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domingo, 6 de julho de 2025

O túmulo dos apóstolos: São Filipe

São Filipe | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 08 - 2009

O túmulo dos apóstolos

São Filipe

E convida-nos a vir, a ver.

de Lorenzo Bianchi

Filipe, o quinto na lista dos apóstolos, originário de Betsaida, provavelmente falava grego. É ele o apóstolo a que se dirige Jesus no milagre da primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6, 5-13); e esse episódio ficará como sua característica iconográfica nas representações artísticas de sua figura (alternando com a cruz, que indica a forma de seu martírio). A tradição literária mais segura atribui-lhe a evangelização da Frígia, enquanto o Breviário Romano e alguns martirológios lhe acrescentam também a da Cítia e da Lídia.

Na Frígia, viveu os últimos anos de sua vida, em Hierápolis, onde foi sepultado. Polícrates, bispo de Éfeso na segunda metade do século II, dá um testemunho preciso disso numa passagem da carta que escreve ao papa Vítor: “Filipe, um dos doze apóstolos, repousa em Hierápolis com duas filhas suas, que se conservaram virgens a vida inteira, enquanto uma terceira, que viveu no Espírito Santo, está sepultada em Éfeso” (a passagem é citada por Eusébio, História eclesiástica, III, 31, 3).

Em apoio a essa notícia, dados arqueológicos mostraram que há nessa cidade indícios de seu culto desde a primeira era cristã: uma inscrição da antiga necrópole de Hierápolis menciona uma igreja dedicada ao apóstolo Filipe. Sua morte se deu por martírio, no tempo do imperador Domiciano (81-96), pela mesma pena a que tinha sido condenado Pedro muitos anos antes, a crucifixão inverso capite (de cabeça para baixo), em idade certamente muito avançada, que fontes mais tarde fixam em oitenta e sete anos.

Desde o século VI, aparece como data de seu martírio, como também do apóstolo Tiago Menor, o dia 1º de maio; mas esse, na realidade, é o dia da dedicação da igreja dos Santos Doze Apóstolos, em Roma, cuja construção foi iniciada pelo papa Pelágio I (556-561) por ocasião da trasladação dos corpos dos dois apóstolos (ou, ao menos, de uma parte significativa deles), vindos de Constantinopla, presumivelmente em 560, e que o papa João III (561-574) concluiu, talvez com a ajuda financeira do vice-rei bizantino Narsete.

Devemos inferir, portanto, uma trasladação anterior das relíquias de Filipe, de Hierápolis para Constantinopla, da qual, porém, não nos restou nenhuma documentação. A tradição da presença de despojos significativos de Filipe em Roma foi confirmada por uma identificação realizada em 1873. Até essa data, conservou-se na Basílica dos Santos Doze Apóstolos um relicário que continha, quase intacto, o seu pé direito (enquanto outro relicário continha o fêmur de Tiago Menor); já os corpos dos apóstolos eram venerados sob o altar central. Ao escavarem debaixo deste, em janeiro de 1873, veio à luz um aglomerado de cal e tijolos: demolido este, apareceram na horizontal duas lajes de mármore frígio, unidas de modo preciso entre si, que traziam esculpida em relevo uma cruz grega (com os braços iguais); debaixo dessas lajes, perpendicularmente sob o altar, havia um lóculo, no qual se encontrava uma caixinha com alguns ossos, a maior parte dos quais reduzida a fragmentos ou lascas, alguns dentes e muitas substâncias misturadas, formadas por decomposição de material ósseo; além disso, havia resíduos de tecido, que, analisados mais tarde, revelaram ser de lã, com uma preciosa coloração púrpura.

As análises dos achados foram realizadas por uma comissão científica, da qual faziam parte anatomopatologistas, físicos, químicos e arqueólogos (entre outros, Angelo Secchi, Giovanni Battista De Rossi e Pietro Ercole Visconti); um relatório detalhado foi também elaborado e publicado em seguida. Os especialistas puderam constatar que as relíquias pertenciam a dois indivíduos adultos distintos de sexo masculino: as de um, de compleição mais diminuta, cujos ossos se conservaram íntegros (particularmente partes de uma escápula, de um fêmur e do crânio), como também o pé conservado no relicário, foram atribuídas a Filipe; as do segundo, de compleição mais robusta, eram constituídas substancialmente de um molar (ver, mais adiante, o que escrevemos sobre Tiago Menor). Não foi possível identificar a qual dos dois indivíduos pertencia todo o resto dos fragmentos, em razão de seu estado de decomposição.

O contexto arqueológico remetia sem dúvida ao século VI, e, por conseguinte, ao edifício construído por Pelágio I e João III; pela identificação, ficou confirmada a exatidão da notícia relativa à trasladação de 560. A quantidade de relíquias leva a considerar que parte delas tenha-se disperso nas trasladações do Oriente para Roma (no mínimo duas para cada apóstolo).

Em 1879, depois de um período de exposição à veneração dos fiéis, as relíquias encontradas sob o altar foram depositadas numa arca de bronze, dentro de um sarcófago de mármore, colocado na cripta da igreja, debaixo do lugar em que tinham sido encontradas. Já a relíquia do pé foi deixada de fora, dentro de um relicário, atualmente não exposto aos fiéis.

Fonte: https://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF