Na Solenidade de Todos os Santos, o Papa Leão XIV inscreveu
São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja e, por ocasião do Jubileu do
Mundo Educativo, o nomeou co-padroeiro, com Santo Tomás de Aquino, de todos os
agentes que participam no processo educativo. A celebração foi realizada neste
sábado, 1º de novembro, na Praça São Pedro.
Vatican News
Na manhã deste sábado, 1º de novembro, Solenidade de Todos
os Santos, o Papa Leão XIV presidiu a celebração da Santa Missa na Praça São
Pedro, na qual inscreveu São John Henry Newman entre os Doutores da Igreja e,
ao mesmo tempo, por ocasião do Jubileu do Mundo Educativo, o nomeou
co-padroeiro, com Santo Tomás de Aquino, de todos os agentes que participam no
processo educativo. Até hoje os Doutores da Igreja são 37, entre os quais 4
mulheres, com São John Newman serão 38.
Inspirar as novas gerações
O Papa Leão apresentou o novo Doutor da Igreja afirmando:
"a imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de
inspiração para as novas gerações com o coração sedento de infinito,
disponíveis a realizar, através da pesquisa e do conhecimento, aquela viagem
que, como diziam os antigos, nos faz passar per aspera ad astra, ou
seja, através das dificuldades até aos astros".
Escolas: laboratórios de profecias
Depois de afirmar que a vida dos santos testemunha-nos que é
possível viver com paixão na complexidade do tempo presente sem deixar de lado
o mandato apostólico, dirigindo-se aos educadores e às instituições educativas
disse: “o Jubileu é uma peregrinação na esperança e todos vós, no vasto
campo da educação, sabeis bem o quanto a esperança é uma semente indispensável!
Quando penso nas escolas e nas universidades, penso nelas como laboratórios de
profecia, onde a esperança é vivida e continuamente narrada e reproposta”.
Evangelho das Bem-aventuranças
Leão falou em seguida sobre o sentido do Evangelho das
Bem-aventuranças hoje proclamado. “As Bem-aventuranças trazem consigo uma
nova interpretação da realidade. São o caminho e a mensagem de Jesus educador.
À primeira vista, parece impossível declarar bem-aventurados os pobres, aqueles
que têm fome e sede de justiça, os perseguidos ou os que promovem a paz. Mas o
que parece inconcebível na gramática do mundo, enche-se de sentido e luz na
proximidade do Reino de Deus”. Continuando sobre o tema disse ainda: “As
Bem-aventuranças não são um ensinamento entre tantos: são o ensinamento por
excelência. Da mesma forma, o Senhor Jesus não é um entre tantos mestres, é o
Mestre por excelência. Mais ainda, é o Educador por excelência. Nós, seus
discípulos, encontramo-nos na sua escola, aprendendo a descobrir na sua vida,
ou seja, no caminho por Ele percorrido, um horizonte de sentido capaz de
iluminar todas as formas de conhecimento”.
Não ao pessimismo
“Os desafios atuais podem parecer, por vezes, superiores às
nossas forças, mas não é assim”, afirmou o Santo Padre reiterando, “não
permitamos que o pessimismo nos vença!”. Citando o Papa Francisco recordou suas
palavras sobre o pessimismo quando afirmava que “devemos trabalhar juntos para
libertar a humanidade da escuridão do niilismo que a rodeia e que é, talvez, a
doença mais perigosa da cultura contemporânea, pois ameaça ‘anular’ a
esperança”. A referência à noite que nos rodeia, disse o Papa, recorda-nos um
dos textos mais conhecidos de São John Henry, o hino “Luz terna, suave,
leva-me mais longe”. Nessa linda oração, percebemos que estamos longe de
casa, que temos pés vacilantes, que não conseguimos decifrar claramente o
horizonte. Mas nada disso nos detém, porque encontrámos o nosso Guia: Luz
terna, suave, no meio da noite, leva-me mais longe”.
Tarefa da educação
“É tarefa da educação oferecer esta Luz Terna àqueles
que, de outra forma, poderiam permanecer aprisionados pelas particularmente
insidiosas sombras do pessimismo e do medo” reiterou Leão. “Por isso, gostaria
de vos dizer: desarmemos as falsas razões da resignação e da impotência e
façamos circular no mundo contemporâneo as grandes razões da esperança”.
Encorajando os presentes: “Encorajo-vos a fazer das escolas, das
universidades e de todas as realidades educativas, mesmo informais e de rua,
limiares de uma civilização de diálogo e paz”.
Percurso educativo
São John Henry escreveu: “Deus criou-me para lhe prestar um
serviço específico. Confiou-me uma tarefa que não confiou a outros. Tenho uma
missão: talvez não a chegue a conhecer nesta vida, mas ela ser-me-á revelada na
vida futura”. “Nestas palavras”, disse o Papa, “encontramos expresso, de um
modo esplêndido, o mistério da dignidade de cada pessoa humana e também o da
variedade dos dons distribuídos por Deus” Explicando em seguida:
“A vida ilumina-se não porque somos ricos, bonitos ou
poderosos. Ela ilumina-se quando uma pessoa descobre dentro de si esta verdade:
sou chamado por Deus, tenho uma vocação, tenho uma missão, a minha vida serve
para algo maior que eu próprio!” (...) “Não o esqueçamos: no centro dos
percursos educativos não devem estar indivíduos abstratos, mas pessoas de carne
e osso, especialmente aquelas que parecem não render, segundo os parâmetros de
uma economia que exclui e mata. Somos chamados a formar pessoas, para que
brilhem como astros em toda a sua dignidade”. Concluindo em seguida:
“Portanto, podemos afirmar que a educação, na perspectiva cristã, ajuda todos a
tornarem-se santos. Nada menos do que isso”.
“Rezo para que a educação
católica ajude cada um a descobrir a sua vocação à santidade. Santo Agostinho,
que São John Henry Newman tanto apreciava, disse uma vez que todos nós somos
companheiros de estudo com um único Mestre, cuja escola se encontra na terra,
mas cuja cátedra está no céu.”


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