Conheça as dimensões da espiritualidade que o catequista
deve cultivar a cada dia
- por Ir. Renata S. Soares Pereira, fsp
Para realizar a missão de fazer ecoar a Boa Nova, o
catequista é convidado a cultivar diariamente as seguintes dimensões cristãs
que se encontram no livro” Espiritualidade
e missão do catequista”, do autor, Padre Vicente Frisullo (1):
• Dimensão cristocêntrica: consiste em seguir a
Jesus Cristo, buscá-lo no encontro pessoal através da oração, da leitura da
Palavra de Deus no cotidiano, na comunhão, no encontro com irmãos, até que
Cristo se forme no catequista.
• Dimensão trinitária: Cristo é o caminho. “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida” (Cf. Jo 14, 6). Mas a meta é a Trindade,
pela qual fomos mergulhados no dia do batismo. Ela é a fonte do amor
inesgotável que leva ao compromisso de viver e construir unidade e comunhão, na
família, na sociedade e na Igreja.
• Dimensão litúrgica sacramental: Após a
Ressurreição de Jesus Cristo, agora só o encontramos, através de sinais, de
forma sacramental. Por isso, é vital para o catequista crescer na
intimidade com Jesus Cristo Eucarístico, cultivar a vida de comunhão com Ele
através da Eucaristia, “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim
e eu nele”(Cf. Jo 6, 56). A Eucaristia é o mistério e o centro da vida cristã.
Nela, o catequista se configura a Cristo Orante, que o ensina a orar, e,
sobretudo, em comunidade ir ao encontro do Senhor Jesus Cristo.
• Dimensão bíblica: a fé do catequista nasce da
Palavra. Foi São Paulo que afirmou: “Certamente a fé vem do anúncio, e o
anúncio por intermédio da Palavra de Cristo”(Cf. Rm 10,17). Portanto, a
missão do catequista é ser um servidor da Palavra. A iniciação à vida cristã
exige conhecimento da Palavra de Deus, para despertar nos catequizandos o sabor
pela Palavra de Deus que é alma da catequese. “Toda Escritura é inspirada por
Deus, é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça,
a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (Cf.
2Tm 3, 16-17). Por isso, é tão importante que o catequista busque
aprofundamento na Sagrada Escritura.
• Dimensão eclesial: Através do Batismo o
catequista faz parte da família de Deus, está inserido, vive da e na Igreja,
porque ele prepara novos membros para ela. O catequista fala da Igreja com
paixão de quem tem a missão de introduzir novos membros através da iniciação à vida
cristã. Dentro da comunidade eclesial que o catequista é chamado à missão de
viver uma forte e atraente experiência eclesial.
•Dimensão mariana: apesar da discrição de Maria nos
Evangelhos, é compreensível porque Jesus é o centro, único mediador entre Deus
e nós. Porém, Maria é citada 125 versículos, isto é suficiente para compreender
o lugar que ela ocupa na história da salvação. Para o evangelista João, Jesus
antes de morrer entrega sua mãe à Igreja e a Igreja à sua mãe, porque ela é mãe
da nova humanidade em Cristo.
Maria é modelo para o catequista de como se aproximar da
Palavra de Deus. Como o Papa Francisco afirmou: “ Há um estilo mariano na
atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria,
voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto” (EG 288).
• Dimensão solidária: a fé não é mero
sentimento. É ação. No livro do Êxodo, Deus disse: “Eu vi muito bem a miséria
do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e
conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-los”(Cf. Ex 3,7).
O amor de Deus para com seu povo se traduz em ação concreta.
Deus intervém e envia seu Filho Jesus que veio para servir e dar vida plena
para todos. Jesus toma para si, a missão do servo sofredor que carrega sobre si
o sofrimento do povo.
O amor compaixão de Jesus para com os pobres e sofredores é
tão grande, que ele chega a se identificar com eles: “Venham a mim benditos de
meu Pai...pois estava com fome.. estava com sede e me deste de beber...(Cf. Mt
25,34-40).1
Portanto, nesse sentido, as dimensões da espiritualidade cristã
servirão de bússola para o catequista se orientar, aprofundar cada vez mais, e
se conscientizar da linda missão de discípulo e missionário, de ser
mistagogo, ou seja, de iniciar, conduzir os irmãos ao mistério de Cristo,
orientando-os para Deus, sendo intérprete da alegria do Evangelho. É o que o
mundo espera de nós, catequista.
Irmã Renata S. Soares Pereira é irmã
paulina, filósofa e pós-graduada em Catequese no Centro Universitário Salesiano
de São Paulo (Unisal). Missionária na Livraria Paulinas do Rio de Janeiro (RJ).
1FRISSULLO, Vicente. Espiritualidade e
missão do Catequista: a partir do documento da CNBB n.107. São Paulo: Paulinas.
2017.p.40-51
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