Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (20/08),
o Papa aprofundou "a arte do perdão" com o mestre, através do
"momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão
àquele que está prestes a traí-lo". Através de um gesto simples, Cristo
ensina que "amar significa deixar o outro livre - até para trair",
não é negar o mal, mas vencê-lo com o amor: "mesmo que a outra pessoa não
o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá".
Andressa Collet - Vatican News
Já de volta ao Vaticano, depois do segundo e último período
de descanso em Castel Gandolfo de onde retornou na noite desta terça-feira
(19/08), o Papa Leão XIV foi acolhido pelos fiéis na mesma configuração da
semana passada: através de telões na Praça Petriano, na Basílica e na Praça São
Pedro; e diretamente na Sala Paulo VI com mais de 6 mil peregrinos. A
catequese, focada nesta quarta-feira (20/08) "num dos gestos mais
impactantes e luminosos do Evangelho", foi a premissa para o Pontífice
aprofundar "a arte do perdão" com o mestre, através do "momento
em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está
prestes a traí-lo". "Não é apenas um gesto de partilha",
enalteceu o Papa, mas demonstra o modo de agir de Deus, com o Senhor amando até
ao último momento:
"Amar até o fim: esta é a chave para compreender o
coração de Cristo. Um amor que não se detém perante a rejeição, a desilusão ou
mesmo a ingratidão."
O poder do perdão
Jesus, assim, continuou Leão XIV, "estende o seu amor
ao máximo", mesmo diante da rejeição, da ingratidão e de ter de suportar a
traição de Judas. E, em vez de se retrair e acusar, "continua a amar: lava
os pés, molha o pão e lhe oferece". Com o seu perdão, o Senhor não fere a
nossa liberdade, mas revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e
entregando novamente à luz do bem:
“Compreendeu que a liberdade dos outros, mesmo quando
perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso. Porque
sabe que o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se
primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito.”
"É aqui que o perdão se revela em todo o seu
poder", afirmou o Pontífice, através do mistério que "Jesus realiza
por nós": "não é fraqueza. É a capacidade de deixar o outro livre,
amando-o até ao fim". Perdoar não significa negar o mal, mas vencê-lo
com o amor:
"O Evangelho nos mostra que há sempre uma forma de
continuar a amar, mesmo quando tudo parece irreparavelmente comprometido.
Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se
trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para
garantir que o ressentimento não dite o futuro."
A graça de saber perdoar
Quando Judas sai do quarto, “era noite”, recordou o Papa,
"mas uma luz já começou a brilhar. E ela resplandece porque Cristo
permanece fiel até o fim, e assim o seu amor é mais forte do que o ódio":
"Queridos irmãos e irmãs, também nós vivemos noites
dolorosas e cansativas. Noites da alma, noites de desilusão, noites em que
alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes momentos, a tentação é fechar-nos,
proteger-nos, ripostar. Mas o Senhor nos mostra a esperança de que há sempre
outro caminho. Ele nos ensina que podemos oferecer um bocado mesmo a quem nos
vira as costas. Que podemos responder com o silêncio da confiança. E que
podemos seguir em frente com dignidade, sem renunciar ao amor. Peçamos hoje a
graça de saber perdoar, mesmo quando nos sentimos incompreendidos, mesmo quando
nos sentimos abandonados. Pois é precisamente nestas alturas que o amor pode
atingir o seu auge."
A paz de quem perdoa
O mestre Jesus, finalizou então Leão XIV, ensina com o
simples e luminoso gesto de oferecer o pão durante a Última Ceia, que
"amar significa deixar o outro livre até para trair". A "luz do
perdão", mesmo diante de uma traição, torna-se "uma oportunidade de
salvação", renovando a capacidade de amar inclusive a quem perdoa:
“Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça
em vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz
e devolve-nos a nós próprios.”
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