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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

A Mongólia que espera Francisco

Painel alusivo à visita do Papa Francisco à Mongólia (Photo by Pesdro Pardo/AFP)

A Santa Sé e a Mongólia estabeleceram relações diplomáticas em 1992.

Vatican News

O país na Ásia Centro-Oriental sem saída para o mar faz fronteira ao norte com a Rússia ao norte e pela China ao sul e ao leste. É um dos países menos densamente povoados do planeta, acolhendo pouco mais de 3 milhões de habitantes numa área cerca de 5 vezes o tamanho da Itália. A paisagem é bastante diversificada, entre montanhas, lagos, desertos e vastas planícies relvadas. A zona sul da Mongólia é ocupada pelo deserto de Gobi, o maior deserto frio da Terra, enquanto a parte nordeste é caracterizada pela existência de montanhas com mais de 4.000 m de altura. O Monte Khuiten (4.356 m), na fronteira com a China, é o pico mais alto. O país possui uma variedade incrível de plantas e um grande número de espécies animais. A flora do norte é constituída principalmente por coníferas e bétulas, enquanto a zona central é caracterizada por uma vegetação herbácea baixa e densa, a estepe, que se estende em direção ao sul transformando-se em deserto. Os principais cursos de água são o Selenga, um dos principais afluentes do Lago Baikal, e o seu afluente Orkhon, o Kherlen e o Jenisej, um dos principais rios do planeta, que no entanto deixa logo a Mongólia para prosseguir o restante de seu curso na Rússia.  As bacias lacustres, tanto de água salgada como de água doce, são numerosas, especialmente na Região dos Lagos, no extremo oeste do país. Aqui se encontram os Uvs, os Khar-Us, onde também estão localizadas a ilha de Agbash, os Khyargas e o Khövsgöl. O clima é continental, com invernos muito longos e frios e verões bastante curtos.

Capital: Ulan Bator (1.452.000 hab.)
Superfície: 1.566.500 km2
População: 3.384.000 hab.
Densidade: 2 hab./km2
Lingua: Mongol (ufficiale), Kazako
Principais grupos étnicos: Khalkha (81,9%), Kazaki (3,8%), Dorvod (2,7%), Bayad (2,1%), Buriati (1,7%), Zakhchin (1,2%), Dariganga (1%), Uriankhai (1%), outros (4,6%)
Religião: budistas (53%), muçulmanos (3%), xamãs (3%), cristãos (2%), católicos (0,04%), ateus (39%)
Forma de governo: República semipresencial
Moeda: Tugrik mongol (1 EUR = 3.774 MNT)

Herdeira do Império Mongol, o mais vasto império terrestre da história da humanidade fundado em 1206 pelo célebre líder Genghis Khan, que havia unificado as tribos mongóis e turcas das estepes asiáticas entre a China e a Rússia, a atual Mongólia compreende hoje o território da Mongólia Exterior ( enquanto a Mongólia Interior é uma região autônoma da República Popular da China).

O país foi uma província chinesa entre o século XVII e 1921, quando então conquistou definitivamente a independência com a ajuda da União Soviética, com a qual manteve estreitos laços geopolíticos. Em 1924 foi aprovada uma Constituição inspirada naquela soviética e proclamada a República Popular da Mongólia liderada pelo Partido Popular da Mongólia (PPM), rebatizado de Partido Revolucionário do Povo Mongol (PRPM). Em 1928, o novo regime aboliu a estrutura social feudal, até então dominada pelos monges lamaístas (a corrente tibetana do budismo), lançando uma campanha antirreligiosa e introduzindo um plano de coletivização radical.

A nomeação de Horloogijn Choibalsan como primeiro-ministro (1936) marcou um novo endurecimento do regime e o fortalecimento das relações com a União Soviética. Após a sua morte em 1952, a vida política foi dominada por Yumjaagiin Tsedenbal, que liderou o governo até 1974, quando se tornou chefe do Estado. As relações com a URSS foram reguladas por um novo acordo (1960), que foi substituído em 1966 por um tratado de amizade, cooperação e comércio de vinte anos.

Na segunda metade dos anos 80, foi lançado um processo de liberalização do país, seguindo o modelo das reformas introduzidas por Michail Gorbachëv na União Soviética. No transformado cenário internacional que se seguiu ao colapso dos regimes comunistas na Europa de Leste em 1989, este processo lançou as bases para a transição do país para a democracia, cujo ponto de viragem foram as manifestações de massa no Inverno de 1990. Naquele ano foi alterada a Constituição, eliminando a referência ao papel do PRPM como força dirigente do país, legalizando os partidos de oposição, criando um órgão legislativo permanente e instituindo o cargo de presidente.

O processo de liberalização política sancionado pela nova Constituição de 1992 criou as condições para um fortalecimento dos partidos da oposição. A primeira vitória eleitoral de um partido não-comunista ocorreu nas eleições presidenciais de 1993 e em 1996, quando as forças da oposição coligadas na Aliança Democrática venceram as eleições parlamentares ao lançarem um programa radical de reforma econômica.

No entanto, a recessão econômica ligada à interrupção do fluxo de ajuda da Rússia após o colapso da URSS e os elevados custos sociais da transição para uma economia de mercado marcada pelo aumento da pobreza e do desemprego geraram um descontentamento generalizado que favoreceu, nas eleições presidenciais de 1997, o candidato do PRPM, Natsagiin Bagabandi.

Nos anos seguintes, uma grave instabilidade política resultou na frequente rotatividade de chefes de governo. Paralelamente, houve um novo fortalecimento do PRPM, que venceu tanto as eleições legislativas de 2000 e 2008 como as eleições presidenciais de 2001 e 2005.

Derrotado nas eleições parlamentares de 2012, após quatro anos na oposição, o PRPM, que neste meio tempo assumiu o nome de Partido Popular da Mongólia (PPM), voltou ao poder após as eleições parlamentares de 2016 e manteve a maioria nas eleições em 2020. O atual presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, que tomou posse em 25 de junho de 2021, também é uma expressão do PPM.

Política externa

Com os seus 1.566.000 km2 e uma população de cerca de 3,3 milhões de habitantes (concentrada principalmente na capital, onde reside cerca de 45,9% da população), tem uma das densidades populacionais mais baixas do mundo, um terço da qual ainda é nômada, principalmente dedicado à criação. A pecuária é um dos setores-chave da economia mongol e, juntamente com a agricultura, representa cerca de um quinto do PIB, mas não é suficiente para tornar o país autossuficiente na produção alimentar. Outro setor-chave da economia está ligado à extração de recursos minerais - principalmente cobre, ouro, carvão, petróleo e urânio exportados em grande parte para a China - estando o país sujeito à volatilidade dos preços destas matérias-primas

Esta fragilidade econômica levou a Mongólia a manter laços estreitos com a Rússia e a alargar a sua relação com a China, agora baseada no Tratado de Amizade e Cooperação de 1994, que consagra o respeito mútuo pela independência e pela integridade territorial. Ao mesmo tempo, a relação com Moscou foi refundada em novas bases após a conclusão da retirada das tropas russas do território mongol em 1992, e depois com o Tratado de amizade e cooperação de 1993. Em 2000, após a visita à Mongólia do presidente russo Vladimir Putin, os dois países assinaram a Declaração de Ulan Bator que, reafirmando a amizade entre os dois Estados, relançou a cooperação em numerosos âmbitos políticos e econômicos. Com a visita de Putin em 2009, como primeiro-ministro da Federação Russa, a cooperação bilateral foi também alargada ao setor socioeconômico.

Paralelamente às relações com a China e a Rússia, a Mongólia também começou a buscar uma política externa autônoma, aderindo ao Movimento dos Não-Alinhados e procurando uma maior participação nas Nações Unidas e nos fóruns de cooperação multilateral. Desta forma, Ulan Bator estabeleceu relações com outros países asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul, mas também com os Estados Unidos e a União Europeia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

É preciso trabalhar pelo Reino de Deus

Crédito: Ed. Cléofas

É preciso trabalhar pelo Reino de Deus

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“Faze a tua parte, se queres que Deus faça a Sua” Santo Agostinho.

Um empreendedor católico pode ser qualquer fiel que realiza o seu empreendimento com o espírito do Evangelho; priorizando a humildade, o amor para com os colaboradores, a presença em seu meio, a atenção com cada um, etc…

É empreendedor católico quem tem a sua pequena ou grande empresa e que valoriza antes de tudo o ser humano, imagem e semelhança de Deus, irmão de Jesus Cristo, filho amado do Pai. Pode ser um leigo que gerencia sua fábrica, buscando o lucro justo, com a finalidade de estabilizar a empresa, dar mais empregos e melhorar a vida dos seus funcionários. Pode ser um padre que promove bem as pastorais e obras de sua paróquia. Pode ser um leigo que promove a evangelização por meio de Encontros, Catequese, obras sociais, etc… Enfim, é empreendedor católico quem faz a luz de Cristo e do Evangelho iluminar as realidade temporais, como diz a Doutrina Social da Igreja.

A Doutrina Social da Igreja, desde de Leão XIII (1800) até o Papa Francisco, oferece ao mundo um caminho divino para a solução dos problemas sociais. E é nesta Doutrina que o empreendedor católico tem de se basear. Ela ensina, por exemplo, que a pessoa não é “mercadoria”; o primado do trabalho sobre o capital, o lucro justo; nunca a “luta de classes”, não a estatização total, liberdade para empreender, e o diálogo cristão entre patrões e empregados. É na verdade como uma verdadeira “revolução humana”, é “anunciar a verdade de Cristo na sociedade”.

O Catecismo da Igreja ensina que: “Sem as luzes do Evangelho a respeito de Deus e do homem, as sociedades facilmente se tornam totalitárias” (n.2257), como se dá nos países de política marxista.

É interessante notar que muitos dos atuais autores de livros de marketing e liderança, que vendem milhares e milhões de livros, têm apontado as virtudes cristãs como o melhor meio de gerenciar os negócios e as empresas. Vejamos alguns exemplos:

O conhecido escritor James Hunter, autor do best seller “O monge e o executivo”, e “Como se tornar um líder servidor”, que venderam milhões de livros, ensina a necessidade do “amor na relação chefes e subordinados”. Ora, isso nada mais é que a principal mensagem de Cristo e do Evangelho. James diz: “Se você opta por liderar, deve servir”. Exatamente o que Jesus disse: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. E mandou que o cristão ocupasse o último lugar.

James Hunter cita Napoleão Bonaparte: “Alexandre Magno, o imperador romano Cesar, Carlos Magno e eu, fundamos impérios na força. Jesus fundou seu império baseado no amor e até hoje milhões de pessoas morreriam por ele”.

Hunter também recomenda aos empreendedores e líderes que cultivem a habilidade de ser paciente, gentil, humilde, grandiloquente, respeitoso, altruísta, honesto, saber perdoar, ser compromissado… Parece até um pregador do Evangelho, e não um marqueteiro.

Charles C. Mariz, outro marqueteiro que vende milhares de livros, escreveu: “Jesus, o maior executivo que já existiu” (Negócio Editora). Mark W. Baker, escreveu “Jesus, o maior psicólogo que existiu” (Ed. Sextante), e vendeu milhares de livros no mundo todo. Laurie Beth Jones escreveu: “Jesus, o maior líder que existiu” (Sextante). Ela recomenda:

“Os executivos de hoje têm de se apoiar no exemplo de Jesus que tinha uma equipe de 12 pessoas imperfeitas e conseguiu coordena-las em torno de uma meta”.

“Eles viraram o mundo do avesso. A questão que levanto é como esta pessoa andou pela Terra e fez de seus colegas gente tão motivada? Executivos estão fazendo isso com seus subordinados”.

“Proponho que todos treinem a equipe de modo a fazer o que Jesus fez. A produtividade vai aumentar, bem como a lealdade e a satisfação no trabalho”.

Augusto Cury, médico psiquiatra, escreveu cinco livros recomendando os exemplos e ensinamentos de Cristo: “O mestre dos mestres”, “O mestre da sensibilidade”, “O mestre da vida”, “O mestre do amor”, “O mestre inesquecível”.

No ano de 2015, Jeffrey A. Krames, famoso formador de líderes nos EUA, judeu não católico, escreveu: “Lidere com humildade – 12 lições do Papa Francisco”, recomendando aos empreendedores que sigam as lições de humildade do papa Francisco, que foi considerado o “Maior líder do mundo” pela Revista Fortune, em 2014; e considerado “Personalidade do Ano” pela Revista Time (2013). Jeffrey recomenda que assim como o Papa Francisco está mudando a Igreja (pastoralmente), os empreendedores mudem suas empresas.

Para esses experts em marketing Jesus é o maior líder, o maior psicólogo, o maior executivo, o maior líder que já existiu… Se esqueceram de dizer que Ele é o maior em Tudo.

Ora, que conclusão chegamos? Parece até que Jesus Cristo é hoje o maior professor de MBA, e os Evangelhos a melhor cartilha de marketing. Os grandes vendedores de livros, profissionais respeitados que se dedicam a formar líderes e empresários bem sucedidos, se espelham nos ensinamento de Cristo. Que maravilha! É mais uma prova de que Jesus é mesmo o Salvador dos homens. Eles têm recomendado algo do tipo:

Humildade não é fraqueza, não exclui a coragem, inteligência e poder, é a força da liderança. Conheça seus pontos fracos. Ouça outras opiniões. Lidere pelo exemplo. Aprenda e aceite ser criticado. Não seja excessivamente seguro de si. Não abuse de seu poder como líder. Seja como São Gregório Magno que se intitulou “Servo servorum Dei!” (Servo dos servos de Deus) ou como Bento XVI que se apresentou como o “Humilde servo da vinha do Senhor”.

Esses marqueteiros famosos estão dizendo: Reconheça e analise continuamente os seus erros, sem medo. Não tome decisões importantes com pressa. Descentralize as tomadas de decisões. Não faça julgamentos precipitados. Comunique-se com todos. Promova eventos sociais com todos. Tome um café com cada um dos colaboradores. Respeite a dignidade do outro.

Ainda recomendam: fortaleça o diálogo – acredite, o outro tem algo a te dizer. Converse em pé de igualdade. Trate cada um com atenção. Cuide das feridas dos colaboradores. Derrube as paredes, construa pontes. Tenha uma sala simples no meio da empresa. Não só de ordens, mas sirva a equipe. Aja com informalidade. Exale o cheiro do rebanho (Papa Francisco). Gerencie andando pela empresa. Decida sem condenar as pessoas. Valorize a experiência sua e dos outros. Tenha seu Conselho de administração. Escolha pessoas certas para te ajudar e confie. Trabalhe com quem “veste a camisa”. Capacite seus colaboradores. Deixe os bajuladores de fora. Mantenha a equipe motivada. “Um homem motivado vai a Lua, sem motivação não atravessa a rua”.

Essas foram algumas das coisas que meditamos nessa oportunidade em Maringá e que servem para nos ajudar a repensar em como estamos cuidando de nosso empreendimento como católicos para a construção do Reino de Deus aqui na Terra. O que temos feito para construir o Reino de Deus entre os homens, em nossas famílias, em nossa comunidade? Será que as pessoas com as quais trabalhamos conseguem enxergar o Cristo em nós? Como temos apresentado o Cristo a elas?

Deus quis contar com a ajuda dos homens para construir seu Reino, e Ele não vai fazer a parte que cabe a nós realizar. Por exemplo, é Deus quem tem o poder de fazer uma semente germinar e crescer uma linda planta. No entanto, ele não vai fazer a parte do homem, que é de cavar um buraco, plantar e cuidar da planta que está crescendo. É preciso compreender verdadeiramente qual o sentido cristão do trabalho.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

A avalição moral do aborto

A avaliação moral do aborto (diocesesa)

A AVALIAÇÃO MORAL DO ABORTO

Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

A polêmica sobre o aborto é grande na sociedade. A favor ou contra? Permitido ou não? Legaliza-se sua prática ou não? Do ponto de vista social o aborto é um flagelo, pela enormidade dos males que causa à sociedade. Quem já ouviu o depoimento de uma mãe que abortou e se arrependeu, sabe do que se trata. É uma chaga oculta por onde se esvai um precioso potencial de vida, especialmente nas sociedades, nas quais diminui drasticamente o número de crianças.

Não falo aqui do aborto do ponto de vista religioso, mas antropológico. É uma questão humanitária que não pode considerar os direitos somente dos mais fortes, os adultos envolvidos, mas dos mais fracos, os fetos que perguntam: por que matar quem tem direito à vida?

Do ponto de vista moral, o aborto é um atentado contra a vida de um ser humano, vivendo ainda na dependência do organismo materno (encarregado de formá-lo e protegê-lo, constituindo, porém, já um ser autônomo), com uma lei peculiar à sua evolução. Dentre os crimes contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam abjurável. Isto é reconhecido por 90% da população brasileira, segundo pesquisa Data/Folha.

Desta forma, as propostas de certos grupos da sociedade para legalizar o aborto não estão em sintonia com a democracia, que deve levar em conta a vontade da maioria. São grupos de interesses, revestidos de argumentos que não se sustentam diante da mais elementar consciência humana, não subjugada por ideologias. Diante do direito à vida, nenhum legislador pode se arvorar em “Deus” para decretar a morte de inocentes e indefesos.

Além do valor intrínseco como membro da espécie humana, o feto não teria nenhum outro direito? Seria um feto humano, inferior aos fetos das tartarugas marinhas, protegidos por lei antes de saírem do ovo, antes de nascerem? O Império Romano concedia à pátria potestas, o direito do infanticídio, do abandono das crianças, venda dos filhos como escravos e do aborto. Na mentalidade do mundo greco-romano, somente o cidadão livre é sujeito do direito: não o escravo nem a criança.

Parece-nos que, após um progresso significativo, uma evolução do Direito, estamos involuindo, ao perder a percepção da gravidade e criminalidade do aborto. A aceitação do aborto na mentalidade, costumes e na própria lei é sinal de uma crise do sentido moral, que se torna cada vez mais incapaz de distinguir o bem do mal, mesmo quando está em jogo o direito fundamental à vida: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, chamam mal, os que tem as trevas por luz e a luz por trevas” (Is 5,20).

Todo ser humano, inclusive o feto, tem direito à vida que lhe vem imediatamente do Criador, não dos pais nem de qualquer autoridade humana. O ser humano é chamado a colaborar com o Criador na transmissão da vida, mas não é o senhor da vida. Não existe ademais uma pessoa humana com título válido ou indicação suficiente para uma disposição deliberada sobre uma vida inocente. Apenas se justifica o aborto não provocado ou espontâneo, independente da vontade humana.

Dados científicos, interesses políticos e econômicos, correntes filosóficas e morais com ideias equivocadas de liberdade, que inclui a eliminação do outro, soberba dos legisladores, que se arvoram em senhores da vida ou da morte, como se fossem Deuses, tudo isto vai aos poucos incutindo na sociedade o projeto de uma “sociedade abortista”.

Numa sociedade que legisla a morte de inocentes e crianças, aos poucos se chega a legislar a morte dos idosos, depois a legislar a morte dos doentes incuráveis, dos inúteis ao Mercado etc. É urgente a “humanização” baseada na importância de toda vida humana e que dá o mesmo valor a todo ser humano desde seu início a seu fim natural.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pastoral da Acolhida

Pastoral da Acolhida (igrejabomconselho)

Pastoral da acolhida

Jo 13, 1-15

O Senhor, Filho único de Deus, veio ao mundo para servir e não para ser servido. Lavou os pés dos seus discípulos para dar-nos o exemplo. Ele nos deixou o mandamento de nos amar assim como Ele nos amou, entregando sua vida por nós.

Pastoral: parte do povo de Deus que decide seguir o Senhor mais de perto, imitando o seu coração de Pastor. Jesus, manso e humilde de coração nos ensinou a servir e dar a vida.

A pastoral está para o serviço, para aproximar os seus membros de Cristo e para aumentar o rebanho do Senhor. Uma pastoral não existe para aumentar a burocracia na Igreja, mas para tentar fazer aumentar a família de Deus.

A pastoral quer imitar o Senhor, segui-lo com radicalidade e humildade. Não confia em si mesmo mas na graça que vem do Senhor, pois sabe que “sem mim nada podeis fazer”.

Pastoral da acolhida: parte da seguinte certeza: “quem vos recebe a mim recebe; quem vos rejeita a mim rejeita”. A pastoral da acolhida deve dar um clima de família para nossas paróquias; ela conseguirá isso se realmente os seus membros se preocuparem pelos que vêm à Igreja. É preciso saber escutar, saber ter iniciativa, conseguir ver os detalhes, conseguir se antecipar às necessidades do outro.

Os membros da pastoral da acolhida devem se esforçar por ter a caridade de Cristo, a atenção de Maria, o espírito de serviço dos santos. Isso será alcançado na medida em que eles se aproximarem mais ao Senhor, na oração sincera, na devoção verdadeira à Santa Eucaristia, na confiança absoluta na graça de Deus. A pastoral da acolhida dever a certeza de que somos acolhidos por Deus e por isso podemos ser seus instrumentos.

A pastoral da acolhida deve ser uma referencia de amizade aos que vêm à Igreja. Deve buscar conhecer as pessoas, respeitá-las nas suas limitações, se apresentar sempre como disponível a ajudar. Deve ser a voz da Igreja mais próxima das pessoas, com suas necessidades reais.

Tarefas concretas:

  • Chegar bem antes da Missa para rezar pelos que virão na celebração, e pedir a Deus que possam ser a voz e os braços da Igreja a todos os que se reunirem para a celebração;
  • Acolher a todos com alegria, com amizade e simpatia. Nunca criticar a alguém por ter ficado algum tempo sem aparecer na Igreja, mas acolher a todos com o Pai acolheu o Filho pródigo no seu retorno a casa;
  • Buscar conhecer aqueles que vieram pela primeira vez na Igreja; comunicar ao grupo de liturgia para que possam ser acolhidos pelo sacerdote e por toda a comunidade no final da Missa;
  • Ter especial atenção aos idosos, aos enfermos, às grávidas, providenciando um lugar adequado a essas pessoas e a todos os que possuem uma especial necessidade;
  • Ter especial atenção pelas crianças, para que não interrompam desnecessariamente a Celebração, educando-as e demonstrando o amor especial de Cristo pelas crianças;
  • Estar atento se entrar alguma pessoa bêbada ou com algum descontrole psicológico na Santa Missa. Jamais permitir que esses se aproximem do altar, onde o Senhor Jesus se entrega por todos;
  • Ser um contato com as pessoas que queiram fazer algum encontro ou retiro espiritual. Em ocasiões, saber oferecer essas possibilidades aos fiéis, especialmente aos jovens;
  • Ser o ponto de contato entre as pessoas que desejam uma visita do sacerdote e esse. Muitos precisam da visita do sacerdote e, às vezes, têm vergonha de pedir, ou não encontram a possibilidade de comunicar ao sacerdote;
  • Não permitir que alguns fiquem conversando fora da Igreja durante a celebração. Indicar a essas pessoas que se desejam conversar poderão fazê-lo em qualquer lugar em que não prejudicam o culto cristão. Ter compreensão e firmeza sempre;
  • Ajudar a que todos participem bem na Celebração, com o bom exemplo, com a atenção voltada para o Senhor e para às necessidades do próximo;

No final da Santa Missa, agradecer ao Senhor pelo trabalho realizado e pedir a Ele que continue sendo exemplo de serviço aos fiéis durante toda a semana.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

A Igreja na Mongólia

Otgontsetseg Dash-Onet, católica, em sua casa (Foto de Pedro PARDO/AFP)

Hoje são cerca de 1.500 batizados na Igreja Católica (em 1995 eram apenas 14) distribuídos por oito paróquias e uma capela, num total de mais de 60 mil cristãos de várias denominações, em um total de três milhões e meio de habitantes. Eles são assistidos por um bispo, 25 sacerdotes, incluindo dois mongóis, 6 seminaristas, mais de 30 religiosas, cinco religiosos não sacerdotes e 35 catequistas. Os agentes pastorais são de cerca 30 nacionalidades.

Vatican News

Na tarde desta quinta-feira, 31, "partirei para o continente asiático para visitar os meus irmãos e irmãs na Mongólia. Peço-lhes que me acompanhem nessa viagem com suas orações. Que Jesus os abençoe e que a Virgem Santa cuide de vocês”, foi o pedido do Papa Francisco na Audiência Geral da quarta-feira, véspera da viagem. Não obstante as primeiras sementes do Evangelho ali tenham sido lançadas em termos remotos, foi a partir dos anos 90 do século XX que a missão no país ganhou um novo impulso.

As origens

O cristianismo na Mongólia tem raízes profundas que remontam pelo menos ao século X, graças à difusão até ao Extremo Oriente das comunidades nestorianas de tradição siríaca, embora a sua presença no território ao longo dos séculos tenha sido descontínua.

Pelos testemunhos do frade franciscano Giovanni di Pian del Carpine enviado pelo Papa Inocêncio IV como embaixador na corte do Khan em 1245, sabemos que a antiga capital imperial Karakorum, fundada em 1235 por Ögödei Khan, era cosmopolita e multirreligiosa, com uma presença nestoriana. O primeiro missionário cristão do Ocidente autorizado a entrar no país foi o padre dominicano francês Barthélémy de Crèmone, que chegou em Karakorum em 1253 durante uma missão diplomática em nome do rei da França.

Em 1922, o Papa Pio XI erigiu a Missão sui iuris da Mongólia Exterior (correspondente à atual República da Mongólia), diminuindo o território do Vicariato Apostólico da Mongólia Central, na China (hoje Diocese de Chongli-Xiwanzi), renomeada em 1924 Missão sui iuris de Urga.

Após o nascimento, nesse mesmo ano, da República Popular da Mongólia pró-soviética, toda presença cristã no território foi cancelada até 1992, quando a nova República da Mongólia, nascida da Revolução Democrática de 1990, estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé e foi erigida na Missio sui iuris de Ulan Bator, confiada aos Missionários do Imaculado Coração de Maria (CICM, conhecidos como Missionários de Scheut). À frente da missão desde o seu início estava o missionário filipino Wenceslao Padilla (falecido em 2018), nomeado por São João Paulo II em 2002 vigário apostólico e depois prefeito apostólico de Ulan Bator em 2003.

Uma Igreja jovem e pobre, mas vivaz

Quando os três primeiros missionários de Scheut chegaram à capital mongol em 1992, não havia sequer um único católico na Mongólia e o trabalho da “implantatio Ecclesiae” teve que começar do zero, no meio a dificuldades linguísticas e culturais.

O seu trabalho de apostolado e o de outras congregações religiosas que neste meio tempo chegaram à Mongólia, apoiado também financeiramente pela Igreja coreana deu seus frutos, como indica o lento mas constante aumento de convertidos ao catolicismo neste país de tradição budista e o interesse manifestado por um número crescente de jovens fiéis pelo sacerdócio e pela vida consagrada. Em 1995 havia apenas 14 católicos mongóis.

Como explicou o atual prefeito apostólico de Ulan Bator, o cardeal missionário italiano da Consolata Giorgio Marengo, a história da Igreja na Mongólia nestas três décadas pode ser dividida aproximadamente em três fases. A primeira, de 1992 a 2002 (quando a Missão foi elevada por São João Paulo II a Vicariato Apostólico), marcada por pequenos mas significativos progressos, sobretudo no campo da promoção humana. A segunda década viu o nascimento e o enraizamento das primeiras comunidades cristãs locais, enquanto a terceira década é simbolizada pela ordenação do primeiro sacerdote mongol, padre Joseph Enkhee-Baatar, em 2016.

Hoje são cerca de 1.500 batizados na Igreja Católica (em 1995 eram apenas 14) distribuídos por oito paróquias e uma capela, num total de mais de 60 mil cristãos de várias denominações, em um total de três milhões e meio de habitantes. Eles são assistidos por um bispo, 25 sacerdotes, incluindo dois mongóis, 6 seminaristas, mais de 30 religiosas, cinco religiosos não sacerdotes e 35 catequistas. Os agentes pastorais são de cerca 30 nacionalidades.

O trabalho da Igreja

A atividade predominante na obra missionária continua a ser o empenho nos campos social, educacional e de saúde. Em 2020 existia um instituto técnico, duas escolas primárias e duas creches, uma clínica médica que oferece tratamento e medicamentos aos mais carentes, um centro para pessoas com deficiência e dois institutos para acolher idosos abandonados e pobres. Cada paróquia também iniciou projetos de caridade que se somam aos da Caritas Mongólia, abrindo refeitório e chuveiros públicos, serviços de reforço escolar, cursos destinados à população feminina.

Boas relações com as autoridades mongóis e outras religiões

Este trabalho de promoção humana é apreciado pelas autoridades locais e tem contribuído para consolidar as boas relações entre Ulan Bator e a Santa Sé, como confirma o acordo assinado em 2020 pelo Embaixador da Mongólia junto à Santa Sé e o Arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano. para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, para intensificar a colaboração no âmbito cultural entre os dois Estados, por meio da abertura do Arquivo Apostólico do Vaticano aos pesquisadores mongóis. As relações com outras religiões também são boas e em particular com as autoridades religiosas budistas, enraizadas na antiga tradição de tolerância e abertura que remonta ao império de Genghis Khan e confirmadas pela primeira visita oficial ao Vaticano, em 28 de maio de 2022, de uma delegação da Autoridade Budista da Mongólia acompanhada pelo cardeal Giorgio Marengo.

Desafios pastorais

Neste contexto positivo, o primeiro dos desafios pastorais da Igreja mongol, destacou o cardeal Marengo, é ajudar os fiéis a aprofundar a sua fé e a torná-la cada vez mais ligada à vida quotidiana. O segundo desafio é promover a comunhão e a fraternidade entre os missionários das diversas congregações e as demais comunidades cristãs presentes no país. Permanece, por fim, o desafio de continuar a proclamar corajosamente o Evangelho à sociedade mongol, onde, após longas décadas de ateísmo estatal durante o regime comunista, 39% da população ainda se declara não religiosa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

«A política de Deus é resistir aos orgulhosos, mas dar graça aos humildes» (Albino Luciani)

Papa Joãp Paulo I (Vatican News)

Arquivo 30Dias - 07/08 - 1998

«A política de Deus é resistir aos orgulhosos, mas dar graça aos humildes» (Albino Luciani)

Memórias e esperanças daquele verão há vinte anos. Quando um homem que viveu na simplicidade da Tradição se tornou bispo de Roma.

por Gianni Valente

Era meio-dia de domingo, 27 de agosto, há vinte anos, quando Albino Luciani olhou para a Praça de São Pedro, da galeria central da Basílica do Vaticano, para o seu primeiro discurso como papa. À multidão que enchia a praça, aquele que até à véspera tinha sido o patriarca de Veneza contou como tinha sido: «Ontem de manhã fui à Capela Sistina votar tranquilamente. Nunca imaginei o que estava para acontecer. Assim que começou o perigo para mim, os dois colegas que estavam perto de mim sussurraram-me palavras de coragem. Um disse: “Coragem!”. Se o Senhor dá um fardo, também dá ajuda para carregá-lo”. E o outro colega: «Não tenha medo, em todo o mundo há tantas pessoas que rezam pelo novo Papa»». Em seguida, Luciani explicou a escolha do nome que adotou como papa: Giovanni Paolo, em homenagem aos dois antecessores. E concluiu: «Não tenho nem asapientia cordis do Papa João, nem a preparação e a cultura do Papa Paulo, por mais que estejam no seu lugar, devo procurar servir a Igreja. Espero que você me ajude com suas orações.

O montanhista, filho de um emigrante socialista, que descreveu a iminente eleição papal como um “perigo” e os cardeais como “colegas de trabalho”, já tinha algumas premonições sobre o seu destino como sucessor de Pedro. Paulo VI, em setembro de 1972, ainda antes de criá-lo cardeal, durante a sua visita a Veneza tirou a estola pontifícia e colocou-a sobre os ombros, numa passagem simbólica do bastão. “Ele me deixou todo vermelho, diante de vinte mil pessoas”, lembrou Luciani em seu primeiro encontro como papa com os fiéis. Até a Irmã Lúcia, a única vidente de Fátima ainda viva, em Julho de 1977, quis conhecer o futuro João Paulo I e previu a sua eleição como Papa. "Ela é uma grande conversadora"

Mas, fora esses episódios, o nome de Luciani não aparecia com frequência no "toto-papa" daquele quente verão de 1978. As casas de apostas de Londres, que já poucas horas depois da morte de Montini davam as probabilidades de seu provável sucessor, pagando três vezes e meia as apostas no cardeal vigário de Roma Ugo Poletti e no influente cardeal Sebastiano Baggio; deram quatro ao bispo de Florença Benelli e doze ao argentino Pironio. Mas não contemplaram Luciani entre os candidatos elegíveis. Mesmo os especialistas do Vaticano, agarrados aos seus pequenos esquemas nascidos da tagarelice da equipa editorial, falharam espectacularmente nas suas previsões.

E, no entanto, o que é ainda mais surpreendente, o de Agosto de 1978 foi um conclave relâmpago. Quatro votações foram suficientes para que o patriarca de Veneza ultrapassasse em muito o limite exigido. “Uma maioria extraordinária, três quartos reais para uma personalidade pouco conhecida”, diria mais tarde o cardeal belga Leo Suenens. De acordo com algumas reconstruções não oficiais, Luciani obteve 99 ou mesmo 101 dos 111 votos disponíveis na época.

Esta vasta convergência súbita e inesperada dos vários grupos de cardeais não foi desprovida de significado. Como explica o Cardeal Lorscheider na entrevista seguinte, as habituais oposições conservadoras-progressistas com a eleição de Luciani foram ignoradas. Sem quaisquer compromissos políticos específicos. Simplesmente, as diferenças e as reservas falharam inesperadamente face à perspectiva inesperada que se abriu. Um Papa que foi acima de tudo um pároco, um bom “pároco de Roma”, fez com que todos concordassem, obtendo a aprovação quase unânime mesmo dos cardeais do Terceiro Mundo. Os últimos a aderir à convergência sobre Luciani foram alguns cardeais europeus, incluindo o austríaco Franz König, que será o grande eleitor de Karol Wojtyla. O arcebispo de Madrid Vicente Enrique y Tarancón o revelaria mais tarde, contando um encontro que teve lugar na sua cela com expoentes do progressismo conciliar como Suenens, Alfrink, König e outros: «Falámos uns com os outros» disse ele «porque sentíamos fora do caminho» . Imediatamente após a eleição, a todos os cardeais que se aproximaram dele para lhe prestar homenagem, Luciani murmurou as mesmas frases, balançando a cabeça: «Que Deus te perdoe pelo que fizeste! Sou um pobre papa, sou um pobre papa..." Imediatamente após a eleição, a todos os cardeais que se aproximaram dele para lhe prestar homenagem, Luciani murmurou as mesmas frases, balançando a cabeça: «Que Deus te perdoe pelo que fizeste! Sou um pobre papa, sou um pobre papa..." Imediatamente após a eleição, a todos os cardeais que se aproximaram dele para lhe prestar homenagem, Luciani murmurou as mesmas frases, balançando a cabeça: «Que Deus te perdoe pelo que fizeste! Sou um pobre papa, sou um pobre papa..."
Luciani foi Papa apenas por trinta e três dias. Foi o suficiente para despertar espanto nos simples fiéis. “O verdadeiro drama da Igreja que gosta de se definir como moderna é a tentativa de corrigir com regras o espanto do acontecimento de Cristo”. Giussani comenta: “É uma frase admirável de João Paulo I. O seu mês de pontificado teria sido providencial, nem que fosse por esta observação, cujo equivalente não se encontra em nenhum outro lugar”.

Na sua primeira mensagem em latim, italiano e francês, depois de mencionar o “legado do Concílio”, declarou a sua intenção de “manter intacta a grande disciplina da Igreja”. Desde os primeiros gestos ele aplica esse retorno ao essencial ao seu papel. Após o rito de inauguração do seu ministério, ele desce sozinho ao túmulo de São Pedro e ali permanece de joelhos durante dez minutos. Ele transforma as audiências das quartas-feiras em festivas e breves aulas de catequese, os fiéis ficam emocionados e emocionados. Alguém começa a torcer o nariz. A grande imprensa, depois de o acolher com distanciamento, começa a zombar deste Papa que só quer ser o humilde e fiel guardião do tesouro de Outro. Ele começa a se referir a ele como alguém que parece “um encanador entrando em casa” (The Times ), difamando que a sua escassa propensão para as contorções da teologia depende do facto de “faltar-lhe preparação” ( Le Monde ).

Depois da sua morte, será privilégio de poucos ir investigar o passado do Papa Luciani, descobrindo a riqueza simples da sua fé. A fé de um bom pároco que do trono de Pedro teria consolado todos os pobres do mundo. Mas o quanto a simples fé da Tradição testemunhada por Luciani poderia involuntariamente soar subversiva para os aparatos de poder da época e sempre transparece desde o início a partir de vários indícios. Uma delas consiste nas notas secretas das conversas entre Luciani e o cardeal secretário de Estado Jean Villot, relatadas no apêndice do volume de Camillo Bassotto Meu coração ainda está em Veneza: «Sou primeiro bispo de Roma e depois Papa. Sei que são duas coisas numa só, mas não quero aparecer como um figurante diante do meu povo. [...] Meus discursos serão poucos, curtos e ao alcance de todos. Vou aproveitar todas as colaborações, mas quero que as falas sejam minhas [...]. Alguém aqui na Cúria definiu o atual Papa como “uma figura insignificante”. Não é uma descoberta. Sempre o conheci e Nosso Senhor antes de mim. Não fui eu quem quis ser Papa. Eu, como Albino Luciani, sou um chinelo quebrado, mas como João Paulo I é Deus quem trabalha em mim». Irmã Vincenza Taffarel, a freira que cuidava dele, disse que um dia Luciani subiu no jardim do Palácio Apostólico, trazendo também consigo alguns trabalhos para fazer. Depois começou a olhar o panorama de Roma, deixando anotações sobre uma mesa para um importante discurso que estava preparando. Foi então que uma súbita rajada de vento espalhou os papéis do discurso por todo o lado. Alguns acabaram nos telhados, outros começaram a deslizar na praça abaixo. «Socorro!», começou a gritar o Papa, sorrindo. Depois, voltando-se para Irmã Vincenza, acrescentou: «Veja, freira, o fim das palavras... também as do Papa. São os factos que contam!».

A morte repentina do Papa Luciani alimenta dúvidas e ansiedades há vinte anos. O semanário L'Espresso definiu-o recentemente como “a mãe de todos os mistérios da história do Vaticano moderno”. Mas, além das reconstruções irreverentes, o certo é que Luciani cai no chão do quarto, morrendo sozinho. Este foi o seu sacrifício. E, como foi observado, talvez só no fim do mundo saberemos até que ponto ele foi martirizado. Luciani disse, na sua primeira alocução: «Ainda temos a alma enfraquecida pelo pensamento do tremendo ministério para o qual fomos escolhidos: como Pedro, parece-nos que pisamos em águas traiçoeiras. E, abalados pelo vento impetuoso, clamamos com ele ao Senhor: “Domine, salvum me fac! ”. Mas ouvimos também a voz encorajadora e ao mesmo tempo bondosa e exortante de Cristo dirigida a Nós: “ Modicae fidei; onde você duvidou? ”. Se as forças humanas por si só não conseguem se adequar a tanto peso, a ajuda de Deus Todo-Poderoso, que guia a sua Igreja através dos séculos no meio de tantas contradições e contradições, certamente também não faltará em Nós, humilde e último Servus servorum Dei . Mantendo a mão em Cristo, apoiando-nos nele, também nós subimos ao leme deste navio que é a Igreja: ela é estável e segura, mesmo no meio das tempestades, porque tem consigo a presença reconfortante e dominadora de o Filho de Deus".

Fonte: http://www.30giorni.it/

Bispos da Irlanda decidem devolver 30% das terras da Igreja à natureza até 2030

"Jardim de biodiversidade" em paróquia no condado de Kerry, na Irlanda, em setembro de 2022. - Crédito da foto: Jane Mellett

A Igreja da Irlanda começou imediatamente a implementar o plano.

“Achamos que foi um grande desenvolvimento internacional e nos perguntamos como seria se a Igreja fizesse a mesma coisa”, disse Jane Mellett, oficial da Laudato Si' na organização católica irlandesa Tròcaire e parte dos doze membros do ‘Grupo de Trabalho Laudato Si', que surgiu depois de a encíclica ser publicada em 2015.

“Quando falamos sobre os terrenos da Igreja, falamos sobre a área verde ao redor de cada igreja paroquial, que geralmente é um espaço público”, disse Hayes. Um levantamento feito em 2022 pela Associação dos Padres Católicos (ACP, na sigla em inglês) contabilizou 1.355 paróquias e mais de 2.650 igrejas ou centros de missa nas 26 dioceses do país.

Como primeira tarefa concreta, as freguesias são convidadas a formar um grupo “para avaliar os seus terrenos paroquiais e mapear uma área com vista a devolver 30% à natureza até 2030”. Hayes aconselhou-os a “envolver-se com especialistas locais de centros de jardinagem e horticultores”.

Como forma de mapear a biodiversidade, a Igreja propõe no seu site uma “Lista de verificação de terrenos” para ajudar a avaliar as propriedades. Os paroquianos são convidados a listar os seus recursos naturais, seja uma sebe nativa, um muro de pedra natural, uma horta, um sistema de compostagem ou mesmo um pomar ou arbustos de fruta.

Para tornar parte do terreno da Igreja “um refúgio para polinizadores e biodiversidade”, são detalhados passos práticos. Por exemplo, a comunidade pode plantar plantas que atraiam polinizadores, instalar um pouso para abelhas, criar um viveiro de árvores, semear arbustos e canteiros de flores, promover fontes alternativas de energia ou organizar um sistema de reciclagem.

“Mesmo em centros urbanos, quase todas as igrejas têm algum espaço verde, e elas poderiam olhar para o seu parque de estacionamento, para as floreiras das janelas, para plantar flores polinizadoras, não necessariamente através de pastagens, mas de outras formas”, disse Mellet.

Um “incrível passo” focado na crise da biodiversidade

Numa entrevista à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, Ciara Murphy, que trabalha como defensora da política ambiental no centro jesuíta para a Fé e Justiça em Dublin, saudou a iniciativa dos bispos como “um primeiro passo incrível”.

“Parece uma tarefa simples, mas na verdade é uma iniciativa muito importante porque há muito foco nas emissões e no clima, mas esta centra-se especificamente na crise da biodiversidade”, disse ela.

Segundo Murphy, muitas igrejas têm um gramado na frente ou um terreno, e cemitérios também podem ser considerados. “Podemos torná-los mais amigos da biodiversidade, tentando reduzir pesticidas ou herbicidas nas áreas… Pode até ser tão simples como colocar um jardim de chuva no final da calha, ou ocupar um espaço em frente à igreja para plantar algumas plantas polinizadoras”, explicou ela.

Murphy, coautor de um livro sobre uso das paróquias para beneficiar o meio ambiente, disse que “o trabalho de base já foi feito” na Irlanda. Ela mencionou o “Plano Polinizador para toda a Irlanda” – ao qual os bispos se referem – no qual estão envolvidas comunidades religiosas. Já “há muitos exemplos em toda a Irlanda onde as pessoas fizeram mudanças”, disse ela. Ela cita uma igreja que “em cada batizado e em cada casamento, se presenteavam os pais com uma árvore para plantar em sua casa ou casa de família.”

Segundo Mellett, há muito interesse neste novo projeto.

“O Centro Nacional de Dados sobre Biodiversidade está muito feliz com isso; eles disseram que fará uma enorme diferença para a biodiversidade local em todo o país”, disse ela. 

“Aumentar a conscientização não é mais um problema para nós; está em nossas notícias todos os dias. O que as pessoas querem ouvir é o que podem fazer e como podem se unir para fazer isso.”

Cinco semanas para se reconectar com ‘sa nadúr’

Mellett destacou outro evento promovido pelos bispos irlandeses: o próximo Tempo da Criação, celebrado de 1º de setembro a 4 de outubro, estabelecido pelo papa Francisco como um dia mundial anual de Oração pelo Cuidado da Criação.

“Nos últimos cinco anos, a participação cresceu enormemente. A cada ano vemos um aumento, muitas pessoas fazem cursos Laudato Si’, etc.”

Na página inicial “Cuidar da nossa Casa Comum”, os bispos católicos oferecem uma ampla variedade de recursos para o Tempo da Criação centrado este ano no tema “Façam fluir a justiça e a paz” (cf. Amós 5,24).

Os fiéis são encorajados a reconectar-se com a natureza – “sa nadúr” em irlandês – “ouvir, olhar, sentir” e “apreciar o ‘livro da natureza’ de Deus” todos os domingos durante o Tempo da Criação e organizando uma bênção especial para os animais de estimação da família na festa de são Francisco de Assis, em 4 de outubro.

Na verdade, a bênção dos animais no dia de são Francisco é uma prática antiga na Igreja e remonta às primeiras comunidades franciscanas depois que o fundador foi canonizado, ainda no século XIII.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Fundamentos antropológicos e éticos da Doutrina Social da Igreja

Doutrina Social da Igreja (catequistasemformacao)

FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E ÉTICOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA) 

FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS E ÉTICOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (Parte 3) 

Na Igreja há movimentos com fortes tendências espiritualistas que negam, de diversas formas, os fundamentos e a necessidade da Doutrina Social da Igreja (DSI). E por isso questionam a sensibilidade da Igreja para com as realidades sociais. Todavia, tal postura na verdade, carece profundamente de base favorecendo a insignificância da Igreja no mundo, bem como negando suas origens. 

A catequese deve ser uma fonte viva de promoção de um processo de formação sistemático, integral e contínuo dos discípulos de Jesus Cristo para que possam compreender a beleza e a profundidade do que significa ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5,13-14). Por isso, nestas próximas reflexões recordemos brevemente os fundamentos da DSI, começando pelas dimensões antropológica e ética. 

 Fundamento antropológico  

A Igreja não é formada por anjos, mas por seres humanos e pela humanidade se interessa. Portanto, a partir da sua própria identidade e constituição, a Igreja tem um fundamento antropológico.  

Portanto a Igreja se interessa pelo social porque o ser humano, formado de matéria e espírito, é uma “totalidade unificada”, de corpo e alma, com muitas dimensões. Nenhuma dimensão humana é isolada, paralela, neutra, avulsa; são todas interdependentes e o espírito (alma) perpassa a totalidade delas.  

A Igreja, formada por seres humanos, deles se ocupa e por isso é profundamente humana e não pode deixar de se interessar por tudo aquilo que é naturalmente humano. Quando a pessoa abraça a fé, esta dinamiza a totalidade da sua vida.  

Essa dimensão social da fé se expressa muito bem no preceito do amor a Deus que é inseparável do amor ao próximo. O amor ao próximo tem uma dimensão social; ou seja, as pessoas não vivem isoladamente, mas em família, em sociedade, em comunidade; por isso é preciso a preocupação com o bem comum que são todas as realidades e estruturas sociais que contribuem para a promoção e a vivência da justiça, da paz, harmonia, fraternidade etc.  Inserido nessa realidade o discípulo de Jesus Cristo é chamado a testemunhar a sua Fé, a Esperança e Caridade. As virtudes teologais tem uma dimensão intrapessoal, interpessoal, social, ambiental, universal.  

Ao centro das preocupações antropológicas da DSI está a sacralidade da vida da pessoa humanaa vida humana é o dom de Deus mais precioso; o ser humano, “criado à imagem e semelhança de Deus” é sagrado e deve ser incondicionalmente acolhido, respeitado, tutelado e promovido em todas as fases da sua existência. Jamais perde a sua dignidade. O ser humano é pluridimensional e todas as suas dimensões (intelectual, moral, afetiva, sexual, social, econômica, política, cultural, espiritual… etc), são envolvidas pela fé. A Igreja, portanto, deve se interessar pela totalidade do ser humano.  

 Fundamentos éticos 

Desse primeiro fundamento (antropológico) decorre um segundo que diz respeito ao tratamento do ser humano. O reconhecimento e a acolhida do ser humano, geram muitas consequências sobre as preocupações para com a pessoa, tais como: sua realização vocacional, a qualidade do seu agir, as condições em que vive, seus direitos fundamentais, a promoção do bem comum etc. Todas as realidades sociais, como a economia, a política, as ciências, a educação etc. estão dentro deste bojo de preocupações éticas. Seria uma grande incoerência se a Igreja, teoricamente professasse a dignidade humana, mas não se interessasse por suas consequências concretas.  Portanto, todos os males sociais como a violência, a corrupção, a injustiça, a negação da saúde, o descaso pelo Bem comum etc, atentam contra a dignidade humana. 

Vejamos algumas dessas preocupações concretas que fazem parte da DSI e, por isso, devem estar no cotidiano pastoral da Igreja: 

Os direitos humanos: o ser humano é portador de direitos naturais, inalienáveis, que não dependem da sua condição existencial e por isso devem ser incondicionalmente respeitados, como o direito à vida, ao justo tratamento, e todos os direitos que lhe devem assegurar as condições de vida digna; 

A promoção do bem comum: são todos os bens da natureza e frutos do labor humano, por isso, tem uma destinação universal, para todos; o bem comum é tudo aquilo que está a serviço da dignidade humana (não só os bens naturais, mas também a educação, economia, política, meio ambiente, paz, justiça…); 

A participação social: vem do reconhecimento do homem como sujeito livre e responsável e, por isso, deve ser responsabilizado pela promoção do bem comum respeitando a justa ordem e paz social, os princípios éticos e as exigências morais onde vive; por isso, a Igreja defende e incentiva os leigos a estarem engajados em questões sociais onde possam testemunhar a própria fé (no mundo da economia, da política, das ciências, da cultura, dos esportes, das comunicações etc);   

Do dever da participação social decorre uma consequência importante que é a subsidiariedade: trata-se da justa relação entre o sujeito livre e responsável e as instituições da sociedade que estão a serviço da promoção do bem comum. As instituições contribuem com a promoção dos direitos individuais inalienáveis sem negar o bem comum. O Estado ajuda! O indivíduo deve fazer a sua parte! 

O desenvolvimento humano integral: crendo no ser humano como portador de grandes potencialidades, a Igreja estimula o desenvolvimento humano em todas as dimensões, em harmonia com as necessidades humanas. O verdadeiro progresso coloca e pessoa humana em primeiro lugar, promovendo a justiça e a paz. Por isso, não basta a promoção do desenvolvimento técnico, científico e nem econômico; é necessário que a pessoa humana seja a beneficiada integralmente tendo melhores condições de vida. Por isso, afirmou o Papa Paulo VI, que o desenvolvimento integral contribui para a promoção da Paz e da Justiça. Não há paz, onde não há justiça.  

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 

Como na vida pastoral a Igreja testemunha que se interessa pela totalidade do ser humano? 

Qual aspecto das realidades sociais mais desafia a Igreja hoje? 

Por que há carência de leigos comprometidos no testemunho da própria fé, atuando na política, na economia, nas ciências?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF