O TESTEMUNHO DE VIDA DOS PASTORES EM SANTO AGOSTINHO
04/11/2025
Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V deu um
grande testemunho de vida no seguimento a Jesus Cristo sendo um
bom pastor de sua Igreja, marcando presença junto às comunidades, povo de
Deus, espalhando os valores evangélicos da paz e do amor. Na atualidade
são chamados também os pastores a viver o bom testemunho em todos os
setores da vida humana, através das virtudes da fé, da esperança e da
caridade. É preciso a doação de seus pastores para que o Reino de Deus
cresça aqui e agora e um dia na eternidade. A Igreja no Brasil é convidada
a fazer o caminho sinodal de modo que todas as pessoas vivam a alegria do
serviço aos outros, a Jesus em vista de uma caminhada em conjunto, em
comunhão.
A esperança é o Cristo Jesus
A nossa esperança está em Cristo, sendo Ele a nossa glória,
verdadeira e salutar. Santo Agostinho teve que advertir pessoas que se diziam
pastores, gostavam de ser assim chamadas, mas não faziam o ofício de pastor, a
missão de pastor como deveria ser a exemplo do Senhor Jesus1. Seguindo o
profeta Ezequiel que criticou a má atuação dos
pastores em Israel (cfr. Ez 34,1-2), o bispo de Hipona
afirmou a necessidade de dizer a verdade, porque se as coisas forem ditas por
nossa causa, seremos pastores que apascentam a nós mesmos, não as ovelhas, mas
se ao invés vem do Senhor as coisas que digamos, é sempre o Senhor a
apascentar-nos na certeza de que nós somos chamados a sermos bons
pastores2.
Os pastores que apascentam a si mesmos
O profeta continua criticando os maus pastores. “Ai dos
pastores que apascentam a si mesmos” (Ez 34,2). Santo Agostinho disse o
motivo pelo qual os pastores foram repreendidos, é o fato de que tais pastores
apascentam a si mesmos e não as ovelhas. Seguindo também o Apóstolo São Paulo,
Agostinho tem presentes que estes pastores buscam os seus próprios interesses,
não aqueles que Jesus Cristo quer de seus pastores
(cfr. Fl 2,21).
Considerações próprias
O bispo de Hipona quis que se fizessem as considerações
próprias. O Senhor colocou a ele naquele lugar do qual dever-se-á dar contas
por um traço de sua condescendência e não por merecimentos próprios4. Existem
duas dignidades aquela de ser cristãos e aquela como Santo Agostinho de ser
bispo. Aquela de ser cristãos é para ele muito importante, e vão sublinhadas as
vantagens que derivam dos bispos; e em relação aqueles que assumem o
episcopado, o que conta é o serviço que todos os ordenados devem prestar
ao seu povo5. Sendo muitos os cristãos estes podem alcançar a Deus de uma forma
às vezes mais ágil do que os bispos pelo fato do peso que carregam com a sua
missão6. Santo Agostinho afirmou que pelo fato de ser bispo deverá prestar
contas a Deus pelo ministério assumido, o episcopado, com alegria e com
amor.
Oração
Ao expressar-se desta forma ao povo, em ligação à palavra de
Deus, Santo Agostinho pedia aos fiéis orações. O dia do julgamento do Senhor
virá para todas as pessoas e também para os bispos que assumiram o
ministério de coordenar uma comunidade. Ele desejava que ao chegar o dia da
passagem, o Senhor o encontrasse preparado8. O bispo deve ter presente o bem
das pessoas e do Reino de Deus. Se o bispo buscasse os seus próprios
interesses, que ficasse no orgulho de seu poder que ocupa, a sua honra, ele
estaria entre aqueles que apascentam a si mesmos e não as suas ovelhas9 e
para não cair nestas tentações, o bispo pedia orações ao povo em vista da
firmeza de sua missão.
O pastor é Deus
O verdadeiro pastor é Deus seja qual for a posição dos
pastores eclesiais, se agem para o bem das pessoas ou não. É claro que é
fundamental que os bispos, as pessoas ordenadas sejam bons pastores. Deus não
abandona jamais as suas ovelhas, porque estas são amparadas pelo Senhor para
alcançar os bens a elas reservadas10. Santo Agostinho também disse que os
pastores devem servir as ovelhas com amor. Diante da caridade do Evangelho o
ponto fundamental que esperava dos pastores que levem as pessoas à salvação que
vem de Jesus Cristo. No entanto ele tinha presentes algumas pessoas que se
diziam pastores que viviam da providência do povo através dos alimentos, mas
não cuidavam das ovelhas, buscando os seus próprios interesses, não aqueles de
Jesus Cristo (cf. Fl 2,21).
O apóstolo São Paulo
O Apóstolo São Paulo viveu de uma forma desprendida junto às
suas comunidades. Santo Agostinho colocou-o como um grande pastor junto ao seu
povo, na qual não procurava os seus interesses, mas aqueles do povo de Deus e
do Senhor Jesus Cristo. Ele buscava como o Senhor a ovelha doente para assim
não deixar progredir a infecção12. Assim ele não buscava vantagens
próprias, mas aquelas de Jesus Cristo (Fl 2,21).
A indiferença e a dedicação
Santo Agostinho afirmou coisas que o povo poderia dizer aos
pastores quando não apascentam o povo, mas a si mesmos dadas pela
indiferença à missão. Quando o pastor não dá o bom testemunho de vida poderia
ocorrer que o povo diga que os pastores façam a seu bel prazer as coisas. O
Bispo percebeu que estas coisas não levariam a nada14. No entanto quando o
pastor é dedicado a Deus e ao povo, a palavra de Deus é vivida pelas pessoas e
os ministros consagrados são bem acolhidos pelo seu povo também pela vivência da
palavra, porque não apascentam a si mesmo, mas ao povo e ao Senhor. Desta forma
o testemunho de vida é fundamental para os pastores do povo de
Deus no seguimento a Jesus Cristo, à sua Igreja e ao Reino de Deus. Santo
Agostinho nos exorta para isso a viver a palavra de Deus junto ao povo do
Senhor a nós confiado.
Notas
[1] Cfr. Discorso 46, 1. In:
Sant´Agostino. Sul Sacerdozio. Città Nuova Editrice: Roma,
1985, pg. 121.
[2] Cfr. Idem, 1-2, pgs.
121-122.
[3] Cfr. Ibidem, pg. 122.
[4] Cfr. Ibidem.
[5] Cfr. Ibidem.
[6] Cfr. Ibidem.
[7] Cfr. Ibidem.
[8] Cfr. Ibidem, pgs. 122-123.
[9] Cfr. Ibidem, pg. 123.
[10] Cfr. Ibidem.
[11] Cfr. Ibidem, 5, pg. 127.
[12] Cfr. Ibidem, 7, pg. 128.
[13] Cfr. Ibidem, pg. 129.
[14] Cfr. Ibidem, 8, pgs.
129-130.

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