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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

A magnanimidade como virtude para o nosso tempo

A magnanimidade (You Tube)

A MAGNANIMIDADE COMO VIRTUDE PARA O NOSSO TEMPO

23/10/2025

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Na Questão 129, da Secunda Secundae da Suma Teológica, Santo Tomás de Aquino trata da magnanimidade (magnanimitas, “grandeza de alma”), uma das expressões mais elevadas da virtude da fortaleza. Não se trata de vaidade nem de orgulho, mas da disposição interior de quem deseja realizar grandes obras por Deus e pelo bem comum, reconhecendo que tudo procede d’Ele. 

O magnânimo é aquele que, consciente dos dons recebidos, não os enterra, mas os faz frutificar. Sabe que foi criado para grandes realizações, não para buscar fama ou prestígio pessoal, mas para aspirar à plenitude do bem. Por isso, Santo Tomás ensina que o objeto da magnanimidade são as grandes honras: não as movidas pela vaidade, mas as que naturalmente se concedem a quem pratica o bem e realiza obras virtuosas. 

magnanimidade, para Santo Tomás, situa-se entre a fortaleza e os frutos do Espírito Santo. Ela é uma parte potencial da virtude da fortaleza. Enquanto esta torna firme o ânimo diante das dificuldades e perigos, a magnanimidade o eleva a buscar o bem mais alto, mesmo quando esse bem parece exigente ou distante. Se a fortaleza nos ajuda a resistir, a magnanimidade nos move a aspirar. Ela é o impulso positivo da alma que não se contenta com pouco. 

Por isso, ela se relaciona também aos frutos do Espírito Santo, especialmente à confiança (fidúcia) e à paz interior (securitas). A magnanimidade nasce de um coração confiante, não na própria força, mas na graça de Deus e conduz a uma alma serena, livre do medo e do desânimo. O magnânimo é firme, confiante e tranquilo, porque sabe em quem colocou sua esperança. 

Um ponto notável da doutrina de Santo Tomás é mostrar que a magnanimidade não se opõe à humildade. O orgulho exalta o eu; a magnanimidade exalta o dom de Deus. O humilde reconhece sua pequenez; o magnânimo reconhece a grandeza da graça que nele atua. São, portanto, virtudes complementares: a humildade nos impede de nos julgarmos maiores do que somos; a magnanimidade impede que nos tornemos menores do que Deus quer que sejamos. 

O próprio Cristo é o modelo supremo dessa harmonia: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29), e ao mesmo tempo, “Quem crê em mim fará as obras que eu faço, e as fará ainda maiores” (Jo 14,12). Nele se une a mansidão da humildade e a audácia da grandeza espiritual. 

Vivemos num tempo em que a mediocridade e o imediatismo parecem dominar o horizonte humano. Muitos contentam-se com o mínimo, com o que é fácil e rápido. Contra essa tendência, a magnanimidade é uma virtude profundamente atual: ela nos recorda que o ser humano foi criado para a grandeza, não a grandeza do poder, mas a grandeza do bem, da santidade, do serviço. 

magnanimidade nos convida a sonhar alto com Deus, a não temer os empreendimentos exigentes e a cultivar uma esperança ativa e perseverante. Num mundo que frequentemente confunde grandeza com vaidade, essa virtude devolve à alma cristã o verdadeiro sentido da missão: fazer o bem de modo grandioso, generoso, gratuito e confiante. 

Ser magnânimo é, em última análise, acreditar que Deus quer fazer grandes coisas em nós e através de nós. É viver com o coração dilatado, na esperança, na coragem e na confiança de que “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14).  

Em resumo, a magnanimidade, na perspectiva de Santo Tomás, caracteriza a alma nobre que não se contenta com o mínimo, mas busca o máximo da caridade, da justiça e da fé. É o coração que, iluminado pela fortaleza e animado pelos dons do Espírito, vive para algo maior que si mesmo. Em tempos de desânimo e fragmentação, recuperar essa grandeza de alma é um chamado a sermos, com simplicidade e coragem, grandes no amor. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A oração ecumênica de Leão XIV e da Família Real Britânica na Capela Sistina

Oração Ecumênica, 23/10/2025 - Papa Leão XIV (@VATICAN MEDIA)

Um momento histórico foi vivido na manhã desta quinta-feira, 23 de outubro, no Vaticano. Os monarcas ingleses, em visita de Estado, participaram da celebração no Vaticano para louvar a Deus criador. Antes da oração, os membros da Família Real conversaram com o Pontífice e, em seguida, na Sala Regia, trocaram dois exemplares de orquídeas para expressar um compromisso comum com o cuidado da criação.

https://youtu.be/I6ZfF9kiH70

Benedetta Capelli – Vatican News

Os afrescos de Michelangelo, as cores intensas e a maravilha do Juízo Final com os dois dedos – o de Deus e o do homem – que quase se tocam. Uma imagem que representa bem o que acontece na Capela Sistina com a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra, membro da comunhão anglicana, que juntas rezam e louvam ao Senhor. Duas realidades expressas pela presença do Papa Leão XIV e do Rei Charles, próximos no diálogo e no caminho rumo à unidade. Um momento histórico para as duas Igrejas que não acontecia há 500 anos.

Os monarcas chegaram ao Vaticano às 10h50, do horário local italiano, e foram recebidos no Pátio São Damaso, conforme o protocolo para as visitas de Estado. Após a execução do hino inglês God Save the King pela banda musical do Corpo da Gendarmeria, com as guardas suíças em formação, o rei Charles III e a rainha Camilla, vestida de preto com véu, entraram no Palácio Apostólico. Primeiro a audiência privada do Papa com os monarcas e, posteriormente, alguns encontros paralelos: a rainha Camilla visitou a Capela Paulina, enquanto o rei Charles encontrou o cardeal Pietro Parolin na Secretaria de Estado.

A chegada de Rei Charles no Vaticano no Vaticano   (@VATICAN MEDIA)

O compromisso comum pela criação

A oração ecumênica desta quinta-feira, 23 de outubro, em latim e inglês, começou às 12h20 do horário local italiano. É o selo das boas relações entre as partes, mas também a realização do desejo do monarca inglês, governador supremo da Igreja da Inglaterra, que pretendia dar à visita de Estado uma forte dimensão espiritual, especialmente durante o Jubileu da Esperança.

A visita, inicialmente programada para abril, mas cancelada devido à morte do Papa Francisco, pretendia também destacar o compromisso comum com a criação, partilhado pelo rei Charles e pelo Papa argentino, dez anos após a publicação da Laudato si'. Um tema que o Papa Leão XIV quis continuar e relançar.

Santo Ambrósio e São Newman

A natureza ecumênica da celebração se reflete imediatamente no hino que introduz a oração. O texto é de Santo Ambrósio de Milão, doutor da Igreja, cantado em uma tradução inglesa de São John Henry Newman, anglicano durante metade de sua vida e católico durante a outra metade. O teólogo inglês, que viveu no século XIX, será proclamado doutor da Igreja no próximo dia 1º de novembro pelo Papa. A canonização, em 13 de outubro de 2019, na Praça São Pedro, contou com a participação do próprio rei Charles.

O Papa Leão está ao lado do bispo mais antigo da Igreja da Inglaterra, o arcebispo de York Stephen Cottrell. Acompanhando os monarcas estava a moderadora da Assembleia Geral deste ano, a reverenda Rosemary Frew; o arcebispo de Westminster e presidente da Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e País de Gales, o cardeal Vincent Nichols; e o arcebispo de St. Andrews e Edimburgo, Leo Cushley, representando o episcopado escocês.

Papa Leão XIV e Rei Charles III ((@VATICAN MEDIA))

Os coros e a liturgia

Outro sinal de comunhão é a presença das crianças do coro da Capela Real do Palácio de St. James, em Londres, e do coro da Capela de St. George do Castelo de Windsor, formado por adultos, convidados por Charles e Camilla, e do coro da Capela Musical Pontifícia Sistina. A celebração continua com o Salmo 8 e depois o Salmo 64, terminando com a leitura em inglês da Carta aos Romanos, que tem como tema fundamental a esperança. O fio condutor dos cânticos e da liturgia escolhida é o louvor à grandeza de Deus Criador.

Antes do encerramento da oração, foi executado o hino If ye love me, de Thomas Tallis, publicado em 1565, retirado de João 14, versículo 15, que diz: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará um outro Paráclito, para que permaneça sempre convosco”. Tallis foi cavalheiro da Capela Real, músico e compositor real por mais de 40 anos e compôs música tanto para a liturgia romana quanto para o Livro da Oração Comum inglês. O Papa e o arcebispo Cottrell rezam juntos uma oração a Deus Criador: “a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, estejam conosco para sempre”. 

No final, Leão XIV e o rei Charles saem juntos da Capela Sistina, caminhando como se continuassem a caminhar pela estrada do diálogo inter-religioso, apesar das diferenças. 

Sustentabilidade ambiental

Passando para a Sala Regia, o Papa e o Rei Charles participam de um encontro sobre sustentabilidade ambiental, apresentado pela Irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Simbólico é o intercâmbio de dois exemplares idênticos de Cymbidium, da família das orquídeas, entre o Pontífice e o monarca. Essa troca expressa um compromisso comum com a proteção do meio ambiente e o cuidado da criação de Deus. Essa planta, em particular, é conhecida por sua força e resistência, e por sua capacidade de se adaptar e prosperar mesmo em condições difíceis. Um símbolo de esperança e determinação que expressa a responsabilidade comum de construir um futuro mais sustentável em harmonia com a casa comum. 

À tarde, a Família Real Britânica estará na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, que, juntamente com a Abadia Beneditina anexa, tem uma forte ligação com a Coroa da Inglaterra. Devido aos laços históricos e aos progressos alcançados no caminho da reconciliação entre a Igreja de Roma e a Igreja da Inglaterra, o arcipreste da Basílica, cardeal James Michael Harvey, e o abade da comunidade monástica, dom Donato Ogliari, com a aprovação do Papa Leão XIV, conferirão o título de Royal Confrater de São Paulo a Sua Majestade, o Rei Charles III. Para a ocasião, foi criada uma cadeira com o brasão do Rei Charles e a frase latina Ut unum sint – “Que sejam um”, citação do capítulo 17 do Evangelho de São João. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Ansiedade no mundo atual: o papel da fé e da psicologia na cura da ansiedade

fizkes | Shutterstock

Talita Rodrigues - publicado em 21/10/25

Ela se manifesta de muitas formas: em pensamentos repetitivos, no coração acelerado, na falta de ar, na dificuldade de dormir ou simplesmente na sensação de que algo ruim está prestes a acontecer — mesmo sem motivo aparente.

Vivemos tempos acelerados, onde a mente parece correr mais rápido do que o corpo pode acompanhar. A rotina intensa, a cobrança constante por produtividade, o excesso de informações e as incertezas do futuro têm feito da ansiedade um dos maiores males da atualidade.

A ansiedade, em sua essência, é uma reação natural diante da vida. Todos nós, em algum momento, sentimos medo, preocupação ou apreensão. O problema é quando ela deixa de ser passageira e passa a dominar os dias, minando a paz interior e afastando-nos da presença no momento presente. Nesse ponto, é preciso olhar com amor, cuidado e consciência para o que está acontecendo dentro de nós.

A psicologia tem um papel essencial nesse processo. Ela nos convida a compreender as causas do nosso sofrimento, a identificar os pensamentos que alimentam a ansiedade e a construir novas formas de lidar com o medo. O trabalho terapêutico não busca eliminar a ansiedade — porque ela faz parte da condição humana —, mas sim transformar a relação que temos com ela. Quando compreendemos nossas emoções, aprendemos a acolhê-las em vez de lutar contra elas.

Por outro lado, a fé nos oferece algo que a razão, por si só, não alcança: o sentido. Quando a alma está cansada e o controle nos escapa, a fé nos recorda que não estamos sozinhos. Ela é a voz que sussurra em meio ao caos: “Confia.” É o abraço invisível que conforta quando tudo parece incerto. É o chão firme quando o mundo desaba dentro de nós.

A psicologia cura pela consciência; a fé, pela esperança. Juntas, elas constroem uma ponte entre a mente e o espírito. A terapia nos ensina a olhar para dentro, enquanto a fé nos convida a olhar para o alto. Uma nos ajuda a reorganizar o que está em desordem; a outra, a encontrar propósito mesmo nas dores.

Curar a ansiedade, portanto, não é apagar o medo — é aprender a caminhar com ele. É silenciar o ruído do mundo para escutar a própria alma. É compreender que a paz não está na ausência de problemas, mas na presença de confiança.

Se você sente que a ansiedade tem tomado espaço demais, procure ajuda. Falar sobre o que dói, aprender a respirar e reencontrar-se com o que te dá sentido são passos de coragem. E, acima de tudo, confie: existe vida leve depois da tempestade. A fé e a psicologia, unidas, são caminhos diferentes que levam ao mesmo destino — a serenidade do coração.

“Tudo pode ser tirado de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas — escolher a própria atitude em qualquer circunstância, escolher o seu próprio caminho.”

— Viktor Frankl

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Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/21/ansiedade-no-mundo-atual-o-papel-da-fe-e-da-psicologia-na-cura-da-ansiedade/

Super-herói santo: Marvel Comics contou a história de são João Paulo II

Quadrinho retratando são João Paulo II. | Marvel

Por Jonah McKeown*

22 de out de 2025 às 07:00

O papa são João Paulo II, que governou a Igreja de 1978 até sua morte em 2005, é uma das figuras mais importantes do século XX.

Nascido há mais de 100 anos, em 18 de maio de 1920, em Wadowice, Polônia, Karol Wojtyla, o futuro papa, suportou a perda da maior parte de sua família, estudou clandestinamente para o sacerdócio enquanto seu país estava sob o domínio nazista e ascendeu na hierarquia da Igreja, nunca deixando de encorajar seus compatriotas poloneses a manter a fé enquanto resistiam à opressão comunista.

Ele participou do concílio Vaticano II e, depois de ser eleito papa, tornou-se o papa que mais viajou e provavelmente a pessoa mais vista na história do mundo. Ele era um acadêmico de prestígio, mas também um homem de simplicidade e humildade.

O papa sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1981, creditou sua sobrevivência à intercessão de Nossa Senhora e perdoou o homem que o atacou

“Ele é o exemplo do fato de que uma vida inteiramente dedicada a Jesus Cristo e ao Evangelho é a vida humana mais emocionante possível”, disse o escritor americano George Weigel, biógrafo de são João Paulo II, à CNA, agência em inglês da EWTN News.

“Esse homem viveu uma vida de drama tão extraordinária que nenhum roteirista de Hollywood ousaria inventar tal enredo. Seria simplesmente considerado absurdo.”

Sua história de vida envolvente foi contada e recontada muitas vezes, inclusive no cinema. Mas você sabia que a história de vida de João Paulo II já foi tema de uma história em quadrinhos da Marvel?

Impressa em cores e apresentando visuais dramáticos e elegantes, a história em quadrinhos de 1982 narra a vida do papa, desde sua infância na Polônia até o atentado contra sua vida.

A Marvel, que a Disney comprou em uma aquisição multibilionária em 2009, é uma das maiores empresas de entretenimento do mundo, com personagens como o Homem de Ferro, o Homem-Aranha e o Capitão América.

Então, o que convenceu os executivos da Marvel a autorizar uma história em quadrinhos sobre o então recém-eleito papa?

'O Homem da Marvel no Japão'

Tudo começou com Gene Pelc — um nova-iorquino e representante da Marvel que vive no Japão.

Pelc — cuja mulher é japonesa — mudou-se para o Japão na década de 1970 para relatar à Marvel como a empresa de quadrinhos poderia adaptar seus produtos para o público japonês.

Pelc foi encarregado de licenciar o Homem-Aranha para ser exibido na televisão japonesa e obteve grande sucesso no que fez, ganhando o apelido de "Homem da Marvel no Japão".

Pelc disse à CNA que ele e sua família iam — e ainda vão — à missa no Franciscan Chapel Center, uma comunidade de padres de língua inglesa em Tóquio.

O Japão era então — e continua sendo hoje — um país pouco cristão, com os católicos representando menos da metade de 1% da população.

Um dia, o padre Campion Lally abordou Pelc no Franciscan Chapel Center com uma proposta incomum. O 800º aniversário do nascimento de são Francisco estava chegando em 1982, disse Lally — e se, para comemorar, a Marvel produzisse uma história em quadrinhos sobre a vida de são Francisco?

Pelc gostou da ideia e se perguntou se ela se tornaria popular entre os católicos nos EUA. Lally quis firmemente, no entanto, que o quadrinho fosse comercializado para não católicos também.

“A verdadeira razão pela qual quero que isso seja feito é para atingir um público que a Igreja normalmente não alcança”, disse o padre Lally, segundo Pelc.

“ 'Quero tirar São Francisco do bebedouro de pássaros' foi o comentário exato”, disse Pelc.

Pelc ligou para Stan Lee — um lendário editor de quadrinhos da Marvel — que aparentemente gostou da ideia. Mas quando Pelc apresentou a ideia aos chefes da Marvel, eles não foram tão favoráveis ​​a ela no começo.

“Todos eles disseram: Gene, você está no Japão há muito tempo. Ninguém quer ouvir sobre isso. Eles querem ouvir sobre super-heróis”, diz Pelc sobre o que os executivos disseram a ele.

No entanto, Pelc conseguiu apelar à sensibilidade financeira dos executivos para ajudar em seu caso — a Paulist Press, editora católica sediada nos EUA, expressou interesse em comprar cerca de 250 mil cópias da história em quadrinhos depois de seu lançamento.

Nem é preciso dizer que a perspectiva de um mínimo de 250 mil cópias vendidas — quando se esperava que uma história em quadrinhos popular na época vendesse cerca de 150 mil cópias — foi o suficiente para convencer os executivos a aprovar o projeto.

O padre franciscano Roy Gasnick, diretor de comunicações baseado em Nova York, ajudou uma escritora da Marvel, Mary Jo Duffy, a escrever a história da vida de São Francisco para os quadrinhos. O padre Gasnick era, segundo relatos, um grande fã de quadrinhos.

Então os artistas da Marvel fizeram sua mágica e produziram a história em quadrinhos intitulada “Francis: Brother of the Universe” (Francisco: Irmão do Universo), que chegou às lojas em 1980.

Ajudado pela grande encomenda da Paulist Press, a história foi um sucesso, tanto de crítica quanto de público.

Um novo projeto

“O próximo passo era bastante óbvio para mim, sendo católico e polonês”, disse Pelc.

“O papa João Paulo II era extremamente popular no mundo na época; ele estava viajando muito mais do que os antigos papas faziam anteriormente. E ele estava realmente vindo para o Japão”.

São João Paulo II foi o primeiro papa a visitar o país. O papa chegou ao Japão em fevereiro de 1981 para uma recepção pequena, mas entusiasmada.

A visita do papa deu entusiasmo a Pelc, que ainda estava no auge do sucesso da história em quadrinhos de são Francisco. Ele começou a analisar a possibilidade de produzir outra história em quadrinhos com tema religioso para a Marvel.

Um amigo de Pelc o apresentou ao padre Mieczyslaw Malinski, que era amigo do papa na Polônia na Segunda Guerra Mundial. Malinski aparentemente consultou o próprio papa sobre o que ele pensava sobre a ideia de transformar sua história em uma história em quadrinhos.

Segundo Pelc, são João Paulo II apoiou a ideia, desde que o próprio Malinski trabalhasse com a equipe de quadrinhos no projeto.

Então, a equipe da Marvel estava pronta para correr mais uma vez. O primeiro passo? Pesquisa. Muita pesquisa.

A maior parte das informações veio de Malinski, mas a história ainda teve que ser adaptada para caber nos quadros e nos balões de fala.

Essa tarefa coube a Steven Grant, um jovem artista freelancer de histórias em quadrinhos que na época morava em Nova York e trabalhava para a Marvel. Ele ouviu falar que a Marvel produziu uma segunda história em quadrinhos com tema religioso, mas não pensou muito nisso — ele presumiu que Mary Jo Duffy também seria encarregada de escrever essa história em quadrinhos.

Em vez disso, o editor-chefe da Marvel chamou Grant em seu escritório e pediu que ele assumisse a tarefa de escrever a história em quadrinhos de João Paulo II.

“Eu me envolvi porque eu era dispensável na época”, disse Grant à CNA.

“Eu não era um dos artistas que eles particularmente queriam escrevendo o Quarteto Fantástico naquele mês”, disse Grant com uma risada. “E eles sabiam que eu era católico — essa era minha grande credencial.”

Para Grant, trabalhar em uma história em quadrinhos sobre João Paulo II — que a equipe sempre chamou de "o livro do papa" — foi algo comum, no sentido de que o processo de escrita não foi muito diferente de outras histórias em quadrinhos, e extraordinário, já que o assunto não era apenas sobre uma pessoa viva, mas também sobre o líder de uma religião mundial com 1 bilhão de fiéis.

“Ninguém estava preocupado em ofendê-lo, mas havia muito espaço para ofender muitas pessoas se fizéssemos um trabalho ruim”, disse Grant.

Solavancos na estrada

O projeto enfrentou dois grandes obstáculos no ano anterior ao seu lançamento. O primeiro deles foi a tentativa de assassinato de John Paul em maio de 1981, enquanto a história estava sendo produzida.

Em vez de abandonar o projeto, a equipe da Marvel escreveu os eventos da tentativa de assassinato no próprio livro.

Além disso, a comunicação com Malinski seria mais difícil do que a equipe da Marvel esperava.

Em 13 de dezembro de 1981, o general Wojciech Jaruzelski apareceu em aparelhos de televisão por toda a Polônia. Em uma mensagem de vídeo repetida várias vezes, o general declarou lei marcial no país e ordenou que as tropas reprimissem o movimento Solidariedade, um sindicato guiado por princípios católicos que se opunha ao comunismo.

Muitos trabalhadores em greve do Solidariedade morreriam nos próximos dias quando tropas polonesas atiraram contra grupos deles.

Depois da visita de João Paulo II à Polônia, sua terra natal em 1979, levaria mais uma década até que o Partido da Solidariedade na Polônia, com o incentivo do papa, finalmente obtivesse a maioria no parlamento do país e, em grande parte pacificamente, o país se livrasse das amarras do comunismo.

Para piorar a situação, a turbulência na Polônia estava acontecendo em meio ao cronograma de produção da história em quadrinhos, e a equipe da Marvel precisava das ideias de Malinski para escrevê-la.

Os comunistas restringiram muitas das comunicações que entravam e saíam da Polônia nesse período. Pelc disse se lembrar de receber comunicações contrabandeadas de Malinski, que ele levou para seu pai em Nova York para que traduzisse do polonês para o inglês.

Além das contribuições de Malinski, Grant disse que ele se dedicou e leu o máximo que pôde sobre a vida do papa.

“Foi um pouco antes da internet”, disse Grant, rindo.

“Achei que qualquer coisa que eu encontrasse com três ou quatro referências provavelmente seria precisa.”

Sua pesquisa total durou cerca de dois meses, disse Grant, mas o processo de escrita em si durou apenas algumas semanas, estimulado pelos cronogramas apertados de produção da Marvel.

Legado

Finalmente, em 1982, o gibi chegou às prateleiras. Graças em grande parte às agências católicas que compraram a edição, algo em torno de 1 milhão de cópias foram distribuídas pelo mundo.

Para um jovem artista de histórias em quadrinhos, foi uma grande dádiva. Grant disse que conseguiu pagar seus empréstimos estudantis quando recebeu os royalties do quadrinho no ano seguinte.

Então, o próprio papa teve a chance de se ver como um herói da Marvel?

Segundo Pelc, isso aconteceu. Um executivo da Marvel voou para Roma e presenteou o papa com uma edição encadernada em couro.

O sucesso das duas primeiras histórias em quadrinhos com temática religiosa levou a uma terceira, dessa vez sobre uma futura santa — e amiga de são João Paulo II — madre Teresa de Calcutá.

Embora Pelc não tenha conseguido ajudar com esse projeto, essa história em quadrinhos foi bem-sucedida, embora tenha sido o último dos principais quadrinhos com temática religiosa que a Marvel produziu. Essa história em quadrinhos ganhou um prêmio da Catholic Press Association em 1984.

Nas quatro décadas desde o lançamento da história em quadrinhos de João Paulo II, vários membros da equipe que trabalhou nela, incluindo o artista que criou os desenhos, morreram.

Pelc e Grant seguiram caminhos separados. Quando a CNA entrou em contato com ele em 2020, Grant ainda escrevia histórias em quadrinhos como freelancer e disse que ainda escrevia para a Marvel “de vez em quando”.

Embora o "livro do papa" continue sendo apenas um em meio às centenas de projetos nos quais Grant trabalhou ao longo dos anos, ele disse se lembrar de entrar em sua lavanderia local em Nova York alguns meses depois do lançamento da história em quadrinhos e ficar surpreso ao ver a capa do quadrinho emoldurada e pendurada em uma parede.

Embora Grant nunca tenha contado aos donos da lavanderia — claramente católicos devotos — que ele era o autor do quadrinho, ele disse que sentia orgulho por eles o valorizarem tanto.

Pelc, em 2020, ainda mora no Japão e é dono de uma empresa que vende produtos para artistas musicais. Ele disse ainda responder até hoje — principalmente a paroquianos no Franciscan Chapel Center — sobre as histórias em quadrinhos religiosas da Marvel.

Pelc disse acreditar ser improvável que uma empresa como a Marvel produzisse algo assim novamente, mas que estava feliz que, por meio do "livro do papa", ele, Grant e toda a equipe conseguiram contar uma boa história em um mundo inundado de histórias ruins.

“Aquele homem merecia ser conhecido por mais do que apenas pessoas que vão à igreja. Ele era um papa comum, e eu, sendo polonês, o amava”, disse Pelc.

*Jonah McKeown é jornalista e produtor de podcasts de Catholic News Agency. Tem um mestrado na Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri e trabalhou como escritor, produtor radial e camarógrafo.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59725/super-heroi-santo-marvel-comics-contou-a-historia-de-sao-joao-paulo-ii

Relatório da ACN revela: graves violações da liberdade religiosa em 62 países

Relatório ACN (Vatican News)

Foi apresentado em Roma o relatório de 2025 da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. Segundo os dados, mais de 5,4 bilhões de pessoas vivem em nações onde o direito de expressar livremente a própria fé é sistematicamente negado. O autoritarismo dos governos é uma ameaça global.

Federico Piana - Cidade do Vaticano

O número é perturbador: “dois terços da humanidade vive em países onde a liberdade religiosa não é plenamente garantida”. Se colocássemos em fila um por um dos homens, das mulheres e das crianças que são impedidos de rezar, externar a própria crença publicamente, ou que são até massacrados por causa de sua fé, teríamos diante de nós um exército infindável: mais de 5,4 bilhões de pessoas a quem é negado não um privilégio, mas um direito. 

Relatório extenso

E a Fundação pontifícia internacional Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, sigla em inglês) reitera esse fato em cada página, em cada dado, em cada análise do novo relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, apresentado nessa terça-feira, 21/10, no auditório do pontifício Instituto Patrístico Agostiniano de Roma. São 1.200 páginas - nunca assim tão numerosas desde que, há 25 anos, foi publicado pela primeira vez este estudo bienal. A extensão do documento demostra claramente como as coisas não estão indo bem. De fato, em um quarto de século, elas até mesmo pioraram. 

A intervenção do cardeal secretário de Estado no Pontifício Instituto Patrístico Augustinianum para a apresentação do Relatório 2025 sobre a liberdade religiosa no mundo publicado ...

Não apagar os holofotes

Isso foi confirmado pelos próprios palestrantes que, ao apresentarem o relatório, pediram que não fossem apagados os holofotes sobre um fenômeno sempre mais perigoso e talvez fora do controle. 

Sandra Sarti, presidente da ACS Itália, Regina Lynch, presidente da ACN Internacional, e Alfredo Matovano, subsecretário da Presidência do Conselho de Ministros Italiano, moderados por Alessandro Gisotti, vice-diretor da mídia do Vaticano, expressaram a convicção compartilhada de que toda a comunidade internacional não pode mais evitar uma intervenção imediata. Sem desviar o olhar.

Atitude também encorajada pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, que em seu discurso de abertura alertou que é "dever dos governos e das comunidades abster-se de forçar alguém a violar suas convicções profundas ou de impedir que alguém as viva autenticamente".

Poucos progressos

Mas ao ler o Relatório — apresentado pela diretora editorial do documento, Marta Petrosillo — entende-se como tudo isso é sistematicamente desconsiderado. Antes de tudo, porque a pesquisa minuciosa, que analisou 196 nações no período de janeiro de 2023 a dezembro de 2024, “documenta graves violações em 62 do total. Desse, 24 são classificados como países de ‘perseguição’ e 38 como países de ‘discriminação’”. 

Só duas nações – Cazaquistão e Sri Lanka – registraram melhorias em relação às edições anteriores do estudo. Na maioria dessas nações, a causa da repressão religiosa é resultado do autoritarismo: “Os governos recorrem a tecnologias de vigilância de massa, censura digital, legislações injustas e prendem arbitrariamente para atingir as comunidades religiosas independentes. O controle da fé se transformou em um instrumento de poder político”.  

Nacionalismo religioso

A África e a Ásia também sofrem com o aumento do jihadismo e do nacionalismo religioso. Segundo o relatório, “em 15 países dos dois continentes, essas são causas principais da perseguição e, em outros 10, contribuem para a discriminação”. O epicentro da violência jihadista parece estar em toda a área de Sahel, onde centenas de milhares de pessoas encontram a morte e onde comunidades e cidades inteiras são deslocadas. 

“O nacionalismo étnico-religioso - acrescenta o relatório - alimenta, paralelamente, a repressão de minorias em algumas áreas da Ásia. Estamos diante, em alguns casos, de uma ‘perseguição híbrida’, uma combinação de leis discriminatórias e violência perpetrada por civis, mas encorajada pela retórica política”. 

A causa das guerras

Os conflitos que estão ensanguentando o mundo, como aqueles na Ucrânia, no Mianmar e em Gaza, deram um impulso sem precedentes à violação da liberdade religiosa. “As guerras geraram um crise silenciosa de deslocamento. No Sahel, por exemplo, aldeias inteiras foram destruídas por milícias islâmicas.  Em tudo isso, também se insere o crime organizado que emergiu como um novo agente de perseguição: grupos armados matam ou sequestram líderes religiosos e extorquem dinheiro das paróquias para exercitar o controle territorial”. 

Europa e América do Norte também atacadas

Também na Europa e na América do Norte a liberdade religiosa é severa e constantemente atacada. Para se ter uma ideia sobre isso, basta observar os dados: “Em 2023, a França registrou quase mil ataques a igrejas. Na Grécia, foram verificados outros 600 atos de vandalismo. Números semelhantes foram registrados também na Espanha, na Itália e nos Estados Unidos”. 

Ajuda à Igreja que Sofre, pela primeira vez, lançou uma petição global, afirmaram os organizadores, para que “os governos e as organizações internacionais garantam a proteção efetiva do artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reconhece, a todas as pessoas, o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião”. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

HISTÓRIA AMERICANA: Memória de uma época (Parte 2/2)

Dallas, uma imagem do momento em que John Kennedy, viajando no carro aberto, foi morto a tiros | 30Giorni

HISTÓRIA AMERICANA

Arquivo 30Dias 12 - 2000

Memória de uma época

Neste artigo, o renomado editorialista do La Stampa retorna aos dias da morte do presidente John F. Kennedy. Ele relata alguns detalhes pouco conhecidos, como uma carta de condolências que tocou profundamente seu irmão Robert: era de um padre que citou uma passagem de São Paulo.

por Igor Man

Em 1963, os Estados Unidos estavam em plena prosperidade, vivenciando um baby boom, Kennedy e o Papa João XXIII lutavam pela détente, e o camponês irado Khrushchev respeitava o presidente de Boston. (Na Itália, a grande ilusão da centro-esquerda florescia lentamente.) Munido de um grupo excepcional de especialistas , JFK imaginou um "capitalismo esclarecido", compreendeu a terrível imprevisibilidade do subdesenvolvimento e defendeu o direito dos negros à autodeterminação. Naquela época distante, eu era, eu me sentia, um "kennediano", como uma vasta legião de jovens que emergiram da Resistência, famintos acima de tudo por liberdade, determinados a trabalhar duro, cada um à sua maneira e em sua própria área, por aquela "aliança para o progresso" profetizada por JFK. Portanto, foi realmente cruel para mim, ao chegar a Dallas (minha primeira missão como correspondente do La Stampa ), descobrir como apenas um pequeno grupo de pessoas lamentava a juventude perdida de Lancelot. 

O reverendo metodista William A. Holmes me contou que assistiu consternado enquanto jovens e crianças jogavam seus bonés para o alto e gritavam "viva!" ao saber da morte de JFK. Revisando minha memória, folheando meu caderno daquela época, posso escrever que houve, no entanto, aqueles que lamentaram Lancelot. Onde Kennedy foi morto, termina a Main Street e começa a Stemmons Freeway; de cada lado da estrada, que desce, abrem-se dois grandes prados. Na grama verde, a compaixão de alguns improvisou um modesto santuário. Aqui está um homem negro, alto e corpulento, com duas crianças, uma em cada mão. Ele usa um uniforme de motorista de ônibus; as crianças estão vestidas de branco, como na mais cativante iconografia sulista. Os três posam contra o fundo de uma cruz de flores vermelhas. "Eu queria trazer as crianças aqui para me fotografarem com elas, para que, quando adultas, possam se lembrar melhor de um dos crimes mais horríveis da história, que privou o mundo de um homem grande, livre e generoso", diz o homem negro. Ao lado de uma coroa de flores amarelas, há uma pequena pilha de cartas. Uma delas diz: "Os Estados Unidos perderam seu presidente; eu perdi um irmão." Assinatura: John L. Block.

No Dia de Ação de Graças, alguém tocou a campainha do Sr. Block em Oak Cliff, o bairro onde Lee Harvey Oswald morava. O Sr. Block atendeu a porta e dois homens o atacaram: traumatismo craniano, mandíbula fraturada e sete costelas estilhaçadas. Em Fort Worth, o agente R.M. Barnes se revezava com o sargento J.W. Stout para guardar o túmulo que cobre os restos mortais de Oswald. O sargento me disse que US$ 11.000 já haviam sido arrecadados para erguer "um belo túmulo" para Oswald. Como ele explica isso? "Este é um país livre", respondeu. Seria realmente livre se privasse Oswald de representação legal? " Merda ."

Com alguns dólares dados à pessoa certa, consegui entrevistar a mãe de Oswald em Fort Worth. Ela morava em um duplex decadente no número 2220 da Thomas Place. Quatro agentes do Serviço Secreto compareceram à entrevista, tomando notas, esparramados na cama da Sra. Marguerite. A mãe de Oswald é uma mulher espirituosa, com cabelos mal descoloridos e maquiagem excessiva. Ela fala com maestria, com um toque desarmante de esnobismo. "Tentei dar ao meu Lee uma educação adequada à nossa condição social ( classe alta , diz ela). Somos uma distinta família luterana, e mesmo nos momentos mais difíceis defendemos nossa dignidade. [...]

Acredito no estilo de vida americano , por isso digo que é uma vergonha declarar, como faz o chefe de polícia, que o assassino do presidente é meu filho. Somente um debate público poderia ter esclarecido a posição de Lee. Bem, eles o mataram, ele nunca pôde ser julgado, sua culpa não foi provada. Na prisão, poucas horas antes de matá-lo diante do mundo inteiro, ele me disse: 'Mãe, eu sou inocente'. Tenho o dever de acreditar nele: como mãe, mas acima de tudo como cidadã americana." Trinta e sete anos se passaram e os jornais americanos escrevem que o caso, para milhões e milhões de pessoas, permanece em aberto. Certamente, o assassinato de Lee H. Oswald foi um belo presente de Natal para Hoover, o chefe do FBI. Por outro lado, o próprio Robert F. Kennedy pôs fim, uma a uma, às mil perguntas que cercavam o assassinato de JFK: "Seja como for, Jack nunca mais voltará."

Graças ao meu irmão Mirco, jornalista em Nova York, tive a oportunidade de falar em particular com Robert F. Kennedy. Ele me contou que, entre as inúmeras mensagens de condolências que recebera, ficou impressionado com uma passagem da carta de São Paulo a Timóteo, transcrita por um padre de Minneapolis: "Combati o bom combate. Terminei a minha carreira. Guardei a fé. Chegou a hora de zarpar." Era 15 de novembro de 1967. Menos de um ano depois, em 6 de junho de 1968, também o mataram, Bob. Dois meses antes, Martin Luther King Jr. havia sido morto.

Trinta e sete anos se passaram desde a obscura morte de Lancelot. Toneladas de lixo foram despejadas sobre ele, mas, se nos contarmos, descobriremos muitos, muitos, em todo o mundo, que ainda são "kennedianos". Pateticamente? Talvez. "Nós nos salvaremos porque temos medo", escreveu um velho poeta sulista.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Somos todos missionários

Mês missionário (paroquiasaojoaobatistajb)

SOMOS TODOS MISSIONÁRIOS

21/10/2025

Dom Carlos José

Bispo de Apucarana (PR)

EIS-ME AQUI, ENVIA-ME! (Is 6,8)

“Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.” (Jo 20,21).

Somos todos enviados à missão. Ser missionário é ser sal e luz onde Deus nos colocar: em família, na vizinhança, no trabalho, no meio de transporte que usamos, no lazer, no portão da escola, na fila do supermercado, ou seja, em todos os lugares que frequentamos. Ser missionário é falar de Cristo, porém, mais que isso, é ser de Cristo, ser autêntico cristão em todo lugar.

Cristo é o centro da missão para todo o sempre e Ele próprio nos ensinou com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição a sermos luz onde estivermos. O Sacramento do Batismo nos confere a dignidade de filhos de Deus e nos permite sermos missionários/anunciadores do Amor do Pai.

Verdadeiramente, é o nosso sim que permite a ação do Espírito Santo que nos usa como instrumentos para que a missão aconteça. Assim como o Sim de Maria foi necessário para que o plano de Deus se cumprisse, também o nosso consentimento é esperado por Deus. Dizemos sim a tantas coisas inúteis e, infelizmente, nos envergonhamos de evangelizar, por medo de sermos ridicularizados ou de nos expormos diante dos outros.  

Se compreendêssemos o quanto essa missão é bela e o tanto de confiança que Deus deposita em cada um de nós, certamente deixaríamos preconceitos adquiridos e escrúpulos vários de lado e já estaríamos na missão evangelizadora há muito tempo. Basta olharmos ao nosso entorno para percebermos que a humanidade esta tecnologicamente integrada em um nível de extrema rapidez, porém, está integração não gera unidade nem a paz que seria desejada. Ao contrário, o índice de solidão, abandono e isolamento social está desencadeando uma crise preocupante e perigosa.

Sobram mensagens virtuais e faltam abraços. São muitas as novidades passageiras e esquecidas e a mensagem verdadeira, que jamais passará, que é Cristo, Caminho, Verdade e Vida, já não é mais anunciada como deveria. Todo leigo, não importa a idade, é chamado a exercer, com firmeza e ardor, com coragem e alegria, o seu ministério de discípulo/missionário.

Portanto, o leigo é missionário por sua natureza divina! ‘Cristo, exerce seu múnus profético não somente por meio da hierarquia, mas também por meio dos leigos, fazendo deles testemunhas e provendo-os do senso da fé e da graça da Palavra’ (Doc. Lumen Gentium). É de Cristo que nos vem a força para sermos missionários! É Cristo que nos sustenta com sua Palavra, sua presença Eucarística, com seu Espírito Santo; Ele mesmo prometeu não nos deixar sozinhos! Sendo assim, os leigos exercem a missão profética também pela evangelização, ou seja, pelo testemunho de vida e pela Palavra.

Neste Ano Jubilar, espalhemos as sementes da esperança em tantos corações que se encontram frios e distantes do verdadeiro Amor, para que brotem mais abraços, sorrisos e encontros pessoais e calorosos, que gerem um verdadeiro retorno a Jesus e sua Misericórdia! Que a Senhora de Lourdes, Mãe da Esperança, nos auxilie a sermos missionários do amor de Cristo!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: Jesus Ressuscitado cura a tristeza que paralisa o coração

Audiência Geral, 22/10/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (22/10), o Pontífice refletiu sobre os discípulos de Emaús e recordou que Cristo caminha conosco, iluminando os caminhos sombrios do coração. “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspectiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva”, afirmou Leão XIV.

https://youtu.be/3c08gMSIKQ8

Thulio Fonseca - Vatican News

“A ressurreição de Jesus Cristo é um acontecimento que nunca deixamos de contemplar e meditar, e quanto mais nos aprofundamos nele, mais nos enchemos de admiração, atraídos como que por uma luz insuportável e ao mesmo fascinante. Foi uma explosão de vida e alegria que mudou o significado de toda a realidade, de negativo para positivo; contudo, não aconteceu de forma dramática, muito menos violenta, mas de forma suave, oculta, quase humilde."

Com estas palavras, o Papa Leão XIV introduziu a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 22 de outubro, realizada na Praça São Pedro, repleta de fiéis e peregrinos de diversas partes do mundo. Ao refletir sobre o mistério pascal, o Pontífice convidou os presentes a contemplar a força transformadora da Ressurreição, capaz de iluminar até mesmo as realidades mais sombrias da vida humana.

A tristeza, doença do nosso tempo

“Hoje refletiremos sobre como a ressurreição de Cristo pode curar uma das doenças do nosso tempo: a tristeza”, afirmou o Papa. Segundo ele, trata-se de um mal “invasivo e generalizado”, que acompanha o cotidiano de muitas pessoas: “É um sentimento de precariedade, por vezes de profundo desespero, que invade o espaço interior e parece prevalecer sobre qualquer onda de alegria”.

O Santo Padre observou que essa tristeza mina o sentido e o vigor da vida, “transformando-a numa viagem sem direção nem propósito”. Para ilustrar essa experiência humana, o Papa recordou o episódio evangélico dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-29), apresentado como um verdadeiro paradigma da tristeza e da desilusão.

O caminho de Emaús e o reencontro com a esperança

Desencantados e desanimados, os dois discípulos deixam Jerusalém, abandonando as esperanças depositadas em Jesus. “A esperança desapareceu, a desolação tomou conta do coração”, descreveu Leão XIV, destacando o paradoxo de uma caminhada triste realizada justamente no dia da vitória da luz, o Domingo da Ressurreição.

No entanto, é nesse caminho de desalento que o próprio Cristo Ressuscitado se aproxima deles. “A tristeza tolda-lhes os olhares”, comentou o Pontífice, “apagando a promessa que o Mestre tantas vezes fizera: que seria morto e, ao terceiro dia, ressuscitaria”. Jesus, com paciência e ternura, escuta os discípulos e, em seguida, os convida a redescobrir nas Escrituras o sentido de sua paixão e glória. Aos poucos, o coração dos dois começa a arder de novo.

Leão XIV saúda os fiéis presentes na Praça São Pedro   (@VATICAN MEDIA)

Ao partir o pão, os discípulos finalmente o reconhecem. “O gesto de partir o pão reabre os olhos do coração”, disse o Papa, “iluminando de novo a visão turva pelo desespero”. A alegria, então, renasce: “A energia volta a fluir, e as suas memórias regressam à gratidão”. Repletos de esperança, os dois retornam apressadamente a Jerusalém para anunciar aos outros: “Realmente o Senhor ressuscitou!”

A vitória da vida é real

“Jesus não ressuscitou em palavras, mas em atos, com o seu corpo que traz as marcas da paixão, o selo eterno do seu amor por nós”, enfatizou o Santo Padre. A vitória da vida, disse ele, “não é uma palavra vazia, mas um fato real e concreto”:

“Que a alegria inesperada dos discípulos de Emaús seja para nós um doce aviso quando a viagem se tornar difícil. É o Ressuscitado que muda radicalmente a nossa perspectiva, infundindo a esperança que preenche o vazio da tristeza.”

Por fim, o Papa Leão XIV exortou: “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspectiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva. Irmãos e irmãs, permaneçamos vigilantes todos os dias no encanto da Páscoa de Jesus ressuscitado. Só Ele torna possível o impossível!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Era uma vez a missão

Casa Inês Penha, cours de tissage de fibre de tukum | Larry Lock | Aleteia

Domitille Farret d'Astiès - publicado em 21/10/25

Que melhor desculpa para descobrir a realidade das missões ao redor do mundo e aprender mais sobre os cerca de quinze milhões de novos batizados a cada ano?

O que significa ser missionário? Com ​​isso em mente, a Aleteia entrevistou Benjamin Pouzin, um dos fundadores do grupo de louvor pop Glorioso para ele, essa é simplesmente a própria essência do que é um cristão. "Um cristão, fundamentalmente, é um missionário", afirma com convicção. Não é necessariamente alguém que pega um avião, mas alguém que atende ao chamado onde quer que esteja, seja estudante ou mãe. "O missionário não precisa viajar 3.000 quilômetros e ir até os confins da Terra, mas deve ser capaz de testemunhar a fé em sua vida cotidiana."

Todos os anos, em outubro, católicos de todo o mundo são convidados a refletir sobre sua identidade missionária e a se unir mais estreitamente aos seus irmãos e irmãs em terras de missão durante o Mês Missionário. Três sugestões: rezar por todos aqueles ao redor do mundo que se dedicam aos mais pobres; compartilhar com os que os cercam a alegria de ser missionários e convidar seus entes queridos a se envolverem, por sua vez; e fazer uma doação para apoiar a vida e a missão das Igrejas locais ao redor do mundo.

Estar em missão “com o estilo de Deus”

Para o Mês Missionário, o falecido Papa Francisco escolheu o tema “Missionários da Esperança entre os Povos”. Em sua mensagem, ele convida cada cristão a arder “de santo zelo por uma nova estação evangelizadora da Igreja, enviada a reavivar a esperança”. Exorta os fiéis a agirem concretamente, prestando “atenção especial aos mais pobres e frágeis, aos doentes, aos idosos, aos excluídos da sociedade materialista e consumista. E a fazê-lo com o estilo de Deus: com proximidade, compaixão e ternura”.

A cada ano, mais 15 milhões de pessoas são batizadas em todo o mundo e cerca de dez novas dioceses são criadas. A Igreja continua a se expandir hoje, com mais de 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo. Mas as necessidades continuam imensas. É por isso que o apoio fornecido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) é vital para muitas Igrejas locais, permitindo-lhes garantir sua subsistência e, ao mesmo tempo, ajudá-las a caminhar para a autossuficiência financeira. A ajuda anual dada às Igrejas mais carentes representa quase 140 milhões de euros por ano, que são distribuídos entre as Igrejas da África, Ásia, América Latina e Oceania. É um instrumento de justiça e fraternidade entre todas as dioceses: as três mil dioceses católicas que existem hoje ajudam um terço delas em suas vidas e em sua missão de evangelização. É também disso que se trata a Igreja.

Ajudando as crianças e mães

Os cerca de 5.000 projetos apoiados pela POM são diversos, tanto em seu estilo quanto em sua localização geográfica. Em Madagascar, por exemplo, enquanto as condições de saúde e sociais levam a uma alta taxa de mortalidade entre mães jovens e seus recém-nascidos, a organização apoia a criação de uma maternidade em Soanindrarin, no coração de uma região rural sem litoral. Mais a leste, na Índia, nas favelas de Calcutá, Padre Bissara e suas equipes apoiam cerca de seiscentas crianças e suas mães por meio de monitoramento contínuo de saúde e nutrição. Por que não ajudá-las fazendo uma doação? Mais longe, em Pukhet (Tailândia), a Centro Bom Pastor inaugurada pela Irmã Lakana, a organização oferece apoio a crianças refugiadas birmanesas que são deixadas nas ruas e, portanto, ameaçadas por todas as formas de abuso. Esta semana missionária não seria uma oportunidade de oferecer a elas apoio concreto?

Agora é o momento de começar: várias dioceses estão organizando dias de oração contínua nesta ocasião e muitas ferramentas são oferecidas gratuitamente no site da OPM para vivenciar esses oito dias, como uma livreto de animação ou um jogo de tabuleiro para as crianças. “O urgente”, conclui Benjamin Pouzin, “é que cada batizado encontre em si a graça de ser missionário onde quer que tenha sido plantado. Todo cristão é chamado a descobrir que pode transmitir algo de Deus. Se eles são uma riqueza para nós, a missão é testemunhá-la aqui e agora. A fé é um fogo que se espalha.” Feliz Semana Missionária!

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/10/21/era-uma-vez-a-missao/

HISTÓRIA AMERICANA: Memória de uma época (Parte 1/2)

Um comício de John Fitzgerald Kennedy, eleito presidente dos Estados Unidos em 1960 | 30iorni

HISTÓRIA AMERICANA

Arquivo 30Dias 12 - 2000

Memória de uma época

Neste artigo, o renomado editorialista do La Stampa retorna aos dias da morte do presidente John F. Kennedy. Ele relata alguns detalhes pouco conhecidos, como uma carta de condolências que tocou profundamente seu irmão Robert: era de um padre que citou uma passagem de São Paulo.

por Igor Man

Os Estados Unidos finalmente têm um presidente. George Bush e Dick Cheney podem não conseguir nos fazer esquecer que venceram por uma margem irrisória de votos populares, mas, nos Estados Unidos, no momento em que o presidente, seja ele quem for, banal ou grandioso, toma posse, naquele exato momento, uma aura de sacralidade o envolve. E ele (um tolo ou um intelectual) é o presidente.

Então, tudo bem. Negócios como sempre? Na verdade, não. A questão é que até os Estados Unidos não são mais os mesmos: a história é um rolo compressor que às vezes aniquila os justos.

Assim acontece que o velho repórter se refugia numa nostalgia fácil, mas importante . Para lembrar, isto é, uma América diferente, mesmo que dividida como está agora; para celebrar a memória de um jovem presidente irrepetível. Assassinado. O presidente da Nova Fronteira, ele: John Fitzgerald Kennedy. Aconteceu há trinta e sete anos, em novembro.

Era 22 de novembro de 1963, uma sexta-feira. A notícia do assassinato de John Fitzgerald Kennedy (JFK) causou um curto-circuito nas pessoas de bem, com três g's .

Em Dallas, naquele dia, um vestígio de "verão indiano" trouxe sol. Uma tempestade inundou a noite, então o clima estava ameno, até mesmo doce. "Foi um grande dia", diria John Connally, o governador do Texas, que viajava no carro de Kennedy e ficou ferido, aos repórteres quatro dias após o assassinato. Ele diria isso de sua cama de hospital, em uma entrevista coletiva: "Foi um grande dia. A multidão já era enorme em Fort Worth: em Dallas, ficamos impressionados com o entusiasmo. Minha esposa, na Elm Street, virou-se para Kennedy e disse: 'Sr. Presidente, o senhor não pode dizer que o povo de Dallas não o ama e o admira'. Kennedy inclinou-se para minha esposa e disse: 'Claro que não, Sra. Connally'."

Alguns momentos depois, o primeiro tiro foi disparado. JFK caiu para a frente, silenciosamente. Quando Connally virou a cabeça para a esquerda, ele também foi atingido: "Meu Deus", gritou, "eles estão matando todos nós aqui." O terceiro tiro foi disparado e o presidente caiu para trás, atingido novamente. "Meu Deus, eles o mataram", gritou Jacqueline Kennedy, instintivamente se jogando no capô do Lincoln conversível azul de seis lugares, como se quisesse pegar o solidéu do marido. Rufus Youngblood, um agente do Serviço Secreto de 29 anos, pulou no carro, empurrou Jacqueline para o chão e, com os braços estendidos, jogou-se sobre ela e o presidente para protegê-los. Ele gritou para o motorista levá-los às pressas para o hospital. Segurando a cabeça mutilada do marido nas mãos, Jacqueline gemeu: "Jack... Jack". No espaço de sete segundos, a grande alegria se transformou em uma terrível tragédia.

No Hospital Parkland, a chegada da limusine presidencial desencadeou o caos. JFK respirava. Mal, mas respirava. A equipe médica liderada pelo Dr. Malcolm Perry, no entanto, registrou um eletroencefalograma plano e ainda assim estragou o procedimento com transfusões, traqueotomia e massagem cardíaca. No corredor da sala de espera, os policiais lutaram para passar pelos fotógrafos e repórteres. Uma enfermeira histérica barrou a passagem de Jacqueline. "Sou a esposa do presidente, preciso entrar", gritou ela. "Ninguém entra aqui, são as regras", gritou a enfermeira por sua vez, e quando Jacqueline tentou empurrá-la, ela lhe deu um soco no estômago. O terno rosa de Jacqueline estava manchado com o sangue do marido. O rímel, dissolvido pelas lágrimas, manchava seu rosto como mulheres no Sudão atingidas por um súbito luto com um pedaço de cortiça defumada. Às 13h (horário local) do dia 22 de novembro, o Dr. Malcolm Perry informa Jacqueline que seu marido, John Fitzgerald Kennedy, presidente da New Frontier, está morto. Menos de uma hora se passou e Lee Harvey Oswald é preso.

Ao revistar o prédio de onde os tiros teriam sido disparados, o Depósito Municipal de Livros, a polícia descobre que um dos funcionários, Oswald, está desaparecido. "Todos os carros: parem um homem branco, por volta dos 30 anos, cabelo castanho, com cerca de 1,70 m". Cuidado: ele pode estar armado." Ele está, e atira e mata o policial J.D. Tippit que o havia parado. Ele dispara um Smith & Wesson .38 quase em frente ao Teatro Texas, onde estão exibindo um filme de guerra. Oswald entra, depois de pagar o ingresso, sentado na quarta fileira, perto da saída de emergência. É no teatro que ele é preso. Pressionado, Oswald nega. Tudo. Mas uma fotografia dele aparece em rápida sucessão, mostrando o jovem de 24 anos ("Ex-fuzileiro naval – atirador de elite – pró-comunista, pró-Castro, que foi para a URSS 'pela fé' e, estranhamente, retornou aos EUA com uma esposa russa") brandindo um rifle Carcano calibre .65 idêntico ao encontrado no sexto andar do Armazém.

Além disso, o FBI revela uma impressão digital deixada por Oswald no rifle; fios de sua camisa encontrados no ferrolho; e um mapa da rota presidencial, marcado com um marcador. Há o suficiente Provas para o chefe de polícia de Dallas, Will Fritz, dizer aos repórteres: "Ele é o assassino. Caso encerrado." (Oswald continua um mistério. Ele pode ter sido o atirador, mas ainda acho que não foi só naquela maldita sexta-feira.) Às 4 da manhã de 23 de novembro, o procurador-geral Robert F. Kennedy prestou suas últimas homenagens ao irmão, o presidente. Os pobres agentes funerários fizeram o possível, mas JFK "parecia um boneco de plástico", então Bob ordenou que o caixão fosse exposto na Sala Leste trancada. "Eles não podem vê-lo assim", disse ele. Bob ficou arrasado. Charles Spalding, um velho amigo, o forçou a tentar dormir algumas horas. Deu-lhe um tranquilizante, e Bob suspirou: "Meu Deus, isso é terrível. E pensar que as coisas pareciam estar indo bem, ele teria conquistado um segundo mandato." Atrás da porta da Sala Lincoln, Spalding ouviu RFK soluçar: "Por quê, meu Deus?" Bob e o próprio JFK temiam a viagem de campanha a Dallas. Na véspera da eleição, panfletos com a fotografia do presidente e as palavras "Procurado por Traição" foram distribuídos no arrogante "Big D". 

O ex-general Edwin Walker, derrotado na eleição para governador, hasteou a bandeira a meio mastro, de cabeça para baixo, "contra o bastardo irlandês papista". Na manhã do crime, no Dallas Morning News Um anúncio de página inteira apareceu, pago pelo Sr. Bernard Weissman, acusando JFK de conluio com Gus Hall, líder do Partido Comunista Americano. Rico, orgulhoso, presunçoso, porém refinado, Dallas derrotou Adlay Stevenson em abril de 1963, interrompendo seu comício. O cérebro por trás de Dallas sempre foi John Wayne, e a Sociedade John Birch, abertamente nazifascista, prosperou no "Big D". 

Em 1961, a Liga da Juventude conseguiu impedir uma exposição de Picasso, um "artista politicamente contaminado". E havia "suspeitas bem fundamentadas" de que a mão comprida de Jimmy Hoffa estava apertando a da máfia local no Carousel, uma boate administrada por Eva Rubenstein e seu irmão Sparky (também conhecido como Jacob Rubenstein). Este era ninguém menos que o Jack Ruby que, sem ser perturbado, mataria Oswald no porão da polícia de Dallas enquanto dois policiais levavam o "assassino oficial" de JFK para a van da prisão do condado. (Aliás, Oswald morreu sem poder falar com seu advogado, apesar de ter implorado por esse direito.)

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF