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quarta-feira, 31 de março de 2021

Como escolher os livros certos para seus filhos

Monkey Business Images | Shutterstock

Nada supera as histórias lidas pelos pais que educam os pequenos a jogar, estimulam a sua imaginação e transmitem a cultura. Mas como escolher boas histórias para que seus filhos não se sintam entendiados? Por ocasião do Dia Internacional do Livro Infantil em 2 de abril, aqui estão algumas chaves para o ajudar a fazer a escolha certa entre as prateleiras das livrarias.

Todos os professores dizem: se os pais lerem histórias para os filhos regularmente, muitas dificuldades podem ser evitadas nos primeiros anos da escola. Não entramos no mundo da linguagem e da leitura com o aceno de uma varinha mágica, mas pela impregnação, banhando-nos no que alguns especialistas conceituam como “banho de linguagem”. Tanto é verdade que, desde o jardim de infância, a leitura de histórias em voz alta pela professora ocupa um lugar significativo na aprendizagem.

Mas atenção: o “banho de linguagem” não deve se limitar ao clichê bastante difundido que consiste em não prestar atenção na qualidade dos livros, mas em pensar que enquanto você lê (que seja qual for o conteúdo ), você já está ganhando. O que pode acontecer é que pode-se aprender muito bem a ler tecnicamente, mas não “gostar” de ler. Esta é a tragédia de muitos adolescentes, quando no colégio são obrigados a fazer a leitura de obras literárias clássicas. Por quê? Porque não podemos passar automaticamente de histórias com três linhas por página e frases simples, para Balzac, cujo estilo terá o mesmo efeito em nossas cabeças que uma língua estrangeira. Aqui estão as três coisas a refletir para fazer seu filho querer ler.

1. Cuide das necessidades da criança enquanto se diverte

O despertar da imaginação passa pela transmissão da cultura. Em casa e na escola, a armadilha é muitas vezes ceder à subcultura infantil desde o berço, a imagens sem ambição artística, a contos muito realistas, fofos ou sem dramaturgia, por medo de confundir as crianças. Pelo contrário, a primeira infância é a idade em que podemos ter mais ambições, porque é aquela em que somos mais receptivos, vivemos o prazer personificado na proximidade com quem lê. Outra armadilha é que são os adultos que compram os livros e os lêem para as crianças, perdendo de vista algumas vezes as necessidades dos pequenos.

2. Não se preocupe muito com os livros da primeira infância

Muitos pais reclamam que é difícil encontrar livros que realmente contem uma história, com um volume e nível de texto adequados, uma boa alquimia com ilustração… isso exige horas de leitura nas livrarias, por falta de uma referência editorial confiável. Muitos livros rotulados como “A partir dos 5 anos” apresentam um nível de linguagem bastante acessível para crianças de 3 anos. Os livros infantis são perfeitos quando os pequenos estão aprendendo a falar (sua grande paixão é apenas dar nomes às coisas, expandir seu vocabulário). Mas se pensarmos muito nisso, corremos o risco de nos perder. Aumentando lentamente o nível das leituras, podemos fazer-lhes interessar pelos grandes clássicos desde muito cedo. Começamos primeiro a contar as histórias simplesmente observando as imagens. Em seguida, passamos para uma leitura corrida do texto (fazendo um esforço para dar o tom de voz adaptado), esse é um passo essencial para a criança entrar na música da linguagem escrita, cuja importância muitas vezes é subestimada pelas famílias.

3. Considere variar os estilos

Devemos também ceder às orelhinhas compulsivas que reivindicam a mesma história vinte vezes, porque o prazer da repetição é essencial e útil, imprimindo na memória das crianças as estruturas das frases, a concordância dos tempos, toda a lógica da linguagem. Mas você também deve pensar em variar os estilos para evitar uma formatação precoce (há algo diferente da Disney na vida real!). Misture contos clássicos e histórias contemporâneas.

Aleteia

Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor

Guadium Press
Nosso Senhor Jesus Cristo não sofreu apenas em razão dos ultrajes morais e físicos que lhe foram infligidos, mas também em previsão de todos os pecados que seriam cometidos até a consumação dos tempos.

Redação (30/03/2021 10:34, Gaudium Press) Nenhum de seus apóstolos, finalizada a Última Ceia, imaginava que, ao sair do Cenáculo, seria iniciado o horroroso drama que o mundo jamais havia visto: a Paixão do Filho de Deus.

Chegado ao Horto das Oliveiras, nos relata o Padre Berthe em seu livro “Jesus Cristo: sua vida, sua paixão e seu triunfo” (1902): “a humanidade de Cristo encontrou-se na presença da visão aterradora do martírio que deveria sofrer. Ele viu passar diante de seus olhos toda classe de instrumentos de tortura, cordas, açoites, cravos, espinhos, cruz, algozes proferindo zombarias e blasfêmias, um populacho delirante enchendo-lhe de incontáveis insultos. Todas as abominações e todos os crimes, desde o pecado de Adão até a última maldade cometida pelo último dos homens, se apresentaram diante de seus olhos e o oprimiram como se ele fosse culpado deles. Ele viu milhões de pecadores resgatados ao preço de seu sangue, que lhe perseguiam com seu desprezo e ódio feroz por toda a duração dos séculos. Ele os viu fazendo guerra à sua Igreja, pisoteando a Santa Hóstia, deslocando a sua Cruz, blasfemando contra a sua divindade, massacrando os seus filhos e trabalhando com todas as suas forças para lançar no inferno aqueles mesmos pelos quais ele ia sacrificar a sua vida”.

Guadium Press

Aplicação aos dias atuais

Que sublime meditação poderemos fazer ao reler estes elevados pensamentos!

Mas seria ofuscada se não soubéssemos como aplicá-la aos dias que vive o mundo, que vive a Santa Igreja. Erraríamos se não aprofundássemos que: “no alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo não sofreu apenas em razão dos ultrajes morais e físicos que lhe foram infligidos pelos seus algozes. Ele também padeceu em previsão de todos os pecados que seriam cometidos até a consumação dos tempos”, como expressou o Doutor Plinio Corrêa de Oliveira, em maio de 1969. “Entre eles, acentuava profeticamente a trama secreta feita em poderosos meios católicos para ‘reformar’ a Igreja – transformando-a em uma Igreja desacralizada – que constituiu, certamente, um dos mais atrozes tormentos do nosso Divino Redentor. Sim, dEle, que ensinou por sua Vida, Paixão e Morte o oposto de todos aqueles erros gritantes”.

Alguns podem dizer que foram exageros do maior líder católico do século XX no Brasil. Talvez mais “exageradas”, responderia, tenham sido as palavras proferidas pelo Papa Paulo VI, em 29 de junho de 1972, na missa de seu décimo ano de Pontificado. Referindo-se à situação da Igreja, há cinquenta anos, o Santo Padre afirmou que tinha a sensação de que: “por alguma fenda a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus”. Via preocupações, insatisfação, confrontação. Considerava que haviam chegado: “nuvens, tempestades, trevas e incertezas”, e concluía – mais “exageradamente” diriam alguns críticos – afirmando: “houve intervenção de um poder adverso. Seu nome é demônio, este misterioso ser que também se alude na Carta de São Pedro”.

Quarenta anos depois, o Papa Emérito Bento XVI manifestava que: “o barco da Igreja navega com vento contrário, com tempestades que o ameaçam” (11/10/2012).

Guadium Press

A Paixão da Igreja

Tempestades que o Dr. Plinio alertava – e os citados Papas confirmaram – baseado na denúncia da famosa revista católica Ecclesia de Madrid (11-01-1972), sobre a atuação dos chamados “grupos proféticos”, que pululavam nos ambientes fora e dentro das comunidades católicas. Se tinha a impressão de que a Igreja se encontrava como um país minado pelo inimigo, penetrado por adversários ocultos, sofrendo uma infiltração semi clandestina nas mais variadas organizações católicas – seminários, universidades, colégios, obras sociais, etc. -, um polvo instalado dentro.

“A Igreja atravessa hoje um momento de inquietude. Alguns praticam a autocrítica, inclusive se diria autodemolição”, assinalava Paulo VI em 1968. Se difunde uma doutrina relativista e evolucionista, repetidas vezes condenada pelo Magistério da Igreja desde os tempos do Papa São Pio X. Se apresenta diante de nós uma espécie de “anti-Igreja”.

Assim como vemos Jesus Nosso Senhor em sua paixão, coberto de chagas, coroado de espinhos, carregando a cruz rumo ao Calvário; a crise de Fé que se vive, no âmbito da Santa Igreja, é como se Ela própria – Corpo Místico de Cristo – estivesse percorrendo uma Via Sacra. Nós a vemos desolada, caminhando a passos trôpegos, com o rosto deformado, maquiada como se fosse um palhaço.

Guadium Press

Aparições proféticas: Salette, Santa Faustina

Ao longo dos séculos, não foram poucas as aparições que anunciaram, com tristeza e duras expressões, os pecados que viriam e a crise religiosa que se aproximava. Nas aparições de La Salette (1846), a Virgem afirmou aos pastores videntes Maximino e Melania Calvat: “A Igreja passará por uma crise terrível”.

Santa Maria Faustina Kowalska, vidente do Senhor da Misericórdia (1931), relata que, durante uma adoração noturna ao Santíssimo Sacramento, viu: “O Senhor Jesus amarrado a uma coluna, despido de suas roupas e imediatamente começou a flagelação. Então o Senhor me disse estas palavras: Estou sofrendo uma dor ainda maior do que a que você está vendo. Em seguida vi coisas terríveis: outros homens se aproximaram para flagelar. Eram sacerdotes, religiosos e religiosas, os mais altos dignitários da Igreja, o que me surpreendeu muito, leigos de diferentes idades e condição, todos descarregaram sua ira sobre o inocente Jesus”. Então o Senhor acrescentou: “Veja, aqui está um suplício maior que minha a morte”.

Guadium Press

Fatos que profetizavam a crise que estamos testemunhando. Crises que podem nos desencorajar, nos deixar inseguros, temer que o navio da Igreja esteja afundando. Não! Recordemos as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Sabiamente o Papa São Pio X nos dá clareza nas borrascas que presenciamos: “Quando a Igreja aparece sacudida e quase submersa pela tormenta mais feroz, reaparece mais bela, mais vigorosa e mais pura, resplandecente no esplendor das maiores virtudes” (26-5-1910).

Sete anos depois a Virgem em Fátima afirmava, categoricamente, ao final de sua Mensagem: “Por fim, Meu Imaculado Coração Triunfará”. Rezemos, esperemos, veremos.

Por Padre Fernando Gioia, EP

www.reflexionando.org

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 28-3-2021)

https://gaudiumpress.org/

Semana Santa 2021: Papa explica significado de cada um dos dias do Tríduo

Papa Francisco lê seu discurso na biblioteca apostólica.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 31 mar. 21 / 07:45 am (ACI).- Na audiência geral na quarta-feira, 31 de março, o Papa Francisco descreveu em que consiste o Tríduo Pascal, os dias centrais do Ano Litúrgico, no qual a Igreja celebra o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Em sua catequese realizada na biblioteca do Palácio Apostólico, o Santo Padre enfatizou que o Tríduo Páscoa começa na tarde da Quinta-feira Santa com a Missa da Ceia do Senhor, que comemora os acontecimentos da Última Ceia.

A tarde da Quinta-feira Santa, afirmou o Papa, "É a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença perene”.

“É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz", ressaltou.

"Vivemos esse mistério toda vez que celebramos a Eucaristia, quando vamos à missa não vamos apenas rezar, vamos renovar, para fazer esse Mistério novamente pascal, isso é importante não esquecer", disse o Papa.

A Sexta-Feira Santa "é um dia de penitência, jejum e oração" em que "através dos textos das Escrituras Sagradas e orações litúrgicas, estaremos reunidos no Calvário para comemorar a Paixão a Morte redentora de Jesus Cristo", explicou o Papa que acrescentou que "adorando a Cruz, reviveremos o caminho do cordeiro inocente imolado por nossa salvação".

"Na hora do supremo Sacrifício na Cruz, ele realiza plenamente a obra confiada pelo Pai: ele entra no abismo do sofrimento, entra em sofrimento, entra nessas calamidades deste mundo para redimir, transformá-lo e libertar cada um de nós do poder das trevas, do orgulho, da resistência a sermos amados por Deus", ensinou.

Nesta linha, ele lembrou as palavras de São Pedro "pelas suas chagas nos curou" para enfatizar que "só o amor de Deus pode fazer isso" e acrescentar que "graças a Ele, abandonado na cruz, ninguém está sempre sozinho na escuridão da morte".

O Santo Sábado, explicou o Santo Padre, "é chamado de dia do silêncio, um grande silêncio por toda a terra, um silêncio vivido no choro e perplexidade dos primeiros discípulos, chocados com a ignominiosa morte de Jesus" porque "enquanto a Palavra está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que esperaram nele são submetidos a julgamento severo, eles se sentem órfãos, talvez também órfãos de Deus."

"Este sábado também é Dia de Maria: ela também vive em lágrimas, mas seu coração está cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor. A Mãe tinha seguido o Filho ao longo do caminho doloroso e tinha mantido ao pé da cruz, com sua alma perfurada. Mas quando tudo parece ter acabado, ela cuida, ela observa a espera por esperança na promessa de Deus de ressuscitar os mortos. Assim, na hora mais sombria do mundo, ela se tornou Mãe dos Crentes, Mãe da Igreja e sinal de esperança. Seu testemunho e intercessão nos sustentam quando o peso da cruz se torna muito pesado para nós", destacou.

Em seguida, o Santo Padre explicou o significado da noite de sábado e da Vigília da Páscoa.

"Na escuridão do Sábado santo, irromperão a alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto jubiloso do Aleluia". É o "encontro de fé com o Cristo Ressuscitado e a alegria da Páscoa durará os cinquenta dias que se seguirão, até a vinda do Espírito Santo".

"Aquele que tinha sido crucificado é ressuscitado! Todas as perguntas e incertezas, hesitações e medos são dissipados por essa revelação. O Ressuscitado nos dá a certeza de que o bem sempre triunfa sobre o mal, que a vida sempre supera a morte e nosso fim não é descer cada vez mais, da tristeza em tristeza, mas subir ao topo. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus está certo em tudo: nos prometendo vida além da morte e perdão além dos pecados", disse o Papa.

Por fim, o Santo Padre ressaltou que este ano também viveremos as celebrações da Páscoa "no contexto da pandemia" e acrescentou que as "muitas situações de sofrimento, especialmente quando quem as sofre são pessoas, famílias e populações já provadas pela pobreza, calamidades e conflitos, a Cruz de Cristo é como um farol que indica o porto para navios ainda no mar tempestuoso".

"A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não decepciona; e nos diz que nem mesmo uma lágrima, nem mesmo um lamento se perdem no projeto de salvação de Deus. Pedimos ao Senhor que nos dê a graça de servir, reconhecer este Senhor e (ao contrário dos soldados) não nos deixemos comprar para esquecê-lo", concluiu o Papa.

Antes de concluir com a oração do Pai-Nosso o encontro o Santo Padre dirigiu uma saudação aos fiéis de várias línguas, entre elas, os de língua portuguesa:

“Caros irmãos e irmãs de língua portuguesa: celebrando os mistérios centrais da nossa fé, vos exorto uma vez mais a não permitir nunca que vos roubem a esperança e a alegria trazidas por Cristo com a sua vitória sobre a morte. A todos desejo uma santa e proveitosa celebração do tríduo da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor!”

ACI Digital

A Via-Sacra do Papa escrita pelas crianças: Jesus nos consola em nossos medos

Via-Sacra com os jovens no Brasil em 2013 por ocasião da JMJ 

A Via Sacra na Sexta-feira Santa, presidida pelo Papa Francisco, neste ano terá como protagonistas as crianças. Os autores dos textos e desenhos das 14 estações são crianças, meninas e meninos da paróquia romana dos Santos Mártires de Uganda, o grupo de escoteiros Agesci "Foligno I" e convidados de duas casas-família de Roma. Acompanharão o Papa durante o rito na Praça São Pedro.

Adriana Masotti - Vatican News

Em sua simplicidade e concretude, as meditações escritas pelas crianças e jovens para a Via Sacra deste ano presidida pelo Papa Francisco têm o poder de tocar profundamente o coração, de comover e fazer as pessoas pensarem, de desejar um mundo mais justo e feliz para todos, de pôr em questão, de se converter.

As muitas cruzes dos meninos e meninas do mundo

O sofrimento das crianças é muitas vezes subestimado. Na introdução ao livreto (publicado pela Libreria Editrice Vaticana) as crianças, dirigindo-se para Jesus, enfatizam o seguinte: " Querido Jesus! Sabeis que nós, crianças, também temos cruzes, que não são mais leves nem mais pesadas do que as dos grandes, mas são verdadeiras cruzes, que sentimos pesadas mesmo de noite. E só Vós o sabeis, tomando-as a sério. Só Vós". As cruzes são o medo do escuro, da solidão e do abandono, também por causa da pandemia, da experiência dos próprios limites, da provocação dos outros, da sensação de ser mais pobre que os colegas, da tristeza pelas brigas na família entre os pais. Mas há crianças no mundo que também sofrem porque "não têm comida, não têm instrução escolar, são exploradas e obrigadas a combater". Vós, Jesus, estais sempre perto de nós e nunca nos abandona, concluem as crianças, " Ajudai-nos dia a dia a levar as nossas cruzes como levastes a vossa".

A acusação de um inocente e a falta de coragem

A primeira Estação: Pôncio Pilatos condena Jesus à morte. Nossos pensamentos se voltam para um episódio que aconteceu em uma sala de aula da primeira série: uma criança, Mark, é acusada de roubar o lanche de um colega de classe. Alguém sabe que ele é inocente, mas não intervém para defendê-lo. O narrador tem vergonha dessa falta de coragem; ele agiu como Pilatos e agora lamenta ter escolhido o caminho mais confortável. " Às vezes só escutamos a voz de quem faz e quer o mal, enquanto a justiça é um caminho íngreme, com obstáculos e dificuldades; mas temos Jesus ao nosso lado, pronto a apoiar-nos e ajudar-nos”.

Nossas ações podem prejudicar

Jesus carrega a cruz: II Estação. A passagem do evangelista Lucas descreve Jesus sendo escarnecido e espancado por aqueles que o detinham sob custódia. Entre as crianças, não é raro zombar de um dos integrantes do grupo, até mesmo a ponto de ser intimidado, como no caso de Martina, que tem dificuldade de ler em voz alta na aula. " Talvez não fosse nossa intenção ridicularizá-la, mas quanta angústia lhe provocamos com aquelas nossas risadas! (...) A perseguição não é uma longínqua recordação de há dois mil anos: às vezes, algumas das nossas ações podem condenar, ferir e pisar um irmão ou uma irmã.

A experiência do fracasso

Na terceira estação, Jesus cai pela primeira vez, o Senhor é sobrecarregado com nossos pecados, ele parece espancado e humilhado. A experiência que acompanha esta etapa é a de uma criança que é sempre boa na escola e que, por uma vez, recebe uma nota insuficiente: “Vi-me como uma nulidade - conta - senti o peso dum falimento inesperado, estava sozinho e ninguém me confortou. Mas aquele momento fez-me crescer (...) Hoje, sei que todos os dias vacilamos e podemos cair, mas, ali, está sempre Jesus a estender-nos a mão”.

O amor das mães

IV estação: Jesus encontra a sua Mãe. A leitura escolhida é a das núpcias em Caná centralizada na relação entre o Filho e sua mãe. É uma deixa para as crianças pensarem em sua mãe e em seu amor que as acompanha em todos os momentos. Também concretamente "ao treino de futebol, às aulas de inglês e à catequese na manhã de domingo". A meditação fala da necessidade de amor dos pequenos e talvez ajude os pais a serem melhores. "Se tenho um problema, uma dúvida, ou simplesmente algum pensamento estranho, ela está sempre, com o seu sorriso, disponível em me escutar".

Um gesto de boas-vindas: ver Jesus no rosto da outra pessoa

5ª estação: O Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz. Há muitas oportunidades para ajudar alguém, mas o testemunho aqui descrito é o gesto de atenção dada a um estrangeiro da mesma idade. Tendo acabado de chegar no bairro, ele observa as outras crianças jogando futebol, mas não tem coragem de se apresentar. Uma criança do grupo o viu e foi a primeira a se aproximar dele e convidá-lo a se juntar a eles. “Desde então Walid é um dos meus melhores amigos", diz ele, "assim como o goleiro da nossa equipe". Somente quando reconhecemos um irmão em uma pessoa "estamos abrindo nosso coração a Jesus".

Às vezes pouco é necessário para se sentir menos só

“Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes", as palavras de Jesus tiradas do Evangelho de Mateus nos apresentam à 6ª estação: Uma mulher limpa o rosto de Jesus. Mesmo as crianças em suas atividades diárias passam por momentos difíceis ou tristes e precisam de alguém que as conforte. Como depois de perder uma importante partida de futebol onde você queria mostrar todas as suas habilidades. “Enquanto tomava banho, estava triste e desanimado, mas, ao sair do vestiário, encontrei o meu amigo: esperava-me com uma laranjada na mão”. Na sua companhia a derrota sofrida “tornou-se uma recordação menos amarga”.

Perder algo pensando nos mais necessitados

Jesus cai pela segunda vez: 7ª estação. A meditação relata a experiência de um aluno da quarta série. A representação de final de ano está sendo preparada e ele quer a todo o custo ser o protagonista. Ao invés disso, a professora decidiu dar o papel a João, um colega que estava sempre sozinho. Depois de alguma raiva inicial, a criança compreende e fica feliz. João, de fato, desde então, se tornou mais integrado na classe. Comenta: “A minha desilusão serviu para ajudar outra pessoa, a escolha da professora deu uma oportunidade a quem tinha verdadeiramente necessidade”.

Ajudar o irmão que errou

8ª estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém. No Evangelho de Lucas, ao vê-las Jesus diz: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos”. É o ponto de partida para dizer que “Corrigir um irmão é um gesto difícil, mas necessário”. Isto foi experimentado por dois irmãos que haviam mentido para sua mãe, assegurando-lhe que tinham feito seus deveres de casa naquela tarde, quando na verdade eles tinham jogado o tempo todo. No dia seguinte, um deles diz que não se sente bem para não ir à escola. O outro vai, mas quando chega em casa ele fala com seu irmão: “tínhamos errado ao mentir à mãe e, ele, ao fingir uma dor de barriga. Propus-lhe fazermos imediatamente os deveres de casa, e ajudei-o até a recuperar os do dia anterior. Uma vez concluídos, passamos o resto da tarde a jogar”.

A solidão causada pela pandemia

Jesus cai pela terceira vez, estamos na nona estação. A passagem do Evangelho é a do grão de trigo que morre e assim produz muitos frutos. A pandemia da Covid-19 entra em cena com todas as suas consequências, mesmo para os pequenos. O sentimento predominante é de solidão: eles não visitam mais seus avós, a escola está fechada, seus amigos e companheiros estão desaparecidos. “Por vezes a tristeza da solidão torna-se insuportável, sentimo-nos ‘abandonados’ por todos, incapazes de continuar a sorrir. Como Jesus, encontramo-nos estendidos no chão”.

A alegria que vem de dar

10ª estação: Jesus é despojado de suas vestes. Aqui, também, é uma menina que narra: ela tem em seu quarto uma coleção de bonecas que guarda como seu tesouro. Um dia ela soube que a paróquia estava coletando brinquedos para as crianças refugiadas do Kosovo. Ela escolhe entre as bonecas algumas das mais velhas de quem gosta menos e prepara uma caixa. Então ela conta: “À noite, porém, tinha a sensação de não ter feito o suficiente. Antes de ir dormir, a caixa estava cheia de bonecas e as prateleiras vazias”. Desfazer-se do supérfluo deixa a alma mais leve e liberta-nos dos egoísmos. Torna-nos mais felizes dar do que receber.

Um Natal ao serviço dos pobres

“No dia de Natal, fomos com os escoteiros a Roma, às Irmãs Missionárias da Caridade, para servir o almoço aos necessitados, renunciando ao dia de festa em família”. O que foi descrito na meditação da 11ª estação não é um sacrifício: Jesus é pregado na cruz. Mas um dos jovens confidencia: “No regresso, pensava no rosto das pessoas que servira, nos seus sorrisos e nas suas histórias... A ideia de ter levado àquelas pessoas um momento de serenidade tornara aquele Natal inesquecível”. Servir os outros com amor “é o ensinamento que Jesus nos dá na cruz”.

Jesus perdoa o pecador que é convertido

12ª estação: Jesus morre na cruz. O exemplo de Jesus perdoando o mal recebido faz as crianças refletirem sobre o mal presente no mundo, por exemplo, sobre as máfias que matam até mesmo crianças. Como é possível perdoar situações similares? Eles escrevem: “Jesus, dai-nos a força de perdoar, Vós que dissestes: ‘Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão’”.

Eles levaram o avô e nunca mais o vi

Tudo está realizado, 13ª estação: O corpo de Jesus é retirado da cruz. Durante este tempo, muitas crianças sofreram o desaparecimento repentino de seus avós. Um deles narra: “Da ambulância desceram homens, que pareciam astronautas munidos de toucas, luvas, máscaras e viseiras, e levaram o avô que, já há alguns dias, sentia dificuldade em respirar. Foi a última vez que vi o avô. O sofrimento nasce também da impossibilidade de estar próximo fisicamente e dar-lhe conforto: “Rezei por ele todos os dias; pude assim acompanhá-lo nesta sua última viagem terrena”.

Obrigado, Jesus, por me ensinar a amar

Décima quarta estação, a última: O corpo de Jesus é depositado no sepulcro. A meditação proposta é a ação de graças de Sara, de doze anos, a Jesus. Quero agradecer-lhe, escreve ela, porque “hoje me ensinastes a superar todos os sofrimentos, confiando-me a Vós; a amar o outro como meu irmão; a levantar-me depois das quedas; (...) Graças ao vosso gesto de amor infinito, hoje sei que a morte não é o fim de tudo”.

Ajudai-nos a tornar-nos pequeninos

Na oração final na Via Sacra, os adultos tomam novamente a palavra. Jesus indicou as crianças como exemplo quando descreveu as características necessárias para entrar no Reino dos Céus. A primeira solicitação é, então, ajudar a poder "Ajudai-nos a tornar-nos pequeninos, necessitados de tudo, abertos à vida. (...) “Pedimo-Vos que abençoeis e protejais todas as crianças do mundo, para que possam crescer em idade, sabedoria e graça”. Por fim agradecem aos pais: “Abençoai também os pais e quantos colaboram com eles na educação destes vossos filhos, para que, dando vida e amor, se sintam sempre unidos a Vós”.

Vatican News

Igreja no Brasil promove dia de oração pela paz em Mianmar

Dia de Oração pela paz em Mianmar / Imagem: CNBB

BRASILIA, 30 mar. 21 / 10:08 am (ACI).- A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) promovem na próxima quinta-feira, 1º de abril, um Dia de Oração dedicada à paz em Mianmar, em razão da violência que o país enfrenta como consequência do golpe de estado de 1º de fevereiro.

“Esse povo tem enfrentado dias muito difíceis e conta com nosso apoio por meio de orações e sintonia. A Igreja em Mianmar precisa de nosso sustento orante e nossa fraternidade”, afirma vídeo de divulgação da iniciativa, ao convidar todos a participarem do dia de oração por Mianmar, em 1º de abril. “Sua oração é muito importante para esse povo que sofre”, acrescenta.

O Dia de Oração dedicado à paz em Mianmar acontecerá exatamente na Quinta-feira Santa, um dia especial, em que “Nosso Senhor nos propõe o mandamento do amor e do serviço”, como ressaltou o assessor da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, Padre Daniel Rocchetti.

Segundo os organizadores, este Dia de Oração faz parte de um primeiro passo de uma série, na qual se sublinha o valor da oração como “agir missionário”. Conforme explicou Pe. Rocchetti, trata-se de uma iniciativa “escolhida para ser realizada no dia primeiro de cada mês, em memória a Santa Teresinha, padroeira das missões”.

O assessor sublinhou que “é muito comum nós entendermos a missão como atividade missionária ou como contribuição econômica, mas ainda é muito falha a ideia de que a oração é a primeira grande contribuição para a missão”, o que será promovido por esta iniciativa.

Nos próximos meses, a iniciativa também promoverá a oração por outros locais em conflito, buscando rezar “por uma situação, por um país, pelos cristãos que estão naquela determinada localidade e que a gente precisa sustentá-los” pela oração.

https://youtu.be/jeLNMuhhsRA

Conflito em Mianmar

Mianmar vem registrando confrontos sangrentos entre as forças de segurança e manifestantes contra o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro que derrubou a líder Aung San Suu Kyi.

Os militares declararam estado de emergência por um ano e colocaram o general Min Aung Hlaing no comando do país.

O último sábado, 27 de março, segundo a imprensa internacional, foi o dia mais sangrento do conflito no país. A ONU estima que 107 pessoas morreram, entre as quais 7 crianças.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou o golpe e pediu "a libertação de todos os detidos, o respeito aos direitos humanos evitando o uso da violência e a restauração do processo democrático".

Em diferentes situações, o Papa Francisco expressou sua preocupação pelo conflito vivido em Mianmar e rezou pelo país. Durante a oração do Ângelus no dia 7 de fevereiro, o Santo Padre pediu para promover “a justiça social e a estabilidade nacional, para uma convivência harmoniosa”.

O Papa declarou que acompanhava “com grande preocupação a evolução da situação que se criou em Mianmar, um país que, desde a minha visita apostólica de 2017, carrego no coração com muito afeto”.

Ao concluir a Audiência Geral do dia 3 de março, o Pontífice lamentou que “ainda estão chegando de Mianmar notícias tristes de sangrentos confrontos, com perdas de vidas humanas”.

“Gostaria de chamar a atenção das autoridades envolvidas para que o diálogo prevaleça sobre a repressão e a harmonia sobre a discórdia. Dirijo um apelo também à comunidade internacional, para que atue a fim de que as aspirações do povo de Mianmar não sejam sufocadas pela violência”.

“Que aos jovens daquela amada terra seja concedida a esperança de um futuro onde o ódio e a injustiça deem lugar ao encontro e à reconciliação. Repito, finalmente, o desejo expresso há um mês: que o caminho rumo à democracia empreendido nos últimos anos por Mianmar possa ser retomado através do gesto concreto da libertação dos vários líderes políticos presos”, disse o Papa Francisco.

ACI Digital

Santa Balbina

Santa Balbina | Convento da Penha
31 de março

Apesar de poucas certezas sobre a vida de Santa Balbina, seu nome é venerado em uma antiquíssima igreja na via Ápia, nas proximidades de Roma. Também temos um cemitério que leva seu nome, supostamente o local onde Balbina foi enterrada.

É venerada como mártir, mas destaca-se sua consagração a Deus pela virgindade e sua perseverança de servir a Cristo.

Diz a história que Balbina, filha do militar Quirino, foi curada milagrosamente pelo papa e mártir são Adriano, que estava na prisão. Este fato levou a família de Balbina à conversão e todos foram batizados. Balbina, por sua vez, ofereceu a Deus virgindade perpétua. Seu pai, Quirino, também recebeu a coroa do martírio.

Sua vida era muito representada no teatro medieval, o que causa certa confusão histórica, uma vez que a arte mistura muito realidade e ficção. Mas é pelo teatro que ficamos sabendo do martírio de Balbina e de sua consagração. Dizem as histórias sobre santa Balbina, que muitos jovens quiseram desposá-la, mas sua firmeza de caráter a manteve fiel ao seu voto de castidade.

Balbina sofreu o martírio sob o imperador Adriano II. Viveu santamente e recebeu a glória de ter o nome marcado na história da igreja.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão
A vida cristã é marcada pelo compromisso com a pregação do Reino de Deus. Jesus nos convidou a falar do Reino, mas também exigiu que testemunhássemos, através de obras concretas, nossa fé neste Reino vindouro. A vida de santa Balbina entrou para a história porque ela soube conjugar fé e obras, chegando ao extremo gesto de confiança em Cristo pelo testemunho do martírio. Sua consagração a Deus foi plena e vivida em total liberdade. Muitas vezes somos inconstantes em assumir nossa vocação, desconfiando do amor de Deus e de que Ele nos concede as forças necessárias para bem viver. Que tal confiar mais na providência de Deus?
Oração
Senhor Deus e Pai, vossa bondade supera todas nossas expectativas. Sua graça nos concede muito mais do que precisamos. Fica sempre conosco e dai-nos, pela intercessão de santa Balbina, a coragem de enfrentar todas as adversidades do dia-a-dia. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

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Dia de São Benjamim

S. Benjamim | Spreaker
31 de março

São Benjamim nasceu no ano de 394 na Pérsia. Ele foi um diácono e mártir cristão, vítima da forte perseguição aos cristãos vivida no início do século V na Pérsia. Benjamim foi preso por um ano pela sua fé.

A sua libertação, conseguida por um embaixador, previa a condição de que ele nunca mais falasse sobre a religião cristã a qualquer um dos cortesãos. Porém, Benjamim nunca recusou uma oportunidade de pregar o cristianismo, declarando que era seu dever espalhar a palavra de Cristo e que ele nunca poderia ficar em silêncio.

O santo foi assim lançado novamente à prisão, onde foi sujeito a vários tipos de torturas. São Benjamim acabou por não resistir à tortura, falecendo em 422, no dia 31 de março, um dia que acabaria por ficar reservado para a sua celebração.

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terça-feira, 30 de março de 2021

TEOLOGIA: A Virgem Maria no Tempo da Páscoa

 

Ícone da Viregem Maria | ECCLESIA

A Virgem Maria no Tempo da Páscoa

Jesús Castellano

Trad.: Pe. Paulo Augusto Tamanini

Quisera oferecer uma meditação sobre o sentido da presença discreta e até escondida da Mãe do Ressuscitado, no mistério desses cinqüenta  dias de alegria pascal  que chamamos de Tempo de Pentecostes.

É tempo do Cristo Ressuscitado, presente no meio de seus discípulos desde a manhã da   Páscoa. É tempo do Espírito Santo cuja efusão, São João Evangelista antecipa na  tarde do Domingo da Ressurreição, para sublinhar que o dom do Espírito Santo é  sopro do próprio Ressuscitado, transmitido a seus apóstolos (cf. Jo 20,22-23), para  que prossigam a mesma obra que Jesus  levou até o fim. É tempo da Igreja, da humanidade nova   que é o corpo do Ressuscitado que através das aparições de Jesus a seus discípulos, alegra-se com a certeza de sua presença até o fim dos tempos em sua peregrinação histórica (Mt 28,20). É tempo de Maria, a Mãe de Cristo Ressuscitado que sente a alegria pelo triunfo de seu Filho, discípula entre os discípulos, aquela que foi testemunha da Ressurreição, da Ascensão e de  Pentecostes.

Vamos elucidar de uma maneira simples, a presença de Maria nestas três ocasiões, à luz da Liturgia, com elementos tradicionais e novos, do Oriente e do Ocidente, baseando-se também na iconografia e na tradição bíblico-litúrgica. Queremos assim, suprir discretamente, o silêncio dos dados encontrados nos evangelhos sobre Maria.

Trata-se da presença e do exemplo de Maria no  centro dos mistérios que selam a missão salvadora  de seu Filho, da Ressurreição até  o Pentecostes.

1. Maria na alegria da  Ressurreição

Não vamos embarcar na difícil tarefa de justificar uma aparição de Jesus Ressuscitado  à Virgem Maria. Existe literatura abundante, nos apócrifos, nos escritos dos Padres que se deixaram convencer pelos apócrifos, e até mesmo nos Evangelhos que se esforçam para ver em uma das Marias que receberam a aparição de Jesus, à Virgem Mãe de Deus. Nem é este o lugar para que  sejamos  seduzidos pelos clássicos livros da Vida de Maria que falam da primeira aparição do Senhor a sua Mãe, ou pela abundante literatura espiritual sobre este tema. Vamos simplesmente perscrutar os textos litúrgicos, que são escritos de fé, que no âmbito da celebração dos mistérios, adquirem o valor do verdadeiro “sensus fidelium”.

Que Maria seja testemunha da Ressurreição de seu Filho, ninguém duvida. Sua presença no cenáculo, a espera do Espírito Santo, é um dado essencial. A experiência de Maria como Mãe e discípula não  terminou ao pé da Cruz. Maria é associada  plenamente à continuidade do mistério de Cristo na dimensão do Espírito, que se inaugura na manhã da Páscoa e tem como momento estrelar a efusão do Espírito Santo, em Pentecostes. A experiência de Maria se enriquece, cresce e adquire, como no Calvário, toda a dimensão tipológica  de “experiência eclesial” , quando a Mãe de Jesus aparece como figura e Mãe da Igreja nascente.

2. O Oriente Bizantino

A Liturgia bizantina que com tanta emoção canta a presença de Maria ao pé da Cruz e põe em seus lábios os mais comovedores lamentos pela morte de seu Filho, é bastante discreta quando se refere à   alegria Pascal que sente a Mãe de Jesus. O “megalinário” ou Canto à Maria que se intercala nas orações Eucarísticas depois da epíclese, no momento em que se recorda a Virgem na comunhão dos Santos, tem a finalidade, de acentuar esta alegria:

«O Anjo exclamou a Cheia de Graça:
’Virgem Pura rejubila!’
De novo digo, rejubila,
teu Filho ressuscitou do túmulo ao terceiro dia.
Resplandece, resplandece, ó Nova Jerusalém,
pois a glória do Senhor, brilhou sobre ti.
Exulta agora, e alegra-te Sião.
E tu, ó Mãe de Deus toda pura,
Rejubila na Ressurreição do teu Filho.»

A última parte deste hino é de autoria de  São João Damasceno, que é cantado na Grande Vigília Pascal Bizantina. A Mãe de Cristo é associada à alegria da Nova Jerusalém, da Igreja que nasce da Ressurreição. Mas o texto tem conteúdo simbólico sugestivo. As palavras do Anjo no primeiro anúncio “Alegra-te, cheia de Graça”, tem agora  a dimensão do grande anúncio da Páscoa. Os anjos são os primeiros evangelistas, como também as mulheres que receberam o anúncio e o comunicaram aos discípulos incrédulos. A liturgia bizantina  por isso, as honra com o título de “iguais-aos -apóstolos”  ou, “apóstola-dos-apóstolos”.

Entre estas mulheres, portadoras de perfumes (miróforas) e evangelistas, Maria está  incluída, e é testemunha da Ressurreição. A alegria deste segundo anúncio que a Virgem recebeu , parece, nos sugerir o texto bizantino, recordar todas as promessas do primeiro “alegra-te”  da Anunciação como também as palavras que Jesus repetiu muitas vezes a seus discípulos e que Maria, junto com tantas outras, conservava em seu coração: “Ao terceiro dia ressuscitarei”. Neste texto bizantino, podemos encontrar a fonte da antífona Mariana  que a Igreja do Ocidente repete durante todo o tempo pascal: “Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia”.

Entre os tropários da Ressurreição que a Liturgia Bizantina canta todos os domingos, o  do sexto tom, conservou também uma breve recordação do encontro de Jesus com sua Mãe:

«Enquanto Maria estava diante do sepulcro
a procura de teu imaculado corpo,
os anjos apareceram em teu túmulo
e as sentinelas desfaleceram.
Sem ser vencido pela morte,
submeteste ao teu domínio o reino dos mortos,
e vieste ao encontro da Virgem revelando a Vida.
Senhor, que ressurgiste dos mortos, glória a Ti!»

Uma antiqüíssima ilustração iconográfica faz eco a esta convicção dos cristãos, transmitida pela tradição oral. O Evangeliário de Rábbula de Edessa, dos finais do século VI, conservado hoje na Biblioteca Laurenziana de Florênça, apresenta a cena das mulheres indo ao sepulcro na manhã da Páscoa, ao lado  da cena de Maria junto ao pé da Cruz.

3. A Liturgia do Ocidente 

Em plena consonância  com as expressões bizantinas, uma oração visigótica para o Dia da Ressurreição é dedicada à Virgem Mãe de Deus, quando  vai buscar o corpo de Jesus no sepulcro, que alguns evangelistas atribuem à Maria de Magdala:

«Senhor Jesus Cristo, 
com que ardoroso  desejo e devoção 
buscava tua bem aventurada Mãe,  
por todos os rincões teu corpo, 
quando mereceu receber do Anjo o anúncio  
para que não mais chorasse, 
pois estavas já ressuscitado...»

Como feliz prolongação da tradicional Antífona Mariana: “Rainha do Céu, alegrai-vos...”, o Missal Romano  de Paulo VI elaborou  várias orações para as Missas Votivas à Mãe Deus, no Tempo Pascal, recorrendo à alegria da Virgem pela Ressurreição de seu Filho.

Atualmente,  compilou-se novas orações para as Missas dedicadas à Maria como a Missa  “À Virgem Maria na Ressurreição do Senhor” , cujo conteúdo sintetiza de maneira apropriada o que a devoção dos fiéis  havia sempre colocado em relevo: a presença de Maria no Mistério do Cristo Ressuscitado. Maria, a Virgem da Páscoa, tem na Liturgia Ocidental, orações litúrgicas que celebram e propõem  uma união indissolúvel da Mãe de Deus com o triunfo de seu Filho. Como canta o Prefácio desta Missa:

«Porque na Ressurreição de Jesus Cristo, teu Filho, encheste de alegria a Santíssima Virgem e premiaste maravilhosamente sua fé; ela havia concebido o Filho crendo, e , crendo esperou sua Ressurreição; forte na fé, contemplou o dia da Luz e da Vida, na que, dissipada a noite da morte, o mundo inteiro alegrou-se e a Igreja nascente, ao ver  novamente o seu Senhor imortal, se alegrou entusiasmada».

A alegria da Virgem na Páscoa,  é a alegria da Igreja que se exulta pelo triunfo de Cristo e encontra a cada ano, no Mistério Pascal, a fonte de seu regozijo, de sua esperança e de seu empenho.

4. A Virgem nas Ascensão do Senhor

A solenidade da Ascensão do Senhor, quarenta dias após a Ressurreição, celebra a subida gloriosa de Cristo à direita do Pai. É também o momento final da presença visível do Senhor Ressuscitado em meio a seus discípulos. Diz São Leão Magno: o que era visível em Cristo passou-se aos Sacramentos da Igreja

A presença de Maria na Ascensão do Senhor é um dado que a tradição nos passa através da iconografia. A liturgia bizantina recorreu  aos ícones para elaborar seus ofícios litúrgicos para este dia, dando destaque a presença de Maria neste acontecimento.

Desde a primitiva representação da Ascensão do Senhor, em Monza, do século IV ou V, Maria ocupa o lugar central entre o grupo dos discípulos que dirigem seu olhar ao Senhor que ascende aos céus, rodeado por anjos. Os anjos anunciam que tal como havia subido ao céu, Ele voltará cheio de glória (At 1,10-11). O Evangelho de Rabbula de Edessa oferece uma imagem a este respeito com um colorido impressionante. Os detalhes da Virgem Maria são espetaculares. De pé, entre o grupo dos apóstolos ocupa o lugar central. Está revestida com um manto púrpura da “Theotokos”, a Mãe de Deus; suas mãos estão numa posição de oração, como se quisesse acompanhar o movimento de ascensão de seu Filho.

A liturgia bizantina recorre  à iconografia para elaboração de alguns tropários referentes a esta festa, dando voz a expressão iconográfica. Um texto das Vésperas da Ascensão canta:

«Era conveniente que quem, como Mãe, 
sofreu mais que ninguém a Paixão, 
fosse agraciada por contemplar 
a Gorificação de Teu Corpo».

E, associando a Mãe aos apóstolos, testemunhas essenciais dos acontecimentos, segundo as Escrituras, a Liturgia Bizantina expressa a Teologia deste mistério com esta oração:

«Doce Jesus, 
que sem abandonar a comunhão com o Pai, 
quiseste submeter a nossa humanidade 
entre os habitantes desta terra, 
e  que hoje, do Monte das Oliveiras 
subiste em glória,  elevando  o homem contigo 
por amor à natureza decaída, 
fizeste este mesmo homem 
sentar-se contigo junto a teu Pai. 
Por isso, os exércitos angélicos, 
assombrados, cheios de   reverência, 
magnificam teu imenso amor pelos homens. 
Junto com eles, também nós habitantes da terra, 
glorificamos tua vinda até nós
  e tua ascensão aos céus. 
Encheste de alegria o grupo dos doze apóstolos
e a Bem-aventurada Virgem Maria que te gerou, 
faz-nos dignos da glória dos eleitos, 
por suas orações e tua grande misericórdia».

A teologia litúrgica que se desprende da iconografia do Mistério da Ascensão desenvolve amplamente o significado da presença de Maria neste episódio. Sublinha especialmente o caráter eclesial desta presença. No meio dos discípulos e em uma antecipação da espera pelo Pentecostes, Maria é a imagem da Igreja nesta terra. Sua atitude orante, com as mãos elevadas para o céu, é a expressão da epíclese, ou seja, a ardente invocação do Espírito Santo pela Igreja, esposa de Cristo. Desde o momento da Ascensão do Senhor, a Virgem  suplica que o Espírito Santo venha habitar entre nós. 

A mesma série de ícones apresentada no Evangeliário de Rabbula apresenta a cena do Pentecostes com uma assombrosa identidade coma Ascensão: o lugar que ocupava o Senhor na cena da Ascensão é ocupado pela pomba do Espírito Santo que derrama chamas de fogo sobre as cabeças dos apóstolos e de Maria. Há uma razão profunda para a presença de Maria neste mistério. A Virgem foi testemunha da entrada de Jesus neste mundo pela encarnação em seu ventre. Dela o Verbo recebeu a carne que agora é levada à gloria do Pai e é introduzida para sempre no seio da Trindade. Maria aparece como testemunha da humanidade de Cristo que é glorificada. Termina desde modo os acontecimentos visíveis de seu Filho na Terra. Mas Jesus se faz presente visivelmente nos Sacramentos da Igreja. Da mesma forma que Maria sentiu o Senhor encarnar-se em seu seio, também ela, é digna de vê-lo subir em glória, cujo corpo passou por tantos sofrimentos.

5. A Virgem Maria no Mistério do Pentecostes

«Os discípulos dedicavam-se à oração em comum, 
junto com Maria, a Mãe de Jesus». (At 1,14)

Para a presença de Maria no Cenáculo de Pentecostes contamos com a breve e significativa referência de São Lucas que narra este acontecimento no Livro dos Atos dos Apóstolos. Desta forma, este  texto  coloca Maria inserida no seio da comunidade apostólica pois, no momento da descida do Espírito Santo, ela está com os apóstolos. Assim escreveu X. Pikaza, um dos melhores artigos escritos sobre este particular:

«Que contribuição traz Maria, na visão dos estudiosos que interpretam a vida de Jesus? Os Apóstolos são testemunhas de sua atividade e de sua Páscoa; as mulheres testemunham a força de seu amor pela humanidade e a realidade de sua morte; os seguidores testemunham os milagres e sua misericórdia. E Maria? Ela testemunha o  seu nascimento e sua infância comprovando sua verdadeira humanidade».

Jesus não poderia ser concebido pela Igreja como plenamente humano se faltasse o testemunho de uma Mãe que o gerou e o educou. Na visão da Igreja, Maria faz parte da vida de Jesus, mesmo sendo uma testemunha silenciosa: “Guardava  tudo em seu coração” (Lc2,19-51). Há algo que nem os apóstolos, nem as mulheres nem seus seguidores poderiam testemunhar a não ser Maria que entregou à Igreja tal testemunho: sua humanidade e divindade.

O fato de Maria aparecer nos ícones sempre no meio dos Apóstolos embasa fortemente o pensamento de estar inserida significativamente na comunidade apostólica, pois ela continua, com sua presença, a  evangelizar; e recebe, por outro lado, dos que  compreenderam a profundidade de sua fé e missão, a honra de  ser chamada   “Bem Aventurada”

A efusão do Espírito, como sabemos, tem impressionantes semelhanças com o mistério da Anunciação. É a mesma força  que desce do alto, a mesma que cobriu Maria com sua sombra e agora enche o coração dos apóstolos. Os lábios de Maria, na Anunciação se abriram para cantar o Magnificat; e  no Pentecostes os apóstolos anunciaram as obras do Senhor a todos os homens em várias línguas. Lá é o mistério do Cristo que se encarna; aqui é o mistério da Igreja que nasce. Maria então  é aquela que está presente de maneira singular nestes acontecimentos que obedecem uma continuidade: da Encarnação do Verbo   ao nascimento da Igreja, por meio do Espírito Santo.

6. A iconografia

Também no Pentecostes, a iconografia nos oferece uma mensagem da fé da Igreja. O códice de Rabbula de Edessa, fonte inspiradora da iconografia oriental e  ocidental, coloca a Virgem de pé no centro da Igreja apostólica; a pomba, símbolo do Espírito Santo, é colocada verticalmente sobre sua cabeça, lançando sobre ela a chama mais abundante do fogo pentecostal. Maria aparece, como na Ascensão, no centro, como figura e modelo da magnífica presença  feminina na Igreja, e lembra também o rosto de Jesus, no meio de seus apóstolos.

Para este ícone quisera evocar sobriamente uma sugestiva exegese da Teologia Oriental. Escreve o Teólogo  V. Lossky:

«O Espírito Santo 
apareceu em forma de línguas de fogo, 
separadas umas das outras, 
e pousaram sobre a cabeça dos que ali estavam, 
sobre cada um dos membros do Corpo de Cristo. 
O Espírito Santo se comunica com as pessoas, 
marcando cada membro da Igreja 
com o selo da relação pessoal 
e única com a Trindade».

O Espírito de Pentecostes une e distingue. Plasma a pessoa em sua irrepetível singularidade, em seu próprio carisma mas, por sua vez, faz destas mesmas pessoas comunhão umas com as outras. Não é uma fusão que as despersonaliza. A Igreja é comunhão de pessoas, chamadas uma a uma pelo mesmo Espírito, salvaguardando cada singularidade, cada vocação e cada missão, para que participem da plena unidade, como imagem da Trindade. Maria ocupa assim seu lugar na Igreja, pela sua missão, carisma, solidariedade, unidade e comunhão com os demais. Ela é parte da Igreja, discípula e apóstola, e que pela sua maternidade, teve a função de congregar a todos na comunhão, na oração perseverante, à espera do Paráclito.

7. Novas Missas

A Liturgia da Igreja quis  preencher um vazio mariano na “eucologia” ocidental com as orações litúrgicas das missas votivas à Virgem Maria,  que é o centro do mistério do cenáculo com  a “Missa da Virgem Maria no Cenáculo” e a “Missa da Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos.“ Vale a pena recordar os textos centrais do Prefácio que evocam a simetria entre a Anunciação e a vinda do Espírito Santo e a simetria entre a Visitação de Maria à Isabel com a Missão dos Apóstolos:

«Por que nos deste na Igreja Primitiva uma exemplo de oração e de unidade admiráveis: a Mãe de Jesus orando com os discípulos. Aquela que esperou em oração a vinda de Cristo invoca, agora, o Defensor prometido com seus rogos ardentes e que na Encarnação do Verbo foi coberta pela sombra do Espírito, de novo é cheia de graça pelo dom divino, no nascimento de teu novo povo...»

Assim, com feliz intuição litúrgica, a Igreja reconhece em Maria as primícias de sua missão apostólica que parte do cenáculo cheio de ardor e da força do Espírito Santo:

«Porque ela, conduzida pelo Espírito Santo visitou, levando Cristo em seu ventre, o Precursor, dando-lhe alegria e benção; do mesmo modo Pedro e os demais apóstolos, movidos pelo mesmo Espírito, anunciaram a todos os povos o Evangelho que havia  de ser para eles causa de alegria e salvação. Agora também a Santíssima Virgem pede, com sua intercessão incessante, para que anunciem o Cristo Salvador para o mundo».

Em plena recuperação do exemplo de Maria para a Igreja no exercício do culto divino, estas contribuições da espiritualidade litúrgica, com a ajuda do Oriente cristão e o inesperado presente da primitiva iconografia Mariana que é fonte da “lex credendi” (a norma da fé), podemos viver o Mistério do tempo Pascal. Na celebração do Mistério de Cristo que ressuscitou, subiu aos céus e enviou o Paráclito, a Igreja vê Maria, como testemunha especial destes acontecimentos, vivendo tais mistérios e os comunicando ao mundo.

ECCLESIA Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF