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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

“Concede o que ordenas”

Heresia | Biblioteca do Pensador
Por Revista 30Dias - 09/2009

“Concede o que ordenas”

Essa invocação desencadeou a reação duríssima de Pelágio, quando este a ouviu em Roma durante a leitura do livro X das Confissões, em que Agostinho repete várias vezes: “Da quod iubes et iube quod vis”. Uma oração que encarrega a Deus por algo que, segundo Pelágio, é tarefa do homem. Entrevista com Nello Cipriani, professor ordinário do Instituto Patrístico “Augustinianum”

Entrevista com Nello Cipriani de Lorenzo Cappelletti

Como sempre, encontramos padre Cipriani trabalhando. Afinal, para aquilo que é chamado “trabalho intelectual”, às vezes enfaticamente, deve valer o mesmo que vale para o trabalho manual dos operários e dos artesãos: uma bancada a que um homem se aplique com assiduidade diária. O último fruto da bancada de trabalho de padre Cipriani é um livro que acaba de sair pela Città Nuova: Molti e uno solo in Cristo. La spiritualità di Agostino. A obra nos dá ensejo para uma breve conversa com ele sobre a oração em Santo Agostinho, a começar pela frase do bispo de Hipona com que o papa Bento XVI encerrou a homilia dirigida a seus ex-alunos em agosto passado (cf. 30Dias, nº 8, 2009): Da quod iubes et iube quod vis (Concede o que ordenas e depois ordenas o que queres).

NELLO CIPRIANI: Você sabia que essa frase desencadeou uma reação duríssima de Pelágio, quando ele a ouviu pela primeira vez num círculo de Roma em que estavam lendo as Confissões de Agostinho? Era mais ou menos o ano de 405, e ali se encontravam Pelágio, um bispo amigo de Agostinho e outras pessoas. Estavam lendo o livro X das Confissões, em que Agostinho (como ele mesmo lembra no De dono perseverantiae 20, 53) repete várias vezes: Da quod iubes et iube quod vis. Diante dessa invocação, Pelágio se levantou, furioso, porque a considerava uma ofensa a Deus. De fato, a oração encarregava a Deus por algo que, segundo Pelágio, é tarefa do homem: Deus ordena, e o homem deve executar. Da quod iubes? Não, afirma Pelágio, não é Deus quem deve conceder, pois, se assim fosse, a culpa, no caso de o homem não fazer o que Deus ordena, recairia sobre o próprio Deus. Nessa circunstância, fica bem clara toda a distância que separa Pelágio de Agostinho. São duas concepções opostas da vida cristã. Enquanto Agostinho deriva todas as boas obras do dom do Espírito Santo, oferta do próprio Deus, ponto de partida da oração e de uma vida nova, para Pelágio é o homem que, instruído por Cristo mediante o ensinamento, o exemplo e a graça, entendida apenas como iluminação da inteligência, decide por si mesmo se fará o bem ou o mal. Não há nenhuma outra ajuda por parte de Deus. Para Agostinho, repito, é o Espírito Santo quem que nos faz gemer (como diz São Paulo, no capítulo VIII da Carta aos Romanos), quem nos inspira o desejo santo, quem nos inspira sentimentos de afeição filial por Deus, com os quais nos dirigimos a Ele como Pai; é o Espírito Santo, enfim, quem nos inspira a oração. Para Pelágio, essa outra inspiração, essa afeição interior movida pelo Espírito Santo, não existe.

No fim das contas, poderíamos dizer que é em torno da oração que se dá todo o conflito entre Agostinho e Pelágio. Na concepção pelagiana, a oração se transforma em algo supérfluo, ou pelo menos não absolutamente necessário.
CIPRIANI: É isso mesmo. Toda a insistência de Agostinho na necessidade da oração deriva de sua concepção da vida cristã, cujo centro é o Espírito Santo que habita em quem crê. Falam demais no cristocentrismo agostiniano, mas quase nunca do Espírito Santo em Agostinho, a ponto de alguns chegarem a negar esse aspecto. Na realidade, o Espírito Santo também está no centro. A doutrina da graça está estreitamente ligada à fé de que o Espírito Santo nos foi concedido para sermos renovados e nos tornarmos filhos de Deus, para transformar o coração de pedra do homem num coração de carne, para tornar o homem um filho capaz de amar o Pai, e capaz de amar a tudo o que é bom e justo segundo a Sua vontade. Pelágio desconsidera por completo toda essa ação interior do Espírito Santo. Podemos constatar como Pelágio não dava importância alguma à oração pela leitura de um texto seguramente de sua autoria, a Carta a Demetríade, uma jovem da nobreza romana que se consagrara a Deus. Pelágio escreveu essa carta como texto de formação espiritual. Nela, só menciona o Espírito Santo e a oração uma vez. E não se refere à oração como súplica, pedido de que Deus ajude a jovem a manter-se fiel a sua consagração, mas tão somente à oração entendida como meditação sobre a Lei. A ideia de que devamos pedir ajuda a Deus para realizar o bem é totalmente estranha a Pelágio. Ele o diz explicitamente na Carta a Demetríade: você, sendo de nobre família, tem muitas riquezas, muitas honras, mas esses bens, embora lhe pertençam, não são realmente seus, pois você os herdou; já a virtude é um bem somente seu, porque só você pode alcançá-la, está apenas em suas mãos. Assim, exorta-a sem fazer nenhuma referência à súplica, à invocação de ajuda de Deus, salientando que tudo depende dela. Já Agostinho exorta sempre seus cristãos a rezar.

Há algumas semanas, a oração do dia da santa missa dominical nos fazia dizer: “Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer”. A liturgia acolheu fortemente o que Agostinho sublinha.
CIPRIANI: Sem dúvida, a liturgia reflete muito bem esse ensinamento de Agostinho sobre a graça e a necessidade da oração. De qualquer forma, é preciso observar que tudo o que Santo Agostinho diz sobre a oração é o que aprendeu da Escritura e do Pai-nosso, em primeiro lugar. Em outras palavras, a oração não está ligada apenas ao Espírito Santo, mas também ao Evangelho. Só podemos pedir algo corretamente quando nos conformamos à oração que Jesus nos ensinou. É importante sublinhar também o quanto, para Agostinho, que tanto se apoia no Espírito Santo, é igualmente imprescindível o ensinamento de Jesus Cristo. Prova disso é que salienta fortemente a segunda parte do Pai-nosso, logo depois de “perdoai-nos as nossas ofensas”, ou seja, o “assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”. E insiste, contra Pelágio, também no “e não nos deixeis cair em tentação”, justamente porque o encontra na oração que o Senhor nos ensinou e que é para nós a regra em que devemos inspirar nossa oração. Pelágio, que não pede a Deus que não o deixe cair em tentação porque considera que tudo é tarefa do homem, põe-se contra o ensinamento do Senhor. No início do livro II do De peccatorum meritis, Agostinho escreve que não consegue “expressar com palavras o quanto é danoso, o quanto é perigoso e contrário à nossa salvação (uma vez que esta está em Cristo), o quanto é oposto à própria religião que abraçamos e à piedade com que honramos a Deus não rezar ao Senhor para obter o benefício de não sermos vencidos pela tentação, e considerar vã a invocação ‘não nos deixeis cair em tentação’, contida na oração do 1259595992683">CIPRIANI: Além do Pai-nosso, é dos salmos que Agostinho extrai as razões para o Da quod iubes et iube quod vis. Os salmos todos nada mais são que uma invocação da ajuda de Deus para que realizemos o que Ele ordena. Pouco mais adiante, no mesmo De peccatorum meritis (II, 5, 5), depois de ter dito que Deus oferece sua ajuda não apenas a quem está voltado para ele, mas também aos que não estão, para que se voltem para ele, dá como motivo do Da quod iubes justamente as palavras dos salmos: “Logo, quando nos ordena: ‘Convertei-vos a mim e eu me converterei a vós’, e nós lhe dizemos: ‘Converte-nos, ó Deus, nossa salvação’ [Sl 84, 5], e ‘Converte-nos, ó Deus dos exércitos’ [Sl 79, 8], que mais lhe dizemos, senão ‘Concede o que ordenas’? Quando ordena: ‘Aprendei, ó insensatos do povo’, e nós lhe dizemos: ‘Faz-me sábio e aprenderei a tua Lei’ [Sl 118, 73], que outra coisa lhe dizemos, senão ‘Concede o que ordenas’?”, e assim por diante. Santo Agostinho escreveu as próprias Confissões inspirando-se nos salmos. As Confissões não são apenas uma confissão dos pecados, mas louvor e agradecimento a Deus, e muitas vezes invocação, como quando repete Da quod iubes et iube quod vis. Essa frase, citada pelo Papa, é a expressão mais significativa da concepção cristã.

Quando você menciona os salmos, me faz lembrar de que grande parte da Regra de São Bento é apenas a indicação detalhada dos salmos que devem rezados nas diversas horas do dia, e me faz pensar também que a oração de São Francisco – como estudos muito recentes confirmaram – era toda inspirada nos salmos. Em outras palavras, o que eu quero dizer é que a tradição da santidade cristã também assumiu sempre essa inspiração fundamental.
CIPRIANI: O autêntico espírito da liturgia, que esses santos assimilaram, baseia-se totalmente nos salmos. As próprias Confissões de Agostinho começam com dois versículos dos salmos: “‘Grande é o Senhor, e muito digno de louvores’ [Sl 47, 1 e 144, 3], ‘é grande e onipotente o nosso Deus, seu saber não tem medida nem limites’ [Sl 146, 5]”. Até o estilo das Confissões se inspira no dos salmos; quase todas as linhas trazem palavras e expressões suas. Agostinho, que aprendeu com os salmos que Deus age no mundo para a salvação dos homens, retoma sua história, como o salmista, para descobrir essa presença de Deus em ação para a nossa salvação. E, tendo descoberto essa ação de Deus em favor do homem, louva-o e lhe agradece. É por isso que as Confissões são realmente um livro originalíssimo. Não são uma autobiografia. Agostinho afirma que as escreveu para louvar ao Deus justo, tanto pelos bens que lhe deu quanto pelos males que lhe permitiu evitar, e para envolver os leitores no louvor a Deus. Essa é a finalidade das Confissões, que sublinham a ideia que eu mencionava no início, de que toda a vida de quem crê é movida e animada pelo Espírito de Deus e, portanto, tudo o que o homem faz de bom é dom de Deus. Primeiro deve pedir ajuda a Deus, para poder fazer o bem, e depois deve louvá-lo e agradecer-lhe. As orações de súplica e de agradecimento são complementares, não podem existir uma sem a outra: as Confissões são ambas as coisas. Gostaria de acrescentar uma coisa.

Por favor.
CIPRIANI: Agostinho está sempre buscando e não para de rogar, mas não apenas a Deus... No sentido de que pede ajuda também aos leitores. Isso é uma coisa interessante na teologia de Agostinho. Nenhum teólogo moderno faz isso. Leia qualquer livro, de qualquer teólogo. Quando é que algum autor pede que rezem por ele e que lhe façam críticas? Agostinho é um homem realmente fascinante, não apenas por ter plena consciência de sua inteligência, mas por ter consciência também de seus limites, e, por isso, viver num diálogo constante com Deus e com os irmãos, esperando a ajuda de todos para fazer algum progresso. É um pensador que não está fechado em si mesmo, nem é cheio de orgulho por sua inteligência. Ele está sempre rezando, pedindo a Deus a luz; mas não a pede apenas a Deus, pede-a também a seus leitores.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Oportunismo eleitoreiro

Oportunismo | Dício

OPORTUNISMO ELEITOREIRO

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo de Belém (PA) 

Neste tempo de campanha eleitoral, como todos os anos, fomos tocados pelo festival das eleições: discursos inflamados, propostas mirabolantes, confusão de competências; vimos candidatos se passando por amiguinhos do povo nas periferias cumprimentando, abraçando, ouvindo e comendo com os pobres; muitos ilustres desconhecidos e sujeitos sem história de luta social!  

A calmaria vai voltar, os clamores continuarão e milhares de abanadores de bandeiras permanecerão desempregados. Continuaremos com a carência de pessoas generosas, críticas e comprometidas com a promoção de um mundo melhor no dia a dia. O oportunismo eleitoreiro deve ser objeto da nossa reflexão e nos levar com criticidade a aprofundar qual perfil de servidores na categoria de políticos queremos para o Brasil. O que está por detrás de tantos interesses em se eleger? Por que tanta agressividade? Por que sempre o concorrente não presta? Por que um sujeito, partido ou instituição, gastam tanto para eleger seu candidato? Qual será a estratégia do pagamento das dívidas? Será que todo esse esforço, para todos, é sinal de compromisso com o Bem Comum?  São questões importantes! O Brasil precisa de políticas institucionais de longo alcance, permanentes, universais, interdependentes. Por isso, não pode ficar à deriva das políticas de governos e nem de aventureiros.  

Certa vez, houve uma discussão entre os discípulos de Jesus e o objeto da questão  

era sobre quem deles era o maior (cf. Lc 9,46-49). Isso significava o desejo de um fazer prevalecer sobre os outros seus próprios interesses, fantasias, pretensões, vontade… Essa disputa entre os discípulos acusava a busca de glória pessoal, sinal de tentação da vaidade. Dela vem sutis formas de violências sobre os outros! A vaidade nunca serve, só se serve! E assim é a vida do vaidoso em qualquer contexto.  

Na intervenção de Jesus, os discípulos foram chamados a uma radical mudança de preocupação e mentalidade. Quem quer ser prestigiado, reconhecido como grande, deverá cultivar a atitude de gratuidade, simplicidade, serviço! Nisso ninguém deve se impor nem comprar ninguém! Também isso serve para a política. Quem quer ser notado deve aprender a servir gratuitamente, com generosidade, transparência, ser capaz de compromisso cotidiano com o exercício da filantropia, caridade, responsabilidade social. São Paulo nos adverte para não nos deixarmos levar pela mania de grandeza (cf. Rm 12,16). Jesus esclarece que o sadio desejo de grandeza deve ser consequência do testemunho da fé, da gratuidade, do amor (cf. Mt 5,12).       

Quem busca glória e status, buscará atrair sobre si benefícios, aplausos, riquezas e muitas formas de compensação. Por isso, seu serviço será seletivo e voltado para seus interesses e aqueles da sua categoria, porque lhe falta a compreensão das exigências do Bem Comum, da justiça social e do desenvolvimento humano integral.  

Quem compreendeu a identidade da autêntica política, se faz servidor público com espírito ético e senso de cidadania; esse poderá fazer um grande bem à sociedade, pois se a “cidade celeste” é servida pelos anjos, por sua vez, a “cidade terrena”, é cuidada por autênticos cidadãos apaixonados pela dignidade de todos. Que todos os que forem eleitos continuem nas ruas e amigos do povo!

Responder ao mal com o bem

Skoles | Shutterstock
Por "O São Paulo"

Circula pelas redes sociais um vídeo, gravado em São Paulo, no qual duas jovens nuas fazem uma atuação em torno de uma cruz.

Circula pelas redes sociais um vídeo, gravado em São Paulo, no qual duas jovens nuas fazem uma atuação em torno de uma cruz. Apesar da porcentagem de cristãos na população brasileira ser próxima a 80%, casos como esse se tornaram comuns tanto em nossas mídias quanto nas redes sociais. 

Muitas vezes, trata-se de um gesto intencional, procurando não apenas escandalizar, mas também enfraquecer a mentalidade cristã no País. Outras vezes, são gestos que, apesar de provocativos, nascem mais da ignorância e da falta de empatia de pessoas que não se dão conta daquilo que estão fazendo. Seja uma alternativa, seja a outra, cabe a pergunta: como esses gestos podem ser cada vez mais comuns numa sociedade que prega o respeito a todos e a abertura ao diferente, que condena toda forma de constrangimento e intolerância? 

Numa espantosa inversão ideológica, para os que praticam esses atos, o desrespeito vem justificado justamente pelo fato de ocorrer contra uma religião majoritária. As minorias vulneráveis devem ser protegidas e amparadas (e, nesse ponto, todos concordamos), mas as maiorias teriam como que suportar todas as provocações. No discurso ideológico, todo cristão fervoroso é culpado das injustiças e dos atos desumanos praticados ao longo da história, como se governos, partidos, forças econômicas e movimentos sociais não tivessem sua dose de culpa nos desmandos que existiram e continuam existindo. 

Quando os cristãos se sentem atacados e protestam, sua reivindicação por respeito é tratada como sinal de intolerância e autoritarismo – servindo para legitimar novos ataques e mais gestos de desrespeito. Alguns gestos são feitos justamente com a intenção de provocar reações indignadas dos cristãos, permitindo que seus realizadores ganhem projeção midiática e se apresentem como vítimas e não como desrespeitadores. Por isso, certas reações exaltadas só servem para piorar a situação. Sendo assim, podemos nos perguntar: o que fazer? 

O Papa Bento XVI, comentando a passagem do Evangelho em que Jesus convida a “dar a outra face” (cf. Lc 6,29), explica que essa ideia não consiste em se entregar nas mãos daquele que é mal, mas, sim, em responder ao mal com o bem (cf. Rm 12,17-21). Mas, então, nossa pergunta muda um pouco: como responder a essas provocações com o bem? 

Quando esses atos de desrespeito, por maldade ou ingenuidade, são protagonizados por jovens, podemos nos perguntar: quais são os valores cultivados pela juventude? O quanto as correntes e tendências ideológicas da atualidade têm manchado a consciência dos jovens a respeito da dignidade de seus corpos, que, como enfatizou o Papa Francisco, são “o lugar do nosso chamado ao amor autêntico”, onde “não há espaço para a superficialidade” (cf. Audiência Geral de 31 de outubro de 2018)? 

A indignação diante dessas situações, pode ser compreensível, mas a raiva sempre é má conselheira. Ela não nos conduz ao bem, mas nos faz potencializar o mal. Antes de condenar o erro, cabe-nos testemunhar o amor e a virtude. Vivemos uma batalha pelo coração do ser humano, pelo nosso coração, pelo coração de nossos jovens… E só o amor pode conquistar nosso coração para Cristo. Um amor que é capaz de trazer a alegria e o verdadeiro gosto de viver – pois não nos enganemos: todo ser humano, inclusive os jovens de hoje e as pessoas que nos agridem, quer uma vida que tenha gosto, que valha a pena ser vivida. 

Essa não é uma tarefa só das autoridades eclesiásticas, dos padres ou dos professores. Todos nós somos chamados a ser um testemunho da “alegria do Evangelho”, a calar as provocações não com agressividade, mas com a força do encontro que acolhe e mostra um caminho de realização de vida mais plena e cheia de beleza. 

(Editorial do jornal O São Paulo)

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jogar comida fora é jogar pessoas fora, diz o papa Francisco

Papa Francisco / Vatican Media

Vaticano, 30 Set. 22 / 09:10 am (ACI).- “Já disse isso no passado, e não me cansarei de insistir, jogar comida fora é jogar pessoas fora”, disse o papa Francisco ontem (29) numa mensagem enviada ao diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura FAO, Qu Dongyu por ocasião do Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdícios de Alimentos 2022.

“Os alimentos não podem ser objeto de especulação. A vida depende deles. E é um escândalo que grandes produtores estimulem o consumismo compulsivo para se enriquecerem, sem sequer considerar as necessidades autênticas dos seres humanos”, escreveu o papa Francisco.

Francisco disse que "tanto a perda como o desperdício de alimentos são fatos verdadeiramente deploráveis, porque dividem a humanidade entre os que têm demais e os que carecem do essencial, porque aumentam as desigualdades, geram injustiças e negam aos pobres aquilo que precisam para viver com dignidade”.

O papa falou da gravidade deste problema "que não podemos deixar passar neste momento difícil em que vivemos".

"Multidões de seres humanos não podem ter acesso à alimentação adequada ou aos meios para obtê-la, que é um direito básico e prioritário de toda pessoa”, lamentou o papa acrescentando que “ver os alimentos jogados no lixo ou deteriorados por falta de recursos necessários para fazê-lo chegar aos seus destinatários é realmente vergonhoso e preocupante”.

Francisco exortou toda a comunidade internacional a se mobilizar "para pôr fim ao lamentável 'paradoxo da abundância'" e lembrou o discurso de são João Paulo II em 5 de dezembro de 1992, durante a abertura da Conferência Internacional de Nutrição.

“No mundo existe alimentos necessários para que ninguém vá dormir com fome. São produzidos alimentos mais do que suficientes para 8 bilhões de pessoas. A questão, sem dúvida, é de justiça social, ou seja, como é regulada a gestão dos recursos e a distribuição da riqueza”, disse Francisco. “O grito dos famintos, privados de um modo ou de outro de seu pão diário, deve ressoar nos centros onde são tomadas as decisões. E não pode ser silenciado ou sufocado por outros interesses”.

Francisco disse que neste assunto "de tal magnitude, não podemos nos contentar com exercícios retóricos, que terminam em declarações que depois deixam de ser cumpridas por esquecimento, mesquinhez ou ganância" e acrescentou que "é tempo de agir com urgência e buscando o bem comum”.

“É urgente tanto para os Estados como para as grandes empresas multinacionais, para as associações, como para os indivíduos, para todos, sem excluir ninguém, responder de forma eficaz e honesta ao grito de dor no coração dos famintos que pedem justiça”, disse.

Para Francisco, “cada um de nós é chamado a reorientar seu estilo de vida de forma consciente e responsável, para que nenhuma pessoa seja deixada para trás e todos recebam o alimento de que necessitam, tanto em quantidade quanto em qualidade”.

“Devemos isso aos nossos entes queridos, às gerações futuras e àqueles que estão atingidos pela miséria econômica e existencial”, concluiu o papa Francisco.

Fonte: http://www.acidigital.com/

São Jerônimo e a sua proximidade com as Sagradas Escrituras

São Jerônimo, um dos grandes Padres da Igreja nos ensina ver nas Sagradas 
Escrituras | Vatican News
30 de setembro
São Jerônimo

"São Jerônimo teve uma missão importante na transmissão no Ocidente dos textos patrísticos, mas, sobretudo bíblicos. Ele se interessou pela publicação de suas obras para o público em geral. A Sagrada Escrituras por ele traduzida dos textos originais para o latim, a famosa Vulgata foi considerada uma edição oficial, promulgada pelo Papa Dâmaso e adotada pela Igreja de Roma, também pelo inteiro Ocidente católico e do mundo."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Dia trinta de setembro comemora a Igreja São Jerônimo. Ele foi presbítero, um grande tradutor de obras de autores diversos, mas, sobretudo lidou com as Sagradas Escrituras. Nascido entre os anos 331 ou 347 na Panônia, antiga Província do Império Romano, norte da Itália, e morto em Belém, na Palestina em 30 de setembro de 420 foi ele um dos quatro grandes padres da Patrologia Latina. Ele teve uma educação bem fundamentada dada pelos seus familiares, sobretudo pelo seu pai[1]. Esteve em Roma na qual seguiu com um grupo de pessoas o ideal monástico. Depois foi para o Oriente para aprender as línguas, sobretudo o hebraico e o grego. Esteve novamente em Roma pelos anos de 380 na qual foi secretário do Papa Dâmaso que lhe solicitou uma nova versão da Sagrada Escritura, a tradução latina da assim chamada Vulgata, de modo que ele iniciou a sua caminhada familiar com os livros das Sagradas Escrituras[2]. É fundamental analisar alguns pontos, que o tornou conhecido como o patrono dos biblistas[3].

A sua importância pela transmissão dos textos bíblicos no Ocidente

São Jerônimo teve uma missão importante na transmissão no Ocidente dos textos patrísticos, mas, sobretudo bíblicos. Ele se interessou pela publicação de suas obras para o público em geral. A Sagrada Escrituras por ele traduzida dos textos originais para o latim, a famosa Vulgata foi considerada uma edição oficial, promulgada pelo Papa Dâmaso e adotada pela Igreja de Roma, também pelo inteiro Ocidente católico e do mundo. Na verdade o Papa Dâmaso queria uma versão melhor para que assim a palavra de Deus chegasse mais perto do público em geral[4].

A atenção à Bíblia

São Jerônimo deu uma grande atenção à Bíblia, uma vez que era necessária uma nova versão das Escrituras Sagradas. Já em Roma ele traduziu do grego para o latim os quatro evangelhos, a versão dos Salmos, que foi perdida. Em Belém, na Palestina, ele se dedicou a tradução do hebraico das Escrituras para o latim, tendo presente também as versões judaicas de Áquila e de Símaco, os quais fizeram traduções das Sagradas Escrituras[5].

A atenção à Bíblia foi realizada pelo fato de que deu uma forte acentuação da importância do texto hebraico da Bíblia com o redimensionamento do texto grego dos LXX (os setenta). O fato era que à medida que relia a Bíblia dos Setenta impulsionava-lhe à aproximação do texto original. Desta forma aprendeu ele o hebraico, e ele envolveu neste esforço, os seus discípulos, sobretudo mulheres, Paula e Marcela, dos quais tiveram como conseqüência de suas traduções a sua monumental tradução dos textos bíblicos do hebraico, grego ao latim na Bíblia Vulgata, que foi o texto alto de referência de toda a cultura cristã ocidental até aos nosso dias[6].

O Livro inspirado

São Jerônimo tinha presente nos livros das Sagradas Escrituras a inspiração como o núcleo central, no qual fazia todo o progresso das traduções do hebraico, grego para o latim e também como fim da vida cristã do qual se nutria na fé e no amor, na esperança do cumprimento da história da salvação, com a volta do Senhor na glória[7]. A Escritura foi inspirada por Deus. Esta familiaridade com a Sagrada Escritura, a Bíblia, compreendeu-se como condição essencial do respiro para ele e para o fiel cristão. Este ponto muito forte em São Jerônimo à abordagem cristã à Bíblia foi determinante para a cultura cristã ocidental, e, influenciou muito também na transmissão do saber dos Padres sucessivos, e também na Idade Média até chegar à modernidade[8].

São Jerônimo era um grande seguidor da escritura clássica, latina. Mas ao perceber a importância das Sagradas Escrituras, resolveu o seu conflito interior e orientou todas as suas energias à fé, dedicando alma, corpo à tradução e ao estudo da Escritura inspirada[9].

A sacralidade dos textos bíblicos

São Jerônimo era convicto da sacralidade do texto bíblico e de sua importância como leitura à vida cristã. Desta forma ele não fez traduções dos livros sagrados por apenas traduzir como se fosse uma profissão, mas ele fez das traduções com toda a sua equipe, uma vida de fé, encontrando na Bíblia, a palavra de Deus para as pessoas e para o mundo. Os textos bíblicos eram para ele reconhecidos como depositários de verdade percebidas, para a venerabilidade que lhes era reconhecida, além de sua antigüidade[10]. Ele não ficou num simples ponto de vista técnico, mas através da atividade de traduções ligou o seu espírito com o espírito do texto tornando-se mestre espiritual[11] levando também as pessoas para a dimensão espiritual através do texto sagrado.

O Cristo presente nas Escrituras

Tendo presente o dado que o texto na qual ele traduzia era inspirado por Deus, São Jerônimo afirmou que era necessário perscrutar as Escrituras (Jo 5,39), percebendo a presença do Senhor Jesus em todas elas. E seguindo a palavra do evangelista São Mateus que disse na palavra de Jesus, que ignorar as Escrituras é ignorar o Poder de Deus ( Mt 22,29), pois Deus é o Deus dos vivos e não de mortos, e Deus ressuscitará com o seu poder os corpos, ou para a condenação eterna ou para a vida eterna (Mt 22, 23-33), na crítica que o Senhor Jesus fez aos saduceus, negadores da ressurreição, São Jerônimo afirmou que ignorar as Escrituras é ignorar Cristo[12]. É preciso perceber a presença de Jesus no AT que se completou em Jesus Cristo, o enviado do Pai.

Em São Jerônimo ficou claro o dado que a sua fé em Cristo permaneceu um critério preferencial na interpretação do Antigo Testamento[13]. A presença de Cristo impulsionou a sua tradução das Sagradas Escrituras. São Jerônimo, um dos grandes Padres da Igreja nos ensina ver nas Sagradas Escrituras, a presença do Senhor que falou na Lei de Moisés, nos Profetas, nos Salmos(Lc 24,44) e, sobretudo Jesus fez-se carne (Jo 1,14), morreu na cruz, ressuscitou dos mortos para a nossa salvação e caminha conosco como Eterno Encarnado para juntos um dia gozar da vida eterna.

[1] Cfr. Patrologia, Vol. III. I Padri Latini (Secoli IV-V), Institutum Patristicum Augustinianum, a cura di Angelo Di Berardino con presentazione di Johannes Quasten. Casale, Marietti, 1983, pg. 203.

[2] Cfr. J. Gribomont. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità CristianeF-O, diretto da Angelo Di Berardino. Genova-Milano, Casa Editrice Marietti SpA, 2007, pgs. 2262-2263.

[3] Cfr.Missal Cotidiano, Missal da Assembleia Cristã. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 1755.

[4] Cfr. Patrologia, Vol. III. I Padri Latini (Secoli IV-V), pgs. 209-210.

[5] Cfr. J. Gribomont. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità CristianeF-O, pg. 2264.

[6] Cfr. Guido Innocenzo Gargano. Il Sapore dei Padri dsella Chiesa nell´esegesi biblica. Cinisello Balsamo, Milano, Edizioni San Paolo, 2019, pg. 228.

[7] Cfr. Idem, 229.

[8] Cfr. Idem, pgs. 229-230.

[9] Cfr. Idem, pgs. 230-231.

[10] Cfr. Idem, pg. 232.

[11] Cfr. P. Hadot. Esercizi spirituali e filosofia ântica. Torino, Einaudi, 1988, pgs. 14-16; Idem, pg. 234.

[12] Web site: Ofício das Leituras da Memória de São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja - Liturgia das Horas Online.

[13] Cfr. Patrologia, Vol. III. I Padri Latini (Secoli IV-V), pg. 232.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A fé que salva uma nação

A fé | Cléofas

A fé que salva uma nação

 POR PROF. FELIPE AQUINO

É necessário que hoje surjam novos “Macabeus”; não para defender a Lei de Deus e da Igreja com as armas do passado, mas com as de hoje!

Umas das páginas mais emocionantes da Bíblia é a narração dos livros de Macabeus, que descreve a resistência dessa família judaica contra a imposição que o rei pagão sírio Etíoco Epifanes IV quis submeter Israel, profanando o Templo de Jerusalém, com aquilo que o profeta Daniel chamou de “abominação da desolação”. Este rei tinha dominado Jerusalém depois de saqueá-la e matar muita gente. Derramaram sangue inocente e profanaram o Santuário. “Seu templo ficou desolado como um deserto, seus dias de festa se transformaram em dias de luto, seus sábados, em dias de vergonha, e sua glória em desonra” (1 Mac 1,39).

E o rei quis implantar a todo custo o paganismo em Israel, forçando o povo de Deus a viver segundo os costumes pagãos, helênicos. Toda esta bela narrativa pode ser vista nos dois livros de Macabeus.

Muitos judeus abandonaram a Lei de Deus; assim foram narrados os acontecimentos:

“Afastaram-se da aliança com Deus, para se unirem aos estrangeiros e venderam-se ao pecado… Muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e violando o sábado… Por intermédio de mensageiros, o rei enviou a Jerusalém e às cidades de Judá, cartas prescrevendo que aceitassem os costumes dos outros povos da terra, suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no Templo, violassem os sábados e as festas, profanassem o Santuário e os santos, erigissem altares, templos e ídolos, sacrificassem porcos e animais imundos, deixassem seus filhos incircuncidados e maculassem suas almas com toda sorte de impurezas e abominações, de maneira a obrigarem-nos a esquecer a Lei e a transgredir as prescrições. Todo aquele que não obedecesse à ordem do rei seria morto. Foi nesse teor que o rei escreveu a todo o seu reino; nomeou comissários para vigiarem o cumprimento de sua vontade pelo povo e coagirem as cidades de Judá, uma por uma, a sacrificar. Houve muitos dentre o povo que colaboraram com eles e abandonaram a lei. Fizeram muito mal no país. Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas praças públicas, rasgavam e queimavam todos os livros da lei que achavam; em toda parte, todo aquele em poder do qual se achava um livro do testamento, ou todo aquele que mostrasse gosto pela Lei, morreria por ordem do rei. Com esse poder que tinham, tratavam assim, cada mês, os judeus que eles encontravam nas cidades e, no dia vinte e cinco do mês, sacrificavam no altar, que sobressaía ao altar do templo. As mulheres, que levavam seus filhos a circuncidar, eram mortas conforme a ordem do rei, com os filhos suspensos aos seus pescoços. Massacravam-se também seus próximos e os que tinham feito a circuncisão” (1 Mac 1,1-62).

Quando leio e medito essas passagens, fico vendo o que acontece em nosso país hoje, que parece sofrer algo semelhante, embora de maneira diferente; uma nação cristã, que nasceu sob o signo da Cruz e da santa Missa (Terra de Santa Cruz!), mas que hoje vê as santas Leis de Deus profanadas, não por um rei estranho, mas pelos seus próprios filhos. Seus Representantes legais e judiciais aprovam leis iníquas e imorais, que contradizem a santa vontade de Deus: Aborto, eutanásia, suicídio assistido, inseminação artificial, manipulação e morte de embriões humanos, casamento de pessoas de mesmo sexo, uniões “conjugais” escandalosas, divórcio, uniões livres, camisinha, pílula abortiva do dia seguinte, pornografia, nudismo, prostituição profissional…

Mas, como sempre, houve aqueles judeus que não se renderam; mas enfrentaram os incrédulos: “Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de não comer nada que fosse impuro, e preferiram a morte antes que se manchar com alimentos; não quiseram violar a santa Lei e foram trucidados. Caiu assim sobre Israel uma imensa cólera” (1 Mac 1,62-64).

Que testemunho maravilhoso, por exemplo, daquela mãe que preferiu ver seus sete filhos serem martirizados diante dela do que renegar a Lei de Deus. Um deles disse ao carrasco, prestes a dar o último suspiro: “Maldito, tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do universo nos ressuscitará para a vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis” (2 Mac 7, 9). Disse o escritor sagrado que:

“Particularmente admirável e digna de elogios foi a mãe que viu perecer seus sete filhos no espaço de um só dia e o suportou com heroísmo, porque sua esperança repousava no Senhor. Ignoro, dizia-lhes ela, como crescestes em meu seio, porque não fui eu quem vos deu nem a alma, nem a vida, e nem fui eu mesma quem ajuntou vossos membros. Mas o criador do mundo, que formou o homem na sua origem e deu existência a todas as coisas, vos restituirá, em sua misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas leis” (v.20-23).

E diante da ousadia diabólica do rei Antíoco, surgiu uma família corajosa, os Macabeus, que não se renderam e expulsaram os inimigos e Israel no poder de Deus. O patriarca Matatias, sacerdote, enfrentou os infiéis. Diante do convite dos delegados do rei, para que ele apostatasse e recebesse as benesses do rei, Matatias foi corajoso:

“Ainda que todas as nações, incorporadas no império do rei, passem a obedecer-lhe, abandonando a religião de seus antepassados e submetendo-se aos decretos reais, eu, meus filhos e meus irmãos, continuaremos seguindo a aliança de nossos pais. Deus nos guarde de abandonarmos sua Lei e seus mandamentos. Não atenderemos às ordens do rei e não nos desviaremos de nossa religião nem para a direita nem para a esquerda” (Mac 2, 19-22). E Matatias saiu gritando em alta voz pela cidade: “Quem tiver amor pela Lei e quiser conservar a aliança, venha e siga-me!” (v.20-27).

Em suas mãos a campanha teve pleno êxito, de modo que a Lei foi defendida contra os pagãos e seus reis, e não permitiram que o pecador triunfasse (47-48). Morrendo Matatias, seus filhos, chefiados por Judas Macabeus, continuaram a luta por Deus. “Quanto a vós, meus filhos, sede corajosos e destemidos em observar a Lei, porque por ela chegareis à glória” (v. 64). E Judas continuou a luta heroica do pai: “Percorreu as cidades expulsando de Judá os ímpios, desviando assim de Israel a cólera divina” (1 Mac 3, 8).

Diante daquele exército numeroso dos gentios, Judas disse aos que os temiam: “É fácil, respondeu Judas, a um punhado de gente fazer-se respeitar por muitos; para o Deus do céu não há diferença entre a salvação de uma multidão e de um punhado de homens, porque a vitória no combate não depende do número, mas da força que desce do céu… O próprio Deus os esmagará aos nossos olhos. Não os temais” (v.18-22).

O lema de Judas era esse: “Levantemos nossa pátria de seu abatimento e lutemos por nosso povo e nossa religião” (V.43)… “é preferível morrer no combate, que ver nosso povo perseguido e profanado nosso Santuário. Que se faça somente a vontade de Deus!” (V.59-60).

Diante dos inimigos, na hora do combate, disse Judas: “Gritemos agora para o céu para que ele se apiede de nós, que se lembre da Aliança com nossos antepassados e queira hoje esmagar esse exército aos nossos olhos” (1 Mac 4,10). “Travou-se a batalha, mas os inimigos, derrotados, puseram-se em fuga através da planície” (v. 14). “E assim venceram os inimigos. Judas e seus irmãos disseram então: Eis que nossos inimigos estão aniquilados; subamos agora a purificar e consagrar de novo os lugares santos” (v. 36).

Jesus disse: “Quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos Céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos Céus” (Mt 10,32-33). Negar a Lei de Deus e da Igreja, deixar de lutar contra a sua abolição, é negar Jesus Cristo.

É necessário que hoje surjam novos “Macabeus”; não para defender a Lei de Deus e da Igreja com as armas do passado, mas com as de hoje, as da democracia: nas ruas, nos parlamentos, nas escolas, nas rádios, nos jornais, nas TVs, nas revistas, nas catequeses, nas igrejas, nos grupos de oração, nas famílias, em toda parte. “Mutatis mutandis” (mudando o que deve ser mudado), a batalha é a mesma; Deus é o mesmo; suas Leis sagradas dadas por Cristo à Igreja são as mesmas, e não podem ser abolidas. Que ninguém se omita; é Deus quem nos dará a vitória, Ele não perde batalhas quando os seus servos não desistem de lutar e não se omitem na hora da luta, diante dos infiéis.

A batalha já começou há tempos; se não quisermos ver nossos filhos e netos afogados em práticas pagãs, enfrentemos esse combate.

Prof. Felipe Aquino

Cardeal Paulo Cezar Costa é homenageado em sua terra natal

Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia

Cardeal Paulo Cezar Costa é homenageado em sua terra natal.

No último fim de semana o estado do Rio de Janeiro recebeu um filho ilustre, Cardeal Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília, foi acolhido em sua terra natal para ser homenageado, tendo em vista que é o primeiro Cardeal fluminense do Brasil.

Na sexta-feira (23/09), Dom Paulo Cezar foi recebido pelo Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Tempesta, junto de seus bispos auxiliares e alguns bispos do regional Leste 1 da CNBB, como também, por parte do clero carioca e dos seminaristas do Seminário São José. Durante a homilia da Missa, o Cardeal Tempesta recordou o fato de que Dom Paulo iniciou seu ministério episcopal como Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e teve grande importância na organização da Jornada Mundial da Juventude de 2013. Ao final da celebração, Dom Orani presenteou o Cardeal Paulo Cezar com um báculo, sinal do pastoreio do bispo diante do rebanho que deve levar a amizade com o Senhor.

Já no sábado (24/09), o Cardeal Paulo Cezar foi recebido em sua cidade natal, Valença, com grande festa por todos os diocesanos. O filho ilustre da cidade foi homenageado pelo clero e por diversas pessoas que fazem parte da história do Cardeal, sobretudo em sua infância, o início de seu ministério presbiteral e os diversos ofícios que exerceu na Igreja de Valença. Dom Paulo pode reencontrar muitas pessoas que fizeram parte de sua história vocacional, dentre elas a Sra. Sônia que o Cardeal testemunha: “Dona Sônia é uma pessoa muito importante para mim. Ela me ajudou muito no tempo em que fui pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima. Trago boas e gratas lembranças de sua ajuda, bem como, do Padre Juvenal, com quem tive a alegria de conviver.”

No domingo (25/09), Dom Paulo Cezar presidiu a Santa Missa em Vassouras-RJ, cidade de sua primeira Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião dos Ferreiros.

O Centro de Convenções da Universidade de Vassouras, onde aconteceu a Celebração Eucarística estava lotado de fiéis, autoridades civis, universitárias, familiares e amigos do Cardeal que foram rezar com ele em Ação de Graças pela missão acrescentada pelo Papa Francisco ao criá-lo Cardeal. Acompanhou, também, o Cardeal nesta celebração o Bispo Diocesano de Valença, Dom Nelson Francelino.

O Cardeal Paulo Cezar Costa foi ordenado presbítero em 5 de dezembro de 1992 na Catedral de Valença-RJ, onde quase 30 anos depois retornou como Cardeal para celebrar em Ação de Graças pela missão dada pelo Papa Francisco. De 1994 a 1996 foi Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e da Paróquia São Sebastião dos Ferreiros em Vassouras. Em seguida, foi enviado para Roma para fazer o mestrado e doutorado retornando em 2002 quando assumiu a Paróquia Santa Rosa de Lima, em Valença, ficando nela até 2007 quando assumiu a reitoria do Seminário Diocesano Paulo VI, além de coordenar o departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia
Visita de Dom Paulo Cezar à sua cidade natal | arqbrasilia

60% das igrejas em Amsterdã fecharão nos próximos cinco anos

Os Campos de Tulipas | Guadium Press
É claro que o problema não é apenas pandêmico.

Redação (27/09/2022 18:50Gaudium Press) Em Amsterdã, a projeção é que, nos próximos cinco anos, 60% das igrejas sejam fechadas. Uma verdadeira catástrofe! As informações são fornecidas por Luke Coppen no The Pillar Catholic.

A diocese de Haarlem-Amsterdan, que existe há quase cinco séculos, abrange a província de Holanda do Norte e a parte sul da província de Flevoland (Flevolândia). Inclui obviamente a capital holandesa, a cidade mais populosa do país.

Em um encontro recente com seu clero, Dom Jan Hendricks disse que ficou claro “que a pandemia de coronavírus acelerou o processo de redução em que já estávamos: fiéis paroquianos idosos envelheceram ainda mais e, ocasionalmente,  têm deixado de frequentar a igreja; outros se acostumaram a um formato diferente para as manhãs de domingo, os voluntários se retiraram, os coros pararam”.

Autoridades diocesanas ressaltam que, das 164 igrejas da diocese, 99 devem fechar nos próximos cinco anos. Das 65 restantes, 37 continuariam por cinco a dez anos como “igrejas de apoio”, e apenas 28 permaneceriam como “igrejas centrais”. A realidade é que dos mais de 25.000 fiéis que iam à missa em 2013, agora apenas 12.000 vão.

É claro que o problema não é apenas pandêmico: o vigário geral da jurisdição, Dom Bart Putter, afirmou que, na década de 50 do século passado, 80% dos batizados iam à missa. Agora, apenas 3% dos 425.000 registrados como batizados o fazem.

As explicações não faltam. Mas a realidade é que as sociedades desprezam a fé; e que, portanto, caminham para sua dissolução, pois a vida da graça é a coesão e o futuro dos grupos humanos.

É claro que esta realidade, não só um privilégio dos Países Baixos, merece exame de consciência em todos os níveis, incluindo o eclesial. No passado, a evangelização começava do zero e atingia, por exemplo, 40% dos católicos em um país como a Holanda. Hoje nem 5% destes acreditam muito em sua fé.

Talvez a demasiada abertura a um mundo que, longe de ser conquistado pelas bandeiras de Cristo, contagiou a própria Igreja com as suas bandeiras…

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF