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sábado, 31 de dezembro de 2022

Papa Emérito Bento XVI: FOTOS

Papa Emérito Bento XVI | Vatican News

Joseph Ratzinger morreu neste sábado (31) no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano.

Por g1

31/12/2022
Foto tirada em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, quando trabalhava como assistente da Força Aérea alemã — Foto: STF/KNA-Bild/AFP
Aos 10 anos, Joseph Ratzinger em foto tirada em 1937 — Foto: AFP PHOTO/KNA
Foto de 1951, quando Joseph Ratzinger e seu irmão foram ordenados padres em Munique, na Catedral de Freising — Foto: AFP PHOTO/KNA
Foto de 1951, quando Joseph Ratzinger e seu irmão foram ordenados padres em Munique, na Catedral de Freising — Foto: AFP PHOTO/KNA
Em 1952, o padre Joseph Ratzinger celebra missa ao ar livre em região bávara próxima a Ruhpolding, na Alemanha — Foto: AP/KNA
Foto feita em 1962, em que Joseph Ratzinger (à esq.), então professor de teologia, recebe conselhos do cardeal de Colônia, Joseph Frings, no Vaticano — Foto: AFP PHOTO/KNA
No meio dos anos 70, Joseph Ratzinger, então professor na Universidade de Regensburg, é elevado à cardeal pelo Papa João Paulo 2º — Foto: AP/KNA
Foto tirada em 1977 quando o Papa Paulo 6º nomeou Joseph Ratzinger como arcebispo de Munique e Freising. Três meses depois, o Papa fez dele cardeal no consistório e, logo depois, tornou-se bispo de Velletri-Segni e Ostia, 'ante-sala' para o papado — Foto: AFP PHOTO/KNA
O cardeal Joseph Ratzinger ao lado de Madre Teresa de Calcutá, durante missa em Freiburg, na Alemanha, em 1978 — Foto: AP/KNA
O cardeal Joseph Ratzinger ao lado do montanhista Andreas Stadler, em 1982, em Munique — Foto: AP/KNA
O Papa João Paulo 2º ao lado do então Cardeal Joseph Ratzinger em foto
tirada em 1979, no Vaticano — Foto: AP
Pelé cumprimenta o Papa Bento XVI durante encontro na Alemanha, em 2005 — Foto: Reuters
Bento XVI acena da janela da sacada da Basílica de São Pedro depois de ser eleito o 265º papa da Igreja Católica, em 19 de abril de 2005, na Cidade do Vaticano — Foto: Patrick Hertzog/AFP/Arquivo
Bento XVI acena da janela da sacada da Basílica de São Pedro depois de ser eleito o 265º papa da Igreja Católica, em 19 de abril de 2005, no Vaticano — Foto: Patrick Hertzog/AFP/Arquivo
O papa emérito Bento XVI posa para foto no aeroporto de Munique, sul da Alemanha, em 22 de junho de 2020. Bento XVI retorna ao Vaticano da Alemanha, onde estava visitando seu irmão doente — Foto: Sven Hoppe/Pool/AFP
Bento XVI acena para multidão de uma janela do mosteiro de São Bento, em São Paulo, em 9 de maio de 2007 — Foto: Arturo Mari/Osservatore Romano/AFP/Arquivo
Bento XVI cumprimenta uma multidão de cerca de 35 mil jovens reunidos no estádio do Pacaembu, em São Paulo, no dia 10 de maio de 2007 — Foto: Antonio Scorza/AFP/Arquivo
Bento XVI acena para fiéis em sua chegada para celebrar uma missa e para canonização do Frei Galvão, no Campo de Marte, em São Paulo, em 11 de maio de 2007 — Foto: Vincenzo Pinto/AFP/Arquivo
Bento XVI se encontra com bispos na Catedral da Sé, na região central de São Paulo, em 11 de maio de 2007 — Foto: Osservatore Romano/Arturo Mari/AFP/Arquivo
Bento XVI celebra missa ao ar livre em Aparecida, no dia 13 de maio de 2007 — Foto: Osservatore Romano/Arturo Mari/Pool/AFP/Arquivo
O papa emérito Bento XVI recebe uma delegação da Bavária nas comemorações por seu 90º aniversário, no Vaticano — Foto: L'Osservatore Romano/Pool Photo via AP
Papa emérito Bento XVI participa de cerimônia no Vaticano, em imagem de 8 de dezembro de 2015 — Foto: Gregorio Borgia/ AP
Papa Francisco e Bento XVI reunidos com os 13 novos cardeais nomeados na Basílica de São Pedro, no Vaticano. — Foto: Handout / Vatican Media / AFP
O Papa Bento XVI e Hawking durante encontro de acadêmicos de ciência no Vaticano em outubro de 2008 — Foto: Osservatore Romano / Arquivo / Reuters
O primeiro-ministro da Bavária, Horst Seehofer, o Papa emérito Bento XVI e o irmão dele, monsenhor Georg Ratzinger, bebem cerveja na comemoração dos 90 anos de Bento XVI no Vaticano — Foto: L'Osservatore Romano/Pool Photo via AP
Papa Bento XVI chega para audiência geral na Praça de São Pedro no Vaticano. — Foto: Giampiero Sposito/Reuters
O papa Bento XVI comemora seu aniversário de 85 anos. Um grupo de dança da região da Bavária foi à Sala Clementina do Vaticano para fazer uma apresentação, todos vestidos com roupas tradicionais. — Foto: Reuters/Gregorio Borgia
'Traído' pelo vento, o papa Bento XVI esboça um sorriso ao arrumar suas vestes durante audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano. — Foto: Vincenzo Pinto/AFP
Papa Bento XVI em Beirute — Foto: Reuters
Papa Bento XVI fala durante conferência semanal no Vaticano nesta quarta-feira (12) — Foto: AFP
Em visita ao México, o papa Bento XVI chega para celebrar a missa de domingo (25) na cidade de Silao, usando um tradicional 'sombrero'. — Foto: Reuters/Osservatore Romano
Papa Bento XVI beija uma criança durante audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano. — Foto: Tony Gentile/Reuters
Representante do zoológico Biopark de Roma mostra um filhote de crocodilo ao papa Bento XVI durante audiência geral do pontífice no Vaticano. — Foto: Reuters/Osservatore Romano
Bento XVI acena para fiéis em Madri — Foto: Andres Kudacki/AP
Papa Bento XVI chega para audiência na praça do Vaticano. Ele denunciou as tentativas de se minar a coexistência pacífica entre as comunidades religiosas no Egito e destacou os esforços da autoridades em favor dos direitos humanos e das minorias. — Foto: Max Rossi/Reuters
Papa Bento XVI durante a celebração — Foto: Max Rossi / Reuters
O papa Bento XVI durante celebração com estudantes na St Mary's University College, em Twickenham. — Foto: AP
Bento XVI abençoa os fiéis ao passar pela Praça de São Pedro, no Vaticano, depois de audiência geral semanal, em outubro de 2012 — Foto: Andrew Medichini/Associated Press via Estadão Conteúdo/Arquivo
O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger) em visita à cidade de Aparecida em maio de 2007 — Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo/Arquivo
O Papa emérito Bento XVI (direita) é saudado pelo Papa Francisco durante uma cerimônia para marcar seu 65º aniversário de ordenação ao sacerdócio no Vaticano — Foto: Osservatore Romano/Reprodução via REUTERS.

Pelé: “Deus me deu o privilégio de falar com três Papas”

AFP | Pelé foi recebido por Bento XVI em 2005, na Alemanha
Por Ricardo Sanches

"Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa", declarou o maior jogador de futebol de todos os tempos.

A morte de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, gerou comoção no mundo inteiro. Não é para menos: o planeta perdeu o maior jogador de futebol de todos os tempos.

O católico encantava a todos com seu dom de jogar bola como nenhum outro atleta. “Deus me deu o dom de saber jogar futebol, porque realmente é só um dom de Deus”, declarou o brasileiro em entrevista ao jornal L’Osservatore Romano, em 9 de julho de 2009.

Na mesma entrevista, o craque afirmou: “De certos valores tive ainda o privilégio de falar com três Papas.”

De fato, Pelé conheceu pessoalmente três Papas – dois deles já santos.

Pelé e os Papas

Em 1966, Pelé foi recebido por Paulo VI no Vaticano. O jogador e sua primeira esposa passavam a lua-de-mel na Itália e receberam a bênção do Papa que foi canonizado em 2018.

SalvarPaul VI with Pele and with his Wife Rosemarie dos Reis.Cruzeiro de AroeiraPapa São Paulo VI

Depois, em 1978, o craque foi recebido por João Paulo II, o Papa e agora santo que também foi um grande apreciador dos esportes.

SalvarPope John Paul II meets Pele at the VaticanPublicado porMaura Petzolt

Já em 2005, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, Bento XVI se encontrou com Pelé na Alemanha. O jogador recebeu o título de embaixador do evento. “Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa. Ele pegou nas minhas mãos e falou assim: ‘O esporte é muito importante para o ser humano'”, declarou o atleta na época.

Pelé é recebido por Bento XVI em 2005 na Alemanha
Pelé foi recebido por Bento XVI em 2005, na Alemanha.

Maradona ou Pelé?

Pelé não teve a oportunidade de se encontrar com o Papa Francisco. Entretanto, o pontífice argentino sempre se referia – com muito bom humor – a Edson Arantes do Nascimento. Quando encontrava algum brasileiro, perguntava, em tom de brincadeira: “Quem é melhor: Maradona ou Pelé?”

Em 2014, Pelé enviou a Francisco uma rara camiseta da seleção brasileira autografada. O presente foi entregue ao Pontífice pela então presidente Dilma Rousseff.

Ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff entregou a Francisco uma camiseta 
autografada por Pelé em 2014. | AFP

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor - Bento XVI, o grande

Bento XVI | Vatican News

SIMPLES E HUMILDE TRABALHADOR NA VINHA DO SENHOR: BENTO XVI, O GRANDE.

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Ao apresentar-se ao mundo como novo Pontífice, assim se dirigiu ao povo o Papa Bento XVI: “Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. O Papa emérito Bento XVI, o grande, despediu-se hoje, último dia do ano de 2022, de nosso tempo e voltou para a casa do Pai. Acompanhamos com as orações para que esteja junto de Deus na glória e agradecemos a Deus pela sua missão entre nós. Permanecerá seu exemplo, seus escritos, seu legado.

Na homilia na basílica de São João de Latrão, em 7 de maio de 2005, o grande Papa Bento deu sinais claros de que estava a serviço da Palavra de Deus que é única, mas chega até nós por dois canais: a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 74-100). Em outras palavras, o Papa é o guardião primeiro e zeloso do patrimônio da fé e não o seu dono. Afirma ele, então, com palavras marcantes: “O poder conferido por Cristo a Pedro e aos seus sucessores é, em sentido absoluto, um mandato para servir. O poder de ensinar, na Igreja, obriga a um compromisso ao serviço da obediência à fé. O Papa não é um soberano absoluto, cujo pensar e querer são leis. Ao contrário: o ministério do Papa é garantia da obediência a Cristo e à Sua Palavra. Ele não deve proclamar as próprias ideias, mas vincular-se constantemente a si e à Igreja à obediência à Palavra de Deus, tanto perante todas as tentativas de adaptação e de adulteração, como diante de qualquer oportunismo. […] O Papa tem a consciência de que está, nas suas grandes decisões, ligado à grande comunidade da fé de todos os tempos, às interpretações vinculantes que cresceram ao longo do caminho peregrinante da Igreja. Assim, o seu poder não é superior, mas está a serviço da Palavra de Deus, e sobre ele recai a responsabilidade de fazer com que esta Palavra continue a estar presente na sua grandeza e a ressoar na sua pureza, de modo que não seja fragmentada pelas contínuas mudanças das modas”.

Estamos próximos de mais um Curso para os Bispos aqui no Rio de Janeiro, e é impossível não recordar que o primeiro conferencista foi exatamente o então Cardeal Ratzinger, depois o Papa Bento XVI. Marcou o início de nosso Curso, que, sem dúvida, neste ano terá uma bela homenagem a ele.

Notemos que, antes, na Missa para o início do ministério petrino, Bento XVI já dizia: “O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me, contudo, à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história. […] ‘Apascenta as minhas ovelhas’, diz Cristo a Pedro, e a mim, neste momento. Apascentar significa amar, e amar quer dizer também estar prontos para sofrer. Amar significa: dar às ovelhas o verdadeiro bem, o alimento da verdade de Deus, da palavra de Deus, o alimento da sua presença, que ele nos oferece no Santíssimo Sacramento. Queridos amigos, neste momento eu posso dizer apenas: rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor. Rezai por mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho vós, a Santa Igreja, cada um de vós singularmente e todos vós juntos. Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos. Rezai uns pelos outros, para que o Senhor nos guie e nós aprendamos a guiar-nos uns aos outros”.

A escolha do nome definia a sua admiração ao Papa Bento XV (1914-1922) e o seu amor a São Bento de Nursia, patriarca dos monges do Ocidente, assim como demonstrava os rumos do seu pontificado. Deixemos que o próprio Bento XVI nos fale: “Neste primeiro encontro, gostaria antes de tudo de falar sobre o nome que escolhi ao tornar-me Bispo de Roma e Pastor universal da Igreja. Quis chamar-me Bento XVI para me relacionar idealmente com o venerado Pontífice Bento XV, que guiou a Igreja num período atormentado devido ao primeiro conflito mundial. Ele foi um profeta corajoso e autêntico de paz e comprometeu-se com coragem infatigável primeiro para evitar o drama da guerra e depois para limitar as consequências nefastas. Nas suas pegadas, desejo colocar o meu ministério a serviço da reconciliação e da harmonia entre os homens e os povos, profundamente convencido de que o grande bem da paz é antes de tudo dom de Deus, dom frágil e precioso que deve ser invocado, tutelado e construído dia após dia com o contributo de todos” (Audiência Geral, 27/04/2005).

E prossegue: “Além disso, o nome Bento recorda também a extraordinária figura do grande ‘Patriarca do monaquismo ocidental’, São Bento de Núrsia, co-padroeiro da Europa juntamente com os santos Cirilo e Metódio e as mulheres santas, Brígida da Suécia, Catarina de Sena e Edith Stein. A expansão progressiva da Ordem beneditina por ele fundada exerceu uma influência enorme na difusão do cristianismo em todo o Continente. Por isso, São Bento é muito venerado também na Alemanha e, em particular, na Baviera, a minha terra de origem; constitui um ponto de referência fundamental para a unidade da Europa e uma forte chamada às irrenunciáveis raízes cristãs da sua cultura e da sua civilização. Deste Pai do Monaquismo ocidental conhecemos a recomendação deixada aos monges na sua Regra: ‘Nada anteponham absolutamente a Cristo’ (Regra 72, 11; cf. 4, 21). No início do meu serviço como Sucessor de Pedro peço a São Bento que nos ajude a manter firme a centralidade de Cristo na nossa existência. Que ele esteja sempre no primeiro lugar nos nossos pensamentos e em cada uma das nossas atividades!” (idem).

No seu pontificado, Bento publicou, além de quatro exortações apostólicas – “Ecclesia in Medio Oriente”, “Africae múnus”, “Verbum Domini” e “Sacramentum Caritatis” –, além das cartas apostólicas, constituições apostólicas e três encíclicas: “Deus caritas est”, “Spe salvi” e “Caritas in veritate”. Na primeira, recorda que “‘Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele’ (1 Jo 4, 16). Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho. Além disso, no mesmo versículo, João oferece-nos, por assim dizer, uma fórmula sintética da existência cristã: ‘Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem’ […]. Num mundo em que ao nome de Deus se associa às vezes a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência, esta é uma mensagem de grande atualidade e de significado muito concreto” (n. 1).

Na segunda lembra, a partir de Rm 8,24, que é na esperança que fomos salvos. “A ‘redenção’, a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de fato. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho” (n. 1). Já na terceira e última encíclica do seu pontificado, Bento XVI se volta para a Doutrina Social da Igreja com a Caritas in veritate. Aí o Papa constata, de modo muito oportuno, que “a caridade é amor recebido e dado; é ‘graça’ (cháris). A sua nascente é o amor fontal do Pai pelo Filho no Espírito Santo. É amor que, pelo Filho, desce sobre nós. É amor criador, pelo qual existimos; amor redentor, pelo qual somos recriados. Amor revelado e vivido por Cristo (cf. Jo 13,1), é ‘derramado em nossos corações pelo Espírito Santo’ (Rm 5,5). Destinatários do amor de Deus, os homens são constituídos sujeitos de caridade, chamados a fazerem-se eles mesmos instrumentos da graça, para difundir a caridade de Deus e tecer redes de caridade” (n. 4).

E continua: “A esta dinâmica de caridade recebida e dada, propõe-se dar resposta a doutrina social da Igreja. Tal doutrina é ‘caritas in veritate in re sociali’, ou seja, proclamação da verdade do amor de Cristo na sociedade; é serviço da caridade, mas na verdade. Esta preserva e exprime a força libertadora da caridade nas vicissitudes sempre novas da história. É ao mesmo tempo verdade da fé e da razão, na distinção e, conjuntamente, sinergia destes dois âmbitos cognitivos. O desenvolvimento, o bem-estar social, uma solução adequada dos graves problemas socioeconômicos que afligem a humanidade precisam desta verdade. Mais ainda, necessitam que tal verdade seja amada e testemunhada. Sem verdade, sem confiança e amor pelo que é verdadeiro, não há consciência e responsabilidade social, e a atividade social acaba à mercê de interesses privados e lógicas de poder, com efeitos desagregadores na sociedade, sobretudo numa sociedade em vias de globalização que atravessa momentos difíceis como os atuais” (n. 5).

Por fim, quando, em 11/02/2013, Bento XVI renunciou ao múnus petrino, surgiram muitas especulações e era o ano da JMJ no Rio de Janeiro, sede que ele mesmo escolheu para esse grande evento. Sobre a renúncia reporto um texto de nosso irmão aqui do Regional Leste 1, D. Rifan: “Um grande desapego do alto cargo e influente posição, declarando-se apenas um humilde servidor, uma profunda humildade, não se julgando necessário e reconhecendo a própria fraqueza e incapacidade, de corpo e de espírito, para exercer adequadamente o ministério petrino, e ao pedir perdão – ‘peço perdão por todos os meus defeitos’. (Por trás da renúncia, 19/02/2013, online).

Bento XVI, depois da renúncia, agiu sempre na discrição e na obediência ao único legítimo sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Afirmou Bento: “O Papa é um só, Francisco” (Vatican.news, 27/06/2019, online). Da parte do Papa Francisco nunca faltou, nas visitas e nas palavras, carinho e respeito para com o Papa emérito e sua última missão de ser, a partir do mosteiro Mater Ecclesiae, uma voz orante que ajuda a sustentar a Igreja. Disse o Santo Padre, em sua Audiência do dia 28 de dezembro último, sob calorosos aplausos dos peregrinos: “Uma oração especial pelo Papa emérito Bento 16, que no silêncio está sustentando a Igreja. Recordemos, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim”. E logo depois foi visitar Bento XVI onde, segundo dizem, ministrou-lhe a unção dos enfermos.

Pessoalmente tenho que agradecer, sem mérito nenhum de minha parte, ao Papa Bento XVI a minha nomeação para Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará em 13 de outubro de 2004 a e a minha nomeação para Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro a 27 de fevereiro de 2009.

Não poderia deixar de tributar meu sincero agradecimento pela sua escolha pessoal para que, após a jornada em Madrid, de que a Jornada Mundial da Juventude – JMJ – 2013 – fosse celebrada no Rio de Janeiro. Ele não pode estar conosco, mas o Papa Francisco colheu a alegria, o entusiasmo e o calor humano dos milhares e milhares de jovens que encheram a Praia de Copacabana para escutar o Sucessor de Pedro. Eu, como monge cisterciense, sempre tive uma sintonia espiritual com o precioso tesouro espiritual que foi o Magistério e o Pontificado do Papa Bento XVI, um magno e sumo pastor, em especial pelo seu nome, já que os cistercienses seguem a Regra de São Bento.

A notícia divulgada nesta manhão do último dia do ano de 2022 é para nós uma oportunidade de um grande exame de consciência no ano que termina e de nos colocarmos disponíveis para o novo ano que se inicia, agora com o olhar retrospectivo de um grande homem de Deus que partiu e que serviu à Igreja como “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Ao me deslocar para Roma nestes dias para suas exéquias recordo com carinho dos vários encontros pessoais que tivemos com ele e, em especial, seu grande amor à Igreja e à Cristo que marcou sua vida e missão. Para mim são profundas as palavras do ministério do Papa Bento XVI: Cooperatores veritatis!”. Sempre busquemos ser, com Cristo, cooperadores da Verdade do Evangelho! Agora no céu, suplicamos, que o Papa Bento XVI junto de Deus interceda por todos nós que o amamos e continuamos reverenciando a sua obra, o seu pontificado, e o seu sorriso discreto e amável, uma das maiores obras teológicas e pastorais de todos os tempos. Descanse em paz! Deus lhe pague pelo seu testemunho de construtor de pontes, sem jamais renunciar a verdade da fé católica e apostólica.

Onde a Sagrada Família viveu no Egito?

Rembrandt | Octave 444 | CC BY-SA 4.0
Por Philip Kosloski

Jesus provavelmente deu seus primeiros passos não em Belém ou em Nazaré, mas sim no Egito.

É fácil esquecer que uma parte da primeira infância de Jesus foi passada bem longe de Belém e da Terra Santa. Forçada ao exílio pelo rei Herodes, a Sagrada Família fugiu para o Egito e lá viveu durante alguns anos.

É fascinante pensar nesse tempo na vida de Jesus. Será que Ele viu as antigas pirâmides? Será que admirou o grande rio Nilo?

Antes de falarmos dos possíveis locais do exílio de Jesus no Egito, vamos primeiro recordar a narrativa de Mateus:

“Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em so­nhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito chamei meu filho (Os 11,1)”.

Mateus 2,13-15.

Os historiadores tendem a discordar quando se trata da data da morte do rei Herodes. A maioria dos estudiosos aponta para 4 a.C., enquanto alguns afirmam que ele morreu bem depois, em 1 d.C. Qualquer que tenha sido a data real, a tradição local afirma que a Sagrada Família viveu no Egito durante cerca de quatro anos.

É intrigante imaginar Jesus dando seus primeiros passos e dizendo suas primeiras palavras não em Belém ou em Nazaré, mas sim no Egito!

De acordo com as tradições locais, a primeira parada da Sagrada Família foi em Farma, ao leste do rio Nilo. Depois eles continuaram até Mostorod, uma cidade ao norte do Cairo. Há uma nascente perto da cidade que, segundo a piedade popular, surgiu após a sua chegada.

Eles teriam ainda parado em Sakha, local de uma rocha que teria uma impressão do pé do Menino Jesus.

Seguindo em frente, passaram por Wadi El Natroun antes de chegar aos arredores do Cairo. Naquele ponto há um lugar onde, dizem, uma árvore deu sombra à Sagrada Família.

José, Maria e Jesus certamente viram as antigas pirâmides do Egito enquanto prosseguiam a sua viagem, possivelmente parando para admirar aquela tão surpreendente vista.

A família no exílio continuou então para o Velho Cairo e até Maadi, onde teriam subido a um barco rumo a Deir El Garnous e, depois, Gabal Al-Teir.

O principal local de permanência foi Gebel Qussqam. Acredita-se que eles tenham ficado ali durante cerca de seis meses. Antes de voltar para casa, teriam parado em Assiut e, finalmente, voltaram para a Terra Santa.

O povo copta egípcio tem grande orgulho deste capítulo tão especial da vida de Jesus e se sente particularmente próximo da Sagrada Família, que caminhou e viveu entre eles durante os primeiros anos de Jesus quando criança.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

“Aprendei a fazer o bem: buscai o direito.” (Is 1,17)

Cidade Nova

“Aprendei a fazer o bem: buscai o direito.” (Is 1,17) | Palavra de Vida Janeiro 2023

Confira a Palavra de Vida Janeiro 2023 nos formatos texto, podcast, vídeo e baixe agora o PDF.

publicado em 29/12/2022

A Palavra de Vida do mês de janeiro encontra-se no primeiro capítulo do profeta Isaías. A frase foi escolhida como lema para a Semana de Oração pela Unidade Cristã1. Os textos das celebrações foram preparados por um grupo de cristãos de Minnesota, nos Estados Unidos2. A questão do direito, da justiça é um tema candente. As desigualdades, as violências e os preconceitos crescem no terreno de uma sociedade que tem dificuldades em testemunhar uma cultura de paz e de unidade.

Os tempos de Isaías não eram muito diferentes dos nossos. As guerras, as rebeliões, a busca da riqueza, do poder, a idolatria, a marginalização dos pobres tinham levado o povo de Israel a perder o rumo certo. O profeta convoca seu povo com palavras muito duras para um caminho de conversão, indicando a via para retornar ao espírito original da aliança que Deus fez com Abraão.

“Aprendei a fazer o bem: buscai o direito.”

O que significa aprender a fazer o bem? Precisamos assumir a disposição de aprender. Isso exige um esforço da nossa parte. Na caminhada do dia a dia, sempre temos algo a compreender, a melhorar; podemos recomeçar quando erramos.

O que significa buscar o direito? A justiça é como um tesouro que deve ser procurado, desejado, é o objetivo de nossa ação. Praticar a justiça nos ajuda a aprender a fazer o bem. É saber captar a vontade de Deus, que é o nosso bem.

Isaías oferece exemplos concretos. As pessoas que Deus mais prefere, por serem as mais indefesas, são os oprimidos, os órfãos e as viúvas. Deus convida seu povo a cuidar concretamente dos outros, especialmente daqueles que não estão em condições de fazer valer os próprios direitos. As práticas religiosas, os ritos, os sacrifícios, as orações não lhe agradam se tudo isso não for acompanhado pela busca e pela prática do bem e da justiça.

“Aprendei a fazer o bem: buscai o direito.”

Esta Palavra de Vida nos provoca a ajudar os outros, a ter um olhar atento, socorrendo concretamente os necessitados. Nosso caminho de conversão exige isso: abrir o coração, a mente, os braços, especialmente para aqueles que sofrem.

“O desejo e a busca da justiça estão desde sempre inscritos na consciência do homem, foram colocados pelo próprio Deus no seu coração. Mas, apesar das conquistas e dos progressos alcançados ao longo da história, como ainda está longe a plena realização do projeto de Deus! As guerras que são travadas ainda hoje, assim como o terrorismo e os conflitos étnicos, são o sinal das desigualdades sociais e econômicas, das injustiças, do ódio. [...] Sem amor, sem respeito pela pessoa, sem atenção às suas necessidades, os relacionamentos pessoais podem até mesmo ser corretos, mas também podem tornar-se burocráticos, incapazes de dar soluções satisfatórias às exigências humanas. Sem o amor jamais existirá justiça verdadeira, partilha de bens entre ricos e pobres, respeito pela singularidade de cada homem e de cada mulher e pela situação concreta na qual se encontram.”3 

“Aprendei a fazer o bem: buscai o direito.”

Viver para o mundo unido é assumir as feridas da humanidade por meio de pequenos gestos que podem ajudar a construir a família humana.

Um dia, o professor argentino Juan [nome fictício] encontra por acaso o diretor do instituto onde tinha lecionado e que o tinha demitido alegando um pretexto qualquer. Quando o diretor o reconhece, tenta evitá-lo, mas Juan vai ao seu encontro. Pergunta-lhe pelas novidades, e o diretor lhe conta as dificuldades daquele último período. Diz que agora mora em outra cidade e está procurando trabalho. Juan se oferece para ajudá-lo e no dia seguinte conta para seus conhecidos a notícia de que está procurando emprego para uma pessoa. A resposta não demora. Quando o diretor recebe a notícia da oferta de um novo trabalho, mal consegue acreditar! Aceita o trabalho, profundamente agradecido e comovido pelo fato de que justamente a pessoa que um dia ele havia demitido tivesse demonstrado interesse concreto para com ele.

Também Juan recebe o “cêntuplo”: justamente naquele momento lhe oferecem dois trabalhos que ele sempre tinha desejado, desde quando havia entrado na universidade. Também ele fica maravilhado e sensibilizado por esse amor concreto de Deus4.

1) No hemisfério Norte, todos os anos, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) termina no dia 25 de janeiro, festa da conversão de são Paulo. No hemisfério Sul, a celebração vai do domingo em que se festeja a Ascensão até o domingo de Pentecostes (em 2023 será de 21 a 28 de maio). É um convite a manter vivo o empenho pelo diálogo ecumênico durante o ano todo. 

2) Em Mineápolis, cidade mais populosa do Estado de Minnesota, foi morto George Floyd em 2020. O evento deu início a um movimento para a eliminação de toda forma de discriminação racial.

3) LUBICH, C., Palavra de Vida, novembro de 2006.

4) Extraído e readaptado de “Il Vangelo del giorno”, Città Nuova, ano VIII, n° 1, janeiro-fevereiro de 2022.

Confira a Palavra de Vida de Janeiro 2023 nos formatos podcast, vídeo infantil e PDF para compartilhar e ler offline clicando aqui.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF