Babilônia, de potência mundial a sinal de desobediência a
Deus. Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel que aparece em
diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado “Cativeiro da
Babilônia”.
Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico
Redentorista
Enquanto os seus oficiais a cercavam, o próprio
Nabucodonosor veio à cidade. Então Joaquim, rei de Judá, sua mãe, seus
conselheiros, seus nobres e seus oficiais se entregaram; todos se renderam a
ele. Conforme o Senhor tinha declarado, ele retirou todos os tesouros do templo
do Senhor e do palácio real, quebrando todos os utensílios de ouro que Salomão,
rei de Israel, fizera para o templo do Senhor. Levou para o exílio toda
Jerusalém: todos os líderes e os homens de combate, todos os artesãos e
artífices. Era um total de dez mil pessoas; só ficaram os mais pobres.
Nabucodonosor levou prisioneiro Joaquim para a Babilônia. Também levou de
Jerusalém para a Babilônia a mãe do rei, suas mulheres, seus oficiais e os
líderes do país. O rei da Babilônia também deportou para a Babilônia toda a
força de sete mil homens de combate, homens fortes e preparados para a guerra,
e mil artífices e artesãos. Segundo
Livro dos Reis, Capítulo 24, versículos de 11 a 16
Uma das páginas mais tristes da história do Povo de Israel
que aparece em diversas narrativas bíblicas é, sem dúvida alguma, o chamado
“Cativeiro da Babilônia”. Essa tragédia será para sempre lembrada como
resultado da desobediência do povo para com a aliança de Deus.
A Babilônia aos poucos passa a ser vista não apenas como uma
potência de importância histórica, mas desempenha um papel central na narrativa
bíblica como símbolo da rebelião humana contra Deus. No Novo Testamento, a
Babilônia assume um significado ainda mais profundo, representando um sistema
mundial que se opõe ao Reino de Deus e que persegue aos cristãos. A queda de
Babilônia passa a ser vista então como a queda do mal diante de Deus.
Em outras citações bíblicas, como no capítulo 10 do livro do
profeta Isaías, aparece uma profecia sobre a Assíria, país que conquistou o
reino de Israel aproximadamente entre 725 e 721 a.C. Nos capítulos 13 e
14, Isaías fala sobre a Babilônia, o país que conquistou Judá aproximadamente
entre 600 e 588 a.C.
Potência política e mundanismo
A antiga Babilônia é hoje considerada um dos impérios mais
ricos e mais mundanos da história. Originários dos povos amoritas que habitavam
a região sul do deserto árabe, os babilônios criaram uma das civilizações que
ocuparam a Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde
hoje se encontra o moderno Iraque e parte da Turquia.
Promovendo a dominação dos acadianos que já ocupavam a
região, o povo amorreu realizou um processo de expansão territorial que anexou
várias cidades da Mesopotâmia, até que em meados do século XVIII a.C., o rei
Hamurábi consolidou o Primeiro Império Babilônico.
Durante o seu governo centralizador e autoritário, Hamurábi
ergueu a cidade de Babilônia, que se transformou em um dos mais importantes
centros urbanos e comerciais da Antiguidade. Além disso, ele também foi
responsável pela compilação de um importante conjunto de leis talhadas em um
monumento de pedra conhecido como o Código de Hamurábi de onde se originou a
tristemente célebre Lei de Talião, instrumento jurídico que de forma geral
determinava a execução de penas que se igualassem aos prejuízos causados por
algum delito, falha ou acidente.
Umas das maravilhas dos tempos antigos
Apesar de promover o crescimento e a prosperidade do Império
Babilônico, uma série de revoltas internas somada com a invasão dos cassitas e
dos hititas provocaram a queda e o desparecimento do Primeiro Império
Babilônico que foi retalhado em diferentes reinos menores. O tempo passou
e no ano de 1300 a.C., os assírios, potência militar de então, subjugaram todos
os reinos que outrora formaram o Primeiro Império Babilônico.
Mais tarde, no século VII a.C., ocorreu, por sua vez, a
queda dos assírios devido às invasões dos caldeus e dos medos, vindos da região
onde hoje se situa o moderno Irã.
As invasões possibilitaram a criação do Segundo Império
Babilônico que atingiu o seu apogeu no governo do rei Nabucodonosor. Durante o
seu reinado a civilização babilônica viveu um tempo de grandes conquistas
militares e de execução de diversas obras públicas. Data dessa época os famosos
Jardins Suspensos da Babilônia que causavam inveja e espanto em todos os que os
conheciam e que hoje figuram entre as principais construções arquitetônicas do
Mundo Antigo, sendo considerados umas das sete maravilhas do tempo antigo.
No governo do rei Nabucodonosor os hebreus foram
escravizados e levados ao cativeiro. Esse episódio, lembrado como o período do
Cativeiro da Babilônia seria cantado nos salmos e em outras citações bíblicas e
nunca mais esquecido. Segundo as narrativas bíblicas, depois de 50 anos,
os hebreus ganharam autorização para retornarem para suas terras vindo um
período de reconstrução com os sacerdotes Esdras e Neemias.
Após a morte de Nabucodonosor, os persas invadiram,
saquearam e dominaram a Babilônia que nunca mais se reergueu.
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