+ Sergio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
No último domingo do ano litúrgico, celebramos a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Nós exultamos de alegria, aclamando com o salmista que “Deus é rei e se vestiu de majestade; glória ao Senhor!” (Sl 92). A Liturgia da Palavra nos mostra que tipo de rei é Jesus Cristo. Não se pode aplicar a Jesus a figura de rei que comumente se conhece na história. O Evangelho nos mostra a face de Cristo Rei diante de Pilatos. Jesus sempre recusou ser coroado rei pelo povo, em momentos de euforia popular, pois o seu “reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Ele não poderia ser considerado um rei dentre outros, segundo os costumes dos povos. Diante de Pilatos, em meio a Paixão, Jesus sofredor admite: “Tu o dizes: eu sou rei” (Jo 18,37), o “rei” que veio ao mundo “para dar testemunho da verdade”. Na sua paixão e morte na cruz, Jesus se revela o verdadeiro rei, o Senhor, que vem para dar a vida. Ele é um rei muito diferente! Seu trono é a cruz; sua coroa é de espinhos; seu manto vermelho está embebido do próprio sangue vertido do corpo flagelado; seu cetro real é uma vara colocada em suas mãos por zombaria. Ao invés de cercar-se de honrarias, ele se faz servo, doando a sua vida.
Entretanto, este rei morto na cruz alcançou a vitória. Nós proclamamos, ao rezar o Creio, que “Jesus ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e está sentado à direita do Pai”. Com o livro do Apocalipse, nós aclamamos: “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dos mortos, o soberano dos reis da terra” (Ap 1,5). Por isso, ele reina como “Nosso Senhor e Rei do Universo”. O prefácio desta missa afirma que o Reino de Jesus é um “reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. É este o Reino que pedimos ao Pai, todas as vezes que rezamos o Pai Nosso.
Neste domingo, comemoramos o Dia do Leigo, encerrando o Ano Nacional do Laicato. Nós rezamos, especialmente, pelos cristãos leigos e leigas, chamados a participar ativamente da vida e da missão da Igreja, na comunidade e no mundo. O lema do Ano do Laicato ressalta justamente aquilo que está no coração da vocação dos cristãos leigos: ser “sal da terra” e “luz do mundo”. A participação ativa dos leigos na comunidade é fundamental; ao mesmo tempo, torna-se cada vez mais necessária a atuação do laicato no mundo, nos diversos campos da vida social. Nós agradecemos aos fiéis leigos que tanto se dedicam à Igreja nas diversas pastorais, movimentos e serviços, participando, de modo responsável, na construção da sociedade querida por Deus, rumo ao Reino definitivo.
Arquidiocese de Brasília / O Povo de Deus