Translate

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Dos Sermões de São Teodoro Estudita

Resultado de imagem para são teodoro estudita
(Oratio inadorationem crucis: PG99,691-694.695.698-699)     (Séc.IX)


É preciosa e vivificante a cruz de Cristo
        Ó preciosíssimo dom da cruz! Vede o esplendor de sua forma! Não mostra apenas uma imagem mesclada de bem e de mal, como aquela árvore do Paraíso, mas totalmente bela e magnífica para a vista e o paladar.
        É uma árvore que não gera a morte, mas a vida; que não difunde as trevas, mas a luz; que não expulsa do Paraíso, mas nele introduz. A esta árvore subiu Cristo, como um rei que sobe no carro triunfal, e venceu o demônio, detentor do poder da morte, para libertar o gênero humano da escravidão do tirano. 
        Sobre esta árvore o Senhor, como um valente guerreiro,ferido durante o combate em suas mãos, nos pés e em seu lado divino, curou as chagas dos nossos pecados, isto é, curou a nossa natureza ferida pela serpente venenosa. 
        Se antes, pela árvore, fomos mortos, agora, pela árvore, recuperamos a vida; se antes, pela árvore, fomos enganados, agora, pela árvore, repelimos a astúcia da serpente. Sem dúvida, novas e extraordinárias mudanças! Em vez da morte, nos é dada a vida; em lugar da corrupção, a incorrupção; da vergonha, a glória. 
        Não é sem razão que o Apóstolo exclama: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo (Gl 6,14). Pois aquela suprema sabedoria que floresceu na cruz, desmascarou a presunção e a arrogante loucura da sabedoria do mundo; toda a espécie de bens maravilhosos que brotaram da cruz, extirparam inteiramente a raiz da maldade e do pecado. 
        Já desde o começo do mundo, houve figuras e alegorias desta árvore que anunciavam e Indicavam realidades verdadeiramente admiráveis. Repara bem, tu que sentes um grande desejo de saber:  
        Não é verdade que Noé, com seus filhos e esposas, e os animais de toda espécie, escapou da morte do dilúvio, por ordem de Deus, numa frágil arca de madeira? 
        E o que dizer da vara de Moisés? Não era figura da cruz quando transformou a água em sangue, quando devorou as falsas serpentes dos magos, quando separou as águas do mar como poder do seu golpe, quando as fez voltar ao seu curso normal, afogando os inimigos e salvando aqueles que eram o povo de Deus? 
        Símbolo da cruz foi também a vara de Aarão, quando se cobriu de folhas num só dia para indicar quem devia ser o sacerdote legítimo. 
        Abraão também prenunciou a cruz, quando colocou seu filho amarado sobre o feixe de lenha. 
        Pela cruz, a morte foi destruída e Adão recuperou a vida. Pela cruz, todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados e todos os que creem, santificados. Pela cruz, fomos revestidos de Cristo ao nos despojarmos do homem velho. Pela cruz, nós, ovelhas de Cristo, fomos reunidos num só rebanho e destinados às moradas celestes.
www.liturgiadashoras.org

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Papa: mundo atual precisa de testemunhas do Evangelho

Papa Francisco com os membros da Papal Foundation - ANSA
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (27/04), na Sala Clementina, no Vaticano, duzentos e vinte e cinco membros da Papal Foundation, por ocasião de sua visita anual a Roma. 
Essa organização católica estadunidense sustenta obras caritativas em várias partes do mundo, em nome do Papa.
“O nosso encontro é permeado pela alegria do tempo pascal, em que a Igreja celebra a vitória do Senhor sobre a morte e o dom da vida nova no Espírito Santo. Desejo que essa peregrinação à Cidade Eterna os reforce na fé e na esperança, e no compromisso em promover a missão da Igreja, apoiando muitas iniciativas de natureza religiosa e caritativa presentes no coração do Papa.”
“O mundo atual, muitas vezes marcado pela violência, avidez e indiferença, precisa do nosso testemunho da mensagem de esperança na força redentora e reconciliadora do amor de Deus, que emana do Evangelho”, disse ainda o Pontífice, que agradeceu a Papal Foundation por apoiar os esforços da Igreja na proclamação dessa mensagem de esperança até os confins da terra e pelo trabalho em prol “do progresso espiritual e material de nossos irmãos e irmãs do mundo, especialmente nos países em via de desenvolvimento”. 
“Cada um de nós, como membro vivo do Corpo de Cristo, é chamado a promover a unidade e a paz da família humana e de todos aqueles que a compõem, segundo a vontade do Pai, em Cristo.”
O Papa pediu aos membros da  Papal Foundation para “rezar pelas necessidades dos pobres, pela conversão dos corações, a difusão do Evangelho e pelo crescimento da Igreja na santidade e zelo missionário”.
Antes de conceder a bênção apostólica, o Papa Francisco recomendou os membros da fundação e suas famílias à intercessão amorosa de Maria, Mãe da Igreja, e desejou-lhes alegria e paz no Senhor. 
(MJ)
Rádio Vaticano

Dos Tratados de São Gaudêncio, bispo de Bréscia

Resultado de imagem para são gaudêncio - santo bispo de bréscia na itália
(Tract.2:CSEL68,30-32)             (Séc.V)


O dom do Novo Testamento concedido como herança
O sacrifício celeste instituído por Cristo é verdadeiramente um dom do Novo Testamento concedido como herança; é o dom que ele nos deixou como garantia da sua presença, na noite em que foi entregue para ser crucificado. Este é o viático da nossa peregrinação. É o alimento que nos sustenta nos caminhos desta vida até o dia em que, partindo deste mundo, formos ao encontro do Senhor. Pois ele mesmo disse: Se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós (cf. Jo 6,53).
Ele quis efetivamente com seus dons permanecer junto de nós; quis que as almas, remidas com o seu sangue precioso, se santificassem continuamente pelo memorial de sua Paixão. Por esse motivo, ordenou aos seus discípulos fiéis, constituídos como primeiros sacerdotes de sua Igreja, que sem cessar celebrassem estes mistérios da vida eterna. É necessário, portanto, que estes sacramentos sejam celebrados por todos os sacerdotes em cada Igreja do mundo inteiro, até que Cristo desça novamente dos céus. Deste modo, tanto os sacerdotes como todo o povo fiel, tendo diariamente ante os olhos o sacramento da Paixão de Cristo, tomando-o nas suas mãos e recebendo-o na boca e no coração, guardem indelével a memória de nossa redenção.
Com razão se considera o pão como uma imagem inteligível do Corpo de Cristo. De fato, assim como para fazer o pão é necessário reunir muitos grãos de trigo, transformá-los em farinha, amassar a farinha com água e cozê-la ao fogo, assim também o Corpo de Cristo reúne a multidão de todo o gênero humano e o leva à perfeita unidade de um só corpo por meio do fogo do Espírito Santo.
Cristo nasceu pelo poder do Espírito Santo. E porque convinha que nele se cumprisse toda a justiça, penetrou nas águas do batismo para santificá-las, e saiu do rio Jordão cheio do Espírito Santo que tinha descido sobre ele em forma de pomba. O evangelista dá testemunho disso dizendo: Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão (Lc 4,1).
Do mesmo modo, o vinho do seu sangue, proveniente de muitos cachos, quer dizer, feito das uvas da videira por ele plantada, espremido no lagar da cruz, fermenta por si mesmo em amplos recipientes que são os corações dos fiéis. Todos vós, pois, que fostes libertados do Egito e do poder do Faraó, isto é, do demônio, recebei com santa avidez de coração junto conosco, este sacrifício pascal portador de salvação. E assim, sejamos santificados até o mais íntimo de nosso ser por Jesus Cristo nosso Senhor, que cremos estar presente em seus sacramentos. Seu poder inestimável permanece por todos os séculos.
www.liturgiadashoras.org

terça-feira, 25 de abril de 2017

Cardeal Sergio da Rocha toma posse do título cardinalício em Roma

O arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, tomou posse no último domingo, 23, do Título Cardinalício na Basílica de Santa Cruz, em Roma, para qual foi designado pelo Papa Francisco, quando foi criado cardeal.
Segundo o cardeal este é um “ato simbólico, de significado muito precioso”, pois é “sinal da comunhão com o Santo Padre e com a Igreja em Roma”.
Dom Sergio da Rocha foi criado cardeal pelo Papa Francisco, em 19 de novembro de 2016, na Basílica de São Pedro, no Consistório Ordinário Público para a criação de 17 novos cardeais.
O cardeal foi nomeado arcebispo de Brasília em 15 de junho de 2011 pelo Papa Bento XVI e desde abril de 2015 preside a CNBB.
Por Kamila Aleixo
Arquidiocese de Brasília

CNBB estuda temas atuais e busca qualificar a iniciação à vida cristã


Episcopado brasileiro aprofunda o tema "iniciação à vida cristã" na 55ª Assembleia Geral da CNBB.

O Anuário Pontifício 2017 e o Anuarium Statisticum Ecclesiae 2015, do Departamento Central de Estatística da Igreja do Vaticano, indica que o Brasil ocupa o primeiro lugar no conjunto de dez países do mundo com maior consistência de católicos batizados, com 172,2 milhões de católicos. Ficando à frente de países como o México, com 110,9 milhões, Filipinas com 83,6 milhões, Estados Unidos da América (72,3), entre outros. O número de católicos brasileiros representa 26,4% de católicos no continente americano.
Apesar desses dados e estatísticas que demonstram que o Brasil continua sendo o país com o maior número de católicos no mundo, bispos do Brasil se preocupam com a qualidade da atuação e com o compromisso dos cristãos ao eleger a “Iniciação à vida cristã” como tema central da sua 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que acontece de 26 de abril a 5 de maio, no Centro Pe. Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP).
Conforme o documento nº 43 do CELAM: “Entende-se como iniciação à vida cristã o processo pelo qual uma pessoa é introduzida no mistério de Jesus Cristo e na vida da Igreja, através da Palavra de Deus e da mediação sacramental e litúrgica, que acompanhe as mudanças de atitudes fundamentais de ser e existir com os outros e com o mundo, em uma nova identidade como pessoa cristã que testemunha o evangelho inserido em uma comunidade eclesial viva e testemunhal.” 
Uma comissão especialmente presidida pelo arcebispo de Curitiba dom José Antônio Peruzzo foi designada para produzir o texto que será apreciado e acrescido pelos bispos do Brasil. O texto, após aprovação do episcopado, será publicado como um documento da CNBB. 
Além do tema central, os bispos brasileiros também aprofundarão temas da atualidade da conjuntura política brasileira e a conjuntura eclesial após os 10 anos da conferência de Aparecida. No sábado e no domingo, haverá o retiro dos bispos. 
300 anos de Aparição 
A CNBB, em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nas águas do rio Paraíba do Sul, instituiu o Ano Nacional Mariano, que teve início dia 12 de outubro de 2016, concluindo-se aos 11 de outubro de 2017, para celebrar, fazer memória e agradecer.
Em sintonia com o Ano Nacional Mariano, várias atividades serão realizadas para marcar os 300 anos da imagem de Aparecida e também os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima ao longo da 55ª Assembleia dos Bispos do Brasil.
A missa do sábado dia 29 de abril, às 7h30, será dedicada à nossa Senhora, com entronização da imagem, cantos e homilia especial. À noite, às 20h, encerrando o Retiro dos Bispos, acontece a peregrinação, procissão e celebração Mariana. Uma Sessão Mariana a ser realizada, dia 04 de abril, às 18h, encerra as comemorações durante a 55ª Assembleia dos Bispos do Brasil. 

Serviço:
55ª Assembleia dos Bispos do Brasil
Tema: Iniciação à Vida Cristã
Data: 26 de abril a 5 de maio de 2017
Local: Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida do Santuário Nacional de Aparecida-SP
Contato: Pe. Rafael Vieira
Fone: 61 98136 1595 e Whatsapp :(61) 99948 2772
E-mailimprensa@cnbb.org.br
CNBB

13 Reasons Why: Os perigos da popular série da Netflix sobre o suicídio

DENVER, 24 Abr. 17 / 06:00 pm (ACI).- Diversos especialistas alertaram sobre os perigos da nova séria de Netflix “13 Reasons Why”, nas quais se relata a história de uma adolescente de 17 anos que se suicida e que atribui a um grupo de pessoas as 13 “razões” pelas quais decidiu acabar com sua vida.
A séria é baseada no romance de mesmo nome, que relata a história de Hannah Baker, que não deixa uma nota explicando seu suicídio, mas sim um grupo de fitas cassete nas quais se refere ao que fez ou deixou de fazer cada uma das pessoas as quais responsabiliza por sua morte.
Os criadores da séria assinalam que com esta querem ajudar a lidar com o problema do suicídio, mas vários especialistas expressaram suas preocupações sobre isso.
Leah Murphy, do ministério internacional juvenil Life Teen, assinala que “em nenhum momento na série se trata o tema das doenças mentais e deixa na audiência a ideia de que as pessoas no entorno de Hannah são as responsáveis por sua morte”.
Murphy ressalta este dado, já que “90 % dos suicídios são cometidos por pessoas que têm enfermidades mentais diagnosticadas”.
“Esses problemas de saúde requerem muito mais do que a presença de um bom amigo ou a ausência de alguns problemas sérios: exigem ajuda profissional e séria”.
A especialista lamenta também que se mostre a protagonista da série como uma espécie de “mártir heroica” que deixa uma lição e um legado. Um suicida, precisou, “não se torna herói ou se empodera ao identificar as pessoas ao seu redor como as razões para seu suicídio”.
Chelsea Voboril, Diretora de Educação Religiosa na Igreja Católica Good Shepherd em Smithville, Missouri, disse a CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que ela viu a série com alguns adolescentes e ficou preocupada porque as 13 razões expostas foram consideradas pelos jovens como “legítimas” para que Hannah se suicidasse.
Voboril comentou que realizou um debate com os adolescentes os quais comentaram que, no processo para seu suicídio, a protagonista nunca se aproximou de seus pais ou de um profissional para falar do que se passava.
Ao final da conversa, a especialista pediu aos jovens que queiram ver a série o façam com seus pais ou um adulto responsável e disse que, “às pessoas cujas consciências ainda não estão bem formadas ou possam ser influenciadas por algum dos grandes temas, eu simplesmente pediria que a evitem”.
Owen Stockden, porta-voz de Living Works, grupo especializado em capacitação para lidar com o suicídio, disse a CNA que uma de suas maiores preocupações com a série é a falta de respostas adequadas dos adultos, em especial dos professores e dos conselheiros escolares.
“Na série, o conselheiro de Hannah responde de maneira ineficiente às suas ideias sobre o suicídio”, disse Stockden.
Por sua vez, a professora e escritora católica Barbara Nicolosi disse que em nenhum dos personagens se vê uma dimensão transcendente e é clara a ausência de Deus.
“A série quer atribuir todos os problemas dos jovens às redes sociais e ao bullying, mas não considera que essas são coisas sintomáticas. A perda da fé, a perda da convicção do amor pessoal de Deus, a perda do sentido de eternidade, todas essas coisas fazem com que o suicídio seja uma resposta lógica ao sofrimento. Nossos jovens não são bobos”, explicou a CNA.
Para o psicólogo católico que dá aconselhamento em St. Raphael, em Denver, Dr. Jim Langley, é curioso que a série mostre os pais de Hannah como pessoas que a amam muito, mas que ao mesmo tempo ignoram o que acontece na escola.
“É importante que os pais tenham um papel ativo na vida de seus filhos, mesmo que se considere prioritário que eles vão se tornando independentes de seus pais, o que é saudável. Entretanto, os pais devem estar envolvidos com eles e fazê-los saber que se importam e se preocupam. Não sejam como os pais de Hannah que parecem estar ausentes na série”, aconselhou o especialista.
 Alguns especialistas também alertaram sobre o fato de que na série não são seguidas várias das “recomendações para informar sobre um suicídio”, uma lista de diretrizes para os meios de comunicação que foi preparada por peritos e jornalistas.
Os especialistas recomendam evitar títulos sensacionalistas e pedem que não se descreva detalhadamente o suicídio, pois há o perigo de que surjam outros suicidas que busquem copiar o mesmo.
Segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), o suicídio é a terceira causa de morte entre as pessoas de 10 a 24 anos. Os estudos mostram também que um suicídio pode gerar outros nas comunidades onde acontecem.
Se você conhece alguém que tem pensamentos suicidas, peça ajuda a quem confie ou a um profissional. No Brasil, é possível entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida, pelo telefone 141. Para mais informações, acesse o site da instituição.
Para aconselhamentos, procure um sacerdote de sua paróquia ou diocese.
Acidigital

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

S. Irineu | Vatican News
(Lib. 1,10,1-3:PG 7,550-554)        (Séc.II)
A pregação da verdade
        A Igreja, espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra, recebeu dos apóstolos e de seus discípulos a fé em um só Deus, Pai todo-poderoso, que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe (cf. At 4,24); em um só Jesus Cristo Filho de Deus, que se fez homem para nossa salvação; e no Espírito Santo, que, pela boca dos profetas, anunciou antecipadamente os desígnios de Deus: a vinda de Jesus Cristo, nosso amado Senhor, o seu nascimento de uma Virgem, a sua paixão e ressurreição de entre os mortos, a ascensão corporal aos céus, a sua futura vinda do céu na glória do Pai. Então ele virá para recapitular o universo inteiro (cf. Ef 1,10) e ressuscitar todos os homens, a fim de que, segundo a vontade do Pai invisível, diante de Cristo Jesus nosso Senhor, Deus, Salvador e Rei, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua o proclame (cf. Fl 2,10-11), e ele julgue todos os homens com justiça.
        A Igreja recebeu, como dissemos, e guarda com todo cuidado esta pregação e esta fé; apesar de espalhada pelo mundo inteiro, guarda-a como se morasse em uma só casa. Acredita nela como quem possui uma só alma e um só coração; e a proclama, ensina e transmite, como se tivesse uma só boca. Porque, embora através do mundo haja línguas muito diferentes, a força da Tradição é uma só e a mesma para todos.
        As Igrejas fundadas na Germânia, as que se encontram na Ibéria e nas terras celtas, as do Oriente, do Egito e Líbia, ou as do centro do mundo, não creem nem ensinam de modo diferente. Assim como o sol, criatura de Deus, é um só e o mesmo para todo o universo, igualmente a pregação da verdade brilha em toda parte e ilumina todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade.
        E dos que presidem às Igrejas, nem mesmo o mais eloquente, dirá coisas diferentes das que afirmamos, pois ninguém está acima do divino Mestre; nem o orador menos hábil enfraquecerá a Tradição. Sendo uma só e mesma a fé, nem aquele que muito diz sobre ela a aumenta, nem aquele que diz menos a diminui.
www.liturgiadashoras.org

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Da Homilia pascal de um Autor antigo

Imagem relacionada
(PG 59,723-724)


A Páscoa espiritual
        A Páscoa que celebramos é a causa da salvação de todo o gênero humano, a começar pelo primeiro ser humano, que é salvo e vivificado em cada um de nós.
        Mas a salvação foi preparada por diversas instituições,imperfeitas e provisórias, que eram símbolos e imagens das coisas perfeitas e eternas, para anunciarem em esboço a realidade que surge atualmente à plena luz da verdade. Contudo, uma vez que essa verdadeira realidade se tornou presente, a figura deixa de ter sentido. Quando chega o rei, ninguém irá homenagear sua estátua, deixando de lado a pessoa do próprio rei.  
        Assim se vê claramente em que medida a figura é inferior à realidade verdadeira, pois a figura representa a vida breve dos primogênitos dos judeus, ao passo que a realidade celebra a vida eterna de todos os seres humanos. Não é grande coisa alguém livrar-se da morte por algum tempo, se pouco depois terá de morrer. O que é admirável é evitar a morte de uma vez para sempre, como aconteceu conosco por meio de Cristo, que foi imolado como nosso cordeiro pascal.  
        O próprio nome da festa, se compreendermos o seu verdadeiro significado, nos sugere a sua peculiar excelência. Páscoa, com efeito, significa “passagem”, pois o anjo exterminador, que feria de morte os primogênitos dos egípcios, passava adiante, sem entrar nas casas dos hebreus. Todavia, em relação a nós, a passagem do exterminador é um fato, porque passou realmente sem nos tocar, a nós que por Cristo ressuscitamos para a vida eterna.  
        E o que significa, em seu sentido místico, o fato de se determinar como início do ano, o tempo em que se celebrava a Páscoa e a salvação dos primogênitos? Significa que também para nós o sacrifício da verdadeira Páscoa constitui o início da vida eterna.  
        Na verdade, o ano é símbolo da eternidade. Sendo a sua órbita circular, o ano gira continuamente sobre ela sem nunca parar. Mas Cristo, pai do mundo novo, oferecendo-se por nós em sacrifício, como que anulou a nossa existência anterior, proporcionando-nos, pelo batismo do novo nascimento, o começo de uma outra vida, à semelhança da sua morte e ressurreição.  
        Por conseguinte, quem tiver consciência de que a Páscoa foi imolada em seu benefício, deve aceitar como início de sua vida o momento em que Cristo se imolou por ele. Ora, tal imolação atualiza-se em cada um, quando reconhece essa graça e compreende que vida lhe foi dada por esse sacrifício. Quem chegou a este conhecimento, esforce-se por aceitar o começo da vida nova, sem pretender voltar à vida antiga que foi ultrapassada. De fato, se já morremos para o pecado, pergunta o Apóstolo, como vamos continuar vivendo nele? (Rm6,2).
www.liturgiadashoras.org

domingo, 23 de abril de 2017

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

Santo Agostinho
(Sermo 8, in octava Paschae 1. 4: PL46, 838. 841)          (Séc.V)
Nova criatura em Cristo
        Minha palavra se dirige a vós, filhos recém-nascidos, pequeninos em Cristo, nova prole da Igreja, graça do Pai, fecundidade da Mãe, germe santo, multidão renovada, flor de nossa honra e fruto do nosso trabalho, minha alegria e coroa, todos vós que permaneceis firmes no Senhor.
        É com palavras do Apóstolo que vos falo: 
Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não deis atenção à carne para satisfazer as suas paixões (Rm 13,14), a fim de que, também na vida, vos revistais daquele que revestistes no sacramento. Todos vós que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo (Gl 3,27-28).
        Nisto reside a força do sacramento: é o sacramento da vida nova que começa no tempo presente pela remissão de todos os pecados passados, e atingirá sua plenitude na ressurreição dos mortos. 
Pelo batismo na sua morte, fostes sepultados com Cristo, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim também leveis uma vida nova (cf. Rm 6,4).
        Agora caminhais pela fé, vivendo neste corpo mortal como peregrinos longe do Senhor. Mas o vosso caminho seguro é aquele mesmo para quem vos dirigis, Jesus Cristo, que se fez homem por amor de nós. Para os seus fiéis ele preparou um grande tesouro de felicidade, que há de revelar e dar abundantemente a todos os que nele esperam, quando recebermos na realidade aquilo que recebemos agora só na esperança.
        Hoje é o oitavo dia do vosso nascimento. Hoje completa-se em vós o sinal da fé que, entre os antigos patriarcas, consistia na circuncisão do corpo no oitavo dia depois do nascimento segundo a carne. Por isso, o próprio Senhor, despojando-se por sua ressurreição da mortalidade da carne e revestindo-se de um corpo não diferente mas imortal, ao ressuscitar consagrou o “dia do Senhor”, que é o terceiro dia depois de sua paixão, mas na contagem semanal dos dias, é o oitavo a partir do sábado, e coincide com o primeiro dia da semana.
        Por conseguinte, também vós participais do mesmo mistério, não ainda na realidade perfeita mas na certeza da esperança,porque recebestes a garantia do Espírito. Com 
efeito, se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória (Gl
3,1-4). 
www.liturgiadashoras.org

II Domingo da Páscoa: A Divina Misericórdia

+ Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A Igreja propõe que “os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa”. Por isso, continuamos a expressar o nosso louvor e alegria pela Páscoa da Ressurreição do Senhor, rezando com o Salmista: “Dai graças ao Senhor porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia” (Sl 117).
O segundo Domingo da Páscoa é denominado “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme estabeleceu São João Paulo II. O Papa Francisco afirmou que “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. Ele revela o rosto misericordioso do Pai nos seus ensinamentos e nas suas ações. Jesus Ressuscitado manifesta a sua misericórdia aos discípulos reunidos. O Evangelho nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com os seus discípulos após a sua paixão e morte na cruz (Jo 20,19-31). Depois de ter sido traído e abandonado por eles, ele os reencontra desejando-lhes a paz e oferecendo-lhes o dom do Espírito, juntamente, com a missão de perdoar os pecados. Ao invés de cobrar explicações ou de condená-los, Jesus lhes transmite a paz e o perdão.
Vivemos numa época marcada por muita violência. A vida e a dignidade das pessoas vão sendo violadas de muitas formas, causando tanto sofrimento. Quem celebra a Páscoa não pode adotar um estilo de vida marcado pela agressividade e pela violência. Quem celebra a Páscoa crê na vitória do amor sobre o ódio, da misericórdia sobre a vingança, da paz sobre a violência, do perdão sobre o ressentimento e da vida sobre a morte. Nós cremos no poder da divina misericórdia! Por isso, somos chamados a manifestar ao mundo o rosto misericordioso de Deus, como Igreja, assim como, pessoalmente.
É preciso aproximar-se, com compaixão, de quem sofre, a fim de cuidar dos feridos e de levantar os caídos. Os braços misericordiosos de Cristo abraçam e erguem os caídos através dos braços de quem se faz próximo dos que mais sofrem. É preciso lembrar-se de que somos todos necessitados de misericórdia, que é perdão e compaixão. Para viver em comunidade e em família, necessitamos muito da misericórdia divina e também da misericórdia entre nós, o que inclui o perdão ao próximo e uma atenção especial aos que mais sofrem. Somos chamados a partilhar os nossos bens com os mais necessitados, a exemplo do que ocorria na comunidade primitiva, segundo os Atos dos Apóstolos (At 2,44-45).  Entretanto, a acolhida da misericórdia divina pressupõe a fé. Quem crê em Cristo Ressuscitado, confia no seu amor misericordioso. Para poder testemunhar a sua misericórdia repete, a cada dia, “meu Senhor e meu Deus!”
Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF