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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

SAUDAÇÃO DE S. S. PATRIARCA ECUMÊNICO BARTOLOMEU, NA 11ª ASSEMBLEIA DO CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS (CMI)

Patriarca Ecumênico Bartolomeu | Ecclesia Brasil

SAUDAÇÃO DE S. S. PATRIARCA ECUMÊNICO BARTOLOMEU, NA 11ª ASSEMBLEIA DO CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS (CMI)

10 De Outubro De 2022 | By Ecclesia

«O amor de Cristo move o mundo para a reconciliação e a unidade».

(Karlsruhe, Alemanha, 1 de setembro de 2022)

Distintos organizadores e delegados,
Amados participantes e administradores da 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas
Queridos amigos, irmãos e irmãs,

Uma das crenças centrais e ensinamentos fundamentais do cristianismo ao longo dos séculos é a convicção de que a luz de Cristo brilha mais intensamente do que qualquer escuridão em nossos corações e em nosso mundo. Nós cristãos afirmamos e declaramos que a alegria da ressurreição irradia e prevalece sobre o sofrimento da cruz. Isso é o que sustentamos; é isso que pregamos; e é isso que proclamamos ao mundo inteiro. De fato, «E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.» (1Cor 15: 14). Esta é certamente a premissa subjacente e o foco do tema desta assembleia, que professa que «o amor de Cristo move o mundo para a reconciliação e a unidade».

No entanto, mesmo olhando ao redor, somos obrigados a confessar que não praticamos – e continuamos a não cumprir – o que pregamos ao longo de vinte séculos. Como podemos reconciliar nossa fé magnífica com nosso fracasso manifesto?

A resposta está na passagem bíblica para a plenária desta manhã, que acontece em 1º de setembro, dia em que os cristãos ortodoxos, desde 1989, se dedicam a rezar pela proteção do dom da criação de Deus, e quando os cristãos de todas as confissões e comunhões se comprometem a avançar o ministério do cuidado da criação. Na Carta aos Colossenses (1: 19-20), lemos que: »Em Cristo aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue da sua cruz».

Esta passagem assume uma diferença fundamental entre a cosmovisão secular e a espiritual. A pessoa com uma mentalidade secular sente que é o centro do universo. Em contraste, a pessoa com uma mentalidade sagrada considera que o centro do universo está em outro lugar e nos outros.

Uma cosmovisão espiritual sugere uma cosmovisão ampliada – mais ampla ou ecumênica, centrada e equilibrada em Cristo como o coração do universo. É isso que fornece a fonte de reconciliação e a garantia de transformação. Ao perceber o mundo através dessa lente de transfiguração e transformação cósmica, somos capazes de embarcar – como indivíduos e como sociedade – na restauração da imagem despedaçada da criação, um processo que começa e envolve o reconhecimento da responsabilidade pelo pecado de ignorar a presença divina em todas as coisas e em todas as pessoas. Todo o universo – toda a criação – constitui uma liturgia cósmica. Quando somos iniciados no mistério da Ressurreição e transformados pela luz da Transfiguração, então somos capazes de discernir e detectar o propósito para o qual Deus criou tudo e todos.

Há uma necessidade de arrependimento cósmico e ressurreição cósmica. O que é necessário é nada menos que uma inversão radical de nossas perspectivas e práticas. «O sangue da cruz» na referência apostólica acima revela e indica uma saída para nossos impasses ao propor a autocrítica e o auto sacrifício como soluções para o egocentrismo. «O sangue da cruz» fornece uma maneira de assumir a responsabilidade por nossas ações e nosso mundo. Todos devemos adotar um espírito de humildade e apreciar o mundo como maior do que nós mesmos. Não devemos jamais reduzir nossa vida religiosa a nós mesmos e aos nossos próprios interesses. Devemos sempre recordar nossa vocação de transformar toda a criação de Deus.

Ainda assim, a maior ameaça ao nosso planeta não é o novo coronavírus, mas as mudanças climáticas. O número crescente, mas negligenciado, do aumento das temperaturas globais na verdade eclipsará o número atual de mortes por todas as doenças infecciosas combinadas se as mudanças climáticas não forem restringidas. Na esteira da pandemia, até o Fórum Econômico Mundial pediu «uma grande redefinição─ do capitalismo, argumentando que a sustentabilidade só será alcançada por meio de mudanças drásticas no estilo de vida. Isso é o que descrevemos como a necessidade de arrependimento (ou metanoia) de hábitos indiscriminados e práticas destrutivas em relação a outras pessoas e em relação aos recursos da natureza.

Queridos irmãos e irmãs,

Se quisermos fazer alguma mudança em nossas prioridades e estilos de vida, devemos fazê-lo juntos – como igrejas e comunidades, como sociedades e nações. Devemos «carregar os fardos uns dos outros, se quisermos cumprir a lei de Cristo» (Gl 6: 2). E aqui, lembremos a guerra atual e o sofrimento injusto de nossos irmãos e irmãs na Ucrânia. Acima de tudo, então, devemos prometer nosso arrependimento e a conversão de nossos corações e vidas. Hoje é «a oportunidade certa» (Is 49: 8), «o tempo favorável e o dia da salvação». «O tempo de agir para o Senhor é agora» (Sl 119: 126).

Esta é a nossa fervorosa oração por todos vocês na 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas neste dia consagrado de oração e proteção pela sagrada criação de Deus.

BARTOLOMEU de Constantinopla


FONTE: Boletim da Delegação Permanente do Patriarcado Ecumênico
junto ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI)

Filme "A Carta" será lançado na CNBB no dia 03/11, às 10hs

CNBB

FILME “A CARTA”, BASEADO NA LAUDATO SI’ DO PAPA FRANCISCO, SERÁ LANÇADO NA CNBB NO DIA 3/11, ÀS 10H

O filme-documentário “A Carta”, inspirado na Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, será lançado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no próximo dia 3 de novembro, às 10h. São parceiros na realização desta ação, a CNBB e sua Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, a REPAM-Brasil (Rede Eclesial Pan-Amazônica) e o Movimento Laudato Si’. O lançamento poderá ser acompanhado, ao vivo, nas redes sociais da CNBB (Youtube, Facebook e Twitter) e dos parceiros.

O filme, já lançado no Vaticano dia 4 de outubro passado, dia de São Francisco, aborda o poder da humanidade para deter a crise ecológica. Os protagonistas do documentário são um indígena da Amazônia, um refugiado do Senegal, uma jovem ativista indiana e dois cientistas estadunidenses. Vozes representando outras vozes, muitas vezes não ouvidas, sobre as questões críticas relacionadas às mudanças climáticas.

O documentário “A Carta”, disponível gratuitamente através de um serviço de streaming no canal YouTube, foi produzido pela equipe “Off the Fence”, vencedora de um Oscar, em colaboração com o Movimento Laudato si’ e os Dicastérios para a Comunicação e para a Promoção do Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. O documentário também tem parceria do YouTube Originals.

Cerimônia de lançamento

A cerimônia de lançamento na CNBB vai contar com a presença do bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da entidade, dom Joel Portella Amado, e do coordenador para Iberoamérica do Movimento Laudato Si’, Igor Bastos, que fará uma apresentação do filme. O cacique Dadá Borari, do povo Indígena Maró, no Estado do Pará, um dos personagens que travam um diálogo com o Papa no filme, também estará no lançamento.

Como gesto simbólico, no encerramento do evento, será plantada uma muda de pequi por adolescentes do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos “Correndo Atrás de Um Sonho” que é mantido pela CNBB na região do Incra 8, em Brazlândia (DF). Os participantes também receberão um envelope, com a arte do filme, no qual constará trechos da Encíclica Papal Laudato Si’ e um QR code que dá acesso para assistir a versão brasileira no canal do Youtube Originals, e uma muda de semente do Cerrado.

Serviço:

O quê e onde: Lançamento no Brasil do filme “A Carta” na sede da CNBB
Quando e a que horas: 3 de novembro, às 10h
Contatos e mais informações: Assessoria de Comunicação da CNBB – 61 2103-8313 ou por e-mail: imprensa@cnbb.org.br

O Papa: a escuta é indispensável para o diálogo

Papa Francisco com os membros da COPERCOM | Vatican News

“Trata-se de aprender a ficar em silêncio, antes de tudo dentro de si mesmo, e a respeitar o outro: respeitá-lo não formalmente, mas na verdade, ouvindo-o, porque cada pessoa é um mistério". Palavras do Papa Francisco aos membros da Coordenação das Associações para a Comunicação (Copercom) recebidos nesta segunda-feira (31/10) no Vaticano.

Jane Nogara - Vatican News

O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira (31/10) os membros da Coordenação das Associações para a Comunicação (Copercom) por ocasião do 25° aniversário de fundação. A Coordenação é uma organização que coloca em rede várias associações nacionais que trabalham no campo da comunicação. Francisco iniciou seu discurso afirmando que é uma boa oportunidade para refletir sobre a missão exigida de uma organização como esta nos dias atuais e afirmando “os processos de comunicação mudam contínua e rapidamente, e isto requer ‘algo mais’ no planejamento e na visão”. Em seguida refletiu sobre alguns objetivos.

Coordenação

“O primeiro - disse o Papa -  é, por assim dizer, institucional: a coordenação. É um objetivo nobre reunir várias realidades para atingir um fim específico. Coordenar é um verbo familiar. Mas para quem? Para quê? Estas são as perguntas que ajudam a definir melhor o compromisso diário com uma boa comunicação”. Explicando em seguida que talentos e habilidades devem ser feitos para dar frutos para o benefício de todos, a serviço da Igreja na Itália. “Eu os encorajo a começar daqui, e a olhar para o futuro com confiança, prontos também para tomar caminhos diferentes e inovadores” exortou.

Especialistas em mudanças

Um segundo objetivo é a mudança. Temos observado repetidamente que "o que estamos vivendo não é simplesmente uma época de mudanças, mas uma mudança de época”. Portanto, continuou Francisco “não devemos temer nosso envolvimento em desafios e oportunidades que o tempo presente nos apresenta. Vocês devem ser especialistas nisso: especialistas em mudanças! Na verdade, sendo responsável pela comunicação, vocês sabem muito bem como as inovações tecnológicas estão acelerando os processos e as transições geracionais”. Advertindo em seguida:

“Mudança não significa se alinhar com a moda do momento, mas converter o modo de ser e de pensar, começando com uma atitude de surpresa com o que não muda e ainda assim é sempre novo! Surpresa que é o antídoto contra o hábito repetitivo e a autorreferencialidade.”

A escuta

Abordando o terceiro objetivo Francisco explicou que é um objetivo tríptico: “encontrar, escutar e falar. É uma espécie de 'a-b-c' do bom comunicador, porque é a dinâmica que sustenta toda boa comunicação. Primeiro, o encontro com o outro: significa abrir o coração, sem fingimento, para a pessoa à sua frente. O encontro é o pré-requisito para o conhecimento. Se não há encontro, não há comunicação. Depois vem a escuta”, explicou.

“Trata-se de aprender a ficar em silêncio, antes de tudo dentro de si mesmo, e a respeitar o outro: respeitá-lo não formalmente, mas na verdade, ouvindo-o, porque cada pessoa é um mistério. A escuta é o ingrediente indispensável para que haja um verdadeiro diálogo. Só depois de ouvir é que vem a palavra.”

"A palavra, saída do silêncio e da escuta, pode se tornar anúncio, e então a comunicação se abre à comunhão. Encontrar, escutar e depois falar” recorda o Papa. Desejando em seguida que o trabalho dos presentes seja sempre “orientado por estas ações, sempre focalizando os substantivos, ou seja, as pessoas, mais do que os adjetivos que distraem”.

Sinodalidade

Por fim o Papa falou sobre o último elemento a ser considerado, o caminho sinodal. “Além da leitura temporal, caminhar de forma sinodal significa viver plenamente a eclesialidade. Assim como o Concílio Vaticano II, que estava dando seus primeiros passos há sessenta anos, ensinou. Peço-lhes, portanto, que deem sua contribuição específica para este caminho da Igreja na Itália. A fraternidade de vida pode abrir uma janela importante em uma época de grande conflitualidade. Que vocês sejam, em seu compromisso diário, testemunhas e tecelões de comunhão. Confiando os presentes a São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas e comunicadores, e ao Beato Carlo Acutis, que “mostra como é importante ser criativo e engenhoso no mundo da comunicação digital” concluiu o Papa.

A finitude da vida terrena

Dom Carlos José | CNBB Sul 2

A FINITUDE DA VIDA TERRENA

Dom Carlos José de Oliveira

Bispo da Diocese de Apucarana (PR)

Portanto, santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus. (Lev 20-7)

‘Senhor, para os que creem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”. (Prefácio do Missal Romano). Essa oração forte e ao mesmo tempo consoladora, deve servir-nos como um despertar para uma realidade que desejamos que demore a acontecer, mas, é a única certeza que temos: nascemos, portanto, morreremos. Talvez se soubéssemos quando, nos prepararíamos melhor, ou, deixaríamos para a última hora, ou ainda, esperaríamos pelo adiamento de fatídico momento. O fato é que Deus, sábio e conhecedor de nossas misérias, não nos revelou o quando justamente para que nos mantivéssemos vigilantes e preparados e, ainda assim, nunca o estamos! Pobre de nós. Para além de tudo isso, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. Em suas diversas cartas, o Apóstolo Paulo, com toda sabedoria, declinava aos seus sobre essa realidade imutável e ao mesmo tempo misteriosa, a vida que seria transformada pela morte, numa vida nova, em Cristo Jesus. Segundo Paulo, a novidade essencial da morte cristã consiste em que, pelo Batismo, todo cristão está sacramentalmente “morto com Cristo” e passa a ter uma vida nova, pois Cristo Ressuscitado faz nova todas as coisas, então, quando chegar a nossa hora, se morrermos na graça de Cristo, completaremos nossa incorporação no seu ato redentor. (CIC 1220).

A celebração do Dia de Finados exalta a nossa fé na ressurreição e a firme esperança do feliz reencontro na morada eterna preparada por Jesus, no seio amoroso do Pai. Seria uma contradição tremenda se nesse dia festejássemos os mortos. O Dia de Finados é um momento de reflexão sobre a vida, a que vivemos e a que teremos depois da morte. A morte é uma passagem, a Páscoa definitiva para uma nova vida. Ao celebrarmos os ‘finados’, ou seja, os que partiram antes de nós, devemos rezar por eles de forma toda especial, trazendo à lembrança a importância que suas vidas tiveram na construção de nossa história, agradecer em oração pelos ensinamentos recebidos, demonstrar nossa gratidão com flores e preces, oferecer a santa Missa em sufrágio de suas almas, acender velas que simbolizam nosso desejo de que suas almas encontrem a Luz eterna emanada por Cristo Jesus e, se necessário, numa prece muito sincera, expressar nosso perdão ou pedir que Deus nos perdoe das faltas que cometemos contra aqueles que já se foram, afinal, a misericórdia do Altíssimo alcança onde nós não podemos chegar.

Muitos dos que nos precederam foram nossos primeiros educadores na fé e nos valores cristãos, deixando-nos bons exemplos de virtudes que formaram raízes que hoje produzem frutos em nossos descendentes e isso é sinal de que laços de amor não se quebram quando são formados em Cristo. Ao recordamos a vida dos que já partiram, deparamos com nossas próprias limitações e fraquezas. O tempo da graça é hoje, a razão da nossa fé é a Ressurreição de Jesus Cristo, que viveu apenas uma única vida humana, iniciada no momento de sua concepção no seio virginal da Virgem Maria e consumada na Cruz, quando exausto e sem forças, entrega sua vida nas mãos do Pai.

Nossa fé cristã é a fé no Ressuscitado. Esta certeza de fé elimina de nós toda e qualquer ideia de renascimento ou reencarnação. Temos uma única oportunidade de viver nesse mundo e nos prepararmos para vivermos a vida eterna com Cristo, uma única chance. Somos únicos desde a concepção, durante a vida e após a morte, não teremos outra vida, outra chance de nos redimir, só se vive uma vez aqui neste mundo, portanto o chamado à santidade deve ser vivido agora, a conversão não pode esperar.

Caso queiramos que nossa vida seja comemorada também no dia anterior ao Dia de Finados, que é o Dia de Todos os Santos, devemos nos converter enquanto há tempo. A razão de nossa fé na Ressurreição é a experiência radical de Jesus. Ressuscitado pelo Pai (At 2, 22s), Ele tem seu Corpo físico transformado em um Corpo glorioso e está Vivo, em meio a nós, pobres pecadores, se doando a cada Eucaristia que recebemos. É São Paulo que diz: ‘Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé, e nós ainda estaríamos em nossos pecados’ (1Cor 15, 17). Permitamos que a Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja guie nossos passos no caminho da santidade e nos abra as portas dos céus, para juntos a Ela, contemplarmos Jesus Ressuscitado. Amém.

E, depois das eleições, a vida continua…

Shutterstock | lazyllama
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Para os cristãos, existe uma razão a mais para buscar a superação das divisões que se estabeleceram nessas eleições.

Escrevo esse texto antes do segundo turno da eleição para presidente do Brasil, sem saber o seu resultado. O leitor já sabe o resultado ao lê-lo. Desejei começar assim para deixar claro que as observações a seguir não têm significado partidário, valem seja lá quem for o ganhador do pleito.

No primeiro turno, Lula obteve 36,6% do total de votos possíveis (que incluem também brancos, nulos e abstenções). Bolsonaro, 32,6%. Num primeiro momento, mais de 60% da população brasileira não apoiou nosso futuro presidente, seja ele qual for. Ainda que isso seja normal numa disputa democrática, a polarização acentuada dessa eleição torna ainda mais urgente pacificar os ânimos exaltados pela disputa partidária e caminhar para um projeto comum de Nação, capaz de orientar o desenvolvimento e construir realmente o bem comum. Afinal, a pobreza continuará existindo em 2023, seja quem for o governante; assim como os desafios ao desenvolvimento econômico, a necessidade de combater a corrupção, as ameaças à formação de nossos jovens e à construção das famílias.

Uma tarefa para todos

A construção de um país melhor é sempre um processo histórico que se alonga no tempo, que exige tanto a correção dos erros quanto a manutenção dos acertos. Sem um mínimo de consenso em torno a certos pontos, o Estado tem uma atuação errática e, forçosamente, ineficiente. Além disso, é necessário traçar limites claros tanto para os Poderes institucionais quanto para as forças sociais, de modo que todos saibam o que é desejável ou possível, o que não é desejado e até condenável – seja na vida econômica, nas pautas de costumes ou na esfera política propriamente dita. Por isso, a construção de consensos justos é uma prioridade para o Brasil que sai dessas eleições tão dividido e machucado, seja qual for o resultado.

Para os cristãos, existe uma razão a mais para buscar a superação das divisões que se estabeleceram nessas eleições: é no amor mútuo que seremos reconhecidos pelo mundo (cf. Mt 18, 20; Jo 13, 35). Estar juntos, mesmo reconhecendo as diferenças, mas sempre procurando a verdade, é um chamado muito exigente. Como lembra São Paulo, é necessário ser humilde e não se considerar melhor do que os outros, amar até o inimigo, ser paciente na tribulação e constante na oração (Ro 12, 3-21).

Ora, esse comportamento virtuoso, que o Apóstolo explica numa linguagem tipicamente evangélica, implica naquilo que chamamos, na sociedade atual, de empatia – a capacidade de se identificar com o outro, compreender suas dores, necessidades e anseios. Uma empatia absoluta é impossível. Cada um de nós é único e um mistério até para si mesmo, quanto mais para os outros… Mas, quando vemos em nossas comunidades tantas pessoas boas com posições políticas opostas e conflitantes, temos que reconhecer que algumas dificuldades e aspirações não foram compartilhadas, compreendidas e nem mesmo respeitadas. Não podemos imaginar que nosso irmão é “burro” ou “mau intencionado”, temos que tentar compreender o que existe de mais profundo e verdadeiro em seu coração, nos comprometermos também com essas aspirações e necessidades. Só a partir daí é que poderemos julgar a política e os programas políticos, mantendo-nos em unidade e ajudando a construir um projeto único de nação.

Uma tarefa para os eleitores do vencedor

Uma tendência instintiva no ser humano é o de espezinhar os derrotados. A história é narrada pelos vencedores, diz a sabedoria popular. Mas esse é um comportamento muito nocivo. O derrotado de hoje, frequentemente, é o vencedor de amanhã – e o ressentimento acumulado explode frequentemente sob a forma de um espírito vingativo e do desrespeito até aos direitos do outro. Cria-se uma espiral de rejeição, desprezo e agressividade, dificultando cada vez mais a construção de consensos que levem ao bem comum. Assim, para os eleitores do vencedor, é particularmente importante um esforço de controle para evitar a humilhação do adversário, para manter uma postura de acolhimento e um verdadeiro desejo de entendimento e construção de um projeto comum.

A vitória eleitoral é sinal de que se tem a maioria, não de que se está certo. A verdade não é decidida por um critério eleitoral. Podemos ganhar uma eleição tendo feito as opções erradas, assim como podemos perdê-la tendo feitas as corretas. Por isso, é oportuno que o vencedor não deixe de procurar entender as razões do perdedor. Deve, inclusive, procurar assimilar tudo aquilo que existe de verdadeiro na posição do outro – tanto para melhorar suas próprias propostas quanto para conseguir ainda mais apoio no futuro.

Uma tarefa para os eleitores do vencido

Quem perde tende a se fechar, ressentido e magoado com os demais. É comum considerarmos que o outro “não sabe votar” e, por isso, fez com que os maus ganhassem. Nos fechamos e perdemos cada vez mais a capacidade de dialogar e entender o outro. Porém, se nosso candidato perdeu é porque ele não conseguiu se apresentar para a maioria como o candidato melhor (ou o “menos pior”). Isso exige de nós uma reflexão crítica também de nossa posição.

É fundamental superar o vitimismo e o ressentimento, fazendo uma autocrítica severa e construtiva (que os cristãos tradicionalmente chamam de “exame de consciência). Saber o que não conseguimos comunicar, o que não entendemos, onde nossas propostas estavam objetivamente erradas são passos fundamentais não só para tentar vencer da próxima vez, mas para sermos colaboradores reais na construção do bem comum.

Dialogar e construir juntos

As palavras do Papa Francisco, dirigidas justamente aos brasileiros, na Jornada Mundial da Juventude de 2013, são particularmente significativas nesse momento: “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e a cultura tecnológica, a cultura econômica, a cultura da família e a cultura da mídia […] Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre é a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom”.

Mas o diálogo não pode ser um mero ato intelectual. Tem que ser acompanhado por gestos concretos. Este é um momento particularmente importante para desenvolvermos e apoiarmos as obras que constroem o bem comum, seja qual for a posição ideológica e partidária de seus proponentes. O que constrói o bem comum deve ser apoiado, venha de onde vier a proposta, aquele que está disposto a construir coisas boas junto conosco deve ser acolhido e integrado, seja lá quem for.

A responsabilidade para com o bem comum deve temperar tanto a euforia da vitória quanto a melancolia da derrota. Ter em mente aqueles que amamos – e, bom frisar, continuaremos a amar – e que votaram no outro candidato pode ser um bom começo para caminharmos rumo a um Brasil melhor.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

domingo, 30 de outubro de 2022

Princípios fundamentais da política do bem comum

Dom Antônio de Assis | catedraldebelem

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA POLÍTICA DO BEM COMUM

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)

Apesar dos conflitos de interesses, confusões ideológicas, corrupção, partidarismo e politicagem e tantos outras forças opressoras no serviço público, os ideais da verdadeira política continuam. O joio não tem poder para eliminar a força do trigo e, por isso, não podemos nos deixar arrastar pelo medo, fantasia e nem pessimismo.  

Em tempos de ameaças extremistas, tanto de direita quanto de esquerda, é de fundamental importância a solidez e intransigência das Instituições de Controle Social, promotoras da estabilidade, serenidade e fidelidade do Estado Democrático de Direito.  

Sem um sistema de proteção do Estado, com seu conjunto de sólidas instituições, a sociedade fica à deriva dos governos, partidos e ideologias. Isso é muito perigoso! Ao longo da história, ditadores de direita e de esquerda, para implantar suas ideias, começaram demolindo as estruturas jurídicas para inaugurar a ditadura. 

Identificamos ao longo da história muitas formas de ditaduras: religiosas, militares, culturais, ideológicas etc. A ditadura pode estar presente em muitos ambientes: num país, numa religião, igreja, empresa, comunidade religiosa, na família etc. Uma das mais fortes características de um regime de ditadura é supressão dos direitos individuais e a negação da participação dos cidadãos.  

Diante do atual cenário político é oportuno recordarmos os princípios fundamentais da autêntica Política do Bem Comum, alicerçada no respeito incondicional pela dignidade humana, já refletida na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).  

Para a Doutrina Social da Igreja Católica, a política é serviço em prol da promoção da dignidade humana; é a ciência da gestão do Bem Comum em vista da expansão da justiça e da paz; é esforço conjunto, ordenado e sistemático para o fomento do desenvolvimento integral. O Papa Francisco nos diz que “a política é uma obrigação moral» (EG,220) pois somos corresponsáveis pelo bem da sociedade.  

No horizonte ético da política recordemos alguns princípios orientadores do serviço público no poder executivo, legislativo e judiciário: a universalidade é o cuidado com as necessidades de todos indistintamente de categorias e isso exige imparcialidade, que significa servir sem favoritismo e seletividade; a eticidade estimula a busca da transparência, lisura, honestidade no serviço público; a legitimidade lembra que a política do Bem Comum vai ao encontro das autênticas necessidades humanas, respeitando a hierarquia delas; a subsidiariedade pede que no ato de governar, as autoridades considerem a necessidade da corresponsabilidade, participação e envolvimento dos indivíduos, evitando o paternalismo e o populismo.  

Temos ainda o princípio da institucionalidade que diz que a gestão das políticas públicas não deve estar submissa aos caprichos dos governantes, mas são regidas por aquilo que já está institucionalizado com seus devidos parâmetros e procedimentos; esse princípio alerta para a legalidade das ações. O princípio da equidade exige que o serviço público seja igual em sua proporção e condição para todos, pois a finalidade da política é o progresso humano integral. Um governo que promove o desequilíbrio social perde o seu sentido. Independente de partidos, imprescindível para qualquer governo, é a paixão pelo ser humano, o senso de justiça e a sabedoria na arte de liderar.

A Santa Sé: o espaço é um bem comum para todos os Estados

A Terra vista do espaço | Vatican News

Cooperação internacional no uso pacífico do espaço no centro do discurso de dom Gabriele Caccia, Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas durante a 77ª Assembléia Geral.

Amedeo Lomonaco – Vatican News

"Os horizontes de nossa casa comum estão em constante expansão. Tudo isso deve ser usado para melhorar as relações pacíficas entre os Estados, garantindo que os benefícios das novas tecnologias cheguem a todos". Isto foi enfatizado pelo observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Gabriele Caccia, falando em Nova York em 28 de outubro na 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Sistemas de governança

Em seu discurso, o arcebispo expressou uma preocupação particular: "A região do espaço sideral mais próxima da Terra está se tornando cada vez mais repleta de satélites, e esta concentração convida à competição para assegurar o número limitado de órbitas preferenciais". A "sustentabilidade dos usos pacíficos existentes" é assim ameaçada. Portanto, é urgentemente necessário um acordo sobre sistemas de governança que realmente promovam o bem comum.

O problema dos detritos espaciais

O observador da Santa Sé também aponta as prioridades no âmbito da cooperação internacional no uso pacífico do espaço: "primeiro, a sustentabilidade futura da atividade espacial exige que todos os Estados cooperem para limitar a criação de novos detritos espaciais". Outra urgência é "equilibrar os interesses comerciais com os da pesquisa científica". O espaço, prosseguiu dom Caccia, constitui "um bem comum". E os benefícios "devem ir para todos os Estados, independentemente de seu nível de desenvolvimento".

Contribuições do espaço para a Terra

Em seu discurso, o arcebispo Caccia finalmente aponta um caminho a seguir: devem ser promovidos esforços colaborativos "para estudar como o espaço exterior pode contribuir para alcançar as Metas de Desenvolvimento Sustentável, inclusive através do monitoramento ambiental, avisos de risco de desastres, verificação de acordos de controle de armas e apoio à saúde".

O inferno existe ou Jesus mentiu?

Sonho de Dom Bosco | Guadium Press
Deus desejar, por amor, que todos os seus filhos se salvem, não quer dizer que todos eles se salvarão ainda quando escolham deliberadamente o pecado.

Redação (29/10/2022 16:22Gaudium Press) Terminei o último artigo adiantando o assunto deste, algo que não costuma ser usual. Afinal, cada dia é um dia, e fatos e fatos se sucedem, encaminhando as diretrizes da escrita. Porém, há tempos, algumas perguntas têm ecoado em minha mente, sobretudo após assistir, na internet, alguns conteúdos dito católicos: O inferno está vazio? O fogo do inferno é metafórico? O inferno é apenas uma figura de linguagem, o elemento de uma parábola? O inferno existe ou Jesus mentiu?

Muitos papas e teólogos da envergadura de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino se preocuparam em afirmar que o fogo do inferno é real e corpóreo e, durante muito tempo, não se questionou essa verdade de fé, até que, por conveniência, começaram a surgir heresias se contrapondo a isso e a mais moderna delas é a de que todos serão salvos porque o inferno não existe.

O mesmo destino?

Obviamente, é muito consolador acreditar que, não importa o que façamos, Deus é misericordioso e levará a todos para o Céu. Algo que funciona mais ou menos como a progressão continuada adotada no ensino: não importa se o aluno aprenda ou não, se tire boas notas nas provas ou se esteja sempre abaixo da média, no fim, todos passam de ano, todos são aprovados, porque o sistema educacional estabeleceu que a reprovação é nociva para as crianças e os jovens, e leva à evasão escolar – e porque, por razões de política internacional, há um incentivo para que a educação seja conduzida dessa maneira, e isso não acontece apenas no Brasil.

Embora eu não seja um pedagogo, convivo com muitos educadores que afirmam que essa política, longe de melhorar os alunos desinteressados e indisciplinados, acaba desestimulando os estudiosos e dedicados, e fazendo um nivelamento por baixo, piorando cada vez mais o nível do ensino. Afinal, se fazendo ou não a lição, estudando ou não, tendo bom ou mau comportamento nas aulas, todos vão passar de ano do mesmo jeito, para que estudar, se esforçar, obedecer?

O mesmo se dá com a crença no inferno. Que sentido tem agir bem, ser correto, digno, evitar as ocasiões de pecado, amar o próximo, ser piedoso, rezar, frequentar os sacramentos, fazer caridade, sacrifícios e renúncias se, no fim, os mais santos e os piores pecadores terão o mesmo destino?

Houve épocas em que as heresias eram fervorosamente combatidas, cristãos heroicos eram capazes de dar a própria vida no combate das heresias, todavia, hoje, a simples menção dessa expressão soa abusiva e ultrapassada, e crenças absurdas e anticristãs se espalham até mesmo entre membros do clero.

O inferno é uma metáfora?

A inexistência do inferno não é uma posição defendida pela Igreja, mas, infelizmente, há padres muito conhecidos, formadores de opinião, que propagam que o inferno é uma metáfora ou, se concordam que ele existe – afinal, é difícil negar um conceito que aparece mais de 50 vezes na Bíblia – afirmam que ele está vazio. Com isso, depõem contra Deus, que teria criado algo inútil e sem finalidade, além de afirmarem que Jesus mentiu, já que foi Ele quem mais advertiu sobre a existência do inferno e a possibilidade de condenação eterna.

Evitando apoiar-me apenas em opinião própria, proponho uma reflexão sobre as afirmações de alguns pensadores católicos, embasadas no Magistério da Igreja. Segundo o Cardeal Gaspani, teólogo tomista, no Cathecismus Catholicus, aprovado pela Santa Sé, com relação ao inferno deve-se crer, com fé divina:

1º – Que existe o inferno constituído pelos demônios e pelos que morreram em pecado mortal, mesmo que fosse um só.

2º – Que, no inferno, os condenados são atormentados por dupla pena: a de dano e a pena de sentidos, sendo esta principalmente de fogo.

3º – Que as penas que os condenados do inferno cumprem são eternas e jamais terão fim, nem serão atenuadas.

4º – Que não são as mesmas penas para todos, mas diversas, conforme o número e a gravidade dos pecados, que mereceram a condenação eterna.

Existem vários conceitos sobre a materialidade do fogo do inferno, uma vez que as almas são incorpóreas, portanto, não poderiam sofrer danos provocados pelo fogo. Como ele é, nós não podemos saber, e nem faz muita diferença que saibamos, porque isso é uma coisa que só saberemos indo para lá, uma matéria sobre a qual prefiro passar a eternidade na ignorância.

Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras

Quaisquer ponderações a este respeito são meramente especulativas, no entanto, duvidar da existência do inferno é o mesmo que negar o sacrifício da Cruz, o que não deve pesar muito para certos pensadores de clergyman, para os quais até mesmo a crucifixão pode ser considerada metafórica, assim como a ressurreição e a ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, do jeito que a coisa vai, com padres mais preocupados em angariar votos para esse ou aquele candidato do que em viver plenamente o sagrado Mistério da Eucaristia e a proclamação do Evangelho, não demora para que se comece a propagar que até mesmo a existência física de Jesus e Maria possam ser conceitos metafóricos.

Em sua carta aos Romanos, São Paulo anuncia que a bondade e a tolerância de Deus nos convidam ao arrependimento, mas adverte: “Pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras.” (Rm 2, 5-6)

E é o mesmo Apóstolo quem afirma que “Ao nome de Jesus todo joelho se dobrará no Céu, na Terra e nos infernos” (Fl 2,10), o que demonstra que ele entendeu e acreditou na mensagem de Jesus, ou talvez, de acordo com raciocínio dos modernos teólogos de Internet, não apenas Jesus mentiu, como seus principais seguidores e pilares da Igreja se equivocaram.

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino defenderam a existência do inferno e das penas eternas. Estariam também enganados esses grandes estudiosos, homens plenos em santidade e sabedoria?

Reza o Credo de Santo Atanásio, que faz parte da liturgia e da doutrina da Igreja, que “todos os homens irão ressuscitar com seus corpos e dar conta de seus próprios atos; e os que fizeram o bem, irão para a vida eterna; os que fizeram o mal, ao contrário, ao fogo eterno. Esta é a fé católica: todo o que não a crer fielmente não poderá salvar-se“.

E esse conhecimento assim prosseguiu, até que, baseados em conceitos não católicos, alguns religiosos decidiram abolir o inferno e a danação eterna, em nome de um Deus amoroso e bom.

Não há a menor dúvida de que Deus, que é, sim, um Pai amoroso, justo e bom, não deseja que nenhum de seus filhos se extravie do caminho. É seu desejo que todos se salvem e, para isso, Ele deu a Si mesmo, Seu próprio Filho, acabando a vida numa infame cruz. Mas, Ele desejar, por amor, que todos os seus filhos se salvem, não é o mesmo que dizer que todos eles se salvarão ainda quando escolham deliberadamente o pecado. A semeadura é livre, a colheita, obrigatória e quem planta urtigas não colherá girassóis.

Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos” (Mt 25,41).

O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz cair no pecado e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13, 41-42).

Essas afirmações podem ser dolorosas, mas elas não são Fake News, e advertências não faltam para que evitemos tal destino para nossas almas. Negar que o inferno existe não faz com que ele não exista, da mesma forma que a criança com medo do escuro, ao fechar os olhos, não faz com que o escuro desapareça.

Iniciei esta reflexão com perguntas, e com perguntas a encerro: quem nega o inferno, realmente acredita em Deus? Afinal, a quem serve aquele que diz que o inferno não existe, ainda que seja um padre quem o diga? E, se muitas almas incautas caminham para o inferno por acreditar em qualquer coisa, sem critério, certo é que, lá, lhes farão companhia aqueles que as levaram a crer em tal heresia.

Por Afonso Pessoa

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Reflexão para o XXXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Evangelho do domingo | Vatican News

Devemos procurar, como e com Jesus, ir ao encontro daqueles que não têm mais esperança, que perderam a fé, que precisam de uma palavra amiga; devemos dar testemunho cristão do anúncio evangélico.

Vatican News

A liturgia deste XXXI Domingo do Tempo Comum, que encerra o mês de outubro, mês das Missões, é muito rica, pois fala de arrependimento, perdão, conversão e encontro com o Senhor.

Encontro com o Senhor, como fez Zaqueu, no Evangelho de hoje, que instaurou com ele um diálogo sincero e uma profunda conversão. Zaqueu teve a felicidade de encontrar Jesus, pessoalmente, porque recebeu o perdão dos seus pecados e a graça da conversão. Segundo a tradição, Zaqueu tornou-se discípulo de Pedro e bispo de Cesareia.

Este episódio da conversão de Zaqueu encontra-se apenas em Lucas, o “evangelista da misericórdia de Cristo”, que destaca o amor de Cristo pelos pecadores, bem como a universalidade da salvação que ele trouxe ao mundo.

Zaqueu era um “chefe de publicanos”, cobradores de impostos dos romanos opressores. Ele podia usar desta sua profissão também para se enriquecer e cobrar mais do que a taxa justa, contrariamente ao significado do seu nome, que, em aramaico, significa homem puro.

Zaqueu era um cobrador de impostos na cidade de Jericó, uma grande cidade de comércio, situada à margem fértil do rio Jordão, uma encruzilhada que levava a Jerusalém.

Zaqueu sempre ouvia o povo falar de um homem, chamado Jesus de Nazaré e queria conhecê-lo de perto. Certo dia, cansado de trabalhar só com coisas materiais, decidiu matar a sua curiosidade, ou melhor, seguir a voz interior da sua consciência, a ponto de subir numa árvore, um “Sicômoro”, devido à sua pequena estatura, embora fosse um homem rico. Ele queria pelo menos ver aquele Nazareno, sobre o qual falavam tão bem, de cima de uma árvore, por causa da grande multidão que o seguia. Ao passar por aquele lugar, Jesus levantou os olhos e viu aquele homem e lhe disse: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje quero me hospedar em sua casa”.

Com este gesto, o evangelista Lucas destaca a bondade e a condescendência de Jesus, que, diante dos olhos humanos, ia comer na casa de um pecador público. No entanto, este gesto do Senhor o levou à conversão, a uma mudança radical de vida. Tanto é verdade, que a avareza do “chefe de publicanos” foi compensada com uma grande generosidade, quando disse: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais o prejuízo que causei a alguém”. E Jesus lhe respondeu: “Hoje, a salvação entrou nesta casa”.

Este gesto de Jesus, hoje, nos leva a refletir sobre o acolhimento de quem vêm ao nosso encontro, pedindo ajuda, compreensão, conforto, consolação!

Devemos procurar, como e com Jesus, ir ao encontro daqueles que não têm mais esperança, que perderam a fé, que precisam de uma palavra amiga; devemos dar testemunho cristão do anúncio evangélico, que Jesus nos confiou; ir ao encontro dos que não professam nenhuma religião e são ateus.

Como o evangelista Lucas, devemos pregar o “Deus misericordioso” e trabalhar pelo progresso e a paz no mundo”.

Dia de Finados 2022: Horários das Missas nos cemitérios

Dia de Finados 2022 | arqbrasilia

No dia 02 de novembro, os cemitérios de Brasília receberão as tradicionais missas promovidas pela Comissão Arquidiocesana de Finados, para acolher e dar conforto espiritual aos visitantes que forem prestar homenagens a amigos e familiares que já não estão entre nós. As cerimônias serão realizadas ao longo do dia e o acesso aos cemitérios será permitido somente pelos portões principais. Vale lembrar que o horário de funcionamento dos cemitérios será das 07h às 19h.

Veja os horários.

Cemitério Gama 08h, 09h30,11h, 12h30, 14h, 15h30 e 17h

Cemitério de Sobradinho: 08h (Preside Dom Paulo Cezar), 09h30, 11h, 12h30, 15h e 16h30

Cemitério de Taguatinga: 08h, 09h30, 10h30, 12h (Preside Dom Paulo Cezar), 14h, 15h30 e 17h

Cemitério de Planaltina: 08h, 09h30,11h, 12h30, 14h, 15h30 e 17h

Cemitério da Asa Sul: 8h,9h30,11h, 12h30,14h,15h30 e 17h

Cemitério de Brazlândia: 7h, 9h, 11h,15h e 17h

Cardeal Grech: a Igreja sem os jovens, sangrará até a morte

Jovens da África  (ANSA)

O cardeal secretário geral do Sínodo enviou uma mensagem em vídeo aos estudantes universitários africanos que se encontrarão com o Papa no próximo dia 1º de novembro sobre o tema da cultura do encontro, reafirmando a importância do diálogo intergeracional.

Silvonei José - Vatican News

“Building Bridges North-South”, construir pontes entre o Norte e o Sul do mundo é um desejo, mas há alguns meses também um formato eclesial dedicado aos jovens. Um modelo de encontro realizado em 24 de fevereiro passado, com estudantes da América do Norte e da América Latina hospedados pela Loyola University Chicago, e que está prestes a ser repetido no dia 1º de novembro próximo, quando às 15h, horário de Roma, o Papa se encontrará com estudantes e professores de universidades africanas em um diálogo virtual.

O 'encontro sinodal', como é apresentado, envolverá três professores africanos, um professor americano e 10 alunos em uma discussão à distância intitulada "Ubuntu: uma cultura de encontro; todos pertencemos", organizada pela Rede Pan-Africana de Teologia e Pastoral Católica (PACTPAN) em colaboração com a Pontifícia Comissão para a América Latina e sob o patrocínio da Secretaria Geral do Sínodo.

O futuro e a chave

"Se a Igreja deixar fora a jovem geração de sua vida, está condenada a sangrar até a morte", disse o cardeal Mario Grech, secretário geral do Sínodo, em uma mensagem de vídeo aos participantes. A base sobre a qual construir permanece, disse ele, a relação aberta entre os idosos e os jovens, tantas vezes enfatizada por Francisco. "Disseram que os jovens têm o poder de abrir as portas do futuro, mas os adultos", repetiu o secretário geral do Sínodo, "têm a chave do futuro". Portanto, é importante entrar neste diálogo intergeracional".

O evento será transmitido ao vivo de Nairóbi e poderá ser acompanhado no portal de Vatican News e no canal YouTube em três idiomas: inglês, francês e espanhol.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF