O grande pensador do século XV Nicolau de Cusa foi o tema da
catequese do Papa Leão na audiência jubilar deste sábado. O Cardeal alemão
ensinou que esperar é “não saber” e que as oposições podem encontrar em Deus a
unidade. A “douta ignorância”, da qual ele falava, representa para a Igreja de
hoje acolher os clamores dos que mais sofrem e que, muitas vezes, colocam em
crise o seu ensinamento. Só assim ela pode se tornar especialista em
humanidade.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
O Papa Leão acolheu milhares de fiéis e peregrinos na Praça
São Pedro para mais uma audiência jubilar deste Ano Santo. Como a cada encontro
quinzenal, em sua catequese o Pontífice apresenta um modelo de esperança. Desta
vez, foi Nicolau de Cusa (1401-1464), cardeal alemão e grande pensador do
século XV. Humanista convicto, viveu numa época conturbada, em que não se
podia ver a unidade da Igreja, abalada por correntes opostas e dividida entre o
Oriente e o Ocidente. Enquanto viajava como diplomata do Papa, ele rezava e
refletia. Por isso, afirma o Santo Padre, os seus escritos estão "cheios
de luz".
Nicolau escolheu desde jovem frequentar quem tinha
esperança, quem aprofundava novas disciplinas, relendo os clássicos e voltando
às fontes. Compreendia que há opostos que devem ser mantidos juntos, que Deus é
um mistério no qual o que está em tensão encontra unidade. Nicolau sabia que
não sabia e, assim, compreendia cada vez melhor a realidade. O Papa Leão assim
resume os seus ensinamentos: abrir espaço, manter os opostos juntos,
esperar o que ainda não se vê. Para ele, inclusive, esperar é também “não
saber”.
Temos Jesus!
Nicolau falava de uma “douta ignorância”, sinal de
inteligência. O protagonista de alguns de seus escritos é um personagem
curioso: o idiota. É uma pessoa simples, que não estudou e faz perguntas
elementares aos eruditos, que colocam em crise suas certezas.
"O mesmo acontece na Igreja de hoje. Quantas
perguntas colocam em crise o nosso ensinamento! Perguntas dos jovens,
perguntas dos pobres, perguntas das mulheres, perguntas daqueles que foram
silenciados ou condenados por serem diferentes da maioria", comentou o
Papa. Para o Pontífice, estamos num tempo abençoado por termos tantas perguntas.
Assim, a "Igreja torna-se especialista em humanidade, se caminha com
a humanidade e tem no coração o eco das suas perguntas."
Mesmo que não tenhamos as respostas para todas as perguntas,
prosseguiu Leão XIV, "temos Jesus. Seguimos Jesus. E então esperamos o que
ainda não vemos". "Entremos como exploradores no mundo novo do
Ressuscitado", concluiu o Papa.
“Jesus nos precede.
Aprendamos, avançando um passo após o outro. É um caminho não só da Igreja, mas
de toda a humanidade. Um caminho de esperança.”


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