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segunda-feira, 18 de março de 2024

Estresse: pare de viver como se tudo dependesse de você!

PeopleImages.com - Yuri A | Obturador
Javier Fiz Pérez publicado em 18/12/17 atualizado em 17/03/24
O estresse pode estar associado à felicidade? Compartilhamos a resposta abaixo. Existem dois tipos de estresse e mesmo que você não acredite, nem sempre é ruim.

Como está o seu dia? Quantos eventos você planejou? Suas listas de tarefas são infinitas? Quantas você tem? A do trabalho, a das tarefas, a da casa, a dos filhos e um longo etc.

É muito comum passarmos por momentos em que a ansiedade nos condiciona e deixamos de ser tão eficazes como normalmente somos. Isso acontece quando sentimos mais estresse do que o normal.

Felizmente, existem dois elementos que funcionam totalmente a nosso favor.Por um lado, nem todo o stress que sentimos é negativo; e por outro lado, qualquer situação estressante pode ser gerenciada e superada.

fizques | Obturador

Tipos de estresse

Nesse sentido, pode ser útil lembrar a classificação que a psicologia faz dos tipos de estresse que distingue entre estresse positivo e sofrimento. E, como já mencionamos, nem todo estresse que sentimos é negativo.

1
ESTRESSE POSITIVO

Ao contrário do que se acredita, o estresse nem sempre prejudica quem o sofre. Esse estresse deixa a pessoa afetada motivada e com muito mais energia.Um bom exemplo seria uma competição esportiva onde os participantes devem ter um ponto de vitalidade para poderem sair vitoriosos. Esse estresse está associado a emoções positivas, como a felicidade.

2
ANGÚSTIA OU ESTRESSE NEGATIVO

Quando sofremos de angústia, antecipamos uma situação negativa acreditando que algo vai dar errado, o que gera uma ansiedade que nos paralisa completamente.O estresse negativo nos desequilibra e neutraliza os recursos que em situações normais teríamos à nossa disposição, o que acaba gerando tristeza, raiva, nervosismo, etc.

Vale lembrar que o estresse é uma reação que pode causar sérios problemas de saúde.Foi demonstrado que várias condições crónicas, perturbações psicossomáticas e de saúde mental (problemas cardíacos, ansiedade, depressão, etc.) estão intimamente relacionadas com o stress.

Embora o termo estresse pareça muito moderno, a origem etimológica da palavra é muito antiga, assim como a própria presença do estresse no comportamento humano.

Técnicas de relaxamento

Ljupco Smokovski | Obturador

Diante de uma presença constante e aguda de sentimentos de estresse, temos a possibilidade de aplicar diversas estratégias para enfrentá-lo de forma eficaz, principalmente se as praticarmos e conseguirmos o domínio da técnica.

1
ORGANIZAÇÃO DE TEMPO E AGENDA COM BASE EM PRIORIDADES

Nem tudo na vida tem a mesma importância, principalmente quando temos listas intermináveis ​​de coisas para fazer. A vida e a organização social nos concentram no uso do tempo, muitas vezes esquecendo que os dias duram 24 horas. Cabe a nós determinar o uso do nosso tempo.

2
ATENÇÃO PLENA

Tomar consciência de nós mesmos, do momento que vivemos e do nosso presente como circunstância no contexto da nossa vida. Trata-se de desativar o estresse com maior controle do pensamento através de breves minutos de reflexão sobre o momento que vivemos e sobre nós mesmos.

3
RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA

É uma das técnicas clássicas de desativação que geralmente funciona melhor. Respire com calma, respirações profundas e lentas para acalmar os batimentos cardíacos e tomar consciência de nós mesmos.

4
PSICOLOGIA POSITIVA

Possui ferramentas poderosas que comprovadamente são eficazes no gerenciamento do estresse. O importante é escolher aquele que for mais confortável e fácil de aplicar até aprendermos a utilizá-lo quando necessário.

O bom senso é o nosso grande aliado, aliado à firme vontade de pensar as coisas antes de fazê-las, mantendo uma distância saudável de tudo o que acontece ao nosso redor. Se estivermos dentro do problema, somos parte dele e será difícil conseguirmos a visibilidade necessária para dar a cada circunstância o peso que necessita.

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Fonte: https://es.aleteia.org/

EXEGESE: «A fé exige o realismo dos acontecimentos» (I)

José Ratzinger (30Giorni)

Revista 30Dias – 06/2003

O discurso do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da constituição da Pontifícia Comissão Bíblica

«A fé exige o realismo dos acontecimentos»

“A opinião de que a fé como tal não sabe absolutamente nada sobre os fatos históricos e deve deixar tudo isso para os historiadores é gnosticismo”. A intervenção do Cardeal Joseph Ratzinger. prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. por ocasião do centenário da criação da Pontifícia Comissão Bíblica.

por Joseph Ratzinger

Não escolhi o tema do meu artigo apenas porque faz parte das questões que por direito pertencem a uma retrospectiva dos cem anos da Pontifícia Comissão Bíblica, mas porque também se enquadra, por assim dizer, nos problemas da minha biografia: há mais de meio século o Meu caminho teológico pessoal move-se no âmbito determinado por este tema.

No decreto da Congregação Consistorial de 29 de junho de 1912 De quibusdam commentariis non admittendis encontram-se dois nomes que cruzaram a minha vida. Na verdade, a Introdução ao Antigo Testamento do professor de Freising, Karl Holzhey, é ali condenada; ele já estava morto quando comecei meus estudos de teologia na colina da Catedral de Freising, em janeiro de 1946, mas anedotas eloquentes sobre ele ainda circulavam. Ele deve ter sido um homem bastante cheio de si e sombrio. O segundo nome mencionado é-me mais familiar, o de Fritz Tillmann, editor de um Comentário do Novo Testamento definido como inaceitável. Nesta obra, o autor do comentário aos sinópticos foi Friedrich Wilhelm Maier, amigo de Tillmann, então professor livre em Estrasburgo. O decreto da Congregação Consistorial estabeleceu que estes comentários expungenda omnino esse ab Institutione Clericorum. Comentário , do qual encontrei uma cópia esquecida quando era estudante no seminário menor de Traunstein, teve de ser banido e retirado do mercado porque Maier apoiava, para a questão sinóptica, a chamada teoria das duas fontes , que hoje é aceito por quase todos. Isso, na época, também determinou o fim das carreiras científicas de Tillmann e Maier. No entanto, ambos foram autorizados a mudar de disciplina teológica. Tillmann aproveitou esta oportunidade e mais tarde tornou-se um importante teólogo moral alemão. Juntamente com Theodor Steinbüchel e Theodor Müncker editou um manual de teologia moral de vanguarda, que tratou esta importante disciplina de uma nova forma e a apresentou de acordo com a ideia básica da imitação de Cristo. Maier não quis aproveitar a possibilidade de mudar de disciplina; ele estava de fato dedicado de corpo e alma para trabalhar no Novo Testamento. Tornou-se assim capelão militar e como tal participou na Primeira Guerra Mundial; mais tarde trabalhou como capelão em prisões até 1924, quando, com a autorização do arcebispo de Breslau (hoje Wroclaw), cardeal Bertram, num clima agora mais descontraído, foi chamado para a cátedra de Novo Testamento na faculdade teológica de o lugar . Em 1945, quando aquela faculdade foi extinta, junto com outros colegas, chegou a Munique, onde o tive como professor.

A ferida de 1912 nunca cicatrizou completamente nele, embora agora pudesse ensinar sua matéria praticamente sem problemas e fosse apoiado pelo entusiasmo de seus alunos, aos quais conseguiu transmitir sua paixão pelo Novo Testamento e sua correta interpretação. De vez em quando, lembranças do passado apareciam em suas aulas. Acima de tudo, ficou na minha memória uma expressão que ele pronunciou em 1948 ou 1949. Dizia que agora podia seguir livremente a sua consciência de historiador, mas que a liberdade total de exegese com que sonhava ainda não tinha sido alcançada. Disse também que provavelmente não conseguiria ver isto, mas que pelo menos queria, como Moisés do Monte Nebo, poder lançar o olhar sobre a Terra Prometida de uma exegese liberta de qualquer controlo e condicionamento do Magistério. Sentimos que a alma deste homem culto, que levou uma vida sacerdotal exemplar, fundada na fé da Igreja, foi pesada não só por aquele decreto da Congregação Consistorial, mas também pelos vários decretos da Comissão Bíblica - sobre o Autenticidade mosaica do Pentateuco (1906), sobre o caráter histórico dos três primeiros capítulos do Gênesis (1909), sobre os autores e a época de composição dos Salmos (1910), sobre Marcos e Lucas (1912), sobre o sinóptico questão (1912), e assim por diante – dificultou seu trabalho como exegeta com restrições que considerava indevidas. Ainda persistia a impressão de que os exegetas católicos, devido a tais decisões magisteriais, eram impedidos de realizar trabalhos científicos sem restrições, e que assim a exegese católica, comparada à exegese protestante, nunca poderia estar inteiramente à altura dos padrões dos tempos e a sua seriedade científica era, em alguns aspectos, com razão, duvidado pelos protestantes. Naturalmente, houve também uma influência na crença de que uma obra estritamente histórica seria capaz de apurar com segurança os dados factuais objetivos da história, na verdade, que esta era a única maneira possível de compreender os livros bíblicos no seu sentido próprio, o que, precisamente, são livros históricos. Para ele, a confiabilidade e a inequívocaidade do método histórico eram tidas como certas; a ideia de que pressupostos filosóficos também entravam em jogo neste método e de que uma reflexão sobre as implicações filosóficas do método histórico poderia tornar-se necessária nem sequer lhe ocorreu. Para ele, como para muitos de seus colegas, a filosofia parecia um elemento perturbador, algo que só poderia poluir a pura objetividade do trabalho histórico. Não lhe foi apresentada a questão hermenêutica, ou seja, não se questionou até que ponto o horizonte do questionador determina o acesso ao texto, sendo necessário esclarecer, antes de mais nada, qual é a forma correta de perguntar e como. é possível purificar o próprio pedido. Precisamente por isso, o Monte Nebo certamente lhe teria reservado algumas surpresas totalmente fora do seu horizonte.

Agora gostaria de tentar subir, por assim dizer, junto com ele ao Monte Nebo para observar, a partir da perspectiva daquela época, a terra que atravessamos nos últimos cinquenta anos. A este respeito, talvez seja útil recordar a experiência de Moisés. O capítulo 34 do Deuteronômio descreve como no Monte Nebo é concedido a Moisés um vislumbre da Terra Prometida, que ele vê em toda a sua extensão. É, por assim dizer, um olhar puramente geográfico e não histórico que lhe é concedido, mas pode-se dizer que o capítulo 28 do mesmo livro apresenta um olhar não sobre a geografia, mas sobre a história futura na e com a terra, e que aquele capítulo oferece uma perspectiva muito diferente e muito menos consoladora: «O Senhor vos espalhará por todos os povos, de uma ponta à outra [...]. Entre essas nações não encontrareis alívio e não haverá lugar de descanso para as plantas dos pés” ( Dt 28, 64ss). O que Moisés viu nesta visão interior poderia ser resumido da seguinte forma: a liberdade pode destruir-se a si mesma; quando perde o seu critério intrínseco, autossuprime-se.

O discurso do Cardeal Ratzinger
foi proferido no Augustinianum em 29 de abril de 2003.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Dia dos Missionários Mártires, a recordação de Ezequiel Ramin assassinado na Amazônia

Lembrança de Ezequiel Ramin em vista do Dia dos Missionários Mártires 2024, a ser celebrado em 24 de março (Reprodução c. copyright Família Ramin/TeM/Missionários Combonianos) | Vatican News

O missionário italiano, assassinado há 39 anos, estará no centro das iniciativas promovidas pelas dioceses de Roma e Porto-Santa Rufina em vista do próximo Dia dedicado aos religiosos, religiosas e leigos que deram a vida pelo Evangelho e pelos irmãos e irmãs. O programa inclui duas Via Sacras, uma exposição com desenhos feitos pelo próprio Ramin e uma conferência intitulada "Guardiões do jardim". Irmã Antonietta Papa, representante da UISG: agora cabe a nós manter vivo o testemunho deles.

Adriana Masotti – Vatican News

Por ocasião do 32º "Dia dos Mártires Missionários", no próximo dia 24 de março, várias iniciativas recordarão o empenho, até o dom da própria vida, de missionários e missionárias que, em diversas partes do mundo, defenderam os últimos pelo reconhecimento de sua dignidade e de seus direitos, muitas vezes ligados à sua terra. Serão organizados também numerosos encontros nas dioceses de Roma e Porto-Santa Rufina, dedicados de modo especial ao sacerdote comboniano Ezequiel Ramin, conhecido como Lele, assassinado na Amazônia em 24 de julho de 1985, e àqueles que, como ele, abraçaram a cruz do martírio em missão pela nossa casa comum.

Via Sacra "Mártires da Terra

O primeiro evento da série foi a Via Sacra Missionária intitulada "Mártires da Terra", que se realizou no último dia 15 de março, no Jardim Laudato Si' das Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, em Roma. O evento foi promovido pela Comissão "Justiça, Paz e Integridade da Criação" da UISG - USG, pelo Escritório de Cooperação Missionária entre as Igrejas da Diocese de Roma, pela Terra e Missione e pelo Movimento Laudato si'. Em cada estação, a memória de um dos mártires da América Latina e um dos direitos violados na Amazônia em relação às pessoas ou ao meio ambiente, por meio do desmatamento e da exploração de petróleo.

Via Sacra "Mártires da Terra" no Jardim Laudato Si' das Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, em Roma | Vatican News

Exposição "Paixão Amazônica" em Roma e Porto-Santa Rufina

Para a ocasião, explica o comunicado dos organizadores, na presença dos dois co-secretários executivos da Comissão USG e UISG, irmã Maamalifar M. Poreku e padre Roy Thomas, será inaugurada a exposição "Paixão Amazônica", com curadoria de Terra e Missione, da família Ramin e da família Comboniana, com os desenhos feitos pelo missionário: serão expostos 12 painéis. A exposição será depois transferida para a diocese de Porto-Santa Rufina onde, na sexta-feira, 22 de março, às 19h30, será repetida a celebração da Via Sacra "Mártires da Terra" no Jardim Laudato si' da Paróquia da Natividade de Maria Santíssima (na Via Santi Martiri di Selva Cândida, no Município de Roma). O momento de oração, conduzido pelo padre Federico Tartaglia, diretor do Centro Missionário Porto-Santa Rufina, contará com a presença dos irmãos de Ezequiel Ramin e da irmã Giovanna Dugo sfma, que manteve uma estreita troca de cartas com o padre Lele durante seus anos missionários na Amazônia.

O missionário, servo de Deus, Ezequiel Ramin | Vatican News

A conferência "Guardiões do Jardim”

Finalmente, no sábado, 23 de março, das 9h às 13h, na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação "Auxilium", em Roma, será realizada a conferência "Guardiões do Jardim", com o tema "Mártires da justiça ambiental e da exploração dos recursos". O evento contará com a presença de dom Gianrico Ruzza, bispo das dioceses de Porto-Santa Rufina e Civitavecchia-Tarquinia; Piera Ruffinatto fma, decano da Faculdade Auxilium; padre Adelson Araújo dos Santos SJ, teólogo e professor de espiritualidade na Pontifícia Universidade Gregoriana; padre Giulio Albanese, diretor do Escritório de Comunicações Sociais e do Escritório Missionário da diocese de Roma; os jornalistas Gianni Beretta, Lucia Capuzzi e Toni Mira; e os irmãos de Ezequiel Ramin.

"A vida é bela e estou feliz em dá-la", escreveu Ezequiel Ramin, agora servo de Deus, morto por defender os direitos dos índios Suruí e dos camponeses sem terra, em uma de suas cartas. A irmã Antonietta Papa, uma missionária italiana que conheceu Ramin durante sua missão no Brasil, falou à mídia do Vaticano sobre ele e seu trabalho. A irmã Antonietta, das Filhas de Maria Missionárias, vive agora entre Roma e Lampedusa e é a pessoa de contato do projeto "Migrantes Sicília" da UISG, União Internacional das Superioras Gerais.

Irmã Antonietta, a senhora esteve em missão no Brasil e conheceu bem padre Ramin: pode nos contar algo sobre ele e seu compromisso?

Conheci Ezequiel desde o momento em que ele chegou ao local onde viveu seu curto período no Brasil. Eu o conheci em sua função de padre nas celebrações e quando ele às vezes vinha conosco para a floresta amazônica, onde todas as comunidades de índios e camponeses estão espalhadas. Ele tinha um jovem em sua paróquia que queria ser batizado e receber a Eucaristia, mas tinha muitas dificuldades e, por isso, o padre Ezequiel o enviou a mim, dizendo-me em uma carta que ficasse atento a esse jovem - e isso revela muito sobre a espiritualidade de Ezequiel, que era capaz de uma ação pastoral firme, com certeza, mas, ao mesmo tempo, adaptada à pessoa - e propôs um caminho progressivo para ele, sem pressa, justamente para que esse menino se tornasse um verdadeiro cristão.

Nessa carta, ele escreve: "descobri algo belo na vida: a fé em Deus nos leva à ação. Deixei para trás, na Itália, o pensamento e a ação espiritual que tanto me preocupavam, e me sinto mais livre e mais maduro". Aqui, acredito que, a partir dessa observação das pessoas e, acima de tudo, do compromisso com os índios - com os quais ele criou uma amizade tão grande que o chefe Suruí o chamava de "irmão, meu irmão" -, compreende-se que Ramin era realmente uma pessoa que amava profundamente essa terra, Ele amava essa terra, onde mais tarde foi morto, mas a amava com o coração, a mente e a inteligência, a inteligência para entender rapidamente o que estava acontecendo e como os "grandes" estavam tentando dividir os pequenos para que os colonos pudessem tomar posse da terra, dos índios e dos camponeses. Ele percebeu isso imediatamente.

Evidentemente, a ação de Ezequiel foi incômoda. Em resumo, lembre-nos quais foram os direitos que ele viu serem negados às pessoas na Amazônia?

Os direitos negados eram os direitos à terra para os camponeses, os direitos dos índios. Naquela época, os índios eram considerados, e talvez ainda sejam um pouco, como bicho do mato, ou seja, animais da floresta, sem a dignidade de uma pessoa, simplesmente não eram gente! Isso foi o que impressionou Ezequiel, o que impressionou cada um de nós, e vocês podem ver isso nos desenhos que ele produziu durante esse período em que esteve lá com eles, observando-os, conversando, especialmente com os índios, dos quais ele tinha grande conhecimento.

Além de Ramin, há outros missionários que hoje são chamados de "mártires da terra". A senhora chegou a conhecer alguns deles. Pode ao menos citar o nome deles?

É claro, conheci Josimo Tavares, um padre brasileiro que tive a oportunidade de conhecer em algumas reuniões sempre sobre a pastoral da terra, e Maurizio Maraglio, um missionário de Mântua com quem costumávamos nos escrever o tempo todo. Um dia recebi uma carta dizendo: "Maurizio não pode lhe responder porque foi assassinado", e o assassinato foi justamente por causa desse assunto da pastoral da terra, sobre o qual costumávamos falar tanto juntos. Mas também quero me lembrar, embora não a tenha conhecido diretamente, de Dorothy Stang, essa missionária estadunidense que lutou tanto pelos agricultores da Amazônia brasileira. Ela também foi morta em 2005, tinha 73 anos e ainda lutava pela terra. Realmente uma grande mulher! Portanto, homens e mulheres que lutaram pela floresta amazônica, para que ela fosse preservada, para que ela fosse valorizada.

Retrato de um homem Suruí, desenho de Ramin. Reprodução reservada © copyright Família Ramin/TeM/Missionários Colombianos | Vatican News

A senhora mencionou anteriormente que Ramin adorava desenhar e algumas de suas obras estarão expostas em Roma e na diocese de Porto Santa Rufina. O que o desenho significava para ele e o que ele queria comunicar?

Ele observava muito as pessoas. Nessa exposição, podemos ver a paixão de Cristo que ele tentava ver nesses olhares. Ele viu os rostos, mas também as atitudes desses índios que eram tão explorados, tão maltratados e aniquilados por tudo ao seu redor. E ele disse que viu em seus olhares a primavera que estava chegando. Apesar de ainda estarmos no meio do inverno, ele conseguia entender e ver os brotos que estavam nascendo no que ele estava desenhando, e comparava esses rostos com o de Cristo na cruz. Lembro-me de que costumávamos vê-los passando à nossa frente, esses camponeses que haviam sido mortos e amarrados a uma estaca, e assim era o Cristo crucificado.

Flagelação, desenho de Ezequiel Ramin. Reprodução reservada © copyright Família Ramin/TeM/Missionários Combonianos | Vatican News

Em recordação de Ramin, mas também de outros mártires da Terra, a UISG promoveu uma Via Sacra: que mensagem vocês querem transmitir com esse momento?

Para nós, a Via Sacra é importante porque retrata todos esses mártires que deram suas vidas pela causa da terra, mas não é só a terra: a terra é onde vivemos e estamos. E para esses índios, para esses agricultores, a terra é a mãe. A Via Sacra refaz o caminho dos vários missionários que deram suas vidas por ela. Para nós, a Via Sacra é realmente um caminho que nos convida a ser mulheres e homens de fé, mulheres e homens que trilham o caminho de Cristo, sabendo que estão guardando o que Deus, o Pai, nos confiou desde o Gênesis.

Desde 1980, ano em que São Oscar Romero foi morto, o "Dia dos Missionários Mártires" é celebrado. A ênfase no martírio da terra no Dia deste ano é muito oportuna porque vincula o cuidado com o meio ambiente aos direitos das pessoas, ou seja, nos faz entender melhor a conexão entre a vida de homens e mulheres e o território em que cada um vive...

Exatamente, é isso mesmo. Talvez na década de 1980 a consciência disso fosse muito menos difundida, estávamos apenas começando a ter a consciência de que o território em que vivemos é a nossa própria vida, é a vida para nós. Porque dentro da floresta amazônica, além dos animais, das pessoas, nós vivemos juntos, é um ambiente vital.

Não consigo encontrar outra palavra a não ser "vida", essa cultura da terra da qual estamos nos apropriando gradualmente de forma mais completa hoje.

Mas todas essas pessoas que deram suas vidas pela Terra compreenderam plenamente esse valor e, portanto, hoje somos suas testemunhas e devemos transmiti-lo aos outros. Devemos ser aqueles que levam essa missão adiante para não arruinar totalmente este nosso ambiente. Também vejo isso em Lampedusa, onde estou agora.... É a mesma coisa: o Mediterrâneo, a floresta amazônica, a floresta do Congo, as florestas da Índia: todas essas regiões são sagradas porque nos permitem viver, respirar, ser nós mesmos. Não sei como explicar melhor essa paixão que agora está dentro de cada um de nós.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Jerusalém

São Cirilo de Jerusalém (A12)
18 de março
São Cirilo de Jerusalém

Cirilo nasceu por volta do ano 315 em Jerusalém ou em seus arredores. Teve um lar cristão, com uma vida financeira confortável, e recebeu uma sólida formação nas Sagradas Escrituras e em matérias humanísticas. Em 348 foi eleito bispo, patriarca de Jerusalém. Enormes foram suas contribuições para o ensinamento da sã Doutrina.

Deixou diversos escritos, como a descoberta da Cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro, mas os mais famosos deles, sua obra-prima, foram as "Catequeses", que estão entre os mais preciosos tesouros da antiguidade cristã; duas importantes constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Lumen Gentium sobre a Igreja, e a Dei Verbum sobre a Revelação Divina, foram inspiradas em seus escritos.

Suas catequeses foram redigidas como parte da preparação dos catecúmenos para o batismo, à qual se dedicou por muitos anos e com muito cuidado. Elas tratam com rigor doutrinal e profundidade, mas de forma simples e direta, temas como o pecado, os Sacramentos, o Credo e outros pontos essenciais da Fé. Constituem-se de uma Introdução, 23 “Aulas Catequéticas”, “Orações Catequéticas” ou “Homilias Catequéticas”, e cinco “Catequeses Mistagógicas”.

As "Aulas Catequéticas", ministradas na Quaresma, instruem sobre os principais tópicos da fé e da prática cristã. Cada aula baseia-se num texto das Escrituras e inclui admoestações contra concepções pagãs, judias e erros heréticos. Elas são de grande importância para o entendimento do método de ensino e das práticas litúrgicas geralmente utilizados na época, provavelmente o seu mais completo registro sobrevivente. As "Catequeses Mistagógicas", ministradas durante a semana de Páscoa para os que haviam recebido o batismo (neófitos), têm este nome por tratarem dos "mistérios" , ou seja, os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia.

O episcopado de Cirilo, entre 350 e 386, sofreu interrupções por conta das perseguições arianas, num total de 16 anos. A heresia ariana negava a divindade de Jesus. Foi exilado pela primeira vez em 357, pelo bispo ariano Acácio de Cesaréia da Palestina, que pretendia que a sede de Jerusalém fosse submetida à sua: convocou um concílio, sem a presença de Cirilo, acusando-o formalmente de vender propriedades da Igreja para ajudar os pobres, e lhe impôs um retiro forçado na cidade de Tarso, na Cilícia. Mas em 359 o concílio episcopal de Selêucia reinstalou Cirilo e depôs Acácio. Foi expulso pela segunda vez em 360, por causa das pressões de Acácio sobre o imperador filo-ariano, Constâncio. Retornou com a morte do soberano. Em 367 o imperador ariano Valente o condenou ao mais longo – 11 anos – e cruel exílio, encerrado definitivamente quando Graciano assumiu o trono em 378. Assim, em 381, Cirilo pôde participar do II Concílio Ecumênico de Constantinopla, que o confirmou na sede de Jerusalém, e quando foi proclamado o Credo Niceno-Constantinopolitano, que explicitava e corrigia em definitivo o erro ariano.

 São Cirilo morreu em 386, provavelmente no dia 18 de março, com 71 anos. Foi proclamado Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Ide ao mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16,15).” Esta é uma ordem explícita de Jesus, Ressuscitado, aos Apóstolos. A catequese é uma obrigação e a maior caridade que se pode fazer, pois muitas almas não chegam a Deus simplesmente porque não há quem lhes transmita a Verdade (cf. Rm 10,14-17). É preciso difundir a Fé pelo exemplo e pela palavra, em harmonia e coerência, mas se a nossa imperfeição muitas vezes atrapalha os bons exemplos, a palavra de Deus está sempre certa (incluindo a advertência sobre estas falhas no exemplo). Não se pode pretender – o que seria imenso pecado! – levar os outros a Deus sem nos esforçarmos ao máximo para sermos os primeiros a viver o que vamos pregar, mas mesmo Cristo (cf. Mt 23,3) orientou a que se seguisse a lei de Deus, mesmo que os fariseus, que a ensinavam, não a cumprisse. Essencial é sempre pregar, quando conveniente ou não – cf. 2Tm 4,1-7 –, pois, como admoesta São Paulo, virão tempos em que os homens não suportarão a Boa Nova da Verdade e buscarão mestres que ensinem segundo as paixões das suas próprias fantasias, a tarefa pastoral mais importante no tempo de São Cirilo era catequizar os pagãos; mas as palavras de São Paulo parecem escritas especialmente para os nossos dias, e, infelizmente, não apenas para outros, mas primeiramente para os católicos, dentre os quais há quem pensa poder “escolher” só alguns pontos da Doutrina e não seguir o resto. Agir de acordo com a própria consciência é um direito, mas é questão de simples honestidade, intelectual e espiritual, assumir que não se é católico, quando não se quer seguir – ou mesmo conhecer de verdade – o ensinamento de Deus e da Igreja. Conhecer a Fé não exige uma titulação acadêmica em Teologia, mas interesse e empenho sinceros de saber o Catecismo e nele sempre mais se aprofundar, dentro das possibilidades de cada um. Não se pode amar o que não se conhece; e não conhecer corretamente a Deus e o que Ele ensina, talvez por desinteresse ou comodismo, é já um caminho de escolher não amá-Lo.

Oração:

Senhor Deus, que Vos fizestes Verbo, Encarnado para escrever a salvação em nossos corações, concedei-nos por intercessão de São Cirilo ouvir com amor e atenção a Vossa Palavra, guardá-La na alma e proclamá-La por nossas vozes e ações, sendo como dizia este santo “portadores de Cristo”, de modo a termos nossos nomes grafados no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Perdoar sempre (a ovelha desgarrada) - Cap. 34

Nazareno (Vatican News)

Cap. 34 - Perdoar sempre (a ovelha desgarrada)

O verão já terminou e a Festa dos Tabernáculos está se aproximando. De volta a Cafarnaum, Jesus alterna entre encontrar as multidões e conversar com seus amigos. Certa tarde, Jesus os faz entender o poder da oração, assegurando-lhes que sempre estaria presente entre os que se reunissem em seu nome: " Em verdade ainda vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. Ele repete as razões profundas de sua vinda: "Se alguém tiver cem ovelhas e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes e irá procurar a que se extraviou? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura da extraviada? Se consegue achá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria com ela do que com as noventa e nove que não se extraviaram. Assim também, não é da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um desses pequeninos se perca". Os apóstolos olham uns para os outros com ar de interrogação. Pedro se aproxima do Mestre e lhe diz: "Senhor, se meu irmão cometer ofensas contra mim, quantas vezes devo perdoá-lo? Até sete vezes?" Ele lhe responde: "Não lhe digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete". Ou seja, sempre. Assim como Deus faz. E aquele que é agraciado com misericórdia é solicitado a olhar para seu irmão ou irmã da mesma forma. Não se pode pedir perdão a Deus e depois fechar o coração para o irmão que pede perdão.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/03/15/11/137783004_F137783004.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 17 de março de 2024

Momento histórico: um Bispo para a Ilha de Chipre depois de 340 anos

Cardeal Pierbattista Pizzaballa durante a Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano (Foto: GPO)

“Um momento histórico” foi a definição do Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa durante a Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano, neste sábado 16 de março no Centro Filoxenia de Nicósia, em Chipre.

Lurdinha Nunes e Silvia Giuliano

Presidiu a celebração S.B cardeal Pizzaballa junto com os consagrantes:  o cardeal Fortunato Frezza, o arcebispo Maronita de Chipre, dom Selim Jean, o cardeal Américo Aguiar de Lisboa e o cardeal Odillo Scherrer de São Paulo. Presentes em grande número para concelebrar autoridades eclesiásticas da Igreja Latina e Oriental de todo o mundo, S.B. Fouad Twal, patriarca emérito de Jerusalém dos Latinos, dom Giovanni Pietro Dal Toso, núncio apostólico na Jordânia e Chipre, dom  Adolfo Tito Ylana, núncio apostólico em Israel e Chipre, o exarca maronita  dom Edgar Madi, de São Paulo, frei Francesco Patton, custódio da Terra Santa com um grande número de frades de todo o território da Custódia franciscana. Participaram também muitas autoridades políticas da Ilha.

Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano (Foto: GPO)

S.B CARDEAL CARDEAL PIERBATTISTA PIZZABALLA - Patriarca de Jerusalém dos Latinos

É um acontecimento que podemos chamar de histórico, ele é o primeiro bispo latino a residir em Chipre depois de 340 anos. E é um sinal de mudança importante. Os fiéis cristãos e católicos de todo o mundo estão dando uma nova face à ilha de Chipre e, por isso, necessita também de uma presença eclesial mais sólida. O novo bispo trará esta solidez à presença católica e cristã latina dentro de uma história muito bonita.

Mas sem dúvida a presença mais participativa foi a comunidade de fiéis que quis acompanhar o pastor neste momento importante: uma comunidade heterogênea, composta em grande parte por imigrantes das Filipinas, Sri Lanka, Índia, África e sobretudo de países de língua francesa.

Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano (Foto: GPO)

O cardeal Pizzaballa recordou os desafios pastorais que afetaram a vida de Chipre e que «exigem uma presença eclesial cada vez mais sólida, um serviço pastoral diferente e mais corajoso, estendido aos fiéis espalhados por todo o território da ilha, e muitas vezes  em situações sociais muito frágeis."

O rito da ordenação episcopal inclui uma apresentação que foi  feita por Fr. Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, que mostrou a Bula Papal expressando o cuidado pastoral e o olhar benevolente do Papa Francisco para com a Igreja de Chipre nomeando o Padre Bruno como bispo auxiliar do Patriarcato Latino de Jerusalém para Chipre.

Fr. FRANCESCO PATTON - Custódio da Terra Santa

“O que eu desejo ao frei Bruno, num contexto como este de Chipre, é precisamente o de poder construir fraternidade. E espero também que ele  consiga viver o desafio do  Papa Francisco: “Um pastor que tem cheiro de ovelha”, ou seja, que saiba sempre estar junto ás pessoas e perceber quais são suas necessidades mais profundas. A presença franciscana em Chipre remonta às origens, da presença franciscana na Terra Santa. No final de 1200, quando os frades foram temporariamente expulsos dos lugares santos eles se refugiaram em Chipre. Ao longo dos séculos, os frades tiveram na ilha um lugar muito querido, um lugar de refúgio. Depois houve um período um pouco difícil,  quando os turcos conquistaram Chipre, mas  os frades regressaram e a partir de 1600 a nossa presença cresceu na ilha.

Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano (Foto: GPO)

De origem brasileira, frei Bruno Varriano nasceu em São Paulo em 1971. Ingressou na Custódia da Terra Santa em 1996. Entre as muitas especializações, frei Bruno obteve a licenciatura em Teologia Espiritual e o doutorado em psicologia clínica.

Exerceu vários cargos na Custódia da Terra Santa. Foi Guardião do Convento de Nazaré e da Basílica da Natividade. Ficou conhecido entre os peregrinos através da Fiacollata, a procissão das Velas, aos sábados e o Programa  “Na escola da Sagrada Família”, que apresentou, com inspiração na Sagrada Família, como também o programa atual, “Na escola dos apóstolos " que está sendo gravado em Chipre e apresentado na TV Canção Nova. Também os co-fundadores da Comunidade Canção Nova Luzia Santiago e Welington Silva Jardim, participaram da celebração.

Consagração Episcopal do brasileiro frei Bruno Varriano (Foto: GPO)

No final da celebração, dom Bruno Varriano, quis agradecer a todos aqueles que tornaram possível a celebração: "Obrigado a todos pelo incentivo. Lembro-me da minha missão em Nazaré, onde vivi durante 9 anos: foi na proximidade de Maria de Nazaré e de São José que pude amadurecer o meu “sim” a esta nova missão. Gostaria de agradecer ao Patriarcado e a todos os sacerdotes e seminaristas pela proximidade e carinho: obrigado a todos os frades da Custódia da Terra Santa. Obrigado ao Padre Custódio que me acompanhou neste momento e me trouxe de volta ao essencial. Um agradecimento particular e especial à minha família e a Igreja".

Fotos: GPO.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José - Patris Cordis

Patris Cordis: com coração de Pai (comshalom)

SÃO JOSÉ – PATRIS CORDIS

Dom Leomar Antônio Brustolin  
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Dia 19 de março a Igreja celebra o dia de José de Nazaré, esposo de Maria e pai de coração (Patris Cordis) de Jesus. Sobre José não há uma única palavra de sua boca que tenha sido registrada nos Evangelhos.  Ele não é lembrado por seus méritos, mas por causa de Jesus e de sua esposa. A Sagrada Escritura menciona o anúncio do anjo sobre a gravidez de Maria somente depois das núpcias de Maria e José. José, não sabendo que Maria havia concebido pelo Espírito Santo, tinha direito de repudiá-la, considerando-a culpada de adultério. Por ser justo, porém, tenta abandoná-la em segredo, pois percebe que, mesmo num eventual divórcio privado na presença de apenas algumas testemunhas, poderia lançar sobre Maria a suspeita popular de adultério. 

Trabalhar como carpinteiro foi uma profissão que possivelmente José herdou do pai, uma vez que era costume da época o pai transmitir a profissão ao filho. Portanto, desde a adolescência José pertencia à categoria dos artesãos.  

Sendo que a profissão é transmitida de pai para filho, provavelmente Jesus também foi carpinteiro em virtude da herança recebida de seu pai. Jesus deve ser compreendido no contexto cultural da época, portanto, em perfeita sintonia com a realidade familiar na qual vivia até mesmo no quesito “profissão”. Defendemos, em sintonia com a Tradição, que Jesus foi carpinteiro porque seu pai era um carpinteiro.  

O fato de Maria ter um noivo foi importante dentro do contexto da cultura judaica para poder ser a mãe do salvador. Nesse sentido, para ser mãe, Maria deveria estar legalmente casada para ser acolhida sem repreensão por seu povo.  

A questão do matrimônio entre José e Maria estava tão certa, por isso fora de discussão aos olhos de todos, que José era considerado por todos como o pai de Jesus e Jesus como sendo seu filho legítimo (cf. Lc 2,27) 

A paternidade de José, foi um dom de Deus, por isso dotada do que é essencial para qualquer paternidade dando-lhe plenamente a consciência de seus direitos e deveres,  tanto é verdade que embora nem fosse necessário a presença de Maria para o recenseamento em Belém, pois não era de descendência e nem da família de Davi, tampouco proprietária de qualquer imóvel em Belém. José e Maria foram até lá para não se encontrarem separados naquele momento importante do nascimento de Jesus. José foi, depois de Maria, o primeiro adorador de Jesus, Filho de Deus; ele o circuncidou, apresentou-o no Templo, conduziu-o com cuidado e carinho juntamente com Maria para o Egito e depois os trouxe de volta para Nazaré. Ele depois providenciará laboriosamente com seu trabalho o sustento de Jesus e Maria. 

Para ser justo com José temos que retornar ao Evangelho para continuar chamando José simplesmente de “pai de Jesus” sem acrescentar qualquer adjetivo a esse título. A paternidade não está vinculada à questão biológica na geração da prole, mas ao vínculo matrimonial. O caso de José e Maria é único na história.


Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF