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sexta-feira, 26 de julho de 2024

São Joaquim e Santa Ana: exemplo de amor e dedicação

Fred de Noyelle | Deus

Karen Hutch - postado em 26/07/24

Como todo dia 26 de julho, lembramos São Joaquim e Santa Ana, que são exemplo de vida para pais e avós com seu testemunho de fé.

Geralmente conhecemos São Joaquim e Santa Ana como pais de Maria e avós de Jesus. Ao nos aprofundarmos na vida desses santos, podemos aprender mais sobre suas vidas simples, mas surpreendentes. 

Graças à espiritualidade e obediência de ambos, cumpriram a grande missão que tinham, fazendo assim parte da genealogia de Jesus e da história da salvação, pois foram uma peça importante no cumprimento do que diziam as escrituras. 

Mostramos-lhe os ensinamentos que estes grandes santos nos deixam, para lembrá-los com amor e devoção.

Renata Sedmakova | Obturador

1 MODÉSTIA

Apesar de serem um elo importante na história, nunca ocuparam o centro das atenções; antes, decidiram concentrar-se na sua missão de pais e formadores de Maria Santíssima. E María é um exemplo vivo de humildade – por isso a conhecemos como a mais humilde – graças aos seus pais que foram transmissores de valores. 

2 POBREZA

Por pobreza não nos referimos apenas à pobreza material, mas também à pobreza de coração, pois estes santos esposos souberam viver as bem-aventuranças.

A pobreza espiritual em que viviam consistia em sair de si mesmos e deixar que Deus dirigisse o caminho das suas vidas.

3 SANTO CASAMENTO

O casamento deles sempre foi construído sobre o amor, mas também sobre o respeito, a ajuda mútua e a sabedoria, mostrando-se ao serviço não só um do outro, mas também de Deus. 

Este casamento serviu de inspiração para muitos outros casamentos sagrados e também para os casamentos de hoje, dos pais aos avós.

4 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Francisco Goya | Wikimedia Commons | Modificado por Aleteia

Para estes esposos santos, a família sempre foi uma prioridade, porque a procuravam em todos os momentos. Monsenhor Marcos Pérez, pertencente à diocese do Equador, explicou em uma de suas mensagens : 

“Conhecemos os dois santos pelo grande fruto que deram à humanidade, a Virgem Maria, dotada de muitas virtudes, sobretudo, a sua dedicação, generosidade e humildade. Por isso, a Igreja tem por eles um carinho especial”.

5 PAPEL EDUCATIVO COMO PAIS E MAIS TARDE COMO AVÓS

O Papa Bento XVI, em 26 de julho de 2009, destacou, através das figuras de São Joaquim e Santa Ana, a importância do papel educativo dos avós, que na família "são depositários e muitas vezes testemunhas dos valores fundamentais que dão vida". 

Foi em sua casa que Maria aprendeu o serviço, a caridade e sobretudo a sua doçura acompanhada de docilidade, graças à educação que os seus pais lhe proporcionaram.

6 TRANSMISSORES DE FÉ

Santo Padre Francisco , em sua mensagem do Angelus , no Rio de Janeiro, expressou o papel desses santos como educadores na fé: “Os santos Joaquim e Ana fazem parte daquela longa cadeia que transmitiu a fé e o amor de Deus no calor da família, também Maria, que acolheu no seu seio o Filho de Deus e o deu ao mundo, deu-os a nós». 

Por isso, não hesite em pedir a intercessão destes santos maravilhosos que constituem um divisor de águas na história da Igreja. Principalmente se você é pai ou avó, confie neles, que saberão orientá-lo no processo.

 Fonte: https://es.aleteia.org/

EDITORIAL: Para honrar verdadeiramente o Corpo de Cristo

Missa de encerramento do Congresso Eucarístico dos Estados Unidos (Vatican News)

O grande Congresso Eucarístico dos Estados Unidos, as palavras de São João Crisóstomo, a defesa de toda a vida.

ANDREA TORNIELLI

No discurso proferido na abertura do Congresso Eucarístico nos Estados Unidos, em Indianápolis, na noite de 17 de julho, o núncio apostólico Christophe Pierre perguntou-se em que consiste o “renascimento eucarístico” e também qual é a prova decisiva para saber se “um despertar eucarístico está sendo experimentado”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal, embora seja “sempre acompanhado pela devoção sacramental” e, portanto, pela adoração, pelas procissões, pela catequese, “deve estender-se além das práticas devocionais”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal Pierre, significa ver Cristo nos outros, não só na própria família, nos amigos e na própria comunidade, mas também naqueles que sentimos distantes porque pertencem a uma etnia ou têm uma condição social diferente, ou naqueles que desafiam a nossa forma de pensar ou que têm opiniões diferentes das nossas. Estas são palavras particularmente significativas em relação à polarização que caracteriza a sociedade estadunidense e cuja influência a Igreja daquele grande país não está isenta.

As reflexões do Núncio Pierre recordam uma homilia do grande padre da Igreja, São João Crisóstomo, que disse: “Você quer honrar o corpo de Cristo? Não permita que ele seja objeto de desprezo em seus membros, isto é, nos pobres, que não têm roupas para se cobrir. Não o honre aqui na igreja com tecidos de seda, enquanto lá fora você o negligencia quando ele sofre com o frio e a nudez.... Que vantagem Cristo pode ter se a mesa do sacrifício estiver cheia de vasos de ouro, enquanto ele morre de fome na pessoa do pobre?” João Crisóstomo acrescentou: “Pense a mesma coisa de Cristo, quando ele anda errante e peregrino, precisando de um teto. Você se recusa a acolhê-lo no peregrino e, em vez disso, adorna o chão, as paredes, as colunas e os muros do edifício sagrado. Ao enfeitar o ambiente para o culto, não feche o seu coração para o irmão que sofre. Ele é o templo vivo mais precioso do que aquele”.

Outro grande bispo, dom Tonino Bello, observou: "Infelizmente, a opulência vistosa das nossas cidades nos faz ver facilmente o corpo de Cristo na Eucaristia dos nossos altares. Mas nos impede de ver o corpo de Cristo nos tabernáculos incômodos da pobreza, da necessidade, do sofrimento, da solidão. É por isso que as nossas Eucaristias são excêntricas...".

Pensando na situação dos Estados Unidos, é de se esperar que o renascimento eucarístico conduza a uma atenção cada vez maior ao corpo de Cristo nos “tabernáculos incômodos” da miséria e da marginalização. Também é de se esperar que esse renascimento promova uma atenção renovada em favor da vida e da dignidade humana, da vida frágil e indefesa, como a do nascituro, do sem-teto, do migrante. Uma atenção renovada em favor da vida daqueles que são diariamente ameaçados pela violência e pela propagação descontrolada de armas vendidas com uma impressionante facilidade: uma praga que aflige particularmente aquele grande país, cujo combate nunca será feito o suficiente pelos cristãos, ou seja, os seguidores daquele que, no Getsêmani, deteve o impulso defensivo de Pedro, ordenando-lhe que colocasse a espada de volta na bainha para depois recolocar a orelha do servo do Sumo Sacerdote ferido pelo apóstolo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Ana e São Joaquim (pais de Nossa Senhora)

Santa Ana e São Joaquim (A12)
26 de julho
Santa Ana e São Joaquim

As informações sobre os pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, incluindo seus nomes, não se encontram na Bíblia, mas vêm de referências de textos apócrifos, como o Protoevangelho de Tiago e o Evangelho do Pseudo-Mateus, além da Tradição. Tais fontes indicam que moravam em Jerusalém, eram judeus exemplares e piedosos, e assim esperavam a vinda do Messias.

Ana era filha de Achar e irmã de Esmeria, a mãe de Isabel e avó de São João Batista. Joaquim era um homem piedoso e muito rico, da tribo de Davi. Depois de casados, não tiveram filhos, o que, para a mentalidade judaica, era sinal de falta da bênção de Deus e condição humilhante. Suplicaram então a Deus, com orações, lágrimas e jejuns, a graça de gerarem um filho, mesmo já tendo chegado à velhice. O pedido foi atendido, e à filha deram o nome de Mirian (Maria), que significa “a amada”, “a esperada”, “a desejada”.

Até os três anos de vida, Maria morou com os pais numa casa próxima à piscina de Betesda (ou Betzaeda, Betezatá, Betsata, Betzada), onde Jesus anos depois curou milagrosamente um paralítico (Jo 5,1-9). Os Cruzados construíram no local, no século XII, uma igreja dedicada a Santa Ana, ainda existente. Foi então levada pelos pais ao Templo de Jerusalém, para ser consagrada a seu serviço, em sinal de gratidão.

 Só em 1969 a Igreja definiu um dia único para venerar o casal, 26 de julho. Anteriormente, apenas Santa Ana era festejada, e em datas diferentes no Ocidente e no Oriente. Ela é invocada como padroeira das mães (que pedem um parto feliz, filhos saudáveis e leite suficiente para amamentar) e das viúvas, nos partos difíceis e contra a esterilidade conjugal. Santana ou Sant’Ana é também nome de muitas localidades e adotado igualmente como sobrenome familiar.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Independentemente da exatidão dos dados históricos sobre os pais de Nossa Senhora, que contudo não são necessariamente falsos e condenáveis e podem ser aceitos com razoabilidade, o que unicamente importa é que foram especialmente abençoados por Deus. E seus nomes conhecidos, em Hebraico, exprimem coerentemente as suas pessoas: Ana é “graça”, e Joaquim “Javé prepara” ou “Javé fortalece”. Imensa é a graça, a fortaleza, e o preparo, necessários para alguém ser responsável por Nossa Senhora! E para nós, que A queremos levar no coração por toda a vida, não menores são a graça, o preparo e a fortaleza indispensáveis para viver responsavelmente qualquer devoção e consagração a Ela oferecidas. A vida espiritual não pode ser leviana. Deus nos pedirá contas do modo como tratamos a Sua Mãe. Mesmo para quem não Lhe é devoto, ao menos um santo respeito é exigido, mas sobretudo é o amor filial, íntegro, simples, verdadeiro, que basta na relação com a mais acolhedora das mães. Não gerar vida, diante de Deus, é sim algo humilhante, não em relação à do corpo, mas à da alma… Logo, como Joaquim e Ana roguemos incessantemente a Deus, entre lágrimas sinceras e jejum dos pecados, da indiferença e da acomodação, para sermos solo fecundo. Caso contrário, o tempo inevitavelmente passará, e a velhice de alma, que corresponde a uma paralisia no trato com Deus, nos tornará estéreis na caridade, as boas obras que são o sinal de vida eterna. Somente na intimidade fecunda com o Espírito Santo é que poderemos gerar esta vida. Mas toda vida que nasce precisa crescer, e por isso deve ser consagrada ao Senhor, para que, imersa na piscina de Suas bênçãos, se torne “Mirian”: a vida amada, a vida desejada, isto é, a vida infinita. A união da alma com Deus gera frutos de caridade, que crescem e se transformam na vida celeste que esperamos. É natural que contemos com esta sabedoria nas pessoas mais velhas (embora atualmente o hedonismo e o ateísmo corrompam mesmo muitos dos que mais deveriam estar atentos à inevitabilidade da morte), e sobretudo que a saibam transmitir às novas gerações. É um dos maiores bens que os idosos podem fazer, santificando-se e aos demais, pois a autoridade deste seu apostolado tem profunda repercussão na formação dos jovens e crianças. O seu exemplo de fidelidade aos verdadeiros valores, sob as mais diferentes circunstâncias, através de um longo período de tempo, é em si uma santificação. Por isso os mais idosos, no contexto bíblico, estão associados a referência de respeitosa veneração (cf. 2 Mc 6,23). São Joaquim e Santa Ana são portanto modelo na santidade vivida em idade avançada. A eles devemos rogar, pedindo pelo resgate da valorização dos mais velhos na sociedade atual, que senil e estéril de comunhão com Deus, induz crianças, jovens e adultos a menosprezarem e mesmo promoverem o “desfazer-se” dos anciãos, pelo crime da eutanásia.

Oração:

Deus Pai, que criastes a vida, concedei-nos por intercessão de São Joaquim e Santa Ana a graça de sermos como eles tão familiares a Nossa Senhora que, ignorados em tudo o mais, baste esta referência em nossa vida, para sermos plenamente conhecidos no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 25 de julho de 2024

25 de julho: o dia em que o Concílio de Nicéia foi concluído

Cesare Nebbia, "Concílio de Nicéia" (1560). La scène representa a abertura do concile do Imperador Constantin Ier le Grand. (© Domínio público)

Rachel Molinatti – publicada em 25/07/24

Ele é frequentemente lembrado pela profissão de fé que leva seu nome. De 20 de maio a 25 de julho de 325, o primeiro Concílio de Nicéia reuniu numerosos bispos de diversas Igrejas por iniciativa do imperador Constantino. Aleteia leva você de volta no tempo

A data é 25 de julho de 325. Constantino I reinava sobre o Império Romano há quase vinte anos. Nicéia, importante cidade da Bitínia, foi palco de um encontro sem precedentes.

Localizada onde hoje é a Turquia, esta terra fértil à beira do lago era uma cidade movimentada que negociava com muitos países. Entre 20 de maio e 25 de julho de 325, ocorreu um encontro inédito: o primeiro Concílio Ecumênico, que reuniu a maioria das Igrejas cristãs.

Embora a ausência do Papa fosse lamentável, quase todo o episcopado do império, e mesmo para além das fronteiras de Roma, respondeu ao apelo de Constantino. Segundo Eusébio de Cesaréia, mais de 250 bispos fizeram a viagem. Santo Atanásio chega a mencionar 318 participantes. Entre eles estavam bispos, claro, mas também sacerdotes, diáconos e leigos; em suma, todos os homens de boa vontade: Paphnutius, bispo de Tebaida, Paulo, bispo de Neo-Cesaréia, Spiridion, bispo de Chipre... A diversidade da Igreja estava ali, representada em todo o seu esplendor.

A unidade da Igreja

Naquela época, o Cristianismo era uma religião em crescimento. Se antes os cristãos eram considerados uma raça má, em 313, graças ao Edito de Milão, o imperador pôs fim à sua perseguição.

Conta-se que, enquanto estava em guerra com um rival, viu no céu um sinal luminoso representando Cristo, e a partir daí demonstrou grande simpatia pelos cristãos. Agora ele quer ir mais longe. A tese de um certo Ário encontrou muitos seguidores. Segundo ele, Jesus não é da mesma natureza de Deus, mas está subordinado ao seu criador. Os debates teológicos fascinaram os habitantes do Império; Diz-se até que a teologia era discutida até entre os comerciantes. Constantino temia um cisma que alterasse a unidade do Império. Por isso convocou este encontro inédito, que ecoaria durante séculos. O seu objetivo era estabelecer a unidade da Igreja no Oriente e no Ocidente e resolver o problema do Arianismo.

Durante dois meses, os debates ocorreram normalmente. Escaramuças, abjurações, discussões acaloradas e ameaças sucederam-se ao longo dos dias, e o concílio concluiu com vários contributos importantes, condenando o arianismo e decidindo sobre a questão da data da Páscoa. Diz-se que, face ao trabalho realizado, Constantino ofereceu aos bispos “um banquete cuja magnificência ultrapassava toda a imaginação” e que o concílio se dissolveu em meio à euforia geral.

Fonte: https://es.aleteia.org/

Cantalamessa completa 90 anos, anúncio da Palavra de Deus é sua prioridade de vida

Pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa (Vatican Media)

Pregador da Casa Pontifícia desde 1980, ele é autor de vários livros e é conhecido do público em geral por suas colaborações com vários jornais. Religioso capuchinho, criado cardeal pelo Papa Francisco em 28 de novembro de 2020, optou por não ser ordenado bispo para continuar a usar o hábito franciscano. Ele deixou a docência em 1979 para se dedicar à pregação em tempo integral.

Vatican News

O cardeal Raniero Cantalamessa, frade menor capuchinho pregador da Casa Pontifícia há 44 anos, completou 90 anos esta segunda-feira, 22 de julho. O Papa Francisco quis dar-lhe o barrete vermelho, em 28 de novembro de 2020, ele pediu a dispensa da ordenação episcopal para recebê-lo, convencido de que poderia fazer “muito pouco” como pastor ultra octogenário (ele tinha 86 na época do Consistório que o incluiu no Colégio cardinalício), mas que ainda poderia anunciar a Palavra de Deus, com o hábito franciscano, porque queria morrer com o hábito. O rosto e a voz do padre Raniero são bem conhecidos - como ele é geralmente chamado - também por ter divulgado o Evangelho na TV. Inúmeros artigos escritos para vários jornais e inclusive para o “L'Osservatore Romano”, o primeiro datado de 3 de março de 1976. Inúmeras entrevistas concedidas à mídia vaticana, em cujas redes sociais ele também propôs uma semana de reflexões durante a última Quaresma.

Foto de arquivo: o cardeal Cantalamessa fazendo uma pregação de Quaresma (Vatican Media)

O “chamado do Senhor”

Nascido em Colli del Tronto, na província de Ascoli Piceno, na região italiana das Marcas, ele entrou no seminário em 1946 e contou que “ouviu o chamado do Senhor” aos 13 anos de idade, com tanta clareza que nunca duvidou disso. Foi ordenado sacerdote em 19 de outubro de 1958 e iniciou seu ministério na Basílica da Santa Casa de Loreto. Formou-se em Teologia em Freiburg, na Suíça, e em Literatura Clássica na Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, norte da Itália, para aprofundar seu estudo do Novo Testamento e dos Padres da Igreja. Na mesma universidade, foi professor de História das Origens Cristãs e diretor do Departamento de Ciências Religiosas. De 1975 a 1981, foi membro da Comissão Teológica Internacional e, por doze anos, da delegação católica para o diálogo com as Igrejas Pentecostais.

Pregador da Palavra em tempo integral

Foi em 1979 que o religioso deixou a docência para se dedicar em tempo integral ao ministério da Palavra. João Paulo II o nomeou pregador da Casa Pontifícia em 1980, e ele continua sendo até hoje, confirmado no cargo por Bento XVI em 2005 e pelo Papa Francisco em 2013. Nessa função, ele oferece uma meditação por semana durante o Advento e a Quaresma para a Cúria Romana, na presença do Papa. Ele também é chamado para falar em muitos países do mundo, muitas vezes por irmãos de outras denominações cristãs. É autor de livros acadêmicos escritos como historiador das Origens Cristãs, sobre a Cristologia dos Padres da Igreja, a Páscoa na Igreja primitiva e outros temas, e publicou vários outros textos sobre espiritualidade, fruto de sua pregação na Casa Pontifícia, que foram traduzidos para cerca de 20 idiomas. Desde 2009, o cardeal Cantalamessa vive no eremitério do Amor Misericordioso em Cittaducale, província de Rieti, região do Lácio, com a comunidade de monjas clarissas capuchinhas.

Foto de arquivo: o cardeal Cantalamessa falando à Cúria Romana (Vatican Media)

Santo Agostinho entre seus autores favoritos

Entre seus autores cristãos mais aprofundados está Santo Agostinho. Em 2019, comentando o tema escolhido para as pregações da Quaresma, “Retorne a si mesmo”, inspirado na experiência do bispo de Hipona, ele explicou à mídia vaticana que, para se colocar “nos passos de Deus”, para se tornar consciente d’Ele, é preciso entrar no próprio coração. “Como Agostinho nos diz, se não voltarmos para dentro de nós mesmos, se não nos retirarmos um pouco da exterioridade, do barulho, não poderemos encontrar o Deus vivo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A luxúria e seus impactos na sexualidade

O pecado da luxúria (Aleteia)

A LUXÚRIA E SEUS IMPACTOS NA SEXUALIDADE

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN) 

Podemos considerar a luxúria como um desejo intenso e descontrolado por prazer sexual, que leva a pessoa a buscar satisfação de maneira desordenada e irresponsável no sexo, prejudicando seus valores, relacionamentos e bem-estar. Esse vício capital transforma a busca natural pelo prazer sexual em um fim em si mesmo, dominando a razão e a ordem natural da sexualidade, que deveria ser orientada para o amor, a integração pessoal e o fortalecimento do vínculo afetivo e conjugal. A desordem causada pela luxúria instala-se lentamente, corroendo as defesas morais e espirituais da pessoa, e resultando em uma sexualidade desequilibrada e lasciva.  

A luxúria impossibilita a pessoa de viver de modo casto e saudável, afetando não apenas o corpo, mas também o espírito, os pensamentos, a imaginação e as atitudes. A desordem instaurada pela luxúria é lenta e progressiva, corroendo as defesas da pessoa e alimentando sua imaginação com cenas libidinosas, o que desencadeia um desequilíbrio sexual cada vez maior. O vício da luxúria busca o prazer pelo prazer, sem nenhum compromisso com o outro, tornando a pessoa incapaz de estabelecer relações nobres e puras, buscando sempre tirar algum proveito sexual. 

Santo Tomás de Aquino aborda a luxúria na Suma Teológica (Pars Prima Secundae, Tratado sobre a temperança. Questão 153), onde ele analisa a natureza, a moralidade e as consequências desse vício. Segundo Santo Tomás de Aquino, a matéria da luxúria são as concupiscências e os prazeres sexuais. A luxúria se refere ao desejo desenfreado pelos prazeres sexuais que se desviam da ordem racional e do propósito natural da sexualidade, como a procriação e a união conjugal. Assim, entendida, a luxúria é um pecado porque desordena a razão e a vontade, fazendo com que a busca pelo prazer sexual se torne um fim em si mesmo, em vez de ser um meio para o bem do matrimônio. A luxúria, portanto, é um vício capital, pois seu desejo intenso pode levar uma pessoa a cometer muitos outros pecados para satisfazer seus apetites sexuais. Como os vícios capitais têm um fim muito desejável, esse desejo leva a pessoa a cometer diversos pecados para alcançá-lo. Santo Tomás lista várias consequências da luxúria, incluindo a cegueira do espírito, inconsideração, precipitação, inconstância, amor desordenado a si mesmo, ódio a Deus, apego excessivo à vida presente e desespero da vida futura. 

Em sua catequese sobre os vícios e as virtudes, Papa Francisco aborda a luxúria como um vício que envenena as relações humanas, especialmente na esfera da sexualidade. Ele ressalta que a luxúria é uma “voracidade” em relação ao outro, que transforma a pessoa em um objeto de satisfação. Ele enfatiza a necessidade de disciplinar a sexualidade para que ela seja uma expressão de amor verdadeiro e não de posse ou consumo (Audiência Geral, 17/01/2024). 

As formas de luxúria podem variar, incluindo adultério, fornicação, masturbação, estupro, pornografia, orgias, libertinagem e pensamentos impuros. Para combater a luxúria, a Igreja recomenda várias práticas: evitar situações e conteúdos que possam despertar desejos impuros; buscar a graça de Deus através da oração, confissão e Eucaristia; praticar a autodisciplina e a mortificação dos sentidos para fortalecer a vontade contra os impulsos desordenados; cultivar relações baseadas no amor verdadeiro e no respeito mútuo, em vez de relações baseadas na satisfação sexual. 

Para viver a sexualidade de forma ordenada, é necessário romper com as paixões que se instalam pouco a pouco na fantasia e abrir-se à graça de Deus e manter um coração puro, voltado para um amor autêntico e oblativo, bem como relações nobres e saudáveis. A bem-aventurança “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8) destaca a importância de manter um coração puro, que sabe amar verdadeiramente e não permite que nada macule e enfraqueça esse amor. Jesus ensina que o coração é a sede de nossas verdadeiras intenções e que dele procedem as nossas decisões e ações (Mt 15,19).  Portanto, manter o coração puro e alimentar a imaginação com imagens edificantes é essencial para vencer a luxúria e amar de forma integral, estabelecendo relações de amizade autênticas, puras e genuínas. 

Enfim, considerando que a luxúria é um grave desvio da ordem moral e espiritual, é necessário combatê-la com determinação, buscando a ajuda divina para que a pessoa possa viver a verdadeira liberdade e pureza de coração. 

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Athletica Vaticana, carta aos atletas: as Olimpíadas são um antídoto para os jogos de guerra

Os cinco anéis olímpicos nos Jogos de Paris 2024 (Vatican News)

Às vésperas do grande evento, a Athletica Vaticana escreve a quem vai competir nos Jogos Paris 2024 e nas Paraolimpíadas no final de agosto: vivam e ajudem a viver um momento de paixão mas também de inclusão "no ritmo dos últimos", onde além do "mais rápido, mais alto e mais forte" haja também lugar o valor de estar "juntos".

Vatican News

A Athletica Vaticana, associação poliesportiva oficial da Santa Sé, enviou uma carta intitulada "Jogos da paz", datada de 24 de julho, aos atletas que participam dos Jogos Olímpicos de Paris que começam nesta sexta-feira, 26 de julho, e prosseguem até 11 de agosto.

Segue a íntegra da carta.

Amigo atleta, na sexta-feira, 26 de julho, em Paris, serão abertos os Jogos Olímpicos, que têm de lidar com guerras, tensões e injustiças - mesmo quando os holofotes estão apagados - em escala global. A proposta da trégua olímpica - apoiada várias vezes pelo Papa Francisco, desde o dia 13 de janeiro passado com a “sua” Athletica Vaticana - e a participação da Equipe de Refugiados na competição são precisamente duas propostas de paz que todos nós, a grande família esportiva, relançamos em um momento sombrio para a humanidade.

As Olimpíadas - e, a partir de 28 de agosto, as Paraolimpíadas - são, antes de tudo, histórias de mulheres e homens que hoje não conseguem deter “a terceira guerra mundial em pedaços” (como a chama o Papa Francisco), mas sugerem a possibilidade de uma humanidade mais fraterna, por meio da linguagem do diálogo esportivo, popular e compreensível para todos.

Em Paris, nestes dias, todos tentam incorporar os verdadeiros valores do esporte: paixão, inclusão, fraternidade, espírito de equipe, lealdade, redenção, compromisso e sacrifício. Cada treino, cada desafio superado, cada momento de dificuldade enfrentado com coragem, trouxe cada um para os Jogos Olímpicos, com uma consciência: o esporte não é apenas vitória ou derrota, o esporte é uma jornada pela vida que nunca se faz sozinho. O Papa Francisco nos lembra que o esporte “é uma grande ‘corrida de revezamento’ na ‘maratona da vida’, com o bastão passando de mão em mão, cuidando para que ninguém fique para trás sozinho. Ajustar o próprio ritmo ao ritmo do último” (prefácio do livro “Jogos da Paz. A alma das Olimpíadas e Paraolimpíadas”).

Sim, “no ritmo dos últimos”: o abraço mais fraterno é para todos aqueles que vivem todos os dias - também tentando se agarrar à esperança que o esporte dá - realidades difíceis, entre guerras, pobreza, injustiça, tensões e medo. O Papa Francisco confessa: são precisamente eles que “nos contam histórias de redenção, esperança e inclusão”. Com esse espírito de fraternidade também por meio do esporte, apenas algumas horas antes do início dos Jogos de 2024, a Athletica Vaticana mais uma vez levanta o apelo de Francisco por uma trégua olímpica.

Amigo atleta, em Tóquio, há três anos, o Comitê Olímpico Internacional acrescentou a palavra “Juntos - Communiter” ao famoso lema olímpico “Mais rápido, mais alto, mais forte”: em Paris, portanto, serão Olimpíadas e Paraolimpíadas com o estilo “Juntos”. O Papa Francisco nos escreveu: “Nessa perspectiva, a palavra-chave para o esporte, hoje mais do que nunca, é ‘proximidade’. Esta é a primeira sugestão que, como ‘treinador do coração’, sempre proponho à Athletica Vaticana”. Uma sugestão do nosso excepcional “treinador”, Papa Francisco, que compartilhamos fraternalmente com prazer: proximidade!

Amigo atleta, coragem! Ninguém está sozinho na experiência e no ato do esporte: há sempre uma equipe, uma família, uma comunidade ao seu lado. Em Paris, cada atleta olímpico está prestes a viver o sonho que vem construindo desde a infância: é a grande oportunidade que chega - finalmente - depois de tê-la planejado, preparado e esperado muito tempo por ela. Uma oportunidade que não deve ser desperdiçada, tanto do ponto de vista humano quanto esportivo. Há outra sugestão que o “coach Papa Francisco” sempre propõe: mesmo no nível mais alto, sim, mesmo nas Olimpíadas, faz diferença manter o espírito “amador” de gratuidade, aquele estilo de simplicidade que freia a busca desmedida por dinheiro e sucesso “a todo custo”, sob o risco de sobrecarregar tudo em nome do lucro, fazendo com que as pessoas percam a alegria que as atrai para a paixão esportiva desde a mais tenra idade.

Amigo atleta, com a beleza e a justiça do gesto esportivo de cada um, e sem jamais recorrer a atalhos - uma derrota limpa é sempre melhor do que uma vitória suja -, os Jogos podem ser oportunidades de esperança, nas pequenas e grandes questões de cada um e da humanidade.

Sim, as Olimpíadas e as Paraolimpíadas podem ser estratégias para a paz e antídotos para os jogos de guerra para vencermos, juntos, a medalha da fraternidade.

Com um abraço de amizade esportiva e com gratidão pelas emoções que viveremos!

Fraternalmente,

Athletica Vaticana

*Associação poliesportiva oficial da Santa Sé

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tiago Maior

São Tiago Maior (A12)
25 de Julho
São Tiago Maior

As informações sobre São Tiago Maior vêm do Novo Testamento. Nasceu em Betsaida da Galileia, em Israel, por volta do ano 5 a.C.. Era filho de Zebedeu e Salomé e irmão mais velho de São João Evangelista, este o mais jovem dos Apóstolos. É sempre citado como um dos três primeiros dos 12 Apóstolos, com Pedro e André.

É chamado de “maior” para não ser confundido com outro dos Apóstolos, também de nome Tiago porém mais novo, e por isso identificado como “menor”, filho de Alfeu e Maria de Cléofas e primo de Jesus. Zebedeu, Tiago e João eram sócios de Pedro e André no trabalho da pesca.

No mesmo dia, Jesus chama Pedro e André, e logo depois Tiago e João, para segui-Lo como “pescadores de homens”, e todos imediatamente largam tudo, até mesmo o pai dos dois últimos, Zebedeu, para ir com o Senhor (Mt 4, 17-22).

Tiago, Pedro e João foram particularmente íntimos de Jesus, pois só os três estavam presentes com Ele em certos momentos importantes, como a ressurreição da filha de Jairo (Lucas 8,51), a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29), a Transfiguração no Monte Tabor (Mt 17,1) e a agonia no Horto das Oliveiras (Mt 26,37).

O temperamento exaltado de Tiago e João lhes valeu de Jesus o apelido de boanerges, isto é, “filhos do trovão”, como se evidencia quando ambos perguntam ao Senhor se quer que “mandem”(!) descer fogo do céu para matar os samaritanos que não O acolheram bem (Lc 9,51-56). Um outro traço de que os irmãos eram exagerados (e ainda com mentalidade muito mundana) é o pedido que fazem à própria mãe de interceder a Jesus por eles, para reservar-lhes no Seu reino os principais lugares (Mt 20, 20-28).

Conta a Tradição que depois de Pentecostes Tiago foi evangelizar a Espanha, voltando depois a Jerusalém, onde está registrada a sua morte por decapitação a mando do rei Herodes Agripa (At 12,2), nos inícios das perseguições à Igreja. Foi o primeiro mártir entre os Apóstolos.

Seu corpo teria sido levado para a Espanha. Em 831, segundo a Tradição, o bispo de Iria, cidade espanhola (atualmente Iria Flávia), viu uma estrela iluminando particularmente um campo, e ali foi encontrado um sepulcro com a inscrição: “Aqui jaz Jacobus, filho de Zebedeu e de Salomé”. (Jacobus, ou Jacó, é traduzido por “Tiago”). O local foi batizado de Campus Stellae (“campo da estrela”), nome que originou a cidade de Santiago de Compostela.

Construiu-se lá uma catedral e basílica dedicada a ele, um santuário que é local de peregrinações desde a Idade Média, quando a Igreja concedia indulgência plenária a todos aqueles que fizessem peregrinação ao local com espírito de penitência, arrependimento e conversão. Este benefício espiritual atraiu cada vez mais fiéis ao longo do tempo, com aumento gradativo das rotas de peregrinação, atualmente com cerca de 800 quilômetros.

Normalmente esta devoção é feita a pé, mas também de bicicleta ou outro veículo que exija esforço humano, e hoje há ampla organização e infraestrutura para acolher os peregrinos do mundo todo ao longo das várias vias de acesso.

Na Espanha há três datas anuais comemorativas do santo: 23 de maio, quando da sua aparição na batalha de Clavijo em 844 (contra os muçulmanos invasores da Europa, montando um cavalo branco); 25 de julho, quando do seu martírio; e 30 de dezembro, quando da transladação dos seus restos mortais para a Galícia, região onde fica Compostela. Esta última referência indica que não apenas a Tradição é fonte da sua passagem pela Espanha.

São Tiago Apóstolo, Santiago ou Santiago de Compostela deu nome a muitas cidades e é padroeiro da Espanha, Guatemala, Chile e Nicarágua, dos peregrinos e cavaleiros, bem como dos exércitos espanhol e português (em honra da sua coragem em dar testemunho do Cristo; por isso foi criada a famosa Ordem de Santiago, valorizando honra, lealdade, coragem e fé).

Colaboração: : José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Tiago Maior tinha forte personalidade, como os outros Apóstolos, mas cada qual diferente. Por isso, aliás como também outros Apóstolos e outros santos, seguiu imediatamente a Jesus, quando foi por Ele chamado. Seguir a Jesus é sempre um desafio, e muitos o fazem gradativamente, aos poucos, até se aproximarem Dele o suficiente para poderem acompanhar os Seus passos, e assim será a longa fila que chega no Paraíso; mas Tiago foi um dos que não hesitou, trocando o pai terreno pelo Pai do Céu. Desenredar-se instantaneamente de toda uma vida para seguir uma Palavra ou é uma insensatez ou um ato heroico, mas a ação que exprimia o Verbo de Deus era identificável como sublime, embora misteriosa, e os santos são exatamente os heróis da Fé. Marcante é a especial proximidade, ou especial preferência, de Tiago com Jesus, para que tenha participado de situações mais exclusivas com o Mestre. Certamente, de alguma forma pessoal, isto era importante para a missão de vida que Jesus lhe destinou, mas não deve ser o único motivo. Particularmente a Transfiguração e a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras são únicos e também singularmente intensos, em significado, profundidade espiritual e dramaticidade. Tiago foi o primeiro mártir entre os Apóstolos, o primeiro entre os escolhidos por Jesus para concretamente dar o exemplo de total adesão à Sua Cruz, a seguí-Lo de mais perto na essência da Obra da Salvação; talvez uma singularidade do plano de Deus para si que explique a sua seleta participação naquelas situações. Pois Pedro seria o primeiro Papa, a pedra sobre a qual Jesus construiu a Igreja, e João o evangelista que de modo mais profundo nos apresentou o Cristo, além de ter escrito o Apocalipse – portanto, ambos com outras missões também muito específicas e grandiosas. De certa forma um alento para nós, que participamos da mesma humanidade falha dos Apóstolos, os quais apesar disso alcançaram e nos dão exemplo de privilegiada santidade, é a pergunta quase cômica de Tiago e do irmão a Jesus, oferecendo-se para “mandar” descer um fogo punitivo do Céu. Certamente isto indica um grande amor a Cristo, uma indignação legítima e sentida ao vê-Lo desprezado, mas para além de uma ingenuidade descabida, mostra que ainda não haviam mesmo entendido a proposta de Jesus, e evidencia principalmente o lado da soberba humana, a sua pretensão de domínio. Por que pensaram ter poder para decidir sobre a vida e a morte de outros, e o motivo desta sentença? A quem eles iriam “mandar”? Aos anjos? A Deus Todo Poderoso – que ainda não haviam identificado com Jesus? Verdade é que, antes deste episódio, já haviam vivido a experiência de até expulsar demônios quando enviados em missão por Jesus (cf. Lc 10,17-20), e quiçá, como também nós, convenceram-se de que o faziam, ou qualquer boa obra, por si mesmos… Os boanerges igualmente somos nós, em muitas ocasiões de destempero, enquanto Cristo nos ensina a ser como Ele mansos e humildes de coração (cf. Mt 11,29). Mas certamente nos lábios de Jesus esta expressão não tem conotação de crítica agressiva, sim de admoestação carinhosa, simpática, e verdadeira e bem humorada. Que tenha esta mesma acepção no referente a nós... A ambição e desejo de poder neles aparece no não menos absurdo e quase cômico pedido que fazem à própria mãe, de interceder por eles ao Mestre uma garantia dos lugares mais destacados no Seu reino – que ainda também não haviam entendido ser o celeste – que devemos modificar radicalmente: não a intercessão da mãe humana para um pedido mundano, mas a intercessão da Mãe Celeste por um pedido de absoluta humildade, que é o maior poder junto ao Pai para que estejamos com Ele no Céu. Identifiquemo-nos com São Tiago Maior, transformando como ele nossas faltas e veleidades em santidade, ao seguir perseverantes a Jesus, com nossos erros e acertos. Pois se o fizermos até o fim, partilharemos literalmente da doação da vida por Cristo, e os Céus trovejarão de alegria quando da nossa entrada.

Oração:

Deus Pai, que nos criastes para estarmos Convosco, concedei-nos por intercessão de São Tiago Maior a têmpera de ter verdadeira intimidade com Jesus, acompanhando-O exclusivamente, nos momentos de excelsa transfiguração e nos de pavorosa agonia, para que ao final desta peregrinação terrestre, tendo definitivamente decepado o apego ao corpo de pecado, possamos ser verdadeiramente chamados Filhos de Deus e não Filhos do Trovão. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Hoje é celebrado São Charbel Makhlouf, exemplo de vida consagrada e mística

São Charbel Makhlouf (ACI Digital)

24 de julho

São Charbel Makhlouf

Por Redação central

São Charbel Makhlouf foi um asceta e religioso do Líbano pertencente ao rito maronita e o primeiro santo oriental canonizado desde o século XIII.

Este santo nasceu em 8 de maio de 1828 em Beqaa-Kafra, o lugar habitado mais alto do Líbano. Cresceu com o exemplo dos seus tios, ambos eremitas. Aos 23 anos, deixou sua casa em segredo e entrou no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfuq, tomando o nome de uma mártir sírio: Charbel.

Fez os votos solenes em 1853 e foi ordenado sacerdote em 1859 por dom José Al Marid, sob o patriarcado de Paulo I Pedro Masad. Fixou como sua residência o mosteiro de São Maron, em Annaya, que se encontra a 1067 metros acima do nível do mar.

Padre Charbel viveu nessa comunidade por 15 anos, sendo um monge exemplar, dedicado à oração, ao apostolado e à leitura espiritual.

Tempos depois, sentiu o chamado à vida eremita e, em 13 de fevereiro de 1875, recebeu a autorização para colocá-la em prática. Desde esse momento até a sua morte em 1898, dedicou-se à oração (rezava 7 vezes por dia a Liturgia das Horas), à ascese, à penitência e ao trabalho manual. Comia uma vez por dia e permanecia em silêncio.

A única perturbação à sua oração vinha pela quantidade de visitantes que chegavam atraídos por sua reputação de santidade. Esses buscavam conselho, a promessa de oração ou algum milagre.

Foi beatificado pelo papa Paulo VI em 5 de dezembro de 1965, durante o encerramento do Concílio Vaticano II, e sua canonização aconteceu em 9 de outubro de 1977, durante o Sínodo Mundial dos Bispos.

Sua devoção se estendeu no Líbano, mas também cruzou fronteiras até a América.

Fonte: https://www.acidigital.com/

CATEQUESE: A missa como sacrifício

A Santa Missa (Cléofas)

A missa como sacrifício

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Na Missa, Jesus não é “morto de novo e de novo”, como alguns críticos reivindicam, mas Ele é oferecido continuamente, numa oblação pura, desde o nascer até o pôr do sol.

Sabemos que ainda não somos dignos do céu. É por isso que somos dependentes do cálice que recebemos na Missa, o sangue de Jesus, cujo “sangue aspergido… fala mais misericordiosamente do que o sangue de Abel”. O sangue de Cristo, o cálice do Seu sangue, purifica os pecadores arrependidos e é, para eles, um cálice de bênção e de perdão.

A Igreja Católica ensina que a Sagrada Comunhão remove todos os pecados veniais da alma do pecador. Através de nosso contato com Jesus tornamo-nos, pela graça, o que Ele é por natureza. Participamos de Sua natureza. Ele é todo puro, todo santo, e por isso, Seu toque nos purifica. O que Ele diz ao leproso é igualmente válido para nós: “Eu quero, fica purificado” (Mt 8,3).

Na Antiga Aliança, os israelitas ofereciam sacrifícios para expiar os pecados, mas agora, Cristo se tornou o sacrifício plenamente suficiente. Por Sua morte, Ele cumpriu o que muitos milhões de oferendas do mundo antigo jamais puderam cumprir. Vejamos a Epístola aos Hebreus: “De fato, se o sangue de bodes e touros e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santificam, realizando a pureza ritual dos corpos, quanto mais sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9,13-14). A morte e ressurreição de Cristo marcam um sacrifício “de uma vez por todas”: “somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas” (Hb 10,10).

A morte e ressurreição de Jesus aconteceram apenas uma vez na história, mas Ele quis que todas as pessoas, das diversas épocas, participassem daquele sacrifício. E a forma desejada por Deus é a Missa, que é em si, o sacrifício de Jesus Cristo. Ele não é “morto de novo e de novo”, como alguns críticos reivindicam, mas Ele é oferecido continuamente, numa oblação pura, desde o nascer até o pôr do sol.

O sacrifício de Cristo não anula o nosso, mas faz com que seja possível. Com efeito, foi Jesus quem ordenou a Seus ministros sacerdotes para que participassem de Seu ato sacrificial, pois foi Ele quem disse: “Fazei isto em memória de mim”. Os Seus Apóstolos, como todos os sacerdotes católicos subsequentes, não submetiam a Jesus, mas antes, O representam e participam de Seu sacerdócio.

Os primeiros cristãos viviam num mundo onde o sacrifício era parte integrante de uma religião. Se tivessem se convertido do Judaísmo, conheceriam os sacrifícios do Templo de Jerusalém. Se tivessem vindo do paganismo, conheceriam os sacrifícios dos deuses pagãos. Mas agora, todos esses sacrifícios deram lugar ao rito habitualmente chamado de “o sacrifício”. A Carta aos Hebreus cita o Salmo 50,23 para incentivar um contínuo “sacrifício de louvor” (Hb 13,15) na Igreja. Paulo, comumente, usa uma linguagem com palavras próprias de um culto de sacrifício, tais como: leutourgia (liturgia; por exemplo, Rm 15,16), eucaristia (ação de graças, eucaristia; por exemplo, 2Cor 9,11), thusia (sacrifício; por exemplo, Fl 4,18); hierougein (serviço sacerdotal; por exemplo, Rm 15,16); e prosphoron (oferenda; por exemplo, Rm 15,16). Pedro fala de toda a Igreja como um sacerdócio chamado de “a oferta dos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1Pd 2,5).

Essa linguagem sacrifical aparece também nos escritos cristãos dos discípulos dos Apóstolos. Um livro antigo, chamado Didaqué, repetidamente usa a palavra “sacrifício” para descrever a Eucaristia: “E no dia do Senhor, reuni-vos para partir o pão e dar graças, primeiramente confessando suas transgressões, para que o seu sacrifício seja puro”. Santo Inácio de Antioquia, escrevendo apenas alguns anos depois da morte dos Apóstolos, habitualmente se referia à Igreja como o “lugar do sacrifício”.

No Antigo Testamento, os sacrifícios iniciavam ou restauravam a comunhão entre Deus e o homem; e assim o faz a Missa, no Novo Testamento, só que de forma mais perfeita. Para Santo Inácio e seus contemporâneos em 105 d. C., a Igreja estava unida em comunhão pela Eucaristia. Isso eles tinham aprendido bem de São Paulo, que disse: “Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, esclareceu esta doutrina para qualquer um que pudesse estar em dúvida: “Acautelai-vos, então, de ter, porém, uma Eucaristia. Porque há uma só carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, e um cálice para manifestar a unidade do seu sangue; um altar, como há um só bispo, juntamente com os sacerdotes e diáconos, meus companheiros no serviço”. E, Inácio, definia como hereges aqueles que se abstém da Eucaristia e da oração, porque não confessam que a Eucaristia é a carne de Nosso Salvador Jesus Cristo, o qual sofreu por nossos pecados e que o Pai, em Sua bondade, O ressuscitou”.

Pelo fato de não crescermos ao redor de cultos de sacrifício, como os primeiros cristãos faziam, não estamos acostumados à linguagem que Inácio utiliza a todo o momento, uma linguagem de sacrifício, ao falar de um altar, por exemplo, e da oferenda da carne. Numa outra carta sua, ele mesmo se compara a uma oferenda de trigo e de pão. Para cada culto sacrifical, fosse em Israel, na Grécia ou em Roma, era necessário um sacerdote. Esse, por definição, é alguém que oferece o sacrifício (ver Hb 8,3). Santo Inácio reconhece o sacerdócio de todos os fiéis, como São Pedro; mas ele também reconhece, como São Paulo, que alguns homens são separados para presidir os ritos da Igreja. Inácio escreveu aos cristãos de Esmirna: “Que a Eucaristia só seja considerada válida se for celebrada na presença do bispo ou daquele a quem ele tiver confiado à celebração”.

No Apocalipse, o livro do Novo Testamento que os católicos consideram um “ícone da liturgia”, Cristo aparece como um cordeiro do sacrifício (Ap 5,6). É o sangue desse Cordeiro, dado em sacrifício, que “tira os pecados do mundo” (Jo 1,29).

Agora a oferenda está no céu, exatamente onde João a viu, mas o céu toca a terra na Missa. Os Padres da Igreja gostavam de citar o Profeta Isaías quando falavam sobre o sacrifício Eucarístico e seu poder de apagar os nossos pecados: “Um dos serafins voou para mim segurando, com uma tenaz, uma brasa tirada do altar. Com ela tocou meus lábios dizendo: ‘Agora que isto tocou os teus lábios, tua culpa está sendo tirada; teu pecado, perdoado” (Is 6,6-7). Para os primeiros cristãos, a “queima com carvão” prefigurava o Santíssimo Sacramento, o Pão que desceu do altar de Deus para purificar a Igreja em oração.

Retirado do livro: “Razões Para Crer”. Scott Hahn. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Uma personalidade que se identifique com Cristo (2)

Crédito: Opus Dei

Uma personalidade que se identifique com Cristo

Começamos uma série de editoriais sobre a formação do caráter e a maturidade cristã. Como influi a personalidade na vida diária? As pessoas podem mudar? Qual é o papel da graça?

13/03/2020

Maturidade humana e sobrenatural

A palavra "maturidade" significa primeiramente estar maduro, pronto, e por extensão refere-se à plenitude do ser. Implica também o cumprimento da tarefa em si. Por isso, na vida do Senhor encontraremos o melhor paradigma. Contemplá-la nos Evangelhos e ver como Cristo trata as pessoas, sua fortaleza ante o sofrimento, a decisão com que empreendeu a missão recebida do Pai, tudo isso nos dá o critério da maturidade.

Ao mesmo tempo, nossa fé incorpora todos os valores nobres que se encontram nas diversas culturas, e por isso também é útil assimilar, purificando-os, os critérios clássicos de maturidade humana. É algo que se fez ao longo da história da espiritualidade cristã, em maior ou menor grau, de forma mais ou menos explícita.

O mundo clássico greco-romano, por exemplo (que foi tão sabiamente cristianizado pelos Padres da Igreja), colocou no centro do ideal da maturidade humana especialmente a "sabedoria" e a "prudência", entendidas com diversos matizes. Os filósofos e teólogos cristãos daquela época enriqueceram esta concepção observando a primazia das virtudes teologais, de modo especial a caridade como vínculo da perfeição[8] , em palavras de São Paulo, e que dá forma a todas as virtudes.

Atualmente, o estudo sobre a maturidade humana se completou com diversas perspectivas oferecidas pelas ciências modernas. Suas conclusões são úteis na medida em que partem de uma visão do homem aberta à mensagem cristã.

Assim, alguns costumam distinguir três campos fundamentais na maturidade: intelectual, emotiva e social. Traços significativos de maturidade intelectual podem ser: um adequado conceito de si mesmo (proximidade entre o que uma pessoa pensa que é, e o que realmente é; a sinceridade consigo mesmo influi decisivamente nisso); uma filosofia correta da vida; estabelecer pessoalmente metas e fins claros, porém com horizontes abertos e ilimitados (em amplitude, profundidade e intensidade); um conjunto harmonioso de valores; uma clara certeza ético-moral; um realismo sadio ante o próprio mundo e alheio; a capacidade de reflexão e análise serena dos problemas; a criatividade e a iniciativa; etc.

Entre os traços de maturidade emotiva, sem nenhuma pretensão de exaustividade, cabe distinguir: saber reagir proporcionalmente ante os acontecimentos da vida, sem deixar-se abater pelo fracasso nem perder o realismo no sucesso; a capacidade de controle flexível e construtivo de si mesmo; o saber amar, ser generosos e dar-se aos outros; a segurança e firmeza nas decisões e compromissos; a serenidade e capacidade de superação ante os desafios e as dificuldades; o otimismo, a alegria, a simpatia e o bom humor.

Finalmente, como parte da maturidade social encontramos: o afeto sincero pelos outros, o respeito a seus direitos e o desejo de descobrir e aliviar suas necessidades; a compreensão da diversidade de opiniões, valores ou traços culturais, sem preconceitos; a capacidade de crítica e independência perante a cultura dominante, o ambiente, os grupos de pressão ou as modas; uma naturalidade no comportamento que leva a atuar sem convencionalismos; a ser capazes de ouvir e compreender; a disposição a colaborar com outros.

Um caminho para a maturidade

Poderíamos resumir essas características dizendo que a pessoa madura é capaz de desenvolver um projeto elevado, claro e harmonioso de sua vida, e possui as disposições positivas necessárias para realizá-lo com facilidade.

Em qualquer caso, a maturidade é um processo que requer tempo, e passa por diferentes momentos e etapas. Costumamos crescer de uma maneira gradual, embora na história pessoal possa haver acontecimentos que levam a dar grandes saltos. Por exemplo: para alguns, o nascimento do primeiro filho é um marco divisório, ao perceber o que implica esta nova responsabilidade; ou, depois de passar por sérias dificuldades econômicas, uma pessoa pode aprender a reconsiderar quais são as coisas verdadeiramente importantes na vida; etc.

Neste caminho para a maturidade a força transformadora da graça faz-se presente. Basta um olhar sobre a vida das santas e dos santos mais conhecidos para detectar neles os ideais elevados, a certeza de suas convicções, a humildade – que é o mais adequado conceito sobre si mesmo -, sua criatividade e iniciativa, sua capacidade de entrega e amor feita realidade, seu otimismo contagioso, sua abertura – seu empenho apostólico, em última análise eficaz e universal.

Podemos encontrar um exemplo claro na vida de São Josemaria que desde a juventude notava que a graça trabalhava nele consolidando uma personalidade madura. Percebia dentro de si mesmo, no meio das dificuldades, uma estabilidade de ânimo fora do comum: Creio que o Senhor pôs na minha alma outra característica: a paz: ter a paz e dar a paz, como vejo acontecer em pessoas com quem me relaciono ou que dirijo[9]. Podiam ser aplicadas a ele, com toda justiça, aquelas palavras do salmo: Super senes intellexi quia mandata tua quaesivi[10]sou mais sensato do que os anciãos, porque observo os vossos preceitos. O que não exclui que, muitas vezes, adquire-se a maturidade com o tempo, os fracassos e os sucessos, que estão previstos pela Providência Divina.

Contar com a graça e o tempo

Embora seja possível observar que, em algum momento uma pessoa chegou a um estágio de maturidade em sua vida, a tarefa de trabalhar sobre o próprio modo de ser projeta-se ao longo da nossa caminhada terrena.

O autoconhecimento e a aceitação do próprio caráter darão paz para não desanimar nesta tarefa. Isto não significa ceder ao conformismo. Quer dizer reconhecer que o heroísmo da santidade não exige possuir uma personalidade perfeita agora, nem aspirar a um modo de ser idealizado, pois a santidade requer a luta paciente de cada dia, sabendo reconhecer os erros e pedir perdão.

As verdadeiras biografias dos heróis cristãos são como as nossas vidas: lutavam e ganhavam, lutavam e perdiam. E então, contritos, voltavam à luta[11]. O Senhor conta com o esforço sustentado ao longo do tempo para aperfeiçoar o próprio modo de ser. É significativo, por exemplo, aquilo que uma pessoa comentava sobre a serva de Deus Dora Del Hoyo já no final de sua:«–Dora, quem te viu e quem te vê. Olha que é outra! Riu. Sabia muito bem do eu que falava» [12]. Tinha observado como, com os anos, seu caráter tinha atingido uma estabilidade de ânimo que conseguia moderar as reações de seu gênio.

Nesta tarefa contamos sempre com a ajuda do Senhor e os cuidados maternos de Santa Maria :«Nossa Senhora realiza precisamente isto em nós, ajuda-nos a crescer humanamente e na fé, a ser fortes e a não ceder à tentação de ser homens e cristãos de modo superficial, mas a viver com responsabilidade, a tender sempre cada vez mais para o alto»[13].

Nos próximos editoriais abordaremos diversos elementos envolvidos na formação do caráter. Destacaremos algumas das principais características da maturidade cristã. Contemplaremos o edifício que o Espírito Santo, com a colaboração ativa de cada um, procura construir no interior da alma, e consideraremos as características dos alicerces, o que fazer para garantir a firmeza da estrutura, e como remediar a aparição de alguma fissura.

Forjar uma personalidade capaz de refletir claramente a imagem de Jesus Cristo é um desafio realmente entusiasmante!

J. Sesé


[8] Cl 3, 14

[9] São Josemaria, Apontamentos íntimos n. 1095, citado em Andrés Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, Quadrante, p. 513

[10] Salmo 118

[11] É Cristo que passa, n. 76

[12] Lembranças de Rosalía López, Roma 29-IX-2006 (AGP, DHA, T-1058), citado en Javier Medina, Una luz encendida. Dora del Hoyo, Palabra, Madrid 2012, p. 115.

[13] Francisco, palavras após a oração do rosário na basílica de Santa Maria Maior, 4/05/2013

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A experiência da oração: Abraão, Moisés, Esther, Ana

Abraão: o pai da fé (Ambigutravel)

A EXPERIÊNCIA DA ORAÇÃO: ABRAÃO, MOISÉS, ESTHER, ANA

Dom Antonio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA) 

Neste ano no processo de preparação ao Ano Jubilar (2025) fomos convidados a refletir sobre a oração. «Peço-vos que intensifiqueis a vossa oração, a fim de nos prepararmos para viver bem este acontecimento de graça e experimentar nele a força da esperança de Deus. […] Um ano dedicado a redescobrir o grande valor e a necessidade absoluta da oração na vida pessoal, na vida da Igreja e no mundo» (Francisco. Angelus, 21 de janeiro de 2024). Na Sagrada Escritura encontramos muitas referências sobre a experiência da oração.  Vale a pena refletir sobre alguns casos! 

A oração de Abraão: súplica pela Misericórdia 

A primeira referência de oração na Bíblia aparece no quarto capítulo do livro do Gênesis, mas não tem conteúdo. Diz o autor sagrado que Enós, filho de Set e neto de Adão e Eva, “foi o primeiro a invocar o nome de Javé” (Gn 4,26). Apesar de ser apresentado como um homem justo, obediente, íntegro e bondoso diante da sua geração não menciona oração de Noé (cf. Gn 6,9.22). A primeira oração explícita é feita por Melquisedec, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, ao apresentar e abençoar a oferta do pão e do vinho a Abrão, dizendo: «Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos a você» (Gn 14,19-20). É uma oração de louvor a Deus Criador e fonte das vitórias. Em seguida encontramos a breve oração de Agar, serva de Sara, que ao engravidar invocou o nome de Javé dizendo: “Tu és o Deus-que-me-vê, pois eu vi Aquele-que-me-vê» (Gn 16,14). Agar reconhece a Deus como aquele que vê os humilhados! 

Em Gênesis 18,20-32, encontramos o orante Abraão em pleno diálogo com Deus suplicando misericórdia em favor dos justos que moravam em Sodoma e Gomorra.  Diz a Bíblia que os habitantes de Sodoma e Gomorra eram grandes criminosos e pecavam contra Javé (cf. Gn 13,13); desprezavam o valor sagrado da hospitalidade aos visitantes e estrangeiros (cf. Gn 19,2-3); eram libertinos e adotavam práticas homossexuais (cf. Judas 1,7; Gn 19,2-5). Considerando esse contexto histórico a oração de Abrão ganha um profundo sentido fazendo brilhar a intercessão pela misericórdia divina. 

Abraão nos é apresentado com um homem que dialoga com Deus (cf. Gn 18,23-33); trata-se de um diálogo franco, sincero, honesto, sem interesses pessoais, humilde (“sou pó e cinza” – cf. Gn 18,27) e centrado no reconhecimento da grandeza de Deus, Juiz e senhor do mundo (cf. Gn 18,25-31). No final da história a justiça divina é preservada: os inocentes foram salvos e maus condenados (cf. Gn 19,29).     

 Moisés: oração na liderança 

Moisés era um homem que orava pela vitória do seu povo.  À medida que Moisés mantinha suas “mãos para o alto” (em oração) os israelitas venciam; quando as abaixava, venciam os inimigos (cf. Ex 17,8-13). A narração nos sugere que nossas vitórias nem sempre dependem dos nossos investimentos técnicos: estudos, dinheiro, armas, projetos, técnicas… Mas, sobretudo, da nossa capacidade de oração que nos sustenta e anima a conservar nossa integridade, nossa paz interior, nossa retidão moral.  

Às vezes, é nas “batalhas” contra os “inimigos” da vida que recorremos a meios ilícitos. Apesar de sempre contar com a participação humana, é Deus quem garante a vitória! (cf. Pr 21,31). Não basta a técnica, é necessária a fé, pois é ela que alimenta nossas forças! A luta nos cansa, mas é a motivação interior que nos mantém perseverantes. Como Moisés, também conosco acontece a mesma coisa: a qualidade da nossa vida (nossas vitórias) depende das nossas mãos erguidas.  

O perfil orante de Moisés também aparece em outras passagens. “Javé falava com Moisés face a face como um homem fala com um amigo” (Ex 33,11); sentindo o peso da liderança do povo no deserto ele vai ao encontro de Deus; certa vez levantou-se de madrugada e subiu ao monte Sinai, levando consigo as tábuas de pedra e lá permaneceu com Deus (cf. Ex 34,4-5). A oração é uma necessidade pessoal e deve ser alimentada pela Palavra de Deus.  No encontro com Deus, Moisés implora clemência: “caminha conosco, embora este povo seja de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Ex 34,9). A oração de Moisés é carregada de sensibilidade pastoral.  

 Esther: diversos aspectos da oração  

Outra referência de oração muito significativa encontramos na história da rainha Esther. A narração nos convida a meditar sobre a força da oração. A rainha Esther contempla o drama do seu povo oprimido e, temendo o perigo de morte, busca refúgio no Senhor (cf. Est 4,17ss). A atitude de fé de Esther nos convida a pensar numa série de elementos importantes da oração. 

A oração é autêntica quando temos fé e buscamos refúgio em Deus, porque o reconhecemos como o Senhor da história, a fonte da nossa segurança, nossa esperança, nosso defensor (cf. Est 4,17q). A oração é estimulada pelo reconhecimento da nossa pequenez, vulnerabilidade, solidão, falta de perspectivas humanas (4 vezes aparecem a confissão da sua solidão (cf. Est 4,17l,t). 

Na oração de Esther estão as suas necessidades pessoais e ameaças, mas também as necessidades dos outros; há uma íntima relação entre oração e solidariedade; o intimismo não é a oração, é egoísmo. Esther nos ensina a colocar as necessidades dos outros nas nossas orações; e que, diante dos problemas sociais, é necessário estimular a comunidade para a oração. A oração tem uma dimensão comunitária. Ela orava com suas servas (cf. Est 4,17p). 

A nossa oração é estimulada pela memória da benevolência de Deus para conosco. A oração cheia de Esperança de Ester é alimentada pela recordação de que Deus manifestou a sua misericórdia aos seus antepassados (cf. Est 4,17p-r). O Papa Francisco nos alerta para não nos deixarmos contagiar pelo mal do “Alzheimer espiritual”, que é o esquecimento da misericórdia de Deus. 

Na oração, Esther não só suplica o fim dos males, mas também a transformação do coração do opressor. Em sua oração Esther, não pede a brusca transformação da realidade, mas se oferta como instrumento, como intercessora, por isso diz: “põe em meus lábios um discurso atraente”… para falar com o Rei. Não basta suplicar na oração, é preciso que também nós renovemos a consciência da nossa responsabilidade diante das mudanças necessárias, sejam pessoais, quanto sociais. Enfim, a oração de Esther é experiência de esperança, por isso termina dizendo: “Transforma nosso luto em alegria” (Es 4,17). A oração nos livra do pessimismo e do derrotismo! 

 Ana: louvor e ação de graças  

Ana era estéril, vivia sendo humilhada, mas suplicou a Deus por um filho, foi atendida e seu filho foi chamado Samuel (cf. 1Sm 1-2). O conteúdo da oração de Ana é muito rico e vai ao encontro de algumas atitudes comuns dos autênticos orantes.  Reconhecendo tão grande graça, Ana consagrou seu filho a Deus (cf. 1Sm 1,26-28). Movida pelo sentimento de alegria e gratidão, Ana louva a Deus em oração.  Na oração há liberdade de expressão dos nossos sentimentos a Deus que transforma nossa realidade nos proporcionando sentimentos de alegria (cf. 1Sm 2,1-2).  

Na oração há o reconhecimento da grandeza e do poder de Deus que em nada se compara ao poder dos nossos inimigos (cf. 1Sm 2,2-4); o fiel orante contempla a bondade transcendente de Deus que tudo transforma: dando pão aos famintos, fecundando as estéreis, exaltando os humilhados, restaurando os fracos e os indigentes, guardando seus fiéis, protegendo os justos (cf. 1Sm 2,5-9). A autêntica oração se concentra na contemplação das qualidades divinas que fortalece o orante! 

PARA A REFFLEXÃO PESSOAL: 

O que lhe chamou atenção nesses exemplos? 

O que há de comum nessas experiências de oração? 

Por que a oração gera conforto e alegria no fiel orante? 

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Unidade na fé, pluralismo de culturas (2)

Dolan em frente à Catedral de São Patrício, em 15 de abril de 2009, dia em que tomou posse da diocese de Nova York [© Associated Press/LaPresse] | 30Giorni

Unidade na fé, pluralismo de culturas

Encontro com Timothy Michael Dolan, novo arcebispo metropolitano de Nova York

Entrevista com o Arcebispo Timothy Michael Dolan por Giovanni Cubeddu

Isso quer dizer?
DOLAN: A arquidiocese pode funcionar de forma harmoniosa e eficiente e por isso quero elogiar o Cardeal Egan, e também o Cardeal O'Connor, porque a estatura moral da Igreja é elevada. Os políticos recorrem a ele em busca de incentivo, os vizinhos recorrem a ele em busca de ajuda, os educadores recorrem a ele em busca de apoio. Um ex-prefeito de Nova York, Edward Koch, que foi um grande e bem-sucedido prefeito, costumava dizer que a Igreja aqui é como a "cola" que mantém tudo unido, graças às nossas obras católicas de caridade, aos refeitórios pobres , às escolas, às paróquias. É o que dá coesão. E é a estrutura “bem oleada” da arquidiocese que faz tudo isso de forma tão bela. A Igreja está verdadeiramente viva, vibrante e em crescimento. Quando vou à missa aos domingos de manhã no Saint Patrick, encontro-a sempre cheia. Na missa festiva só há lugares em pé... Portanto, nas paróquias precisamos de novos edifícios, de novas escolas... Ele não vive segundo os números, mas vive no espírito. Certamente temos problemas, tantos como outras dioceses, se não mais; Contudo, a Arquidiocese de Nova Iorque ainda representa um microcosmo da vitalidade da Igreja americana.

Dir-se-ia que o pluralismo de Nova Iorque também vive em casa, todos na casa de Nossa Mãe. E, portanto, é correto dizer que no pluralismo da Igreja americana existem experiências muito diferentes, mas, em essência, estamos unidos. E tem dois lugares onde isso acontece...
Quais?
DOLAN: Primeiro, para a missa de domingo; segundo, no Yankee Stadium para o jogo de beisebol, quando todos cantamos juntos o hino nacional, mesmo que os Yankees estejam jogando contra o Boston!

Talvez até mesmo os seus colegas bispos e cardeais americanos pudessem se sentir unidos no Yankee Stadium…
DOLAN: Difícil… sem comentários [risos, ed. ]. Realizámos a reunião dos bispos em Junho e, como sabemos, as dificuldades e os desafios para a Igreja Católica americana são numerosos. Mas bispo após bispo se levantaram, dizendo que, graças a Deus, estamos unidos nas coisas que importam. Podemos discordar na abordagem das questões, no estilo, no método, mas quando se trata disso, estamos juntos. Santo Agostinho repetiu: “Unidade nas coisas essenciais, diversidade nas não essenciais, caridade em tudo”. E isto pode ser aplicado seriamente aos bispos dos Estados Unidos.

Qual foi a sua reação à encíclica social e como foi saudada num país que criou uma grande crise económica e financeira e que agora luta para recuperar?
DOLAN: As pessoas aqui estão aprendendo abruptamente que a nossa economia não pode continuar como está, que a reforma é necessária e que a forma como tratamos o comércio, os negócios, a política, o investimento e as trocas deve ser guiada por valores e virtudes bíblicas. A encíclica do Papa Bento XVI será bem recebida, como uma luz.

Como historiador, você terá examinado a perene questão da identidade da Igreja Americana. A que conclusões você chegou, se houver?
DOLAN: A questão da identidade da Igreja Católica nos Estados Unidos é seriamente crucial. O falecido padre Richard John Neuhaus – vocês o conhecem, um esplêndido teólogo e um observador muito atento da religião na América – costumava dizer que a maior questão que enfrentamos é se devemos chamar-nos “católicos americanos” ou “católicos americanos”. Ele teria gostado que nos chamássemos de “católicos americanos”. Não somos americanos católicos, somos católicos que vivem nos Estados Unidos. O bem normativo nas nossas vidas deve ser a nossa fé católica: as decisões que tomamos, os valores que nos preocupam, as prioridades na vida, a forma de pensar, de sonhar, de planear devem ser supremamente moldados pela nossa fé católica. Agora, isto é ideal, claro, porque também sabemos que o maior desafio que enfrentamos é que a cultura que nos rodeia tem mais valor normativo do que a nossa fé. E você na Europa também tem que lidar com isso, né? Se você tem uma cultura secular que não ajuda a fé, então a nossa alma pode estar em perigo. Naturalmente na Europa, na Itália, deveria existir uma cultura que fosse, pelo menos tradicionalmente, mais aliada aos valores da fé. Por exemplo, a festa dos Santos Pedro e Paulo em Roma é considerada um feriado e não apenas um feriado católico. E como você mantém um calendário católico, isso deve ajudá-lo a preservar a cultura católica. Nos Estados Unidos não podemos, e alguns dizem que já não temos uma cultura cristã. Discordo e acredito que ainda mantemos essa cultura entre o nosso povo – embora por vezes este não seja o caso dos políticos, das universidades e da indústria do entretenimento. As pessoas ainda têm valores cristãos muito básicos embutidos nelas.

Obama com sua filha Sasha [© Associated Press/LaPresse] | 30Giorni

Então, como é ser “católico” e “americano”?
DOLAN: A principal questão na história da Igreja Católica nos Estados Unidos é como ser um bom católico e um patriota americano. Os líderes católicos sempre dizem que não só é possível ser um bom católico e um bom americano, mas também é natural, porque em sua essência os valores americanos são baseados na lei natural, na fé e na moralidade judaico-cristã. Portanto, alguém pode ser um cidadão americano leal e um católico bom e sincero: uma aliança deveria existir aqui. E essa sempre foi a tradição e o desafio, a esperança e o sonho dos católicos nos Estados Unidos. Mas sabemos também que devemos decidir o que é essencial para a nossa fé, para não a comprometer, e o que não o é, que podemos portanto acolher ou transformar, adaptando-nos à cultura envolvente. Temos que fazer adaptações, assimilar, mudar algumas coisas, sem que isso acabe tocando a essência da fé. Temos que determinar o que é essencial e o que não é, e às vezes isso é complicado, um pouco difícil.

Existe um diálogo contínuo entre a Igreja e o mundo. Recordemos a Ecclesiam Suam de Paulo VI .
DOLAN: É verdade, e naturalmente essa intuição de Paulo VI na Ecclesiam Suam teria sido retomada pelo Papa João Paulo II e Bento XVI; este último afirma que os nossos valores católicos não nos abstraem das responsabilidades civis, mas as fortalecem, para que a Igreja Católica na sua expressão máxima reafirme e revigore o que há de mais nobre, honesto, virtuoso e libertador no projeto humano. João Paulo II repetia isso o tempo todo. O Papa Bento XVI diz que a Igreja dá o seu melhor quando diz “sim, sim” e não “não, não”... Então dizemos “sim” ao que há de mais belo na sociedade, dizemos “sim” ao que é precioso e libertador e traz de volta à dignidade os esforços humanos. E isto acontece naturalmente quando a Igreja é a luz do mundo, o sal da terra, o fermento da massa. Isto é o que somos chamados a ser. A história dos católicos americanos tem sido conturbada, porque tudo isto não faz parte da cultura dos Estados Unidos...

Onde a Igreja é abraçada pela livre escolha individual...
DOLAN: Em países com tradição católica, a fé às vezes é tida como certa, mas este não é o caso nos Estados Unidos. Você tem que escolher, porque todos os dias você está em um ambiente que desafia a sua fé e a coloca em dúvida. Então, você tem que escolher, abraçar, amar, aprender de novo. Não estou dizendo que seja sempre assim, porque parte dos nossos problemas reside no fato de que mesmo nas famílias tradicionalmente católicas, a fé às vezes é tida como certa e depois desaparece. Talvez você esteja familiarizado com os resultados recentemente alcançados pelo Pew Center, na Filadélfia, uma instituição altamente respeitada no campo da pesquisa sobre questões religiosas. Esses analistas dizem que as chamadas “religiões herdadas” estão sofrendo. O que são religiões herdadas? Judaísmo, Catolicismo, Ortodoxia e Islamismo. Sobre estas últimas não se fala muito porque não têm estatísticas, mas as religiões herdadas hoje vêem os seus fiéis partirem. Geralmente acontecia que, se alguém nascesse católico, nunca abandonaria a Igreja. Ele poderia parar de praticar, mas sempre se identificaria como católico. E o mesmo ocorreu com os nascidos judeus. Tudo isso não existe mais. Hoje ouvimos o nosso povo dizer: “Posso ter sido criado como católico, mas agora deixei a Igreja, não sou mais católico e abracei outra religião”. É um enorme desafio pastoral para nós, porque a Igreja é uma mãe que se desfaz em lágrimas quando os filhos saem de casa. Ela os quer de volta.

Arquivo 30Dias – 06/07 – 2009

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF