Leão XIV recebeu os membros da Confederação Médica
Latino-Ibero-Americana e do Caribe (CONFEMEL) e disse que "o diálogo e o
contato físico devem estar sempre presentes na relação terapêutica, para além
dos instrumentos e ferramentas utilizados para tratar as enfermidades".
Citou o Beato José Gregório Hernández Cisneros o "médico dos pobres"
que será canonizado em 19 de outubro.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta quinta-feira
(02/10), no Vaticano, os representantes da Confederação Médica
Latino-Ibero-Americana e do Caribe (CONFEMEL), uma organização que representa
mais de dois milhões de médicos que trabalham para levar assistência médica de
qualidade a todos os cantos de seus países.
O Pontífice recordou que a Igreja celebra, neste 2 de
outubro, os Santos Anjos da Guarda e essa ocasião ajudou o
Pontífice a refletir sobre "a relação médico-paciente, que se baseia no
contato pessoal e no cuidado da saúde, se poderia dizer, tal como os anjos
cuidam de nós e nos protegem no caminho da vida".
A seguir, Leão XIV recordou algumas palavras de Santo
Agostinho, "nas quais se refere a Cristo como médico e como remédio.
" Ele é médico porque é palavra, e remédio porque é palavra feita carne.
"Certamente, a 'palavra' e a 'carne' são fundamentais; o
diálogo, a comunicação e o contato físico devem estar sempre presentes na
relação terapêutica, para além dos instrumentos e ferramentas utilizados para
tratar as enfermidades", disse ainda o Papa.
O "médico dos pobres" como exemplo
O Evangelho nos mostra que "Jesus curou vários
doentes", como o leproso, por exemplo. Jesus o tocou e imediatamente a
lepra o deixou e ele ficou limpo. "Este não é um gesto mecânico; uma
relação pessoal foi estabelecida entre o leproso e Jesus: aquele que não podia
ser tocado encontra saúde e salvação numa carícia de Jesus", disse o Papa.
“Da mesma forma, há muitos
médicos que dedicaram suas vidas ao bem de seus pacientes. Gostaria de recordar
o Beato José Gregório Hernández, um dos médicos mais conhecidos da Venezuela no
início do século XX. Considero-o um bom exemplo para vocês, pois soube
conciliar sua elevada competência médica com sua dedicação aos mais
necessitados, o que lhe valeu o título de "médico dos pobres".”
O lugar da inteligência artificial na medicina
À luz destas reflexões, o Papa os convidou "a
aprofundar ainda mais a importância da relação médico-paciente. Uma relação
entre duas pessoas, com os seus corpos e sua interioridade, com a sua
história".
“Esta convicção nos ajuda
também a esclarecer o lugar da inteligência artificial na medicina: ela pode e
deve ser uma grande ajuda para melhorar o atendimento clínico, mas nunca poderá
substituir o médico, porque vocês são, como dizia o Papa Bento XIV, «reservas
de amor, que dão serenidade e esperança aos sofredores». Um algoritmo nunca
pode substituir um gesto de proximidade ou uma palavra de conforto.”
O Papa disse aos representantes da Confederação Médica
Latino-Ibero-Americana e do Caribe que eles "têm grandes desafios pela
frente, que devem ser enfrentados com esperança". Pediu a bênção do Senhor
sobre eles e seus colegas e concluiu, reiterando a importância da
"relação, da possibilidade de vida e esperança" que eles "também
oferecem a todos os seus pacientes, a todos os enfermos".
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