O QUE PODEMOS ENCONTRAR NO DESERTO
12/12/2025
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Estamos
vivendo o tempo do Advento, em preparação para a celebração do Natal, e a
Palavra de Deus com frequência nos traz a figura de João Batista, o
precursor do Messias. Ele escolheu o deserto como lugar para viver e
anunciar a vinda do Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo. O deserto é, por sua natureza, o lugar do
silêncio, onde se ouve a voz do vento batendo nas rochas, mas também
movendo, de uma forma quase imperceptível, a areia que molda continuamente a
paisagem.
Neste tempo do Advento nós somos convidados a
percorrer a nossa estrada interior, que parte do
coração. Ela nos leva a contemplar uma paisagem marcada pela
alegria estampada no sorriso das crianças, a esperança no
futuro presente nos passos dos jovens, as preocupações com as realidades
que envolvem o cotidiano das famílias e dos nossos idosos, que trazem no
coração os longos anos vividos, às vezes, com muitas renúncias,
provações e superações.
Quando nos colocamos a caminho para fazer uma viagem,
geralmente gostamos de manter os olhos abertos, para
contemplar paisagens que às vezes nos surpreendem, encantam e
também questionam. Podemos ver a ação do Criador, da mãe natureza
e da intervenção do homem, que pode ser benéfica ou também
degradante, pelos males que podem provocar à Casa Comum e ao ser
humano.
O caminho do Advento, percorrido através de pequenos
passos a partir do coração, pode nos conduzir ao deserto interior,
para nos aproximar de Deus e dos irmãos e irmãs que conosco querem
encontrar o Senhor e celebrar a vida e o amor de Deus. Este amor pode ser
manifestado através de pequenos gestos, e fazem muito bem para a nossa
saúde espiritual, física e psíquica, na vida pessoal e familiar, no
ambiente de trabalho e na comunidade.
Neste tempo do Advento, cada um de nós é chamado a
tomar posição a respeito do Messias que vem, para celebrar o Santo Natal. Não
podemos preparar a árvore do Natal sem preparar a alma, a nossa casa
interior. Não podemos preparar o presépio sem abrir espaço no coração para
acolher Jesus, que busca um lugar para fazer morada. Mesmo que tenhamos
uma vida marcada por muitos compromissos ou por situações que colocam
à prova a nossa paz interior e a nossa vontade de interagir com
realidades presentes na sociedade, ainda é possível adentrar no
deserto interior, para escutar a voz daquele que
nos fala de amor, de um amor verdadeiro, manifestado em
pequenos gestos que nascem do coração e falam da ternura, da misericórdia e do
amor do Deus da vida, do tempo e da eternidade.

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