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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Católicos e luteranos: prosseguir no caminho rumo à unidade

O caminho ecumênico trilhado juntos nos últimos cinquenta anos – apoiado pela oração comum, pelo culto divino e pelo diálogo ecumênico – levou “à superação de preconceitos, à intensificação da compreensão recíproca” e à assinatura “de acordos teológicos decisivos”.
É o que diz o comunicado conjunto da Federação Luterana Mundial (FLM) e do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização divulgado este 31 de outubro, data que conclui o ano de celebrações ecumênicas dos 500 anos da Reforma Protestante.
De fato, os eventos tiveram início em 31 de outubro de 2016 com a oração luterano-católica na Catedral de Lund, na Suécia, ocasião em que o Papa Francisco e o então Presidente da FLM Bispo Munib A. Younan, assinaram uma Declaração Conjunta, onde se comprometiam a prosseguir juntos o caminho ecumênico rumo à unidade pela qual Cristo rezou (João 17,21).
No texto, é reconhecida a “comum responsabilidade pastoral de responder à sede e à fome espiritual de nosso povo de sermos “um” em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecumênicos, que queremos fazer progredir, também renovando o nosso compromisso pelo diálogo teológico”.
A declaração ressalta, outrossim, que “pela primeira vez, luteranos e católicos viram a Reforma de uma perspectiva ecumênica”, “o que tornou possível uma nova compreensão daqueles eventos do século XVIque levaram à nossa separação”.
“Se é verdade que o passado não pode ser mudado, é também verdade que o seu impacto atual sobre nós pode ser transformado em modo que se torne um impulso para o crescimento da comunhão e um sinal de esperança para o mundo: a esperança de superar divisões e fragmentações”.
O que emergiu mais uma vez com clareza, é “que aquilo que nos une é bem superior ao que nos divide”.
Um passo decisivo no caminho rumo à unidade, foi a assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação em 1999, gesto repetido pelo Conselho Metodista Mundial em 2006 e pela Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas durante este ano das celebrações dos 500 anos da Reforma.
E neste 31 de outubro de 2017, a mesma Declaração será acolhida pela Comunhão Anglicana no decorrer de uma Solene cerimônia na Abadia de Westminster.
“Sobre esta base, as nossas comunidades cristãs podem construir sempre mais estreita ligação de consenso espiritual e de testemunho comum a serviço do Evangelho”.
São destacadas no documento, ademais, as inúmeras iniciativas de oração comum e de culto divino entre luteranos e católicos e demais parceiros ecumênicos em várias partes do mundo, assim como os encontros teológicos e as importantes publicações que ofereceram subsídios para este ano de celebrações.
A Declaração conclui reafirmando o compromisso de avançar neste “caminho comum, guiados pelo Espírito Santo, rumo a uma crescente unidade”, buscando discernir a “interpretação de Igreja, Eucaristia e Ministério, esforçando-nos para chegar a um consenso substancial com o objetivo de superar as diferenças que são até hoje fonte de divisão entre nós”. (JE)
Por Rádio Vaticano
Arquidiocese de Brasília

500 anos da Reforma protestante

Martinho Lutero/ Crédito: Wikimedia Commons
REDAÇÃO CENTRAL, 31 Out. 17 / 10:30 am (ACI).- Hoje se recorda os 500 anos da Reforma Protestante, por esta razão, o Grupo ACI apresenta 7 dados essenciais que resumem as causas e consequências desse período histórico iniciado por Martinho Lutero no século XVI.
1. A origem da palavra protestante
A palavra “protestante” vem dos príncipes alemães que fazem um “protesto” contra o imperador do Sacro Império Romano, Carlos V, que se negava aos chamados à reforma luterana dentro da Igreja Católica.
Por essa razão, as pessoas que defendiam essas posições ou que se aderiam a elas começaram a serem chamadas de protestantes.
2. Martinho Lutero é a figura mais influente da Reforma Protestante
Em 31 de outubro de 1517, o frade agostiniano Martinho Lutero se rebelou contra a Igreja quando publicou as suas “95 teses” sobre a penitência e o uso das indulgências na porta do Palácio de Wittenberg, na Alemanha.
Mais tarde, Lutero desenvolveu os 95 princípios da sua doutrina, chegando a uma doutrina diferente da fé católica.
Deixou a vida religiosa e se casou com uma ex-religiosa e durante a sua vida atacou duramente o papado e provocou várias revoltas.
3. A Reforma não teve só motivações religiosas
Embora a venda de indulgências fosse considerada por Lutero como uma das principais razões da sua ruptura com a Igreja Católica, houve outras razões históricas que permitiram a Reforma Protestante.
Entre estas, o Cisma do Ocidente (1378 a 1417) que reduziu em grande medida a reputação da Igreja Católica e fez com que muitas pessoas questionassem a legitimidade do Papa; o início do período do Renascimento que questionou o pensamento tradicional; a ascensão dos estados nacionais e monarcas que queriam o poder absoluto da sua nação, como Henrique VIII, que se separou da Igreja em 1534.
4. Os postulados do protestantismo de Lutero
Lutero desenvolve a crença de que o homem é salvo somente pela fé em Cristo e que, portanto, não tem a obrigação de fazer boas obras.
Esta crença equivocada é conhecida historicamente como a doutrina da justificação somente pela fé (Sola Fide).
O luteranismo também rechaça totalmente a primazia do Papa e afirma que a Bíblia é a única fonte de autoridade. Rechaça ainda a intercessão dos santos e da Virgem Maria, a veneração das imagens, a existência do purgatório.
4. Lutero foi excomungado
A bula Exsurge Domine de 1520 do Papa Leão X foi a primeira resposta do pontificado que condenou Lutero e o ameaçou com a excomunhão.
Em janeiro de 1521, ao não se retratar, Lutero foi excomungado e logo depois condenado na Dieta de Worms, um congresso imperial convocado pelo imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V.
5. João Calvino funda a segunda religião principal do protestantismo
As ideias de Lutero se estenderam por toda a Europa. Como consequência, o teólogo francês João Calvino fundou a segunda religião principal do protestantismo chamada “Calvinismo”, em Genebra em 1541.
Calvino considera que todos os sacramentos da Igreja Católica deveriam ser eliminados, incluindo os dois que Lutero manteve: o Batismo e a Eucaristia(esta é concebida de maneira diferente), o que levou à formação de outras denominações como presbiterianos, anglicanos, anabatistas e congregacionalistas.
6. As ideias da Reforma foram expandidas pela imprensa
Sem a criação da imprensa de Johannes Guttenberg, as novas ideias protestantes não teriam conseguido se estender pela Europa em grande escala.
7. A Reforma causou guerras de religião
A Reforma provocou uma série de guerras religiosas que finalmente culminaram na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que devastou grande parte do território atual da Alemanha.
ACI Digital

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Da Carta aos coríntios, de São Clemente I, papa

Não sejamos desertores da vontade de Deus (Canção Nova)
Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa
(Cap.21,1-22,5; 23,1-2: Funk 1,89-93)             (Séc.I)

Não sejamos desertores da vontade de Deus
Tomai cuidado, diletos, para que os benefícios de Deus, tão numerosos, não se tornem condenação para todos nós, se não vivermos para ele de modo digno e não realizarmos em concórdia o que é bom e aceito diante de sua face. Pois foi dito em algum lugar: O Espírito do Senhor é lâmpada que perscruta as cavernas das entranhas (Pr20,27 Vulg.). 
Consideremos quão próximo está e que nada lhe é oculto de nossos pensamentos e palavras. É, portanto, justo que não sejamos desertores de sua vontade. É preferível ofendermos os homens estultos e insensatos, soberbos e presunçosos na jactância de seu modo de falar, do que a Deus.  
Veneremos o Senhor Jesus, cujo sangue foi derramado por nós, respeitemos nossos superiores, honremos os anciãos, eduquemos os jovens na disciplina do temor de Deus, encaminhemos nossas esposas para todo o bem. Manifestem o amável procedimento de castidade, mostrem seu puro e sincero propósito de mansidão, pelo silêncio deem a conhecer a moderação da língua, tenham igual caridade sem acepção de pessoas para com aqueles que santamente temem a Deus. 
Participem vossos filhos da ciência de Cristo. Aprendam que grande valor tem para Deus a humildade, o poder da casta caridade junto de Deus, como é bom e imenso seu temor, protegendo a todos que nele se demoram na santidade de um coração puro. Porque ele é o perscrutador dos pensamentos e resoluções da mente. Seu Espírito está em nós, e, quando quer, retira-o. 
A fé em Cristo tudo confirma. Ele, pelo Espírito Santo, nos incita: Vinde, filhos, ouvi-me; ensinar-vos-ei o temor do Senhor. Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias bons? Afasta tua língua do mal e não profiram teus lábios a mentira. Desvia-te do mal e faze o bem. Busca a paz e persegue-a (Sl 33,12-15). 
Misericordioso em tudo, o Pai benigno tem amor pelos que o temem, concede com bondade e doçura suas graças àqueles que se lhe aproximam com simplicidade. Por isso não sejamos fingidos nem insensíveis a seus dons gloriosos.
www.liturgiadashoras.org

domingo, 29 de outubro de 2017

Papa no Angelus: sem o amor, vida e fé permanecem estéreis

ANSA
   Cidade do Vaticano (RV) – “O amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho de fé: sem o amor, quer a vida quer a fé, permanecem estéreis”.

   Dirigindo-se da janela do apartamento pontifício aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro, o Papa Francisco refletiu no Angelus deste 30º Domingo do Tempo Comum sobre o mandamento do amor: a Deus em primeiro lugar, e ao próximo como a si mesmo.
   “Tu podes fazer coisas boas, cumprir todos os preceitos, tantas coisas boas, mas se tu não tens amor, isto não serve”, advertiu Francisco, que inspirou-se na passagem de Mateus proposta pela liturgia do dia.
   Os fariseus queriam colocar Jesus à prova, perguntando a ele qual era o maior mandamento da Lei. “Uma pergunta insidiosa – observa o Papa - porque na Lei de Moisés são mencionados mais de 600 preceitos”.
   Então Jesus responde:  “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento”, acrescentando, “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
   "Esta resposta de Jesus não é algo que se deduz automaticamente, porque entre os múltiplos preceitos da lei judaica, os mais importantes eram os dez mandamentos, comunicados diretamente por Deus a Moisés, como condição do pacto de aliança com o povo":
   “Mas Jesus quer fazer entender que sem o Amor por Deus e pelo próximo não existe verdadeira fidelidade a esta aliança com o Senhor". Tu podes fazer coisas boas, cumprir todos os preceitos, tantas coisas boas, mas se tu não tens amor, isto não serve".
   O Papa cita o Livro do Êxodo, onde explica que para estar em Aliança com o Senhor, não se pode maltratar “aqueles que desfrutam de sua proteção’:
   “E quem são estes que desfrutam de sua proteção? Diz a Bíblia: a viúva, o órfão, o estrangeiro, o migrante, isto é, as pessoas mais sozinhas e indefesas”.
   Ao responder aos fariseus, Jesus também tenta ajudá-los "a colocar ordem em sua religiosidade", distinguindo "aquilo que realmente é importante", daquilo que é menos importante":
   “E Jesus viveu exatamente assim a sua vida: pregando e fazendo aquilo que realmente é importante e é essencial, isto é, o amor. O amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho da fé: sem o amor, quer a vida quer a fé permanecem estéreis".
   O que Jesus propõe nesta página do Evangelho – explicou Francisco - é um ideal estupendo, que corresponde ao desejo mais autêntico de nosso coração:
   “De fato, nós fomos criados para amar e ser amados. Deus, que é amor, nos criou para tornar-nos partícipes da sua vida, para sermos amados por Ele e para amá-lo, e para amá-lo com Ele todas as pessoas. Este é o "sonho" de Deus para o homem".
   Mas para conseguir realizar isto, “temos necessidade da sua graça, temos necessidade de receber em nós a capacidade de amar que provém do próprio Deus”:
   “Jesus se oferece a nós na Eucaristia justamente para isto. Nela, nós recebemos o seu Corpo e o seu sangue, isto é, recebemos Jesus na expressão máxima de seu amor, quando Ele ofereceu a si mesmo ao Pai para a nossa salvação”.
   Que a Virgem Santa – foi sua invocação final – “nos ajude a acolher em nossa vida “o grande mandamento” do amor de Deus e do próximo”, pois se o conhecemos desde pequeno, nunca deixaremos de nos converter a ele, para “colocá-lo em prática nas diversas situações em que nos encontramos". (JE)
Rádio Vaticano

Frente à secularização o mundo precisa da ajuda de Nossa Senhora Aparecida, diz Cardeal

Cardeal Giovanni Battista Re durante a Missa Solene, em Aparecida / Foto: Thiago Leon (A12)
APARECIDA, 12 Out. 17 / 11:40 am (ACI).- O enviado especial do Papa Francisco para a comemoração dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, Cardeal Giovanni Battista Re, presidiu a Missa solene no Santuário Nacional e ressaltou que, o mundo precisa da ajuda de Nossa Senhora Aparecida diante da atual secularização.
“Neste nosso tempo de eletrônica e dos computadores, das conquistas espaciais e dos satélites, quando a ciência e a técnica estão atingindo metas cada vez maiores, o mundo corre o risco de se tornar menos humano”, lamentou o Cardeal em sua homilia.
O Cardeal Re acrescentou que, “frente a uma secularização que avança, o povo cristão sente cada vez mais forte a necessidade da ajuda de Nossa Senhora Aparecida, precisa de um renovado fervor mariano, para recuperar os valores que contam para o futuro mais justo, mais humano e mais cristão”.
Nesse sentido, indicou que “a contribuição que o mundo precisa de nós, cristãos, é a fidelidade ao Evangelho, a fidelidade aos valores e ideais cristãos, que são o patrimônio mais precioso do Brasil”.
Ao comentar o Evangelho da solenidade de Nossa Senhora Aparecida, que relata o milagre das Bodas de Caná, o enviado do Papa sublinhou que a mensagem que a Padroeira do Brasil deixa a cada um na comemoração dos seus 300 anos é a mesma que ressoou naquele casamento: “Fazei o que Cristo vos disser”.
“São as palavras que repete Nossa Senhora Aparecida também a nós, por outras palavras, sejam verdadeiros discípulos missionários de Jesus, prontos a fazer aquilo que Deus vos pede”, pontuou.
Conforme explicou o Cardeal, “isto quer ser um convite para recomeçar de Cristo, testemunhando os valores e ideias cristãos. Recomeçar de Cristo significa tomar Cristo como medida de tudo, significa haurir de Cristo a coragem de que precisamos, significa tirar dele a confiança e esperança para o futuro”.
Além disso, o Cardeal Givanni Battista Re lembrou ainda a história do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul, em 1717, pelos três pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, em como a crescente devoção que logo se refletiu nos templos que foram construídos, até a grande Basílica Nacional.
“Neste Santuário Mariano – assinalou –, sente-se pulsar o coração católico do Brasil. O amor e a devoção à Virgem Maria fazem parte da cultura latino-americana e são o elemento característico da religiosidade do povo brasileiro. É uma devoção profundamente enraizada nas almas, transmitida de geração em geração, como uma chama sempre acesa no coração das pessoas”.
Ao longo desses 300 anos, expressou, “inúmeras pessoas e grupos oraram aqui diante de Nossa Senhora Aparecida, buscando luz, apoio e conforto, sabendo que Ela conhece nossas aflições e que ao seu olhar materno não escapa situação alguma de cada pessoa”.
“Quantas pessoas submergidas por angústias, tomadas por preocupações, dúvidas e incertezas vieram a esta Basílica buscar um pouco de conforto, podendo, em seguida, retomar com renovada coragem o caminho da vidacristã”, completou.
Por fim, convidou todos a consagrarem suas vidas à Mãe de Deus. “Entreguemos a Nossa Senhora Aparecida todas as famílias do Brasil, para todos implorando proteção e ajuda, alegria e esperança. Confiemos-lhe também o futuro do Brasil, para que transcorra na justiça, na paz, na solidariedade e na fraternidade. Que Nossa Senhora Aparecida, em sua ilimitada solicitude materna, assista e proteja cada um de vocês, assista e proteja todo o Brasil”, concluiu.
ACI Digital

30º Domingo do Tempo Comum: O Maior Mandamento

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
No final deste Mês Missionário, a Liturgia da Palavra nos mostra como ser missionário. Jesus nos apresenta o resumo daquilo que somos chamados a anunciar e a testemunhar na vida cotidiana: amar a Deus de todo o coração e amar ao próximo como a si mesmo.  Nós somos missionários por meio do anúncio da salvação em Cristo, mas também pelo testemunho do amor ao próximo.
Não podemos descuidar do essencial, resumido por Jesus no mandamento do amor a Deus e ao próximo (Mt 22,34-40). Necessitamos refletir sobre como estamos vivendo o Evangelho. Num mundo marcado por mudanças e novidades, este mandamento de Jesus pode não receber a devida atenção dos próprios cristãos. Há o risco de considerá-lo bastante conhecido e sem maior interesse. Nesta palavra de Jesus está um programa de vida permanente para nós.
O amor ao próximo é parte essencial do anúncio do Evangelho. O anúncio deve ser acompanhado da caridade, que é sinal da acolhida da Palavra de Jesus e critério para saber se somos, de fato, seus discípulos. Nós somos missionários por meio do anúncio da Palavra, mas também pelo testemunho do amor. Contudo, o amor ao próximo está enraizado no amor a Deus. Nós amamos o próximo, sustentados pelo amor de Deus, como consequência do nosso amor a Deus.
A passagem do livro do Êxodo proclamada ressalta o amor pelos sofredores, naquele tempo, representados, especialmente, pelos estrangeiros, órfãos, viúvas e pobres. Nos somos chamados a viver o mandamento do amor a Deus e ao próximo em nossas comunidades, em meio aos familiares e amigos, mas especialmente onde as pessoas se encontram mais fragilizadas e desamparadas, necessitadas de atenção e solidariedade. Embora as ações pessoais sejam sempre muito necessárias, é muito importante a prática da caridade, de modo organizado, enquanto serviço comunitário.
Contudo, para ser missionário, isto é, para que a “fé em Deus” possa “propagar-se por toda parte”, é preciso uma atitude séria de conversão, “abandonando os falsos deuses para servir ao Deus vivo e verdadeiro”, segundo as palavras de São Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1,5-10).
Concluindo este Mês Missionário, recordemos que somos todos chamados a participar da missão evangelizadora da Igreja, segundo a vocação que cada um recebeu de Deus.  A Conferência de Aparecida destacou a necessidade de renovação missionária, envolvendo toda a Igreja: as comunidades paroquiais, as pastorais, os movimentos, os diversos ministérios, os seminários, as casas de formação e todas as instituições eclesiais. Ninguém deve ficar de fora! Somos todos chamados a ser Igreja missionária em toda a Arquidiocese de Brasília.
Arquidiocese de Brasília

domingo, 22 de outubro de 2017

29º Domingo do Tempo Comum: Dai a Deus, o que é de Deus!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Celebramos, hoje, com toda a Igreja, o Dia Mundial das Missões, com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” e o lema: “Juntos na missão permanente”. Rezemos pelos missionários e missionárias presentes no mundo inteiro. Agradeçamos a Deus pelos inúmeros irmãos e irmãs que tem colaborado generosamente nas Visitas Missionárias, em nossa Arquidiocese. Como sinal de comunhão e corresponsabilidade, realiza-se hoje a coleta para as Missões, a ser enviada integralmente às Pontifícias Obras Missionárias para sustentar o trabalho missionário nas regiões mais carentes. Reze e participe da coleta missionária! Lembre-se que você também é chamado a ser missionário, através do testemunho cristão na vida cotidiana!
A Liturgia da Palavra deste 29º Domingo do Tempo Comum proclama que Deus é o Senhor da vida e da história e que o reconhecimento disso deve nos levar a “dar a Deus o que é de Deus!” O profeta Isaías proclama a soberania de Deus na história; não há outro deus ou senhor fora dele (Is 45,5). No episódio narrado por Mateus (Mt 22,15-21), Jesus supera a armadilha colocada pelos fariseus indo muito além da questão do pagamento dos impostos. Deus não pode ser substituído por César ou por ídolos que querem tomar o seu lugar, dominando as pessoas. As moedas romanas tinham a imagem de César: que sejam dadas a César! Na pessoa humana, está inscrita a imagem e semelhança de Deus, pois ao criar o homem, Deus disse: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança...” Por isso, o homem pertence a Deus, seu verdadeiro e único Senhor. É preciso dar a Deus o que é de Deus!
Não há como “dar a César o que é de César” sem “dar a Deus o que é de Deus”. Para tanto os cristãos devem participar da construção da sociedade, segundo o querer de Deus. A imagem de Deus continua a ser violada em cada pessoa humana que tem a sua dignidade negada. Ao reconhecer Deus como Senhor e acolher o seu Reino, o cristão deve participar da vida política e social, com responsabilidade, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”.
O Salmo 95, hoje meditado, nos convida a adorar e louvar o Senhor. Os povos da terra devem “dar ao Senhor poder e glória”, “a glória que é devida ao seu nome”. Através da oração e do testemunho de vida, é preciso “publicar: reina o Senhor!”, recordando que é Ele quem “julga os povos com justiça”.  A segunda leitura (1Ts 1,1-5b) nos apresenta o exemplo de uma comunidade que reconhece a Deus como Senhor, a comunidade dos tessalonicenses, cuja fé, esperança e caridade, são louvadas por Paulo. O apóstolo nos ensina a “dar graças” a Deus por aquilo que Ele realiza na Igreja, como fazemos hoje, Dia Mundial das Missões. 
Arquidiocese de Brasília

Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

(Ep.130,8.15.17-9,18: CSEL 44,56-57.59-60)            (Séc.V)

Na oração exercita-se a nossa vontade
Por que nos dispersamos entre muitas coisas e, temendo rezar de modo pouco conveniente, indagamos o que pedir, em vez de dizer com o salmo: Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para contemplar as delícias do Senhor e visitar seu templo? (Sl 26,4). Pois ali os dias não vêm e vão, o fim de um não é o princípio de outro. Todos ao mesmo tempo não têm fim, ali onde nem a própria vida, a que pertencem estes dias, tem fim. 
Para alcançarmos esta vida feliz, a verdadeira Vida nos ensinou a orar. Não com multiplicidade de palavras, como se quanto mais loquazes fôssemos, mais nos atenderia. Mas rogamos àquele que conhece, conforme suas mesmas palavras, aquilo que nos é necessário, antes mesmo de lhe pedirmos (cf. Mt 6,7-8). 
Pode alguém estranhar por que motivo assim dispôs quem já de antemão conhece nossa necessidade. Temos de entender que o intuito de nosso Senhor e Deus não é ser informado sobre nossa vontade, que não pode ignorar. Mas despertar pelas orações nosso desejo, o que nos tornará capazes de conter aquilo que se prepara para nos dar. Isso é imensamente grande, mas nós somos pequenos e estreitos demais para recebê-lo. Por isto, nos é dito: Dilatai-vos; não aceiteis levar o jugo com os infiéis (2Cor 6,13-14). 
Isso é tão imensamente grande que os olhos não o viram, porque não é cor; nem os ouvidos ouviram, porque não é som; nem subiu ao coração do homem (cf. 1Cor 2,9), já que o coração do homem deve subir para lá. Isso nós o recebemos com tanto maior capacidade quanto mais fielmente cremos, com mais firmeza esperamos, mais ardentemente desejamos. 
Por conseguinte, nesta fé, esperança e caridade, sempre oramos pelo desejo incessante. Contudo, em certas horas e tempos também rezamos a Deus com palavras, para nos exortar a nós mesmos, mediante seus símbolos, e avaliar nosso progresso neste desejo e a nos estimular com maior veemência a aumentá-lo. Pois tanto mais digno resultará o efeito, quanto mais fervoroso preceder o afeto. 
É também por isso que diz o Apóstolo: Orai sem cessar! (1Ts 5,17). O que isso pode significar a não ser: desejai sem cessar a vida feliz, a eterna, e nenhuma outra, recebida daquele que é o único que a pode dar?
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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Franciscanos na Terra Santa: 800 anos de uma “aventura extraordinária”, diz Papa.


Cidade do Vaticano (Terça-feira, 17-10-2017, Gaudium Press) - Há 800 anos a Ordem Franciscana, Ordem dos Frades Menores, fundada por São Francisco de Assis está presente na Terra Santa.
Por ocasião das comemorações desta extraordinária data a Custódia da Terra Santa organizou inúmeras iniciativas religiosas, pastorais e culturais para recordar o histórico Capítulo realizado em 1217, quando São Francisco abriu sua Ordem para a dimensão "missionária e universal", enviando os seus frades a todas as nações como testemunhas de fé, de fraternidade e de paz.
Mensagem do Papa
Foi a propósito destas comemorações dos 800 anos da presença da Ordem dos Frades Menores na Terra Santa que o Papa Francisco enviou uma mensagem aos filhos do Poverello de Assis: São Francisco enviou seus frades a todas as Nações, "Este alargamento do horizonte de evangelização foi o início de uma aventura extraordinária, que levou oito séculos atrás os primeiros frades menores a desembarcarem em Acri", recorda o Papa em sua mensagem.
Assíduos na contemplação e na oração, simples e pobres, prosseguiu Francisco, os franciscanos estão empenhados também no presente em viver na Terra Santa semeando paz, fraternidade e respeito.
"Não quero esquecer, além da custódia e da animação dos Santuários, o seu empenho a serviço da comunidade eclesial local", ressaltou Francisco, ao encorajar os franciscanos a perseveraram em seu apostolado, no trabalho a favor dos mais pobres, dos jovens, idosos e enfermos: "vivendo concretamente no cotidiano as obras de misericórdia".
Renovação do Mandato Pontifício
Unindo-se assim aos seus predecessores, desde de Clemente VI, que, com a Bula Gratias agimus, confiou aos franciscanos a custódia dos Lugares Santos, o Papa Francisco renovou este Mandato Pontifício.
Ao concluir sua mensagem aos franciscanos, o Papa citou São Francisco recordando que o Santo exorta os irmãos pelo mundo "a não brigar e evitar as disputas de palavras; a não julgar os outros, mas a ser mansos, pacíficos e modestos, falando honestamente com todos".
(JSG)
Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/90570#ixzz4vtfEtCrq
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte. 

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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Papa convoca uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia

Praça de São Pedro durante a oração do Ângelus. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Vaticano, 15 Out. 17 / 07:54 am (ACI).- Ao final da Missa de canonização de 35 novos santos, neste domingo, 15 de outubro, e antes da oração do Ângelus, o Papa Francisco se dirigiu aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, e anunciou a convocação de uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica.
“Atendendo o desejo de algumas Conferências Episcopais da América Latina, assim como ouvindo a voz de muitos pastores e fiéis de várias partes do mundo, decidi convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica. O Sínodo será em Roma, em outubro de 2019”.
Segundo o Santo Padre explicou, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”.
Portanto, a Assembleia Especial do Sínodo irá se centrar na problemática do desmatamento da floresta amazônica como consequência da atividade desenfreada, e às vezes ilegais, de exploração madeireira. Essa atividade industrial está colocando em grave perigo o equilíbrio ecológico e ambiental da floresta amazônica, uma das principais fontes de biodiversidade do planeta.
Como consequência dessa exploração dos recursos naturais da região da Amazônia, os povos indígenas que a habitam, em muitos casos tribos isoladas sem contato com o mundo urbano, estão sofrendo inúmeros abusos, inclusive assassinatos que ficam impunes, até situá-las às margens do desaparecimentos. A situação desses povos, sua evangelização e a defesa de seus direitos humanos será também um dos temas principais tratados no Sínodo dos Bispos.
O Papa Francisco finalizou invocando a intercessão dos novos santos proclamados neste domingo pelos frutos dos trabalhos dos Bispos. “Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
ACI Digital

domingo, 15 de outubro de 2017

Editorial: Gotas de santidade

Cidade do Vaticano (RV) – Foi para nós brasileiros uma semana muito intensa. Vivemos com grande alegria no último dia 12 o Jubileu dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba em 1717. E neste domingo a canonização, aqui em Roma, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco dos 30 mártires de Cunhaú e Uruaçu.
     O encontro da imagem de 37 centímetros nas águas do Rio Paraíba 300 anos atrás, deu um impulso ainda maior à fé católica do Brasil. Em 1930 o Papa Pio XI concedeu a Nossa Senhora Aparecida o Título de Padroeira do nosso país.
     Desde o início da evangelização no Brasil, a devoção a Maria sempre foi uma porta aberta para o encontro com o Seu filho, Jesus. Como afirma a nossa Igreja, Maria é o Evangelho do povo. D’Ela aprendemos a conhecer Jesus, a testemunhá-lo em nossas vidas. Ela nos conduz ao Seu filho.
     Por ocasião da Festa da nossa Padroeira, recebemos de Francisco, primeiro um presente seu, a Rosa de Ouro (a terceira da sua história) que foi entregue ao Santuário Nacional e depois uma vídeo-mensagem na qual Francisco, visivelmente emocionado compartilhou com o povo brasileiro o seu amor por Nossa Senhora. Recordou que rezou aos pés da Virgem Mãe em Aparecida e a calorosa acolhida que recebeu pelo povo do nosso país em 2013.
     Francisco nos recordou palavras que tinha proferido em 2013 no altar do Santuário Nacional – aprendemos a conservar a esperança, a deixar-nos surpreender por Deus e a viver na alegria.  Motivou-nos então a termos esperança, que é a virtude que deve permear os corações dos que creem, sobretudo, quando ao nosso redor as situações de desespero parecem querer nos desanimar. Não se deixem vencer pelo desânimo. Acrescentando: Confiem em Deus, confiem na intercessão de nossa Mãe Aparecida.
     Sim já em 1717, quando foi retirada das águas – recordou Francisco - pelas mãos daqueles pescadores, a Virgem Mãe Aparecida já os inspirou a confiar em Deus que sempre nos surpreende.
     Diante dos difíceis momentos que o povo brasileiro atravessa, diante da falta de luz, de uma escuridão que parece não ter fim, o nosso olhar se dirige para Aquela que irradia esperança e alegria.  “O singelo sorriso de Maria, que conseguimos vislumbrar em sua imagem, seja fonte do sorriso de cada um de vocês diante das dificuldades da vida”, disse Francisco, acrescentando. O cristão jamais pode ser pessimista!
     O Brasil, mais do que nunca necessita, como afirmou o Papa, de homens e mulheres “cheios de esperança e firmes na fé”. Necessita de pessoas que testemunhem nos seus gestos de solidariedade e partilha o amor, sentimento que é mais forte e luminoso do que as trevas do “egoísmo e da corrupção”.
     Francisco disse que está com saudades do Brasil, e o Brasil, os brasileiros, todos, estão com saudades de Francisco. Sua passagem pelo Brasil em 2013 durante a Jornada Mundial da Juventude deixou recordações indeléveis, seja em Aparecida, seja no Rio de Janeiro. Brasileiros de todas as idades abriram as portas de seus corações para receber o mensageiro da paz, da esperança e da misericórdia.
     E neste domingo aqui em Roma, outro momento especial, a canonização de 30 mártires brasileiros, os nossos protomártires. De uma devoção local, agora serão venerados em todo o mundo. É o testemunho de pessoas simples, que simplesmente viveram a sua fé até as últimas consequências. O Brasil com o testemunho desses mártires ganhará gotas de santidade, exemplos de fé. (Silvonei José)
Rádio Vaticano

28º Domingo do Tempo Comum: O Banquete do Reino

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A liturgia da Palavra deste domingo utiliza a imagem do “banquete” para falar do Reino de Deus. O Profeta Isaías (Is 25,6-10a) anuncia o “banquete” que Deus preparou para todos os povos. O Evangelho (Mt 22,1-14) apresenta a parábola contada por Jesus sobre o “banquete” oferecido por ocasião da “festa de casamento”, ressaltando a resposta dos convidados.  O significado desta imagem bíblica já está declarado logo no início do texto proclamado: “o reino dos céus é como...”.  O mistério do Reino é revelado por Jesus através de parábolas, recorrendo, aqui, à imagem bíblica do “banquete”, bastante apreciada pelo povo de Deus, pois expressava o encontro fraterno, o estar juntos em paz, a alegria, a fartura de bens e a partilha. Através do “banquete”, Isaías anuncia que Deus “eliminará a morte”, “enxugará as lágrimas” e “acabará com a desonra”. Contudo, os primeiros a serem convidados para o banquete não deram atenção; ao contrário, maltrataram e mataram os que estavam convidando. Diante disso, o rei mandou buscar a todos os que se encontravam pelos caminhos. É Deus quem prepara o banquete e convida para dele participar, primeiramente, o seu povo eleito, mas também, a todos que se encontram pelos caminhos. Embora todos sejam convidados, para permanecer no banquete, exige-se o “traje de festa”.
 O Reino de Deus é dom, pois o “banquete” é iniciativa dele; porém, a resposta ao convite exige postura digna, um modo de viver segundo o Evangelho, representado pela “traje de festa”. A parábola é uma advertência para todos os que aceitaram o convite, aderiram a Jesus e receberam a graça do batismo. No batismo, recebemos a “veste branca” a ser trajada para sempre, num esforço sincero de conversão e santidade. Como viver assim, diante da fragilidade humana e de tantos desafios? Paulo nos dá a resposta, na Carta aos Filipenses, hoje meditada: “Tudo posso naquele que me dá força”, ao mesmo tempo em que reconhecia, com gratidão, a solidariedade da comunidade de Filipos para com ele, que se encontrava na prisão por causa do Evangelho. Portanto, são muito necessários: a graça de Deus, o empenho de cada um e a ajuda fraterna.
Louvemos a Deus pela canonização dos Mártires do Rio Grande do Norte, neste domingo, na Basílica de S. Pedro. Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros foram martirizados, durante a missa, em Cunhaú e Uruaçu, no interior do Rio Grande do Norte, em 1645. Nós bendizemos a Deus por esses Santos Mártires brasileiros, suplicando a sua intercessão e procurando seguir os exemplos que eles nos deixaram!
Arquidiocese de Brasília

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA: PADROEIRA DO BRASIL

Solenidade

Na segunda quinzena de outubro de 1717, três pescadores, Filipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves, ao lançarem sua rede para pescar nas águas do Rio Paraíba, colheram a Imagem de Nossa Senhora da Conceição, no lugar denominado Porto do Itaguassu. Filipe Pedroso levou-a para sua casa conservando-a consigo até 1732, quando a entregou a seu filho Atanásio Pedroso. Este construiu um pequeno oratório onde colocou a Imagem da Virgem que ali permaneceu até 1743. Todos os sábados, a vizinhança reunia-se no pequeno oratório para rezar o terço. Devido à ocorrência de milagres, a devoção a Nossa Senhora começou a se divulgar, com o nome dado pelo povo de Nossa Senhora Aparecida. A 26 de julho de 1745 foi inaugurada a primeira Capela. Como esta, com o passar dos anos, não comportasse mais o número de devotos, iniciou-se em 1842 a construção de um novo templo inaugurado a 8 de dezembro de 1888. Em 1893, o Bispo diocesano de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, elevou-o à dignidade de “Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida”. A 8 de setembro de 1904, por ordem do Papa Pio X, a Imagem milagrosa foi solenemente coroada, e a 29 de abril de 1908 foi concedido ao Santuário o título de Basílica menor. O Papa Pio XI declarou e proclamou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil a 16 de julho de 1930, “para promover o bem espiritual dos fiéis e aumentar cada vez mais a devoção à Imaculada Mãe de Deus”. A 5 de março de 1967 o Papa Paulo VI ofereceu a “Rosa de Ouro” à Basílica de Aparecida. Em 1952 iniciou-se a construção da nova Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, solenemente dedicada pelo Papa João Paulo II a 4 de julho de 1980.
Da Homilia na Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, do papa João Paulo II
(Pronunciamentos do Papa no Brasil, Edit.
Vozes, Petrópolis 1980, 125. 128. 129. 130)
(Séc.XX)

A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda
“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!” 
Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico. Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe. 
Sim, amados irmãos e filhos, Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original, preservada do pecado e cheia de graça. 
Ao confessar-se serva do Senhor (Lc 1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo “em seu coração e em seu seio” o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora. 
Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece”. Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? Assim, a “Estrela da Evangelização”, como a chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor, de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana coletiva e individual, mas é fundamentalmente um anúncio de libertação do pecado para a comunhão com Deus, em Jesus Cristo. De resto, esta comunhão com Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns com os outros, pois os que se convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são chamados a congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica. 
Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com total aderência à tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da fé, da esperança e da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da Igreja, impelidos por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria. E queremos fazê-lo através das expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos. 
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz,segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.
www.liturgiadashoras.org

Papa Francisco recorda 300 anos da Virgem Aparecida e reza pelo Brasil

Papa Francisco. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Vaticano, 11 Out. 17 / 12:30 pm (ACI).- Ao saudar os peregrinos brasileiros e de língua portuguesa na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco recordou que amanhã a Igreja no Brasil celebra os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul.
“Saúdo todos os peregrinos do Brasil e de outros países de língua portuguesa, particularmente os diversos grupos de sacerdotes, religiosos e fiéis brasileiros residentes em Roma, que vieram a esta Audiência para dividir a alegria pelo jubileu dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, cuja festa se celebra amanhã”, disse o Pontífice após a Catequese.
Em seguida, Francisco foi interrompido durante uns instantes por um grupo de peregrinos brasileiros e, em silêncio como num gesto de oração, ouviu-os cantar a conhecida canção “Dai-nos a bênção”, cuja letra diz: “Dai-nos a bênção, oh Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida”.
Logo após, o Santo Padre retomou suas palavras e assinalou que “a história dos pescadores que encontraram no Rio Paraíba do Sul o corpo e depois a cabeça da imagem de Nossa Senhora, e que foram em seguida unidos, nos lembra que neste momento difícil do Brasil, a Virgem Maria é um sinal que impulsiona para a unidade construída na solidariedade e na justiça. Que Deus lhes abençoe”.
O Papa Francisco não pôde visitar o Brasil por ocasião dos 300 anos de Aparecida, porém, enviou como seu enviado especial o Cardeal Giovanni Battista Re, Prefeito Emérito da Congregação para os Bispos e Presidente Emérito da Pontifícia Comissão para a América Latina.
O Cardeal Re chegou ao Brasil na segunda-feira, 9 de outubro, quando participou no último dia da novena da Padroeira no Santuário Nacional de Aparecida e entregou ao Arcebispo local, Dom Orlando Brandes, uma Rosa de Ouro enviada pelo Papa Francisco, a terceira recebida pelo Santuário.
Na quinta-feira, 12 de outubro, dia da Padroeira, o enviado do Papa presidirá a Missa Solene, às 9h30, no Santuário Nacional de Aparecida.
ACI Digital

Hoje a Igreja no Brasil celebra os 300 anos de Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora Aparecida - 300 anos (igrejadoscapuchinhos)
REDAÇÃO CENTRAL, 12 Out. 17 / 05:00 am (ACI).- A Igreja no Brasil está em festa neste dia 12 de outubro, ao celebrar os 300 anos do encontro da imagem de sua padroeira, Nossa Senhora Aparecida, encerrando assim o Ano Nacional Mariano, que teve início em 2006.

Por todo o país, repetem-se os famosos versos: “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”.
A imagem de Aparecida foi encontrada em 1717 no Rio Paraíba do Sul. Na época, com a notícia da passagem do Conde de Assumar pela Vila de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram para pescar.
Após muitas tentativas sem êxito, foram até o porto de Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançando novamente as redes, pegou a cabeça que faltava da imagem. E o que se seguiu foi uma pesca abundante para os três humildes pescadores.
A imagem, feita de terracota, possui uma cor escura, enegrecida, devido ao material com o qual é feita e por ter ficado por um tempo perdida no rio.
A família de Felipe Pedroso ficou com a imagem e levou-a para sua casa. Em um oratório construído no local, as pessoas da vizinhança vinham rezar à Virgem. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem. Assim, a devoção se espalhou por todo o Brasil.
Com o tempo, a casa já se fazia pequena para o grande volume de fiéis que vinham rezar e, por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas, o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma Igreja maior, a atual Basílica Velha.
Em 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada solenemente pelo então Bispo de São Paulo, Dom José Camargo Barros. No dia 29 de abril de 1908, a Igreja recebeu o título de Basílica Menor. E, em 1929, o Papa Pio XI proclamou nossa Senhora Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial.
Com o aumento da devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a primeira Basílica já não dava conta do fluxo de romeiro. Foi necessário, então, construir uma maior, que começou a ser erguida em 11 de novembro de 1955.
Em 1980, ainda em construção, a Basílica Nova foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida como Santuário Nacional, o “maior Santuário Mariano do mundo”.
A festa da Padroeira do Brasil já foi celebrada em diversas datas: dia da Imaculada Conceição (08 de dezembro), 5º domingo após a Páscoa, 1º domingo de maio (mês de Maria) e 7 de setembro (Dia da Pátria).
Foi durante a sua Assembleia Geral de 1953 que a CNBB determinou que a festa fosse celebrada definitivamente no dia 12 de outubro, por associação com a data de descobrimento da América, pela comemoração do Dia da Criança e por ser outubro o mês do encontro da Imagem, no rio Paraíba do Sul, em 1717.
Em 2013, ao visitar o Santuário Nacional de Aparecida, em sua viagem ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco recordou a história da Padroeira do país e questionou: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe?”.
Fonte: ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF