"Caríssimos, o amado Papa Francisco e nossos irmãos
cardeais e bispos, por quem hoje oferecemos o Sacrifício Eucarístico, viveram,
testemunharam e ensinaram esta esperança nova, pascal", disse Leão XIV em
sua homilia na missa em sufrágio do Papa Francisco e dos cardeais e bispos
falecidos ao longo do ano.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Leão XIV presidiu, na Basílica de São Pedro, na manhã
desta segunda-feira (03/11), a missa em sufrágio do Papa Francisco e dos
cardeais e bispos falecidos ao longo do ano, no âmbito da Comemoração de Todos
os Fiéis Defuntos.
"Com grande afeto, a oferecemos pela alma eleita
do Papa Francisco, que faleceu após abrir a Porta Santa e conceder
a Bênção Pascal a Roma e ao mundo. Graças ao Jubileu, esta celebração — para
mim, a primeira — adquire um sabor especial: o sabor da esperança
cristã", disse Leão XIV no início de sua homilia.
"A Palavra de Deus que ouvimos nos ilumina",
sublinhou o Papa, ressaltando que ela "o faz com um grande ícone bíblico
que, poderíamos dizer, resume o significado de todo este Ano Santo: a história
dos discípulos de Emaús, em Lucas".
"Ela representa vividamente a peregrinação da
esperança, que passa pelo encontro com o Cristo ressuscitado. O ponto de
partida é a experiência da morte, e em sua pior forma: a morte violenta que
mata o inocente" e deixa os discípulos "desanimados, desencorajados e
desesperados". "Quantas pessoas, quantas crianças, ainda hoje
sofrem o trauma dessa morte terrível, porque ela é desfigurada pelo pecado",
disse ainda o Papa.
Uma nova esperança
Segundo Leão XIV, "a essa morte não podemos e não
devemos dizer "Laudato si'", porque Deus Pai não a quer e enviou seu
próprio Filho ao mundo para nos libertar dela. Está escrito: Cristo precisava
sofrer essas coisas para entrar na sua glória e nos dar a vida eterna. Só Ele
pode suportar esta morte corrupta sobre si e dentro de si sem ser corrompido
por ela. Só Ele possui palavras de vida eterna". "Confessamos isso
com tremor aqui perto do túmulo de São Pedro, e essas palavras têm o
poder de reacender a fé e a esperança em nossos corações", sublinhou.
“Quando Jesus toma o pão com
suas mãos que tinham sido pregadas na cruz, pronuncia a bênção, parte-o e o
oferece, os olhos dos discípulos se abrem, a fé floresce em seus corações e,
com a fé, uma nova esperança. Sim! Não é mais a esperança que tinham antes e
que haviam perdido. É uma nova realidade, um dom, uma graça do Ressuscitado: é
a esperança pascal.”
Uma esperança que olha para além
"Assim como a vida de Jesus ressuscitado não é mais a
mesma de antes, mas absolutamente nova, criada pelo Pai com o poder do
Espírito, também a esperança do cristão não é uma esperança humana, não é nem a
dos gregos nem a dos judeus; não se baseia na sabedoria dos filósofos nem na
justiça derivada da lei, mas única e exclusivamente no fato de que o
Crucificado ressuscitou e apareceu a Simão, às mulheres e aos outros
discípulos", disse ainda o Papa. "É uma esperança que não
olha para o horizonte terreno, mas para além, para Deus, para àquela altura e
profundidade de onde o Sol se elevou para iluminar aqueles que jazem nas trevas
e na sombra da morte", sublinhou. "Então, sim,
podemos cantar: “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã morte corporal”. O
amor de Cristo, crucificado e ressuscitado, transfigurou a morte: de inimiga,
tornou-a irmã, a suavizou. E diante da morte, não nos entristecemos como
aqueles que não têm esperança", disse Leão XIV, acrescentando:
“É claro que ficamos tristes
quando uma pessoa querida nos deixa. Ficamos chocados quando um ser humano,
especialmente uma criança, um “pequenino”, um ser frágil, é arrancado da vida
por uma doença ou, pior, pela violência humana. Como cristãos, somos chamados a
carregar o peso dessas cruzes com Cristo. Mas não estamos tristes como aqueles
que não têm esperança, porque nem mesmo a morte mais trágica pode impedir nosso
Senhor de acolher em seus braços nossa alma e transformar nosso corpo mortal,
mesmo o mais desfigurado, à imagem de seu corpo glorioso.”
O Papa Francisco testemunhou esta esperança nova
O Papa disse ainda que "por essa razão, os cristãos não
chamam os locais de sepultamento de "necrópoles", isto é,
"cidades dos mortos", mas de "cemitérios", que significa
literalmente "dormitórios", lugares onde se repousa, aguardando a
ressurreição".
“Caríssimos, o amado Papa
Francisco e nossos irmãos cardeais e bispos, por quem hoje oferecemos o
Sacrifício Eucarístico, viveram, testemunharam e ensinaram esta esperança nova,
pascal. O Senhor os chamou e os designou como pastores de sua Igreja, e por meio
de seu ministério — para usar a linguagem do Livro de Daniel — eles “conduziram
muitos à justiça”, ou seja, os guiaram no caminho do Evangelho com a sabedoria
que vem de Cristo, que se tornou para nós sabedoria, justiça, santificação e
redenção.”
"Que suas almas sejam purificadas de toda mancha e que
brilhem como estrelas no céu. Que a nós, ainda peregrinos na terra, chegue, no
silêncio da oração, o seu encorajamento espiritual", concluiu o Papa Leão.

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