroquiais. Produziu também muitos opúsculos informativos, impressos na gráfica que havia organizado no Instituto Missionário por ele fundado. Entre suas últimas atividades apostólicas e missionárias, destaca-se a criação de um Instituto de Ciências Religiosas.

Sua intensa atividade pastoral foi interrompida por dois derrames, em 2000 e 2004, que o deixaram gravemente debilitado. Sua vida terrena terminou em 15 de setembro de 2008. Seu apostolado refletia seu amor ao Senhor e seu zelo em transmiti-lo àqueles confiados aos seus cuidados pastorais. Ao longo de sua vida, viveu a pobreza, segundo o exemplo evangélico, possuindo apenas o mínimo necessário.

Pe. Angelo Angioni (Vatican News)

José Merino Andrés

José Merino Andrés desenvolveu sua vocação por meio da vida paroquial e da Ação Católica. Nasceu em Madri, Espanha, em 23 de abril de 1905, e ingressou no convento dominicano de San Esteban, em Salamanca, em 22 de julho de 1933. Seis anos depois, foi ordenado sacerdote e enviado ao convento de La Felguera, nas Astúrias, e posteriormente ao convento de Nuestra Señora de Atocha, em Madri. Dedicou-se intensamente à pregação da Palavra de Deus e à celebração dos sacramentos e, em 1949, foi enviado ao México, onde se dedicou às missões populares. Chamado de volta à sua terra natal para assumir o cargo de mestre de noviços, estabeleceu-se em Palência e ali iniciou a fase mais longa e frutífera de seu ministério sacerdotal, formando mais de 700 jovens entre 1950 e 1966. Apesar de sua saúde cada vez mais precária, dedicou suas energias restantes à pregação popular. Faleceu em 6 de dezembro de 1968. Religioso exemplar, destacou-se nas missões por sua pregação vibrante e espiritualmente poderosa, além do tempo dedicado à oração. Em seu apostolado, sempre demonstrou firme esperança e constante confiança na misericórdia divina, demonstrando sua fervorosa devoção à Virgem Maria. Praticou a caridade para com os outros e sempre viveu a obediência aos seus superiores com humildade e espírito de pobreza.

José Merino Andrés, religioso dominicano (Vatican News)

Gioacchino della Regina della Pace (Joaquim da Rainha da Paz)

Batizado Leone Ramognino, Gioacchino della Regina della Pace, é originário de Sassello, província de Savona, onde nasceu em 12 de fevereiro de 1890. Seu nome de batismo foi dado em homenagem ao então Papa Leão XIII. Cresceu em uma família muito religiosa e se envolve bastante na paróquia. Trabalhou como carpinteiro e, mais tarde, serviu como cabo na Primeira Guerra Mundial, destacando-se na construção de pontes e canais nos rios Isonzo e Piave, o que lhe rendeu a honraria de Cavaleiro de Vittorio Veneto. Ao retornar a Sassello, colaborou com o pároco na fundação do Circolo San Luigi para a educação de crianças, tornou-se membro ativo da Sociedade de Socorros Mútuos de Santo Afonso Maria de Ligório e ajudou a fundar um grupo de exploradores católicos em sua cidade natal. Trabalhou na construção do Santuário em homenagem à Rainha da Paz no Monte Beigua e, em 1927, tornou-se seu guardião. Viveu aqui por cerca de dez anos como eremita, mas sempre disponível para acolher peregrinos, e foi aqui que sua vocação religiosa se desenvolveu. Em 1951, ingressou no convento dos Carmelitas Descalços do Deserto de Varazze e continuou a se dedicar ao Santuário da Rainha da Paz, onde permaneceu como custódio até sua morte em 25 de agosto de 1985, aos 95 anos. Passava muitas horas em oração e meditação diante do Sacrário e cultivava uma profunda devoção a Nossa Senhora, considerando uma bênção ser custódio de um santuário a ela dedicado. Caridoso para com todos, dava exemplo aos jovens noviços com sua intensa vida de oração, seu sorriso acolhedor e sua bondade, e o povo o chamava de "Ninu u santu".

Gioacchino della Regina della Pace, religioso carmelita (Vatican News)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Hoje é dia da beata Benigna Cardoso da Silva, heroína da castidade

Beata Benigna Cardoso. | Crédito: ACI Digital.

Por Redação central*

24 de out de 2025 às 00:01

A Igreja Católica celebra hoje (24) a memória litúrgica da beata Benigna Cardoso da Silva, conhecida como a “heroína da castidade”. Ela foi beatificada em 2022, com o reconhecimento do seu martírio pelo papa Francisco.

“Uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho”, disse Francisco dias depois da beatificação.

Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Ficou órfã de pai e mãe muito cedo, e foi adotada junto com seus irmãos mais velhos pela família “Sisnando Leite”.

Religiosa e temente a Deus, desejava fazer a Primeira Eucaristia e seguir os mandamentos de Deus. Participava das missas diariamente e fazia penitência nas primeiras sextas-feiras, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, do qual era devota.

Aos 12 anos de idade, Benigna começou a ser assediada por Raul Alves, por quem não tinha interesse. Benigna procurou o padre Cristiano Coelho para pedir conselhos sobre as investidas de Raul. O padre a aconselhou a ir estudar em Santana do Cariri (CE) e lhe deu de presente uma Bíblia, que foi o seu livro de cabeceira daí em diante.

No dia 24 de outubro de 1941, sabendo que Benigna iria ao poço pegar água, Raul ficou a sua espreita e na oportunidade que teve tentou violentar a jovem. Rejeitado, Raul pegou a faca que tinha consigo e a golpeou cortando-lhe os dedos da mão esquerda. Benigna continuou resistindo. Raul a feriu na testa, nas costas e lhe cortou o pescoço, matando-a aos 13 anos.

Na época do assassinato, padre Cristiano Coelho Rodrigues, que foi mentor espiritual da menina, escreveu a seguinte nota ao lado do seu registro de batismo: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.

Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004, teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24 de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará em junho de 2019. Milhares de pessoas se reúnem para celebrar a heroína da castidade, muitos usando roupas vermelhas com bolinhas brancas, como o vestido que a beata usava no dia do seu martírio

Anos depois o martírio, o algoz de Benigna, Raul Castro, se converteu e testemunhou sobre a morte da menina, dizendo que ela lutou com uma força incomum para sua idade, para manter sua pureza.

O martírio de Benigna foi reconhecido pelo papa Francisco em outubro de 2019. Ela foi beatificada em 24 de outubro de 2022 e se tornou a primeira beata do estado do Ceará.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/56528/hoje-e-dia-da-beata-benigna-cardoso-da-silva-heroina-da-castidade

Por que você não deve imitar tudo o que fez um santo

Shutterstock | KONSTANTIN_SHISHKIN

Philip Kosloski - publicado em 24/10/25

Os santos viveram vidas santas e alcançaram profunda união com Deus nesta terra, mas isso não significa que devamos imitar todos os aspectos de suas vidas.

Quando lemos um bom livro espiritual — especialmente um que descreve a vida e as práticas de um santo — às vezes podemos pensar que tudo deve ser imitado. Isso pode facilmente nos sobrecarregar, levando-nos a acreditar que esse é o único caminho para a santidade.

Podemos chegar a pensar que precisamos vender todos os nossos bensrezar 12 rosários por dia ou ficar sentados dentro de uma igreja por longas horas para sermos santos.

venerável Agostinho Baker, um monge beneditino do século XVII, deu orientações detalhadas sobre o que evitarao dedicar-se a esse tipo de leitura espiritual. Suas sugestões podem nos ajudar a enxergar livros e artigos espirituais sob outra perspectiva, reconhecendo que cada pessoa segue um caminho único rumo a Deus, e que o que funciona para uma pessoa não necessariamente funcionará para nós.


Os santos não foram feitos para serem imitados por completo

Shutterstock | PUWADON SANG

Baker adverte em seu livro Santa Sabedoria (Holy Wisdom, em inglês):

“Que [o leitor] não se apresse em aplicar [os conselhos da leitura espiritual] a si mesmo pela prática, baseando-se em seu próprio julgamento natural ou em suas inclinações, mas que observe seu próprio espírito, seu caminho e a orientação interior de Deus, e os utilize em conformidade; do contrário, em vez de obter benefícios, podem surgir inconvenientes tais que teria sido melhor nunca ter lido.”

Por exemplo, um santo pode ter praticado grandes mortificações que o ajudaram a se aproximar de Deus; mas se nós as imitarmos, podemos causar mais dano do que bem à nossa alma.

Baker reforça esse conselho ao escrever:

“De todos os erros, o maior e mais perigoso é imitar indiscriminadamente os exemplos e práticas dos santos — em particular as mortificações corporais extraordinárias, assumidas voluntariamente (ainda que por indicação especial de Deus), como trabalhos, jejuns, vigílias, disciplinas, etc.”


Todos somos diferentes

Sem dúvida, podemos nos inspirar nas vidas dos santos, mas precisamos “traduzir” suas experiências para a nossa realidade — com a ajuda de Deus e de um diretor espiritual de confiança. Deus pode querer que vivamos de modo semelhante, mas não exatamente igual.

Baker continua:

“O benefício que devemos — e podemos facilmente — obter da leitura das práticas extraordinárias dos outros é admirar os caminhos de Deus na condução de seus santos e aproveitar a ocasião para nos humilhar e desprezar a nós mesmos, ao vermos o quanto estamos distantes deles na prática das virtudes; mas sem imitá-los nessas coisas, a não ser quando estivermos certos de que Deus nos guia com uma luz sobrenatural e nos concede uma graça extraordinária — e ainda assim, somente depois de termos obtido a permissão e a aprovação de um diretor prudente.”

Cada um de nós é único e irrepetível, o que significa que nosso caminho para Deus será diferente do de qualquer outra pessoa.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/24/por-que-voce-nao-deve-imitar-tudo-o-que-fez-um-santo/

Quais aparelhos mais gastam energia e fazem a conta de luz subir?

Quais aparelhos mais gastam energia e fazem a conta de luz subir? — Foto: Freepik

Quais aparelhos mais gastam energia e fazem a conta de luz subir?

De chuveiro a geladeira: veja o que mais consome energia e como pequenas mudanças podem reduzir o valor da conta.

Por Laís Ribeiro, g1

24/10/2025 05h04

Mesmo sem grandes mudanças na rotina, muitos brasileiros notam que a conta de energia parece não parar de aumentar.

Parte dessa sensação vem de algo que vai além do consumo: o sistema de bandeiras tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Desde setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a bandeira tarifária está vermelha, o que significa que a conta de luz está chegando nas residências com cobrança extra.

Em outubro, o país estava sob a bandeira vermelha nível 1 – mais barato que no mês anterior, mas ainda com custo adicional de cerca de R$ 4,46 a cada 100 quilowatt-hora (kWh).

Com as bandeiras em vigor, cada pingo de energia economizado faz diferença e entender quais hábitos e aparelhos mais consomem é o primeiro passo para evitar surpresas no fim do mês.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), nem todos os equipamentos têm o mesmo peso na conta.

Segundo a EPE, um estudo mostrou que um número relativamente pequeno de equipamentos é responsável pela maior parte do consumo: somente 11 dos 51 aparelhos analisados representam 80% do consumo total.

Saiba quais são e veja dicas para economizar na conta de luz.

Os vilões do consumo: chuveiro, geladeira e ar-condicionado

O chuveiro elétrico lidera a lista da EPE como o principal vilão, consumindo 1.609 kWh por domicílio/ano, seguido da geladeira (368 kWh/ano) e do ar-condicionado (106 kWh/ano).

“Os equipamentos que mais consomem energia nas casas dos brasileiros são, em geral, os que ficam ligados por longos períodos”, corrobora o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

No geral, o Idec chama atenção aos equipamentos que têm o efeito de aquecer ou resfriar, como também os ferros de passar roupas, os fornos elétricos e as lava-louças.

Também vale ficar de olho em aparelhos com alto consumo agregado, ou seja, aqueles que gastam pouca energia por unidade, mas que, em abundância, acumulam o consumo. É o caso das lâmpadas, especialmente as que não são de LED.

🚿 Pequenos hábitos que pesam no bolso

Muitos dos erros que fazem a conta de luz aumentar estão ligados ao mau uso dos equipamentos. Segundo o Idec, alguns erros frequentes são:

  • Não substituir lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por LEDs.
  • Tomar banhos longos ou em temperaturas altas mesmo no verão
  • Deixar portas e janelas abertas durante o uso do ar-condicionado
  • Usar o ar-condicionado em temperaturas abaixo de 23°C

Para a geladeira, que tem destaque no consumo de energia, o Idec dá dicas mais específicas:

  1. Siga as orientações do manual do fabricante quanto às distâncias recomendadas das paredes ou móveis, evitando também a proximidade com fontes de calor, como fogões e fornos.
  2. Evite a abertura frequente das portas sem necessidade e o armazenamento de alimentos ainda quentes, práticas que sobrecarregam o motor e elevam o consumo de energia.
  3. Ajuste o termostato para garantir a refrigeração adequada dos alimentos, sem manter a temperatura interna mais baixa do que o necessário

Por fim, o alerta vai para um detalhe muitas vezes esquecido: “é fundamental verificar as condições da vedação das portas, substituindo borrachas ressecadas ou danificadas para impedir a fuga de ar frio”, diz o Idec.

⚙️ Troque os aparelhos muito antigos

Aparelhos antigos também podem ser responsáveis por aumentos desnecessários na conta de luz.

“Os principais eletrodomésticos usados pelos brasileiros fazem parte de programas de eficiência energética”, afirma o Idec.

“Os níveis de exigência são revisados periodicamente, o que estimula a adoção de tecnologias mais modernas e econômicas”, conclui o órgão.

Sendo assim, os modelos mais novos são projetados para consumir menos energia.

Fonte: https://g1.globo.com/guia/guia-de-compras/casa/quais-aparelhos-mais-gastam-energia-e-fazem-a-conta-de-luz-subir.ghtml

“Não temas, pequeno rebanho”. Evangelizar em uma época de mudanças (1) (Parte 1/3)

Combate, proximidade e missão (Opus Dei)

“Não temas, pequeno rebanho”. Evangelizar em uma época de mudanças (1)

É hora de mudar o olhar, de passar da nostalgia à audácia, de uma fé em posição defensiva a uma fé que propõe com confiança uma visão do mundo e da vida.

23/10/2025

Um grupo de exploradores, com anos de experiência no deserto, penetra em territórios nunca vistos. Avançam entre colinas e vales exuberantes; encontram cachos de uvas que uma pessoa sozinha não consegue carregar, e figos que fariam empalidecer quaisquer outros no mercado oriental (cfr. Num 13, 17-24). O entusiasmo, quase a euforia, toma conta deles, vendo por fim essa terra tão esperada: a esperança se torna concreta, tangível. Tocam com a mão um mundo que parece oferecer-lhes tudo o que esperaram durante anos. A essa promessa, porém, mistura-se a ansiedade: será preciso conquistar esta terra. E paira no ar um não sei quê de hostilidade.

Exploradores num mundo de gigantes

Ao longe, divisam-se cidades fortificadas. Mais de perto, os exploradores descobrem habitantes altos como carvalhos, autênticos gigantes! Alguns esquecem a força de Deus, e semeiam a cizânia do pessimismo. De repente o povo começa a sentir falta do maná do deserto.... Seu entusiasmo desvanece como o orvalho ao primeiro raio de sol. O ambiente fica tenso, entre os que querem deixar tudo e voltar ao Egito e os que ainda têm um brilho no olhar e o espírito conquistador: alguns loucos, para dizer a verdade. A terra é mesmo formosa, mas o empreendimento parece titânico, em todos os sentidos. Cresce a consciência de não estarem à altura; a segurança que pensavam ter cambaleia (cfr. Num. 13, 27 - 14, 4). O coração fica dividido entre a confiança e a tentação de fugir, entre o desejo de aventurar-se e o medo de serem aniquilados. A alternativa é nítida: ou entrar em contato ou entrincheirar-se no deserto para sempre.

O povo permanecerá preso por esta escolha durante decênios. No fundo, o que os bloqueia é a pouca confiança em Deus. Ressoa ainda em seus ouvidos aquela parte do relato dos exploradores: “vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; parecíamos gafanhotos comparados com eles” (Num 13, 33). Paralisados pelo medo de novo desafio, quase todos acabarão envelhecendo. Só a uns poucos “loucos” – Caleb, da tribo de Judá, e Josué da tribo de Efraim – será concedido sobreviver com o passar do tempo. Não se trata dos maiores nem dos mais audazes, mas sabem que a vitória não depende de suas forças nem da resistência de suas armas, e sim do Deus vivo que caminha no meio deles.

Quarenta anos mais tarde, depois de um longo período de purificação dessa esperança vacilante, o povo se encontra de novo às portas da terra prometida. Ainda estão com eles Caleb e Josué, o líder que havia confiado em Deus e que guiará esse povo renovado para além do Jordão. São impelidos pelas palavras que o Senhor pronunciou pela boca de Moisés: “Escolhe a vida” (Dt. 30, 19). Deus lhes dizia e está dizendo a cada um de nós: “Olha, eu criei você para viver, para ser feliz... Você vai me escolher, vai escolher a Vida? Foi isso que os ‘pequeninos’ descobriram e escolheram: eles sabem que Deus é a fonte e o destino do desejo infinito de viver que carregam dentro de si. E eles não querem mais nada. Entenderam que triunfar na vida, alcançar a vida, é deixar que o amor de Deus os inunde e depois compartilhar este amor generosamente”[1].

Há, no entanto, um aspecto fundamental que os judeus à volta de Josué ainda não podem compreender. Falta-lhes a chave para interpretar corretamente esta entrada na terra prometida. Imersos em sua própria história de exílio e de libertação, não conseguem captar seu significado mais profundo. Ainda não compreendem seu papel dentro da grande história da salvação. No momento, estão orientados para a conquista, para o enfrentamento: sonham com uma vitória esmagadora, uma vitória que cantarão em todo o livro de Josué. Trata-se de enfrentar-se e de ganhar, de opor a própria força – embora comparativamente seja bem reduzida – e a própria cultura – que, na verdade, é ainda muito escassa – contra a das nações que têm pela frente. Trata-se de realizar uma conquista militar e cultural, empunhando as armas disponíveis.

Na verdade, o povo que entra com Josué na terra prometida só conseguirá, com muita dificuldade, abrir passagem entre aquelas nações. Embora se aferre a suas raízes, aprenderá a tecer relacionamentos com os outros povos. E pouco a pouco começará a compreender que o seu papel entre eles não é de domínio. A chave para interpretar isso é o Senhor que a vai dando por meio dos profetas: “Vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo”. (Is 49, 6). Foram chamados a iluminar! E por isso, pouco importava seu número, pouco importava sua distinção ou a bagagem cultural de que dispunham. Não constituiria problema enfrentar terras desconhecidas ou povos de gigantes. A luz que levariam seria a de Deus que desejou habitar entre eles como “Príncipe da paz” (Is 9,5). Iluminariam as nações com a paz que o mundo não pode dar (cfr. Lc 10, 5-6; Jo 14, 27), “a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante”[2].


[1] “Combate, proximidade, missão (1): Escolhe a vida”.

[2] Primeira saudação do Santo Padre Leão XIV, 8/05/2025.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/nao-temas-pequeno-rebanho-evangelizar-em-uma-epoca-de-mudancas-1/

O que esperar da Cúpula dos Povos em Belém? (Parte 1/2)

Belém recebe a Cúpula dos Povos (Revista Amazônia)

O que esperar da Cúpula dos Povos em Belém?

Falta apoio e hospedagem ao evento que ocorrerá em paralelo à COP30, onde movimentos populares serão protagonistas. Lideranças contam como se organizarão, suas bandeiras, os entraves para receber cerca de 15 mil indígenas e ativistas e seu projeto de cozinha solidária.

A reportagem é de Brenda Taketa, publicada por O Joio e o Trigo, 21-10-2025.

Nem a inflação nos preços de serviços de hospedagem e eventos nem a dificuldade de obter respostas dos governos federal e do Pará serão obstáculos à realização da Cúpula dos Povos por Justiça Climática, entre os dias 12 e 16 de novembro, em Belém, cidade-sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

Com a representação de 1,1 mil organizações não governamentais, de base e movimentos populares do Brasil e de outros países, a expectativa é que o evento reúna, de forma paralela à COP, entre 15 e 20 mil pessoas ligadas a coletivos de mulheres, jovens, povos indígenas, camponeses, defensores de direitos humanos e ativistas socioambientais.

Realizada pela primeira vez em 1992, a Cúpula dos Povos é um espaço ocupado por grupos historicamente excluídos das mesas de negociações climáticas, servindo como plataforma para que eles apresentem suas demandas e reivindiquem soluções que priorizem a preservação da vida, a defesa dos territórios e a justiça socioambiental.

Na edição de 2025, uma barqueada – manifestação político-cultural feita por barcos – da Baía de Guajará ao Rio Guamá, cuja margem abriga a Universidade Federal do Pará (UFPA), marcará o início das atividades. A organização foi mantida mesmo com a demora na confirmação de apoio por parte do governo federal e da dificuldade de diálogo com o governo do Pará.

“O que a gente tem dito para todo mundo do governo é ‘ó, querendo vocês ou não, financiando vocês ou não, nós vamos estar em Belém. Ponto. Vocês decidem se com mais diálogo ou menos diálogo’”, dispara Ayala Ferreira, da direção nacional do Movimento Sem Terra (MST), que compõe o colegiado político de organização da Cúpula. De acordo com Ayala, somente o MST pretende levar cerca de 2 mil pessoas para Belém em novembro, se a infraestrutura disponível para alojamentos permitir.

“Com menos gente que possa ser, menos gente vai assustar do mesmo jeito, porque eles [os governos] não concebem eventos em que tem grandes setores [da sociedade] e setores populares participando”, completa.

Oferta de alimentos

Assegurada apenas no final do mês de setembro, a contrapartida do governo Lula envolverá a oferta dos alimentos para a produção diária de 30 mil refeições – café da manhã, almoço e jantar para um público de 10 mil pessoas – durante os cinco dias de evento. A compra será realizada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Além disso, o governo federal foi demandado a fornecer infraestrutura para a UFPA, espaço de realização das principais atividades da Cúpula, o que inclui o repasse de recursos e a contratação de serviços para montagem de tendas e palcos, instalação de som e aluguel de mesas e cadeiras.

inflação descontrolada nos preços de hospedagem, amplamente denunciada pela mídia, também está entre os entraves à organização das atividades paralelas à COP30 pela sociedade civil. O problema chegou a afetar delegações estrangeiras, que solicitaram ao governo brasileiro a substituição de Belém por outra capital ou a solução dos problemas de alojamento.

A primeira solução considerada para o problema de hospedar cerca de 10 mil participantes da cúpula foi a cessão de uma área dentro da própria Universidade. Para ser usado com segurança, porém, o terreno federal disponível dependeria de obras como colocação de piso, construção de muro e terraplanagem para a instalação de acampamentos.

O prazo para a contratação dos serviços de preparação do espaço era até abril, mas os governos não liberaram os recursos necessários para a realização das obras, estimadas em cerca de R$ 15 milhões. Sem o mínimo necessário para assegurar condições sanitárias e de segurança, tornou-se impossível acomodar tanta gente no local. Segundo os organizadores, os visitantes ficariam alojados, literalmente, na lama.

A falta de apoio mínimo levou à procura de um plano B: a reserva de galpões em uma das avenidas que dão acesso à UFPA, a Bernardo Sayão. Os espaços alugados ainda terão que passar por limpeza e adaptações, para assegurar a instalação da infraestrutura mínima para 7 mil pessoas, o que inclui cozinhas coletivas com grande capacidade.

Falta de apoio

No âmbito local, a menos de um mês do início oficial da COP30, nem o secretariado estadual liderado pelo governador Helder Barbalho, nem a Prefeitura de Belém, comandada por seu primo e correligionário Igor Normando, apoiaram a Cúpula para facilitar a acomodação dos participantes mobilizados.

Os organizadores do evento ainda têm a expectativa que haja liberação de escolas no entorno da universidade, situada entre os bairros populares do Guamá e da Terra Firme, para garantir a hospedagem de outros 3 mil participantes.

“Tem sido desafiador o diálogo com o governo no sentido de apoiar a sociedade civil que está estruturando um processo de mais 800 entidades nacionais e internacionais. De tudo que está sendo preparado em paralelo [à COP30], [a Cúpula dos Povos] é o maior espaço, o mais diverso, o mais amplo, o que mais vem construindo com a inclusão de atores que se juntam em torno da agenda da justiça climática, mas que vão bem mais além dela”, relatou Maureen Santos, coordenadora do Núcleo Políticas e Alternativas da organização FASE, que também integra o colegiado político de organização da Cúpula, em entrevista concedida à reportagem em julho deste ano.

Naquele momento, os entraves nas negociações com o governo do Pará já se mostravam evidentes, mesmo com o esforço do governo federal em servir de ponte na tentativa de diálogo.

A dificuldade de interlocução com as administrações Barbalho e Normando, ambos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), contrasta com as celebrações das autoridades pela escolha de um país democrático como sede da COP30. Esse cenário, em tese, facilitaria a participação da sociedade civil nas discussões sobre o acordo climático.

A contradição é ainda maior quando se considera o investimento federal de R$4 bilhões “para a construção de espaços, melhorias em infraestrutura, requalificação viária, avanços ambientais e intervenções urbanas”, segundo a fala do ministro da Casa Civil Rui Costa, veiculada pela Agência Brasil.

Na corrida para construir os novos projetos, o governo do estado enfrentou ainda uma greve de 5 mil trabalhadores da construção civil, que chegaram a paralisar 80% das obras para a COP30 em meados de setembro. Ainda assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou algumas das novas instalações previstas para o evento – como os Parques da Cidade e Linear da Doca, assim como o Museu das Amazônias – na primeira semana de outubro.

A agenda da comitiva presidencial envolveu a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, à Casa da Cúpula dos Povos, no dia 2 de outubro. A agenda incluiu a reunião com representantes de movimentos populares, organizações da sociedade civil e redes que se articulam para estar em Belém no próximo mês.

Durante a visita, o ministro declarou que o governo vê a Cúpula dos Povos como um dos grandes momentos da COP30. “Nós estamos realizando a COP na maior democracia dos povos e não se tem políticas públicas sustentáveis se não tiver a participação social. Com certeza, nós vamos construir juntos, a várias mãos, a COP30, que vai ser a COP com a maior participação social da história”.

A promessa ministerial é que esse entusiasmo vai se concretizar com a ampliação do diálogo com órgãos federais e os governos locais, para que serviços de segurança, atendimento em saúde e internet sejam assegurados aos milhares de participantes da cúpula.

Ajustes nos planos iniciais

Em entrevista concedida ao Joio, o coordenador político da Confederação Sindical de Trabalhadores(as) das Américas (CSA), Iván Gonzalez, contou que, há dois anos, quando o governo brasileiro e o presidente Lula iniciaram a campanha para realizar a conferência para Belém, havia grande expectativa por parte das organizações e movimentos de outros países de estarem presentes na cidade.

Com a especulação nos preços de hotelaria, alugueis e serviços em geral, junto com a demora dos governos em apresentar respostas frente ao problema, os grupos tiveram que fazer ajustes nos planos iniciais. Como resultado, a participação internacional provavelmente será menor do que se esperava.

“Entendo que, nas últimas semanas e dias, o governo brasileiro tem estado mais atento em responder a isso. A presença do ministro Macedo na Casa da Cúpula dos Povos [no dia 2 de outubro], e mesmo a presença do presidente Lula [em Belém, na mesma semana], sinaliza que há uma resposta que ainda não se traduz [completamente] em termos materiais. Mas creio que o governo brasileiro tem consciência de que a Cúpula dos Povos é um espaço importante e que deve apoiá-lo”, reflete Gonzalez. Apesar disso, pondera “as organizações assumiram o compromisso político de estar presentes e ainda há organizações buscando fundos para ir a Belém”.

O sindicalista também avalia que, em termos globais, o cenário é de divisão política e de crise na cooperação internacional, com a redução dos recursos internacionais para as agendas de enfrentamento da crise climática pela sociedade civil.

Apesar dos entraves e das críticas à demora dos governos contorná-los, as lideranças políticas nacionais e internacionais ligadas à organização da Cúpula dos Povos confirmam a importância da escolha de Belém como sede do evento.

A leitura é que, diante da ofensiva internacional e das crescentes pressões sofridas pelos países pan-amazônicos pela exploração agropecuária, de minérios energia, entre outras, a realização da Conferência do Clima tem um aspecto simbólico para as lutas históricas e agendas atuais dos povos e comunidades indígenas e tradicionais de todo o planeta.

“Nos parece correto que o governo brasileiro tenha decidido que a COP seja na Amazônia, porque se fala tanto da preservação e da responsabilidade, e há também um compromisso de todo o conjunto da sociedade internacional e dos países de entender que a Amazônia é um sistema vivo de gente e de natureza que é importante preservar, mas que, além disso, são espaços onde se geram atividades econômicas, onde vivem milhões de pessoas”, completa Gonzales.

Fonte: https://www.ihu.unisinos.br/658880-o-que-esperar-da-cupula-dos-povos-em-belem

Educação Católica brasileira presente no Jubileu do Mundo Educativo, no Vaticano

Papa Leão XIV na Praça São Pedro  (@Vatican Media)

Entre 27/10 e 2/11, a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) participa do Jubileu e apresenta as contribuições brasileiras para a educação integral.

Vatican News

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) trará a Roma, no Jubileu do Mundo Educativo 2025, experiências que mostram como as instituições educacionais católicas brasileiras formam integralmente os cidadãos para contribuir com uma sociedade ética e colaborativa. O Jubileu, promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, será realizado de 27 de outubro a 2 de novembro, no contexto do Ano Santo de 2025, e será presidido pelo Papa Leão XIV.

Com o tema “Peregrinos de Esperança”, o Jubileu propõe uma reflexão global sobre o papel da educação diante dos dilemas morais, culturais e tecnológicos contemporâneos. Reconhecida como a maior instituição de representação educacional no país, a ANEC reúne escolas, universidades e congregações religiosas que formam milhões de estudantes no Brasil, e defende que a educação confessional exerce um papel essencial na reconstrução de valores, oferecendo um ambiente de diálogo, escuta e convivência.

“Celebrar o Jubileu na educação reforça o papel transformador do educador como ‘peregrino de esperança’. É uma oportunidade de renovar o compromisso com uma educação mais humana e fraterna” afirma a diretora-presidente da ANEC, Irmã Iraní Rupolo.

Programação

Durante a semana jubilar, os participantes acompanharão o Congresso Mundial “Constelações Educativas – Um pacto com o futuro”, que reunirá instituições de todo o mundo, e participarão da Aldeia Global Educativa, espaço de partilha de práticas pedagógicas inovadoras. Também participarão da celebração eucarística do Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro, presidida pelo Papa Leão XIV, na Praça São Pedro.

“Celebrar o Jubileu no ambiente educativo é uma oportunidade única para integrar fé, pedagogia e pastoral em ações concretas que fomentem a esperança”, diz a diretora-presidente da Associação. A presença brasileira reforça o compromisso da ANEC com o Pacto Global pela Educação, iniciativa lançada pela Santa Sé que propõe um modelo educativo centrado na pessoa humana, na fraternidade e no cuidado com o planeta.

A delegação brasileira inclui membros da diretoria da ANEC, do escritório nacional e gestores de instituições associadas, com o apoio e patrocínio da FTD, BookFair e Layers. A programação no Vaticano irá se realizar nos dias 30 e 31 de outubro e 1º de novembro, período em que a ANEC terá um estande junto à CNBB e apresentará práticas educativas desenvolvidas pelas instituições católicas do Brasil.

Sobre a ANEC

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) é uma instituição sem fins lucrativos, de caráter educacional e cultural, representante da Educação Católica no Brasil, e unida em comunhão de fé com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

A instituição atua em favor de uma educação de excelência para promover uma educação cristã, entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana, sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja.

A ANEC atua em 900 municípios do Brasil, mantém em seu quadro associativo além de 363 mantenedoras, 263 obras sociais, 1.200 escolas, que incluem Creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, e 81 instituições de Ensino Superior, as quais atendem a mais de 1,5 milhão de alunos por ano. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Como incorporar o tempo de oração em uma rotina agitada

ArtMari | Shutterstock

Karen Hutch - publicado em 25/06/25

Orar é falar com Deus, abrindo o coração. Para isso, mais do que tempo, você precisa de amor.

Vivemos imersos em agendas lotadas, notificações constantes e responsabilidades que nos absorvem. No meio de toda a rotina agitada, a oração pode parecer reservada apenas para quando você "tem tempo". Mas a alma também precisa de alimento, e a oração não é possível apenas em meio à agitação... é necessário. 

Como dizia Santa Teresa de Jesus: "Quem não tem tempo para rezar, não tem tempo para viver". Certamente, devemos estar em constante diálogo com Cristo, fazendo da nossa vida uma oração.

Redescobrindo o que realmente é a oração

Antes de incorporar a oração, é fundamental nos libertarmos da ideia de que orar sempre requer longos períodos e fórmulas complexas ou palavras bombásticas. Oração é diálogo. É elevar o coração a Deus. Às vezes, será um Pai Nosso calmamente; outras vezes, um olhar para o céu no meio do trânsito. 

Existem muitas jaculatórias, que são orações curtas, mas fervorosas. Tais como: "Jesus, manso e humilde de coração, ensina-nos a ser como Tu" ou "Sagrado Coração de Jesus, eu confio em Ti". 

Existem muitos mais como este e você pode até adicioná-los como papel de parede no seu celular. Desta forma, cada vez que você acendê-lo, verá a oração e poderá elevá-lo ao Senhor.  

Lembre-se: como é importante começar com momentos breves, sinceros e frequentes; qualidade, não duração.

Crie espaço: pequenos momentos, grande impacto

Aqui estão alguns exemplos concretos de quando orar sem ter que reorganizar o dia inteiro: 

Ao acordar: agradeça pelo novo dia antes de usar o celular.

No caminho para o trabalho: ouça um salmo, reze o Rosário ou fale com Deus enquanto caminha ou dirige.

Antes de um encontro difícil: uma breve oração como "Jesus, em Ti eu confio" muda a atitude.

Durante uma pausa para o café: Ofereça esse momento e faça uma prece.

Ao lavar pratos ou dobrar roupas: faça-o com amor e ore por aqueles que usam esses objetos.

Antes de dormir: faça um exame de consciência e agradeça pelo que experimentou. Passe pelo menos 15 minutos por dia lendo e ponderando uma frase do evangelho. A Aleteia publica o Evangelho diário com breves reflexões que você pode usar.

Trabalho diário em oração

Faça de cada gesto uma oração: respirando, olhando com ternura, carregando pacientemente uma tarefa. Como dizia São Bento: "Ora et labora". O trabalho, quando oferecido com amor, é oração.

Aproveite os "espaços mortos"

Aqueles minutos na fila do banco, em uma sala de espera ou enquanto aquecem o micro-ondas são oportunidades para o silêncio interior. Lá você também pode aproveitar para conversar com Deus e contar a Ele sobre o seu dia.  

Traga um aplicativo de oração ou Rosário com você. Ou simplesmente repita o nome de Jesus. Jesus está sempre disponível para nos ouvir.

Vida de oração

A chave não é encontrar tempo, mas integrar a oração como um fio invisível que percorre o dia. Deus não nos pede orações perfeitas, mas corações disponíveis e abertos a Ele. Se abrirmos pequenas portas durante o dia, Ele fará o resto.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/06/25/como-incorporar-o-tempo-de-oracao-em-uma-rotina-agitada/

Leão XIV vai nomear São João Henrique Newman padroeiro da educação católica

São João Henrique Newman perto do fim de sua vida, em 1887. | Babouba, domínio público, via Wikimedia Commons

Por Hannah Brockhaus*

22 de out de 2025 às 14:02

O papa Leão XIV vai nomear São João Henrique Newman padroeiro da educação católica num documento a ser publicado em 28 de outubro pelo 60º aniversário da Gravissimum educationis, declaração do concílio Vaticano II sobre a educação cristã.

O papa vai designar São Newman padroeiro oficial da educação, junto com Santo Tomás de Aquino, no Jubileu do Mundo Educativo, no Vaticano, de 27 de outubro a 1º de novembro, que deve atrair 20 mil peregrinos.

O santo também será declarado o 38º doutor da Igreja por Leão XIV na missa de encerramento do jubileu em 1º de novembro, solenidade de Todos os Santos.

O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cardeal José Tolentino de Mendonça, anunciou a nomeação numa entrevista coletiva hoje (22).

Newman, disse o cardeal, é um “educador extraordinário e grande inspiração para a filosofia da educação”.

O papa também publicará um documento em 28 de outubro para comemorar o 60º aniversário da Gravissimum educationis .

O documento de Leão XIV vai “refletir sobre a atualidade da declaração e sobre os desafios que a educação deve enfrentar hoje, em particular as escolas e universidades católicas”, disse o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.

Gravissiumum Educationis, disse o cardeal, é um "documento fundamental com forte impacto na visão contemporânea da educação”.

“O documento teve um papel fundamental dentro e fora da Igreja, e deve ser reconhecido", disse o cardeal Tolentino.

Além de reafirmar o direito universal à educação, a declaração do Concílio Vaticano II marcou “uma mudança importante na linguagem, isto é, na mentalidade, para falar sobre a escola, não em termos de instituições, mas sim em termos de comunidades educativas”, disse o cardeal.

O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação citou longamente o documento do papa Leão XIV que será publicado em 28 de outubro, que diz que Gravissimum educationis “não perdeu nada de sua força” desde sua publicação.

“Desde sua recepção, nasceu uma constelação de obras e carismas... uma herança espiritual e pedagógica capaz de atravessar o século XXI e responder aos desafios mais urgentes”, diz o papa no documento.

“Essa herança não é imutável: é uma bússola que continua a apontar o caminho”, diz Leão XIV. “As expectativas de hoje não são menores do que aquelas que a Igreja enfrentou há 60 anos. Na verdade, elas se expandiram e se tornaram mais complexas... A história nos desafia com uma nova urgência. Mudanças rápidas e profundas expõem crianças, adolescentes e jovens a uma fragilidade sem precedentes. Não basta preservar: é preciso relançar”.

“Peço a todas as instituições de ensino que inaugurem uma temporada que fale ao coração das novas gerações, recompondo conhecimento e significado, competência e responsabilidade, fé e vida”.

Segundo as últimas estatísticas da Santa Sé divulgadas em entrevista coletiva hoje, há 230 mil universidades e escolas católicas presentes em 171 países, atendendo cerca de 72 milhões de estudantes.

*Hannah Brockhaus é jornalista correspondente da CNA em Roma (Itália). Ela cresceu em Omaha, no estado americano de Nebraska e é formada em Inglês pela Truman State University no Missouri (EUA).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65087/leao-xiv-vai-nomear-sao-joao-henrique-newman-padroeiro-da-educacao-catolica

POLÍTICA: Em memória de Paolo Bufalini

Senador Paolo Bufalini | 30Giorni

POLÍTICA

Arquivo 30Dias nº 12 - 2001

Em memória de Paolo Bufalini

O Paraíso dos Justos

O senador Paolo Bufalini, figura proeminente na Itália do pós-guerra e exemplo claro e sem data de um antifascista sereno, morreu em Roma em 17 de dezembro. Em seu funeral no Capitólio — onde o Cardeal Silvestrini também estava presente — eu também expressei meu profundo pesar.

por Giulio Andreotti

O senador Paolo Bufalini, figura proeminente na Itália do pós-guerra e exemplo claro e sem data de um antifascista sereno, faleceu em Roma em 17 de dezembro. Em seu funeral no Capitólio — onde o Cardeal Silvestrini também esteve presente — também expressei meu profundo pesar.

Na triste despedida de Paolo Bufalini — cujos excelentes estudos clássicos merecem menção especial — o suspiro do poeta Horácio, " Que ninguém morra ", é apropriado. Além da amizade — que se cultiva no silêncio e que a morte não interrompe — creio ser meu dever destacar — e apenas tocar — três momentos característicos da atividade de Paolo no Senado, que, tenho o prazer de salientar, começaram em seu primeiro dia de mandato com um apelo sincero aos pobres do subúrbio romano de Tufello.

O primeiro ponto diz respeito à importância fundamental que ele sempre atribuiu à instituição do parlamento. Cito, a título meramente exemplificativo, esta passagem de 4 de março de 1966:

"As posições políticas devem ser claras. As lutas políticas devem ser conduzidas abertamente, com pleno respeito às prerrogativas do Parlamento e à autonomia de todas as assembleias eleitas. Este, a nosso ver, é um terreno crucial para o diálogo, a discussão e a busca de entendimento e unidade entre todas as forças democráticas e progressistas, tanto seculares quanto católicas, e até mesmo dentro da própria Democracia Cristã. É um terreno tão crucial quanto a luta pela preservação da paz e da independência dos povos, a luta pela justiça social, o progresso e a renovação da nossa economia."

O segundo ponto diz respeito ao seu papel na delicada questão das relações entre Igreja e Estado, e especificamente no longo processo de preparação da atualização da Concordata, em consonância com a decisão histórica tomada pelos comunistas em 25 de março de 1947, de incluir os Pactos de Latrão na Constituição. Bufalini – cito o relatório de 8 de dezembro de 1978 – declarou:

A laicidade do Estado, tal como está delineada na Carta Constitucional, exige que todos, católicos e não católicos, crentes e não crentes, trabalhem juntos para construir uma democracia na qual todos possam se identificar, livre de estruturas privilegiadas e de qualquer forma de discriminação direta ou indireta. A decisão de construir relações com as confissões religiosas, com base em negociações bilaterais, com a Concordata para a Igreja Católica e com os acordos para outras confissões religiosas, consagrados nos artigos 7 e 8 da Constituição, conserva aos nossos olhos todo o significado de uma importante reviravolta histórica e constitucional, uma reviravolta, isto é, que busca envolver os vários interlocutores num diálogo respeitoso dos princípios de liberdade reconhecidos a todos e capaz de regular as justas necessidades de cada confissão religiosa.

O terceiro ponto diz respeito à tragédia de Moro. Em 25 de maio de 1978, Paolo pôs fim à especulação sórdida que circulava, dizendo:

"Não nos orientamos por um princípio abstrato de defesa dos interesses do Estado de Direito, mas dissemos: não podemos nos iludir quanto à possibilidade de negociar com as Brigadas Vermelhas, que são uma gangue de criminosos... A firme recusa em negociar, em reconhecer as Brigadas Vermelhas e em negociar uma troca, como quer que fossem chamadas, foi um caminho necessário, e um caminho que não conflitava com a segurança dos cidadãos e a defesa de suas vidas, mas sim um caminho a serviço da segurança de todos os cidadãos e da defesa de suas vidas."

Estas são apenas algumas dicas de uma formidável contribuição qualitativa para o debate no Senado durante seu longo mandato. Será útil associá-lo, em memórias oportunas, ao papel de sua importantíssima ação global, incluindo sua forte presença nas reuniões da União Interparlamentar, onde sua preparação e comportamento calmo rapidamente lhe renderam um papel muito significativo.

Mas, para concluir, não posso deixar de recordar uma característica maravilhosa de Bufalini. Ele sempre soube manter o diálogo e a amizade genuína com alguns, mesmo com aqueles que discordavam radicalmente de suas ideias políticas.

Ele deixa à sua família e a todos nós um exemplo fascinante de integridade, comprometimento, coerência e humanidade.

Paolo, permita-me expressar a certeza de que você está agora no Paraíso dos justos.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF