Santuário dom Bosco, em Brasília | Monasa Narjara | ACI Digitak.
Por Monasa Narjara*
30 de ago. de 2025
O “sonho-visão” ou sonho profético do fundador dos
salesianos, são João Bosco, com uma "terra prometida" localizada
entre os “paralelos 15 e 20” do globo terrestre fez 142 anos em 30 de agosto. A
visão de dom Bosco aconteceu em 1883, dá exatamente a latitude em que está
localizada Brasília, que só foi inaugurada em 21 de abril de 1960 durante o
governo do então presidente Juscelino Kubitschek.
A profecia de dom Bosco, co-padroeiro de Brasília, diz que
“entre o grau 15 e o 20, havia uma enseada bastante extensa, que partia do
ponto onde se formava um lago” e “uma voz repetidamente” disse a ele: “Quando
se vierem cavar as minas escondidas em meio a estes montes, aparecerá aqui a
terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível".
Segundo o escrito dos salesianos, “toda profecia” de dom
Bosco “é, por si só, obscura em seu enunciado, usando em sua expressão termos
genéricos e linguagem imaginosa, figurativa”, mas, “mesmo sob este ponto de
vista, é admirável notar como dom Bosco situou nitidamente no tempo e no espaço
o objetivo de sua previsão”.
Sonho profético de dom Bosco
A profecia de são João Bosco foi relatada por ele durante
uma “reunião da Assembleia Geral da Congregação Salesiana, no dia 4 de
setembro” do mesmo ano, enquanto o padre salesiano, Lemoyne “recolhia as
memórias do santo”, transcrevendo o relato e “submetendo-o à correção de dom
Bosco. “Este o examinou com atenção, acrescentando e modificando”, narra as
Memórias biográficas de são João Bosco, publicada em 1935.
Dom Bosco contou que "na noite que precedia a festa de
santa Rosa de Lima, 30 de agosto”, teve “um sonho”: “Percebi que estava
dormindo e parecia-me, ao mesmo tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me
sentir cansado de correr, de falar, de escrever e de esforçar-me no desempenho
das ocupações costumeiras. Enquanto hesitava se tratava de sonho ou de
realidade, pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas,
falando de assuntos vários".
“...Nesse interim, aproximou-se de mim um jovem de seus
dezesseis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz,
mais clara que a do sol...".
Segundo os salesianos, este jovem que “se apresenta como
amigo seu e dos salesianos” acompanhou dom Bosco “durante toda a misteriosa
viagem” e “vem, em nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho”.
São João Bosco relata que este jovem pede que ele “sente-se”
a uma mesa que está no meio de um salão, “sobre a qual estava enrolada uma
corda” e pede que ele “puxe” esta “corda”. O santo conta que viu “que essa
corda estava marcada com linhas e números, como se fosse uma fita métrica” e
percebe, “mais tarde, que aquele salão estava situado na América do Sul,
exatamente por sobre a linha do Equador, correspondendo os números impressos na
corda aos graus geográficos de latitude...".
"Observo que então via tudo de conjunto, como que em
miniatura. Depois, como direi, vi tudo em sua real grandeza e extensão. Foram
os graus marcados na corda correspondendo exatamente aos graus geográficos de
latitude, que me permitiram gravar na memória os sucessivos pontos que visitei,
viajando na segunda parte do sonho. Meu jovem amigo continuava: “Pois bem,
estas montanhas são como balizas: são um limite. Entre elas e o mar está a
messe oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes que
esperam o seu auxílio: aguardam a fé”, disse dom Bosco destacando que “aquelas
montanhas eram as Cordilheiras da América do Sul e aquele mar o Oceano
Atlântico...".
Ao escutar a moção do jovem, dom Bosco disse que ia
pensando: “Mas para se conseguir isto, vai ser preciso muito tempo” e exclamou
em voz alta: “Não sei mais o que responder”. Mas o jovem, lendo seus
pensamentos disse: “Isto acontecerá antes que passe a segunda geração”.
“E qual será a segunda geração?”, perguntou o santo. “A
presente não se conta. Será uma outra, depois outra”, respondeu o jovem. “E
quantos anos compreende cada geração dessas?”, indagou o salesiano. “60 anos”,
disse o moço. “E depois?”, perguntou novamente dom Bosco. “Quer ver o que
sucederá depois? Venha cá”, falou o jovem.
“E sem saber como, encontrei-me numa estação de estrada de
ferro. Havia muita gente. Embarcamos. Perguntei onde estávamos. Respondeu o
moço: “Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O senhor tem
estrada franqueada também para leste, até o mar. É outro dom do Senhor".
Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, que mostrava assinalada a diocese de
Cartagena (Colômbia). Era o ponto de partida”, relatou o santo dizendo que,
“enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o trem se pôs em movimento” e ao longo
da viagem aprendeu “coisas belíssimas e inteiramente novas sobre astronomia,
náutica, meteorologia, sobre a fauna, a flora e a topografia daqueles lugares,
que ele me explicava com maravilhosa precisão...”
Ele também contou que ao olhar “através das janelas do
vagão”, via “variadas e estupendas regiões”, com “bosques, montanhas,
planícies, rios tão grandes e majestosos que não era capaz de os acreditar
assim tão caudalosos, longe que estavam da foz...”. “Meus olhos tinham uma
potência visual maravilhosa, não encontrando obstáculos que os detivessem de
estender-se por aquelas regiões. Enxergava nas vísceras das montanhas e no
subsolo das planícies. Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis
daqueles países, riquezas que um dia serão descobertas. Via numerosos filões de
metais preciosos, minas inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão
abundantes como nunca se encontraram até então em outros lugares, pontuou o
santo.
Mas segundo dom Bosco, isso “não era tudo”, “entre o grau 15
e o 20, havia uma enseada bastante extensa, que partia do ponto onde se formava
um lago. Disse então uma voz repetidamente: Quando se vierem cavar as minas
escondidas em meio a estes montes, aparecerá aqui a terra prometida, que jorra
leite e mel. Será uma riqueza inconcebível".
E continuando sua viagem, ao longo da cordilheira, ele
também passou pelas “margens do Uruguai". Segundo o santo, já no fim da
viagem, “o jovem guia tirou do bolso uma carta geográfica de incrível beleza” e
perguntou a ele se queria “ver a viagem” que ele tinha feitos, “as regiões
percorridas?”. E ao dizer que sim, o moço “desdobrou então o mapa, em que se
desenhava com admirável exatidão toda a América do Sul”.
“Ademais, já estava representando tudo o que existia, que
existe, e haverá de existir naquelas regiões, sem confusão de espécie alguma,
pelo contrário, com tal nitidez que, de um só relance, se abrangia tudo.
Compreendi tudo no instante, mas, pela multiplicidade das circunstâncias, durou
pouco tal clareza, cedendo lugar à completa confusão que ora me ocupa a mente.
Enquanto observava aquele mapa, esperando que o rapazinho acrescentasse ainda
alguma explicação, agitado que estava-pela surpresa de tudo quanto vira,
pareceu-me que soassem as Ave-Marias, ao alvorecer. Despertando, percebi que
eram os sinos da paróquia de são Benigno. O sonho durara a noite inteira",
finalizou a profecia.
“Embora o objeto” da visão de dom Bosco “não seja
exclusivamente nem mesmo explicitamente Brasília, podemos afirmar que dom Bosco
viu, em 1883, o que hoje, em parte, é realidade”, diz o escrito enfatizando que
isso “reforça” a narração do santo: "Quando vierem explorar as riquezas
escondidas neste planalto, surgirá aqui a terra prometida, onde jorrará leite e
mel. Será uma riqueza inconcebível". “Ora, a maior repercussão não obteve
nenhuma outra descoberta, em outros pontos da referida faixa continental”, frisou
os salesianos.
*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi
jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.
Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64319/sonho-profetico-de-sao-joao-bosco-celebrado-em-brasilia-completa-142-anos