Deus é chamado com nomes múltiplos como grande, bom,
bem-aventurado, veraz e outros nomes. A sua grandeza é a sua sabedoria, não
pelo volume, mas sim pelo poder.
Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Nós acreditamos em Deus Uno e Trino que se manifestou seja
pela Sagrada Escritura, o Antigo Testamento, seja por Jesus Cristo, pelo Novo
Testamento. É claro que pela noção do Antigo Testamento nós temos mais uma
doutrina de um Deus único, percebido no monoteísmo dos Profetas, sobretudo com
Elias, Jeremias falaram bem ousadamente estes pontos. Já no Novo Testamento com
Jesus Cristo nós temos a revelação de Deus Uno e Trino, porque Jesus é a imagem
do Pai, e o Espírito Santo desceu nele por ocasião da saída das águas do rio
Jordão no batismo(cfr. Mt 3,16). Santo Agostinho de Hipona foi um bispo dos
séculos IV e V que desenvolveu toda uma doutrina em relação ao mistério de Deus
Uno e Trino. Veremos a seguir alguns pontos fundamentais de seu pensamento.
A substância de Deus
O bispo de Hipona afirmou que a substância de Deus é
simples, imutável. Para chegar à esta conclusão ele afirmou que a criatura
humana é sempre múltipla, nunca simples. O corpo humano, por exemplo, tem
várias partes, umas maiores e outras menores. O céu e a terra constam de partes
inumeráveis. A natureza de Deus é imutável já a criatura é mutável[1]. A fé
cristã conduz à concepção do Deus único.
Os nomes divinos
Deus é chamado com nomes múltiplos como grande, bom,
bem-aventurado, veraz e outros nomes. A sua grandeza é a sua sabedoria, não
pelo volume, mas sim pelo poder. A sua bondade é sua sabedoria e grandeza, como
também a sua veracidade. Tudo isso se refere aos seus atributos. Nele não são
realidades diferentes o ser feliz, o ser grande ou veraz ou bom, porque há uma
única realidade, a sua natureza, o ser de Deus[2].
Deus é Trino
Deus é Trindade: isto é o Pai é Deus, o Filho é Deus, o
Espírito Santo é Deus, não se tratando de três deuses, mas um único Deus em
três Pessoas. As Pessoas não são concebidas de uma forma separada, mas juntas,
de modo que não é Tríplice. As Pessoas divinas são inseparáveis, porque o Pai
está com o Filho e o Filho está com o Pai e o Espírito Santo é o amor do Pai e
do Filho. As Pessoas estão juntas, de modo que nunca nenhuma está só[3]. Quando
se chama o Pai, é só o Pai assim como as outras duas Pessoas divinas, também
pelo fato de que as outras duas Pessoas não são o Pai[4].
A natureza de Deus Uno
Santo Agostinho afirmou que as Pessoas divinas não podem ser
vistas de uma forma separada, mas unidas formando a natureza divina, não como
quarto elemento na dimensão divina, mas é um Deus em três Pessoas. Se na
realidade das coisas, o ser maior é igual a ficar melhor, porque pode haver as
mudanças das coisas, em Deus, não é assim, porque a sua natureza é imutável,
inacessível. O nosso ser torna-se maior quando se une ao Senhor.
Em Deus, única natureza o Filho se une ao Pai que lhe é
igual e o Espírito Santo também igual ao Pai e ao Filho, de modo que não se
torna maior do que cada uma das Pessoas, pois nisso está perfeição, de modo que
perfeito é o Pai, perfeito é o Filho, perfeito é o Espírito Santo. Desta forma
digamos perfeito é Deus Pai, Filho, e Espírito Santo, sendo Deus Trindade, não
tríplice, três pessoas separadas, ou sendo três deuses, mas um único Deus em
Três Pessoas[5].
A demonstração de um só Deus em três Pessoas
A nossa fé afirma que Deus é dado no Pai e no Filho e no
Espírito Santo. O Deus único e verdadeiro, diz Santo Agostinho não é somente o
Pai, mas é o Pai, o Filho e o Espírito Santo[6]. Se alguma das pessoas humanas
perguntar se o Pai é Deus, o fiel responderá que sim, mas não somente Ele, mas
que o único Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As três pessoas juntas
são o Deus único e verdadeiro[7].
A fé em Deus Uno e Trino
Santo Agostinho disse deixando de lado a compreensão
racional do mistério dos mistérios, manifesta a fé, a esperança e a caridade na
mais perfeita igualdade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Na Trindade,
tudo é dado na origem mais sublime de todas as coisas e graças, assim como a
beleza, a alegria e o amor infinitos. Nós manifestamos a fé em cada das Pessoas
divinas, está em cada uma das outras, e todas em cada uma, e cada uma em todas
estão em todas, e todas são um. Assim acreditamos que Deus é Uno e é também
Trino[8].
Nós somos chamados a viver e a testemunhar para os outros e
para o mundo o mistério de Deus Uno e Trino, assim como fez Santo Agostinho.
Ele criou as coisas e os seres humanos de uma forma tão bem que bendizemos o
seu nome. Ele mora em nossos corações. Lutemos pela paz para que o mundo seja
um local de justiça, de amor entre as pessoas e entre os povos. Nós somos
chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. Glória ao Pai e ao Filho e
ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino agora e por toda a eternidade.
[1][1] Cfr. A Trindade, VI,6,8. In: Santo
Agostinho. São Paulo: Paulus, 1994, pgs. 224-225.
[2] Cfr. Idem, pg. 225.
[3] Cfr. Ibidem, 6,9a, pgs. 225-226.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 226.
[5] Cfr. Ibidem, pgs. 226-227.
[6] Cfr. Ibidem, pg. 227.
[7] Cfr. Ibidem, pg. 227.
[8] Cfr. Ibidem, 229-231.
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