A Era dos Patriarcas teve início com a migração de Abraão e
sua tribo da cidade de Ur, localizada no sul da Caldéia, no atual Iraque, por
volta de 2000 a.C.
Padre José Inácio Medeiros, CSsR - Instituto
Histórico Redentorista
Assim como na história de outras grandes civilizações, a
história do povo judeu é dividida em distintos períodos para facilitar seu
estudo e compreensão. O primeiro período é chamado de Era dos
Patriarcas, primeira das três fases da história do povo e de sua presença
na região da Palestina, também chamada de Terra de Canaã.
A Era dos Patriarcas teve início com a migração de Abraão e
sua tribo da cidade de
Ur, localizada no sul da Caldéia, no atual Iraque, por volta de 2000 a.C. A
tribo de Abraão era nômade, cuidando de rebanhos e vivia nos espaços das
cidades-estados que existiam na região da Mesopotâmia. Estudiosos afirmam que o
povo de Abraão não devia ser mais do que 120 pessoas.
Nesta fase da história o povo ainda era politeísta,
acreditando em muitos deuses e possivelmente a migração para o norte tinha como
finalidade chegar ao grande santuário dedicado à deusa lua. Na caminhada o
povo, guiado por Abraão, foi fazendo a experiência do Deus Javé, tornando-se
aos poucos o único povo monoteísta entre as civilizações do Médio Oriente.
Então o Senhor disse a Abrão: Sai da sua terra, do
meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
Farei de ti o pai de um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu
nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os
que o amaldiçoarem; e por meio de ti todos os povos da terra serão abençoados.
Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com
ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou sua mulher
Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos,
comprados em Harã; partiram para a terra de Canaã e lá chegaram. Abrão
atravessou a terra até o lugar do carvalho de Moré, em Siquém. Naquela época,
os cananeus habitavam essa terra.
O Senhor apareceu a Abrão e disse: À sua descendência
darei esta terra. Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe
havia aparecido. Dali prosseguiu em direção às colinas a leste de Betel, onde
armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar
dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor. Depois Abrão partiu e prosseguiu
em direção ao Neguebe. (Gn 12, 1-9)
A atenta leitura das Sagradas Escrituras mostra que a
concepção de Deus foi sendo aperfeiçoada ao longo do Antigo Testamento. Depois
de meses de caminhada o povo se estabeleceu na Terra de Canaã, enfrentando
diversos inimigos que já estavam instalados, alguns mais fortes e organizados.
A Era dos Patriarcas chega ao final com a simbólica
narrativa do “Êxodo”, com a volta do povo à “Terra Prometida” depois de séculos
de escravidão no Egito, trabalhando na edificação das grandes obras encabeçadas
pelos faraós.
Os patriarcas se transformam nos pais da nação
Nesse período os hebreus organizavam sua vida ao redor dos
patriarcas, líderes das grandes famílias.
Eles reuniam assumiam funções diversas sendo ao mesmo tempo chefes militares,
sacerdotes e líderes políticos. Os mais importantes patriarcas foram Abraão,
Isaac e Jacó, este responsável pela formação das 12 tribos, correspondendo aos
seus doze filhos, quando se formaram e se consolidaram as principais
características do povo hebreu.
Não existem indícios arqueológicos que comprovem com
exatidão a existência e as andanças de Abraão, Isaac ou Jacó. Os muitos
elementos deste período que são conhecidos são retirados da narrativa
encontrada nos textos da Bíblia que passaram a ser redigidos quando o povo já
estava estabelecido na Palestina. O início da história do povo hebreu é envolto
em meio a muitas lendas, e os principais acontecimentos têm dupla origem, uma
mais lendária e outra mais histórica.
A formação concreta do povo de Israel teve início quando
Deus se manifestou a Abrão, que teve seu nome mudado para Abraão, ordenando que
deveria deixar sua terra, partindo para outra que posteriormente seria
indicada, conferindo com a Terra de Canaã. Em troca de sua fidelidade Abraão
recebeu a promessa de formar uma grande nação, que iria ganhar todas as terras,
do rio Nilo até o Eufrates. Abraão, segundo o livro do Gênesis, obedeceu a
ordem divina e sua família posteriormente
daria origem a todas as nações da região.
Após Abraão, a liderança passou para Isaac, seu filho, e
posteriormente para Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. Os doze filhos
de Jacó dariam origem às doze tribos de Israel, comparadas com doze pedras
sobre as quais o povo edificou sua história e suas tradições.
História atribulada
Acredita-se que por volta de 1.700 a.C. os hebreus tenham
descido para o Egito, tido pelos historiadores como “celeiro da humanidade”,
fugindo de uma intensa seca, estabelecendo-se no delta do rio Nilo. Sua ida
para o Egito corresponde a um período de invasão dos chamados “Povos do Mar,
tendo entre eles os hicsos, povo que conquistou o território egípcio, recebendo
uma série de benefícios.
Com o fim do domínio hicso, os hebreus foram transformados
em escravos até que por volta de 1.250 a.C., conduzidos por Moisés e por Josué
retornam à Palestina, no acontecimento que ficou conhecido como Êxodo.
A narrativa do êxodo destaca algumas famosas passagens como
a travessia do Mar Vermelho para que o povo tivesse caminho garantido rumo à
liberdade. Durante a migração, os hebreus receberam de Deus Javé sua base
jurídica, conhecida como Lei Mosaica ou também os Dez Mandamentos. Nessa época
começou a se consolidar o monoteísmo hebraico.
Depois que o povo se estabeleceu na Terra Prometida, começou
nova fase de sua história conhecida como a “Era dos Juízes”.
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