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terça-feira, 18 de novembro de 2025

TEOLOGIA: O desconhecido além da palavra (Parte 3/3)

John | 30Giorni.

TEOLOGIA

Arquivo 30Dias nº 01 - 2003

O desconhecido além da palavra

Considerações sobre o Espírito Santo.

Por Rino Fisichella

São Máximo, o Confessor, segue a mesma linha de pensamento: "Homens, mulheres, crianças, profundamente divididos em questões de raça, nacionalidade, língua, classe social, trabalho, conhecimento, dignidade, bens... a Igreja recria tudo isso no Espírito. Ela imprime uma forma divina em todos igualmente. Todos recebem dela uma natureza única, impossível de romper, uma natureza que não permite mais qualquer consideração pelas múltiplas e profundas diferenças que os afetam. Disso decorre que estamos todos unidos de uma maneira verdadeiramente católica. 

Na Igreja, ninguém está separado da comunidade; todos são fundados, por assim dizer, uns nos outros, pela força indivisível da fé. Cristo é, portanto, tudo em todos, aquele que assume tudo em si mesmo segundo a sua força infinita e comunica a sua bondade a todos. Ele é como um centro para o qual todas as linhas convergem. Assim, acontece que as criaturas do único Deus não permanecem mais estranhas e inimigas umas das outras, por falta de um lugar comum onde possam manifestar a sua amizade e a sua paz" ( Mistagogia , I). Como se pode observar, através dos dons que são visto que podemos reconstruir a sublimidade daquele que os dá.

Toda a vida da Igreja se desenrola, até os nossos dias, em obediência ao Espírito do Senhor.

O apóstolo recorda que na oração «nem sequer sabemos orar como convém… o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza e, com os seus gemidos inexprimíveis, nos faz voltar para Deus e chamá-lo: Pai» ( Romanos 11:13).8.26 ss.). É sobretudo na liturgia que a sua obra se torna claramente perceptível, pois nela Ele santifica toda a comunidade cristã e cada crente individualmente. A Eucaristia, em particular, permite-nos ver a obra do Espírito realizada. Constitui uma espécie de síntese de toda a vida sacramental, porque representa a presença verdadeira e real de Cristo. A epiclese, isto é, a invocação do Espírito Santo sobre as oferendas, confirma-se como o ponto focal para reconhecer a sua ação: "Enviai o vosso Espírito para santificar os dons que vos oferecemos" permanece como a expressão culminante para ver a missão do Espírito Santo realizada. 

Sem Ele, o pão e o vinho permanecem apenas isso, assim como a água do batismo ou o crisma da confirmação e os óleos da unção; se Ele não está presente, não há transformação no pacto de amor entre os esposos nem naquele homem deitado no chão à espera da imposição das mãos para o sacerdócio. Se Ele não é invocado, nenhum pecado pode ser perdoado para aquele que pede perdão. A grandeza do Espírito Santo, em toda ação litúrgica, manifesta-se na obediência que Ele impõe às palavras do ministro que O invoca para vir e transformar a matéria do sacramento. De certa forma, é possível ver quase uma "kenosis" do Espírito (Hans Urs von Balthasar), não apenas porque Ele obedece às palavras do ministro, mas sobretudo porque Se faz visível em Sua Igreja também na forma da Instituição.

A vida teológica é obra do Espírito. Onde se crê, se espera e se ama, ali Ele age, permitindo-nos fazer uma caminhada lenta, mas progressiva, rumo à plena identificação com a face que deve receber nossa obediência de fé, a certeza da esperança e a paixão do amor. São Tomás de Aquino podia afirmar com razão que "todos são fiéis a quem quer que seja dito ser o Espírito Santo" ( Suma Teológica , II, 109, 1 ad 1). As sementes do Logos são plantadas em cada pessoa pela ação do seu Espírito; A necessária maturação, exigida pela espera do tempo do Espírito, requer paciência e respeito, evitando caminhos que possam manifestar desejos humanos piedosos, mas que não necessariamente impulsionam o Espírito. 

Este tema, que nos abre particularmente ao diálogo inter-religioso, permite-nos reafirmar o compromisso que o teólogo deve assumir como sujeito eclesial. O Espírito "sopra onde quer" é a frescura da juventude perene da Esposa, que é sempre e em todo o lado chamada a seguir os caminhos do Espírito. Ele aponta o caminho para as terras e dita o ritmo dos tempos: devemos olhar para Ele e ouvi-Lo para que possamos continuar a ser sinais de uma esperança que nunca falhou.

"Sine tuo numine nihil est in homine, nihil est innoxium." Esta visão da fé, longe de tornar a ação do crente passiva, abre caminho para uma obediência livre que pode fazer do testemunho cristão o fruto mais genuíno de uma existência vivida com entusiasmo , isto é, movida pelo Espírito que dá vida.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O esplendor da palavra no “livro mais lindo do mundo”

Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)

Por ocasião do Jubileu, a Bíblia do duque Borso d'Este volta à Sala Capitular do Senado, onde ficará exposta de 22 de novembro a 15 de janeiro de 2026: um retorno possível graças a uma intensa colaboração entre instituições civis e o mundo eclesiástico, em torno de uma obra-prima absoluta do Renascimento.

Maria Milvia Morciano – Cidade do Vaticano

Cem anos após sua primeira exposição pública, a Bíblia do duque Borso d'Este volta à Sala Capitular da Biblioteca do Senado, em Roma, onde, em 1923, Giovanni Treccani decidiu resgatá-la do exílio. A exposição recebe o nome, extraído do Gênesis: “Et vidit Deus quod esset bonum”: “E Deus viu que era bom – A Bíblia de Borso d'Este - Uma obra-prima para o Jubileu”. Trata-se de um retorno impregnado de história, quase como um reencontro: foi precisamente ali que Treccani conheceu Giovanni Gentile. Impressionado pela beleza do manuscrito, decidiu comprá-lo, “comovido até às lágrimas”. Hoje, o Jubileu oferece uma oportunidade renovada de ver uma obra, que só era exposta ao público em ocasiões extremamente raras.

Cartaz da exposição no Salão Capitular da Biblioteca do Senado (Vatican News)

Uma plateia institucional

A inauguração, promovida pelo Presidente do Senado, Ignazio La Russa, contou com a presença, entre outros, da vice-presidente, Mariolina Castellone, o vice-secretário de Cultura, Gianmarco Mazzi, e o Comissário especial para o Jubileu, Roberto Gualtieri, além dos três principais conferencistas: Dom Rino Fisichella, pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização; Carlo Ossola, presidente do Instituto da Enciclopédia Italiana Treccani, e Alessandra Necci, diretora das Galerias d’Este e organizadora da exposição.

Detalhe da margem inferior do fólio inicial do Livro de Jeremias (Vatican News)

Uma beleza que interpela

O arcebispo Rino Fisichella chamou a atenção dos presentes para a profunda natureza do manuscrito: “A Bíblia não é apenas um livro, mas a Palavra que continua a falar a todas as gerações. Na exposição iluminada, desejada pelo duque Borso d'Este, a beleza não é um simples enfeite, mas uma oração visual, uma memória que atravessa os séculos”. As páginas decoradas com ouro e pigmentos preciosos tornam-se um convite à contemplação, um convite a redescobrir o texto sagrado, em seu valor mais autêntico; trata-se da mesma Palavra, que continuamos a encontrar em edições acessíveis a todos, que guardamos em casa ou, simplesmente, pedem para ser reabertas para permitir que seu conteúdo essencial possa emergir.

Carta inicial do Livro de Josué (Vatican News)

A organizadora e a dinastia que inventou a modernidade

Alessandra Necci reconstrói o contexto em que nasceu o manuscrito: a corte de Borso e Ercole d'Este, um laboratório de arte, política e esplendor, no qual trabalharam Taddeo Crivelli, Franco de' Russi, Girolamo de Cremona e Guglielmo Giraldi. Ali, tomou forma a linguagem, que Roberto Longhi definiu “capaz de dialogar, em pé de igualdade, com a pintura monumental”. A diretora da exposição recorda: “A Bíblia não era apenas um objeto de devoção, mas também um manifesto político, que Borso levou para Roma, em 1471, com o intuito de demonstrar ao Papa a grandeza da família d’Este”. E a diretora Necci concluiu: “Trata-se de uma obra de Corte, que se tornou patrimônio de todos, que guia o visitante, por meio de mais de seiscentos manuscritos iluminados, animais fantásticos e cenas, que ecoam o estilo de Donatello.

Abertura do Evangelho de Lucas (Vatican News)

Treccani: a magnanimidade que fez a história

Carlo Ossola, presidente do Instituto da Enciclopédia italiana, resgatou o significado cívico do gesto de Treccani: “Um exemplo nobre de patrocínio moderno. Sua generosidade permitiu que a Itália voltasse a retomar posse de um tesouro, que corria o risco de se perder a nível internacional. Nesta exposição, a história da obra e do Instituto voltam a se entrelaçar, mais uma vez, como afirma ainda Ossola: “Todo panorama da cultura italiana concentra-se apenas em dois volumes. Um século, após a sua doação, a Bíblia permanece também um dos símbolos da ideia de cultura como bem comum”.

Abertura do Livro de Eclesiastes, a corte de Salomão, detalhe da margem inferior (Vatican News)

Um livro que é um mundo

A Bíblia de Borso d'Este não é um livro simples, mas um microcosmo visual, onde coexistem o sagrado, a política, a arte, a zoologia fantástica e o orgulho da dinastia. O azul ultramarino afegão dos preciosos lápis-lazuritas, o fundo dourado, os brasões, os centauros, os emblemas da família d’Este: cada página vibra com uma "harmonia, entre beleza e sacralidade", evocada por Dom Fisichella, como símbolo do peregrino do Jubileu. Em Modena, onde é conservado, o livro representa a joia preciosa das Galerias d’Este. Em Roma, onde será exposto por um período, será um ápice da memória, pois recorda o que a cultura pode obter quando se unem instituições, estudiosos, cidadãos e história. Este livro continua a ser, como sugere o título da exposição, algo de bom e maravilhoso.

Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)
Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)
O Evangelho Segundo Lucas (Vatican News)
Abertura do Livro do Eclesiastes, a Corte de Salomão, detalhe da margem inferior (Vatican News)
Páginas iluminadas da Bíblia de Borso d’Este (Vatican News)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ORTODOXO: A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja (Parte 1/3)

Bartolomeu I durante o encontro com os enviados de 30Giorni

ORTODOXO

Arquivo 30Dias nº 01 - 2004

Entrevista com Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla

A raiz do cisma: o pensamento mundano na Igreja

"De todas as divergências entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, a que se pode compreender mais facilmente é por que e como a Igreja do Ocidente fundamentou sua esperança em sua força mundana."

Por Gianni Valente

Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, após sua surpreendente visita a Cuba no final de janeiro para a inauguração da Catedral Ortodoxa de São Nicolau (construída em Havana sob o patrocínio de Fidel Castro), prepara-se agora para vir a Roma. Nos próximos meses, assim que as obras de restauração e renovação estiverem concluídas, a Igreja Católica de São Teodoro no Palatino será finalmente confiada aos sacerdotes da Arquidiocese Ortodoxa da Itália para prestar assistência pastoral aos fiéis ortodoxos de língua grega residentes na Cidade Eterna. Nessa ocasião, o primus inter pares entre os primazes das Igrejas Ortodoxas também deverá chegar a Roma para honrar esta "transferência de propriedade" de inegável significado ecumênico com a sua presença. Ele também visitará João Paulo II no Palácio Apostólico.

O novo encontro entre os sucessores dos irmãos pescadores Pedro e André estava previsto para meados de fevereiro. O atraso na renovação da futura paróquia ortodoxa de Roma justificou oficialmente o seu adiamento para depois da Páscoa. O encontro agendado entre o Papa e o Patriarca assume um significado especial à luz das marcantes datas históricas que marcaram o início de 2004. Está prestes a passar o 950º aniversário do evento que, segundo reconstruções históricas, catalisou o Grande Cisma do Oriente: em 15 de julho de 1054, o legado papal Humberto de Silvacândida lançou sobre o altar da Basílica de Santa Sofia, em Bizâncio, uma carta de excomunhão contra o então Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, e este respondeu com um anátema equivalente. Oitocentos anos se passaram desde a Quarta Cruzada de 1204, quando as milícias cristãs do Ocidente, tendo partido para libertar os Lugares Santos, optaram por mudar de rumo e desviaram sua rota para saquear Bizâncio, embelezando em seguida as igrejas de Veneza com o ouro e o mármore dos despojos. Após esse terrível "golpe duplo", todo o segundo milênio cristão foi marcado pela divisão entre as Igrejas Ocidental e Oriental. Mas o quadragésimo aniversário de um evento de natureza completamente diferente também acaba de passar: o abraço entre Atenágoras e Paulo VI em Jerusalém, em 5 de janeiro de 1964, quando pareceu a alguns que a ruptura da inimizade entre irmãos não estava destinada a se cristalizar irreversivelmente até o fim da história.

No último dia 1º de dezembro, um dia após as celebrações da festa patronal de Santo André, seu 264º sucessor recebeu os enviados do 30Giorni.Na sede do Patriarcado, com vista para o Corno de Ouro, em Istambul, ainda abalada pelos sangrentos ataques de novembro, o Patriarca Bartolomeu foi questionado sobre os eventos e as razões subjacentes que alimentaram a divisão da única Igreja de Cristo ao longo do segundo milênio cristão.

Em suas respostas, o Patriarca Bartolomeu, ao falar de eventos ocorridos há centenas de anos, apresenta perspectivas muito relevantes sobre o estado atual da fé e da Igreja no mundo. Ele identifica a razão fundamental da divisão na primeira manifestação do pensamento mundano dentro da Igreja.

Nestas páginas, momentos e imagens da sagrada liturgia celebrada em 30 de novembro na Catedral de São Jorge, sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, por ocasião da festa patronal de Santo André Apóstolo; acima, o Patriarca Armênio de Istambul, Mesrop II Mutafyan, presente na celebração | 30Giorni.

Sua Santidade, passaram-se 950 anos desde o cisma de 1054, que os livros de história retratam como o momento da ruptura entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente. Depois de tanto tempo, e à luz dos acontecimentos subsequentes e da situação atual, que juízo histórico e teológico pode ser feito sobre esse episódio?
BARTOLOMEU I: De fato, trata-se de um episódio, ou seja, um fato que em si tem pouca importância, não porque o cisma não tenha causado consequências muito sérias, mas porque o episódio da manifestação oficial do cisma não é essencial para a história e a teologia. O que é essencial, a esse respeito, é a mentalidade e o espírito que dominaram o Ocidente e, como tal, gradualmente tensionaram o vínculo que mantinha o Oriente e o Ocidente unidos eclesiasticamente, até que finalmente se rompeu.
Se a manifestação oficial do cisma não tivesse ocorrido em 1054 nas circunstâncias em que ocorreu, certamente teria ocorrido mais tarde em circunstâncias diferentes, porque um espírito diferente havia se infiltrado no Ocidente, diferente daquele que prevalecia no Oriente.

Portanto, para aqueles familiarizados com as leis espirituais, o cisma foi a consequência inevitável de um processo cujas raízes devem ser buscadas nas primeiras manifestações do pensamento mundano na Igreja. Como esse pensamento não foi imediatamente rejeitado como anticristão, era inevitável que dele surgisse um espírito diferente daquele da Igreja unida primitiva, levando assim às consequências do cisma.

Em 1054, algumas das divergências factuais já discerníveis e amadurecidas anteriormente emergiram oficialmente com mais clareza. Estas revelaram que as Igrejas do Oriente e do Ocidente discordavam em muitas questões substanciais, algumas de natureza dogmática , como o Filioque e a primazia papal da jurisdição universal, enquanto outras eram canônicas, como o celibato sacerdotal.

De todas essas divergências, a que pode ser mais facilmente compreendida é por que e como a Igreja Ocidental baseou sua esperança em sua força mundana. Talvez o fato de quase todas as sociedades ocidentais modernas basearem sua esperança no homem e em suas realizações, na riqueza, na ciência, no poder militar, na tecnologia e coisas semelhantes, obscureça a compreensão do homem ortodoxo, que, sem subestimar ou rejeitar completamente tudo isso, deposita sua esperança primordialmente em Deus.

A Igreja deve fundamentar sua força em sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (um escândalo para os judeus, uma loucura para os gregos) e sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e morta diariamente, ela suscita santos que possuem a graça de Deus em vasos de barro, que vivem à luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício, não ao estabelecimento violento no mundo de um suposto Estado de Deus. Seus santos não são simplesmente assistentes sociais, filantropos ou taumaturgos. Eles conduzem a pessoa humana à comunhão com a pessoa de Cristo, conduzem o homem criado à Divindade incriada, operam nele não apenas um aperfeiçoamento ou perfeição moral, mas uma transformação ontológica na natureza humana. Portanto, a esperança da Igreja Ortodoxa não se encontra neste mundo.

Continua...

Fonte: https://www.30giorni.it/

Leão XIV: promover a participação do Povo de Deus e uma liturgia digna

O Papa com os participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica (@Vatican Media)

O Papa Leão recebeu, no Vaticano, os participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica promovido pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo. Em seu discurso, recordou que "a Pastoral Litúrgica é responsável, em cada diocese, pela formação litúrgica permanente do clero e dos fiéis, pela preparação aos ministérios e pelo cuidado dos grupos litúrgicos paroquiais, dos ministrantes, leitores e cantores".

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XVI encontrou-se, nesta segunda-feira (17/11), na Sala do Consistório, no Vaticano, com os participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica promovido pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo.

Em seu discurso, o Papa sublinhou que o programa de formação que eles estão fazendo "corresponde à dupla missão do Pontifício Instituto Litúrgico". Conforme o desejo do Papa Bento XVI, este instituto "continua vigorosamente seu serviço à Igreja, em plena fidelidade à tradição litúrgica e à reforma desejada pelo Concílio Vaticano II, segundo os princípios orientadores da Sacrosanctum Concilium e os pronunciamentos do Magistério. Por outro lado, iniciativas como esta implementam as tarefas formativas estabelecidas na Constituição Apostólica Veritatis Gaudium, como a de formar ministros e fiéis para prepará-los para o seu serviço na pastoral e na liturgia".

Iniciar percursos bíblicos e litúrgicos

Leão XIV disse que o caloroso convite do Papa Francisco se dirige também a esse Instituto, como ele recomendou na sua Carta Apostólica 'Desiderio desideravi': «É preciso encontrar os canais para uma formação como estudo da liturgia: a partir do movimento litúrgico muito tem sido feito nesse sentido, com contributos preciosos de muitos estudiosos e instituições acadêmicas. Entretanto, é preciso divulgar estes conhecimentos para fora do âmbito acadêmico, de modo acessível, para que todos os fiéis cresçam num conhecimento do sentido teológico da Liturgia […] bem como do desenvolvimento do celebrar cristão».

“De fato, nas dioceses e nas paróquias há necessidade dessa formação e é importante, onde ela não existe, iniciar percursos bíblicos e litúrgicos. O Pontifício Instituto Litúrgico poderia qualificá-los, para ajudar as Igrejas particulares e as comunidades paroquiais a se deixarem formar pela Palavra de Deus, explicando os textos do Lecionário ferial e festivo, e também para continuar uma iniciação cristã e litúrgica que ajude os fiéis a compreender, por meio dos ritos, das orações e dos sinais sensíveis, o mistério da fé que se celebra.”

O Papa com os participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica (@Vatican Media)

Uma preparação completa dos leitores

A propósito da formação bíblica unida à formação litúrgica, o Pontífice convidou os diretores da pastoral litúrgica a prestarem "especial atenção aos que proclamam a Palavra de Deus".

“Assegurem uma preparação completa dos leitores instituídos e dos que leem as Escrituras regularmente durante as celebrações. Conhecimentos bíblicos básicos, dicção clara, capacidade de cantar o salmo responsorial e compor as orações dos fiéis para a comunidade, são aspectos importantes que implementam a reforma litúrgica e promovem o crescimento da caminhada do Povo de Deus.”

De acordo com o Papa Leão, "a formação litúrgica é um dos temas principais de todo o percurso conciliar e pós-conciliar". "Muitos passos foram dados, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Não nos cansemos: retomemos com entusiasmo as boas iniciativas inspiradas pela reforma e, ao mesmo tempo, procuremos novos caminhos e novos métodos", sublinhou.

Promover uma participação frutuosa do Povo de Deus

O Pontífice recordou que "a Pastoral Litúrgica é responsável, em cada diocese, pela formação litúrgica permanente do clero e dos fiéis, pela preparação aos ministérios e pelo cuidado dos grupos litúrgicos paroquiais, dos ministrantes, leitores e cantores. Trata-se de promover uma participação frutuosa do Povo de Deus, bem como uma liturgia digna, atenta às diferentes sensibilidades e sóbria em sua solenidade".

A seguir, o Papa falou a propósito da" promoção da Liturgia das Horas, da preocupação com a piedade popular e da atenção à dimensão festiva na construção de novas igrejas e na adaptação das já existentes". "Esses são temas que vocês abordarão durante o Curso e com os quais lidam todos os dias", disse o Papa aos participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica.

Encontro com os participantes do Curso de Atualização para Responsáveis Diocesanos da Pastoral Litúrgica (@Vatican Media)

Uma comunidade que cuida das celebrações

De acordo com o Papa Leão, "em muitas paróquias, há também grupos litúrgicos, que devem trabalhar em sinergia com a comissão diocesana. A experiência de um grupo, mesmo pequeno, mas bem motivado, que se ocupa da preparação da liturgia é expressão de uma comunidade que cuida de suas celebrações, as prepara, as vive em plenitude, em acordo com o pároco".

“Desta forma, evita-se delegar tudo a ele e deixar a alguns a responsabilidade do canto, da proclamação da Palavra, da ornamentação da igreja. Com o tempo, infelizmente, alguns desses grupos foram diminuindo até desaparecerem, como se tivessem perdido sua identidade; é preciso, então, trabalhar para que este âmbito da vida da Igreja volte a ser atraente, capaz de envolver pessoas competentes ou pelo menos inclinadas a este tipo de serviço.”

Revigorar as energias espirituais

"Como diretores encarregados pelos bispos, vocês poderiam propor aos confrades párocos percursos de formação para iniciar ou consolidar nas paróquias os grupos litúrgicos, formando seus membros e oferecendo sugestões para suas atividades", disse o Papa. "As oficinas do curso os ajudarão nesse sentido a encontrar e experimentar formas adequadas, que poderão ser introduzidas nas Igrejas particulares. Sua criatividade pastoral saberá então encontrar as formas mais adequadas", sublinhou.

Leão XIV concluiu, desejando aos participantes do curso que este percurso de formação, em Roma, "no Ano Jubilar, além de oferecer-lhes instrumentos de aprofundamento, revigore suas energias espirituais, para que, ao retornarem às Igrejas locais, possam continuar com renovado ardor a ação pastoral a serviço da liturgia".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Três perigos que aguardam os casais (e como evitá-los)

MAYA LAB | Shutterstock

Mathilde de Robien - Paulo Teixeira - publicado em 17/11/25

O Padre Paul Préaux, moderador geral da comunidade de Saint-Martin, identifica três perigos que ameaçam um casal: o desgaste, a decepção e a indiferença. Três armadilhas que impedem a comunhão entre os cônjuges.

"O casamento não é uma vocação de segunda categoria!", afirma o Padre Paul Préaux, que acompanha regularmente casais ao matrimônio e acaba de publicar um livro intitulado “Em um relacionamento, doar-se ao amor... sem se esquecer de si mesmo!”. Pelo contrário, o sacramento do matrimônio é uma "graça imensa", mas também inclui, por parte do homem e da mulher, uma "colaboração saudável". "Os cônjuges são chamados a viver a partir da graça do Espírito Santo, "não nas condições da vida monástica, mas nas condições de um casal", explicou o padre a Aleteia. Como demonstraram o santo casal Matrin, pais de Santa Teresinha, canonizado há dez anos, o matrimônio é um caminho para a santificação e contém todos os ingredientes "para se tornar um grande santo". Esse caminho depende da qualidade da doação que cada cônjuge faz de si mesmo. Mas, nesse caminho para a santificação, os cônjuges enfrentam certos perigos, independentemente da maturidade do casal: desgaste, decepção e indiferença.

Desgaste

Na espiritualidade cristã, o desgaste leva à acédia, essa aflição da alma que se expressa através do tédio, da amargura e do desgosto. Alguns também a chamam de "crise da meia-idade", mas para o Padre Paul Préaux, não se trata apenas de uma questão de idade. Pode ocorrer mais cedo ou mais tarde. "O desgaste, esse vazio em que a alma está mergulhada, muitas vezes leva à tristeza e ao desgosto." Em um casal, isso se traduz em irritação, fadiga e impaciência com o parceiro, ou até mesmo ativismo. O problema reside em assumir múltiplas atividades e compromissos fora do relacionamento. A solução? "Respire fundo, descanse. Descanse um no outro, entre no descanso de Deus."

A decepção

Após alguns anos de casamento, a decepção também pode surgir, ligada à constatação de que "a outra pessoa não é simplesmente a soma das qualidades que te atraíram". A outra pessoa tem defeitos! E é fácil focar neles. O melhor antídoto para a decepção é, então, olhar "para a trave no nosso próprio olho e não para o cisco no olho do outro" (cf. Mt 7,5). "Quando um relacionamento fica tenso, sempre será mais fácil listar os defeitos do parceiro por meio de uma suposta observação objetiva do que questionar a si mesmo", observa o Padre Paul Préaux. De tempos em tempos, é bom pensar: "Ei, vou tentar avaliar meus próprios defeitos". A autorreflexão é a primeira lição a ser cultivada em um relacionamento.

Indiferença

Para o Padre Paul Préaux, a indiferença é talvez o maior dos pecados e alimenta a mais profunda tristeza. "Enquanto houver raiva, nem tudo está perdido!", enfatiza ele. A indiferença surge quando os cônjuges "caminham em duas estradas paralelas", quando lutam para se ver e se ouvir. "Viver na indiferença é deixar de tentar compreender e satisfazer os desejos do outro, é não mais buscar atender aos desejos do outro, porque estender a mão ao outro se torna muito custoso, muito doloroso", afirma o sacerdote da comunidade de Saint-Martin. "Ir além de si mesmo se torna muito difícil", disse o Papa Francisco.

Portanto, é apropriado tomarmos Deus como nosso exemplo, sempre indo ao encontro de cada pessoa. "Deus se encarnou, tomou a iniciativa, desceu à Terra. O Senhor sempre encontra um jeito de promover um encontro, um diálogo, um encontro face a face com a pessoa amada ou com quem se deseja amar", enfatiza o Padre Paul Préaux, cheio de esperança: "Se o Senhor permitiu que vocês se encontrassem, Ele saberá como ajudá-los a se reencontrarem. Busquem a Sua vontade e tenham fé nele."

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/17/tres-perigos-que-aguardam-os-casais-e-como-evita-los/

TEOLOGIA : O desconhecido além da palavra (Parte 2/3)

Peter (30Giorni)

TEOLOGIA

Arquivo 30Dias nº 01 - 2003

O desconhecido além da palavra

Considerações sobre o Espírito Santo.

Por Rino Fisichella

É sobretudo com os profetas que a sua ação se tornará mais visível. O profeta é o homem chamado pelo Espírito de Javé para fazer ouvir a sua voz nas mais diversas situações da história. Isaías, Jeremias, Ezequiel, assim como Amós, Oséias e todos os profetas menores, mesmo que não explicitamente declarados por receio de mal-entendidos, expressam a consciência de terem sido chamados e "arrebatados" para a missão profética pelo Espírito do Senhor. A expressão de Ezequiel aplica-se a todos: "O Espírito do Senhor veio sobre mim e disse-me: Fala!" ( Ezequiel 11:5). O profeta é possuído pelo Espírito e pela "boca" através da qual Deus faz ouvir a sua voz. É interessante notar, a este respeito, que alguns Padres da Igreja optaram por se referir ao Espírito como a "boca" de Deus.

Simeão, o Novo Teólogo, que viveu em 1022, escreveu o seguinte em sua obra Ética : "A boca de Deus é o Espírito Santo, e sua Palavra e Verbo é seu Filho, que também é Deus. Mas por que o Espírito é chamado de boca de Deus, e o Filho de Palavra e Verbo? Da mesma forma que a fala interior sai de nossa boca e se revela aos outros, sem que possamos pronunciá-la ou manifestá-la por qualquer outro meio que não seja o da boca, da mesma forma o Filho e a Palavra de Deus, se não forem expressos ou revelados pelo Espírito Santo como por uma boca, não podem ser conhecidos nem compreendidos." O Espírito Santo é plenamente revelado por Jesus Cristo.

Como se fosse uma síntese harmoniosa de todo o Evangelho de Lucas e João, São Gregório de Nazianzo escreve: "Cristo nasce e o Espírito o precede; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é posto à prova e o Espírito o conduz de volta à Galileia... traze-o de volta à Galileia; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é posto à prova e o Espírito o traz de volta à Galileia; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é batizado e o Espírito testifica dele; ele é batizado e o Espírito o traz de volta à Galileia; ele é batizado e o Espírito testifica; realiza milagres e o Espírito o acompanha; ele ascende ao céu e o Espírito o sucede" ( Discursos , XXX). 29)

De fato, o Espírito repousa em plenitude sobre Cristo e acompanha toda a sua existência. Visto que Jesus possui o Espírito Santo em plenitude, ele pode dá-lo em abundância e sem medida àqueles que creem nele ( Jo 7,37-39). A nova criação que Jesus realiza, por meio do sacrifício de sua morte e ressurreição, torna-se evidente quando ele, soprando sobre os discípulos reunidos no Cenáculo, infunde neles o seu Espírito: “soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo” ( Jo 20,22). Para que a Igreja fosse forte em seu anúncio, coerente em sua vida e capaz de levar perdão e amor a todos, a efusão do Espírito Santo no Pentecostes marca o início oficial da missão dos discípulos de Jesus diante do mundo.

O Espírito Santo é um dom do Pai e do Filho; sua ação é sempre plenamente trinitária numa relacionalidade que forma a pericorese perene da doação mútua, plena e total das três Pessoas divinas. "Ele receberá o que é meu e vo-lo anunciará" ( Jo 16,14-15). A missão do Espírito, portanto, é trazer à compreensão o que Jesus revelou. A revelação que ele traz não tem conteúdo específico; este só pode ser o que o Logos falou, tendo-o ouvido do Pai. Mas a compreensão do mistério não é menos importante que o conteúdo. Cada compreensão é uma ação sempre nova na qual a Igreja vê e experimenta a presença de seu Senhor, que nunca a abandonou e que sempre a segue e acompanha ao longo da história, até que ela alcance a verdade em sua plenitude. É sempre o ensinamento de Fausto de Riez que nos permite compreender este pedido: «A nossa existência parece ser propriamente atribuída ao Pai, 'em quem', como disse o Apóstolo, 'vivemos, nos movemos e existimos' ( At 17,28); em vez disso, a nossa capacidade de raciocínio, sabedoria e justiça é atribuída em particular àquele que é a razão ( logos ), a sabedoria e a justiça, isto é, ao Filho. Através da Palavra de Deus, então, na pessoa do Espírito Santo é claramente atribuída a nossa vocação à regeneração, à renovação que se segue e à subsequente santificação... Talvez se possa dizer: o Espírito Santo é maior, cujas obras são mais importantes e mais nobres. Não é esse o caso... mesmo que as pessoas individualmente façam algo por si mesmas, o plano geral permanece nos três» ( O Espírito Santo , I,10).

A Igreja, já presente no grupo de discípulos que seguiram o Senhor por três anos, formando uma comunidade com Ele, nasceu naquele derramamento do Espírito que já havia sido marcado na cruz e simbolizado pelo fluxo de sangue e água do lado aberto do crucificado. Agora, no dia de Pentecostes, ela tem a força para se apresentar ao mundo como testemunha da ressurreição do Senhor. E assim como Jesus inaugurou sua missão pública com a pregação da conversão e do perdão, também a Igreja, seguindo os passos de Cristo, proclama seu primeiro sermão, chamando as pessoas à conversão e à fé no Senhor Jesus ( Atos 2:14).

A divisão de Babel, fruto do pecado, é destruída por Pentecostes, restaurando a unidade pelo Espírito. É o Espírito que dá aos discípulos a força para abrir as portas trancadas do Cenáculo, onde se reuniram "por medo", e os conduz à missão da evangelização. O que emerge, porém, de forma original, a ponto de criar uma ruptura com a mentalidade e a prática judaicas, é que em Jesus o Espírito é dado a todos. A visão profética de Joel, que previa a futura expansão do Espírito Santo sobre todos os filhos e filhas de Israel, se cumpre e se torna visível na comunidade dos fiéis.

Assim como o Espírito Santo acompanhou Jesus, agora acompanha a sua Igreja. Um olhar para as diferentes comunidades e sua vida interna, progressivamente estruturada, revela a sua ação onipresente. É Ele quem revela aos apóstolos o caminho a seguir e o caminho a evitar ( Atos 16:6-10); é sempre Ele quem concede a cada pessoa os carismas necessários para edificar a comunidade ( 1 Coríntios 12:7); ​​é o mesmo Espírito que dá aos discípulos as palavras necessárias para se defenderem durante as provações ( Lucas 12:11-12), e é o Espírito do Ressuscitado que permite a Estêvão oferecer o seu supremo testemunho ( Atos 7).

É o mesmo Espírito que inspira os autores sagrados a registrarem os Evangelhos e os ensinamentos dos apóstolos por escrito, para que a Igreja tenha uma referência constante para a sua vida futura. E é sempre o mesmo Espírito que guia a transmissão incessante de tudo o que não foi escrito, mas que constitui a fé de todos os tempos e de todos. É o Espírito da verdade que nunca falha na história da Igreja; ele permite que todos os fiéis permaneçam intactos naquele “sentido de fé” ( Lumen gentium , 12) que permite ao mais simples saber em que consiste a fé e que dá certeza aos seus Pastores, unidos a Pedro, para interpretar o Evangelho na verdade.

Neste sentido, são muito significativas as palavras de um dos últimos autores da literatura romana do terceiro século, Novaciano: "O Espírito designa profetas na Igreja, instrui mestres, organiza as línguas, opera milagres e curas, realiza feitos maravilhosos, concede o discernimento dos espíritos, atribui posições de comando, sugere conselhos, dispõe e distribui todos os outros dons; e assim aperfeiçoa e completa a Igreja do Senhor em todo lugar e em toda coisa... Ele dá testemunho de Cristo nos apóstolos, demonstra fé inabalável nos mártires, envolve as virgens com a maravilhosa castidade da caridade excepcional, em outros preserva os preceitos da doutrina do Senhor inalterados e incontaminados, destrói os hereges, corrige os infiéis, desmascara os mentirosos, refreia os ímpios, mantém a Igreja incorrupta e inviolável na santidade da virgindade perpétua e da verdade" ( A Trindade , 26, 10-26).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Veja como estão os primeiros sétuplos do mundo a sobreviver

Bobbi McCaughey deu à luz em 1997 — Foto: Ambassador/Sygma/Corbis/VCG via Getty Images

Primeiros sétuplos do mundo a sobreviver estão prestes a comemorar 28 anos; veja como estão

Os irmãos McCaughey fizeram história ao nascerem em 19 de novembro de 1997.

Por Crescer

16/11/2025 12h49


A história dos irmãos McCaughey repercutiu muito no final dos anos 90! Afinal, eles eram os primeiros sétuplos do mundo a sobreviver, informou o Daily Mail. Bobbi e Kenny McCaughey deram as boas-vindas a Nathan, Kelsey, Brandon, Joel, Natalie, Alexis e Kenny Jr em 19 de novembro de 1997 em Iowa (EUA). Agora, adultos, eles estão prestes a completar 28 anos.

Desde que nasceram, cada um dos irmãos tomou um rumo diferente na vida. No entanto, eles sempre serão lembrados por seu nascimento que se tornou histórico. No entanto, chegar até esse momento não foi fácil. Por muito tempo, Bobbi enfrentou problemas para conceber devido a um problema em sua glândula pituitária — que estimula a ovulação.

A norte-americana e o marido conseguiram ter a primeira filha chamada Mikayla, mas acabaram tendo dificuldade para tentar uma segunda gravidez. Bobbi iniciou um tratamento de fertilidade e, logo soube, que estava grávida de sétuplos. Na época, os médicos orientaram o casal a fazer a redução seletiva, mas os pais não aceitaram e decidiram seguir com a gestação mesmo com os riscos.

Irmãos aparecem com seus cônjuges e seus próprios filhos em uma foto de família de 2024 — Foto: Reprodução Daily Mail/Facebook

Ao longo do processo, a família contou com o apoio de amigos e familiares. Mas a raridade da gravidez também chamou a atenção da mídia e rendeu certos benefícios para os irmãos, como férias na Disney e entrada gratuita na Universidade Hannibal-LaGrange, no Missouri. Na época, o então presidente Bill Clinton chegou a ligar para parabenizar a família e George W. Bush conheceu os pequenos pouco tempo depois.

Família no casamento de Kelsey em 2020 — Foto: Reprodução Daily Mail/Facebook

Como estão os sétuplos hoje?

Cada um dos irmãos trilhou seus próprios caminhos.

Kenny Jr: trabalha como carpinteiro, mora em Dallas Center, Iowa, com sua esposa Synthia. Em 2022, os dois deram as boas-vindas ao primeiro filho.

Alexis: trabalha como professora em uma creche e mora com os pais em Runnells, Iowa. Ela teve paralisia cerebral.

Natalie: é casada e teve um bebê com seu marido Shawn no ano passado. Ela concluiu o mestrado em treinamento atlético no Culver-Stockton College e agora trabalha em sua antiga universidade, Hannibal-LaGrange, como chefe de treinamento atlético.

A família retratada em 2017 — Foto: Reprodução Daily Mail/Facebook

Kelsey: é casada com Kevin Morrison com quem adotou um filho. Ela também se formou na Universidade de Hannibal-LaGrange no curso de Relações Públicas e, hoje, trabalha como recepcionista em um consultório médico no Missouri.

Nathan: também se formou na Universidade de Hannibal-LaGrange em 2021. Atualmente, ele, que também teve paralisia cerebral, trabalha como suporte técnico.

Brandon: serve no exército dos Estados Unidos, o que era seu sonho desde criança. Ele se casou com a namorada do ensino médio, Alana. Hoje, o casal mora na Carolina do Sul com os filhos.

Joel: mora ainda com os pais em Iowa e trabalha como suporte técnico. Seu sonho é se tornar analista de cibersegurança.

Embora muitos dos irmãos estejam morando em outras cidades, eles garantem que buscam sempre passar um tempo juntos. “Esses momentos são ainda mais sagrados. Eles são incrivelmente doces com todos os nossos parceiros e filhos”, contou Kelsey ao Des Moines Register.

Fonte: https://revistacrescer.globo.com/fique-por-dentro/noticia/2025/11/primeiros-setuplos-do-mundo-a-sobreviver-estao-prestes-a-comemorar-28-anos-veja-como-estao.ghtml

Papa: não há paz sem justiça; é preciso romper o muro da solidão

Santa Missa, 16/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican Media)

No Jubileu dos Pobres, Leão XIV identificou na solidão o elemento comum a todas as formas de pobreza, sejam elas materiais ou espirituais. Para combater este fenômeno, pediu que os fiéis desenvolvam uma "cultura da atenção" e exortou os líderes das nações a ouvirem o clamor dos vulneráveis.

https://youtu.be/YhDZYtcKgPw

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa presidiu à Santa Missa na Basílica Vaticana por ocasião do Jubileu dos Pobres, com a participação de cerca de seis mil fiéis, muitos dos quais assistidos pela Igreja Católica.

Antes da cerimônia, o Santo Padre saudou os 12 mil peregrinos na Praça São Pedro, afirmando que todos queremos estar entre os pobres do Senhor, "porque a nossa vida é um dom de Deus e o recebemos com muita gratidão". O Pontífice agradeceu a todos pela presença, pedindo que participassem da missa, através dos telões, "com muito amor, muita fé, sabendo que estamos todos unidos em Cristo", e marcando encontro com os fiéis mais tarde para o Angelus.

Papa saúda os fiéis na Praça São Pedro antes da missa   (@VATICAN MEDIA)

Já em sua homilia, Leão XIV comentou as leituras do Evangelho do dia, que convidam a olhar para a história nos seus desfechos finais. Na primeira leitura, o profeta Malaquias vislumbra a chegada do “dia do Senhor”, com um amanhecer que faz surgir um "sol de justiça". Trata-se do próprio Jesus. No Evangelho, Cristo anuncia e inaugura esse Reino. Ele é o senhorio de Deus que se torna presente em meio aos acontecimentos dramáticos da história. Por isso, os discípulos não devem se assustar, já que a promessa de Jesus é sempre viva e fiel: "não se perderá um só cabelo da vossa cabeça".

A Igreja, "mãe dos pobres"

"Irmãos e irmãs, esta é a esperança à qual nos agarramos, mesmo diante das vicissitudes nem sempre felizes da vida", afirmou o Pontífice. "Deus não nos deixa sozinhos nas perseguições, nos sofrimentos, nas dificuldades e nas opressões da vida e da sociedade. Ele manifesta-se como Aquele que toma partido por nós." A proximidade de Deus atinge o ápice do amor em seu filho Jesus: por isso, a presença e a palavra de Cristo tornam-se júbilo e jubileu para os mais necessitados.

Dirigindo-se diretamente aos pobres, Leão XIV transmitiu as palavras de Jesus: "Dilexi te - Eu te amei": "Sim, diante da nossa pobreza e pequenez, Deus nos olha como ninguém mais e nos ama com amor eterno. E a sua Igreja, ainda hoje, talvez especialmente neste nosso tempo tão ferido por velhas e novas pobrezas, quer ser 'mãe dos pobres, lugar de acolhimento e justiça'."

O Papa abençoa a assembleia com o Evangelho   (@Vatican Media)

A "cultura da atenção" como antídoto à "globalização da impotência"

"Quantas pobrezas oprimem o nosso mundo!", constatou o Santo Padre. Trata-se, primordialmente, de pobrezas materiais, mas também morais e espirituais, que afetam sobretudo os mais jovens. Para Leão, todas têm um elemento em comum, que é a solidão, que pode ser superada se os fiéis forem capazes de desenvolver uma "cultura da atenção", isto é, a capacidade de olhar para o lado e se tornar testemunha da ternura de Deus na família, nos locais de trabalho e de estudo, nas comunidades e, inclusive, no mundo digital.

O Papa aponta a "cultura da atenção" como um antídoto à globalização da impotência que ele vem denunciando desde o início do seu pontificado, ou seja, a crença de que a história sempre foi assim e não pode mudar. O Evangelho, de modo diverso, diz que é precisamente nas grandes perturbações da história que o Senhor vem nos salvar. E a tarefa da comunidade cristã é ser sinal vivo dessa salvação no meio dos pobres.

Leão XIV pronuncia a homilia   (@Vatican Media)

"Não poderá haver paz sem justiça"

Leão XIV chamou em causa também os chefes de Estado e os responsáveis das Nações para que ouçam o clamor dos mais pobres. "Não poderá haver paz sem justiça", lembrou, e os pobres nos recordam disso de muitas maneiras, "com a sua migração, bem como com o seu grito muitas vezes abafado pelo mito do bem-estar e do progresso".

Aos operadores da caridade e aos voluntários, o Pontífice manifestou a sua gratidão. E aos fiéis renovou seu convite ao comprometimento, já que a "questão dos pobres remete ao essencial da nossa fé". Para nós, "eles são a própria carne de Cristo e não apenas uma categoria sociológica", afirmo, citando a sua Exortação Dilexi te: "A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes".

“Enquanto aguardamos o glorioso regresso do Senhor, não devemos viver uma vida voltada para nós mesmos e num intimismo religioso que se traduz no descompromisso para com os outros e a história. Pelo contrário, buscar o Reino de Deus implica o desejo de transformar a convivência humana num espaço de fraternidade e dignidade para todos, sem excluir ninguém.”

O Santo Padre advertiu para o perigo de viver como "viajantes distraídos", indiferentes ao próximo, e exortou a nos inspirar no testemunho dos Santos que serviram Cristo nos mais necessitados e o seguiram no caminho da pequenez e do despojamento. A propósito, citou a figura de São Bento José Labre, que com a sua vida de “vagabundo de Deus” tem as características para ser o padroeiro de todos os pobres sem-abrigo.

"Que a Virgem Maria nos ajude a entrar na nova lógica do Reino, para que na nossa vida de cristãos esteja sempre presente o amor de Deus que acolhe, perdoa, cuida das feridas, consola e cura", concluiu Leão XIV.

Momento do ofertório   (@VATICAN MEDIA)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Isabel da Hungria

Santa Isabel da Hungria (A12)
17 de novembro
Santa Isabel da Hungria

Isabel era princesa na Hungria, foi rainha na Alemanha, e se fez santa na Terra e para o Céu.

Nasceu no ano de 1207, e desde então já foi prometida em casamento para o duque Ludwig da Turíngia, na Alemanha. Cresceu e foi educada junto com o futuro marido. Ele a amava sinceramente, e a apoiava nas suas iniciativas de espiritualidade. Porém a sogra e demais parentes do esposo tinham ciúmes e procuraram prejudicá-la por quase toda a sua curta vida.

Embora em nada descuidando do seu papel de esposa e mãe, o que mais caracterizou Isabel foi a sua vida de espiritualidade e particular caridade aos pobres. Como a eles dedicava não só o próprio serviço, pessoalmente lavando-os, alimentando-os e vestindo-os, mas também utilizava dinheiro para as suas necessidades, a sogra tentou indispor Ludwig, alegando que Isabel esbanjava as riquezas da coroa. Numa ocasião, saindo ela com alimentos para distribuir aos necessitados, ele a questionou e ela disse que só levava rosas – esquecendo ser inverno – e, ao abrir a sacola, de fato apareceram rosas.

De outra vez, a sogra o avisou de que Isabel estava a cuidando de um leproso no seu próprio quarto, mas ao entrar Ludwig encontrou sobre o leito Cristo crucificado, em quem o leproso se transformara.

Apesar das dificuldades, o casamento foi muito feliz. Ludwig porém faleceu de peste, na Itália, quando ia para as cruzadas na Terra Santa. Então a sogra e parentes do marido a expulsaram da corte com os filhos, pretextando de que ela esbanjava os bens da família, quando Isabel, por causa de um período de carência de víveres na região, sustentou pelos cofres públicos a centenas de pobres.

Acolhida finalmente, sem nada mais ter, no Convento Cisterciense de Ktizingen, onde uma sua tia era abadessa, Isabel decidiu confiar a seus parentes a educação dos filhos, Hermano, Sofia e Gertrudes, e tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Confrontados por companheiros de Ludwig nas cruzadas, os seus irmãos, os príncipes, arrependeram-se, pedindo perdão a Isabel e restituindo-lhe os bens. Ela porém preferiu viver na pobreza, numa modesta residência em Marburg, onde, com o valor da sua herança, mandou construir um hospital. Morreu em 1231, aos 24 anos: foi noiva aos 14, mãe aos 15 e viúva aos 20. Por causa dos milagres ocorridos no seu túmulo, foi canonizada já em 1235, e declarada padroeira da Ordem Terceira Franciscana.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Isabel foi tão especial quanto singular foi a sua vida, curta e responsável. Desde nova demonstrou extraordinária espiritualidade, que a levou a ser a única soberana recusando-se a usar a coroa na cerimônia de casamento, dentro da igreja, alegando que não poderia usar objeto tão precioso e símbolo da realeza diante de Cristo, nosso Rei coroado de espinhos. De origem real, sua maior nobreza foi a santidade, que partilhava com outras pessoas da família (Santa Edwiges, Santa Inês da Boêmia, etc.), manifesta especialmente na caridade com os pobres. Dela disse o Papa Bento XVI: “E como tinha descoberto realmente a Deus, e Cristo não era para ela uma figura distante, mas o Senhor e o Irmão da sua vida, encontrou a partir de Deus o ser humano, imagem de Deus. Essa é também a razão porque quis e pôde levar aos homens a justiça e o amor divinos. Só quem encontra a Deus pode também ser autenticamente humano”. (Da homilia na igreja de Santa Isabel da Hungria de Munique, 2 de dezembro de 1981).

Oração:

Deus, nosso Pai, Santa Isabel foi um conforto para os pobres e defensora dos desesperados. A ninguém negava sua caridade e o apoio nas horas difíceis. Colocou a serviço dos necessitados todas as suas riquezas. Transformai também o nosso interior, para que sejamos luz para o mundo de hoje, como Santa Isabel o foi para o seu tempo. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 16 de novembro de 2025

TEOLOGIA: O desconhecido além da palavra (Parte 1/3)

Imagens do Lecionário de St. Trond, Bélgica, meados do século XII. M.883, f.62v., preservado na Biblioteca Pierpont Morgan, Nova Iorque. Pentecostes | 30Giorni.

TEOLOGIA

Arquivo 30Dias nº 01 - 2003

O desconhecido além da palavra

Considerações sobre o Espírito Santo.

Por Rino Fisichella

"O Desconhecido que vem além da Palavra." Esta é a expressão mais concisa com que um teólogo de Hans Urs von Balthasar poderia falar do Espírito Santo. Que o Espírito Santo seja um "Desconhecido" pode ser verdade por pelo menos duas razões: a primeira, teológica, é determinada pelo fato de que nunca antes fomos colocados diante do mistério. Ele é o Espírito do Amor e inevitavelmente nos conduz de volta à sublimidade da própria essência de Deus, revelada por Jesus Cristo. A linguagem humana é severamente limitada por suas palavras, sempre aprisionada dentro dessa "gaiola" — para usar a expressão de Ludwig Wittgenstein — que nos impede de expressar o que constitui a essência do mistério. Com razão, portanto, nossos irmãos orientais sugerem que é melhor invocar o Espírito do que falar dele; ele, na verdade, é uma graça concedida pelo amor do Pai. Dessa perspectiva, portanto, é importante enfatizar que, para ter uma compreensão coerente desse mistério, é crucial adquirir uma atitude de admiração e recepção silenciosa.

A segunda razão é mais histórica e decorre do fato de que, durante muito tempo, a teologia negligenciou a inteligência do Espírito Santo. Isso resultou em uma teologia fraca, carente da centralidade do mistério trinitário e, portanto, fragmentada em sua exposição dos diversos mistérios que compõem a fé. A marginalização do tema do Espírito à esfera exclusiva da espiritualidade, por exemplo, impediu a obtenção de uma teologia coerente dos ministérios e dos leigos. A recuperação do lugar central que os estudos sobre o Espírito Santo merecem permitiu-nos verificar, nas últimas décadas, o quanto o traçado da teologia foi atrasado, tanto em sua correspondência com a missão eclesial quanto em dar voz ao poder da profecia.

Quem é, então, o Espírito Santo? “Se queres saber qual deve ser o teu pensamento sobre o Espírito Santo, precisas voltar aos apóstolos e aos Evangelhos, com os quais e nos quais tens certeza de que Deus falou” ( O Espírito Santo , I, 9). Este texto de Fausto, bispo de Riez em meados do século V (452/460?), permite ao teólogo redescobrir o método correto para balbuciar algo sobre o mistério do Espírito de Cristo. "Retorne aos apóstolos e aos Evangelhos." Eis a fonte original da fé cristã: Tradição e Escritura em sua unidade inseparável e na plena reciprocidade que nos permite apreender a única Palavra que Deus dirigiu à humanidade (cf. Dei Verbum 9).

«Examinemos agora as noções atuais que temos sobre o Espírito Santo, tanto as que foram extraídas das Escrituras quanto as que nos foram transmitidas pela tradição oral dos Padres... O Espírito Santo é chamado de Espírito de Deus, Espírito da verdade que procede do Pai, Espírito reto, Espírito que guia.

Seu nome mais apropriado é Espírito Santo, porque este nome indica o ser mais incorpóreo, mais imaterial e mais isento de composição. Pois o Senhor ensinou à mulher samaritana, que estava convencida de que Deus deveria ser adorado em um lugar, que o incorpóreo não pode ser contido por limites, e disse-lhe: “Deus é espírito”. Portanto, quem ouve a palavra “Espírito” não pode imaginar uma natureza limitada, sujeita a mudanças e variações, ou semelhante em todos os aspectos a uma coisa criada». Estas são as palavras de São Basílio, monge e bispo de Cesareia, que em 375 escreveu seu tratado Sobre o Espírito Santo .»

Sabemos que a Escritura fala preferencialmente do Espírito como "ruah": "sopro", "ar", "espírito", "vento", "sopro"... todas realidades cujo som, para usar as palavras de Jesus, "ouvis, mas não sabes de onde vem nem para onde vai" ( Jo 3,8); percebemos, portanto, a sua presença e o seu poder, mas não podemos dizer mais, porque ele está envolto no mistério da vida de Deus. O Concílio de Constantinopla, ao professar: "Ele é o Senhor e o Doador da Vida", procura dar substância ao ensinamento da Sagrada Escritura, que sempre coloca o Espírito em relação com a vida. O salmista explicita o texto do Gênesis quando atesta: "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o seu exército pelo sopro da sua boca" ( Sl 33,6). O Espírito, em suma, é o sopro que sai da boca de Deus e cria todas as coisas, dando vida.

O gênio de Michelangelo, no afresco da Capela Sistina, dará forma artística a este ensinamento. O "digitus paternae dexterae" do Veni Creator é o que dá vida ao homem e sustenta todas as coisas (cf. Sl 8,5). É tão verdade que, "se Deus retirasse o seu espírito e lhe tirasse o fôlego, toda a carne morreria juntamente, e o homem voltaria ao pó" (  34,14). Em suma, o Espírito é o poder e a força de Deus; por meio dele tudo vem à luz e tudo se completa.

O Espírito Santo, portanto, é o protagonista de toda a história da salvação. Sempre que Deus intervém entre o seu povo para libertá-lo e mostrar-lhe o cumprimento das suas promessas, é sempre o Espírito que o acompanha. É pelo seu poder que as batalhas são vencidas; da mesma forma, é pela sua força que se vencem as batalhas. É ele quem transforma os homens, capacitando-os a cumprir a missão que receberam. É, novamente, o Espírito que "vence Gideão" ou que "penetra em Sansão", dando a cada um a força necessária para a vitória. É sempre o mesmo Espírito que desce sobre o rei, o coroa e o protege para que ele possa reinar em nome de Deus sobre o seu povo: "o Espírito do Senhor repousou sobre Davi daquele dia em diante" ( 1 Samuel 16:13).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF