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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Pio XII conseguiu salvar 63,04% dos judeus de Roma durante a perseguição nazista

Papa Pio XII | © DR

Por Alfa y Omega - publicado em 09/03/17

Vem abaixo, cada vez mais retumbantemente, a covarde lenda negra contra o Papa Pacelli.

Tentaram despejar sobre a figura do venerável Papa Pio XII uma covarde quantidade de lendas negras a propósito da sua suposta “colaboração” com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A investigação histórica séria, no entanto, vem desmontando essas mentiras uma por uma. A mais recente a desabar (mais uma vez) é a da alegada falta de ajuda aos judeus durante a perseguição nazista.

Já havia numerosos testemunhos e documentos sobre as ações do Papa em favor dos judeus, apresentados amplamente, em 2014, durante o Congresso “Pio XII, o Papa da Caridade”. Agora, “estamos em posse de novos testemunhos de judeus, de novos documentos e arquivos”, explica o diácono Domenico Oversteyns, que confirmam e revelam ainda mais claramente a amplitude da ajuda que o Papa Pacelli prestou aos judeus.

A nova documentação, tornada pública por Oversteyns durante um segundo congresso sobre Pio XII realizado em Roma no último dia 2 de março, demonstra a existência de pelo menos outros cinco conventos que esconderam judeus entre seus muros.

Graças ao testemunho de Vittorio de Benedetti, entrevistado em quatro ocasiões entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, sabemos que o Instituto das Franciscanas Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento acolheu Gino de Benedetti, sua esposa e seus dois filhos; que no Instituto de Adoração foram escondidos 11 judeus: Lília Coen e seus quatro filhos, Adriana, Anna, Angela e Andrea; a senhora Sestieri com seus filhos Valerio e Giancarlo; a senhora Lucia Basevi e seus dois filhos, Maria Vittoria e Antonio…”, foi citando o diácono Domenico durante a conferência “Pio XII – A lenda negra está prestes a terminar: novas provas e pontos de vista”.

A partir da informação reunida e atualizada até agora, verifica-se que Pio XII e seus colaboradores protegeram e ajudaram 6.288 judeus: 336 foram abrigados nos colégios pontifícios e nas paróquias de Roma; 4.112 foram escondidos em 235 conventos; 160 se resguardaram no próprio Vaticano e nas suas sedes extraterritoriais; e 1.680 judeus estrangeiros foram ajudados pela Associação Delasem com apoio econômico do Vaticano.

Em total, conforme os levantamentos feitos até o momento, Pio XII conseguiu esconder e proteger nada menos que 63,04% dos judeus que estavam em Roma durante a perseguição nazista.

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A partir de original em espanhol escrito por José Calderero (@jcalderero) para o site Alfa y Omega

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Igreja Católica celebra hoje os 233 mártires da guerra civil espanhola

ACI Digital

A Igreja Católica celebra hoje (22) o grupo de 233 mártires da guerra civil espanhola, que aconteceu entre 1936 e 1939.

Estes mártires foram beatificados pelo papa são João Paulo II no dia 11 de março de 2001, em uma cerimônia que ficará para sempre gravada na alma do povo espanhol.

Padre Sanz e os 232

Durante a missa, o papa recordou a figura de José Aparicio Sanz, padre diocesano natural de Valência, colocado no topo da lista dos novos beatos: “Assim viveram e morreram José Aparício Sanz e os seus duzentos e trinta e dois companheiros, assassinados durante a terrível perseguição religiosa que atormentou a Espanha nos anos trinta do século passado. Eram homens e mulheres de todas as idades e condições: sacerdotes diocesanos, religiosos, religiosas, pais e mães de família, e jovens leigos. Foram assassinados porque eram cristãos, devido à sua fé em Cristo, por serem membros ativos da Igreja. Todos eles, segundo o que consta dos processos canônicos para a sua declaração como mártires, antes de morrer perdoaram sinceramente os seus algozes” (Homilia da cerimônia de beatificação dos Servos de Deus José Aparicio Sanz e 232 companheiros mártires na Espanha).

Chama a atenção até hoje o número, sem precedentes, de beatificações celebradas na mesma cerimônia, bem como a heterogeneidade ou diversidade do grupo de mártires – algo que foi destacado pelo papa na ocasião. Ambos os aspectos são comoventes: os mártires estavam unidos pela fé e pelo amor a Jesus e aos seus irmãos, longe de qualquer tipo de compromisso ideológico e muito próximos do coração da Igreja.

Unidade na diversidade

A lista de beatos incluiu homens e mulheres com diferentes estados de vida e de todas as classes sociais:

“São trinta e oito sacerdotes da arquidiocese de Valença, juntamente com um numeroso grupo de homens e mulheres da Ação Católica também de Valença: dezoito dominicanos e dois sacerdotes da arquidiocese de Saragoça; quatro Frades Menores Franciscanos e seis Frades Menores Franciscanos Conventuais; treze Frades Menores Capuchinhos, com quatro religiosas Capuchinhas e uma Agostinha Descalça, onze Jesuítas com um jovem leigo; trinta e dois Salesianos e duas Filhas de Maria Auxiliadora; dezenove Terciários Capuchinhos da Virgem das Dores com uma cooperadora leiga; um sacerdote Deoniano; o Capelão do Colégio de La Salle da Boaventura, de Barcelona, com cinco Irmãos das Escolas Cristãs; vinte e quatro Carmelitas da Caridade; uma Religiosa Servita; seis Religiosas Escolápias com duas cooperadoras provenientes do Uruguai as primeiras Beatas desse País latino-americano; duas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados; três Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família; uma Missionária Claretiana; e, enfim, o jovem Francisco Castellói Aleu, da Ação Católica de Lérida” (Homilia da cerimônia de beatificação dos Servos de Deus José Aparicio Sanz e 232 companheiros).

Mãe coragem: Maria Teresa Ferragud

Na homilia da beatificação, são João Paulo II contou algumas histórias comoventes dos 233 mártires. A primeira delas é a de Maria Teresa Ferragud, uma senhora idosa que foi presa junto com as suas quatro filhas, todas religiosas contemplativas. As cinco foram condenadas à morte. Maria Teresa tinha oitenta e três anos na época.

No dia 25 de outubro de 1936, festa de Cristo Rei, Maria Teresa, consciente do destino que as aguardava, pediu para estar ao lado das filhas e ser a última a ser executada. Aquela mãe quis acompanhar as filhas, uma a uma, na entrega da vida e, desta forma, poder encorajá-las até o momento final, para que o medo de morrer não enfraquecesse a sua fé.

Os verdugos, depois de presenciarem o que aquela mãe havia feito, só conseguiram exclamar: “Esta é uma verdadeira santa”.

Jovens corajosos e autênticos

Outra história exemplar citada por João Paulo II é o de Francisco Castellói Aleu, “de vinte e dois anos, químico de profissão e membro da Ação Católica que, consciente da gravidade do momento não se escondeu, mas ofereceu a sua juventude em sacrifício de amor a Deus e aos irmãos, deixando-nos três cartas, exemplo de fortaleza, generosidade, serenidade e alegria, escritas poucos momentos antes de morrer, às suas irmãs, ao seu diretor espiritual e àquela que fora sua noiva” (Homilia da cerimônia de beatificação dos Servos de Deus José Aparício Sanz e 232 companheiros).

Por fim, há a história do recém-ordenado sacerdote Germán Gozalbo, de 23 anos, “que foi fuzilado logo dois meses depois de ter celebrado a sua Primeira Missa, após ter padecido humilhações e maus tratos sem conta” (Homilia da cerimônia de beatificação dos Servos de Deus José Aparício Sanz e 232 companheiros).

Entre os 233 estava também o beato José Calasanz Marqués, missionário salesiano em Cuba.

Esperança da Igreja

Sem dúvida, estes beatos deram “testemunho de serenidade e esperança cristã”. Para nós, são um motivo de encorajamento e de confirmação da nossa fé. Aqueles homens e mulheres amaram de forma extraordinária, mesmo quando foram vítimas do “ódio à fé” – também presente nos nossos dias. Eles são uma prova confiável de que o amor e o perdão não são apenas possíveis, mas muito reais.

Junto com os 233, devem ser lembrados todos os mártires da Igreja: os conhecidos e os anônimos, os de ontem e, sem dúvida, também os de hoje.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

Pastor e ovelhas (coracaodemaria)

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,10-11: CCL 41,536-538)       (Séc.V)

Prepara-te para a tentação

Já sabeis o que amam os maus pastores. Vede o que descuidam. Ao enfermo não fortificastes; do doente não cuidastes; o machucado, isto é, fraturado, não pensastes; ao desgarrado, não reconduzistes; ao que se perdia não fostes procurar e ao forte oprimistes (Ez 34,4), matastes, destruístes. A ovelha se enfraquece, quer dizer, tem coração débil, imprudente e desprevenido, a ponto de ceder às tentações que sobrevierem.

O pastor negligente, quando alguém se lhe confia, não lhe diz: Filho, vindo para servir a Deus, mantém-te na justiça e prepara-te para a tentação (cf. Eclo 2,1). Quem assim fala fortifica o fraco e de fraco faz firme, de modo que, se lhe forem confiados os bens deste mundo, não se fiará neles. Se, contudo, houver aprendido a fiar-se na prosperidade terena, por esta mesma prosperidade será corrompido; sobrevindo adversidades, ferir-se-á e talvez pereça.

Quem assim o edifica, não o constrói sobre pedra, mas sobre a areia. A pedra era Cristo (cf. 1Cor 10,4). Os cristãos têm de imitar os sofrimentos de Cristo e não, ir atrás de prazeres. O fraco se fortifica, quando lhe dizem: “Espera, sim, provações neste mundo, mas de todas elas te livrará o Senhor, se teu coração não voltar atrás. Pois para fortalecer teu coração veio padecer, veio morrer, veio ser coberto de escarros, veio ser coroado de espinhos, veio ouvir insultos, veio enfim ser pregado na cruz. Tudo isto por tua causa, e tu, nada: não para ele, mas em teu favor”.

Quais são estes que, por temerem ofender os ouvintes, não apenas não os prepararam para as inevitáveis provações, mas prometem a felicidade neste mundo, que Deus não prometeu a este mundo? Ele predisse labutas e mais labutas, que até o fim sobreviriam a este mundo. E tu queres que o cristão esteja isento destas labutas? Justamente por ser cristão, sofrerá algo mais neste mundo.

Com efeito disse o Apóstolo: Todos aqueles que querem viver sinceramente em Cristo, sofrerão perseguições (2Tm 3,12). Agora tu, pastor insensato, que procuras os teus interesses e não os de Jesus Cristo, deixa que ele diga: Todos aqueles que querem viver sinceramente em Cristo, sofrerão perseguições. E por tua conta vai dizendo: “Se em Cristo viveres piedosamente, terás abundância de todos os bens. Se não tens filhos, tê-lo-ás e os criarás, e nenhum morrerá”. É esta tua construção? Olha o que fazes, onde a colocas. Sobre a areia a constróis. Virá a chuva, o rio transbordará, soprará o vento, baterão contra esta casa; ela cairá e será grande sua ruína.

Tira-a da areia, põe-na sobre a pedra: esteja em Cristo aquele a quem desejas ver cristão. Observe os injustos sofrimentos de Cristo, observe-o sem pecado, pagando o que não devia, observe a Escritura a lhe dizer: O Senhor castiga todo aquele que reconhece como filho (Hb 12,6). Ou se prepare para ser castigado, ou não procure ser aceito.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Catedral de São Carlos entra na rota da Sagrada Cruz de Nosso Senhor

Missa na Catedral de São Carlos marca entronização das relíquias da Santa Cruz (Vatican Media)

As relíquias da Sagrada Cruz de Cristo foram entronizadas na Catedral de São Carlos, interior de São Paulo, onde permanecerão em exposição perpétua aos peregrinos. A missa presidida por dom Luiz Carlos foi realizada no último domingo (17).

Fábio Tucci Farah*

No século II, o rastro redentor de Jesus Cristo estava soterrado pelo paganismo romano. Em ruínas desde a primeira guerra judaico-romana, em 70 d.C., o imperador Adriano reconstruíra Jerusalém e a rebatizara de Aelia Capitolina, em homenagem ao deus Júpiter. Na nova cidade, o lugar escolhido para o templo de Vênus fora o terreno irregular além dos muros, palco das temíveis crucificações no tempo de Tibério. Nessa empreitada, os construtores fizeram aterros e muros de sustentação, sepultando os lugares mais sagrados do cristianismo: o Gólgota e o Santo Sepulcro.

Pouco menos de duzentos anos após a morte de Adriano, aquele legado seria destruído por ordem direta de seu sucessor, o imperador Constantino. Com quase 80 anos, a imperatriz-mãe Helena peregrinou à Terra Santa para acompanhar de perto algumas obras do Império. E fez uma descoberta extraordinária em uma cisterna a leste do Gólgota. Ao lado do bispo Macário, em um misto de canteiro de obras e sítio arqueológico, ela trouxe à tona a Cruz de Cristo e os Cravos que transpassaram Suas mãos e Seus pés. A descoberta seria como uma segunda ressurreição, quase três séculos após a ascensão de Jesus. Segundo Hermas Sozomenus, além de curar uma mulher moribunda, a Vera Cruz também teria ressuscitado um jovem!

Santa Helena não quis que os tesouros cristãos recém-descobertos fossem mantidos no mesmo lugar. Pelo relato de Sócrates, sabemos que a Cruz foi dividida. Pouco mais de dez anos após a missão da imperatriz-mãe na Terra Santa, pedaços do Santo Lenho se espalharam pelo Império. Em diversos santuários, as relíquias de Cristo tornaram-se luzeiros celestes, atraindo multidões de peregrinos.

A solenidade de entronização no Brasil

No último domingo, 17 de setembro, a Catedral de São Carlos, no interior de São Paulo, passou a fazer parte dessa rota sagrada. Em uma cerimônia presidida pelo bispo diocesano, dom Luiz Carlos Dias, e concelebrada pelo Pe. Sandro Portela, houve a entronização no templo de fragmentos da Vera Cruz, ladeados por outros da Coroa de Espinhos e da Sagrada Esponja. Com autentica expedida em 28 de junho de 1860, em Roma, por dom Francesco Marinelli, sacristão de Sua Santidade, essas relíquias provieram diretamente do tesouro do Papa Pio IX, beatificado por São João Paulo II. E a partir da solenidade, permanecerão em exposição perpétua. 

O tesouro estava anteriormente custodiado no Oratorium Sanctus Ludovicus, estabelecido na Arquidiocese de São Paulo para dar suporte ao Apostolado das Sagradas Relíquias no Brasil. A doação de algumas relíquias faz parte da segunda etapa desse apostolado e a escolha da Catedral de São Carlos para iniciá-la teve uma motivação pessoal. Quando criança, eu costumava brincar no chão dessa catedral. Há quase vinte anos, já na vida adulta, fui recebido de volta à Igreja pelas mãos do monsenhor Luiz Cechinato, o padre que ali rezava as missas em minha infância – e hoje está sepultado na cripta.

A solenidade de entronização ocorreu no domingo seguinte à Festa de Exaltação da Santa Cruz, tradicionalmente celebrada em 14 de setembro. Pouco menos de trezentos anos após a incrível descoberta de Santa Helena, os persas invadiram Jerusalém e roubaram parte da Santa Cruz ali custodiada. A relíquia seria recuperada pelo imperador bizantino Heráclio, em 628. Na Idade Média, o beato dominicano Jacopo de Varazze registrou a prece entoada pelo monarca ao devolver a Cruz à Cidade Santa:

Ó Cruz mais resplandecente que o conjunto dos astros, célebre no mundo, tão amável aos homens, mais santa que tudo, a única que foi digna de portar o valor do mundo! Doce madeira! Doces cravos! Doce ponta de espada! Doce lança! Doce cruz que suportou tal peso! Salve os que aqui estão, sob seu estandarte, para louvá-la. (1)

Quase mil e quatrocentos anos após a Exaltação da Cruz conduzida por Heráclio, os paroquianos e visitantes da Catedral de São Carlos foram acolhidos sob o mesmo estandarte para louvar a insígnia da salvação, o triunfo de Cristo.

Outras relíquias da Santa Cruz no Brasil

Terra de Vera Cruz. O Brasil foi originalmente batizado em homenagem à relíquia do Santo Lenho. Em 1963, em uma cerimônia presidida por dom Antônio Ferreira de Macedo na Basílica de Aparecida, uma cruz especial foi colocada no topo da Torre Brasília. O que poucas pessoas sabem é que essa cruz é coroada por uma redoma de bronze com um fragmento do Santo Lenho trazido de Roma por dom Antônio. É um relicário lacrado a 119 metros de altura! Mas é uma recordação oportuna, na casa de nossa padroeira, do símbolo de nossa salvação e do nome original de nossa terra.

Mas esse não é o único relicário da Vera Cruz no topo de uma construção religiosa brasileira. Presenteado pelo Papa com a relíquia da Cruz, dom José Newton de Almeida Baptista, primeiro arcebispo de Brasília, decidiu colocá-la no alto da catedral da nova capital do país para que toda a cidade fosse abençoada pelo mistério da Cruz de Cristo. Atualmente, a relíquia e a Cruz Peitoral de dom José Newton estão guardadas no interior da cruz de doze metros de altura abençoada pelo Papa Paulo VI.

Em 26 de fevereiro de 2020, no fim da missa de Cinzas, o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, anunciou a descoberta, no subsolo da catedral, de uma relíquia da Vera Cruz, acompanhada pela autentica. Naquele ano, a relíquia foi exposta aos fiéis durante a Quaresma. A relíquia havia sido originalmente enviada de Roma, em 1928, ao primeiro arcebispo de Fortaleza, dom Manuel da Silva Gomes.

A recente reforma no Santuário Nacional de São José de Anchieta, no Espírito Santo, também trouxe à tona uma relíquia do Santo Lenho, cujo relicário foi restaurado e posto em exibição na sacristia. Em seu acervo, o Museu de Arte Sacra de Niterói, anexo à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, destaca uma relíquia da Sagrada Cruz também descoberta acidentalmente, em 2008. Na Sexta-Feira da Paixão, o relicário é levado para a Catedral São João Batista.

Em 18 de abril de 2020, o Pe. Cristiano José Benedito Chicuta sobrevoou Cesário Lange (SP) com uma relíquia da Santa Cruz para abençoar a cidade e suplicar pelo fim da pandemia da Covid-19 – suplicar pelo fim de epidemias na presença de relíquias é uma tradição da Igreja. A “relíquia voadora” pertence à Paróquia Santa Cruz e foi um presente do Papa João XXIII ao bispo auxiliar dom José Thurler, em 1962, durante a primeira sessão do Concílio Vaticano II.

As relíquias da Sagrada Cruz no Brasil

Ainda não há uma catalogação de todas as relíquias da Vera Cruz existentes no Brasil. Algumas já estavam esquecidas e foram redescobertas acidentalmente nos últimos tempos. Outras permanecem lacradas no alto de importantes construções religiosas, abençoando os católicos do país. Na Catedral de São Carlos, elas ficarão perpetuamente expostas.

Desde que devidamente atestadas pela autoridade eclesiástica competente, as relíquias da Santa Cruz remontam à descoberta feita por Santa Helena, ao lado de São Macário, há quase 1700 anos em uma cisterna a leste do Gólgota. E nos colocam frente a frente ao mistério central de nossa redenção. Como diz o hino composto por São Venâncio Fortunato após o convento de Santa Radegunda, em Poitiers, receber a relíquia da Vera Cruz: Fulget Crucis mysterium.

(1) Varazze, Jacopo de. Legenda Áurea – Vidas de santos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 769.

* Perito em relíquias sagradas da Arquidiocese de São Paulo, delegado brasileiro da International Crusade for Holy Relics (ICHR) e curador adjunto da Regalis Lipsanotheca, em Ourém

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Maurício

São Maurício (A12)

22 de setembro

São Maurício

Em meados do século III, sob o imperador romano Galiano (entre 253-268), houve um período de "pequena paz para a Igreja", no qual as perseguições aos católicos foram interrompidas, exceto por episódios isolados, e que perdurou para além do seu governo. Em 284 assumiu o império Dioclesiano, que decidiu tornar Maximiano Hercúleo seu coimperador no Ocidente, enquanto ele cuidava do Oriente.

Maximiano teve que enfrentar a revolta de Caráusio, um seu comandante militar na região da Gália Bélgica (atualmente regiões da Bélgica, Luxemburgo, norte da França, sul da Holanda e oeste da Alemanha), e entre as tropas que mobilizou estava a Legião Tebana ou Tebaica, por sua origem em Tebaida no Egito.

Toda uma coorte (mil homens) desta legião era composta por católicos, comandados por Maurício. Neste período, cerca do ano 286, pouco anterior à chamada Era de Dioclesiano ou Era dos Mártires (295-310), as cruéis perseguições deste imperador aos cristãos ainda não haviam começado, e eles ocupavam vários cargos, inclusive militares.

O exército de Maximiano atravessou os Alpes e chegou ao vale do rio Ródano, na atual Suíça. Para descansar a tropa, foram decretados três dias de festas em Octodorum, para homenagear os deuses do império, o que incluía sacrifícios a eles. A guarda avançada, com Maurício e companheiros, acampou em Agaunum, uma aldeia a cerca de 24 km do Lago de Genebra e a cinco km da cidade.

Eles se recusaram a sacrificar aos deuses pagãos, e Maximiano, irritado, mandou dizimar parte destes legionários para obter obediência. Como os demais permaneceram firmes na recusa, um segundo massacre foi ordenado.

Novamente Maximiano intimou os sobreviventes à apostasia, mas a resposta de Maurício e seus oficiais (Exupério, Cândido, Vital, Alexandre, Vitor, Inocêncio) foi contundente: “Somos teus soldados e não menos servidores de Deus. Sabemos perfeitamente a nossa obrigação como militares, mas não nos é lícito atraiçoar o nosso Deus e Senhor. Estamos prontos a obedecer a tudo que não contrarie a lei de Jesus Cristo Nosso Salvador.

Fomos testemunhas da morte dos nossos companheiros e não nos queixamos; antes, com eles nos congratulamos. Tuas ameaças não provocam sentimentos ou planos de rebelião de nossa parte. Estamos com as armas nas mãos, mas delas não faremos uso para nos defender. Antes queremos morrer inocentes do que viver culpados.”

Diante disso, o imperador mandou o exército exterminar os soldados restantes, que esperaram pacificamente os golpes de espada, dobrando as cabeças.

 O local do massacre no campo de Agaunum, à beira do Ródano, foi historicamente identificado como a cidade de Martigny, nome derivado de “martírio”. Uma igreja, só descoberta por volta de 1893, foi ali erguida em honra destes mártires, e no século seguinte construiu-se uma basílica no lugar da execução. Em 520, o rei Sigismundo da Borgonha lá edificou o Convento de São Maurício de Agaunum, onde são veneradas as relíquias dos soldados mortos ainda hoje, e cujo deu origem à cidade de São Maurício, em Valais, na Suíça.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Maurício e companheiros, militares exemplares, nos mostram que todo tipo de atividade e profissão humana honesta é compatível com a Fé católica, e que o verdadeiro combate é somente contra o que afasta de Deus. Portanto, é sim possível construir uma vida nova e venerável sobre a morte do pecado; não só possível, como obrigação, se de fato desejamos servir ao Senhor dos Exércitos (e.g. Sl 45,12). Não nos é permitido ficar apenas acampados à margem das águas do Batismo, é preciso inclinar a cabeça e o coração às ordens do Senhor, o que muitas vezes vai exigir sacrifícios, não raros originados pelos que estão lutando nesta vida ao nosso lado. Mas é preferível uma legião de suplícios, penitências e abnegações no mundo, por causa de Cristo, do que ter decepada de nós a Sua salvação.

Oração:

Deus Todo-Poderoso, Rei dos Reis, a Quem “não agradam os sacrifícios”, mas sim “um coração contrito”, concedei-nos por intercessão de São Maurício e companheiros não apenas a retidão e competência nos nossos ofícios, mas também a generosidade de ofertar plenamente a vida ao Vosso serviço, em qualquer circunstância, para alcançarmos a vitória prometida aos que “combaterem o bom combate” da Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Há 70 anos nascia a vocação do Papa Francisco ao sacerdócio

Jorge Mario Bergoglio (Vatican Media)

Era 21 de setembro de 1953, memória de São Mateus: o jovem Jorge Mario Bergoglio, antes de ir a uma festa, foi se confessar. Essa experiência de misericórdia tornou-se um momento decisivo em sua vida.

Vatican News

Setenta anos atrás, em 21 de setembro de 1953, nasceu a vocação sacerdotal do Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio tinha quase 17 anos de idade. Na Argentina, nessa data é comemorado o Dia do Estudante. Para a Igreja é a memória de São Mateus, um pecador público chamado por Jesus para se tornar um apóstolo. O próprio Papa contou o que aconteceu naquele dia tão especial:

Antes de ir para a festa, passei pela paróquia que habitualmente frequentava: encontrei um padre, que não conhecia, e senti necessidade de me confessar. Esta foi para mim uma experiência de encontro: achei que alguém me esperava. Eu não sei o que se passou, não me lembro; não sei sequer por que motivo estivesse lá aquele padre que eu não conhecia, não sei por que senti aquela vontade de me confessar, mas a verdade é que alguém estava à minha espera. Esperava-me há muito tempo. Depois da confissão, senti que qualquer coisa tinha mudado; eu não era o mesmo. Tinha ouvido como que uma voz, um chamado: fiquei convencido de que devia tornar-me sacerdote. Na fé, é importante esta experiência. Dizemos que devemos procurar Deus, ir ter com Ele para pedir perdão… Mas, quando chegamos, Ele está à nossa espera, Ele chega primeiro! Em espanhol, temos uma palavra que explica bem isto: ‘O Senhor sempre nos primerea’, é o primeiro, está à nossa espera! E esta é uma graça muito grande: encontrar alguém que te espera. Tu vais pecador, e Ele está à tua espera para te perdoar. (Vigília de Pentecostes, 18 de maio de 2013)

A vocação de Francisco nasceu da experiência da misericórdia de Deus. O lema do Papa é "Miserando atque eligendo", ou seja "Olhou-o com misericórdia e o escolheu": foi tirado de uma homilia de São Beda, o Venerável, um sacerdote do século VIII, quando ele fala de Jesus chamando Mateus, o publicano, e o Senhor, olhando para ele com um sentimento de amor, o escolhe como seu discípulo.

Francisco descreveu várias vezes o quadro da vocação de São Mateus, de Caravaggio, que se encontra na Igreja de São Luís dos Franceses, em Roma, que ele gostava de observar com frequência:

Jesus tinha acabado de curar um paralítico e quando estava para ir embora encontrou este homem chamado Mateus. E onde estava aquele homem? Sentado no banco dos impostos. Afinal Mateus era um dos que faziam pagar os impostos ao povo de Israel, para os dar aos romanos: um traidor da pátria. A ponto que estes homens, eram desprezados. E Mateus sente que Jesus olha para ele e lhe diz: “segue-Me”. E ele levantou-se e seguiu-o. Mas o que aconteceu? O que convenceu Mateus a seguir o Senhor? Trata-se da força do olhar de Jesus que certamente olhou para ele com muito amor, muita misericórdia: aquele olhar de Jesus misericordioso significava: Segue-me, vem. E Mateus, por sua vez, tinha um olhar desanimado, com um olho em Deus e o outro no dinheiro, apegado ao dinheiro tal como Caravaggio o pintou: precisamente assim, apegado e olhando de canto, e também com um semblante carrancudo, mal-humorado. Ao contrário, o olhar de Jesus, é amoroso, misericordioso. Face a este olhar eis que a resistência daquele homem que era totalmente escravo do dinheiro cedeu. Com efeito, o Evangelho diz-nos que Mateus se levantou e o seguiu. É a luta entre a misericórdia e o pecado. O importante é questionar-se: como entrou o amor de Jesus no coração daquele homem? Por que porta pôde entrar? O fato é que aquele homem sabia que era pecador: sabia que não era amado por ninguém, e até era desprezado. A primeira condição para ser salvo é sentir-se em perigo; a primeira condição para ser curado é sentir-se doente. Sentir-se pecador é a primeira condição para receber este olhar de misericórdia. Há quem possa dizer: “Padre, mas é uma graça sentir-se pecador?” Sim, porque significa sentir a verdade. Mas não um pecador abstrato: pecador por isto e por aquilo. Pecado concreto, pecados concretos! E todos nós temos tantos! Vamos e deixemo-nos olhar por Jesus com aquele olhar misericordioso cheio de amor. (Homilia na santa missa celebrada na capela da casa Santa Marta, 21 de setembro de 2017)

Francisco diz que se sente como Mateus:

Aquele dedo de Jesus assim… dirigido a Mateus. Assim sou eu. Assim me sinto. Como Mateus. É o gesto de Mateus que me toca: agarra-se ao seu dinheiro, como que a dizer: “Não, não eu! Não, este dinheiro é meu!” Este sou eu: um pecador para o qual o Senhor voltou o seu olhar. E foi isto que disse quando me perguntaram se aceitava a minha eleição para Pontífice. (Entrevista com o Padre Antonio Spadaro, 19 de agosto de 2013).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Mateus Apóstolo - "Vem e Segue-me" (Mt 19, 21)

São Mateus Apóstolo (diocesedeblumenau)

SÃO MATEUS APÓSTOLO – VEM E SEGUE-ME! (MT 19,21)

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Celebramos no dia 21 de setembro a festa litúrgica de São Mateus Apóstolo. Mateus foi apóstolo de Jesus e, assim como todos os apóstolos, foram mártires, pois tiveram o mesmo fim do Mestre. Até o século IV da era cristã, houve uma grande perseguição do império romano contra aqueles que se diziam a favor de Jesus ou professavam a fé n’Ele.

O nome de batismo de Mateus era Levi, tornou-se Mateus depois que aceitou o chamado de Jesus e se tornou apóstolo. Mateus era cobrador de impostos e considerado por toda a sociedade como pecador público, pois os cobradores de impostos muitas vezes não passavam todo o dinheiro recolhido com os impostos para o império romano, e eram acusados de ficar com uma boa parte.

Como sempre, Jesus vai na contramão daquilo que a sociedade da época pensava e vai ao encontro daqueles considerados pecadores públicos e excluídos da sociedade. Jesus sempre pregava a inclusão e dizia que veio para “curar as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Jesus vai ao encontro de Mateus, até então Levi, e diz: “Vem e segue-me”. Mateus deixa tudo e começa a segui-Lo.

Mateus tem um evangelho que leva o seu nome e faz parte do conjunto de evangelhos denominados como sinóticos, que também tem o evangelho de Marcos e Lucas. O nome sinótico significa que esses três evangelhos têm algo de semelhante em seus escritos e os três de certa forma conviveram com Jesus. O Evangelho de João é o quarto evangelho e aparece mais nas solenidades e festas.

A principal característica do evangelho de Mateus é o anúncio de Jesus Cristo como o Filho de Deus, do mesmo modo ao qual lhe apresentaram, pois quando Jesus o chama e ele começa a segui-Lo, ele já tinha uma noção de quem de fato era Jesus. Por isso, em seu evangelho, Mateus quer apresentar isso, para que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o filho de Deus que devia vir ao mundo.

O evangelho de Mateus foi escrito por volta do ano 60 d.C. O Novo Testamento começa com os evangelhos considerados sinóticos.

Em seu evangelho, Mateus realça o fato de que Jesus é o Messias, que cumpre as promessas do Antigo Testamento. Mateus se preocupa em mostrar a identidade de Jesus e mostrar em Jesus o rosto da misericórdia

divina. Na verdade, a preocupação de todos os evangelistas é mostrar que Jesus veio para todos, não para um povo só, mas para toda a humanidade. A salvação de Deus é para todos aqueles que se abrem de coração sincero a misericórdia de Deus e se arrependem de seus pecados. O próprio Mateus é prova disso.

Mateus, em seu evangelho, também destaca a importância de colocar Deus em primeiro lugar e deixar tudo para depois, inclusive os bens materiais. Deus deve estar acima do dinheiro e Mateus viveu isso, pois quando era cobrador de impostos colocava os bens em primeiro lugar. Jesus o chama para que ele deixasse de servir ao dinheiro e começasse a servir a Deus. Por isso, ele alerta em seu evangelho para que as pessoas não coloquem os bens materiais acima de Deus. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6,24).

Após a morte e ressurreição de Jesus, cada apóstolo foi cumprir a missão dada por Jesus de irem aos quatro cantos da terra anunciarem a Palavra de Deus. Mateus foi evangelizar na região da Arábia e Pérsia com o intuito de evangelizar aqueles povos. Os sacerdotes locais começaram a persegui-lo. Esses sacerdotes mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois, ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou, e, segundo algumas narrativas, enviou um anjo e curou-lhe os olhos e o libertou da prisão. Mateus, então, se dirigiu para Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por um grupo de feiticeiros que opunham a evangelização. No entanto, o príncipe herdeiro faleceu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina, fez o filho da rainha Candace ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ocorrido, Mateus conseguiu converter grande parte da população. A igreja da Etiópia se tornou uma das mais importantes dos tempos apostólicos.

Ainda não se sabe ao certo o motivo da morte de Mateus, mas algumas fontes dizem que teria morrido na Etiópia. As suas relíquias encontram-se na cripta da Catedral de Salerno. Nesse local, no dia 21 de setembro, é comemorado o dia de São Mateus com uma grande procissão.

São Mateus é considerado o santo padroeiro dos banqueiros, bancárias, alfandegários, da Guardia di Finanza (na Itália), cambistas, contadores, consultores tributários, contabilista e cobradores de dívidas. O Papa Pio XII fez, em 1934, dia 10 de abril, um documento reconhecendo o patrocínio de São Mateus para esses grupos.

Celebremos com alegria a festa do apóstolo São Mateus, ele que foi martirizado por não negar a sua fé em Cristo. Que possamos ir até as últimas consequências no nosso amor a Deus e não desistir daquilo que acreditamos. O nome “Mateus” significa “dom de Deus”, sejamos também nós dom de Deus para quem encontrarmos.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa Pio XII é novamente acusado

Domínio Público | Arquivo Nacional

Por Vanderlei de Lima - publicado em 21/09/23

Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo.

No dia 17/09 último, órgãos de imprensa divulgaram o encontro de uma carta do Pe. Lothar Koenig, SJ, ao Papa Pio XII. Datada de 14/09/1942, ela informa o Santo Padre da atroz perseguição sofrida por católicos, especialmente nos campos de concentração nazistas. As reportagens, embora não pareçam agressivas, trazem à tona, uma vez mais, a questão: Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo.

De modo geral, parece certo, à luz dos dados já publicados por historiadores sérios – tenham-se em vista Actes et Documents du Saint Siège relatifs à la seconde guerre mondiale (Vaticano, 12 volumes, 1965-1981, disponível no site da Santa Sé), de Pierre Blet, Angelo Martini e Burkhart Schneider, e Pie XII et la seconde guerre mondiale d’après lês archives du Vatican (Perrin, 1997), de Pierre Blet –, que o Papa Pio XII estava informado do que ocorria de perverso contra os adversários do nazismo. O problema central, no entanto, é: Deveria ele ter feito um grande protesto público contra o nazismo ou ter atuado do modo prudente, porém eficaz, como atuou?

A resposta exata a esta questão, a nosso ver, só o próprio Pio XII poderia dar, pois se deve a uma decisão de consciência sua. Decisão que, para nós, mais de 80 anos depois dos fatos, fora do forte calor do momento, quase nem é possível cogitar. Todavia, uma intrigante questão se impõe: Por que, então, logo após o fim da Guerra, o Sumo Pontífice não veio a público e explicou, de modo cristalino, a razão de sua ação silenciosa?

A réplica é muito simples: Porque, longe de ter seu agir questionado, Pio XII foi, ao contrário, muito elogiado. Só os judeus, por atuação do Papa, se viram salvos aos milhares, de modo especial em Roma. E, com júbilo, lhe souberam ser muito gratos. Lembramos – entre tantos outros – dois fatos ilustrativos: a primeira-ministra israelense Golda Meir declarou, na ONU, por ocasião da morte de Pio XII, em 1958: “Durante os dez anos de terror nazista, quando nosso povo sofreu espantoso martírio, a voz do Papa se ergueu para condenar os carrascos e para exprimir a sua compaixão em relação às vítimas” (Pergunte e Responderemos n. 461, outubro de 2000, p. 480). Já o Grão-Rabino Zolli, de Roma, se converteu ao Catolicismo, tomando o nome de Eugênio em tributo ao Papa Eugênio Pacelli (cf. Pergunte e Responderemos n 446, julho de 1999, p. 325-328).

A forte campanha de difamação contra Pio XII é tardia. Teve início, em 1963, com a peça Der Strellvertreter (O Representante ou o Vigário), do teatrólogo alemão Rolf Hochhuth, isto é, cinco anos após a morte do Pontífice e dezoito depois do fim da Guerra. Qual a razão desses ataques que perduram até hoje? – Os estudiosos não são unanimes, mas duas grandes linhas ganharam força recentemente: 1) Por meio de acusações a Pio XII, tentar desmoralizar a Igreja Católica que, em uma sociedade cada vez mais pagã, insiste, por fidelidade a Deus, no valor da família monogâmica e estável, na defesa da vida desde a concepção até o seu fim natural, no patrocínio à objeção de consciência etc. (cf. Joaquim Blessmann. O Holocausto, Pio XII e os Aliados. EDIPUCRS, 2003) e 2) Ao atacar Pio XII, se vingar desse Papa que muito alertou o mundo sobre os males do comunismo (cf. Francisco Vázquez. La verdad de Pío XII. ABC.ES, on-line, 08/04/2020).

Por fim, a Irmã Pasqualina Lehnert, fiel auxiliar de Pacelli por 41 anos e autora do livro Pie XII. Mon privilège fut de le servir (Téqui, Paris, 1984), ouviu dele, em uma manhã de agosto de 1942, após ser informado de violentos ataques nazistas, o seguinte: “É melhor que em público eu me cale e que faça em silêncio, como antes, tudo o que seja possível fazer em favor desse pobre povo” (Pergunte e Responderemos n. 305, outubro de 1987, p. 443). E assim, em consciência, o fez para evitar um mal ainda maior.

Eis o que, de momento, cabe dizer sobre o agir de Pio XII na Guerra. Agir discreto, mas que defendeu muitas pessoas. Se tivesse protestado publicamente, poderia, hoje, ser taxado de insensato pelos mesmos críticos de plantão. Diriam, talvez, ser ele o culpado por tantas vidas ceifadas em represália à sua fala. Fala tida, então, como inconsequente.

Assim são, pois, atacados os Papas. Ora porque falam, ora porque não falam!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jesus Cristo age através das pessoas

Deus veio ao nosso encontro (bibliaon)

Arquivo 30Dias - 01/1998

Jesus Cristo age através das pessoas

«O antigo princípio romano, o direito, foi substituído no mundo católico pela sociologia: a liberdade é efetivamente substituída pela organização. A lei supõe os indivíduos como sujeitos livres, a organização vê os indivíduos como partes”. Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla.

Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo

«Mas o ponto em que a ideologia conciliar e a secularização da teologia têm maior impacto é na figura do sacerdote. A espiritualidade do sacerdote “outro Cristo”, aquele que o representa como causa instrumental pessoal e, portanto, uma pessoa sagrada, desapareceu completamente. O padre católico recebeu todo o impacto da secularização. Perdeu sua sacralidade. Quem é o padre hoje? Ele é o organizador do social eclesiástico: o líder da comunidade. O padre secularizado é comunitarizado, torna-se funcional para a comunidade, torna-se seu senhor e servo ao mesmo tempo, não o padre. No sacerdote a figura sacerdotal é colocada de lado, já não é a verdadeira dimensão do sacerdote. Cria uma divisão entre a memória da tradição e a difusão da secularização.

O cristão sagrado é o corpo ressuscitado de Cristo, que provoca a nossa redenção, nos incorpora nele e nos dá o Espírito. É um corpo físico, assim como a sacralidade é física. O corpo glorioso de Cristo está crucificado, porque com o seu sangue ele nos redimiu do poder do Maligno. É a sacralidade da dor física e espiritual de toda a humanidade que nele se reúne. O sacerdote continua a ação redentora e divinizadora de Cristo. Como pessoa, é a continuidade da ação salvadora, no seu duplo aspecto; libertação do poder de Satanás e o dom da vida trinitária. A secularização do sacerdote é até agora uma ferida aberta dentro da Igreja. E a palavra que mais contribuiu para impactar a figura do sacerdote como pessoa sagrada, como Giorgio, Davide, João, pessoa e pessoa sagrada, continuador de Cristo salvador e deificador, é uma pastoral tão linda. O sacerdote tornou-se um sujeito sem autonomia, organizado pela diocese, pelas associações, pela programação pastoral.

A graça do Espírito Santo atua na dimensão das pessoas. É sempre uma escolha do indivíduo. O papado e o episcopado monárquico são o sinal do princípio da pessoa na instituição. Jesus Cristo é uma Pessoa e age através das pessoas. Por que esta dimensão da pessoa sagrada é destruída no sacerdócio, que, no contexto da lei, tem a capacidade de fazer o que o Senhor lhe inspira? No mundo católico, o antigo princípio romano do direito foi substituído pela sociologia: a liberdade que o direito canónico confere é efetivamente substituída pela organização. O direito pressupõe os indivíduos como sujeitos livres, vinculados apenas pela norma aos limites da norma: a organização vê os indivíduos como partes. O direito é a forma da política, a organização da empresa. A organização substitui a lei, a lei exprime sempre um espaço da pessoa, a sociologia e a organização transformam o sacerdote em funcionário. A diocese deixa de ser uma comunhão e passa a ser uma organização. A “caridade pastoral” é a sociologização da caridade.

O princípio Jesus Cristo sobre o qual a Igreja está fundada é uma Pessoa e os seus instrumentos são as pessoas como pessoas. Como Cristo trabalha sempre e, como o Filho, trabalha desde a eternidade, surgem sempre verdadeiras vocações sacerdotais. Mas eles, devido à deformação eclesiástica causada pela ideologia conciliar e, portanto, pela secularização, já não operam segundo a sua essência pessoal, que vem de Cristo, mas devem sobrepor-lhe uma figura imprópria que vem da pastoral organizada. Isto acontece enquanto a questão do significado pessoal é o fenómeno social mais relevante do nosso tempo. É evidente que se cai a sacralidade do sacerdote como pessoa que é instrumento conjunto da ação do Único Sacerdote, Cristo, cai também o celibato, que é uma figura fundamental do catolicismo como instituição. A programação pastoral só pode motivar o celibato como compromisso profissional a tempo inteiro, mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote à comunhão interior com Cristo que imprime o dom do seu sacerdócio no corpo, na alma, no espírito. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote à comunhão interior com Cristo que imprime o dom do seu sacerdócio no corpo, na alma, no espírito. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote álter Christus no sentido próprio e específico. Esta é precisamente a autoridade do sacerdote.

A secularização na Igreja mudou profundamente a realidade da Igreja. E a secularização é fruto da ideologia conciliar. A ideologia conciliar introduziu uma fratura com a linguagem misteriosa e mística que o próprio Concílio se propôs introduzir. O princípio do primado do social sobre o pessoal, do “grande animal político” sobre a fragilidade da pessoa, impôs-se insensivelmente como uma grande mancha em toda a Igreja.

O pontificado de Paulo VI encontrou-se no centro deste conflito entre os documentos do Concílio Vaticano II e a ideologia conciliar. O esforço do Papa visava manter o Concílio em continuidade com a renovação iniciada por Pio XII. Manter o impulso nascido do Vaticano II com a continuidade da Tradição, da qual Pio XII foi a última atualização eficaz, foi o esforço de Paulo VI. Mas a ideologia conciliar operou na Igreja de uma forma mais poderosa do que a autoridade do Papa. O drama do pontificado de Paulo VI foi o de temer uma ruptura com as alas extremas. Queria manter tudo na Igreja, desde o tradicionalismo que negava o Concílio até aos mais extremos impulsos de secularização, valorizando aquelas posições que poderiam parecer intermédias,

Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla , Casale Monferrato (Al), Piemme, 1997, pp.113-115.

Fonte: http://www.30giorni.it/

O "bispo voador": a Terra é como uma irmã e linda como uma mãe que nos acolhe

O Papa encontra indígenas da floresta amazônica - Viagem Apostólica ao Perú - janeiro de 2018 (Vatican Media)

Partindo de sua experiência pessoal e convidando a uma forte conversão e a uma verdadeira transformação do coração, dom Luciano Capelli, bispo da Diocese de Gizo das Ilhas Salomão até junho de 2023, exorta a "uma forte mudança cultural e educacional, uma verdadeira mudança de paradigma que torne realidade algo com o qual todos concordem. A Terra é como uma irmã e é linda como uma mãe que nos acolhe em seus braços. Todos nós podemos trabalhar juntos como instrumentos de Deus para curar", ressalta.

Vatican News

"Hoje, ouvindo o grito dos pobres e da terra, a degradação da natureza, dos rios, o crescente desaparecimento da diversidade, o consumo desenfreado de combustíveis fósseis, a destruição das florestas, que estão aumentando as temperaturas e causando secas, ainda há espaço para o louvor?"

Assim se expressou irmã Ruth del Pilar Mora, Filha de Maria Auxiliadora, conselheira geral das missões, durante uma série de encontros online em nível continental para as missionárias salesianas ad gentes e para as coordenadoras provinciais das missões salesianas ad gentes, que teve como tema a Ecologia Integral e que contou com a intervenção missiológico-pastoral "Eu e a Mãe Terra, o Oceano e o Clima" de dom Luciano Capelli, SDB, bispo da Diocese de Gizo das Ilhas Salomão até junho de 2023, e foi compartilhada pelas Filhas de Maria Auxiliadora das Ilhas de Samoa.

"É necessário ajudar os mais poderosos a usar sua consciência. A Igreja deve ajudá-los a entender que devem parar de se comportar como proprietários dos bens da terra, abusando deles", disse o prelado, também conhecido como o "bispo voador", já que, para seguir esta diocese nos confins do mundo, ele começou a viajar em um pequeno ultraleve anfíbio.

Convite à conversão e verdadeira transformação do coração

Partindo de sua experiência pessoal e convidando a uma forte conversão e a uma verdadeira transformação do coração, o bispo Capelli exortou as participantes do encontro a "uma forte mudança cultural e educacional, uma verdadeira mudança de paradigma que torne realidade algo com o qual todos concordem. A Terra é como uma irmã e é linda como uma mãe que nos acolhe em seus braços. Todos nós podemos trabalhar juntos como instrumentos de Deus para curar", insistiu ele.

"É a minha vez, é a sua vez, é a nossa vez, é a vez de todos nós que nos preocupamos com o destino da Criação", foi um dos imperativos da irmã Ruth. "Devemos transformar o nosso estilo de vida, não mais como proprietários que exploram, mas como custódios que cuidam e são responsáveis pelo futuro do Planeta".

Participaram deste encontro online cerca de 350 irmãs Filhas de Maria Auxiliadora de todo o mundo, com a presença de comunidades inteiras que escolheram esta oportunidade para partilhar a sua paixão missionária, o seu sentido de pertença ao Instituto, a sua comunhão com todas as irmãs para olhar juntas o planeta como pátria e a humanidade como pessoas que vivem em uma casa comum, cuidando da natureza, que faz parte da vida. Os católicos no território diocesano de Gizo representam 10%, totalizando 15 mil fiéis.

(Fides)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF