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domingo, 31 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 7/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 14

Como pode a história estabelecer uma lei contrária à razão? Considerando a interpretação espiritual, não será mais razoável crer que isto sucede como figura e que, através do que foi dito, o Legislador quis propor um ensinamento? O ensinamento é este: que quem se empenha na luta da virtude contra o vício deve fazê-lo desaparecer em seus primeiros brotos. De fato, com a destruição dos primeiros brotos, se destrói também o que lhes segue em continuação, como nos ensina o Senhor no Evangelho, ordenando quase com as mesmas palavras destruir os primogênitos dos vícios egípcios; exorta-nos assim a cortar a concupiscência e a ira (Mt 5, 22 e 28), e a não ter medo nem da sujidade do adultério, nem da mancha do homicídio, pois nenhum destes males tem consistência por si mesmo, mas que é a cólera que leva a cabo o homicídio e o desejo é que conduz ao adultério. Precisamente porque aquele que engendra o mal, antes do adultério produziu o desejo e antes do crime produziu a cólera, quem destrói o primogênito destrói totalmente a descendência que segue o primogênito, do mesmo modo que quem golpeou a cabeça da serpente matou com o mesmo golpe o corpo que rasteja atrás. Porem isto não poderia acontecer se previamente não tivessem sido borrifadas as ombreiras das portas com aquele sangue que afugenta o Exterminador (Ex 12, 23). E se queremos captar com maior exatidão o sentido de quanto se diz, a história no-lo insinua através destas coisas: através da morte do primogênito e através da proteção da entrada com o sangue. Ali, com efeito, se destrói o primeiro movimento do mal e aqui mesmo, pelo verdadeiro cordeiro, se afasta a primeira entrada do mal em nós. Pois uma vez que o exterminador esteja dentro, não o expulsaremos com um simples pensamento; vigiemos com a Lei, para que nem se quer comece a entrar em nós. A vigilância e a segurança consistem em sinalizar com o sangue do cordeiro o montante e as ombreiras da entrada (Ex 12, 22). A Escritura nos explica estas coisas da alma com figuras; também a ciência profana as intuiu ao distinguir a alma em seu aspecto racional, concupiscível e irascível. Deles - diz - o irascível e o concupiscível estão abaixo, sustentando cada um a parte racional da alma, e assim a parte racional, tendo subjugadas as outras duas, as governa e, por sua vez, é sustentada por elas: é impulsionada ao valor pelo apetite irascível e é elevada pelo apetite concupiscível à participação no bem. Enquanto a alma se encontra estabilizada nesta disposição, estando segura por pensamentos virtuosos como se fossem cavilhas, dá-se uma cooperação para o bem de todas as faculdades entre si: a parte racional dá segurança por si mesma às partes que lhe estão submetidas e, por sua vez, recebe o mesmo benefício da parte delas. Porem se a ordem for invertida e o que está acima passar par baixo, caindo para a parte em que é pisada, a razão fará subir sobre si as disposições concupiscível e irascível, e então, o exterminador entrará no interior, sem que se oponha a ele nenhum repúdio proveniente do sangue, isto é, sem que a fé em Cristo ajude no combate àqueles que se encontram nestas disposições. Manda borrifar com sangue primeiro o montante, e besuntar depois as ombreiras de um lado e outro. Como poderia alguém untar primeiro o que está acima, se não estivesse em cima? Não estranhes se estes dois episódios - a morte dos primogênitos e a aspersão do sangue - não acontecem igualmente aos israelitas, e não repudies, por causa disto, nossa consideração a respeito da destruição do mal, como se estivesse fora da verdade. Interpretamos a diferença entre os nomes hebreu de egípcio como a diferença entre a virtude e o vício. Se, pois, o sentido espiritual sugere entender o israelita como o bom, não seria coerente que alguém tentasse matar as primícias dos frutos da virtude, mas aquelas cuja destruição é mais útil que sua conservação. Assim pois, coerentemente, aprendemos com Deus que é necessário destruir as primícias da estirpe egípcia, para que seja destroçado o mal, aniquilado com a destruição de seus primeiros brotos. Esta interpretação está de acordo com a história. A proteção dos filhos dos israelitas tem lugar por meio da aspersão do sangue para que o bem chegue à plenitude; por outro lado, aquele que ao amadurecer haveria de constituir o povo egípcio, este é destruído antes que chegue à plenitude no mal. O que segue está de acordo com a interpretação espiritual que propusemos, acomodando-se ao sentido do discurso. Prescreve-se, com efeito, que se converta em nosso alimento o corpo daquele do qual fluiu este sangue que, mostrado nos montantes das portas, afasta o exterminador dos primogênitos dos egípcios. A atitude dos que levam à boca esta comida há de ser sóbria e conforme com pessoas que têm pressa, não como a que se vê naqueles que se divertem em banquetes, cujas mãos estão soltas, as vestes sem cingir, os pés livres de calçados de viagem. Aqui tudo é o oposto. Os pés estão aprisionados nos sapatos, o cinturão cinge as pregas da túnica aos rins e, na mão, o bastão que defende dos cães (Ex 12, 11). E neste atavio, a comida é posta diante deles sem nenhuma preparação complicada, mas elaborada apressadamente sobre o fogo, de forma improvisada. Os convidados a devoram rapidamente, a toda pressa, até que todo o corpo do animal tenha sido consumido. Comem tudo o que é comestível em redor dos ossos, porem não tocam no que está dentro, pois é proibido romper os ossos deste animal. O que sobra de comida é consumido pelo fogo (Ex 12, 9-10 e Nm 9, 12). De tudo isto se depreende com clareza que a Escritura está visando um significado mais elevado, já que a Lei não nos ensina o modo de comer, para estas coisas é suficiente guia a natureza, a qual colocou em nós o apetite, mas através disto quer significar outra coisa. De fato, que tem a ver com a virtude ou o vício a comida ser apresentada de uma forma ou de outra, com a cintura cingida ou sem cingir, descalços os pés ou com os sapatos, tendo o bastão na mão ou o havendo deixado? Resulta claro, ao contrário, o que significa simbolicamente a preparação do aparato de viagem. Convida-nos diretamente a que reconheçamos que na vida presente estamos de passagem, como caminhantes, impelidos desde o nascimento até à morte pela mesma necessidade das coisas. E que é necessário que as mãos, os pés e tudo o demais estejam preparados para esta saída a fim de ter segurança no caminho. Para que não sejamos feridos nos pés desprotegidos e descalços pelos espinhos desta vida, os espinhos poderiam ser os pecados, protejamo-los com a defesa dos sapatos. Isto é a vida casta e austera, que quebra e dobra por si mesma as pontas dos espinhos, e evita que o mal penetre dentro de nós com um começo pequeno e imperceptível. Uma túnica que flutua solta sobre os pés e que se enreda entre as pernas seria um estorvo para quem anda corajosamente por este caminho, segundo Deus. Neste contexto, poderíamos entender a túnica como a relaxação prazenteira nos cuidados desta vida a qual uma mente sábia, convertendo-se em cinturão do caminhante, reduz e aperta. Que o cinturão é a temperança, se atesta pelo lugar ao qual cinge. O bastão que defende das feras é a palavra da esperança, com a qual sustentamos a alma em suas fadigas e afugentamos os que ladram. O alimento para nós preparado no fogo comparo com a fé cálida e ardente que acolhemos sem demora, de que comemos quanto de comestível está à mão do que come, enquanto deixamos de lado, sem buscar e sem espiar curiosamente, a doutrina que está velada em conceitos duros e dificilmente assimiláveis, entregando ao fogo um alimento semelhante. Para explicar os símbolos utilizados em relação a isto, dizemos o seguinte: alguns dos ensinamentos divinos têm um sentido exeqüível; não convém recebê-los preguiçosamente nem de má vontade, mas saciar- nos, como famintos impelidos pelo apetite, dos ensinamentos que estão diante de nós, de forma que o alimento se converta em robustecimento para nossa saúde. Outros ensinamentos são obscuros, como o indagar qual é a substância de Deus, ou o que existia antes da criação, ou o que há alem das aparências, ou que necessidade marca os acontecimentos, e todas as coisas deste estilo que são investigadas pelos curiosos; é necessário deixar que estas coisas só sejam conhecidas pelo Espírito Santo, que penetra as profundidades de Deus, como diz o Apóstolo (1Co 2, 10). Com efeito, ninguém que esteja familiarizado com a Escritura ignora que nela o Espírito freqüentemente é lembrado e é designado como fogo. Somos levados a esta interpretação pela advertência da Sabedoria: Não especules sobre o que te ultrapassa (Eclo 3, 22), isto é, não rompas os ossos do ensinamento, pois não te é necessário o que está escondido (Eclo 3, 23).

Capítulo 15

Assim é que Moisés tira o povo do Egito. Do mesmo modo, todo o que segue as pegadas de Moisés livra da tirania egípcia a todos aqueles a quem chega a palavra. Penso que os que seguem a quem os conduz à virtude não devem ser privados da riqueza egípcia, nem carecer dos tesouros estrangeiros, mas devem levar consigo todas as coisas que pertencem a seus adversários por empréstimo. Isto é o que Moisés manda o povo fazer (Ex 12, 35-36). Que ninguém, tomando isto ao pé da letra, entenda o propósito do Legislador como se ele mandasse despojar os ricos e se convertesse assim em condutor da injustiça. Ninguém que considere atentamente as leis que seguem em continuação proibindo a injustiça contra os que estão perto, tanto aos que estão acima como aos que estão abaixo, diria na verdade que o Legislador tivesse ordenado isto, ainda que a alguns pareça ser justo que, com este subterfúgio os israelitas paguem a si mesmos os salários pelos trabalhos prestados aos egípcios. Com efeito, uma ordem assim não estaria livre da acusação de não estar limpa de mentira e engano. De fato, quem toma uma coisa emprestada, e sendo alheia não a devolve a seu dono, comete injustiça por privá-lo dela; e se esta coisa é sua, ao menos é chamado mentiroso por enganar a quem a tinha com a esperança de tirar proveito. Por esta razão, mais apropriada que a interpretação literal, é a interpretação espiritual que exorta aqueles que buscam uma vida livre através da virtude a abastecer-se com a riqueza estrangeira na qual se glorificam os que são alheios à fé. Assim ocorre com a ética, a física, a geometria, a astronomia, a dialética e todas as demais ciências que são cultivadas por quem não pertence à Igreja. O guia da virtude exorta a tomá-las de quem, no Egito, as possui em abundância, e a usá-las quando forem necessárias a seu tempo, quando seja necessário embelezar o divino templo do mistério com as riquezas da inteligência. Na verdade, aqueles que haviam entesourado para si esta riqueza a apresentaram a Moisés quando trabalhava na construção da tenda do testemunho, prestando cada um sua contribuição para a preparação das coisas santas. Podemos ver que isto também ocorre hoje. Muitos apresentam à Igreja de Deus, como um dom, a cultura pagã. Assim fez o grande Basílio que adquiriu formosamente a riqueza egípcia no tempo de sua juventude, a dedicou a Deus, e embelezou com esta riqueza o verdadeiro tabernáculo da Igreja.

ECCLESIA Brasil

Deixem as igrejas abertas o dia todo

Guadium Press

O cardeal de Valencia, Mons. Antonio Cañizares, escreveu uma carta, no dia 25 de janeiro, a todos os diocesanos.  

Redação (29/01/2021 17:37Gaudium Press) No momento em que aumentam os números de casos de pessoas infectadas pelo coronavirus, o cardeal escreve uma carta a toda a Diocese de Valência, dando palavras de alento, esperança e confiança em Deus.

“Não tenhais medo!” diz o cardeal, “em uma situação difícil, é a hora de avivar a fé e fortalecê-la. Muito me entristeci ao ler esta manchete no jornal: O esquecimento de Deus em plena pandemia.”

Diante disso, ele escreveu: “não podemos permanecer quase impassíveis, resignados e sem esperança. É a hora de Deus, que não nos deixa e nem permitirá que nos afundemos na pandemia.”

De fato, em todos os acontecimentos trágicos na história, a população se reunia nas igrejas ou fazia procissões para alcançar de Deus a paz e o afastamento dos flagelos. “O próprio Deus no-lo mostra em tantos testemunhos ao longo da história, em momentos difíceis e em provas, como acontece hoje.”

A Eucaristia

No entanto, para viver e aumentar a fé acrescenta o cardeal “é preciso participar da Eucaristia, escutar a Palavra de Deus nela, tomar parte na celebração do mistério da fé, comungar realmente – comer o Pão da Vida – não só espiritualmente. Rezar e adorar o Santíssimo, realmente presente neste sacramento da fé, da verdade e da caridade.”

Em seguida, ele pede aos sacerdotes que celebrem presencialmente a Eucaristia, não só por internet ou outros meios. E para isso ele declara “que eles têm não só permissão mas a súplica; quantas vezes seja necessário ou oportuno fazê-lo, que o façam, guiados pela prudência, mesmo que numericamente poucos fieis participem, mesmo que estejam sozinhos ou quase, sempre guardando as medidas de prudência e responsabilidade necessárias. A fé não se mantém sem a Eucaristia.”

Pede também: “deixai as igreja abertas o dia todo com o Santíssimo exposto para que os fieis possam estar com o Senhor, orando e adorando-O e vós também. O povo fiel necessita da Eucaristia.”

Catequese em família

O cardeal convida as famílias a rezar, a ler e comentar a Sagrada Escritura em casa: “que se dê em família a catequese ou o ensino da fé aos pequenos ou aos jovens sem pudor, temor e vergonha, com liberdade, ânimo e fé.” Ele propõe que as paróquias e a Delegação diocesana ofereçam o material para a catequese.

E por fim, agradece a todos que ajudam no ministério pastoral com sacrifícios e generosidade. E conclama os sacerdotes a reforçar a oração pessoal já que “não podemos esquecê-la nem deixar alguma brecha por onde o mal possa entrar.”

https://gaudiumpress.org/

Demolição de cruz em Córdoba: bispo pede mais respeito

diocesisdecordoba.com
por Fundação AIS

A retirada da Cruz do espaço público – posteriormente terá sido atirada para uma lixeira pública – veio inflamar o debate sobre a questão da liberdade religiosa na Espanha.

Na quarta-feira, dia 20 de Janeiro, funcionários do município de Aguilar de la Frontera, na província espanhola de Córdoba, procederam à demolição e posterior remoção de uma cruz existente num pequeno largo defronte do Convento das Carmelitas Descalças.
A operação, que obrigou à utilização de uma grua, foi acompanhada por diversos populares que protestaram e procuraram opor-se à retirada do símbolo religioso que data do final da década de trinta do século passado.
Os protestos inundaram também as redes sociais e está já a decorrer uma recolha de assinaturas, por parte da organização “advogados cristãos” para que a Justiça faça reverter esta decisão da autarquia local. Até ao momento, já teriam sido recolhidas mais de cem mil assinaturas.
O Bispo de Córdoba, D. Demetrio Fernández, pronunciou-se sobre a retirada deste símbolo cristão da via pública, pedindo para que os “sentimentos religiosos” da comunidade cristã “sejam respeitados”.
A decisão de retirada da cruz do largo defronte do Convento das freiras Carmelitas baseia-se na lei da “Memória Histórica” em que se procura erradicar do espaço público símbolos que contenham elementos de exaltação do regime franquista. Esta situação é contestada pela comunidade cristã local pois uma inscrição alusiva ao governo do General Franco que existiu na Cruz, já tinha sido demolida pelas autoridades locais na década de 1980.
A retirada da Cruz do espaço público – posteriormente terá sido atirada para uma lixeira pública – veio inflamar o debate sobre a questão da liberdade religiosa no país.
D. Demetrio pediu, durante uma missa celebrada na paróquia local, que as autoridades “sejam respeitosas para com os nossos sentimentos religiosos”.

Aleteia

Papa ao Tribunal Apostólico: a preocupação com os filhos, após nulidade matrimonial

A audiência com o Papa na Sala Clementina

Francisco, na audiência desta sexta-feira (29) de inauguração do Ano Judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana, no Vaticano, direcionou o discurso ao tema do matrimônio legalmente declarado nulo e de uma questão relevante: “o que será dos filhos e da parte que não aceita a declaração de nulidade?”. Francisco enalteceu aos oficiais, mas também estendeu o apelo a bispos e colaboradores das Igrejas locais, a importância de considerar "o bem integral das pessoas" diante de efeitos desastrosos que uma decisão sobre a nulidade matrimonial pode acarretar: "se esforcem para exercer essa diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento", tanto ao cônjuge abandonado quanto aos filhos.

Andressa Collet – Vatican News

Como tradicionalmente acontece todo início de ano, o Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira (29), no Vaticano, prelados auditores, oficiais e colaboradores para a inauguração do Ano Judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana. Em discurso, o Pontífice procurou fazer uma ligação com o argumento de 2020 que toca boa parte das decisões do Tribunal atualmente: “por um lado, a falta de fé, que não ilumina a união conjugal como deveria; por outro, os aspectos fundamentais dessa união que, além da união entre homem e mulher, incluem o nascimento e o dom dos filhos e o crescimento deles”.

Francisco, enaltecendo a harmonia entre a jurisprudência da Rota Romana e o magistério pontifício, reforçou “a figura teológica da família como efeito do matrimônio, conforme prefigurado pelo Criador”, um “fruto do projeto divino, pelo menos para a prole gerada. Os cônjuges, com os filhos doados por Deus, são aquela nova realidade que chamamos de família”.

O tema da nulidade do matrimônio

O discurso do Papa, então, foi direcionado ao tema do matrimônio legalmente declarado nulo e de uma questão relevante: “o que será dos filhos e da parte que não aceita a declaração de nulidade?” Em se tratando do bem integral das pessoas, as escolhas diante dessa “árdua transição dos princípios aos fatos” irão afetar diretamente as crianças:

“A nova união sacramental, que se segue à declaração de nulidade, será certamente uma fonte de paz para o cônjuge que a pediu. Entretanto, como explicar aos filhos que - por exemplo – a sua mãe, abandonada pelo pai e muitas vezes não disposta a estabelecer um outro vínculo matrimonial, recebe a Eucaristia dominical com eles, enquanto o pai, convivente ou aguardando a declaração de nulidade do matrimônio, não pode participar da mesa eucarística?”

O Papa recordou que esse tipo de questionamento sobre o tema da família já foi feito em várias sedes, como nas assembleias dos bispos de 2014 e 2015. Os Padres Sinodais perceberam o quanto é difícil, “às vezes impossível, oferecer respostas”. Diante a tantas preocupações e sofrimentos, “um instrumento pastoral útil” da Igreja é a Exortação Apostólica Amoris laetitia, tanto que, em 19 de março, começa o “Ano da Família Amoris laetitia”. No documento, explicou o Pontífice, são dadas “indicações claras para que ninguém, especialmente os pequenos e os que sofrem, seja deixado sozinho ou tratado como um meio de pressão entre pais divididos (cf. Exortação Apostólica Amoris laetitia, 241).”

Francisco, então, fez um apelo ao exercício de uma missão “carregada de sentido pastoral”, sobretudo quando se trata de uma “delicada decisão sobre nulidade ou não de uma união conjugal”:

“Caros Juízes, nos seus julgamentos, não deixem de dar testemunho desta ansiedade apostólica da Igreja, considerando que o bem integral das pessoas exige que não permaneçamos inertes diante dos efeitos desastrosos que uma decisão sobre a nulidade matrimonial pode acarretar. Ao Tribunal Apostólico de vocês, assim como aos outros Tribunais da Igreja, é solicitado que ‘os procedimentos para o reconhecimento de casos de nulidade sejam mais acessíveis e ágeis, se possível, completamente gratuitos" (ibidem, 244). A Igreja é mãe, e vocês, que têm um ministério eclesial numa área tão vital como a atividade judiciária, são chamados a se abrir aos horizontes desta difícil pastoral, mas não impossível, que diz respeito à preocupação com os filhos, como vítimas inocentes de tantas situações de ruptura, divórcio ou de novas uniões civis (cf. ibidem, 245).”

Diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento

O Papa lembrou que “muitas vezes a declaração de nulidade matrimonial é pensada como um ato frio de uma mera decisão jurídica”, mas que não deve ser assim. “Não devemos nos cansar de dedicar toda a atenção e cuidado à família e ao matrimônio”, enfatizou Francisco, não esquecendo que todas as decisões terão efeitos diretos nos filhos.

Ao final do discurso dirigido aos colaboradores do Tribunal Apostólico, o Papa aproveitou para também fazer um apelo aos bispos para que “se abram sempre mais ao desafio ligado a essa temática”. É um caminho, caminho eclesiológico e pastoral necessário para não deixar à intervenção somente das autoridades civis, “os fiéis que sofrem por julgamentos não aceitos e sofridos”.

“É mais urgente do que nunca que os colaboradores do bispo, em particular o vigário judicial, os agentes da Pastoral Familiar e, especialmente os párocos, se esforcem para exercer essa diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento do cônjuge abandonado e eventualmente dos filhos, que sofrem as decisões, por mais justas e legítimas que sejam, de nulidade matrimonial.”

Processo breve ainda gera resistência

Ao final do discurso escrito, o Papa, improvisando, agradeceu o trabalho realizado pelo decano que, em alguns meses, deverá deixar o cargo por completar 80 anos. Um agradecimento a dom Pio Vinto Pinto "pela tenacidade que teve em levar adiante a reforma dos processos matrimoniais. Apenas uma sentença, depois o processo breve, que foi como uma novidade, mas era natural porque o bispo é o juiz". Francisco, aproveitou a oportunidade, para contar que recebeu muitos telefonemas e cartas após a promulgação do processo breve - "que teve e tem muitas resistências" e que, segundo as determinações do Papa, confia a decisão sobre uma eventual nulidade ao bispo diocesano: "o juiz é o bispo. Ele deve ser ajudado pelo vigário judicial, deve ser ajudado pelo promotor de justiça, ele deve ser ajudado. Mas ele é o juiz, não pode lavar as mãos. E voltar a isso que é a verdade evangélica". 

Vatican News

Respostas da Bíblia para consolar quem perdeu um ente querido

Cam Ferland | Unsplash
por Jorge Luís Zarazúa

Para ler com a Bíblia em mãos, buscando esperança, conforto e paz diretamente na Palavra de Deus.

Quando uma pessoa querida falece, somos invadidos por um sentimento de solidão e desconcerto. Ao pensar que algum dia vamos experimentar a morte, podemos também perder a paz.

Muitas perguntas vêm à nossa mente: o que acontece com os que morrem? Será que tudo vai acabar quando a pessoa morrer? Há algo nosso que sobrevive a este desenlace tão dramático? Voltaremos a nos reunir com aqueles a quem amamos? Que relação podemos ter com aqueles que estão ausentes fisicamente porque morreram?

Pois bem, a Bíblia, que contém a Palavra de Deus, nos dá repostas cheias de esperança. Apresentamos algumas reflexões a seguir e, no final, uma lista de versículos reconfortantes para quem está em luto:

1. Nem tudo acaba com a morte física

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Aleteia

Nosso corpo perece, mas nossa alma, nosso espírito, não deixa de existir, pois é imortal.

O Livro da Sabedoria recorda que “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem do seu próprio ser” (Sb 2, 23), dando-nos a conhecer que “as almas dos justos estão nas mãos de Deus e nenhum tormento as alcançará” (Sb 3, 1a).

E o autor sagrado continua: “Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça, e sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na paz!” (Sb 3, 2-3)

Isso está em plena harmonia com o que Jesus nos ensina no Novo Testamento, quando nos conta a parábola do homem rico e de Lázaro, o pobre (Lc 16, 19-30).

Também são contundentes as palavras de Jesus ao bom ladrão: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

A morte é fonte de esperança para os cristãos, como recorda São Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor” (Flp 1, 21-23).

2. Nossa relação com nossos familiares falecidos não termina

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Levando em consideração que Deus não é Deus de mortos, mas de vivos (cf. Lc 20, 38), podemos dizer que nossa relação com os que faleceram nunca acaba.

Ainda que não possamos mais vê-los fisicamente, a Carta aos Hebreus nos ajuda a perceber uma realidade que vai além do que nossos olhos podem ver, pois nos diz que os heróis da fé que faleceram estão ao nosso redor, como uma nuvem (Hb 11. 12, 1).

A Carta aos Hebreus também nos diz:

“Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloquência que o sangue de Abel.” (Hb 12, 22-24)

Nós podemos pedir a Deus que nos conceda a graça de ser conscientes de que nossos entes queridos não nos abandonaram, pois nos cercam como uma nuvem (Hb 12, 1), indo muito além do que nossos sentidos podem perceber (2 Reis 6, 8-23).

“Na manhã seguinte, o homem de Deus, saindo fora, viu o exército que cercava a cidade com cavalos e carros. Seu servo disse-lhe: Ai, meu senhor! Que vamos fazer agora? Não temas, respondeu Eliseu; os que estão conosco são mais numerosos do que os que estão com eles. Orou Eliseu e disse: Senhor, abri-lhe os olhos, para que veja. O Senhor abriu os olhos do servo, e este viu o monte cheio de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” (2Re 6, 15-17)

Esta pode ser nossa oração: “Senhor, abre meus olhos para que possa perceber que meus entes queridos não morreram, não me abandonaram. Ajuda-me a crer que sua presença me envolve como uma nuvem. Senhor, abre meus olhos na fé!”.

Outra maneira de estar em comunhão com eles é por meio da oração de intercessão, como se pode ver o 2º Livro dos Macabeus:

“Puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas” (2Mac 12, 42-46)

Para nós, o sacrifício por excelência é o sacrifício eucarístico, ou seja, a Missa; é nós podemos oferecer muitas missas pelos nossos entes queridos, para que seus pecados sejam perdoados (2 Mac 12, 46).

3. A morte física é transitória: ressuscitaremos!

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© Kovnir Andrii

A morte física é dolorosa. Nosso Senhor chorou ao saber da morte do seu amigo Lázaro (Jo 11, 35-36), a quem amava. Mas, diante do drama da morte de um ente querido, Jesus se apresenta a nós como a ressurreição e a vida (Jo 11, 1-44).

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (Jo 11, 25-26)

Por isso, não há espaço para uma tristeza sem esperança:

“Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram” (1Tes 4, 13-14)

Daí a importância que nós, católicos, damos à Missa, pois nela escutamos a Palavra de Deus e nos alimentamos do Corpo e Sangue de Cristo, o que nos permite estar unidos intimamente a Jesus e nos possibilita nossa futura ressurreição:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.” (Jo 6, 54-57)

4. Nós voltaremos a ver nossos entes queridos

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Aleteia

É uma esperança que brota da Sagrada Escritura e um anseio que se encontra em nossos corações. A experiência dos sete irmãos e sua mãe, descrita no Livro dos Macabeus (2 Mac 7) serve de inspiração para nossa confiança:

“O rei mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus conselhos, para que o adolescente salvasse sua vida; como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em persuadir o filho. Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel tirano, disse-lhe na língua materna: Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante três anos, que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade. Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra; reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do nada, assim como todos os homens. Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles” (2Mac 7, 26-29)

Como se pode ver, esta valente mãe tem a firme esperança de rever seus filhos no dia da misericórdia.

5. Outras passagens da Bíblia

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Shutterstock / PaeJar

Estas respostas cheias de esperança da Palavra de Deus podem nos proporcionar consolo e fortaleza nos momento de luto pelo falecimento de um ente querido, e serenidade e confiança diante da perspectiva da nossa própria morte:

Gritem de alegria
Isaías 49,13
Gritem de alegria, ó céus, regozije-se, ó terra; irrompam em canção, ó montes! Pois o Senhor consola o seu povo e terá compaixão de seus afligidos.

Entrarão na Paz
Isaías 57,1-2
O justo perece, e ninguém pondera isso em seu coração; homens piedosos são tirados, e ninguém entende que os justos são tirados para serem poupados do mal. Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte.

Bem-aventurados
Mateus 5,4
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.

Amor Infalível
Lamentações 3,31-32
Porque o Senhor não o desprezará para sempre. Embora ele traga tristeza, mostrará compaixão, tão grande é o seu amor infalível.

Graças a Deus
1 Coríntios 15,55-57
“Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Ele me disse
2 Coríntios 12,9
Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.

Trono da graça
Hebreus 4,16
Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.

Toda Lágrima
Apocalipse 21,4
Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.

Toda Consolação
2 Coríntios 1,3-4
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações.

Venham a mim
Mateus 11,28
Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês.

Não Temerei
Salmos 23,4
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei mal algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.

Coração Quebrantado
Salmos 34,18
O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.

Este Deus
Salmos 48,14
que este Deus é o nosso Deus para todo o sempre; ele será o nosso guia até o fim.

Eu clamo a Ti
Salmos 61,2
Desde os confins da terra eu clamo a ti com o coração abatido; põe-me a salvo na rocha mais alta do que eu.

Ocasião Certa
Eclesiastes 3,1-8
Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz

Alívio
Salmos 94,19
Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma.

Tua Promessa
Salmos 119,50
Este é o meu consolo no meu sofrimento: A tua promessa dá-me vida.

Ouves a súplica
Salmos 10,17
Tu, Senhor, ouves a súplica dos necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu clamor.

Morreu e Ressuscitou
1 Tessalonicenses 4,13-14
Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram.

Refúgio
Salmos 9,9
O Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade.

Quando você…
Isaías 43,2
Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão. Quando você andar através do fogo, não se queimará; as chamas não o deixarão em brasas.

Minha Lâmpada
Salmos 18,28
Tu, Senhor, manténs acesa a minha lâmpada; o meu Deus transforma em luz as minhas trevas.

Não Tema
Isaías 41,10
Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.

Grande amor do Senhor
Lamentações de Jeremias 3,22-26
Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor.

Aleteia

Aleteia

O Papa: quem não segue o Concílio não está na Igreja

Audiência Papa Francisco - Escritório Catequético Nacional
italiano da CEI  (Vatican Media)

Um forte discurso com extensos acréscimos, foi dirigido pelo Papa Francisco àqueles que colaboram com o Escritório Catequético Nacional italiano no 60º aniversário de seu nascimento. Francisco enfatizou a necessidade de ação, lembrando que o Concílio é magistério da Igreja e deve ser seguido. Depois, o convite à Igreja italiana para lançar um Sínodo nacional.

Adriana Masotti, Silvonei José – Vatican News

A ocasião da audiência do Papa Francisco, na manhã deste sábado (30), aos membros do Escritório Catequético da Conferência Episcopal Italiana é o 60º aniversário do início de sua atividade, destinada a apoiar a Igreja italiana no campo, precisamente, da catequese após o Concílio Vaticano II. Um aniversário não só serve como um lembrete, mas também é uma oportunidade para "renovar o espírito de anúncio", disse o Papa em seu discurso, e por esta razão ele disse querer "compartilhar três pontos que eu espero que os ajudem no trabalho dos próximos anos".

No coração da catequese, a pessoa de Jesus

O primeiro ponto é: catequese e kerygma. "A catequese é o eco da Palavra de Deus", afirmou o Papa, e através da Sagrada Escritura proclamada, cada pessoa entra a fazer parte "da mesma história de salvação" e com sua própria singularidade "encontra seu próprio ritmo". Francisco enfatizou que o coração do mistério da salvação é o kerygma, e que o kerygma é uma pessoa: Jesus Cristo. A catequese deve "favorecer o encontro pessoal com Ele" e, portanto, não pode ser feita sem relações pessoais.

Não existe uma verdadeira catequese sem o testemunho de homens e mulheres em carne e osso. Quem entre nós não se recorda de pelo menos um de seus catequistas? Eu me recordo. Recordo-me da irmã que me preparou para a minha primeira comunhão e me fez muito bem. Os primeiros protagonistas da catequese são eles, mensageiros do Evangelho, muitas vezes leigos, que se põem em jogo com generosidade para compartilhar a beleza de ter encontrado Jesus. "Quem é o catequista? Ele é aquele que guarda e alimenta a memória de Deus; ele a guarda em si mesmo – ele guarda a memória da história da salvação - e ele sabe como despertar essa memória nos outros. Ele é um cristão que põe esta memória a serviço do anúncio; não para ser visto, não para falar de si mesmo, mas para falar de Deus, de seu amor, de sua fidelidade".

O anúncio é o amor de Deus na linguagem do coração

O Papa então indicou algumas características que o anúncio deve possuir hoje, isto é, que saiba revelar o amor de Deus diante de toda obrigação moral e religiosa; que não se impõe, mas leva em conta a liberdade; que testemunha a alegria e a vitalidade. Para isso, aquele que evangeliza deve expressar "proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena". E falando do catequista, Francisco acrescentou, improvisando, que "a fé deve ser transmitida em dialeto", explicando que se referia ao "dialeto da proximidade", ao dialeto que é compreendido pelo povo ao qual se dirige:

Toca-me muito aquela passagem de Macabeus, dos Sete Irmãos. Duas ou três vezes eles disseram que sua mãe os apoiava, falando com eles em dialeto. É importante: a verdadeira fé deve ser transmitida em dialeto. Os catequistas devem aprender a transmiti-la em dialeto, ou seja, aquela linguagem que vem do coração, que nasce, que é a mais familiar, a mais próxima de todos. Se não houver dialeto, a fé não é transmitida totalmente e bem.

A catequese está sempre escutando o coração do homem

O segundo ponto indicado pelo Papa Francisco é: catequese e futuro. Recordando o 50º aniversário do documento "A Renovação da Catequese", com o qual a Conferência Episcopal Italiana recebeu as indicações do Concílio, celebrado no ano passado, Francisco citou algumas palavras do Papa Paulo VI nas quais convidava a Igreja italiana a olhar com gratidão para o Concílio, que dizia "será o grande catecismo dos novos tempos" e observou como a tarefa constante da catequese é "compreender estes problemas que surgem do coração do homem, para levá-los de volta à sua fonte escondida: o dom do amor que cria e salva". Francisco, portanto, reiterou que a catequese inspirada pelo Concílio é "sempre com um ouvido atento, sempre atento a renovar-se". E a propósito do Concílio, acrescentou uma extensa reflexão:

O Concílio é magistério da Igreja. Ou você está com a Igreja e, portanto, segue o Concílio, e se não segue o Concílio ou o interpreta à sua maneira, à sua própria vontade, você não está com a Igreja. Temos que ser exigentes e rigorosos neste ponto. O Concílio não deve ser negociado para ter mais destes... Não, o Concílio é assim. E este problema que estamos enfrentando, da seletividade do Concílio, se repetiu ao longo da história com outros Concílios. Para mim, isso me faz pensar tanto num grupo de bispos que depois do Vaticano I foram embora, um grupo de leigos, grupos ali, para continuar a "verdadeira doutrina" que não era a do Vaticano I. "Nós somos os verdadeiros católicos" ... Hoje eles ordenam mulheres. A atitude mais severa para custodiar a fé sem o magistério da Igreja, nos leva à ruína. Por favor, nenhuma concessão para aqueles que tentam apresentar uma catequese que não esteja de acordo com o Magistério da Igreja.

A catequese, disse o Papa, retomando a leitura do discurso, deve se renovar para afetar todas as áreas do cuidado pastoral. E recomendou:

Não devemos ter medo de falar a linguagem das mulheres e dos homens de hoje. Sim, de falar a linguagem fora da Igreja: disso, devemos ter medo. Não devemos ter medo de falar a linguagem do povo. Não devemos ter medo de ouvir suas perguntas, sejam elas quais forem, suas questões não resolvidas, de ouvir suas fragilidades e suas incertezas: disso, não temos medo. Não devemos ter medo de desenvolver instrumentos novos.

Redescobrir o sentido de comunidade

A catequese e a comunidade representam o terceiro ponto, um ponto de particular relevância em um tempo que, por causa da pandemia, tem visto um crescimento isolado e uma sensação de solidão. O vírus", disse o Papa, "escavou no tecido vivo de nossos territórios, especialmente os existenciais, alimentando medos, suspeitas, desconfianças e incertezas". Tem minado práticas e hábitos estabelecidos e assim nos provoca a repensar o nosso ser comunitário". Também nos fez compreender que só juntos podemos avançar, cuidando uns dos outros. O senso de comunidade deve ser redescoberto.

A catequese e o anúncio não podem deixar de colocar esta dimensão comunitária no centro. Este não é o momento para estratégias elitistas. E a grande comunidade: qual é a grande comunidade? O povo santo e fiel de Deus. (...) Este é o momento de sermos artesãos de comunidades abertas que sabem valorizar os talentos de cada um. É o tempo das comunidades missionárias, livres e desinteressadas, que não buscam importância e vantagem, mas que percorrem os caminhos do povo de nosso tempo, dobrando-se sobre aqueles que estão à margem. É o momento para as comunidades que olham nos olhos os jovens decepcionados, que acolhem os estranhos e dão esperança aos desanimados. É o momento para as comunidades que dialogam destemidamente com aqueles que têm ideias diferentes. É o momento para as comunidades que, como o Bom Samaritano, sabem como estar perto daqueles feridos pela vida, para enfaixar suas feridas com compaixão.

Uma catequese que acompanha e acaricia

Repetindo o que ele disse no Encontro Eclesial de Florença, Francisco reiterou seu desejo de uma Igreja "cada vez mais próxima dos abandonados, dos esquecidos, dos imperfeitos", uma Igreja alegre que "compreenda, acompanhe, acaricie". Isto, continuou, também se aplica à catequese. E fez um convite à criatividade para uma proclamação centrada no kerygma, "que olha para o futuro de nossas comunidades, para que sejam cada vez mais enraizadas no Evangelho, fraternas e inclusivas".

A Igreja italiana inicie um Sínodo nacional

Finalmente, cinco anos após o Encontro de Florença, Francisco convidou a Igreja italiana a iniciar um processo sinodal em nível nacional, comunidade por comunidade, diocese por diocese. "Também este processo será uma catequese. No Encontro de Florença há precisamente a intuição do caminho a ser percorrido neste Sínodo. Agora, retomou: é o momento. E começar a caminhar".

Vatican News

IV DOM TEMPO COMUM - "B"

Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília

Jesus, na sinagoga de Cafarnaum

            O texto de Mc 1, 21-28 nos apresenta Jesus na sinagoga de Cafarnaum.  A cidade de Cafarnaum é o lugar onde, a partir de um certo momento, Jesus escolhe para habitar (Mt 4, 13). Jesus, muitas vezes deve ter freqüentado a sinagoga desta cidade. O texto é composto por duas cenas. Primeiro, Jesus ensina e seu ensinamento causa a admiração das pessoas (Mc 1, 21-22), depois, Jesus expulsa um demônio (Mc 1, 23-28).  Logo após chamar seus quatro primeiros discípulos, Jesus entra na cidade de Cafarnaum. A cena situa-se num dia de sábado, na sinagoga de Cafarnaum. Sábado era o dia em que os judeus iam à sinagoga para ouvir e meditar a Palavra de Deus. A Palavra de Deus estava no centro da vida do judeu piedoso.

Na sinagoga Jesus ensina, mas seu ensinamento não era como o dos mestres da Lei da época, “pois ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da Lei” (Mc 1, 22). A autoridade do ensinamento de Jesus vem daquilo que ele é, o Filho de Deus. Os rabinos citavam os antigos mestres e os doutores do passado, Jesus lê a vontade de Deus e a interpreta sem intermediários, pois ele está intimamente unido ao Pai, toda a sua vida está repleta de Deus. Daí vem o poder (eksousía) de Jesus. A atitude das pessoas que se encontravam na sinagoga era de admiração com o seu ensinamento.  A capacidade de admirar é fundamental na vida humana. Admira-se diante daquilo que Deus fez na história da Salvação e continua a fazer, hoje, na vida das pessoas e na história.

Agora, encontramos o confronto de Jesus com o espírito impuro. A primeira luta de Jesus, no Evangelho de São Marcos, não é contra os seus habituais adversários, mas contra o espírito do mau, aquele espírito que aliena o ser humano. Estava na sinagoga um homem possuído por um espírito impuro. No mundo judaico era opinião comum que o demônio podia tomar posse de uma pessoa. Também certas doenças psíquicas eram, nesta época, tidas como possessão diabólica. O demônio sabe quem é Jesus: “tu és o santo de Deus”. No Evangelho de São Marcos a luta de Jesus contra os espíritos impuros é constante, pois é uma das formas de mostrar a sua messianidade. Jesus não dialoga com espírito impuro, mas manda com autoridade: “Cala-te e sai dele”. Diz o texto bíblico que o “espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu” (Mc 1, 26). Jesus liberta esse homem. O ser humano não foi feito para ser aprisionado pelo mau, mas foi criado para viver livre como filhos (as) amados de Deus. De novo, a atitude das pessoas é de espanto. Jesus fala com autoridade e age com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem.

Jesus é o profeta como Moisés que fala e age com autoridade. A sua salvação encontra a pessoa humana lá onde ela está necessitada. Ele quer continuar a pronunciar uma Palavra de salvação para a nossa vida lá onde nos encontramos, lá onde a nossa vida precisa de salvação, de libertação. A sua salvação quer continuar a nos tocar no hoje da história.

Folheto: O Povo de Deus

Arquidiocese de Brasília

7 frases para ser feliz como Dom Bosco

Dom Bosco | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 31 jan. 21 / 07:00 am (ACI).- Diz-se que Dom Bosco era um santo alegre e que, mesmo quando tinha muitos problemas, demonstrava ainda mais alegria. Tudo isso como resultado de sua plena confiança na Providência Divina e em Nossa Senhora Auxiliadora.

Do muito que disse e escreveu Dom Bosco, apresentamos 7 frases do santo que podem ajudar a alcançar a felicidade.

1. “Alegria, Estudo, Piedade. Este é o grande programa. Se o seguir, poderá viver feliz e fazer muito bem à sua alma”.

2. “Se querem que nossa vida seja sempre alegre e tranquila procurem viver sempre na graça”.

3. “Querem estar sempre satisfeitos e risonhos? É a obediência a que nos leva a essa alegria”.

4. “Com a comunhão frequente os tornareis muito queridos por Deus e pelos homens, e Maria Santíssima os concederá a graça de receber os Santos Sacramentos ao fim da vida”.

5. “Ser bom não consiste em não cometer falhas, mas na vontade de corrigir-se”.

6. “Para trabalhar com sucesso, tenha caridade no coração e paciência na execução”.

7. “Faça o que pode, Deus fará o que não podemos fazer. Confie sempre em Jesus Sacramentado e em Nossa Senhora Auxiliadora e verá o que são milagres”.

ACI Digital

S. JOÃO BOSCO, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS SALESIANOS, PAI E MESTRE DOS JOVENS

S. João Bosco  (© SDB)

João Bosco tinha um propósito firme e constante: levar o maior número de almas ao Paraíso! É que ele sempre cultivou em seu coração, colocando, acima de tudo, a salvação eterna dos que encontrava pelas ruas ou que batiam à sua porta. Seu zelo com as crianças de rua, pobres ou sem educação, exigia, paulatinamente, uma vida mais espiritual do que social.

O sonho premonitório

O fogo da caridade, que animava o sacerdote, era o desejo de amar o Deus Todo-Poderoso em quem encontrasse. "De mihi animas, coetera tolle" ("Dai-me as almas e pegai todo o resto") era o lema que se destacava em seu quarto. Ele teve um sonho premonitório, quando tinha apenas nove anos de idade: “Estava circundado de jovens que blasfemavam”.
João Bosco tinha um temperamento impulsivo. Para que aqueles jovens parassem de blasfemar, ele os agredia com socos e chutes. Mas, Jesus lhe apareceu, por primeiro, e, depois, a Virgem convidando-o a ganhar "amigos", "não com socos, mas com a mansidão e a caridade": somente assim poderia levá-los a entender "sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude".

Nascido em família pobre e dotado de grande inteligência

João Bosco nasceu em 16 de agosto de 1815 em uma família de camponeses, em Becchi, uma fração de Castel Nuovo de Asti; seu pai, Francesco, que havia se casado com Margarida Occhiena, em segundo casamento, morreu com apenas trinta e três anos, de pneumonia, quando João Bosco tinha só dois anos de idade.
Para a sua família, a estrada começou a se tornar íngreme: a notável inteligência de Joãozinho, que emergiu já em tenra idade, logo se defrontou com a hostilidade de seu meio-irmão Antônio, que achava uma perda de tempo ler livros. A arrogância do seu meio-irmão obrigou dona Margarida a mandar João sair de casa, encontrando-lhe um trabalho como garçom na Casa de Campo Moglia.
João Bosco havia apenas feito a sua Primeira Comunhão, mas já atraía em torno de si muitos coetâneos, aos quais falava de Jesus, com uma linguagem atraente, com jogos e acrobacias, que havia aprendido em circos.
A vivacidade intelectual do rapaz não passou despercebida, em 1829, pelo capelão de Murialdo, Padre João Calosso, que, antes de morrer repentinamente, lhe deu as primeiras lições de latim.
Somente assim, em 1831, João pôde retomar seus estudos e completar seus cursos, elementar e ginasial, em quatro anos. Para pagar as lições, trabalhava como alfaiate, garçom, estribeiro, carpinteiro, sapateiro, ferreiro.
Este estudante valoroso e de memória surpreendente, logo chamou a atenção de São José Cafasso, sacerdote que o encaminhou ao seminário.
Em 5 de junho de 1841, foi ordenado sacerdote, na Capela do Arcebispado de Turim. A seguir, transferindo-se para o Internato Eclesiástico da cidade, começou seu apostolado na vizinha igreja de São Francisco de Assis, onde se dedicou aos jovens mais pobres, que encontrava nas ruas, nas casas abandonadas e nas prisões, provenientes, muitas vezes, dos campos, incivilizados e desorientados pelo processo de industrialização.

Oratório e paixão pelos jovens

Em 8 de dezembro de 1844, inspirado por São Filipe Néri, fundou um Oratório, dedicado a São Francisco de Sales, cuja sede, a seguir, foi estabelecida em Valdocco.
Desta forma, Don Bosco dava início também à Congregação Salesiana, em prol da juventude; mais tarde, em 1872, junto com Santa Maria Domenica Mazzarello, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina.
Esta missão salesiana assumiu, logo, um carácter internacional: o Boletim Salesiano, hoje divulgado em 26 idiomas e em 135 países; a tradução dos seus textos de hagiografia e pedagogia, em várias línguas, enquanto o santo ainda vivia, sempre inspirados em uma abordagem educativa e jamais repressiva. O sacerdote era um promotor convicto da "boa imprensa católica", que visava combater os efeitos funestos daquela imprensa "má", que veiculava mentiras e heresias.

Formar cidadãos honestos e bons cristãos

Tantos compromissos católicos, espirituais, pastorais e sociais –além de uma incondicionada fidelidade ao Papa – não poderiam não criar, para o fundador dos Salesianos, inimizades, perseguições e ataques, em um período de governo liberal e maçônico.
No entanto, Don Bosco era tão estimado pela opinião pública, pela sua obra educativa, que, em várias ocasiões, foi escolhido como mediador entre o Estado e a Santa Sé.
A igreja do Sagrado Coração, em Roma, construída, a pedido do Papa Leão XIII, com a ajuda da Providência, tornou-se lugar de espiritualidade e âncora social para inúmeros jovens. "Formar cidadãos honestos e bons cristãos" foi a missão à qual o Santo se dedicou até à morte, ocorrida em 31 de junho de 1888.
Pio XI beatificou Don Bosco em 1929 e o canonizou em 1934. São João Paulo II, por ocasião do centenário da sua morte, o declarou "pai e mestre da juventude".
Inúmeros jovens ainda frequentam a sua escola. A eles, Don Bosco recorda que "ser bom não consiste em não cometer erros, mas em ter vontade de se arrepender". Trata-se de um caminho de santificação que, para usar as palavras de São Domingos Sávio, seu aluno, consiste em "ser felizes e no perfeito cumprimento dos próprios deveres". Eis o "carisma da alegria” que o Papa Francisco admitiu ter aprendido, quando criança, ao frequentar a sexta série dos Salesianos na Argentina.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF