Translate

sábado, 15 de novembro de 2025

Papa Leão ao mundo do cinema: a beleza não é apenas evasão, mas acima de tudo invocação

Encontro com o mundo do cinema, 15/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican Media)

“A beleza não é apenas evasão, mas acima de tudo invocação. O cinema, quando é autêntico, não apenas consola: interpela. Chama pelo nome as perguntas que habitam em nós e, às vezes, até as lágrimas que não sabíamos que precisávamos expressar”. Palavras do Papa Leão XIV aos representantes do mundo do cinema na manhã deste sábado (15) no Vaticano.

Jane Nogara  - Cidade do Vaticano

Em audiência dedicada ao mundo do cinema, o Papa Leão XIV recebeu no Palácio Apostólico, um grupo de representantes da arte cinematográfica neste sábado, 15 de novembro. Apesar dos seus 130 anos, disse o Papa em seu discurso, “o cinema é uma arte jovem, sonhadora e um pouco inquieta”, que inicialmente parecia um jogo de luzes e sombras, para divertir e impressionar. “Mas logo esses efeitos visuais souberam manifestar realidades muito mais profundas, até se tornarem expressão da vontade de contemplar e compreender a vida, de contar sua grandeza e fragilidade, de interpretar sua nostalgia do infinito”, completou Leão.

Colocar a esperança em movimento

Uma das contribuições mais valiosas do cinema”, continuou o Pontífice, “é precisamente ajudar o espectador a voltar a si mesmo, a olhar com novos olhos para a complexidade da sua própria experiência, a rever o mundo como se fosse a primeira vez e a redescobrir, nesse exercício, uma parte daquela esperança sem a qual a nossa existência não é plena”. Me conforta, disse ainda, “pensar que o cinema não é apenas imagens em movimento: é colocar a esperança em movimento!”.

Até a dor pode encontrar um sentido

Entrar em uma sala de cinema, continuou, é como atravessar um limiar. “Na escuridão e no silêncio”, disse o Papa, “os olhos voltam a ficar atentos, o coração se abre, a mente se abre para o que ainda não havia imaginado”. Confirmando que embora o fluxo de informações que hoje recebemos seja constante com telas sempre acesas, o cinema é muito mais do que uma simples tela: “É um cruzamento de desejos, memórias e questionamentos. É uma busca sensível onde a luz perfura a escuridão e a palavra encontra o silêncio. Na trama que se desenrola, o olhar se educa, a imaginação se expande e até mesmo a dor pode encontrar um sentido”.

Nem tudo precisa ser imediato ou previsível

Continuando sobre o tema das salas de cinema e a preocupante erosão que as está afastando das cidades e bairros, Leão XIV convidou os presentes a uma reflexão: “A lógica do algoritmo tende a repetir o que ‘funciona’, mas a arte abre caminho para o que é possível. Nem tudo precisa ser imediato ou previsível: defendam a lentidão quando necessário, o silêncio quando fala, a diferença quando provoca. A beleza não é apenas evasão, mas acima de tudo invocação. O cinema, quando é autêntico, não apenas consola: interpela. Chama pelo nome as perguntas que habitam em nós e, às vezes, até as lágrimas que não sabíamos que precisávamos expressar”.

O encontro de Leão XIV com representantes do Mundo do Cinema:

https://youtu.be/NvJNjvf4A1w

Reconhecer a esperança nas tragédias

No ano do Jubileu, disse o Papa aos presentes. “vocês estão a caminho como peregrinos da imaginação, buscadores de sentido, narradores de esperança, mensageiros da humanidade”. Reconhecendo ainda que “é uma peregrinação no mistério da experiência humana que vocês atravessam com um olhar penetrante, capaz de reconhecer a beleza mesmo nas pregas da dor, a esperança nas tragédias da violência e das guerras”.

Igreja e o cinema

Recordando o diálogo nunca interrompido da Igreja com o mundo do cinema, Leão disse: “A Igreja olha com estima para vocês que trabalham com a luz e com o tempo, com o rosto e com a paisagem, com a palavra e com o silêncio”. Acrescentando em seguida, “desejo renovar essa amizade, porque o cinema é um laboratório de esperança, um lugar onde o homem pode voltar a olhar para si mesmo e para o seu destino”.

Testemunhas de esperança, beleza e verdade

Reiterando a importância do mundo do cinema na sociedade de hoje o Papa Leão disse: “Nossa época precisa de testemunhas de esperança, beleza e verdade: vocês, com seu trabalho artístico, podem ser essas testemunhas. Recuperar a autenticidade da imagem para salvaguardar e promover a dignidade humana está ao alcance do bom cinema e de quem o faz e o protagoniza. Não tenham medo do confronto com as feridas do mundo”. Concluindo seu pensamento acrescentou: “Dar voz aos sentimentos complexos, contraditórios e, por vezes, obscuros que habitam o coração do ser humano é um ato de amor. A arte não deve fugir do mistério da fragilidade: deve ouvi-lo, deve saber parar diante dele. O cinema, sem ser didático, tem em si, nas suas formas autenticamente artísticas, a possibilidade de educar o olhar”.

Que o cinema nunca perca a capacidade de surpreender

Ao concluir o encontro o Papa Leão recordou a dedicação silenciosa de centenas de outros profissionais do cinema, sem os quais uma obra seria impossível, afirmando, “cada voz, cada gesto, cada competência contribui para uma obra que só pode existir como um todo”. Concluindo: “Que o cinema continue sempre sendo um lugar de encontro, um lar para quem busca sentido, uma linguagem de paz. Que nunca perca a capacidade de surpreender, continuando a nos mostrar, mesmo que seja apenas um fragmento, do mistério de Deus”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF