Papa Emérito Bento XVI | Vatican News |
Joseph Ratzinger morreu neste sábado (31) no Mosteiro Mater Ecclesiae,
no Vaticano.
Por g1
Papa Emérito Bento XVI | Vatican News |
Joseph Ratzinger morreu neste sábado (31) no Mosteiro Mater Ecclesiae,
no Vaticano.
Por g1
AFP | Pelé foi recebido por Bento XVI em 2005, na Alemanha |
A morte de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, gerou comoção no mundo inteiro. Não é para menos: o planeta perdeu o maior jogador de futebol de todos os tempos.
O católico encantava a todos com seu dom de jogar bola como nenhum outro atleta. “Deus me deu o dom de saber jogar futebol, porque realmente é só um dom de Deus”, declarou o brasileiro em entrevista ao jornal L’Osservatore Romano, em 9 de julho de 2009.
Na mesma entrevista, o craque afirmou: “De certos valores tive ainda o privilégio de falar com três Papas.”
De fato, Pelé conheceu pessoalmente três Papas – dois deles já santos.
Em 1966, Pelé foi recebido por Paulo VI no Vaticano. O jogador e sua primeira esposa passavam a lua-de-mel na Itália e receberam a bênção do Papa que foi canonizado em 2018.
SalvarPaul VI with Pele and with his Wife Rosemarie dos Reis.Cruzeiro de AroeiraPapa São Paulo VI
Depois, em 1978, o craque foi recebido por João Paulo II, o Papa e agora santo que também foi um grande apreciador dos esportes.
SalvarPope John Paul II meets Pele at the VaticanPublicado porMaura Petzolt
Já em 2005, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, Bento XVI se encontrou com Pelé na Alemanha. O jogador recebeu o título de embaixador do evento. “Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa. Ele pegou nas minhas mãos e falou assim: ‘O esporte é muito importante para o ser humano'”, declarou o atleta na época.
Pelé não teve a oportunidade de se encontrar com o Papa Francisco. Entretanto, o pontífice argentino sempre se referia – com muito bom humor – a Edson Arantes do Nascimento. Quando encontrava algum brasileiro, perguntava, em tom de brincadeira: “Quem é melhor: Maradona ou Pelé?”
Em 2014, Pelé enviou a Francisco uma rara camiseta da seleção brasileira autografada. O presente foi entregue ao Pontífice pela então presidente Dilma Rousseff.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
Bento XVI | Vatican News |
SIMPLES E HUMILDE TRABALHADOR NA VINHA DO SENHOR: BENTO XVI, O GRANDE.
Cardeal
Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Ao apresentar-se ao mundo como novo Pontífice, assim se dirigiu ao povo
o Papa Bento XVI: “Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais
elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. O Papa emérito
Bento XVI, o grande, despediu-se hoje, último dia do ano de 2022, de nosso
tempo e voltou para a casa do Pai. Acompanhamos com as orações para que esteja
junto de Deus na glória e agradecemos a Deus pela sua missão entre nós.
Permanecerá seu exemplo, seus escritos, seu legado.
Na homilia na basílica de São João de Latrão, em 7 de maio de 2005, o
grande Papa Bento deu sinais claros de que estava a serviço da Palavra de Deus
que é única, mas chega até nós por dois canais: a Sagrada Escritura e a Sagrada
Tradição (cf. Catecismo da Igreja Católica n.
74-100). Em outras palavras, o Papa é o guardião primeiro e zeloso do
patrimônio da fé e não o seu dono. Afirma ele, então, com palavras marcantes:
“O poder conferido por Cristo a Pedro e aos seus sucessores é, em sentido
absoluto, um mandato para servir. O poder de ensinar, na Igreja, obriga a um
compromisso ao serviço da obediência à fé. O Papa não é um soberano absoluto,
cujo pensar e querer são leis. Ao contrário: o ministério do Papa é garantia da
obediência a Cristo e à Sua Palavra. Ele não deve proclamar as próprias ideias,
mas vincular-se constantemente a si e à Igreja à obediência à Palavra de Deus,
tanto perante todas as tentativas de adaptação e de adulteração, como diante de
qualquer oportunismo. […] O Papa tem a consciência de que está, nas suas
grandes decisões, ligado à grande comunidade da fé de todos os tempos, às
interpretações vinculantes que cresceram ao longo do caminho peregrinante da
Igreja. Assim, o seu poder não é superior, mas está a serviço da Palavra de
Deus, e sobre ele recai a responsabilidade de fazer com que esta Palavra
continue a estar presente na sua grandeza e a ressoar na sua pureza, de modo
que não seja fragmentada pelas contínuas mudanças das modas”.
Estamos próximos de mais um Curso para os Bispos aqui no Rio de Janeiro,
e é impossível não recordar que o primeiro conferencista foi exatamente o então
Cardeal Ratzinger, depois o Papa Bento XVI. Marcou o início de nosso Curso,
que, sem dúvida, neste ano terá uma bela homenagem a ele.
Notemos que, antes, na Missa para o início do ministério petrino, Bento
XVI já dizia: “O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha
vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me, contudo, à escuta, com a Igreja
inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma
que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história. […]
‘Apascenta as minhas ovelhas’, diz Cristo a Pedro, e a mim, neste momento.
Apascentar significa amar, e amar quer dizer também estar prontos para sofrer.
Amar significa: dar às ovelhas o verdadeiro bem, o alimento da verdade de Deus,
da palavra de Deus, o alimento da sua presença, que ele nos oferece no
Santíssimo Sacramento. Queridos amigos, neste momento eu posso dizer apenas:
rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor. Rezai por
mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho vós, a Santa
Igreja, cada um de vós singularmente e todos vós juntos. Rezai por mim, para
que eu não fuja, por receio, diante dos lobos. Rezai uns pelos outros, para que
o Senhor nos guie e nós aprendamos a guiar-nos uns aos outros”.
A escolha do nome definia a sua admiração ao Papa Bento XV (1914-1922) e
o seu amor a São Bento de Nursia, patriarca dos monges do Ocidente, assim como
demonstrava os rumos do seu pontificado. Deixemos que o próprio Bento XVI nos
fale: “Neste primeiro encontro, gostaria antes de tudo de falar sobre o nome
que escolhi ao tornar-me Bispo de Roma e Pastor universal da Igreja. Quis
chamar-me Bento XVI para me relacionar idealmente com o venerado Pontífice
Bento XV, que guiou a Igreja num período atormentado devido ao primeiro
conflito mundial. Ele foi um profeta corajoso e autêntico de paz e
comprometeu-se com coragem infatigável primeiro para evitar o drama da guerra e
depois para limitar as consequências nefastas. Nas suas pegadas, desejo colocar
o meu ministério a serviço da reconciliação e da harmonia entre os homens e os
povos, profundamente convencido de que o grande bem da paz é antes de tudo dom
de Deus, dom frágil e precioso que deve ser invocado, tutelado e construído dia
após dia com o contributo de todos” (Audiência Geral,
27/04/2005).
E prossegue: “Além disso, o nome Bento recorda também a extraordinária
figura do grande ‘Patriarca do monaquismo ocidental’, São Bento de Núrsia,
co-padroeiro da Europa juntamente com os santos Cirilo e Metódio e as mulheres
santas, Brígida da Suécia, Catarina de Sena e Edith Stein. A expansão
progressiva da Ordem beneditina por ele fundada exerceu uma influência enorme
na difusão do cristianismo em todo o Continente. Por isso, São Bento é muito
venerado também na Alemanha e, em particular, na Baviera, a minha terra de
origem; constitui um ponto de referência fundamental para a unidade da Europa e
uma forte chamada às irrenunciáveis raízes cristãs da sua cultura e da sua
civilização. Deste Pai do Monaquismo ocidental conhecemos a recomendação
deixada aos monges na sua Regra: ‘Nada anteponham absolutamente a Cristo’ (Regra 72, 11; cf. 4, 21). No início do meu
serviço como Sucessor de Pedro peço a São Bento que nos ajude a manter firme a
centralidade de Cristo na nossa existência. Que ele esteja sempre no primeiro
lugar nos nossos pensamentos e em cada uma das nossas atividades!” (idem).
No seu pontificado, Bento publicou, além de quatro exortações apostólicas
– “Ecclesia in Medio Oriente”, “Africae
múnus”, “Verbum Domini” e “Sacramentum Caritatis” –, além das cartas apostólicas,
constituições apostólicas e três encíclicas: “Deus caritas est”, “Spe
salvi” e “Caritas in veritate”. Na
primeira, recorda que “‘Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus
e Deus nele’ (1 Jo 4, 16). Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o
centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do
homem e do seu caminho. Além disso, no mesmo versículo, João oferece-nos, por
assim dizer, uma fórmula sintética da existência cristã: ‘Nós conhecemos e
cremos no amor que Deus nos tem’ […]. Num mundo em que ao nome de Deus se
associa às vezes a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência, esta é uma
mensagem de grande atualidade e de significado muito concreto” (n. 1).
Na segunda lembra, a partir de Rm 8,24, que é na esperança que fomos
salvos. “A ‘redenção’, a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado
de fato. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança,
uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo
presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a
uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande
que justifique a canseira do caminho” (n. 1). Já na terceira e última encíclica
do seu pontificado, Bento XVI se volta para a Doutrina Social da Igreja com
a Caritas in veritate. Aí o Papa constata, de modo muito
oportuno, que “a caridade é amor recebido e dado; é ‘graça’ (cháris). A sua
nascente é o amor fontal do Pai pelo Filho no Espírito Santo. É amor que, pelo
Filho, desce sobre nós. É amor criador, pelo qual existimos; amor redentor,
pelo qual somos recriados. Amor revelado e vivido por Cristo (cf. Jo 13,1), é
‘derramado em nossos corações pelo Espírito Santo’ (Rm 5,5). Destinatários do
amor de Deus, os homens são constituídos sujeitos de caridade, chamados a
fazerem-se eles mesmos instrumentos da graça, para difundir a caridade de Deus
e tecer redes de caridade” (n. 4).
E continua: “A esta dinâmica de caridade recebida e dada, propõe-se dar
resposta a doutrina social da Igreja. Tal doutrina é ‘caritas in veritate in re
sociali’, ou seja, proclamação da verdade do amor de Cristo na sociedade; é
serviço da caridade, mas na verdade. Esta preserva e exprime a força
libertadora da caridade nas vicissitudes sempre novas da história. É ao mesmo
tempo verdade da fé e da razão, na distinção e, conjuntamente, sinergia destes dois
âmbitos cognitivos. O desenvolvimento, o bem-estar social, uma solução adequada
dos graves problemas socioeconômicos que afligem a humanidade precisam desta
verdade. Mais ainda, necessitam que tal verdade seja amada e testemunhada. Sem
verdade, sem confiança e amor pelo que é verdadeiro, não há consciência e
responsabilidade social, e a atividade social acaba à mercê de interesses
privados e lógicas de poder, com efeitos desagregadores na sociedade, sobretudo
numa sociedade em vias de globalização que atravessa momentos difíceis como os
atuais” (n. 5).
Por fim, quando, em 11/02/2013, Bento XVI renunciou ao múnus petrino,
surgiram muitas especulações e era o ano da JMJ no Rio de Janeiro, sede que ele
mesmo escolheu para esse grande evento. Sobre a renúncia reporto um texto de
nosso irmão aqui do Regional Leste 1, D. Rifan: “Um grande desapego do alto
cargo e influente posição, declarando-se apenas um humilde servidor, uma
profunda humildade, não se julgando necessário e reconhecendo a própria
fraqueza e incapacidade, de corpo e de espírito, para exercer adequadamente o
ministério petrino, e ao pedir perdão – ‘peço perdão por todos os meus
defeitos’. (Por trás da renúncia, 19/02/2013, online).
Bento XVI, depois da renúncia, agiu sempre na discrição e na obediência
ao único legítimo sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Afirmou Bento: “O Papa é
um só, Francisco” (Vatican.news, 27/06/2019, online).
Da parte do Papa Francisco nunca faltou, nas visitas e nas palavras, carinho e
respeito para com o Papa emérito e sua última missão de ser, a partir do
mosteiro Mater Ecclesiae, uma voz orante que ajuda a sustentar a Igreja. Disse
o Santo Padre, em sua Audiência do dia 28 de dezembro último, sob calorosos
aplausos dos peregrinos: “Uma oração especial pelo Papa emérito Bento 16, que
no silêncio está sustentando a Igreja. Recordemos, ele está muito doente,
pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja
até o fim”. E logo depois foi visitar Bento XVI onde, segundo dizem,
ministrou-lhe a unção dos enfermos.
Pessoalmente tenho que agradecer, sem mérito nenhum de minha parte, ao
Papa Bento XVI a minha nomeação para Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
em 13 de outubro de 2004 a e a minha nomeação para Arcebispo Metropolitano de
São Sebastião do Rio de Janeiro a 27 de fevereiro de 2009.
Não poderia deixar de tributar meu sincero agradecimento pela sua
escolha pessoal para que, após a jornada em Madrid, de que a Jornada Mundial da
Juventude – JMJ – 2013 – fosse celebrada no Rio de Janeiro. Ele não pode estar
conosco, mas o Papa Francisco colheu a alegria, o entusiasmo e o calor humano
dos milhares e milhares de jovens que encheram a Praia de Copacabana para
escutar o Sucessor de Pedro. Eu, como monge cisterciense, sempre tive uma
sintonia espiritual com o precioso tesouro espiritual que foi o Magistério e o
Pontificado do Papa Bento XVI, um magno e sumo pastor, em especial pelo seu
nome, já que os cistercienses seguem a Regra de São Bento.
Rembrandt | Octave 444 | CC BY-SA 4.0 |
É fácil esquecer que uma parte da primeira infância de Jesus foi passada bem longe de Belém e da Terra Santa. Forçada ao exílio pelo rei Herodes, a Sagrada Família fugiu para o Egito e lá viveu durante alguns anos.
É fascinante pensar nesse tempo na vida de Jesus. Será que Ele viu as antigas pirâmides? Será que admirou o grande rio Nilo?
Antes de falarmos dos possíveis locais do exílio de Jesus no Egito, vamos primeiro recordar a narrativa de Mateus:
“Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito chamei meu filho (Os 11,1)”.
Mateus 2,13-15.
Os historiadores tendem a discordar quando se trata da data da morte do rei Herodes. A maioria dos estudiosos aponta para 4 a.C., enquanto alguns afirmam que ele morreu bem depois, em 1 d.C. Qualquer que tenha sido a data real, a tradição local afirma que a Sagrada Família viveu no Egito durante cerca de quatro anos.
É intrigante imaginar Jesus dando seus primeiros passos e dizendo suas primeiras palavras não em Belém ou em Nazaré, mas sim no Egito!
De acordo com as tradições locais, a primeira parada da Sagrada Família foi em Farma, ao leste do rio Nilo. Depois eles continuaram até Mostorod, uma cidade ao norte do Cairo. Há uma nascente perto da cidade que, segundo a piedade popular, surgiu após a sua chegada.
Eles teriam ainda parado em Sakha, local de uma rocha que teria uma impressão do pé do Menino Jesus.
Seguindo em frente, passaram por Wadi El Natroun antes de chegar aos arredores do Cairo. Naquele ponto há um lugar onde, dizem, uma árvore deu sombra à Sagrada Família.
José, Maria e Jesus certamente viram as antigas pirâmides do Egito enquanto prosseguiam a sua viagem, possivelmente parando para admirar aquela tão surpreendente vista.
A família no exílio continuou então para o Velho Cairo e até Maadi, onde teriam subido a um barco rumo a Deir El Garnous e, depois, Gabal Al-Teir.
O principal local de permanência foi Gebel Qussqam. Acredita-se que eles tenham ficado ali durante cerca de seis meses. Antes de voltar para casa, teriam parado em Assiut e, finalmente, voltaram para a Terra Santa.
O povo copta egípcio tem grande orgulho deste capítulo tão especial da vida de Jesus e se sente particularmente próximo da Sagrada Família, que caminhou e viveu entre eles durante os primeiros anos de Jesus quando criança.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
Cidade Nova |
“Aprendei a fazer o bem:
buscai o direito.” (Is 1,17) | Palavra de Vida Janeiro 2023
Confira a Palavra de Vida Janeiro 2023 nos formatos texto, podcast,
vídeo e baixe agora o PDF.
publicado
em 29/12/2022
A Palavra de Vida
do mês de janeiro encontra-se no primeiro capítulo do profeta Isaías. A frase
foi escolhida como lema para a Semana de Oração pela Unidade
Cristã1. Os textos das celebrações foram preparados por um grupo de
cristãos de Minnesota, nos Estados Unidos2. A questão do direito, da justiça é
um tema candente. As desigualdades, as violências e os preconceitos crescem no
terreno de uma sociedade que tem dificuldades em testemunhar uma cultura de paz
e de unidade.
Os tempos de Isaías
não eram muito diferentes dos nossos. As guerras, as rebeliões, a busca da
riqueza, do poder, a idolatria, a marginalização dos pobres tinham levado o
povo de Israel a perder o rumo certo. O profeta convoca seu povo com palavras
muito duras para um caminho de conversão, indicando a via para retornar ao
espírito original da aliança que Deus fez com Abraão.
“Aprendei a fazer o
bem: buscai o direito.”
O que
significa aprender a fazer o bem? Precisamos
assumir a disposição de aprender. Isso exige um esforço da nossa parte. Na
caminhada do dia a dia, sempre temos algo a compreender, a melhorar; podemos
recomeçar quando erramos.
O que
significa buscar o direito? A justiça é como
um tesouro que deve ser procurado, desejado, é o objetivo de nossa ação.
Praticar a justiça nos ajuda a aprender a fazer o bem. É saber captar a vontade
de Deus, que é o nosso bem.
Isaías oferece
exemplos concretos. As pessoas que Deus mais prefere, por serem as mais
indefesas, são os oprimidos, os órfãos e as viúvas. Deus convida seu povo a
cuidar concretamente dos outros, especialmente daqueles que não estão em
condições de fazer valer os próprios direitos. As práticas religiosas, os
ritos, os sacrifícios, as orações não lhe agradam se tudo isso não for
acompanhado pela busca e pela prática do bem e da justiça.
“Aprendei a fazer o
bem: buscai o direito.”
Esta Palavra de
Vida nos provoca a ajudar os outros, a ter um olhar atento, socorrendo
concretamente os necessitados. Nosso caminho de conversão exige isso: abrir o
coração, a mente, os braços, especialmente para aqueles que sofrem.
“O desejo e a busca
da justiça estão desde sempre inscritos na consciência do homem, foram
colocados pelo próprio Deus no seu coração. Mas, apesar das conquistas e dos
progressos alcançados ao longo da história, como ainda está longe a plena
realização do projeto de Deus! As guerras que são travadas ainda hoje, assim
como o terrorismo e os conflitos étnicos, são o sinal das desigualdades sociais
e econômicas, das injustiças, do ódio. [...] Sem amor, sem respeito pela
pessoa, sem atenção às suas necessidades, os relacionamentos pessoais podem até
mesmo ser corretos, mas também podem tornar-se burocráticos, incapazes de dar
soluções satisfatórias às exigências humanas. Sem o amor jamais existirá
justiça verdadeira, partilha de bens entre ricos e pobres, respeito pela
singularidade de cada homem e de cada mulher e pela situação concreta na qual
se encontram.”3
“Aprendei a fazer o
bem: buscai o direito.”
Viver para o mundo
unido é assumir as feridas da humanidade por meio de pequenos gestos que podem
ajudar a construir a família humana.
Um dia, o professor
argentino Juan [nome fictício] encontra por acaso o diretor do instituto onde
tinha lecionado e que o tinha demitido alegando um pretexto qualquer. Quando o
diretor o reconhece, tenta evitá-lo, mas Juan vai ao seu encontro. Pergunta-lhe
pelas novidades, e o diretor lhe conta as dificuldades daquele último período.
Diz que agora mora em outra cidade e está procurando trabalho. Juan se oferece
para ajudá-lo e no dia seguinte conta para seus conhecidos a notícia de que
está procurando emprego para uma pessoa. A resposta não demora. Quando o
diretor recebe a notícia da oferta de um novo trabalho, mal consegue acreditar!
Aceita o trabalho, profundamente agradecido e comovido pelo fato de que
justamente a pessoa que um dia ele havia demitido tivesse demonstrado interesse
concreto para com ele.
Também Juan recebe
o “cêntuplo”: justamente naquele momento lhe oferecem dois trabalhos que ele
sempre tinha desejado, desde quando havia entrado na universidade. Também ele
fica maravilhado e sensibilizado por esse amor concreto de Deus4.
1) No hemisfério
Norte, todos os anos, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) termina no
dia 25 de janeiro, festa da conversão de são Paulo. No hemisfério Sul, a
celebração vai do domingo em que se festeja a Ascensão até o domingo de
Pentecostes (em 2023 será de 21 a 28 de maio). É um convite a manter vivo o
empenho pelo diálogo ecumênico durante o ano todo.
2) Em Mineápolis,
cidade mais populosa do Estado de Minnesota, foi morto George Floyd em 2020. O
evento deu início a um movimento para a eliminação de toda forma de
discriminação racial.
3) LUBICH,
C., Palavra de Vida, novembro de 2006.
4) Extraído e
readaptado de “Il Vangelo del giorno”, Città Nuova, ano
VIII, n° 1, janeiro-fevereiro de 2022.